AD - Psiquiatria e Neurofármacos
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Psiquiatria e neurofármacos
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Psiquiatria e neurofármacos
Sumário
1. Transtornos neurocognitivos 5
1.1 Delirium 5
Questão 01 7
2. Espectro da esquizofrenia 8
2.1 Esquizofrenia 8
Diagnóstico 8
Tratamento 9
Questão 02 10
3. Transtornos depressivos 11
3.1.2 Tratamento 13
Questão 03 14
Transtorno bipolar 15
Manifestações clínicas 15
4.1.3 Tratamento 16
5. Transtornos alimentares 17
Quadro clínico 17
Classificação 18
3
Psiquiatria e neurofármacos
Critérios de internação 19
Tratamento 19
Questão 04 20
6. Transtornos de ansiedade 21
Questão 05 22
Questão 06 23
Questão 07 26
Questão 08 30
Questão 09 31
Questão 10 32
Aprofundando o Pareto ▶ 33
TOP 3 33
4
Psiquiatria e neurofármacos
Esse é um tema com presença variável na parte de Clínica Médica, com uma carga teórica
absurdamente grande, porém, com limitada relevância para a sua prova. Fizemos esta aula porque
o conhecimento será bom para a sua prática médica e te levará a acertar preciosas questões que
usualmente apresentam alta taxa de erro. Não esqueça de complementar o conhecimento com os
flashcards e com as questões, hein! Vamos nessa?
O que você
precisa saber?
1. Transtornos neurocognitivos
1.1 Delirium
⚫ Também conhecido como estado confusional agudo, o delirium consiste em uma síndrome
caracterizada por perturbação da atenção, consciência e cognição, de forma flutuante
e reversível. Bastante comum, tem prevalência importante. O paciente pode apresentar
alterações de comportamento (como agressividade), percepção (ocorrem alucinações visuais
e auditivas) e do humor, além de tremor e incontinência urinária. Classicamente, tem caráter
flutuante com início súbito e resolução do quadro após resolução de fator causal (diversas
etiologias, variando desde confinamento a infecções e uso de medicações anticolinérgicas).
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Característica 1
Início agudo de alterações
do estado mental
ou curso flutuante
+
Característica 2
Falta de atenção
Característica 3 Característica 4
Pensamento ou Nível alterado
desorganizado de consciência
Delirium
Diagrama de fluxo do método CAM-ICU
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Questão 01
(UFMT - MT - 2021) Paciente, sexo feminino, 80 anos, é internada na enfermaria de clínica
médica com quadro de pneumonia bacteriana grave. Tem antecedente de hipertensão
arterial sistêmica (HAS) em uso de losartana 50 mg/dia. É lúcida, independente para as
atividades básicas de vida diária e reside sozinha. No período noturno do primeiro dia de
internação, apresenta quadro de agitação, retira o acesso venoso, desesperando-se de
medo e não respondendo às perguntas. Em relação ao quadro apresentado, assinale a
afirmativa correta.
a) São critérios diagnósticos dessa condição: mudança aguda do estado mental, pensamento
desorganizado e manutenção da atenção.
b) O diagnóstico provável é de síndrome demencial de início agudo devido ao quadro de
pneumonia grave.
c) O diagnóstico é estado confusional agudo ou delirium, que acomete 5% dos pacientes
muito idosos com pneumonia grave.
d) O diagnóstico é estado confusional agudo caracterizado por síndrome cerebral orgânica
de início agudo com curso flutuante e transitório.
CCQ: Saber que delirium cursa com perda de atenção, tem início abrupto,
é reversível e tem curso flutuante
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2. Espectro da esquizofrenia
2.1 Esquizofrenia
A esquizofrenia é considerada uma das doenças mentais mais catastróficas economicamente
e em morbidade segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). É um transtorno psicótico
grave, heterogêneo, que prejudica o funcionamento social e é de causa desconhecida. Ela pode
se apresentar associada a quadros depressivos, ansiosos e ao consumo abusivo de substâncias,
como o álcool e drogas. Consiste em um distúrbio do pensamento, da percepção, do afeto, da
linguagem e da volição.
O início do quadro clínico costuma ocorrer entre o fim da adolescência e início da vida adulta.
Costuma ser muito heterogêneo, de modo que o paciente geralmente pode apresentar
personalidade pré-mórbida de dificuldades psicossociais de bem sutis, como dificuldades
com trabalho, escola ou relacionamentos interpessoais. O paciente geralmente não consegue
perceber seu próprio quadro.
Diagnóstico
Não existem sinais ou sintomas patognomônicos, de maneira que o diagnóstico é realizado
por análise do quadro clínico pelo médico e por critérios diagnósticos, como o DSM-V (Diagnostic
and Statistical Manual of Mental Disorders – 5.ª edição).
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Psiquiatria e neurofármacos
DSM-V
• Dois ou mais dos seguintes sintomas devem estar presentes com duração significativa,
por período de pelo menos um mês (ou menos, se tratado com sucesso). Ao menos um
deve ser (1), (2) ou (3):
1. Delírios;
2. Alucinações;
3. Discurso desorganizado;
Tratamento
Baseia-se no uso de antipsicóticos típicos (1.ª geração) e atípicos (2.ª geração). Mais ao fim da
apostila, você encontrará a lista desses medicamentos.
Além disso, vale citar a educação do paciente e das pessoas que vivem ao seu redor para um
melhor convívio.
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Questão 02
(UEPA - REVALIDA- 2021) Paciente jovem de 16 anos, do sexo masculino, é trazido do interior
do Estado pelos pais à Emergência Psiquiátrica apresentando risos imotivados, pensamento
desagregado e empobrecido, delírios não sistematizados, solilóquios, afeto hipomodulado
e pueril. Nega alterações da sensopercepção e se apresenta com péssimas condições de
higiene pessoal. Seus pais garantem que ele nunca fez uso de substâncias psicoativas e
desconhecem comorbidades clínicas não psiquiátricas.
Contam que há mais ou menos seis meses, o jovem começou a ficar cada vez mais isolado,
a interagir pouco com as pessoas, a catar e a manipular objetos do lixo, a ter insônia, a falar
coisas sem sentido e a se recusar a cuidar de sua higiene. Relatam que ele sempre foi um
menino mais tímido, de poucos amigos e com dificuldades de aprendizado. Dizem ainda que
só o trouxeram agora à avaliação médica por suas condições difíceis de acesso ao serviço
de saúde e financeiras. Ainda referem que o tio paterno do paciente tem o mesmo quadro
patológico. Dentre as alternativas abaixo, a que expressa melhor o diagnóstico e o tratamento
farmacológico inicial correspondente ao caso é:
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3. Transtornos depressivos
Anteriormente, encaixavam-se nos distúrbios do humor a bipolaridade e a depressão, entretanto,
a partir do DSM-V, houve a mudança dessa classificação para “transtorno bipolar e relacionados”
e “transtornos depressivos”. Iremos abordar o assunto de acordo com essa classificação.
O humor é a tonalidade de sentimento predominante e mais constante, que pode influenciar
a percepção de si mesmo e do mundo ao seu redor. Para você tentar entender, o humor é semelhante
ao “estado de espírito” basal, constante, predominante, enquanto afeto é a expressão que um
observador vê, sendo flutuante.
Durante o atendimento médico, verifica-se o humor do paciente durante a anamnese psiquiátrica,
conferindo a condição de eutimia a quem apresenta o humor normal.
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Não incluir sintomas nitidamente perceptíveis devidos a uma condição médica geral.
• Perda ou ganho significativo de peso sem estar em dieta (por exemplo: mais de 5% do peso
corporal em um mês) ou diminuição, ou aumento do apetite.
• Insônia ou hipersonia;
• Pensamentos de morte recorrentes (não apenas medo de morrer), ideação suicida recorrente
sem um plano específico, tentativa de suicídio ou plano específico para cometer suicídio.
3. Os sintomas não se devem aos efeitos fisiológicos diretos de uma substância (por
exemplo, droga de abuso ou medicamento) ou de uma condição médica geral (como
hipotireoidismo).
4. A ocorrência do episódio depressivo maior não é mais bem explicada por: transtorno
esquizoafetivo, esquizofrenia, transtorno esquizofreniforme, transtorno delirante, outro
transtorno do espectro da esquizofrenia e outro transtorno psicótico especificado, ou
transtorno da esquizofrenia e outro transtorno psicótico não especificado.
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3.1.2 Tratamento
Os critérios de internação hospitalar são os seguintes: evidente risco de suicídio, falta de
apoio psicossocial ao paciente, quando há abuso de substância grave ou quando o paciente
não coopera com o tratamento.
O tratamento pode ser feito com intervenção psicoterápica associada à terapêutica
farmacológica. A primeira escolha medicamentosa são os inibidores seletivos da recaptação de
serotonina (ISRS). A resposta ocorre, geralmente, dentro de 4 semanas. Eletroconvulsoterapia
pode ser utilizada em caso de transtorno depressivo grave com sintomas psicóticos, e refratário
ao uso de antidepressivos, especialmente para pacientes que requerem uma resposta rápida
(por exemplo, pacientes com ideação suicida ou comportamento com risco de vida).
Os medicamentos, seus efeitos colaterais e suas prioridades como escolha serão vistos na
tabela de medicações mais abaixo.
Paciente depressivo
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Questão 03
(SMS-FLORIPA - SC- 2020) Márcia, 46 anos, trabalha como caixa de supermercado e mora
em uma comunidade vulnerável de Florianópolis. Procurou a Unidade Básica de Saúde do
seu bairro e conseguiu ser consultada no mesmo dia. Durante a consulta, Márcia se queixa
de cansaço, fraqueza, sentimento de tristeza e dores pelo corpo, sintomas que já têm
ocorrido há cerca de 5 meses. Recentemente, também está com muita dificuldade para
dormir, algo que tem lhe incomodado, pois sempre dormiu muito bem, e dificuldade para
se concentrar no trabalho. Quando você pergunta se ela relacionou algo aos sentimentos
de tristeza, Márcia começa a chorar e relata que está com problemas com o marido, que
voltou a beber há cerca de 6 meses, depois de perder o emprego, e ela está tendo que
sustentar a casa sozinha. A única coisa que ainda lhe distrai é quando sai para passear
com o cachorro. Em relação ao quadro depressivo de Márcia, pode-se afirmar que:
a) Trata-se de um caso leve, que deve ser tratado inicialmente com intervenções como
seguimento usual de suporte com equipe de saúde, atividade física ou psicoterapia.
b) É um caso moderado, onde estaria indicado tratamento farmacológico, preferencialmente
com um antidepressivo tricíclico, que ajudaria na insônia dela.
c) Como é um caso leve, não há necessidade de se questionar sobre suicídio, que deve ser
explorado apenas nos quadros moderados a graves.
d) Se ela evoluir com alucinações e delírios, os antipsicóticos estariam contraindicados, pois
estes sintomas seriam decorrentes do transtorno depressivo de base.
CCQ: Saber que na depressão leve, o paciente consegue desempenhar a maioria das
atividades diárias e que o tratamento é baseado na psicoterapia e medicação se necessário
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Manifestações clínicas
Manifesta-se clinicamente com episódios de depressão e episódios maníacos ou hipomaníacos.
Os episódios de mania/hipomania cursam com euforia, ou alegria patológica, como principal
aspecto. Ocorrem também: aumento expressivo da autoestima, intensa satisfação pessoal
e bem-estar exagerado, taquipsiquismo (aceleração das funções psíquicas), elação (sentimento
de expansão/engrandecimento do eu), aumento da libido, perda de peso, diminuição da
necessidade de sono, logorreia (fala rápida, fluente e persistente), distraibilidade, irritação,
arrogância, desinibição social e sexual, gastos excessivos (sem controle dos impulsos) e pode
apresentar alucinações auditivas associadas a delírio de grandeza/poder. Dificuldade para
se concentrar (hipotenaz) e fácil dispersão ao surgimento de novos estímulos (hipervígil) também
podem estar presentes.
A hipomania é a forma clínica atenuada do quadro de mania, podendo apresentar gastos
excessivos, excesso de ideias, entre muitas outras das apresentações citadas acima. Não
produz disfunção social grave. O episódio hipomaníaco difere do episódio maníaco pela
duração de pelo menos 4 dias, sintomas menos intensos e ausência de sintomas psicóticos.
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2. Durante o período de perturbação do humor, três (ou mais) dos seguintes persistem (quatro
se o humor é apenas irritável) e estão presentes em um quadro significativo:
• Autoestima inflada ou grandiosidade;
• Necessidade de sono diminuída;
• Mais falante do que o habitual ou com pressão por falar;
• Fuga de ideias ou experiências subjetiva de que os pensamentos estão correndo;
• Distraibilidade;
• Aumento da atividade dirigida a objetivos (socialmente, no trabalho, na escola ou sexualmente)
ou agitação psicomotora;
• Envolvimento excessivo em atividades prazerosas com alto potencial para consequências
dolorosas (ex.: estourar o limite do cartão de crédito, indiscrições sexuais ou investimentos
financeiros tolos).
3. A perturbação do humor é suficientemente severa para causar prejuízo acentuado no
funcionamento ocupacional, nas atividades sociais ou relacionamentos costumeiros com
outros, ou para exigir hospitalização, como um meio de evitar danos a si mesmo e aos
outros, ou existem aspectos psicóticos.
4. Os sintomas não se devem aos efeitos fisiológicos diretos de uma substância (ex.: uma
droga de abuso, um medicamento ou outro tratamento) ou de uma condição médica geral
(como o hipertireoidismo).
O DSM exige apenas um episódio maníaco de maneira que o diagnóstico de transtorno
bipolar possa ser feito neste primeiro episódio. Já o CID-10 exige que haja pelo menos
dois episódios maníacos para que este diagnóstico seja feito. Caso contrário, é dado o
diagnóstico apenas de mania.
4.1.3 Tratamento
O tratamento do transtorno bipolar é realizado por meio do emprego de estabilizadores de
humor, como o carbonato de lítio (primeira linha no tratamento e na profilaxia de episódios),
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Bipolaridade
5. Transtornos alimentares
5.1 Anorexia nervosa
Transtorno alimentar com distúrbio da autoimagem em que o paciente se percebe com
imagem diferente da real. É considerado o transtorno alimentar mais comum entre os
adolescentes (principal faixa etária acometida entre 15-25 anos) sendo uma condição
psiquiátrica grave que pode levar ao óbito. É mais comum em mulheres (cerca de 90% dos
casos) que em homens, e tem prevalência mais alta em alguns grupos sociais/profissionais
específicos, como bailarinos, atletas, estudantes de moda e modelos.
Quadro clínico
As apresentações clínicas mais comuns da anorexia nervosa são:
1. Restrição persistente da ingestão de alimentos, levando a um peso corporal anormal;
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Outros achados clínicos são: busca incessante por emagrecimento, preocupação obsessiva
com comida, medo de certos alimentos, cardápio restrito na dieta, preferência por alimentos
de baixo teor calórico, aumento do número estimado de calorias das suas refeições, rituais ao
se alimentar (cortar alimentos muito pequenos ou não mistura cores e sabores), preocupação
ao comer em público, libido baixa e rigidez do pensamento.
A associação com outras doenças psiquiátricas é bem documentada, entre elas depressão,
transtorno de ansiedade generalizada, estresse pós-traumático, transtorno dismórfico
corporal e abuso de substâncias.
Com o agravamento do quadro, surgem sinais e sintomas como hipotermia (< 35 °C), edema,
bradicardia, hipotensão, lanugem (surge cabelo de aspecto neonatal), redução da diurese
e amenorreia.
Entretanto, a diminuição do apetite demora a surgir na anamnese do paciente, sendo que ocorre
muitas vezes de maneira escondida de sua família. Inclusive, muitas pessoas que sofrem deste
mal demonstram grande conhecimento e pensamento constante em comida. Podem inclusive
realizar ou se fixar em preparar pratos extremamente elaborados. Costumam apresentar, também,
episódios de extrema voracidade com consumo impulsivo de alimentos, entretanto, após isso,
podem ter episódios de indução de vômitos ou uso de laxantes (purgação).
É sempre importante verificar diagnósticos diferenciais possivelmente causadores de
perda de peso significativa e a presença de marcas nos dedos, principalmente na região
metacarpofalangiana ou nas interfalangianas, que podem ser relacionadas aos atos de
purgação (quando vão vomitar, batem os dedos contra os dentes incisivos, causando lesões
naquele local). O diagnóstico diferencial mais importante é a bulimia, que veremos mais à frente.
Classificação
Existem diversas classificações, entre elas:
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Critérios de internação
1. Instabilidade hemodinâmica, com FC < 40 bpm e/ou PA < 80 x 60 mmHg;
3. Arritmia cardíaca (QTc > 0,499 ms) ou qualquer ritmo além de bradicardia sinusal ou sinusal;
5. Desidratação importante;
Tratamento
É feito com terapia familiar, psicoterapia e nutrição, além do emprego de ISRS, antipsicóticos
e benzodiazepínicos em alguns casos.
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Questão 04
(UDI- MA - 2021) Paciente feminina, 24 anos, universitária, vem em consulta médica com
relato de desmaio durante a segunda aula seguida de crossfit no dia anterior. O namorado
relata que, mesmo com o peso dentro da normalidade, a paciente mostra-se insatisfeita
e preocupada com seu peso corporal. Refere, também, que eram comuns crises de choro
e ansiedade seguidas de consumo exagerado de comida. Explicita, ainda, que, no dia do
ocorrido na academia, eles tiveram uma séria discussão e a paciente consumiu, sozinha,
uma lasanha tamanho família e um litro de refrigerante. Em se tratando do caso ora referido,
a paciente se enquadra, clinicamente, no diagnóstico de:
a) Anorexia nervosa.
b) Bulimia nervosa.
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6. Transtornos de ansiedade
6.1 Transtorno de ansiedade generalizada (TAG)
Atinge de 5 a 6% da população e é caracterizado pela ansiedade crônica e persistente.
Vale lembrar que o TAG encontra-se dentro do espectro dos transtornos de ansiedade
juntamente com outras patologias, como: transtorno de pânico, agorafobia, fobia social
e fobia específica. O diagnóstico se baseia nos seguintes critérios, segundo o DSM-V:⚫
• Ansiedade e preocupação excessivas (expectativa apreensiva), ocorrendo na maioria dos
dias por pelo menos seis meses, com diversos eventos ou atividades (tais como desempenho
escolar ou profissional).
• O indivíduo considera difícil controlar a preocupação.
• A ansiedade e a preocupação estão associadas com três (ou mais) dos seguintes seis sintomas:
1. Inquietação ou sensação de estar com os nervos à flor da pele.
2. Fatigabilidade.
3. Dificuldade em concentrar-se ou sensações de “branco” na mente.
4. Irritabilidade.
5. Tensão muscular.
6. Perturbação do sono (dificuldade em conciliar ou manter o sono, ou sono insatisfatório
e inquieto).
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Questão 05
(HUOL - RN - 2018) Entre os fármacos de primeira linha utilizados nos transtornos de ansiedade
estão os inibidores seletivos da recaptação de serotonina e os inibidores da recaptação da
serotonina e noradrenalina. Contudo, outros fármacos podem ser usados em determinadas
situações.
Por exemplo, entre os transtornos de ansiedade que têm indicação do uso de betabloqueadores,
está o transtorno de:
a) Ansiedade social.
b) Pânico.
c) Ansiedade generalizada.
d) Estresse pós-traumático.
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Questão 06
(UNIFESP - SP - 2019) Homem, 40 anos, divorciado há cinco meses, morando sozinho, foi
encaminhado pelo cardiologista com queixa de acordar várias vezes durante a noite, de forma
súbita e inesperada, com medo intenso, dificuldade para respirar, palpitação, sudorese e
náuseas. Nos últimos três meses, os sintomas ocorreram pelo menos duas vezes por semana,
desenvolvendo ansiedade antecipatória para iniciar o sono. Qual o diagnóstico mais provável?
a) Transtorno de pânico.
b) Terror noturno.
c) Ataque de pânico.
e) Transtorno somatoforme.
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9. Transtornos de personalidade
A personalidade consiste nos duradouros padrões de comportamento, percepção, relação
e pensamento acerca do ambiente que nos cerca. Um transtorno de personalidade
é diagnosticado quando a pessoa apresenta traços inflexíveis ou mal adaptados às situações
sociais, ocupacionais e funcionais. Seu pensamento, conjunto de emoções, impulsividade
e comportamento interpessoal devem se desviar de maneira importante do que é esperado
como normal pela cultura em que a pessoa está inserida.
Nas provas, os transtornos são cobrados de acordo com os estereótipos de cada transtorno, que
se apresentam por meio de casos clínicos. Dessa forma, colocaremos breves descrições com
estereótipos associados ao agrupamento feito pelo DSM-V visando maior clareza e didática.
O DSM-V apresenta 10 transtornos de personalidade agrupados em três grandes clusters ou
grupos (livre tradução inglês-português):
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• Esquizoide: distanciamento das relações sociais e uma faixa restrita de expressão emocional;
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Questão 07
(AMRIGS - RS - 2021) Os transtornos de personalidade (TP) são comuns e crônicos e ocorrem
em 10 a 20% da população geral. Pessoas com TP apresentam uma propensão muito maior
a recusar auxílio psiquiátrico e negam seus problemas. Dentre os TP, um se caracteriza
por usar a aparência física para atrair a atenção para si, apresentar um padrão difuso
de emocionalidade, buscar a atenção em excesso, possuir um estilo de discurso que é
excessivamente impressionista e carente de detalhes e considerar as pessoas mais íntimas
do que na realidade o são.
Assinale a seguir a qual transtorno de personalidade se refere essa descrição.
Aqui você precisava lembrar dos vários distúrbios de personalidade. Eles são diagnosticados
quando os traços da personalidade são tão expressivos, inflexíveis e mal adaptativos
que podem causar sofrimento significativo e comprometimento do funcionamento social
e ocupacional. Todos temos traços de personalidade, mas, para se qualificar como um
transtorno, é necessário que o pensamento, as manifestações de emoção, a impulsividade
e o comportamento interpessoal sejam intensamente desviados das expectativas culturais
deste indivíduo.
Pessoas com personalidade histriônica têm a tendência a serem dramáticas e sempre
buscarem as atenções para si, utilizando ocasionalmente aparência física exuberante. Buscam
elogios, expressam emoções exageradamente, e com muita intensidade com desconhecidos.
Exatamente como na questão!
O paciente com TP narcisista apresenta um padrão de grandiosidade (na fantasia ou
comportamento), necessidade de admiração e falta de empatia. Geralmente exigem admiração
excessiva por parte de outras pessoas, não costumam ter empatia e têm dificuldade em
compreender os desejos, experiências e sentimentos dos outros. Podem apresentar atitudes
esnobes, arrogantes e condescendentes.
Pacientes com TP esquizoide têm muita dificuldade de construir e manter relações pessoais
e também de expressar emoções. Estão presentes frieza emocional e pouca expressão de
sentimentos calorosos – de afeto ou raiva, por exemplo. São indiferentes a elogios ou críticas,
preferem atividades solitárias e criar suas próprias fantasias pessoais, não costumam ter
amigos próximos e costumam ser insensíveis a certas normas sociais, como respeito aos mais
velhos e a pessoas que estão em luto.
O paciente com TP borderline relaciona-se com outras pessoas de maneira muito instável.
É impulsivo, incluindo gastos financeiros, comportamento sexual e abuso de substâncias.
Apresenta uma rápida variação das emoções e pode ter comportamento autodestrutivo, além
de sentimentos frequentes e duradouros de vazio e tédio.
Gabarito: alternativa C.
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Risco de síndrome de
Drogas de 1ª linha ⚫ descontinuação,
Escitalopram se interrupção abrupta Boa escolha para o
Inibidores Seletivos tratamento inicial da
Prolongamento do intervalo QT
da recaptação de depressão na maioria
Serotonina dos idosos
Risco relacionado à dose do
Citalopram
Efeitos colaterais: prolongamento do QT
Em especial em idosos
incluem parkinsonismo, Sintomas gastrointestinais
acatisia, anorexia, (diarreia, naúseas)
Sertralina bradicardia sinusal e Síndrome de descontinuação
hiponatremia se interrupção abrupta
SIADH
Trazodona
(mais utilizada para Priapismo em homens
indução de sono)
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1. Utilizado em status
epilepticus
Benzodiazepínicos Pode causar tontura,
2. Pode causar
Diazepam hipotensão, cefaleia e
Apresentam 5 efeitos dependência
aumenta risco de quedas
possíveis: 3. Causa relaxamento da
musculatura esquelética
1. Sedativos
2. Hipnóticos Apresenta a 3.ª meia vida
mais rápida, perdendo
Lorazepam 3. Ansiolíticos Tontura e sedação apenas para o midazolam
4. Relaxantes e alprazolam. Primeira
musculares escolha em catatonia.
Risperidona Sedação
Olanzapina Sedação
Antipsicóticos
atípicos Pode causar leucopenia
Clozapina
importante
Quetiapina Sedação
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Psiquiatria e neurofármacos
Antidepressivos
É um dos que mais apresenta Utilizado como
tricíclicos
efeitos colaterais, tendo ação profilaxia de migrânea,
Amitriptilina
anti-histamínica e anticolinérgica antidepressivo e para
importante dor neuropática
Todos bloqueiam
receptores
histamínicos H1, Duas vezes mais
muscarínicos M1 potente e com menos
Nortriptilina Menos efeitos colaterais
(causando sedação) efeitos colaterais que a
e receptores alfa- maioria dos tricíclicos
adrenérgicos,
podendo causar
efeitos cardíacos e
anticolinérgicos (sendo
usado com cuidado
Utilizado em enurese
em pacientes idosos)
Imipramina noturna (criança que
como boca seca,
faz diurese na cama)
constipação, turvação
visual e confusão/
delirium
Utilizado em insônia
Zolpidem Imidazopiridinas
Sem ação psiquiátrica
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Questão 08
(SMS-SANTOS - SP - 2021)Paciente masculino, 70 anos de idade, advogado aposentado,
comparece à consulta de rotina acompanhado da esposa com queixas de tristeza,
desânimo, desatenção, falta de energia e de vontade para atividades diárias. A esposa
relata que ele não está se alimentando bem, tendo perdido 3 kg nos últimos 3 meses.
Também está com insônia inicial e de manutenção.
Exames físico e laboratorial sem alterações. O médico confirmou o diagnóstico de
depressão e explicou a indicação de iniciar antidepressivo. Embora paciente e esposa
já reconhecessem o início dos sintomas há pelo menos 6 meses, ele vem resistindo
a procurar tratamento medicamentoso, pois não quer sua libido afetada por medicações.
É hipertenso, em uso de losartana e hidroclorotiazida. Considerando a apresentação clínica
e o perfil de efeitos colaterais, assinale a alternativa que corretamente indica o melhor
antidepressivo para este paciente.
a) Citalopram.
b) Mirtazapina.
c) Amitriptilina.
d) Venlafaxina.
Temos um modelo de questão bem comum quando o assunto é depressão. Qual é o melhor
antidepressivo para o paciente em questão, com base nas suas comorbidades, medicações de
uso contínuo e desejos.
Esse paciente, além dos sintomas depressivos, apresenta perda de peso, insônia e tem medo
de perder a libido com uso de medicamentos. Já usa um tiazídico e um BRA para HAS.
Apesar dos ISRS (ex.: citalopram) serem primeira linha no tratamento da depressão maior, seus
efeitos adversos são disfunção sexual e insônia. A mirtazapina é uma alternativa muito usada
nesses casos porque seus efeitos adversos podem ser “aproveitados”. A sonolência vai ajudar
na insônia, o aumento do apetite vai ajudar na perda de peso e, além disso, não altera a libido
e tem um bom perfil de segurança com poucas interações medicamentosas e sem efeitos
cardiovasculares.
A amitriptilina é um tricíclico, que não é uma classe de antidepressivos recomendada para
idosos já que tem várias interações medicamentosas; causa sedação, delirium, visão turva,
constipação, hipotensão postural e retardo de condução cardíaca.
A venlafaxina aqui não é uma boa opção, pois causa aumento de pressão arterial (paciente já
hipertenso).
Gabarito: alternativa B.
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Questão 09
(AMRIGS - RS - 2019) Mulher de 35 anos com transtorno bipolar retorna para uma consulta
ambulatorial dois meses após internação, medicada por um episódio maníaco.
Apresenta-se eutímica e retornou a suas atividades laborativas, porém queixa-se de tremores
afetando principalmente suas mãos. Qual dos medicamentos abaixo é provavelmente
responsável pelos tremores da paciente?
a) Carbamazepina.
b) Gabapentina.
c) Risperidona.
d) Lítio.
CCQ: Saber que tremores de extremidades são um evento adverso comum do lítio
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Questão 10
(AMRIGS - RS - 2019) Em relação à discinesia tardia, analise as assertivas abaixo:
I. Movimentos periorais são os mais comuns e incluem movimentos bruscos de torção
e protrusão de língua, movimentos mastigatórios laterais da mandíbula, contração dos
lábios e caretas;
II. Mulheres são mais propensas a ser afetadas do que homens;
III. A clozapina deve ser evitada no tratamento da discinesia tardia.
Quais estão corretas?
a) Apenas I.
b) Apenas I e II.
c) Apenas II e III.
d) I, II e III.
CCQ: Saber que antipsicóticos atípicos têm menor risco de induzir discinesia tardia
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