AD - Psiquiatria e Neurofármacos

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 34

Psiquiatria e neurofármacos

Psiquiatria e neurofármacos

Na lista de temas gerais


das provas, a incidência
dessa aula é
Como encontrar Alta
na plataforma as
incidências dessa aula?

Para você ter um aproveitamento completo da apostila digital, algumas imagens


recebem o recurso zoom ao deslizar o cursor sobre elas.

Para conferir a incidência específica para a sua prova, consulte na plataforma


a lista de temas, que possui uma classificação baseada em três cores. Essa
classificação também será encontrada ao longo da apostila para destacar os
CCQs mais importantes. Veja as cores abaixo:
⚫ Muito alta ⚫ Alta ⚫ Moderada

2
Psiquiatria e neurofármacos

Sumário
1. Transtornos neurocognitivos 5

1.1 Delirium 5

Questão 01 7

2. Espectro da esquizofrenia 8

2.1 Esquizofrenia 8

Diagnóstico 8

Tratamento 9

Questão 02 10

3. Transtornos depressivos 11

3.1 Transtorno depressivo 11

Quadro clínico e diagnóstico 11

3.1.2 Tratamento 13

Questão 03 14

4. Transtorno bipolar e transtornos relacionados 15

Transtorno bipolar 15

Manifestações clínicas 15

Classificação do transtorno bipolar 16

4.1.3 Tratamento 16

5. Transtornos alimentares 17

5.1 Anorexia nervosa 17

Quadro clínico 17

Classificação 18

3
Psiquiatria e neurofármacos

Critérios de internação 19

Tratamento 19

5.2 Bulimia nervosa 19

Questão 04 20

6. Transtornos de ansiedade 21

6.1 Transtorno de ansiedade generalizada (TAG) 21

6.2 Transtorno de pânico 22

Questão 05 22

Questão 06 23

7. Transtorno obsessivo compulsivo (TOC) 24

9.1 Grupo A: diferentes e excêntricos 25

9.2 Grupo B: dramáticos, emocionais ou erráticos 25

9.3 Grupo C: ansiosos ou com medo  25

Questão 07 26

10. Medicamentos empregados na Psiquiatria que possuem relevância nas provas 27

Questão 08 30

Questão 09 31

Questão 10 32

Aprofundando o Pareto ▶ 33

TOP 3 33

4
Psiquiatria e neurofármacos

Esse é um tema com presença variável na parte de Clínica Médica, com uma carga teórica
absurdamente grande, porém, com limitada relevância para a sua prova. Fizemos esta aula porque
o conhecimento será bom para a sua prática médica e te levará a acertar preciosas questões que
usualmente apresentam alta taxa de erro. Não esqueça de complementar o conhecimento com os
flashcards e com as questões, hein! Vamos nessa?

O que você
precisa saber?

A especialidade Psiquiatria apresenta relevância ímpar no cotidiano médico. Muitos pacientes


chegam ao consultório com queixas condizentes com quadros depressivos e ansiosos.
É importante reconhecê-los para, ao menos, saber encaminhá-los com segurança.
O conhecimento da Psiquiatria (para fins de aprovação) é quase instrumental, abordando
o diagnóstico das principais síndromes psiquiátricas, os medicamentos utilizados nestas e as
síndromes ocasionadas pelo abuso de substâncias. Portanto, abordaremos o tema de forma
a garantir o seu acerto nas questões e a sua aprovação.

1. Transtornos neurocognitivos
1.1 Delirium

⚫ Também conhecido como estado confusional agudo, o delirium consiste em uma síndrome
caracterizada por perturbação da atenção, consciência e cognição, de forma flutuante
e reversível. Bastante comum, tem prevalência importante. O paciente pode apresentar
alterações de comportamento (como agressividade), percepção (ocorrem alucinações visuais
e auditivas) e do humor, além de tremor e incontinência urinária. Classicamente, tem caráter
flutuante com início súbito e resolução do quadro após resolução de fator causal (diversas
etiologias, variando desde confinamento a infecções e uso de medicações anticolinérgicas).


Psiquiatria e neurofármacos

Caracteristicamente, apresenta piora da intensidade do episódio ao entardecer (fenômeno


conhecido como sundowning).
Os principais fatores de risco são: idade avançada e lesão estrutural ou funcional cerebral
preexistente (demências, AVE, doenças psiquiátricas). Pacientes com delirium apresentam
reconhecido aumento na mortalidade e na morbidade pós-internação.
Seu diagnóstico pode ser feito por meio do emprego do CAM ou do CAM-ICU, este último utilizado
em internação em Unidade intensiva (Confusion assessment method for the Intensive care unit).

Característica 1
Início agudo de alterações
do estado mental
ou curso flutuante

+
Característica 2
Falta de atenção

Característica 3 Característica 4
Pensamento ou Nível alterado
desorganizado de consciência

Delirium
Diagrama de fluxo do método CAM-ICU

Os critérios diagnósticos, de acordo com o DSM-5, são:


• Distúrbio da atenção e da consciência;
• Desenvolvimento do distúrbio em um curto período de tempo (usualmente horas ou em
poucos dias), com uma alteração dos níveis anteriores de atenção e consciência, com
tendência de flutuação de gravidade ao longo do dia;
• Um distúrbio adicional da cognição (ex.: deficit de memória, desorientação, comprometimento
da linguagem, da capacidade visuoespacial ou da percepção);
• Ausência de explicação por outros distúrbios neurocognitivos;
• Evidências de que o distúrbio é uma consequência fisiológica direta de: uma condição
médica, da intoxicação ou abstinência a substâncias, da exposição a uma toxina ou é decorrente
de múltiplas etiologias.
Vale lembrar que, segundo o DSM-5, o delirium pode ser classificado em hiperativo (paciente
com nível acentuado da atividade psicomotora), hipoativo (nível rebaixado da atividade
psicomotora) ou misto (nível normal na atividade psicomotora, com alterações nos níveis de
atenção e consciência).


Psiquiatria e neurofármacos

Seu tratamento consiste em manter o paciente em ambientes tranquilos, de preferência com


presença de familiares, correção de distúrbios hidroeletrolíticos, verificação/exclusão/adequação
de medicação utilizada e exclusão de fator causal. O emprego de benzodiazepínicos deve ser
evitado (exceto em delirium tremens). As evidências indicam preferência para o emprego de
antipsicóticos em baixa dose, como o haloperidol, para melhor controle do quadro.

Veja abaixo uma questão sobre o assunto:

Questão 01
(UFMT - MT - 2021) Paciente, sexo feminino, 80 anos, é internada na enfermaria de clínica
médica com quadro de pneumonia bacteriana grave. Tem antecedente de hipertensão
arterial sistêmica (HAS) em uso de losartana 50 mg/dia. É lúcida, independente para as
atividades básicas de vida diária e reside sozinha. No período noturno do primeiro dia de
internação, apresenta quadro de agitação, retira o acesso venoso, desesperando-se de
medo e não respondendo às perguntas. Em relação ao quadro apresentado, assinale a
afirmativa correta.
a) São critérios diagnósticos dessa condição: mudança aguda do estado mental, pensamento
desorganizado e manutenção da atenção.
b) O diagnóstico provável é de síndrome demencial de início agudo devido ao quadro de
pneumonia grave.
c) O diagnóstico é estado confusional agudo ou delirium, que acomete 5% dos pacientes
muito idosos com pneumonia grave.
d) O diagnóstico é estado confusional agudo caracterizado por síndrome cerebral orgânica
de início agudo com curso flutuante e transitório.

CCQ: Saber que delirium cursa com perda de atenção, tem início abrupto,
é reversível e tem curso flutuante

Paciente idosa, independente e lúcida, que no internamento começa a apresentar agudamente


um quadro de agitação psicomotora e não responde perguntas (perda de atenção): devemos
pensar em delirium!
Lembre-se: o tratamento não farmacológico é considerado o elemento mais importante.
Cuidado! As bancas adoram te confundir entre demência e delirium. Neste caso, que foi de
início agudo, a demência não se aplica, pois ela é insidiosa.
Essa epidemiologia que a questão pede é meio chata, mas 5% parece pouco, né? Muitos
pacientes idosos internados apresentam delirium. É comum.
Além de ser um transtorno agudo, ele é flutuante e transitório porque é reversível e o paciente
piora e melhora ao longo do dia.
Gabarito: alternativa D.


Psiquiatria e neurofármacos

2. Espectro da esquizofrenia
2.1 Esquizofrenia
A esquizofrenia é considerada uma das doenças mentais mais catastróficas economicamente
e em morbidade segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). É um transtorno psicótico
grave, heterogêneo, que prejudica o funcionamento social e é de causa desconhecida. Ela pode
se apresentar associada a quadros depressivos, ansiosos e ao consumo abusivo de substâncias,
como o álcool e drogas. Consiste em um distúrbio do pensamento, da percepção, do afeto, da
linguagem e da volição.
O início do quadro clínico costuma ocorrer entre o fim da adolescência e início da vida adulta.
Costuma ser muito heterogêneo, de modo que o paciente geralmente pode apresentar
personalidade pré-mórbida de dificuldades psicossociais de bem sutis, como dificuldades
com trabalho, escola ou relacionamentos interpessoais. O paciente geralmente não consegue
perceber seu próprio quadro.

Os sintomas podem ser classificados de acordo com suas dimensões psicopatológicas:


Psicótica (“sintomas positivos”): delírios, alucinações.
Desorganização do pensamento: perda de associações, incoerência, descarrilhamento do
pensamento (pensamento desvia do curso normal).
Desorganização da conduta: comportamento bizarro, catatonia.
Deficitária (“sintomas negativos”): afeto inapropriado ou embotado, deficit volitivo (vontade).
Depressivo-ansiosa: depressão, sentimento de culpa, ansiedade.
Cognitiva: perda da capacidade de abstração e insight.
A sensopercepção pode apresentar alucinações cenestésicas (percepção de alteração do
corpo, como “minha cabeça está aumentando”, “minha mão está aumentando”), auditivas
(vozes ameaçadoras, acusatórias ou obscenas), táteis, gustativas e visuais.
Delírios de perseguição, grandeza, religião e autorreferência podem estar presentes no conteúdo
do pensamento, assim como afrouxamento dos nexos associativos e incoerência no discurso
(o discurso não faz sentido lógico).
O uso de cocaína pode simular o quadro, sendo um importante diagnóstico diferencial, assim como
no transtorno bipolar.

Diagnóstico
Não existem sinais ou sintomas patognomônicos, de maneira que o diagnóstico é realizado
por análise do quadro clínico pelo médico e por critérios diagnósticos, como o DSM-V (Diagnostic
and Statistical Manual of Mental Disorders – 5.ª edição).


Psiquiatria e neurofármacos

DSM-V
• Dois ou mais dos seguintes sintomas devem estar presentes com duração significativa,
por período de pelo menos um mês (ou menos, se tratado com sucesso). Ao menos um
deve ser (1), (2) ou (3):
1. Delírios;

2. Alucinações;

3. Discurso desorganizado;

4. Comportamento amplamente desorganizado ou catatônico;

5. Sintomas negativos (expressão emocional diminuída ou avolia);


• Disfunção sócio-ocupacional;
• Duração de pelo menos seis meses com sinais prodrômicos ou residuais, incluindo pelo
menos um mês dos sintomas acima (ou menos, se tratado com sucesso);
• Exclusão do transtorno esquizoafetivo e transtorno de humor depressivo ou bipolar;
• Exclusão do uso de substâncias/condição médica geral.
• Se há história de transtorno do espectro autista ou de um transtorno da comunicação iniciado
na infância, o diagnóstico adicional de esquizofrenia é realizado somente se delírios
ou alucinações proeminentes, além dos demais sintomas exigidos de esquizofrenia, estão
também presentes por pelo menos um mês (ou menos, se tratados com sucesso).

Da maneira mais didática possível, dividiremos as esquizofrenias por subtipos:


• Esquizofrenia paranoide: tipo de esquizofrenia que é a mais comum, de início tardio e com
menor comprometimento do paciente.
• Esquizofrenia hebefrênica: tipo de esquizofrenia de início precoce, antes dos 25 anos,
com comprometimento mais grave do pensamento e incongruência do afeto.
• Esquizofrenia catatônica: pode se apresentar como imobilidade, mutismo, negativismo
ou como mobilidade excessiva sem propósito.

Tratamento
Baseia-se no uso de antipsicóticos típicos (1.ª geração) e atípicos (2.ª geração). Mais ao fim da
apostila, você encontrará a lista desses medicamentos.
Além disso, vale citar a educação do paciente e das pessoas que vivem ao seu redor para um
melhor convívio.

Sobre esquizofrenia, veja a seguir:


Psiquiatria e neurofármacos

Questão 02
(UEPA - REVALIDA- 2021) Paciente jovem de 16 anos, do sexo masculino, é trazido do interior
do Estado pelos pais à Emergência Psiquiátrica apresentando risos imotivados, pensamento
desagregado e empobrecido, delírios não sistematizados, solilóquios, afeto hipomodulado
e pueril. Nega alterações da sensopercepção e se apresenta com péssimas condições de
higiene pessoal. Seus pais garantem que ele nunca fez uso de substâncias psicoativas e
desconhecem comorbidades clínicas não psiquiátricas.
Contam que há mais ou menos seis meses, o jovem começou a ficar cada vez mais isolado,
a interagir pouco com as pessoas, a catar e a manipular objetos do lixo, a ter insônia, a falar
coisas sem sentido e a se recusar a cuidar de sua higiene. Relatam que ele sempre foi um
menino mais tímido, de poucos amigos e com dificuldades de aprendizado. Dizem ainda que
só o trouxeram agora à avaliação médica por suas condições difíceis de acesso ao serviço
de saúde e financeiras. Ainda referem que o tio paterno do paciente tem o mesmo quadro
patológico. Dentre as alternativas abaixo, a que expressa melhor o diagnóstico e o tratamento
farmacológico inicial correspondente ao caso é:

a) Depressão grave com sintomas psicóticos. Amitriptilina 75 mg/dia e risperidona 3 mg/dia.

b) Transtorno de deficit de atenção e hiperatividade. Metilfenidato 30 mg/dia.


c) Transtorno bipolar de humor – fase depressiva com sintomas psicóticos. Carbonato de lítio
900 mg/dia, haloperidol 10 mg/dia e lamotrigina 200 mg/dia.
d) Esquizofrenia. Olanzapina 10 mg/dia.

e) Transtorno psicótico breve e transitório. Clorpromazina 300 mg/dia.

CCQ: Identificar quadro de esquizofrenia e saber que


a base do tratamento são os antipsicóticos

Quando você leu o enunciado, provavelmente já pensou em esquizofrenia. Mas vamos


aproveitar para detalhar melhor o diagnóstico durante o estudo? Usando os critérios do
DSM-V, temos que ter:
1. Dois ou mais dos sintomas abaixo há 1 mês ou mais: delírios, alucinações, discurso
desorganizado, comportamento desorganizado e sintomas negativos (expressão
emocional diminuída). Veja que o enunciado fala em delírios, discurso desorganizado (fala
coisas sem sentido), comportamento desorganizado (fala sozinho - solilóquio, mexe no
lixo, riso imotivado) e tem sintomas negativos (isolado e pouco interativo).
2. Disfunção sócio-ocupacional: higiene precária, dificuldade de aprendizado, interação social
pobre, isolamento.
3. Duração de pelo menos seis meses: conforme relatado pelos pais.
4. Exclusão de uso de substâncias: pais negam.
Além de tudo tem história familiar.

10


Psiquiatria e neurofármacos

Lembre-se: a partir do diagnóstico, o tratamento é feito com antipsicóticos. A olanzapina é um


exemplo de antipsicótico atípico.
Não há alteração de humor como anedonia e tristeza para suspeitar de depressão.
Quando há TDAH, não há desconexão da realidade e sintomas psicóticos.
Não há relato de sintomas maníacos para pensar em TAB.
E não é transtorno psicótico breve porque dura mais de 1 mês.
Gabarito: alternativa D.

3. Transtornos depressivos
Anteriormente, encaixavam-se nos distúrbios do humor a bipolaridade e a depressão, entretanto,
a partir do DSM-V, houve a mudança dessa classificação para “transtorno bipolar e relacionados”
e “transtornos depressivos”. Iremos abordar o assunto de acordo com essa classificação.
O humor é a tonalidade de sentimento predominante e mais constante, que pode influenciar
a percepção de si mesmo e do mundo ao seu redor. Para você tentar entender, o humor é semelhante
ao “estado de espírito” basal, constante, predominante, enquanto afeto é a expressão que um
observador vê, sendo flutuante.
Durante o atendimento médico, verifica-se o humor do paciente durante a anamnese psiquiátrica,
conferindo a condição de eutimia a quem apresenta o humor normal.

3.1 Transtorno depressivo


É o transtorno do humor mais comum no mundo. Em sua epidemiologia, verificamos
a prevalência 1,5 a 3 vezes maior em mulheres, independentemente da cultura ou país.
Atualmente, vem atingindo populações cada vez mais jovens. A etiologia é multifatorial,
apresentando fatores genéticos, biológicos (bioquímicos, com alterações hormonais ou
de neurotransmissores) e psicossociais (influência do meio, como a presença de agentes
estressores). Alguns dos principais fatores de risco ambientais são o uso de substâncias
psicoativas, privação de sono, perda parental, baixo suporte emocional, e abuso físico
e/ou sexual na infância.

Quadro clínico e diagnóstico


Pensamos em unir as duas situações, pois o diagnóstico, realizado pela observação clínica e/ou
por critérios do DSM-V, já clarifica a clínica quando expusermos os critérios.

Critérios para episódio depressivo maior do DSM-V: ⚫


1. Cinco ou mais dos seguintes sintomas devem estar presentes durante o mesmo período de
duas semanas, representando uma alteração a partir do funcionamento anterior. Pelo menos
1 dos sintomas é: humor deprimido ou perda do interesse (ou do prazer, sintoma conhecido
como anedonia).

11


Psiquiatria e neurofármacos

Não incluir sintomas nitidamente perceptíveis devidos a uma condição médica geral.

• Humor deprimido na maior parte do dia, quase todos os dias;

• Interesse ou prazer acentuadamente reduzidos (anedonia);

• Perda ou ganho significativo de peso sem estar em dieta (por exemplo: mais de 5% do peso
corporal em um mês) ou diminuição, ou aumento do apetite.

• Insônia ou hipersonia;

• Agitação ou retardo psicomotor;

• Fadiga ou perda de energia;

• Sentimento de inutilidade ou culpa excessiva/inadequada;

• Capacidade diminuída de pensar ou concentrar-se, ou indecisão;

• Pensamentos de morte recorrentes (não apenas medo de morrer), ideação suicida recorrente
sem um plano específico, tentativa de suicídio ou plano específico para cometer suicídio.

2. Os sintomas causam prejuízo clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social


ou ocupacional, ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.

3. Os sintomas não se devem aos efeitos fisiológicos diretos de uma substância (por
exemplo, droga de abuso ou medicamento) ou de uma condição médica geral (como
hipotireoidismo).

4. A ocorrência do episódio depressivo maior não é mais bem explicada por: transtorno
esquizoafetivo, esquizofrenia, transtorno esquizofreniforme, transtorno delirante, outro
transtorno do espectro da esquizofrenia e outro transtorno psicótico especificado, ou
transtorno da esquizofrenia e outro transtorno psicótico não especificado.

5. Nunca houve um episódio maníaco ou hipomaníaco.

O quadro diagnosticado acima é de episódio depressivo maior. Dura, geralmente, de 3


a 12 meses. Caso o paciente tenha episódios recorrentes durante a sua vida, é classificado
como transtorno depressivo recorrente.
Lembre-se que é essencial que saibamos verificar, por meio do julgamento clínico, condições
que possam simular depressão ou apenas tristeza, como falência, perda de ente querido
(luto), separações amorosas ou doença médica grave. O DSM-V afirma que a depressão
e o luto podem coexistir, dependendo do julgamento clínico para diferenciação entre ambos.
Vamos falar rapidamente sobre o luto:

12


Psiquiatria e neurofármacos

LUTO: é um processo multidimensional de reação a uma perda, seja simbólica ou concreta,


validada ou não pela sociedade a que o indivíduo pertence. Pode durar períodos variados,
podendo chegar a 10 anos de acordo com estudo realizado na Alemanha (Kersting A.
Prevalence of complicated grief in a representative population-based sample). Segundo
Elisabeth Kübler-Ross, existem cinco fases do luto:
• Negação;
• Isolamento;
• Raiva (revolta);
• Barganha;
• Aceitação.

Agora, voltando à depressão, o CID-10 a classifica em leve, moderada ou grave. Entretanto,


dificilmente essas definições são cobradas em prova, de maneira que tendo uma noção básica
do quadro clínico, você acertará grande parte das questões.

3.1.2 Tratamento
Os critérios de internação hospitalar são os seguintes: evidente risco de suicídio, falta de
apoio psicossocial ao paciente, quando há abuso de substância grave ou quando o paciente
não coopera com o tratamento.
O tratamento pode ser feito com intervenção psicoterápica associada à terapêutica
farmacológica. A primeira escolha medicamentosa são os inibidores seletivos da recaptação de
serotonina (ISRS). A resposta ocorre, geralmente, dentro de 4 semanas. Eletroconvulsoterapia
pode ser utilizada em caso de transtorno depressivo grave com sintomas psicóticos, e refratário
ao uso de antidepressivos, especialmente para pacientes que requerem uma resposta rápida
(por exemplo, pacientes com ideação suicida ou comportamento com risco de vida).
Os medicamentos, seus efeitos colaterais e suas prioridades como escolha serão vistos na
tabela de medicações mais abaixo.

Paciente depressivo

13


Psiquiatria e neurofármacos

Vamos aprender com questões sobre depressão:

Questão 03
(SMS-FLORIPA - SC- 2020) Márcia, 46 anos, trabalha como caixa de supermercado e mora
em uma comunidade vulnerável de Florianópolis. Procurou a Unidade Básica de Saúde do
seu bairro e conseguiu ser consultada no mesmo dia. Durante a consulta, Márcia se queixa
de cansaço, fraqueza, sentimento de tristeza e dores pelo corpo, sintomas que já têm
ocorrido há cerca de 5 meses. Recentemente, também está com muita dificuldade para
dormir, algo que tem lhe incomodado, pois sempre dormiu muito bem, e dificuldade para
se concentrar no trabalho. Quando você pergunta se ela relacionou algo aos sentimentos
de tristeza, Márcia começa a chorar e relata que está com problemas com o marido, que
voltou a beber há cerca de 6 meses, depois de perder o emprego, e ela está tendo que
sustentar a casa sozinha. A única coisa que ainda lhe distrai é quando sai para passear
com o cachorro. Em relação ao quadro depressivo de Márcia, pode-se afirmar que:
a) Trata-se de um caso leve, que deve ser tratado inicialmente com intervenções como
seguimento usual de suporte com equipe de saúde, atividade física ou psicoterapia.
b) É um caso moderado, onde estaria indicado tratamento farmacológico, preferencialmente
com um antidepressivo tricíclico, que ajudaria na insônia dela.
c) Como é um caso leve, não há necessidade de se questionar sobre suicídio, que deve ser
explorado apenas nos quadros moderados a graves.
d) Se ela evoluir com alucinações e delírios, os antipsicóticos estariam contraindicados, pois
estes sintomas seriam decorrentes do transtorno depressivo de base.

CCQ: Saber que na depressão leve, o paciente consegue desempenhar a maioria das
atividades diárias e que o tratamento é baseado na psicoterapia e medicação se necessário

O CID-10 apresenta algumas diferenças em relação ao DSM-5, diferenciando os episódios


depressivos em leve, moderado e grave, com ou sem episódios psicóticos. O diagnóstico
de episódio depressivo é definido quando há humor deprimido, perda de interesse/prazer,
energia reduzida e fatigabilidade aumentada. Outros sintomas comuns são piora na
concentração, autoestima reduzida, culpa e sentimento de inutilidade, visões pessimistas
do futuro, ideias ou atos de suicídio, distúrbios do sono e do apetite. O episódio depressivo
no CID-10 é subdividido em:
• Episódio depressivo leve: estão presentes ao menos dois ou três dos sintomas acima, mas
o paciente é capaz de desempenhar a maior parte das atividades.
• Episódio depressivo moderado: estão presentes quatro ou mais dos sintomas e o paciente tem
muita dificuldade para continuar a desempenhar as atividades de rotina.
• Episódio depressivo grave sem sintomas psicóticos: vários dos sintomas são marcantes
e angustiantes, tipicamente a perda da autoestima e sentimento de culpa. As ideias suicidas
são comuns e em geral há diversos sintomas somáticos.
• Episódio depressivo grave com sintomas psicóticos: caracterizado pelo episódio depressivo
grave, mas acompanhado de alucinações, ideias delirantes, lentidão psicomotora ou de estupor.

14


Psiquiatria e neurofármacos

A paciente da questão apresenta humor deprimido e fatigabilidade há 5 meses, o que já define


o transtorno depressivo maior. Ela se queixa de dificuldade de concentração e insônia, mas
ainda realiza suas atividades, como trabalhar e passear com o cachorro, portanto, seu transtorno
depressivo é caracterizado como leve.
Dessa forma, por apresentar os sintomas que definem depressão, e dois outros sintomas
(dificuldade de concentração e insônia), a paciente tem um quadro leve, e o tratamento inicial
é o de psicoterapia, podendo associar farmacoterapia, se necessário.
Ela apresenta um caso leve, mas ainda assim é sempre necessário questionar sobre suicídio
em uma abordagem de transtornos depressivos.
Se a paciente evoluir com alucinações e delírios, os antipsicóticos devem ser adicionados ao
tratamento do transtorno depressivo de base.
Gabarito: alternativa A.

4. Transtorno bipolar e transtornos relacionados


Transtorno bipolar
Menos comum que a depressão, o transtorno bipolar tem prevalência menor do que 1%, com razão
de prevalência entre sexo masculino e feminino de 1,1:1 Seu início costuma ser na adolescência
ou começo da vida adulta tanto para o transtorno bipolar tipo I quanto tipo II.

Manifestações clínicas
Manifesta-se clinicamente com episódios de depressão e episódios maníacos ou hipomaníacos.
Os episódios de mania/hipomania cursam com euforia, ou alegria patológica, como principal
aspecto. Ocorrem também: aumento expressivo da autoestima, intensa satisfação pessoal
e bem-estar exagerado, taquipsiquismo (aceleração das funções psíquicas), elação (sentimento
de expansão/engrandecimento do eu), aumento da libido, perda de peso, diminuição da
necessidade de sono, logorreia (fala rápida, fluente e persistente), distraibilidade, irritação,
arrogância, desinibição social e sexual, gastos excessivos (sem controle dos impulsos) e pode
apresentar alucinações auditivas associadas a delírio de grandeza/poder. Dificuldade para
se concentrar (hipotenaz) e fácil dispersão ao surgimento de novos estímulos (hipervígil) também
podem estar presentes.
A hipomania é a forma clínica atenuada do quadro de mania, podendo apresentar gastos
excessivos, excesso de ideias, entre muitas outras das apresentações citadas acima. Não
produz disfunção social grave. O episódio hipomaníaco difere do episódio maníaco pela
duração de pelo menos 4 dias, sintomas menos intensos e ausência de sintomas psicóticos.

Critérios para diagnóstico do episódio maníaco (DSM-V):

1. Um período distinto de humor anormal e persistentemente elevado, expansivo ou irritável,


durando pelo menos uma semana (ou qualquer duração, se a hospitalização for necessária);

15


Psiquiatria e neurofármacos

2. Durante o período de perturbação do humor, três (ou mais) dos seguintes persistem (quatro
se o humor é apenas irritável) e estão presentes em um quadro significativo:
• Autoestima inflada ou grandiosidade;
• Necessidade de sono diminuída;
• Mais falante do que o habitual ou com pressão por falar;
• Fuga de ideias ou experiências subjetiva de que os pensamentos estão correndo;
• Distraibilidade;
• Aumento da atividade dirigida a objetivos (socialmente, no trabalho, na escola ou sexualmente)
ou agitação psicomotora;
• Envolvimento excessivo em atividades prazerosas com alto potencial para consequências
dolorosas (ex.: estourar o limite do cartão de crédito, indiscrições sexuais ou investimentos
financeiros tolos).
3. A perturbação do humor é suficientemente severa para causar prejuízo acentuado no
funcionamento ocupacional, nas atividades sociais ou relacionamentos costumeiros com
outros, ou para exigir hospitalização, como um meio de evitar danos a si mesmo e aos
outros, ou existem aspectos psicóticos.
4. Os sintomas não se devem aos efeitos fisiológicos diretos de uma substância (ex.: uma
droga de abuso, um medicamento ou outro tratamento) ou de uma condição médica geral
(como o hipertireoidismo).
O DSM exige apenas um episódio maníaco de maneira que o diagnóstico de transtorno
bipolar possa ser feito neste primeiro episódio. Já o CID-10 exige que haja pelo menos
dois episódios maníacos para que este diagnóstico seja feito. Caso contrário, é dado o
diagnóstico apenas de mania.

Classificação do transtorno bipolar


• Transtorno bipolar tipo I: alterna episódios depressivos leves a graves com normalidade e
fases maníacas;
• Transtorno bipolar tipo II: alterna episódios depressivos leves a graves com período de
normalidade e seguidos de fases hipomaníacas. Não apresenta fase maníaca clássica.
• Transtorno ciclotímico: ocorrência de quatro ou mais episódios maníacos, hipomaníacos ou
depressivos em um período de 12 meses, com intervalo de 2 meses entre eles.

4.1.3 Tratamento
O tratamento do transtorno bipolar é realizado por meio do emprego de estabilizadores de
humor, como o carbonato de lítio (primeira linha no tratamento e na profilaxia de episódios),

16


Psiquiatria e neurofármacos

o ácido valproico/ valproato e carbamazepina (esta última no tipo I de transtorno bipolar).


Nos casos agudos de mania, o controle de sintomas pode ser realizado com o emprego de
sedativos, principalmente, clonazepam e antipsicóticos.
Para informações a respeito das medicações, basta olhar a tabela com os medicamentos
mais abaixo.

Bipolaridade

5. Transtornos alimentares
5.1 Anorexia nervosa
Transtorno alimentar com distúrbio da autoimagem em que o paciente se percebe com
imagem diferente da real. É considerado o transtorno alimentar mais comum entre os
adolescentes (principal faixa etária acometida entre 15-25 anos) sendo uma condição
psiquiátrica grave que pode levar ao óbito. É mais comum em mulheres (cerca de 90% dos
casos) que em homens, e tem prevalência mais alta em alguns grupos sociais/profissionais
específicos, como bailarinos, atletas, estudantes de moda e modelos.

Quadro clínico
As apresentações clínicas mais comuns da anorexia nervosa são:
1. Restrição persistente da ingestão de alimentos, levando a um peso corporal anormal;

2. Medo intenso de ganhar peso ou ficar em sobrepeso/obesidade;

3. Comportamento persistente que visa a perda de peso;

4. Percepção distorcida do peso e da forma corporal.

17


Psiquiatria e neurofármacos

Outros achados clínicos são: busca incessante por emagrecimento, preocupação obsessiva
com comida, medo de certos alimentos, cardápio restrito na dieta, preferência por alimentos
de baixo teor calórico, aumento do número estimado de calorias das suas refeições, rituais ao
se alimentar (cortar alimentos muito pequenos ou não mistura cores e sabores), preocupação
ao comer em público, libido baixa e rigidez do pensamento.
A associação com outras doenças psiquiátricas é bem documentada, entre elas depressão,
transtorno de ansiedade generalizada, estresse pós-traumático, transtorno dismórfico
corporal e abuso de substâncias.
Com o agravamento do quadro, surgem sinais e sintomas como hipotermia (< 35 °C), edema,
bradicardia, hipotensão, lanugem (surge cabelo de aspecto neonatal), redução da diurese
e amenorreia.
Entretanto, a diminuição do apetite demora a surgir na anamnese do paciente, sendo que ocorre
muitas vezes de maneira escondida de sua família. Inclusive, muitas pessoas que sofrem deste
mal demonstram grande conhecimento e pensamento constante em comida. Podem inclusive
realizar ou se fixar em preparar pratos extremamente elaborados. Costumam apresentar, também,
episódios de extrema voracidade com consumo impulsivo de alimentos, entretanto, após isso,
podem ter episódios de indução de vômitos ou uso de laxantes (purgação).
É sempre importante verificar diagnósticos diferenciais possivelmente causadores de
perda de peso significativa e a presença de marcas nos dedos, principalmente na região
metacarpofalangiana ou nas interfalangianas, que podem ser relacionadas aos atos de
purgação (quando vão vomitar, batem os dedos contra os dentes incisivos, causando lesões
naquele local). O diagnóstico diferencial mais importante é a bulimia, que veremos mais à frente.

Classificação
Existem diversas classificações, entre elas:

Por tipo de anorexia nervosa

• Tipo restritivo: O paciente não apresenta episódio de compulsão alimentar ou de purgação;

• Tipo compulsão periódica/purgativo: apresenta episódios de compulsão e de purgação.

Por massa corpórea de acordo com IMC pelo DSM-V

• Leve: IMC ≥ 17 kg/m²;

• Moderado: IMC entre 16 e 16,99 kg/m²;

• Grave: IMC entre 15 e 15,99 kg/m²;

• Extremo: IMC < 15 kg/m².

18


Psiquiatria e neurofármacos

Critérios de internação
1. Instabilidade hemodinâmica, com FC < 40 bpm e/ou PA < 80 x 60 mmHg;

2. Hipotensão postural: aumento do pulso em > 20 bpm ou redução na PA sistólica ao permanecer


em ortostase;

3. Arritmia cardíaca (QTc > 0,499 ms) ou qualquer ritmo além de bradicardia sinusal ou sinusal;

4. Comprometimento hepático, renal ou cardiovascular que necessitem de estabilização médica;

5. Desidratação importante;

6. Complicações metabólicas importantes causadas pela desnutrição (distúrbios eletrolíticos,


hipoglicemia ou síncope);

7. Massa corpórea < 15 kg/m².

Tratamento
É feito com terapia familiar, psicoterapia e nutrição, além do emprego de ISRS, antipsicóticos
e benzodiazepínicos em alguns casos.

5.2 Bulimia nervosa


Mais comum que a anorexia nervosa, a bulimia consiste em episódios importantes de
compulsão alimentar (com sensação de perda do controle) seguidos de sentimento de
culpa, autodepreciação e mecanismos compensatórios (purgação, exercício físico em alta
intensidade/duração ou uso de diuréticos). É importante lembrar que estes episódios devem
ocorrer pelo menos uma vez por semana por três meses. O mais importante no diagnóstico
diferencial da anorexia é a presença de peso corporal normal, pouco reduzido ou aumentado,
uma vez que, na anorexia, o peso corporal está diminuído.
Esta compulsão alimentar periódica antecede os vômitos, em média, por um ano. Os pacientes
costumam ser sexualmente ativos, diferentemente dos anoréxicos.
A bulimia apresenta alta correlação com transtornos de ansiedade, transtorno bipolar tipo I,
transtornos dissociativos e história de abuso sexual.
O tratamento é feito com psicoterapia e uso de antidepressivos.
Esses transtornos caem como diagnóstico por meio de um caso clínico na maioria das questões.
Desta maneira, te daremos as ferramentas para acertá-las sem nos estender por longos textos.

Veja agora uma questão sobre o assunto:

19


Psiquiatria e neurofármacos

Questão 04
(UDI- MA - 2021) Paciente feminina, 24 anos, universitária, vem em consulta médica com
relato de desmaio durante a segunda aula seguida de crossfit no dia anterior. O namorado
relata que, mesmo com o peso dentro da normalidade, a paciente mostra-se insatisfeita
e preocupada com seu peso corporal. Refere, também, que eram comuns crises de choro
e ansiedade seguidas de consumo exagerado de comida. Explicita, ainda, que, no dia do
ocorrido na academia, eles tiveram uma séria discussão e a paciente consumiu, sozinha,
uma lasanha tamanho família e um litro de refrigerante. Em se tratando do caso ora referido,
a paciente se enquadra, clinicamente, no diagnóstico de:
a) Anorexia nervosa.

b) Bulimia nervosa.

c) Transtorno de compulsão alimentar.

d) Transtorno alimentar restritivo evitativo.

e) Transtorno do comer compulsivo.

CCQ: Compulsão alimentar seguida de compensação


levanta suspeita de bulimia nervosa
Ótima questão para revisarmos distúrbios alimentares.
Temos uma paciente jovem, com relato de desmaio após a segunda aula seguida de
crossfit. No mesmo dia do desmaio, ela consumiu sozinha uma lasanha tamanho família
e um litro de refrigerante antes das aulas.
Sabemos que a bulimia é mais comum que a anorexia nervosa. Está altamente relacionada
com transtornos de ansiedade e de personalidade. Consiste em episódios importantes
de compulsão alimentar (com sensação de perda do controle) seguidos de sentimento de
culpa, autodepreciação e mecanismos compensatórios (purgação, exercício físico em alta
intensidade/duração ou uso de diuréticos).
Para fechar o diagnóstico, é necessário que os episódios ocorram pelo menos uma vez
por semana por três meses.
O mais importante no diagnóstico diferencial da bulimia é a presença de peso corporal
normal, pouco reduzido ou aumentado, uma vez que, na anorexia, o peso corporal
está diminuído. Pacientes com bulimia também costumam ser sexualmente ativos,
diferentemente daqueles com anorexia.
O transtorno de compulsão alimentar ou transtorno do comer compulsivo é caracterizado por
comer muito mais rapidamente do que o normal até se sentir desconfortavelmente satisfeito,
sem a sensação física de fome. E não apresenta mecanismos compensatórios após a ingesta.
O transtorno alimentar restritivo evitativo, também conhecido pela sigla TARE, é diagnosticado
quando uma pessoa come quantidades muito pequenas de alimento.
Gabarito: alternativa B.

20


Psiquiatria e neurofármacos

6. Transtornos de ansiedade
6.1 Transtorno de ansiedade generalizada (TAG)
Atinge de 5 a 6% da população e é caracterizado pela ansiedade crônica e persistente.
Vale lembrar que o TAG encontra-se dentro do espectro dos transtornos de ansiedade
juntamente com outras patologias, como: transtorno de pânico, agorafobia, fobia social
e fobia específica. O diagnóstico se baseia nos seguintes critérios, segundo o DSM-V:⚫
• Ansiedade e preocupação excessivas (expectativa apreensiva), ocorrendo na maioria dos
dias por pelo menos seis meses, com diversos eventos ou atividades (tais como desempenho
escolar ou profissional).
• O indivíduo considera difícil controlar a preocupação.
• A ansiedade e a preocupação estão associadas com três (ou mais) dos seguintes seis sintomas:
1. Inquietação ou sensação de estar com os nervos à flor da pele.
2. Fatigabilidade.
3. Dificuldade em concentrar-se ou sensações de “branco” na mente.
4. Irritabilidade.
5. Tensão muscular.
6. Perturbação do sono (dificuldade em conciliar ou manter o sono, ou sono insatisfatório
e inquieto).

• A ansiedade, a preocupação ou os sintomas físicos causam sofrimento clinicamente


significativo ou prejuízo no funcionamento social.
• A perturbação não se deve aos efeitos fisiológicos de uma substância, ou à outra condição
médica.
• A perturbação não é mais bem explicada por outro transtorno mental.

O TAG pode contar com alguns sintomas orgânicos, como:


• Sinais autonômicos: taquicardia, vasoconstrição, sudorese, peristaltismo aumentado,
náusea, midríase, vertigem;
• Musculares: dores e contraturas;
• Sensitivos: parestesias (principalmente em extremidades);
• Respiratórios: sensação de sufocamento e globus faríngeo;
• Psíquicos: insegurança, apreensão, hipervigilância, despersonalização e desrealização
(sensação de irrealidade referida ao local em que se encontra).

21


Psiquiatria e neurofármacos

6.2 Transtorno de pânico


Atinge de 2 a 3% da população. O paciente refere extremo medo, com pensamentos sobre
morte ou catástrofe nas próximas horas ou dias, despersonalização, e desrealização. Para ser
considerado transtorno de pânico, os ataques devem ser recorrentes e inesperados, e ser
seguidos de pelo menos um entre os seguintes sinais:

1. Preocupação persistente sobre a possibilidade de ter novos ataques;

2. Preocupação sobre as implicações ou consequências dos ataques;

3. Mudança comportamental significativa. A agorafobia pode estar associada (Ágora =


“mercado” em grego), e trata-se do medo de desenvolver sintomas ansiosos em lugares cuja saída
pode ser difícil, como ao usar o transporte público, filas, estar fora de casa sozinho, entre outros.

O tratamento consiste em psicoterapia e uso de antidepressivos em doses baixas.


Vale a pena reforçar que o transtorno de pânico diferencia-se dos ataques de pânico.
Os ataques de pânico são crises súbitas de sintomas ansiosos intensos que atingem um pico
em até 10 minutos.
Sintomas psíquicos associados aos ataques de pânico são sensação de morte iminente, medo
extremo, desrealização e medo de enlouquecer.
Já os sintomas orgânicos associados aos ataques de pânico são taquicardia, tremor, sudorese,
calafrios, sensação de falta de ar, e desconforto torácico e/ou abdominal.

Sobre transtornos ansiosos, veja:

Questão 05
(HUOL - RN - 2018) Entre os fármacos de primeira linha utilizados nos transtornos de ansiedade
estão os inibidores seletivos da recaptação de serotonina e os inibidores da recaptação da
serotonina e noradrenalina. Contudo, outros fármacos podem ser usados em determinadas
situações.
Por exemplo, entre os transtornos de ansiedade que têm indicação do uso de betabloqueadores,
está o transtorno de:

a) Ansiedade social.

b) Pânico.

c) Ansiedade generalizada.

d) Estresse pós-traumático.

22


Psiquiatria e neurofármacos

CCQ: Betabloqueadores podem ser usados no manejo da ansiedade social

Nas fobias sociais, em que o paciente apresenta medo e ansiedade antecipatórios em


contextos como falar em público ou interagir com pessoas, os betabloqueadores não
seletivos podem ser associados ao tratamento com ISRS, pois auxiliam no alívio dos sintomas
autonômicos desses pacientes, como sudorese, tremores e taquicardia. Geralmente,
o paciente utiliza os betabloqueadores antes de se expor a situações que geram fobia.
O transtorno do pânico é tratado com ISRS, antidepressivos tricíclicos ou venlafaxina,
associados a benzodiazepínicos de ação curta.
A ansiedade generalizada e o estresse pós-traumático são tratados com psicoterapia
e antidepressivos.
Gabarito: alternativa A.

Questão 06
(UNIFESP - SP - 2019) Homem, 40 anos, divorciado há cinco meses, morando sozinho, foi
encaminhado pelo cardiologista com queixa de acordar várias vezes durante a noite, de forma
súbita e inesperada, com medo intenso, dificuldade para respirar, palpitação, sudorese e
náuseas. Nos últimos três meses, os sintomas ocorreram pelo menos duas vezes por semana,
desenvolvendo ansiedade antecipatória para iniciar o sono. Qual o diagnóstico mais provável?

a) Transtorno de pânico.

b) Terror noturno.

c) Ataque de pânico.

d) Transtorno de ansiedade de separação.

e) Transtorno somatoforme.

CCQ: Saber diagnosticar clinicamente o transtorno do pânico

A síndrome de pânico geralmente acontece após um evento desencadeador (morte de entes


queridos, guerra, assaltos, divórcio), e se caracteriza por despertares noturnos, medo e aflição,
levando a sintomas físicos como taquicardia, sudorese e hipertensão, além de náuseas. Dessa
forma, está claro que o paciente da questão está com esse quadro, sendo descrito de forma
bem típica, e o divórcio foi o desencadeante.
O ataque de pânico é a manifestação da síndrome do pânico. Caracterizamos o paciente como
portador da síndrome e não do ataque isolado, pois o mesmo apresenta o quadro há cerca
de 03 meses (segundo o DSM V, o critério para síndrome do pânico seria um único episódio
seguido de, pelo menos um mês de preocupação quanto a ter um novo episódio; o CID-10, por
sua vez, classifica como síndrome do pânico a presença dos sintomas três vezes por semana
durante três semanas ou quatro em quatro semanas).

23


Psiquiatria e neurofármacos

O terror noturno é mais comum em crianças e geralmente associado a sonambulismo, que


não foi descrito.
A ansiedade de separação também acomete crianças. É uma ansiedade intensa e
inapropriada em reação a estar longe de casa ou longe dos pais. É considerada normal até
os 2 anos de idade, mas passa a ser patológica se muito prolongada.
O transtorno somatoforme acontece quando estão presentes sintomas de uma doença
real física sem, no entanto, a presença de tal condição médica. O quadro não fala muito
a favor desta, pois temos de fato um desencadeante para o transtorno do paciente, bem
como sintomas típicos de pânico.
Gabarito: alternativa A.

7. Transtorno obsessivo compulsivo (TOC)


No TOC, o paciente apresenta ideias obsessivas de maneira repetida, necessitando da realização
de atos/pensamentos para redução da ansiedade. Para o diagnóstico, o paciente deve reconhecer
obsessões recorrentes e compulsões. Lavagem de mãos, verificação se a porta está trancada,
pensamentos obscenos ou agressivos e simetria/organização são os padrões comportamentais
mais comuns. A maioria dos casos surge após um evento estressante. O tratamento é realizado
com antidepressivos em doses altas e terapia cognitivo-comportamental/ psicoterapia.

8. Transtorno de estresse pós-traumático (TEPT)


Ocorre após a experimentação de uma situação extremamente estressante para o paciente
(internação em UTIs, catástrofes, estupro, guerras, entre outros). O paciente afirma sonhar
repetidamente com o ocorrido e/ou sentir-se novamente na situação na maioria das vezes.
Pode haver ideação suicida e comportamento agressivo. O tratamento é feito com psicoterapia
e antidepressivos.

9. Transtornos de personalidade
A personalidade consiste nos duradouros padrões de comportamento, percepção, relação
e pensamento acerca do ambiente que nos cerca. Um transtorno de personalidade
é diagnosticado quando a pessoa apresenta traços inflexíveis ou mal adaptados às situações
sociais, ocupacionais e funcionais. Seu pensamento, conjunto de emoções, impulsividade
e comportamento interpessoal devem se desviar de maneira importante do que é esperado
como normal pela cultura em que a pessoa está inserida.
Nas provas, os transtornos são cobrados de acordo com os estereótipos de cada transtorno, que
se apresentam por meio de casos clínicos. Dessa forma, colocaremos breves descrições com
estereótipos associados ao agrupamento feito pelo DSM-V visando maior clareza e didática.
O DSM-V apresenta 10 transtornos de personalidade agrupados em três grandes clusters ou
grupos (livre tradução inglês-português):

24


Psiquiatria e neurofármacos

9.1 Grupo A: diferentes e excêntricos


• Paranoide: desconfiam das outras pessoas e acham que serão enganados a todo custo.
Podem ser hostis ou emocionalmente desapegados;

• Esquizoide: distanciamento das relações sociais e uma faixa restrita de expressão emocional;

• Esquizotípico: desconforto agudo nas relações íntimas, distorções cognitivas ou perceptivas


e excentricidades do comportamento.

9.2 Grupo B: dramáticos, emocionais ou erráticos


• Antissocial: o paciente não reconhece sentimento/expectativas de terceiros. Tende a mentir
compulsivamente, realizar furtos/roubos, agredir e se afeiçoar a comportamentos ilegais;

• Borderline (cai mais em provas): apresenta medo de abandono, relacionamentos instáveis,


impulsivos e intensos. Podem apresentar comportamento autodestrutivo (inclusive tentativa
de suicídio) e sensação crônica de vazio;

• Histriônico: teatral, emotivo e dramático, o paciente histriônico necessita de atenção e aprovação


social de maneira excessiva. Pode utilizar de sua aparência física para consegui-los;

• Narcisista: autoestima extremamente inflada e com necessidade de admiração. Apresentam


fantasias com sucesso, poder e beleza. Costumam ter pouca empatia/preocupação com os
outros.

9.3 Grupo C: ansiosos ou com medo


• Esquiva: evitam interação social e são sensíveis aos julgamentos negativos. Podem ser
tímidos, isolados e ter sentimento de inadequação social;

• Dependente: apresenta dificuldade de se separar de seus entes queridos ou de tomar


decisões de maneira independente. Pode ser bastante submisso, tolerando relações
abusivas.

• Obsessiva-compulsiva: preocupados com regras e ordem. Valorizam o trabalho acima de


outros aspectos da vida. São perfeccionistas e necessitam estar no controle.

Vamos ver uma questão sobre o assunto:

25


Psiquiatria e neurofármacos

Questão 07
(AMRIGS - RS - 2021) Os transtornos de personalidade (TP) são comuns e crônicos e ocorrem
em 10 a 20% da população geral. Pessoas com TP apresentam uma propensão muito maior
a recusar auxílio psiquiátrico e negam seus problemas. Dentre os TP, um se caracteriza
por usar a aparência física para atrair a atenção para si, apresentar um padrão difuso
de emocionalidade, buscar a atenção em excesso, possuir um estilo de discurso que é
excessivamente impressionista e carente de detalhes e considerar as pessoas mais íntimas
do que na realidade o são.
Assinale a seguir a qual transtorno de personalidade se refere essa descrição.

a) Narcisista. b) Esquizoide. c) Histriônica. d) Limítrofe (Borderline).

CCQ: Saber que o transtorno de personalidade histriônico


cursa com emocionalidade excessiva e busca de atenção

Aqui você precisava lembrar dos vários distúrbios de personalidade. Eles são diagnosticados
quando os traços da personalidade são tão expressivos, inflexíveis e mal adaptativos
que podem causar sofrimento significativo e comprometimento do funcionamento social
e ocupacional. Todos temos traços de personalidade, mas, para se qualificar como um
transtorno, é necessário que o pensamento, as manifestações de emoção, a impulsividade
e o comportamento interpessoal sejam intensamente desviados das expectativas culturais
deste indivíduo.
Pessoas com personalidade histriônica têm a tendência a serem dramáticas e sempre
buscarem as atenções para si, utilizando ocasionalmente aparência física exuberante. Buscam
elogios, expressam emoções exageradamente, e com muita intensidade com desconhecidos.
Exatamente como na questão!
O paciente com TP narcisista apresenta um padrão de grandiosidade (na fantasia ou
comportamento), necessidade de admiração e falta de empatia. Geralmente exigem admiração
excessiva por parte de outras pessoas, não costumam ter empatia e têm dificuldade em
compreender os desejos, experiências e sentimentos dos outros. Podem apresentar atitudes
esnobes, arrogantes e condescendentes.
Pacientes com TP esquizoide têm muita dificuldade de construir e manter relações pessoais
e também de expressar emoções. Estão presentes frieza emocional e pouca expressão de
sentimentos calorosos – de afeto ou raiva, por exemplo. São indiferentes a elogios ou críticas,
preferem atividades solitárias e criar suas próprias fantasias pessoais, não costumam ter
amigos próximos e costumam ser insensíveis a certas normas sociais, como respeito aos mais
velhos e a pessoas que estão em luto.
O paciente com TP borderline relaciona-se com outras pessoas de maneira muito instável.
É impulsivo, incluindo gastos financeiros, comportamento sexual e abuso de substâncias.
Apresenta uma rápida variação das emoções e pode ter comportamento autodestrutivo, além
de sentimentos frequentes e duradouros de vazio e tédio.
Gabarito: alternativa C.

26


Psiquiatria e neurofármacos

10. Medicamentos empregados na Psiquiatria que possuem relevância


nas provas
Droga Grupo Farmacológico Efeitos Adversos Observações

Risco de síndrome de
Drogas de 1ª linha ⚫ descontinuação,
Escitalopram se interrupção abrupta Boa escolha para o
Inibidores Seletivos tratamento inicial da
Prolongamento do intervalo QT
da recaptação de depressão na maioria
Serotonina dos idosos
Risco relacionado à dose do
Citalopram
Efeitos colaterais: prolongamento do QT
Em especial em idosos
incluem parkinsonismo, Sintomas gastrointestinais
acatisia, anorexia, (diarreia, naúseas)
Sertralina bradicardia sinusal e Síndrome de descontinuação
hiponatremia se interrupção abrupta
SIADH

Pode ser útil para o


Drogas de 1ª linha Interações medicamentosas tratamento de pacientes
Fluoxetina
significativas. deprimidos com baixa
Inibidores Seletivos energia ou hipersonia
da recaptação de
Serotonina Associado a sintomas de
Paroxetina
descontinuação mais graves.

Pode causar aumento da


Venlafaxina Pode ser útil para o
pressão arterial dependendo da
Drogas de 2ª linha tratamento de pacientes
dose (principalmente diastólica)
deprimidos com baixa
Inibidores de recaptação e frequência cardíaca. Monitore
Desvenlafaxina energia ou hipersonia
de serotonina- a pressão arterial regularmente
noradrenalina (ISRNs)
Interações medicamentosas
Duloxetina
significativas

Boa para insônia


(em especial em doses
Mirtazapina Sonolência, ganho de peso. Relatos baixas, como 15 mg),
Droga de 2ª linha raros de agranulocitose agitação, inquietação,
anorexia e perda de
peso
A bupropiona é contraindicada Utilizado em pacientes
Antidepressivos em pacientes com distúrbios que buscam parar de
atípicos convulsivos, uso concomitante
Bupropiona fumar
de benzodiazepínicos ou
outros depressores do SNC, Utilizar de dia, visto
desintoxicação do álcool que é estimulante

Trazodona
(mais utilizada para Priapismo em homens
indução de sono)

27


Psiquiatria e neurofármacos

Droga Grupo Farmacológico Efeitos Adversos Observações

1. Utilizado em status
epilepticus
Benzodiazepínicos Pode causar tontura,
2. Pode causar
Diazepam hipotensão, cefaleia e
Apresentam 5 efeitos dependência
aumenta risco de quedas
possíveis: 3. Causa relaxamento da
musculatura esquelética
1. Sedativos
2. Hipnóticos Apresenta a 3.ª meia vida
mais rápida, perdendo
Lorazepam 3. Ansiolíticos Tontura e sedação apenas para o midazolam
4. Relaxantes e alprazolam. Primeira
musculares escolha em catatonia.

5. Anticonvulsivantes Pode ser utilizado em


Tontura, ataxia e
Clonazepam epilepsia e distúrbios do
Causam abstinência transtornos comportamentais
movimento
se retirada abrupta ⚫
½ vida dura 12 horas, sendo
Alprazolam Sedação
considerado de ação curta

Questões com jovens com


poliúria, hipernatremia e
Estabilizadores de Pode causar hipotireoidismo,
alguma clínica psiquiátrica
Lítio ⚫ humor diabetes insipidus nefrogênico,
podem perguntar o
tremores e hipernatremia
diagnóstico (bipolar) ou a
medicação utilizada (lítio)
Antiepilépticos
Ácido valproico/ com função de Cefaleia, tontura, trombocitopenia
valproato estabilização do e tremores
humor
Utilizado no transtorno
Carbamazepina Hiponatremia, tontura e vertigem
bipolar tipo I
Antipsicótico típico Bastante utilizado em
de alta potência Reação extrapiramidal emergências psiquiátricas,
Haloperidol ⚫
Típicos = bloqueiam e parkinsonismo é uma droga com ampla
receptor D2 janela terapêutica

Pode ser utilizada para


Clorpromazina Hipotensão e sedação
Antipsicótico típico de curar soluços.
baixa potência Utilizada para insônia e
Levomepromazina Sedação
ansiedade

Risperidona Sedação

Olanzapina Sedação
Antipsicóticos
atípicos Pode causar leucopenia
Clozapina
importante

Quetiapina Sedação

28


Psiquiatria e neurofármacos

Droga Grupo Farmacológico Efeitos Adversos Observações

Antidepressivos
É um dos que mais apresenta Utilizado como
tricíclicos
efeitos colaterais, tendo ação profilaxia de migrânea,
Amitriptilina
anti-histamínica e anticolinérgica antidepressivo e para
importante dor neuropática
Todos bloqueiam
receptores
histamínicos H1, Duas vezes mais
muscarínicos M1 potente e com menos
Nortriptilina Menos efeitos colaterais
(causando sedação) efeitos colaterais que a
e receptores alfa- maioria dos tricíclicos
adrenérgicos,
podendo causar
efeitos cardíacos e
anticolinérgicos (sendo
usado com cuidado
Utilizado em enurese
em pacientes idosos)
Imipramina noturna (criança que
como boca seca,
faz diurese na cama)
constipação, turvação
visual e confusão/
delirium

Utilizado em insônia
Zolpidem Imidazopiridinas
Sem ação psiquiátrica

A síndrome neuroléptica maligna é uma complicação possível após o uso de neurolépticos


e cursa com mudança do status mental (com mutismo ou outros sinais catatônicos), rigidez muscular,
hipertermia (temperaturas maiores que 40 °C são comuns nessa situação), instabilidade autonômica
(taquicardia, hipotensão postural, taquipneia e arritmias) e diaforese (sudorese profusa é comum).
O tratamento é feito com suporte clínico, cessação do agente causador e dantrolene (relaxante
muscular que age na hipertermia com sucesso) e/ou bromocriptina (agonista dopaminérgico que
tem a função de restabelecer as reservas de dopamina)

Sobre os fármacos, veja as questões abaixo:

29


Psiquiatria e neurofármacos

Questão 08
(SMS-SANTOS - SP - 2021)Paciente masculino, 70 anos de idade, advogado aposentado,
comparece à consulta de rotina acompanhado da esposa com queixas de tristeza,
desânimo, desatenção, falta de energia e de vontade para atividades diárias. A esposa
relata que ele não está se alimentando bem, tendo perdido 3 kg nos últimos 3 meses.
Também está com insônia inicial e de manutenção.
Exames físico e laboratorial sem alterações. O médico confirmou o diagnóstico de
depressão e explicou a indicação de iniciar antidepressivo. Embora paciente e esposa
já reconhecessem o início dos sintomas há pelo menos 6 meses, ele vem resistindo
a procurar tratamento medicamentoso, pois não quer sua libido afetada por medicações.
É hipertenso, em uso de losartana e hidroclorotiazida. Considerando a apresentação clínica
e o perfil de efeitos colaterais, assinale a alternativa que corretamente indica o melhor
antidepressivo para este paciente.

a) Citalopram.

b) Mirtazapina.

c) Amitriptilina.

d) Venlafaxina.

CCQ: Saber que a mirtazapina é um antidepressivo que causa ganho de peso,


sonolência e não interfere na libido

Temos um modelo de questão bem comum quando o assunto é depressão. Qual é o melhor
antidepressivo para o paciente em questão, com base nas suas comorbidades, medicações de
uso contínuo e desejos.
Esse paciente, além dos sintomas depressivos, apresenta perda de peso, insônia e tem medo
de perder a libido com uso de medicamentos. Já usa um tiazídico e um BRA para HAS.
Apesar dos ISRS (ex.: citalopram) serem primeira linha no tratamento da depressão maior, seus
efeitos adversos são disfunção sexual e insônia. A mirtazapina é uma alternativa muito usada
nesses casos porque seus efeitos adversos podem ser “aproveitados”. A sonolência vai ajudar
na insônia, o aumento do apetite vai ajudar na perda de peso e, além disso, não altera a libido
e tem um bom perfil de segurança com poucas interações medicamentosas e sem efeitos
cardiovasculares.
A amitriptilina é um tricíclico, que não é uma classe de antidepressivos recomendada para
idosos já que tem várias interações medicamentosas; causa sedação, delirium, visão turva,
constipação, hipotensão postural e retardo de condução cardíaca.
A venlafaxina aqui não é uma boa opção, pois causa aumento de pressão arterial (paciente já
hipertenso).
Gabarito: alternativa B.

30


Psiquiatria e neurofármacos

Questão 09
(AMRIGS - RS - 2019) Mulher de 35 anos com transtorno bipolar retorna para uma consulta
ambulatorial dois meses após internação, medicada por um episódio maníaco.
Apresenta-se eutímica e retornou a suas atividades laborativas, porém queixa-se de tremores
afetando principalmente suas mãos. Qual dos medicamentos abaixo é provavelmente
responsável pelos tremores da paciente?

a) Carbamazepina.

b) Gabapentina.

c) Risperidona.

d) Lítio.

CCQ: Saber que tremores de extremidades são um evento adverso comum do lítio

A banca nos dá a informação de que a paciente em questão, portadora de transtorno


bipolar, havia sido recentemente medicada por um episódio maníaco. Sabemos que
algumas das drogas presentes nas alternativas são opções razoáveis para o tratamento
do transtorno bipolar, como a carbamazepina e a risperidona; porém, o tratamento
de escolha baseia-se no uso dos agentes estabilizadores do humor, principalmente
o lítio, que apresenta altíssima eficácia, contudo, tem como principais efeitos adversos
a diabetes insipidus, tremores finos, aumento do apetite, ganho de peso, náuseas e
acne.
A carbamazepina é uma opção de segunda linha para o tratamento de episódios de mania
aguda. Tem como principais efeitos adversos a ataxia, diplopia, dor epigástrica, náuseas,
prurido, sedação, sonolência e tonturas.
A gabapentina e a risperidona têm uso controverso na fase maníaca do transtorno do
humor bipolar.
Gabarito: alternativa D.

31


Psiquiatria e neurofármacos

Questão 10
(AMRIGS - RS - 2019) Em relação à discinesia tardia, analise as assertivas abaixo:
I. Movimentos periorais são os mais comuns e incluem movimentos bruscos de torção
e protrusão de língua, movimentos mastigatórios laterais da mandíbula, contração dos
lábios e caretas;
II. Mulheres são mais propensas a ser afetadas do que homens;
III. A clozapina deve ser evitada no tratamento da discinesia tardia.
Quais estão corretas?

a) Apenas I.

b) Apenas I e II.

c) Apenas II e III.

d) I, II e III.

CCQ: Saber que antipsicóticos atípicos têm menor risco de induzir discinesia tardia

A discinesia tardia é um dos efeitos colaterais do uso de neurolépticos, e causa um


quadro clínico de movimentos anormais da musculatura relacionados à desnervação
farmacológica crônica de receptores no músculo estriado, com o consequente
desenvolvimento de hipersensibilidade. Esses sintomas aparecem meses ou anos após
o início do uso da medicação.
Assertiva I - Correta: O paciente com discinesia tardia tem movimentos involuntários na
face, principalmente ao redor da boca, como estalar ou contrair os lábios, franzir a boca,
protusão da língua. Além disso, pode apresentar movimentos nos olhos, como piscar
rapidamente, e no dorso e membros. Os sintomas tendem a aumentar conforme o tempo
que a pessoa está exposta aos medicamentos.
Assertiva II - Correta: O risco de discinesia tardia é maior entre as mulheres do que entre
os homens, assim como é maior em idosos.
Assertiva III - Incorreta: Se a medicação neuroléptica não puder ser descontinuada, os
antipsicóticos típicos devem ser substituídos por atípicos (como a clozapina). Se já em uso
de antipsicótico atípico, a dose deve ser revista.
Gabarito: alternativa B.

32


Psiquiatria e neurofármacos

Top 3

1 Delirium e seus diagnósticos diferenciais.

2 Transtornos do humor.

3 Síndromes ansiosas.

Clique aqui e
assista ao
Aprofundando
o Pareto

Aprofundando o Pareto ▶

33


www.aristo.com.br
[email protected]
aristoresidenciamedica
+55 21 9 9699 8020

Você também pode gostar