Polares

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Coordenadas Polares

Mauri C. Nascimento – Dep. De Matemática – FC –


Unesp/Bauru

Dado um ponto P do plano, utilizando coordenadas cartesianas


(retangulares), descrevemos sua localização no plano escrevendo P = (a,b)
onde a é a projeção de P no eixo x e b, a projeção no eixo y. Podemos também
descrever a localização de P, a partir da distância de P à origem O do sistema,
e do ângulo formado pelo eixo x e o segmento OP, caso PO. Denotamos P =
(r,) onde r é a distância de P a O e  o ângulo tomado no sentido anti–
horário, da parte positiva do eixo Ox ao segmento OP, caso PO. Se P = O,
denotamos P = (0,), para qualquer . Esta maneira representar o plano é

chamada Sistema de Coordenadas Polares.

Exemplos.

Coordenad Coordenad
as as
cartesianas polares
(1,0) (1,0)
(0,2) (2,/2)

(-3,0) (3,)

(0,-3) (3,3/2)

(1,1) ( 2 ,/4)

(-2,- 2 2

Para representar pontos em coordenadas polares, necessitamos somente


de um ponto O do plano e uma semi–reta com origem em O. Representamos
abaixo um ponto P de coordenadas polares (r,), tomando o segmento OP com

medida r.

1
O ponto fixo O é chamado polo e a semi–reta, eixo polar.

2
Em coordenadas polares, podemos ter representações diferentes para
um mesmo ponto, isto é, podemos ter P = (r,) e P = (s, ) sem que r = s e  =
, ou seja (r,) = (s,) não implica em r = s e  = . Assim, (r,) não representa
um par ordenado, mas sim uma classe de pares ordenados, representando um
mesmo ponto.

Denotamos um ponto P por (r,–), para r e  positivos, se  é tomado no


sentido horário. Assim, (r,–) = (r,2–) e (r,–) é o simétrico de (r,) em relação
à reta suporte do eixo polar.

Exemplo. (1,–/4) = (1, 7/4)

Denotamos P por (–r,), para r positivo, se P = (r, + ), ou seja,


consideramos (–r,) = (r,+). Assim, (–r,) é o simétrico de (r,) em
relação ao polo.

Exemplo. (3,/2) = (–3,3/2)

Dado um ângulo ,  pode ser representado por +2k, para todo k


inteiro. Assim, (r,) = (r,+2) = (r,+4) = (r, – 2) = (r, – 4) = ...

Exemplo. (5,/2) = (5, /2 + 10) = (5, 21/2)

Mudança de coordenadas

3
Um ponto P do plano pode ser representado em coordenadas cartesianas
por (x,y) ou em coordenadas polares por (r,). Para facilidade de comparação
entre os dois

4
sistemas, consideramos o ponto O coincidindo com a origem do sistema
cartesiano e, a semi-reta, a parte do não negativa do eixo x.

a) Mudança de coordenadas polares para coordenadas


cartesianas Seja P um ponto com coordenadas
polares (r,).
Se 0 <  < /2 e r > 0. No triângulo retângulo OPx a seguir, obtemos as
seguintes relações:

Se  = 0 e r > 0, temos P no eixo das abcissas. Logo, P tem coordenadas


cartesianas (x,0) e coordenadas polares (x,0) (r = x e  = 0). Assim, x = x1 = r
cos  e y = 0 = r0 = r sen .
Se r = 0, P = (0,) para qualquer . Aqui também, x = r cos  e y =

r sen . Para os casos onde   /2, fica como exercício mostrar


que também vale:
x = r cos  e y = r sen .

b) Mudança de coordenadas cartesianas para coordenadas polares

Seja P um ponto com coordenadas cartesianas (x,y). Como vimos acima,


considerando P com coordenadas (r,), temos as relações x = rcos e y = rsen
 y2r
x 2que
Como x2+y2 = r2cos2+r2sen2 = r2(cos2+sen2) = r21 = r2, temos
=
. Se r = 0, isto é, x = y = 0 então podemos tomar  qualquer.
Se r  0,  é tal que cos = x/r e sen = y/r.

Exemplo. Se P tem coordenadas polares (–2,/6), então x = –2cos(/6) e


y = –2sen(/6). Logo, x = –1 e y 3
= , portanto, P tem coordenadas cartesianas

(–1,  ).
3

5
Exemplo. Se P tem coordenadas cartesianas (–1,1) então r2 = (–1)2 + 12, ou2seja,
r= .

6
Como cos  2
1 2 e sen   então  = 3/4. Assim, P temo
= 2  2
= 1 como
2 2

coordenadas 2 , 3 )
polares, ( 4

Podemos também transformar equações cartesianas em polares e vice-


versa.

Exemplo. A circunferência de centro na origem e raio 3 tem equação


cartesiana x2+y2 = 9. Como x = r cos  e y = r sen  então r2 = 9, ou seja, r = 3
é a equação polar dessa circunferência.

Exemplo. Se uma curva tem equação polar r = cos  + sen , multiplicando


ambos os membros da igualdade por r, obtemos r 2 = rcos  + rsen . Logo, x2 +
y2 = x + y. Manipulando essa equação chegamos em (x-½)2 + (y-½) = ½, ou
seja, na equação da

circunferência com centro em (½,½) 1 2


1  .
e raio 2 2 2

Exercícios.
1) Transforme coordenadas cartesianas em coordenadas polares:
a) (1,1) b) (2,–2) c) ( 3,1) d) (4,0) e) (0,–3)
2) Transforme coordenadas polares em coordenadas
cartesianas: a) (1,/2) b) (–2,49/6) c) (3,5/3) d)
(0,/9) e) (7,)
3) Encontre a equação polar para cada uma das seguintes equações
cartesianas. a) (x-1)2 + y2 = 1 b) (x+2)2 + (y-3)2 = 13 c) x = -
2 d) y = 3 e) y = x
4) Encontre a equação cartesiana para cada uma das seguintes equações
polares.
a) r = 5 b) r = 2sen  c) r = 2cos  - 4sen  d)  = /3 e) sen  = cos 

f) r 2
= 3sen θ  5cosθ

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5) Encontre as equações
2 2 polares das seguintes
2 2 curvas:
x y x y 2
   
a) da elipse 1 b) da hipérbole 1 c) da parábola y = x .
a 2 2b2 a b2

Respostas. 1) a)2 ,/4) b) , 7/4) c) (2,/6) d) (4,0) e) (3,3/2)


( (2 2
3 3 3
2) a) (0,1) b) (1,  3 ) c) ( , ) d) (0,0) e) (7,0)
2 2

8
3) a) r = 2cos() b) r = 6sen() – 4cos() c) r = -2sec()

d) r = 3cossec() e)  
4

4) a) x2 + y2 = 25 b) (x-1)2 + + y2 = 1 c) (x-1)2
3 e) y = x
+ (y+2)2 = 5 d) y  x
3
ab
5) a) r  ab

b2 cos 2 ( )  a 2 sen 2 ( )
b2  (b2  a 2 ) sen 2 ( )
ab
b) r  ab

b2 cos 2 ( )  a 2 sen 2 ( ) b2  (b2  a 2 ) sen 2 ( )

c) r = tg()sec()

Gráficos em coordenadas polares


Como no caso de equações cartesianas, um ponto P está no gráfico da
curva de equação r = f() se, e somente se, P = (r, f()).
O uso de coordenadas polares simplifica, em alguns casos, equações de
curvas.
Apresentaremos alguns exemplos abaixo.

Exemplo 1. R = c, c uma constante positiva. Esta equação


representa os pontos do plano, cuja distância ao polo é igual
a c, isto é, representa a circunferência de raio c e centro no
polo. Observe que r=-c representa a mesma circunferência.
Exemplo 2.  = 0 onde 0  0. Esta equação representa os
pontos P = (r,0) onde r é um número real qualquer. Logo,
 = 0 representa uma reta passando pelo polo e que
forma um ângulo de
0 com o eixo polar.

Exemplo 3. r = ,   0. Representa os pontos P = (r,r) onde r  0, ou seja,


os pontos P tais que a distância de P ao polo é igual ao ângulo, em radianos,
entre o eixo polar e o segmento OP. A equação geral da espiral é dada por r
= a, considerando   0. Abaixo temos os gráficos de r =  e r = –, para

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04.

Procedimentos para traçar gráficos

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1) Verificar se existem simetrias, isto é, se a equação se altera ao trocar:
a)  por –: simetria em relação à reta  = 0 (eixo x)
b)  por –: simetria em relação à reta  = /2 (eixo y)
c)  por +: simetria em relação ao polo. É equivalente a trocar r por r,
pois (r,) = (r,+). Logo (r,) = (r,)  (r,) = (r,+).
2) Verificar se a curva passa pelo polo (r = 0)
3) Determinar os pontos da curva variando  a partir de  = 0
4) Verificar a existência de pontos críticos (máximos e mínimos): f()’ = 0 e
f’’() > 0   é um mínimo relativo; f()’ = 0 e f’’() < 0   é um máximo
relativo.
5) Verificar se r não se altera ao trocar  por +2. Caso não haja alteração,
basta variar 
entre 0 e 2.

No exemplo 1, temos simetrias em relação aos eixos coordenados e


ao polo. No exemplo 2, temos simetria em relação ao polo.
No exemplo 3, não temos nenhum tipo de simetria e ao trocar  por +2,
temos variação no valor de r.

As seguintes relações trigonométricas serão úteis aqui:


 cos (-) = cos  = cos (2–) = cos (2+) e cos (–) = -cos 
 sen (–) = –sen  = sen (2–) e sen (–) = sen  = sen (+2)

Exemplo 4. r = cos 2
Temos cos 2 = cos(–2); cos 2(–) = cos (2–2) = cos (–2) = cos 2 e
cos 2(+) = cos (2+2) = cos 2. Logo, existem simetrias em relação ao
polo e em relação aos eixos x e y.
Derivando r em relação a , temos dr/d = -2sen(2), logo,  = k/2, k inteiro,
são pontos críticos. A derivada segunda de r fica r’’ = -4 cos (2). Quando  = 0,
, 2, 3, ... temos r’’
< 0, portanto, pontos de máximo; para  = /2, 3/2, 5/2, ... temos r’’ > 0,
portanto, pontos de mínimo.
Para  = /4, r = 0, ou seja, a curva passa pelo polo quando  =
/4. Também r não se altera ao trocar  por  + 2.
Assim, basta fazer o gráfico para 0 ≤  ≤ /2 e completá-lo, a partir das
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simetrias.

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Equações da forma r = asen(n) ou r = acos(n) para n inteiro positivo
representam rosáceas.

Exemplo 5. r = 1+cos .
Temos 1+cos  = 1+cos(–)  1+cos(–). Também, 1+cos   1+cos (+).
Logo, o gráfico é simétrico em relação ao eixo x mas não é simétrico em
relação ao eixo y e nem em relação ao polo. Também r não se altera ao trocar
 por +2.

Como   sen , temos pontos críticos para  = 0 e  = . Para  = 0 temos


dr
 um ponto
d
de máximo (2,0) e para  =  temos um ponto de mínimo
(0,). Pontos para o gráfico:

Equações da forma r = a(1sen ) ou r = a(1cos ) representam uma


categoria de curvas chamadas cardióides, por terem a forma de coração.

Exemplo 6. r = 1+2cos 
Como no exemplo anterior, temos que o gráfico é simétrico em relação ao eixo
x, mas não é simétrico em relação ao eixo y e ao polo.
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Pontos para o gráfico:

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 0 / /6 /4 /3 5/ /2 7/12 2/ 3/4 5/6 11/ 
12 12 3 12
r 3 2,9 2,7 2,4 2 1,52 1 0,48 0 – – –0,93 –1
3 3 1 0,41 0,73

Equações do tipo r = a  b sen , ou r = a  b cos , são chamadas limaçons.


Quando b>a>0 ou b<a<0 seu gráfico apresenta um laço, semelhante ao
gráfico acima. Se a = b a equação representa uma cardióide.

Exemplo 7. Circunferência passando pela origem, centro na reta e = /2 ( eixo


y ) em (b,/2) e raio |b|.

b

A equação da circunferência com centro em coordenadas cartesianas (0,b) e


raio |b|, em coordenadas cartesianas é x2 + (y – b)2 = b2. Desenvolvendo esta
equação obtemos x2 + y2 – 2by = 0. Transformando para coordenadas polares,
obtemos r2cos2 + r2sen2 – 2brsen = 0, ou seja, r2(cos2 + sen2) – 2brsen = 0.
Assim, a equação em coordenadas polares fica r2 = 2brsen . Portanto, r = 0 ou
r = 2bsen . Mas na equação r = 2bsen , temos que r = 0 quando  = 0. Assim,
basta tomar a equação r = 2bsen .

Exemplo 8. Circunferência passando pela origem, centro na reta e = 0 ( eixo x )


em (a,/2) e raio |a|.

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a

Desenvolvendo, como no exemplo anterior, obtemos a equação r = 2acos.

Exemplo 9. Reta paralela ao eixo polar.


Em coordenadas cartesianas, a equação de uma reta paralela ao eixo x é dada
por y = b. Passando para coordenadas polares , a equação fica rsen = b, ou
seja, r = bcossec.

Exemplo 10. Reta perpendicular ao eixo polar.


Em coordenadas cartesianas, a equação de uma reta perpendicular ao eixo x
é dada por x = a. Fazendo como no exemplo anterior a equação, em
coordenadas polares é dada por r = asec.

Exercícios. Elaborar os gráficos das funções.


a) r = sen (2) b) r = 1 + sen  c) r = ½ 

Gráficos em coordenadas polares no winplot.


Para trabalhar com o plano polar acione “ver”, “grade” e selecione as opções
“eixos”, “polar” e “setores polares”

Acione no menu “Equação, Polar” para abrir a janela para equação em


coordenadas polares.
Note que a letra t indica o ângulo .
Indique a variação de t em “t min” e
“t máx”
Para colocar ponto em coordenadas polares, acione “Equação, Ponto (r,t)...”

Exemplo. Entre com a equação polar r = t/2, colocando “t min = 0 e t


máx = 2*pi’’ Entre com o ponto em coordenadas polares (a/2,a)
Faça a animação de a de 0 a 2*pi

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Exemplo. Faça como no exemplo anterior para cada uma das equações

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a) r = –t/2 (é a mesma curva do exemplo anterior?)
b) r = 3
c) r = 1 + 2cos(t). Qual o menor valor para “t máx” para que o gráfico seja
uma curva fechada?

Exercícios.
1. Entre com as equações r = 3cos(2t), r = 3cos(4t) e r = 3cos(6t). Qual a
relação entre os números (pares) que aparecem multiplicando t e os
gráficos. Teste sua resposta para outros valores destes números.
2. Na atividade anterior, o número 3 multiplicando o cosseno tem algum
significado? Troque o 3 por alguns outros números e tente chegar a uma
conclusão.
3. Faça como na atividade (1) para as equações r = 4cos(t), r = 4cos(3t) e r =
4cos(5t).
4. Para a curva de equação polar r = 1 + cos(t), tomando t min = 0, qual o
menor valor de t máx para que o gráfico seja uma curva fechada?
5. Gráficos clássicos em coordenadas polares
a) r = 2 b) r = t c) r = 2cos(t) d) r = –3cos(t) e) r = 2+2cos(t) f) r = 2–
2cos(t)
g) r = 2+4cos(t) h) r = 4+2cos(t)
6. Na atividade anterior troque cosseno por seno.
7. Observe, graficamente, que as equações cartesiana 2x+3y = 4
e polar r = 4/(2cos(t)+3sin(t)) representam a mesma reta.
8. Em vista da atividade anterior, qual seria a equação polar da reta y = 2x–5?
9. Tente generalizar as duas atividades anteriores para uma reta de
equação y = ax+c. Verifique graficamente se sua teoria pode funcionar.

Equações de algumas curvas especiais em coordenadas polares

Circunferências
a) r = c: circunferência com centro no polo e raio |c|.
b) r = a cos(): circunferência com centro na reta  = 0, passando pelo polo
e raio

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|a|/2.
c) r = a sen(): circunferência com centro na reta  = /2, passando pelo
polo e raio
|a|/2.

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Retas
a)  = a: reta passando pelo pólo
b) r sen() = a: reta paralela ao eixo polar
c) r cos() = a: reta perpendicular à reta que contém o eixo polar

Espirais
a) r = a: espiral de Arquimedes
b) r = a/: espiral hiperbólica
c) r = ab, a > 0: espiral logarítmica
d) r = a n  : espiral parabólica quando n = 2

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Rosáceas
r = asen(n) ou r = acos(n), n inteiro positivo, a0. Se n é par, o gráfico
consiste de 2n laços. Se n é ímpar, o gráfico consiste de n laços. Observe
que se n = 0 ou n = 1, obtém-se equações de circunferências ou o pólo

(caso r = asen(nt) ).

Limaçons
r = a + bsen() ou r = a + bcos(n), n inteiro positivo, a0 e b0.
Se |a|<|b| apresentam laço. Se a = b recebem o nome de cardióide pelo
formato de coração da curva.

Lemniscatas
r2 =  acos(2) ou r2 =  asen(2)

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