Dissertação - Douglas Da Costa Ferreira

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

AVALIAÇÃO DA DEGRADAÇÃO DE VIGAS REFORÇADAS COM


FRP QUANDO EXPOSTAS AO INTEMPERISMO

Douglas da Costa Ferreira

São Carlos
2019
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

AVALIAÇÃO DA DEGRADAÇÃO DE VIGAS REFORÇADAS COM


FRP QUANDO EXPOSTAS AO INTEMPERISMO

Douglas da Costa Ferreira

Dissertação apresentada ao Programa


de Pós-Graduação em Engenharia Civil
da Universidade Federal de São Carlos,
como parte dos requisitos para obtenção
do título de Mestre em Engenharia Civil.

Área de Concentração: Estruturas e


Geotecnia

Orientador: Dra. Gláucia Maria Dalfré


Coorientador: Dr. Guilherme Aris
Parsekian

São Carlos
2019
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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a DEUS por minha vida, família e amigos.

Aos meus pais, Aloizio e Eunice, por estarem comigo em todos os momentos.

À Professora Doutora Gláucia Maria Dalfré e ao Professor Doutor Guilherme Aris Parsekian
que muito me ajudaram e auxiliaram através de seu profundo conhecimento.

A todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste trabalho, em


especial aos técnicos de laboratório José Roberto e Ricardo, e aos meus amigos Mariana,
Gustavo Sipp e Matusalém.

O autor e a orientadora agradecem ao Laboratório de Sistemas Estruturais (LSE) do


Departamento de Engenharia Civil (DECiv), ao Laboratório de Materiais e Componentes da
Construção Civil (LMC) e ao Laboratório de Polímeros do Departamento de Engenharia de
Materiais (DEMa) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).
RESUMO

RESUMO

FERREIRA, Douglas da Costa. Avaliação da degradação de vigas reforçadas com FRP


quando expostas ao intemperismo. 2019. 137f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil)
- Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2019.

Face ao processo natural de envelhecimento das estruturas e, também, devido a exposição


dos elementos reforçados externamente a ambientes agressivos (ciclos de gelo-degelo,
temperatura, carbonatação, radiação ultravioleta, ciclos de umidade-secagem, dentre
outros), pouco se sabe a respeito do comportamento e da durabilidade da ligação do
sistema de reforço ao substrato de concreto e a possível perda de desempenho frente à
degradação dos materiais intervenientes. Neste âmbito, o presente trabalho baseia-se na
análise experimental do comportamento mecânico, em longo prazo, dos materiais
constituintes do sistema de reforço e de vigas de concreto armado reforçadas a flexão com
mantas de fibra de carbono (CFRP, Carbon Fiber Reinforced Polymer, em língua inglesa)
aplicadas segundo a técnica EBR (Externally Bonded Reinforcement, em língua inglesa)
mantidas em ambiente laboratorial (interno e protegido) e expostas a intempéries (exposição
exterior). Foram ensaiadas oito vigas de concreto armado com seção retangular, taxa de
armadura longitudinal de 0,75% e concreto com resistência a compressão de 20 MPa.
Dentre o conjunto de vigas, quatro foram utilizadas como referência, das quais duas não
possuíam reforço e duas foram reforçadas com mantas de fibra de carbono do tipo
unidirecional, e as demais foram divididas em dois grupos e expostas por seis meses em
ambiente laboratorial e às intempéries. Essas vigas, com um vão livre entre os apoios de
230 cm, foram submetidas a ensaios de flexão em três pontos com aplicação de carga a
meio vão. As mesmas foram dimensionadas para trabalhar no domínio dois de
deformações. A análise do comportamento das vigas foi realizada com base nos resultados
das cargas e modos de ruptura, deformação dos materiais intervenientes e propagação de
fissuras. Os resultados experimentais também foram comparados com as estimativas
prescritas pelas normas ABNT NBR 6118 (2014), ACI 318 (2014) e ACI 440.2R (2017). Para
além, corpos de provas dos materiais constituintes do sistema de reforço também foram
confeccionados e expostos nas mesmas condições ambientais das vigas. As propriedades
mecânicas desses materiais foram avaliadas por meio de ensaios de tração uniaxial. Os
resultados demonstraram que os adesivos epoxídicos de laminação, quando expostos às
intempéries, apresentam reduções de até 70% em suas propriedades mecânicas enquanto
o compósito de CFRP permanece com suas propriedades equivalentes após exposição.
Para as vigas de concreto armado reforçadas foi verificado que o sistema de reforço
proporciona incrementos de 50 e 28% na capacidade de carga e rigidez dos elementos
reforçados, respectivamente. No entanto, os ensaios realizados após exposição às
intempéries demonstraram ligeira redução no incremento da capacidade de carga. Em
relação à comparação entre os resultados teóricos e experimentais, seguindo as premissas
da ABNT NBR 6118 (2014), ACI 318 (2014) e ACI 440.2R (2017), notou-se valores de carga
última e de serviço próximos ao desconsiderar as reduções das propriedades.

Palavras-chave: Vigas de concreto armado, reforço, CFRP, degradação ambiental, técnica


EBR.
ABSTRACT

ABSTRACT

FERREIRA, Douglas da Costa. Evaluation of the degradation of strengthened beams with


FRP when exposed to weathering. 2019. 137f. Thesis (Master Science in Civil Engineering)
– Federal University of São Carlos, São Carlos, 2019.

Considering structures natural aging process and also considering externally strengthened
elements exposure to aggressive environments (freeze-thaw cycles, temperature,
carbonation, ultraviolet radiation, wet-dry cycles, among others), little is known about the
behavior and durability of the strengthening system bonding to the concrete substrate and
the possible performance loss due to degradation of the intervening materials. In this context,
the present work is based on the experimental analysis of the long term mechanical
behaviorof the constituent materials of the reinforced concrete beams with carbon fiber
sheets strengthening system (CFRP, Carbon Fiber Reinforced Polymer) applied according to
the EBR (Externally Bonded Reinforcement) technique kept in laboratory environment
(internal and protected) and exposed to weather (external exposure). Eight reinforced
concrete beams with rectangular section, longitudinal reinforcement rate of 0.75% and
concrete with compressive strength of 20 MPa, were tested. Among the set of beams, four
were used as reference and two were strengthened with carbon fiber sheets, and the others
were divided into two groups and exposed to six-months laboratory environment and six-
months weather environment. These beams, with a distance between the supports of 230
cm, were submitted to three-points flexural testing with a midspan concentrated load. The
beams were designed behave in strain limits with tension controlled rupture. Beams behavior
analysis was performed based on the results of the loads and modes of rupture, deformation
of the intervening materials and cracks propagation. The experimental results were also
compared with the estimates limits specific at ABNT NBR 6118 (2014), ACI 318 (2014) and
ACI 440.2R (2017). In addition, specimens of the strengthening system materials
constituents were also created and exposed to the same environmental conditions as the
beams. The mechanical properties of these materials were investigated from uniaxial tensile
testing. The results showed that lamination epoxy adhesives present reductions of up to 70%
in their mechanical properties when exposed to the weather, while the CFRP composite
showed similar properties before and after exposure. In the case of the strengthened
reinforced concrete beams, it was verified that the strengthening system provides increases
of 50% and 28% in the load capacity and stiffness, respectively, when compared to non-
strengthened specimens. However, the tests performed after exposure to the elements
showed a reduction in the increase of the load capacity. In relation to the comparison
between the theoretical and experimental results, taking into account the specifications at
ABNT NBR 6118 (2014), ACI 318 (2014) and ACI 440.2R (2017), it was observed that the
values of ultimate load and service load are close when property reductions are not applied.

Key-words: Reinforced concrete beams, strengthening, CFRP, environmental degradation,


EBR technique.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Relação força versus deformação do CFRP em vigas reforçadas ........................ 17


Figura 2: Modos de ruptura do compósito de FRP em vigas de concreto armado ............... 19
Figura 3: Força versus deslocamento de vigas de concreto reforçadas à flexão .................. 20
Figura 4: Equilíbrio de forças da seção reforçada. ............................................................... 23
Figura 5: Mecanismos de degradação prejudiciais ao FRP.................................................. 28
Figura 6: Diagrama tensão versus deformação dos corpos de prova de resina ................... 30
Figura 7: (a) Corpo de prova de CFRP e (b) modo de ruptura dos laminados de GFRP ...... 31
Figura 8: Diagrama tensão versus deformação das resinas epoxídicas ............................... 33
Figura 9: Diagrama força versus deslocamento das vigas reforçadas de referência e
expostas a temperatura de 80ºC .................................................................................. 34
Figura 10: Descolagem prematura do sistema de reforço .................................................... 35
Figura 11: Ambientes de exposição: (a) câmara isolada e protegida e (b) exposição a
intempéries (ambiente externo) .................................................................................... 38
Figura 12: Armadura longitudinal e detalhes da seção transversal das vigas utilizadas no
programa experimental. Dimensões em cm ................................................................. 40
Figura 13: Detalhes do sistema de reforço. Unidades em cm .............................................. 41
Figura 14: (a) preparo das armaduras, (b) posicionamento das armaduras nas formas, (c)
corpos de prova cilíndricos, (d) abatimento do tronco de cone, (e-f) lançamento do
concreto, (g) regularização do concreto e (h-i) aspecto final dos corpos de prova ....... 42
Figura 15: (a) lixamento para eliminação da nata de concreto, (b) limpeza com ar
comprimido e (c) aplicação do primer........................................................................... 43
Figura 16: (a) corte da manta de fibra de carbono, (b) impregnação dos compósitos de
CFRP e (c) aplicação do CFRP ao substrato de concreto ............................................ 44
Figura 17: Ensaio de caracterização do concreto: (a) resistência à compressão e (b)
determinação do módulo de elasticidade ..................................................................... 45
Figura 18: Caracterização das barras de aço ...................................................................... 46
Figura 19: (a) componentes, (b) pesagem dos componentes, (c) mistura manual, (d-e) molde
de teflon antes e após o lançamento da resina e (f) corpos de prova de resina ........... 47
Figura 20: Ensaio de tração uniaxial das resinas epoxídicas e aspecto dos corpos de prova
antes e após o ensaio .................................................................................................. 48
Figura 21: (a) dimensões dos corpos de prova. Moldagem: (b) Limpeza da manta de fibra de
carbono, (c) preparo da resina epoxídica, (d) laminação do compósito, (e) execução de
reforço nas extremidades dos corpos de prova, (f) processo de cura e (g) aspecto final
dos corpos de prova..................................................................................................... 49
Figura 22: (a) Corpo de prova de manta de CFRP – dimensões em mm e (b) ensaio de
tração uniaxial e corpos de prova de CFRP com os respectivos modos de ruptura ..... 50
Figura 23: Ambiente laboratorial: (a) vigas de referência reforçadas, (b) corpos de prova de
concreto e (c) compósitos de CFRP ............................................................................. 51
Figura 24: (a) área de exposição e (b) vigas de concreto reforçadas expostas à intempéries
e (c) resinas e compósitos de CFRP expostos à intempéries ....................................... 52
Figura 25: Classificação climática do estado de São Paulo pelo sistema............................. 54
Figura 26: Carregamento e diagramas de momento fletor (DM) e esforço cortante (DV) ..... 55
Figura 27: Projeto da peça rígida de aço. Dimensões em mm ............................................. 56
Figura 28: Vista lateral do dispositivo de ensaio .................................................................. 56
Figura 29: Detalhes da fixação da peça rígida de aço e aspecto final do dispositivo de ensaio
..................................................................................................................................... 57
Figura 30: Instrumentação das vigas: (a) Deslocamento vertical, (b) concreto, (c) armadura
longitudinal e (d) compósito de CFRP. Dimensões em cm ........................................... 58
Figura 31: Detalhes da instrumentação do (a) concreto, (b) armadura longitudinal e (c)
compósito de CFRP ..................................................................................................... 59
Figura 32: Instrumentação para aferição do deslocamento do perfil metálico e rotação dos
apoios .......................................................................................................................... 59
Figura 33: Detalhe do posicionamento dos transdutores de deslocamento.......................... 60
Figura 34: Local de realização dos testes de pull-off ........................................................... 60
Figura 35: (a) pacometria para demarcação da área, (b) preparação dos cortes, (c) limpeza
da superfície, (d) colagem das pastilhas e (e) aparato de engate do equipamento de
pull-off .......................................................................................................................... 61
Figura 36: (a) plataforma de prototipagem eletrônica, (b) sensor de temperatura e umidade
do tipo DHT22 e (c) sensor em funcionamento. ........................................................... 63
Figura 37: Dados meteorológicos para a exposição às intempéries..................................... 66
Figura 38: Diagrama tensão versus deformação das barras de aço: (a) aço 5 mm CA-60 e
(b) aço 10 mm CA-50 ................................................................................................... 67
Figura 39: Comparação entre os diagramas de tensão média versus deformação da (a-b)
resina A (primer), (c-d) resina B (laminação) e (e-f) compósitos de CFRP mantidos em
ambiente laboratorial e expostos às intempéries .......................................................... 72
Figura 40: Relatório fotográfico das resinas epoxídicas e dos compósitos de CFRP: (a) 14
dias de cura, (b) 4 meses de exposição e (c) 8 meses de exposição ........................... 73
Figura 41: Teste de Tukey para tensão última e módulo de elasticidade da resina epoxídica
do tipo primer: (a-b) ambiente laboratorial e (c-d) exposição às intempéries ................ 74
Figura 42: Teste de Tukey para tensão última e módulo de elasticidade da resina epoxídica
de laminação: (a-b) ambiente laboratorial e (c-d) exposição às intempéries ................ 75
Figura 43: Teste de Tukey para tensão última e módulo de elasticidade dos compósitos de
CFRP: (a-b) ambiente laboratorial e (c-d) exposição às intempéries ............................ 78
Figura 44: Força versus deslocamento vertical das vigas de referência sem reforço ........... 80
Figura 45: Força versus deformação na armadura longitudinal das vigas de referência sem
reforço.......................................................................................................................... 80
Figura 46: Força versus deformação no concreto das vigas de referência sem reforço ....... 81
Figura 47: Força versus deslocamento vertical das vigas de referência reforçadas ............. 81
Figura 48: Força versus deformação na armadura longitudinal das vigas de referência
reforçadas .................................................................................................................... 82
Figura 49: Força versus deformação no concreto das vigas de referência reforçadas ......... 82
Figura 50: Força versus deformação máxima do compósito de CFRP das vigas de referência
reforçadas .................................................................................................................... 82
Figura 51: Força versus deslocamento vertical das vigas reforçadas expostas em ambiente
laboratorial ................................................................................................................... 83
Figura 52: Força versus deformação na armadura longitudinal das vigas reforçadas expostas
em ambiente laboratorial .............................................................................................. 83
Figura 53: Força versus deformação no concreto das vigas reforçadas expostas em
ambiente laboratorial .................................................................................................... 84
Figura 54: Força versus deformação máxima do compósito de CFRP das vigas reforçadas
expostas em ambiente laboratorial ............................................................................... 84
Figura 55: Força versus deslocamento vertical das vigas reforçadas expostas às intempéries
..................................................................................................................................... 85
Figura 56: Força versus deformação na armadura longitudinal das vigas reforçadas expostas
às intempéries.............................................................................................................. 85
Figura 57: Força versus deformação máxima do compósito de CFRP das vigas reforçadas
expostas às intempéries............................................................................................... 85
Figura 58: Fissuração final das vigas ensaiadas .................................................................. 88
Figura 59: Modo de ruína típico das vigas reforçadas ensaiadas ......................................... 89
Figura 60: Força versus deslocamento das vigas de referência sem reforço e reforçadas .. 90
Figura 61: Comparação entre as curas força versus deslocamento das vigas de referência e
expostas aos ambientes: (a) laboratorial e (b) intempéries .......................................... 91
Figura 62: Detalhe da interface concreto/adesivo/CFRP após os ensaios. (a) viga de
referência reforçada e (b) viga reforçada exposta às intempéries. ............................... 93
Figura 63: Ruptura típica verificada nos ensaios de arrancamento: (a) antes e (b) após os
ensaios de arrancamento, (c-f) ruptura típica do concreto............................................ 94
Figura 64: Fluxograma de cálculo do máximo momento resistente de uma viga reforçada a
flexão ........................................................................................................................... 96
LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Fator de redução ambiental para os diferentes tipos de FRP e condições


ambientais.................................................................................................................... 21
Tabela 2: Carga de serviço e tensão cíclica limite para o reforço FRP. ............................... 26
Tabela 3: Resultado da degradação dos corpos de prova de resina epoxídica .................... 30
Tabela 4: Resultados da degradação dos corpos de prova de CFRP e GFRP .................... 32
Tabela 5: Propriedades mecânicas das resinas após exposição a radiação UV .................. 36
Tabela 6: Programa de ensaios dos corpos de prova de concreto ....................................... 39
Tabela 7: Programa de ensaios das vigas de concreto armado ........................................... 39
Tabela 8: Programa de ensaios dos materiais constituintes do sistema de reforço .............. 39
Tabela 9: Classificação climática segundo Köppen-Geiger .................................................. 53
Tabela 10: Propriedades mecânicas do concreto ................................................................ 67
Tabela 11: Resumo das propriedades mecânicas do aço utilizado. ..................................... 68
Tabela 12: Resumo das propriedades mecânicas das resinas epoxídicas (Resina A e Resina
B) e dos compósitos de CFRP expostos em ambiente laboratorial e às intempéries ... 71
Tabela 13: Resumo dos resultados obtidos nos ensaios das vigas...................................... 87
Tabela 14: Resumo dos resultados médias obtidos nos ensaios das vigas ......................... 89
Tabela 15: Resultados obtidos no ensaio de pull-off ............................................................ 94
Tabela 16: Parâmetros para determinação da capacidade portante das vigas .................... 97
Tabela 17: Resultados do programa experimental das vigas de referência ......................... 98
Tabela 18: Resultados da análise teórica das vigas de referência ....................................... 98
Tabela 19: Resultados do programa experimental das vigas expostas aos ambientes ........ 99
Tabela 20: Resultados da análise teórica das vigas expostas aos ambientes ..................... 99
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 12
1.1 OBJETIVOS ......................................................................................................... 14
1.1.1 Geral ................................................................................................................ 14
1.1.2 Específicos ....................................................................................................... 14
1.2 JUSTIFICATIVA................................................................................................... 15
1.3 METODOLOGIA .................................................................................................. 15
1.4 DESCRIÇÃO DOS CAPÍTULOS .......................................................................... 16
2. ESTADO DA ARTE ..................................................................................................... 17
2.1 REFORÇO A FLEXÃO EM VIGAS DE CONCRETO ARMADO .......................... 17
2.1.1 Modos de ruptura ............................................................................................. 18
2.1.2 Recomendações da ACI 440.2R (2017) ........................................................... 20
2.1.3 Estado limite último da seção reforçada ........................................................... 23
2.1.4 Tensão no aço e no FRP devido as cargas de serviço ..................................... 26
2.2 DURABILIDADE E MECANISMOS DE DEGRADAÇÃO ..................................... 27
2.2.1 Durabilidade dos compósitos de FRP ............................................................... 27
2.2.2 Mecanismos de degradação ............................................................................. 28
2.2.3 Umidade e soluções salinas ............................................................................. 29
2.2.4 Temperatura elevada........................................................................................ 32
2.2.5 Radiação ultravioleta (ambiente externo).......................................................... 35
3. METODOLOGIA .......................................................................................................... 37
3.1 PROGRAMA EXPERIMENTAL ........................................................................... 37
3.1.1 Dimensionamento das vigas e do sistema de reforço ....................................... 40
3.1.2 Preparação das vigas ....................................................................................... 41
3.1.3 Reforço das vigas segundo a técnica EBR ....................................................... 43
3.1.4 Caracterização do concreto .............................................................................. 44
3.1.5 Caracterização do aço ...................................................................................... 46
3.1.6 Caracterização das resinas epoxídicas ............................................................ 46
3.1.7 Caracterização dos compósitos de CFRP ........................................................ 48
3.1.8 Degradação natural .......................................................................................... 50
3.1.9 Caracterização do ambiente – Classificação climática de Köpper-Geiger......... 52
3.2 METODOLOGIA DE ENSAIOS DAS VIGAS ....................................................... 54
3.3 INSTRUMENTAÇÃO ........................................................................................... 57
3.4 ENSAIOS DE PULL-OFF (ARRANCAMENTO) ................................................... 60
3.5 MONITORIZAÇÃO DA TEMPERATURA, UMIDADE E RADIAÇÃO ................... 62
3.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA ..................................................................................... 63
4. RESULTADOS E ANÁLISES ...................................................................................... 65
4.1 DADOS METEOROLÓGICOS ............................................................................. 65
4.2 MATERIAIS ......................................................................................................... 66
4.2.1 Concreto ........................................................................................................... 66
4.2.2 Aço ................................................................................................................... 67
4.2.3 Materiais constituintes do sistema de reforço ................................................... 68
4.2.4 Discussão dos resultados ................................................................................. 74
4.3 COMPORTAMENTO DAS VIGAS DE CONCRETO ARMADO ........................... 79
4.3.1 Vigas de referência sem reforço (V_REF_0) .................................................... 80
4.3.2 Vigas de referência reforçadas (V_REF_CFRP) ............................................... 81
4.3.3 Vigas reforçadas mantidas em ambiente laboratorial (V_LAB_CFRP) .............. 83
4.3.4 Vigas reforçadas expostas às intempéries (V_WEA_CFRP) ............................ 84
4.3.5 Discussão dos resultados ................................................................................. 86
4.4 ANÁLISE GERAL DAS VIGAS ENSAIADAS ...................................................... 89
4.4.1 Análise da degradação do sistema de reforço .................................................. 92
4.5 ENSAIOS DE PULL-OFF (ARRANCAMENTO) ................................................... 93
4.6 COMPARAÇÃO ENTRE OS RESULTADOS TEÓRICOS E EXPERIMENTAIS .. 95
5. CONCLUSÕES .......................................................................................................... 101
5.1 SUGESTÃO PARA TRABALHOS FUTUROS ................................................... 104
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 105
12

1. INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, questões voltadas para a durabilidade de estruturas, envolvendo


conceitos relativos a manutenção, reforço e reparo, estão cada vez mais comuns. A ação do
intemperismo, a ausência de inspeção regular, a falta de manutenções preventivas, os erros
de projeto e de construção, a imposição de normas e códigos de dimensionamento com
disposições mais severas são algumas das causas que contribuem constantemente para o
aumento das questões voltadas para o reforço e recuperação de estruturas. Além do mais,
as estruturas de concreto armado estão sujeitas a diversos tipos de danos estruturais que
implicam na necessidade de algum tipo de reforço. Erros na concepção e interpretação de
projetos, falhas construtivas, alterações no tipo de utilização das estruturas impondo cargas
acidentais mais elevadas, maiores volumes de tráfego em pontes ou mesmo a introdução de
códigos de dimensionamento com disposições mais severas são alguns dos principais
motivos que levam um elemento estrutural a ser reforçado (FERRARI e HANAI, 2012).

Nesse sentido, diversos pesquisadores em vários centros de investigação (COELHO


et al., 2011; KHAN e FAREED, 2014; CORREIA et al., 2015; REZAZADEH, BARROS e
RAMEZANSEFAT, 2016; DALFRÉ, 2013) têm realizado estudos buscando inserir novos
materiais, técnicas e tecnologias em meio a indústria da construção civil para obtenção de
estruturas mais eficientes e seguras.

Dentre o desenvolvimento de novos materiais, um maior destaque foi dado à


utilização de Polímeros Reforçados com Fibras (PRF ou FRP, Fiber Reinforced Polymer, em
língua inglesa) que podem substituir, com vantagens técnicas e econômicas, os materiais
convencionais utilizados nas técnicas tradicionais de reforço estrutural (DALFRÉ, 2013).
Segundo Fernandes (2016), os compósitos de FRP estão sendo cada vez mais utilizados
para reforço de estruturas, sejam elas de concreto armado, aço, alvenaria ou madeira. Tal
afirmação se deve ao fato de que esses materiais possuem excelentes propriedades
mecânicas, onde se destacam a alta resistência e módulo de elasticidade (OBAIDAT et al.,
2010).

Os compósitos de FRP são materiais contínuos formados por dois componentes: as


fibras (responsável por proporcionar resistência e rigidez) e a matriz polimérica (constituída
por resina, responsável por ligar as fibras entre si e protegê-las dos agentes agressores
ambientais) (MACHADO e MACHADO, 2015). De acordo Al-Jelawy (2009) as fibras mais
comuns utilizadas nos FRP são as de vidro, aramida e carbono, sendo seus respectivos
13

compósitos denominados GFRP (Glass Fiber Reinforced Polymers, em língua inglesa),


AFRP (Aramid Fiber Reinforced Polymers, em língua inglesa) e CFRP (Carbon Fiber
Reinforced Polymers, em língua inglesa). Dentre os três compósitos citados, o de fibra de
carbono é o mais utilizado em meio às intervenções de reforço, além disso, apresenta-se
como sendo o material com as melhores propriedades quando comparado aos compósitos
de fibra de vidro e aramida, possuindo como principais vantagens à resistência a ação de
agentes químicos e a imunidade à corrosão (LONG et al., 2012).

Entre as técnicas de aplicação dos compósitos de FRP, duas possuem um maior


destaque. A primeira, conhecida como técnica EBR (Externally Bonded Reinforcement, em
língua inglesa), baseia-se na colagem externa do compósito de FRP ao substrato do
elemento a reforçar (CORREIA et al., 2015). Trata-se de uma técnica bastante
fundamentada em diversos estudos científicos e capaz de proporcionar incrementos na
resistência a flexão de vigas, a partir da colagem do reforço na face tracionada, e/ou ao
cisalhamento, por meio da aplicação do reforço nas faces laterais das vigas (JUVANDES,
2011). A técnica EBR possibilita também o reforço de pilares, por meio do confinamento da
seção. A segunda técnica é mais recente e surgiu como alternativa a algumas deficiências
da técnica EBR. Conhecida como técnica NSM (Near Surface Mounted, em língua inglesa),
ela baseia-se na inserção de laminados ou barras no concreto de cobrimento do elemento a
reforçar, podendo ser usada tanto no reforço a flexão quanto ao cisalhamento. Em
comparação com a técnica EBR, ela apresenta algumas vantagens como menor quantidade
de trabalho para preparação da superfície e a inexistência de preocupação com
irregularidades e imperfeições presentes no substrato, uma vez que a preparação da
camada superficial de concreto deixa de ser necessária (COELHO et al., 2011; COELHO,
SENA-CRUZ e NEVES, 2015; EL-HACHA E RIZKALLA, 2004).

Dentre as duas principais tecnologias de aplicação dos compósitos de FRP, a EBR é


a mais recorrente em meio às obras de reforço. Nesta técnica a aplicação das mantas ou
dos laminados é realizada com o auxílio de um adesivo a base de epóxi, o qual proporciona
aderência entre o material de reforço e o substrato de concreto. Este adesivo apresenta-se
em forma bicomponente e, quando misturado, permanece viscoso em um curto período de
tempo (dependendo de seu pot-life). Após a cura, endurece e se solidifica, alcançando boas
propriedades mecânicas (SOUZA e RIPPER, 2009).

No que diz respeito aos códigos e normas que abrangem modelos analíticos de
reforço estrutural, a literatura internacional possui algumas das principais recomendações
para o uso dos compósitos de FRP em projetos estruturais. Nos Estados Unidos, a
aplicação de materiais compósitos para reforço estrutural é descrita na ACI 440.2R (2017)
(American Concrete Institute), onde se destaca o “Guide for the design and construction of
14

externally bonded FRP systems for strengthening concrete structures”. No Japão o uso de
materiais compósitos é descrito pela JSCE (2001) (Japan Society of Civil Engineers), mais
especificadamente a “Recomendation for Upgrading of Concrete Structures with Use of
CFRP Sheet”. Já na Europa, a FIB Bulletin 14 (2001) (International Federation for Structural
Concrete) traz um guia para reforço de estruturas de concreto por meio da colagem externa
de reforço com material compósito (Bulletin 14 – Externally Bonded FRP Reinforcement for
Structures).

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 GERAL
Avaliar a durabilidade e o comportamento mecânico, em longo prazo, dos materiais
constituintes do sistema de reforço e vigas de concreto armado reforçadas à flexão com
mantas de fibra de carbono (CFRP), aplicadas segundo a técnica EBR mantidas em
ambiente laboratorial (interno e protegido) e expostas a intempéries (exposição exterior).

1.1.2 ESPECÍFICOS
Diante do objetivo geral, o presente trabalho tem como objetivos específicos:

 Analisar por meio de ensaios de tração uniaxial a durabilidade e o


comportamento dos materiais constituintes do sistema de reforço frente a
exposição a intempéries;

 Avaliar por meio de ensaios pull-off (arrancamento) a influência da exposição


a intempéries na degradação da aderência do conjunto
concreto/adesivo/CFRP das vigas expostas via ensaio de arrancamento;

 Criar um banco de dados com resultados de degradação dos materiais e dos


elementos reforçados frente ao tipo de exposição a partir dos resultados
desta pesquisa; e

 Avaliar os parâmetros de dimensionamento existentes nas recomendações


internacionais, que levam em conta os efeitos da degradação dos materiais
estudados, no dimensionamento de estruturas reforçadas com mantas de
CFRP aplicados segundo a técnica EBR, com os resultados
experimentalmente obtidos.
15

1.2 JUSTIFICATIVA

A utilização das técnicas de reforço, principalmente a EBR, vem ganhando espaço


entre os profissionais na área da construção civil. Por se tratar de uma prática simples, seu
desempenho depende basicamente da qualidade de aderência entre o material de reforço e
o substrato de concreto. Embora seja um tema em ascensão, com grande número de
publicações e investigações realizadas, muitas questões ainda se encontram sem resposta,
necessitando de mais investigações nesses domínios.

Segundo Karbhari (2007) e Gangarao, Taly e Vijay (2007), os materiais compósitos


utilizados na construção civil podem ficar expostos a diversos agentes agressivos e a
determinação dos efeitos da agressividade ambiental na aderência do conjunto
concreto/adesivo/FRP, principalmente durante períodos prolongados, é de extrema
importância (ACI 440.9R, 2015).

Sendo assim, devido à crescente utilização dos compósitos de CFRP aplicados em


elementos estruturais de concreto armado segundo a técnica de reforço EBR e levando em
consideração que os mesmos podem estar vulneráveis a agressividade ambiental,
juntamente com o concreto, surge à necessidade do conhecimento detalhado de seu
desempenho em longo prazo, durabilidade e vida útil de projeto frente a condições
ambientais agressivas, tais como ciclos de umidade, ciclos salinos, ciclos térmicos,
intempéries, dentre outros.

1.3 METODOLOGIA

No desenvolvimento do presente trabalho a metodologia empregada consistiu no


levantamento da bibliografia mais recente e relevante sobre o tema e na execução do
ensaio de um conjunto de 12 vigas de concreto armado. Dentre o conjunto de vigas, quatro
foram utilizadas como referência, das quais duas não possuíam nenhum tipo de reforço e
duas foram reforçadas com uma camada de manta de CFRP aplicada segundo a técnica
EBR. As demais vigas foram divididas em dois grupos e expostas as seguintes condições
ambientais: intempéries (ambiente externo) e ambiente laboratorial (interno e protegido).

Os resultados dos ensaios foram analisados com base na eficiência do sistema de


reforço ao longo do tempo de exposição, aumento da capacidade de carga e rigidez das
vigas, propagação das fissuras, deslocamentos verticais, deformações dos materiais
intervenientes e modos de ruptura.

As vigas de concreto armado utilizadas foram de seção retangular, com uma taxa de
armadura longitudinal de 0,75% e concreto com resistência a compressão ( f ck ) de 20 MPa.
16

Para evitar a ruptura por cisalhamento, os estribos foram superdimensionados. As vigas


biapoiadas possuíam as mesmas dimensões e foram submetidas a ensaios de flexão em
três pontos com um carregamento aplicado simetricamente a meio vão das vigas.

A manta de fibra de carbono utilizada no reforço foi do tipo unidirecional, a qual foi
cortada de modo que suas dimensões se adequassem a superfície tracionada das vigas. As
mesmas foram coladas externamente, por meio dos procedimentos de aplicação da técnica
EBR. Todas as vigas foram reforçadas com uma camada de manta de CFRP.

Para além, corpos de prova dos materiais intervenientes do sistema de reforço,


especificamente resina epoxídica e compósito de CFRP também foram confeccionados e
expostos nas mesmas condições ambientais das vigas, a fim de avaliar sua possível
degradação. As propriedades mecânicas dos corpos de provas de resina epoxídica e
compósito de CFRP foram determinadas por meio de ensaios de tração uniaxial.

1.4 DESCRIÇÃO DOS CAPÍTULOS

O trabalho está organizado em seis capítulos. Neste, são apresentados a introdução


ao tema proposto, os objetivos gerais e específicos, a justificativa de escolha do tema,
metodologia e a organização do trabalho.

No segundo capítulo apresenta-se uma revisão bibliográfica sobre a durabilidade e


os mecanismos de degradação dos materiais compósitos de FRP utilizados nos sistemas de
reforço.

No terceiro capítulo é apresentada a metodologia utilizada para avaliação do


comportamento e durabilidade das vigas de concreto armado reforçadas com mantas de
CFRP e dos materiais intervenientes, baseada em programa experimental.

O quarto capítulo apresenta os resultados e as análises dos ensaios de tração


uniaxial, realizados nos corpos de resina epoxídica, compósitos de CFRP e armaduras de
aço, compressão e módulo, realizados nos corpos de prova de concreto, e de flexão em três
pontos, realizados nas vigas de concreto armado, sem e com reforço, além de uma
comparação entre os resultados teóricos e experimentais das vigas ensaiadas, o qual
seguiu as premissas da ABNT NBR 6118 (2014), ACI 318 (2014) e ACI 440.2R (2017).

No quinto capítulo são apresentadas as principais conclusões alcançadas por meio


do presente programa experimental.

Por fim, o sexto capítulo é dedicado às referências bibliográficas.


17

2. ESTADO DA ARTE

No desenvolvimento deste capítulo serão apresentados alguns conceitos e aspectos


sobre reforço a flexão em vigas de concreto armado e a durabilidade e mecanismos de
degradação do sistema de reforço com materiais compósitos de FRP.

2.1 REFORÇO A FLEXÃO EM VIGAS DE CONCRETO ARMADO

Estudos a respeito do comportamento de vigas reforçadas a flexão foram


inicialmente conduzidos por Meier e Kaiser (1991)¹. Os autores validaram um método da
compatibilização das deformações da seção reforçada e ainda desenvolveram um modelo
analítico para análise da zona de ancoragem do compósito. Já a partir das primeiras
contribuições experimentais foi possível caracterizar o comportamento geral das vigas
de concreto armado reforçadas à flexão. Segundo Meier e Kaiser 1 (1991 apud
Juvandes, 1999), as vigas de concreto armado reforçadas apresentam três estádios
diferentes de comportamento (Figura 1).

Figura 1: Relação força versus deformação do CFRP em vigas reforçadas


(III)
50
Ruína (II)
(III)
40
Força (kN)

30
Plastificação do aço
(II)

20

10 1º Fissura
(I)

0
0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7

Deformação CFRP (%)


Fonte: Adaptado de Meier e Kaiser1 (1991 apud Juvandes 1999)

_________________
1
MEIER, U.; KAISER, H. P. Strengthening of structures with CFRP laminates. In: Proceedings of the
speciality conf. on advanced composites materials in civil engineering structures, 1991, Las Vegas.
Anais... Las Vegas: Janeiro-Fevereiro, p. 224-232.
18

O primeiro (Estádio I) corresponde ao comportamento elástico da estrutura, com o


concreto ainda não fissurado. O segundo (Estádio II) é caracterizado pela fissuração do
concreto e pelo comportamento elástico das armaduras de aço. O último estádio (Estádio III)
corresponde ao início do regime plástico das armaduras até a ruína por tração do FRP,
esmagamento do concreto ou destacamento do FRP aderido ao substrato de concreto.

Outro fator atuante no comportamento das vigas de concreto armado reforçadas à


flexão está associado à ductilidade dos elementos. Á medida que se aumenta a
porcentagem de reforço as deformações no elemento diminuem e a capacidade de carga
aumenta, elevando ligeiramente a rigidez do elemento reforçado. Além disso, a carga de
início de abertura de fissuras também e afetada. Verifica-se que as principais contribuições
do sistema de reforço às vigas de concreto armado ocorrem após a plastificação do aço, ou
seja, o sistema de reforço passa a ser mais efetivo quando a armadura longitudinal inicia
seu patamar de escoamento (DIAS, BARROS e AZEVEDO, 2012).

Segundo Azevedo (2008), para um melhor entendimento do comportamento de vigas


de concreto armado reforçadas à flexão é necessário abordar os mecanismos de ruptura
dos elementos reforçados, tanto para estabelecer critérios de dimensionamento quanto para
realizar verificações de segurança em procedimentos analíticos.

2.1.1 MODOS DE RUPTURA


Com o aumento da porcentagem de reforço a resistência do elemento estrutural
também aumenta. Porém, essa relação é linear desde que não ocorram modos de ruptura
prematuros. A aplicação dos sistemas de reforço só é efetiva e viável desde que os
critérios de falha/ruptura das peças reforçadas sejam estabelecidos. A ruptura dos
elementos reforçados, geralmente, ocorre de maneira frágil, por destacamento do concreto
de cobrimento, descolagem ou ruptura do CFRP, esmagamento do concreto comprimido ou
mesmo por cisalhamento, podendo acontecer em diferentes níveis de aplicação de carga
(BUYUKOZTURK e HEARING, 1998)

No caso de vigas de concreto armado reforçadas externamente à flexão, quanto


menor forem as taxas de armadura e reforço, maior a probabilidade da ruptura ocorrer por
escoamento da armadura de aço juntamente com a ruptura do FRP. Por outro lado, se
essas taxas forem elevadas, o modo de ruína será governado pelo esmagamento do
concreto, com o aço escoando ou não. Existem também os casos em que há a descolagem
do sistema de reforço devido à propagação de fissuras no adesivo ou mesmo por meio do
arrancamento da camada de concreto de cobrimento (TRIANTAFILLOU e PLEVRIS, 1992).
19

Os modos de ruptura observados nas vigas de concreto armado reforçadas com


compósitos de FRP (Figura 2) podem ocorrer de diferentes maneiras: ruptura do compósito
de FRP (Figura 2a), esmagamento do concreto à compressão, (Figura 2b), cisalhamento
(Figura 2c), destacamento do concreto de cobrimento (Figura 2d), descolagem do FRP do
substrato de concreto (Figura 2e) e destacamento do FRP devido à propagação das fissuras
de tração e, portanto, perda de aderência entre o sistema de reforço e o substrato de
concreto (Figura 2f).

Figura 2: Modos de ruptura do compósito de FRP em vigas de concreto armado

Ruptura do CFRP Alta zona de tensão

Propagação de fissuras
(a) (d)

Esmagamento do Alta zona de tensão


concreto

Propagação de fissuras
(b) (e)
Fissura
Alta zona de tensão
Fissura de
cisalhamento
Propagação de fissuras
(c) (f)
Fonte: Adaptado de Teng et al. (2003)

De acordo com Buyukozturk e Hearing (1998), os diferentes modos de ruptura


afetam diretamente a eficiência do sistema de reforço externo à flexão. Na Figura 3 é
possível observar que a ruptura devido ao cisalhamento (ver também Figura 2c) é a mais
crítica e ocorre prematuramente, sem a necessidade de um grande incremento de carga do
elemento. Segundo Azevedo (2008), este modo prematuro de ruína ocorre porque o sistema
de reforço à flexão pode ocasionar um aumento nos esforços transversais da viga, a qual
nem sempre está dimensionada para suportar este aumento de forças cortantes.

Devido aos vários modos de ruína presentes, alguns autores (WU e HUANG, 2008;
COELHO et al., 2011) têm pesquisado técnicas para evitar falhas prematuras por
descolagem e/ou destacamento do sistema de reforço. Diferentes tipos de mecanismos de
ancoragem já foram analisados, tais como fixadores de aço chumbados ao concreto ou
mesmo a própria manta de FRP em formato de “U” colada nas extremidades do reforço à
flexão. Esses mecanismos têm-se mostrado eficientes no aumento da capacidade de carga
de vigas reforçadas, além disso, evitando a ocorrência de falhas prematura do sistema de
reforço.
20

Figura 3: Força versus deslocamento de vigas de concreto reforçadas à flexão


50

40 Esmagamento
do concreto

Força (kN) 30 Ruptura do CFRP

Fissuras de cisalhamento
20
Viga sem reforço
Destacamento
do concreto de cobrimento
10
Falha por
cisalhamento

0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0

Deslocamento central (cm)


Fonte: Adaptado de Buyukozturk e Hearing (1998)

A aplicação desses mecanismos de ancoragem causa uma mudança nos modos de


ruptura das vigas reforçadas. A falha do sistema de reforço, que antes era governada pelo
desprendimento do compósito de FRP, passa a ocorrer pela ruptura do mesmo. Os estudos
realizados por Wu e Huang (2008) e Coelho et al. (2011) concluíram que a adição desses
mecanismos de ancoragem oferece um maior nível de aproveitamento do sistema de reforço
e um aumento na capacidade de carga dos elementos reforçados em função da resistência
à tração última do compósito de FRP ser integralmente aproveitada.

2.1.2 RECOMENDAÇÕES DA ACI 440.2R (2017)


As recomendações da norma americana ACI 440.2R (2017) para reforço à flexão
com o uso da técnica EBR são baseadas no princípio dos estados limites, devendo atender
aos estados limites de serviço (ELS) e os estados limites últimos (ELU). Segundo o código,
deve-se levar em conta no dimensionamento do sistema de reforço os modos de ruptura dos
elementos no ELU. Os cincos modos de ruptura definidos pela norma são apresentados a
seguir:

 Esmagamento do concreto à compressão previamente ao escoamento da


armadura de aço;

 Escoamento do aço tracionado e posterior ruptura do FRP;

 Escoamento do aço tracionado, seguido do esmagamento do concreto;

 Destacamento do concreto de cobrimento; e

 Descolagem do FRP do substrato de concreto.


21

O dimensionamento do reforço à flexão segundo a norma ACI 440.2R (2017) é


baseado em premissas de cálculo: (a) os cálculos são baseados nas dimensões, arranjo
interno das armaduras de aço e propriedades dos materiais do elemento a reforçar; (b) as
deformações presentes no aço e no concreto são diretamente proporcionais à distância da
linha neutra, seções planas antes do carregamento permanecem planas após o
carregamento; (c) não há escorregamento entre o reforço externo e o substrato de concreto,
caracterizando uma aderência perfeita; (d) a deformação de cisalhamento da camada de
adesivo é desconsiderada devido a mesma ser muito fina com pouca variação de
espessura; (e) a deformação máxima permitida no concreto comprimido é de 0,003; (vi) a
resistência à tração do concreto é desconsiderada; e (vi) o material de reforço FRP possui
um comportamento elástico-linear até sua ruptura.

Em relação aos materiais intervenientes, a norma ACI 440.2R (2017) estabelece que
a ação ambiental deve ser considerada nas propriedades iniciais dos FRP devido à
possibilidade da exposição aos diversos tipos de ambientes levar a degradação e redução
das propriedades de tração, deformação última e resistência à fadiga dos materiais
compósitos. Assim, para o dimensionamento, os materiais sofrem uma redução em suas
propriedades (tensão de tração máxima de projeto e deformação última fornecida pelo
fabricante) de acordo com o tipo de exposição por meio dos fatores de redução ambiental (
CE ), os quais são apresentados na Tabela 1.

Tabela 1: Fator de redução ambiental para os diferentes tipos de FRP e condições


ambientais

Condição de Exposição Tipo de Fibra CE


Carbono 0,95
Exposição a ambientes internos Vidro 0,75
Aramida 0,85
Carbono 0,85
Exposição a ambientes externos
Vidro 0,65
Aramida 0,75
Carbono 0,85
Exposição a ambientes agressivos Vidro 0,50
Aramida 0,70
Fonte: ACI 440.2R (2017)

Quanto maior a agressividade do ambiente o qual o compósito de FRP está inserido,


maior é o coeficiente de redução ( C E ) (ver Tabela 1). A utilização do C E torna-se

necessário uma vez que alguns compósitos de FRP são suscetíveis a ambientes úmidos,
22

ambientes alcalinos, raios ultravioleta (UV) e altas temperaturas. O valor do C E ainda pode

variar de acordo com o tipo de fibra utilizada no sistema compósito.

A Equação 1 apresenta a determinação da tensão de tração máxima de projeto do


compósito de FRP ( f fu ), a qual depende do coeficiente de redução ambiental ( C E ),

apresentado na Tabela 1, e da tensão de tração fornecida pelo fabricante do FRP ou obtida


por meio de ensaios experimentais ( f fu* ).

f fu = CE .f fu* (1)

Similarmente à Equação 1, a deformação máxima de projeto (  fu ) é determinada por

meio da Equação 2, em que C E é o coeficiente de redução ambiental e  fu é a deformação


*

fornecida pelo fabricante ou obtida por meio de ensaios.

 fu = CE . *fu (2)

Devido os compósitos de FRP apresentarem comportamento linear até sua falha, o


módulo de elasticidade de projeto ( E f ) pode ser determinado pela Lei de Hooke, como

mostra a Equação 3.

f fu
Ef  (3)
 fu

É importante observar que o coeficiente de redução ( C E ) faz a redução apenas da

tensão de tração máxima e da deformação última do compósito de FRP e não do módulo de


elasticidade, uma vez que a Lei de Hooke utilizada para determinação do módulo de
elasticidade trata-se de uma divisão, em que o C E utilizado para minoração das

propriedades mecânicas é anulado. No entanto, de acordo os ensaios de caracterização


encontrados na literatura, o módulo de elasticidade do FRP possui alteração quando
comparado aos valores fornecidos pelos fabricantes.
23

2.1.3 ESTADO LIMITE ÚLTIMO DA SEÇÃO REFORÇADA


O equilíbrio de forças de uma seção retangular reforçada externamente com mantas
de FRP é apresentado na Figura 4, onde d f é a profundidade efetiva do reforço a flexão, d

é a altura útil da seção, b é a largura da seção, Af é a área da seção tranversal da fibra de

carbono, c a posição inicial da linha neutra,  c é o nível de deformação no concreto,  s é o

nível de deformação na armadura de aço,  fe é a deformação efetiva de ruptura do FRP,  bi

é a deformação pré-existente no concreto no momento da instalação do reforço, Fs é a

força resultante na armadura tracionada, Ffe é a força resultante na fibra de carbono

tracionada, Fc é a força resultante do concreto à compressão, 1 é razão de profundidade

do bloco retangular das tensões de compressão, a1 é um parâmetro definido para seção

retangular de blocos de concreto à compressão e f c' é a resistência característica do

concreto.

Figura 4: Equilíbrio de forças da seção reforçada.


b
ec 1.f'c

Fc c Fc
c
Linha
Neutra

d
df

es Fs ou F y Fs ou F y
Ffe Ffe
Af efe ebi

Fonte: ACI 440.2R (2017)

A recomendação ACI 440.2R (2017) apresenta as formulações indicadas para o


cálculo do máximo momento resistente de uma viga reforçada com a técnica EBR
(Equações 4 à 16). Para se evitar que o modo de ruptura ocorra pela propagação de
fissuras, tanto na flexão quanto no cislhamento (ver Figura 2f), a norma estabelece uma
deformação máxima permitida para o FRP tal como apresenta a Equação 4, em que  fd é a

deformação máxima permitida, f c' é a resistência característica do concreto, n é o número

de camadas de CFRP e t f é a espessura. Neste caso, considera-se que a ruptura ocorra

pelo destacamento do material de reforço.


24

f c'
 fd  0, 41.  0,9. fu (4)
n . E f .t f

Na sequência de cálculo, o código ACI 440.2R (2017) determina que seja arbitrada
uma posição inicial da linha neutra ( c ) a fim de se determinar a deformação efetiva (  fe ) e a

tensão de ruptura do FRP ( f fe ). Esta deformação efetiva e tensão de ruptura são

encontradas por intermédio das Equações 5 e 6, onde  cu é a deformação última do

concreto.

 df c 
 fe   cu .     bi   fd (5)
 c 

f fe  E f . fe (6)

Assim, a deformação e a tensão na armadura longitudinal, além da deformação no


concreto, são determinadas por meio das Equações 7 a 9, onde f s tensão na armadura

longitudinal, Es é o módulo de elasticidade do aço,  s é o nível de deformação na armadura

de aço e f yd é a tensão de dimensionamento do aço.

 d c 
 s    fe   bi  . 
 d  c  (7)
 f 

f s  Es . s  f yd (8)

 c 
 c    fe   bi  . 
 d  c  (9)
 f 

Com os níveis de tensão e deformação no FRP e na armadura longitudinal definidos,


a norma ACI 440.2R (2017) estabelece que o equilíbrio interno da seção deve ser
encontrado por intermédio das Equações 10 a 13, em que  c' é a deformação máxima do

concreto, Ec é o módulo de elasticidade do concreto e As é a área de aço da seção.


25

1, 71. f c'
 c'  (10)
Ec

4. c'   c
1  (11)
6. c'  2. c

3. c' . c   c2
1  (12)
3.1. c'2

As . f s  Af . f fe
c (13)
1. f c' . 1 . b

Por fim, após a posição da linha neura ( c ) atender simultaneamente as Equações 5


a 13, o momento resistente ( M n ) do elemento reforçado é encontrado com o uso da

Equação 14, onde  f é o fator de redução (0,85) baseado em análises de confiabilidade de

elementos reforçado a flexão e Ff é a força resultante na fibra de FRP tracionada.

Posteriormente, a ACI 440.2R (2017) estabelece que o momento resistente deve ser
multiplicado pelo fator de redução (  ) da Equação 15 devido aos limites de ductilidade de
elementos reforçados com a técnica EBR. Finalmente, por intermédio da Equação 16,
encontra-se o momento resistente de cálculo ( M u ).

  .c    .c 
M n  Fs .  d  1    f .Ff .  d f  1  (14)
 2   2 

 0,90 para  s  0, 005



 0, 25.( s   sy )
 0, 65  para  sy   s  0, 005 (15)
 0, 005   sy
 0, 65 para  s   sy

M u  .M n (16)
26

2.1.4 TENSÃO NO AÇO E NO FRP DEVIDO AS CARGAS DE SERVIÇO


Segundo as recomendações da ACI 440.2R (2017) deve-se, também, verificar os
níveis de tensão no aço e no reforço com FRPs. Tal verificação é realizada de modo a evitar
deformações inelásticas no aço e possíveis rupturas por fadiga e carregamento cíclico no
material de reforço.

A tensão no aço sob as cargas de serviço ( f s,s ) é determinada de acordo com a

Equação 17 segundo a análise da seção fissurada de concreto armado reforçada.


Recomenda-se que a tensão de serviço encontrada para o aço deve ser limitada em 80% de
sua tensão característica de escoamento ( f yk ), ou seja, f s ,s  0,80. f yk . Além disso, a tensão

de compressão no concreto sob as cargas de serviço deve ser limitada em 45% da


resistência característica do concreto ( f c' ), ou seja, f c, s  0, 45. f c ' .

  k .d  
 M s   bi . Af .E f .  d f  3   .  d  k .d  .Es
  
f s,s  (17)
 k .d   k .d 
As .Es .  d   .  d  k .d   Af .E f .  d f   .  d f  k .d 
 3   3 

Já a tensão no reforço de FRP sob as cargas de serviço ( f f , s ) é dada pela Equação

18, onde deve-se considerar a tensão no aço ( f s,s ) encontrada na Equação 17. O valor da

tensão no reforço de FRP, dado pela Equação 18, deve obedecer aos limites impostos para
cada tipo de material, de acordo com a Tabela 2 (ACI 440.2R, 2017).

 Ef  d f  k .d
f f ,s  f s,s .  .   bi .E f (18)
 Es  d  k .d

Tabela 2: Carga de serviço e tensão cíclica limite para o reforço FRP.


Tipo de Fibra
Tipo de Tensão
GFRP AFRP CFRP

Carga de serviço e tensão cíclica limite 0.20 f fu 0.30 f fu 0.55 f fu

Fonte: ACI 440.2R (2017)


27

2.2 DURABILIDADE E MECANISMOS DE DEGRADAÇÃO

Uma vez conhecida as propriedades mecânicas em curto prazo dos materiais


compósitos utilizados nos sistemas de reforço FRP, torna-se fundamental um estudo da
evolução dessas propriedades ao longo de sua vida útil. Neste capítulo serão abordadas
questões a respeito da durabilidade dos compósitos de FRP e os mecanismos de
degradação que afetam esses materiais.

2.2.1 DURABILIDADE DOS COMPÓSITOS DE FRP


A durabilidade é umas das principais preocupações quando se utiliza um material
alternativo, um tanto quanto novo no mercado, em aplicações estruturais. Desde o momento
em que os materiais compósitos de FRP começaram a ser utilizados pela indústria da
construção civil, pouco se sabe a respeito de seu comportamento e durabilidade em longo
prazo (KARBHARI, 2007).

Dentre o pouco conhecimento sobre este assunto sabe-se que as fibras utilizadas
nos sistemas de reforço são relativamente duráveis, sendo sua principal vantagem a
resistência à corrosão. Porém cada tipo de fibra pode apresentar um comportamento
diferente quando exposta a determinados ambientes. As fibras de vidro, por exemplo, são
suscetíveis à degradação quando expostas a umidade e alcalinidade sem o devido sistema
de proteção. Similarmente, as fibras de aramida são afetadas pela radiação ultravioleta (UV)
e possuem alto índice de absorção de umidade. Já as fibras de carbono são relativamente
inertes a diferentes tipos de ambientes (ACI 440.9R, 2015).

Por outro lado, o grande problema da durabilidade está relacionado ao tipo de matriz
utilizada nos materiais compósitos de FRP. As resinas a base de epóxi, por exemplo, são
fortemente afetadas pelos raios UV, além de serem altamente sensíveis a altas
temperaturas (CAROLIN, 2003)

De acordo com a ACI 440.2R (2017), os diferentes tipos de ambientes agressivos


afetam diretamente a resina e as fibras dos vários sistemas de reforço com materiais
compósitos de FRP. Suas propriedades mecânicas tal como resistência à tração,
deformação última e módulo de elasticidade, são significativamente afetadas quando
expostas a situações ambientais agressivas (ciclos de gelo-degelo, altas temperaturas,
umidade, água salgada, UV, dentre outros). Porém, a taxa e o tipo de degradação
dependem de vários fatores como o tipo de material, condições ambientais e período de
exposição (KARBHARI, 2007).

Além disso, a degradação do sistema de reforço FRP não depende exclusivamente


do tipo de ambiente ao qual o elemento reforçado está inserido, mas também, do tipo de
28

aplicação do mesmo. Sistemas de reforço externos, no caso da colagem externa EBR, são
mais vulneráveis à degradação do que o sistema de reforço aplicado segundo a técnica
NSM uma vez que nessa situação o material compósito se encontra protegido internamente
à estrutura de concreto (DE LORENZIS e TENG, 2007).

2.2.2 MECANISMOS DE DEGRADAÇÃO


De acordo com Fonseca1 (2008, apud Silva, 2017), os principais mecanismos de
degradação podem ser classificados de acordo com duas categorias: ambiental e mecânico.
Com relação ao mecanismo de degradação ambiental cita-se a ação da umidade e/ou
presença de água, temperatura, soluções químicas e radiação UV. Com relação ao
mecanismo de degradação mecânico citam-se as cargas estáticas, cargas dinâmicas,
cargas combinadas, impactos, ações sísmicas e outras catástrofes naturais.

Em geral, todos os materiais utilizados na indústria da construção civil estão sujeitos


aos ataques desses mecanismos de degradação, os quais são caracterizados por uma
sequência de mudanças químicas, físicas e mecânicas. Sendo assim, quando se aplica um
sistema de reforço FRP a uma determinada estrutura de concreto, esses mecanismos de
degradação devem ser considerados de forma a se obter um melhor comportamento e
durabilidade em longo prazo (ISIS, 2006). Vale ressaltar que os mecanismos de degradação
podem agir de maneira individual ou em conjunto na degradação do material compósito de
FRP conforme apresentado na Figura 5.

Figura 5: Mecanismos de degradação prejudiciais ao FRP

Fonte: Adaptado de Isis (2006)

_________________
1
FONSECA, S. C. Durabilidade de materiais compósitos de matriz polimérica reforçados com fibras
usados na reabilitação de estruturas de betão. 2008. 360 f. Tese de Doutorado – Universidade do
Minho, Guimarães, Portugal.
29

Verifica-se, em geral, que os mecanismos de degradação afetam diretamente a parte


mais sensível do reforço estrutural, a ligação entre o substrato de concreto e o compósito de
FRP, ligação esta que é realizada com o auxílio de resinas a base de epóxi (as quais são
suscetíveis à degradação quando submetido a ambientes agressivos). Soma-se ainda o fato
de que a degradação da ligação concreto/adesivo/FRP pode causar problemas de
aderência, reduzindo o aproveitamento máximo do sistema de reforço.

2.2.3 UMIDADE E SOLUÇÕES SALINAS


A absorção de umidade pelos compósitos de FRP depende de vários aspectos tais
como o tipo de matriz polimérica, a espessura do compósito, as condições de cura e seu
processo de fabricação. O excesso de absorção pelos materiais compósitos pode ocasionar
um significativo enfraquecimento entre as cadeias poliméricas (NORDIN, 2003).

Esta absorção de umidade causa mudanças reversíveis e irreversíveis na estrutura


dos polímeros que, na pior das hipóteses, pode levar a uma perda de resistência à tração e
diminuição da rigidez do compósito de FRP levando a um amolecimento, plastificação e
inchaço da matriz, causado pela alteração de suas propriedades químicas e mecânicas
(ISIS, 2006).

Isis (2006) comenta que a taxa de absorção de umidade pela matriz polimérica
diminui enquanto sua perda de resistência e rigidez aumenta ao longo do tempo. Outro fato
relevante está na redução da temperatura de transição vítrea ( Tg ), a qual é responsável

pela mudança na propriedade do polímero de rígido e sólido frágil para um plástico viscoso
e fluido. Neste caso, a presença de umidade pode levar a uma redução de até 75% na Tg e

de 50% na resistência a flexão do polímero (EUROCOMP, 1996). Vale ressaltar que os


polímeros que sofrem alteração em sua Tg podem ser considerados estruturalmente

ineficazes.

Pesquisa realizada por Fernandes (2016) avaliou a degradação de corpos de prova


de resina epoxídica, com 170 mm de comprimento por 10 mm de largura e 4 mm de
espessura, quando expostos a ciclos de umidade (3 dias expostos a umidade constante e 4
dias a um ambiente seco) a uma temperatura constante de 22ºC em um período total de 720
dias. A resina utilizada foi do tipo bi componente denominada S&P Resin 220 epoxy
adhesive, a qual foi fornecida pela S&P Clever Reinforcement.

A Figura 6 apresenta o diagrama tensão versus deformação dos corpos de prova de


resina epoxídica expostos aos ciclos de umidade e mantidos em ambiente laboratorial.
30

Os resultados demostraram uma redução nas propriedades mecânicas de 25% e


28% na resistência a tração e no módulo de elasticidade, respectivamente (ver Tabela 3).

Figura 6: Diagrama tensão versus deformação dos corpos de prova de resina


35
Laboratorial 720Dias
Ciclos de Umidade 360Dias
Tensão (MPa) 28 Ciclos de Umidade 720Dias

21

14

0
0.00 0.15 0.30 0.45 0.60 0.75
Deformação (%)
Fonte: Adaptado de Fernandes (2016)

Tabela 3: Resultado da degradação dos corpos de prova de resina epoxídica

Ambiente de exposição
Ambiente laboratorial Ciclos de umidade
Idade do
ensaio Tensão Módulo de Tensão Módulo de
Tg Tg
máxima elasticidade máxima elasticidade
(MPa) (GPa) (ºC) (MPa) (GPa) (ºC)

Referência 22,0 (4,5) 7,2 (3,7) - 22,0 (4,5) 7,2 (3,7) -


360 dias - - - 16,6 (2,9) 5,4 (2,8) 50,2
720 dias 20,8 (2,2) 6,7 (3,4) 53,6 16,5 (2,5) 5,2 (3,2) 50,4
Nota: Os valores entre parênteses correspondem ao desvio padrão.
Fonte: Fernandes (2016)

Dalfré (2016) também avaliou a degradação de corpos de prova de resina epoxídica


com 170 mm de comprimento por 10 mm de largura e 4 mm de espessura, do tipo primer e
de laminação, expostos a umidade constante por um período de 720 dias em água obtida da
rede pública de abastecimento. Os resultados demostraram uma redução na resistência à
tração de 34% para a resina do tipo primer e 37% para a resina de laminação. Em relação
ao módulo de elasticidade, a resina do tipo primer obteve uma redução de 28% enquanto a
resina de laminação uma redução de 22%.

Além das matrizes, alguns tipos de fibras utilizadas nos compósitos de FRP também
estão susceptíveis à degradação causada pela ação da umidade. No caso das fibras de vidro,
segundo Isis (2006), a umidade penetra pelo compósito e remove os íons presentes na fibra,
31

levando à redução de sua resistência à tração e módulo de elasticidade. No caso de fibras


de aramida, essas podem absorver cerca de 13% em massa de umidade, o que causa uma
expansão, resultando em redução de suas propriedades mecânicas tais como, resistência à
compressão, cisalhamento e perda da ligação com a matriz polimérica (FIB Bulletin 14,
2001).

Pesquisa realizada por Cromwell, Harries e Shahrooz (2010) verificou a degradação


de laminados de CFRP e GFRP. Os corpos de prova com 254 mm de comprimento e 25,5
mm de largura (Figura 7a) foram expostos a umidade constante (a uma temperatura de
38ºC) e a solução salina (a uma temperatura de 22ºC). Em ambas as exposições o período
máximo de degradação foi de 10000 horas. A Figura 7b apresenta o modo de ruptura
verificado nos corpos de prova de GFRP e a Tabela 4 o resumo dos resultados de
degradação dos laminados de CFRP e GFRP após a exposição a umidade constante e
solução salina.

Neste caso o autor apresentou os resultados em termos de tensão vezes unidade de


espessura do FRP (MPa.mm). Os resultados de degradação foram mais notáveis no GFRP
após 3000 horas de exposição, o qual apresentou uma redução na resistência a tração de
18% e 12% após exposição a umidade constante e solução salina, respectivamente.

A presença de umidade também é responsável pelo enfraquecimento da ligação


entre o compósito de FRP e o substrato de concreto ao longo do tempo. Segundo Pan, Xian
e Silva 2015, a umidade pode afetar a ligação concreto/adesivo/FRP, causando uma
descolagem ou destacamento prematuro do sistema de reforço.

Figura 7: (a) Corpo de prova de CFRP e (b) modo de ruptura dos laminados de GFRP

(a) (b)
Fonte: Cromwell, Harries e Shahrooz (2010)
32

Tabela 4: Resultados da degradação dos corpos de prova de CFRP e GFRP

Ambiente de exposição
Umidade Constante Solução Salina
Período Módulo de Módulo de
do ensaio Tensão máxima Tensão máxima elasticidade
elasticidade
(MPa.mm) (MPa.mm)
(GPa.mm) (GPa.mm)
CFRP GFRP CFRP GFRP CFRP GFRP CFRP GFRP
Referência 650 330 58 18 650 330 58 18
1000 h 820 300 65 18 790 350 64 19
3000 h 600 270 57 18 630 290 57 17
10000 h 700 320 61 18 630 310 66 17

Fonte: Adaptado de Cromwell, Harries e Shahrooz (2010)

Pesquisa realizada por Kabir, Shrestha e Samali (2013) avaliou a descolagem do


FRP do substrato de blocos de concreto com dimensões de 300x200x150 mm³ e resistência
a compressão igual a 32 MPa. Os blocos foram confeccionados e reforçados com mantas
de CFRP do tipo unidirecional com resistência a tração e módulo de elasticidade de 2758,4
MPa e 221,9 GPa, respectivamente. Após o reforço, os blocos foram expostos a ciclos de
umidade (1 semana exposto a umidade constante e 1 semana a um ambiente seco) em um
período total de 18 meses. Posteriormente, ensaios de arrancamento foram realizados. Os
resultados demostraram que, com 12 meses de exposição, houve uma pequena redução de
5% na tensão de aderência entre o FRP e o substrato de concreto.

2.2.4 TEMPERATURA ELEVADA


Vários materiais compósitos de FRP utilizados na indústria da construção civil sofrem
degradação em suas propriedades mecânicas perante a incidência de temperaturas maiores
que a sua temperatura limite ( Tg ). Essa degradação ocorre devido ao amolecimento,

plastificação e redução do módulo de elasticidade da matriz polimérica, a qual pode ocorrer


com uma temperatura média de 65ºC a 120ºC (ISIS, 2006).

Estudo realizado por Banea, Silva e Campilho (2011) avaliou a influência de altas
temperaturas nas propriedades mecânicas de adesivos epoxídicos. O adesivo epoxídico
analisado possuía uma Tg de 155ºC e foi confeccionado nas dimensões de 150 mm de

comprimento por 45 mm de largura e espessura de 2 mm. Os corpos de prova foram


expostos a temperaturas de 100ºC, 125ºC, 150ºC e 200ºC e ensaiados 5 minutos após
atingir as temperaturas definidas. Os resultados demostraram uma redução de 34%, 68%,
90% e 98% na resistência a tração após a exposição a temperatura de 100ºC, 125ºC, 150ºC
33

e 200ºC, respectivamente. Em relação ao módulo de elasticidade, reduções em torno de


24%, 74%, 98% e 99% foram verificadas para as mesmas temperaturas já apresentadas.
Segundo o autor, as curvas de tensão versus deformação dos adesivos epoxídicos
apresentaram um aumento na ductilidade após a exposição a altas temperaturas, tal como
apresentado na Figura 8.

Alguns tipos de fibras utilizadas nos sistemas de reforço FRP também estão
suscetíveis à degradação perante a incidência de elevadas temperaturas. As fibras de
carbono são significativamente resistentes à temperatura. Temperaturas superiores a
1000ºC não indicam nenhuma perda de resistência ou rigidez. Por outro lado, as fibras de
vidro apresentam redução em sua resistência à tração em torno de 20% a 60% para
temperaturas superiores a 600ºC. As fibras de aramida apresentam as mesmas reduções a
temperaturas superiores a 300ºC (ISIS, 2006).

Figura 8: Diagrama tensão versus deformação das resinas epoxídicas


70
Referência
60 100ºC
125ºC
50
Tensão (MPa)

150ºC
200ºC
40
30
20
10
0
0 2 4 6 8 10 12 14
Deformação (%)
Fonte: Adaptado de Banea, Silva e Campilho (2011)

Pesquisa realizada por Silva (2017) avaliou a influência de ciclos de temperatura na


degradação das propriedades mecânicas dos CFRP. Corpos de prova de laminados de
CFRP com 25 mm de comprimento por 10 mm de largura e 1,4 mm de espessura foram
expostos a ciclos de temperatura que variaram de 20ºC (mínima) a 80ºC (máxima) com
picos máximos de 7 a 9 horas de exposição para os dois valores extremos de temperatura.
A transição de uma temperatura a outra levava em torno de 4 horas e o período total de
exposição foi de 6 meses (180 ciclos). O laminado de CFRP utilizado foi do tipo unidirecional
com resistência a tração de 2648,3 MPa e módulo de elasticidade de 169,5 GPa. Os
resultados demonstraram pouca variação das propriedades mecânicas, sendo verificada
uma redução de 0,46% e 3% na resistência a tração e no módulo de elasticidade,
respectivamente.
34

A ligação entre o compósito de FRP e o substrato de concreto também pode ser


afetada pela da exposição a elevadas temperaturas. A degradação da ligação ocorre devido
a mudanças no comportamento do adesivo o que leva a descolagens prematuras do FRP
(ZHENG et al., 2016; KARBHARI et al., 2003).

Pesquisa realizada por Vaz, Aguiar e Camões (2005) avaliou a degradação da


ligação entre o sistema de reforço e o substrato de concreto em vigas de concreto armado
reforçadas externamente com laminados de CFRP expostas a elevadas temperaturas. As
vigas de concreto armado possuíam dimensões de 650x150x100 mm³ e armadura
longitudinal superior e inferior de 6 mm de diâmetro com resistência a tração de 400 MPa e
estribos de 3 mm de diâmetro com resistência a tração de 500 MPa e espaçados a cada 5
mm. As vigas foram concretadas com concreto com duas classes de resistência à
compressão, 30 MPa e 90 MPa, e posteriormente reforçadas a flexão com laminados de
CFRP, os quais, após aplicação do sistema de reforço, as vigas foram expostas a três
distintos ciclos de temperatura (20ºC – 40ºC, 20ºC – 60ºC e 20ºC – 80º). Os ciclos possuíam
12 horas de duração (6 horas a temperatura mínima e 6 horas a temperatura máxima). As
vigas foram expostas a 50 ciclos e posteriormente ensaios de flexão em 3 pontos foram
realizados. Vale ressaltar que a Tg do adesivo era de 63ºC. A Figura 9 apresenta o

diagrama força versus deslocamento das vigas reforçadas de referência, as quais foram
mantidas em ambiente laboratorial, e das vigas reforçadas expostas a temperatura máxima
de 80ºC. Os resultados demostraram uma descolagem prematura do sistema de reforço
quando exposto a temperatura de 80ºC (Figura 10). Nesse caso, ocorreu uma redução
máxima na resistência a flexão de 9% e 21% paras as vigas com concreto de 30 MPa e 90
MPa, respectivamente.

Figura 9: Diagrama força versus deslocamento das vigas reforçadas de referência e


expostas a temperatura de 80ºC
120

100

80
Força (kN)

60

40
Referência_C90
Referência_C30
20 Temperatura80_C90
Temperatura80_C30
0
0 1 2 3 4 5
Deslocamento (mm)
Fonte: Adaptado de Vaz, Aguiar e Camões (2005)
35

Figura 10: Descolagem prematura do sistema de reforço

Fonte: Vaz, Aguiar e Camões (2005)

2.2.5 RADIAÇÃO ULTRAVIOLETA (AMBIENTE EXTERNO)


Os materiais compósitos de FRP, quando expostos a ambientes externos, sujeitos à
radiação ultravioleta (UV), também estão vulneráveis à degradação. A ação conjunta dos
mecanismos de degradação do meio externo (temperatura, umidade e chuva ácida)
juntamente com a radiação UV torna-se mais agravante os efeitos da degradação sobre os
compósitos de FRP (SHOKRIEH e BAYAT, 2007).

A exposição direta à radiação UV dos polímeros pode causar degradação por meio
de um mecanismo conhecido como fotodegradação, o qual causa a decomposição ou
dissociação das ligações químicas entre as cadeias poliméricas conduzida pela radiação UV
presente nas ondas solares. Esta radiação presenta nas ondas solares é capaz de causar a
degradação dos polímeros, levando a uma descoloração, oxidação da superfície,
fragilização e microfissuração de sua matriz polimérica (ISIS, 2006).

Pesquisa realizada por Zhao et al. (2017) avaliou a degradação de três tipos de
resina polimérica (éster-vinílica, epóxi e éster-epoxi) quando expostas à radiação UV.
Corpos de prova 200 mm de comprimento por 20 mm de largura e espessura de 4 mm
foram confeccionados e curados por sete dias em temperatura ambiente. Posteriormente, os
corpos de prova foram expostos à radiação UV (280 nm a 315 nm) a uma temperatura entre
57ºC a 63ºC e umidade entre 90% a 95%. Os ciclos de radiação UV possuíam 12 horas de
duração (8 horas de radiação UV e 4 horas de condensação) com um período total de 90
dias. A Tabela 5 apresenta as propriedades mecânicas das resinas de referência e após a
exposição aos ciclos de radiação UV. Os resultados demostraram uma elevada degradação
da resina éster-vinílica, a qual apresentou uma redução de 65% e 69% na resistência a
tração e no módulo de elasticidade, respectivamente. Segundo o autor, após a exposição,
os corpos de prova das resinas apresentaram grade alteração em sua coloração.
36

Tabela 5: Propriedades mecânicas das resinas após exposição a radiação UV

Tensão máxima Módulo de elasticidade


Período de (MPa) (MPa)
exposição
Éster-vinílica Epóxi Éster- epóxi Éster-vinílica Epóxi Éster- epóxi
Referência 39,7 41,0 34,5 2544,7 1944,0 2024,7
30 dias 17,1 39,8 30,7 1223,0 2438,9 2385,3
90 dias 13,8 42,0 31,4 777,6 1547,9 1740,1
Fonte: Adaptado de Zhao et al. (2017)

Além das resinas, alguns tipos de fibras também sofrem com a degradação causada
pela radiação UV. De acordo com Isis (2006), as fibras de carbono e vidro, em geral, não
são afetadas pela radiação UV, enquanto as fibras de aramida apresentam uma leve
degradação perante a exposição aos raios UV.

Por fim, a ligação entre o compósito de FRP e o substrato de concreto também


demonstra ser suscetível a degradação perante a exposição à radiação UV. A pesquisa
realizada por Kabir, Shrestha e Samali (2013) também compreendeu os efeitos da
exposição ao ambiente externo na ligação concreto/adesivo/FRP. Os resultados
demonstraram uma redução máxima na tensão de aderência de até 15% quando
comparados com os corpos de prova de referência. Foi verificada, também, uma alteração
nos modos de ruptura, os quais passaram a ser governados pela ruptura da ligação e não
do substrato de concreto verificado no início da pesquisa. O autor classificou a exposição ao
ambiente externo como a situação mais nociva à ligação concreto/adesivo/FRP.
37

3. METODOLOGIA
Neste capítulo é descrita a metodologia utilizada para avaliar a durabilidade e o
comportamento mecânico das vigas de concreto armado reforçadas a flexão com mantas de
CFRP aplicadas segundo a técnica EBR, assim como dos materiais utilizados no sistema de
reforço. São apresentadas as características das vigas de concreto armado e de todos os
materiais constituintes do sistema de reforço, bem como a metodologia utilizada para o
preparo dos corpos de prova, as condições e métodos de ensaios.

3.1 PROGRAMA EXPERIMENTAL

O presente trabalho compreende a análise do comportamento e da durabilidade de


vigas de concreto armado reforçadas com mantas de CFRP aplicadas segundo a técnica
EBR. Os principais aspectos analisados são o incremento, ou decréscimo, da capacidade de
carga das vigas reforçados, ductilidade, rigidez, modos de ruptura e deformações do
concreto, armadura longitudinal de aço e sistema de reforço frente a aplicação de
carregamento. Para tal, foi realizada uma análise em vigas de referência (com e sem reforço
compósito) e em vigas reforçadas mantidas em ambiente laboratorial (interno, protegido) e
expostas às intempéries (ambiente externo).

Doze vigas de concreto armado foram confeccionadas, as quais possuem dimensões


de 12x20x250 cm3, vão livre entre os apoios de 230 cm e concreto com resistência a
compressão nominal ( f ck ) de 20 MPa. Das 12 vigas confeccionadas, duas não possuíam

nenhum tipo de reforço, sendo utilizadas com referência, e as demais foram reforçadas a
flexão com uma camada de manta de CFRP aplicadas segundo a técnica EBR. Para além
disso, corpos de prova de concreto, resina epoxídica e compósitos de CFRP também foram
confeccionados.

A designação utilizada para identificação de cada viga foi Vx_y_z, onde “x” é o
número de elementos ensaiados, “y” corresponde aos elementos utilizados como referência
(REF, de Referência), mantidos em ambiente laboratorial (LAB, de Laboratory, em língua
inglesa) ou expostos ao intemperismo (WEA, de Weathering, em língua inglesa), e “z”
devido a utilização ou não de material de reforço (0 ou CFRP).

Paralelamente à campanha experimental das vigas de concreto armado reforçadas


com mantas de CFRP foram analisados, também, os materiais constituintes do sistema de
reforço, especificamente resinas epoxídicas e compósito de CFRP.
38

A notação adotada na identificação dos ambientes de exposição para os materiais


intervenientes foi X_y onde “X” corresponde aos ambientes de exposição (REF de
Referência, em língua inglesa; LAB de Laboratory, em língua inglesa e WEA de Weathering,
em língua inglesa) e “y” o período de exposição.

Para avaliar o comportamento e durabilidade em longo prazo das vigas de concreto


armado reforçadas com uma camada de manta de CFRP e dos materiais constituintes do
sistema de reforço foram definidos dois ambientes de exposição (Figura 11), os quais são
apresentados a seguir:

 Ambiente laboratorial (LAB) (interno, protegido e com monitorização da


temperatura ambiente), o qual serviu como referência aos demais ensaios
(Figura 11a); e

 Exposição às intempéries (WEA) (ambiente externo, livre de obstáculos que


possam promover sombreamento nas vigas e corpos de prova, com umidade,
temperatura e radiação monitorizados) (Figura 11b).

Figura 11: Ambientes de exposição: (a) câmara isolada e protegida e (b) exposição a
intempéries (ambiente externo)

(a) (b)
Fonte: O Autor e INMET (2019)

As Tabelas 6 a 8 apresentam o resumo dos ensaios e da quantidade de corpos de


prova de concreto, vigas de concreto armado e materiais constituintes do sistema de reforço
analisados na campanha experimental, respectivamente.

Note-se que neste trabalho serão apresentados os resultados de referência e após 6


meses de exposição ao ambiente laboratorial e às intempéries dos corpos de prova de
concreto e das vigas de concreto armado. O ensaio dos demais elementos de concreto será
realizado em outro mestrado já em andamento.
39

Tabela 6: Programa de ensaios dos corpos de prova de concreto


Ensaio dos corpos de prova de Quantidade de corpos de
Cps
concreto prova
28 dias após a concretagem 5
Referência
200 dias após a concretagem 5
6 meses (após aplicação do reforço) 5
Ambiente laboratorial
12 meses (após aplicação do reforço) 5
6 meses (após aplicação do reforço) 5
Exposição às intempéries
12 meses (após aplicação do reforço) 5
Fonte: O Autor

Tabela 7: Programa de ensaios das vigas de concreto armado


Quantidade de corpos de
Vigas Ensaio das vigas
prova

V_REF_0 200 dias após a concretagem 2

14 dias após aplicação do reforço (cura


V_REF_CFRP 2
completa da resina epoxídica)

V_LAB_CFRP 6 meses (após aplicação do reforço) 2


(Ambiente laboratorial) 12 meses (após aplicação do reforço)* 2

V_WEA_CFRP 6 meses (após aplicação do reforço) 2


(Ambiente externo) 12 meses (após aplicação do reforço)* 2
* os ensaios serão realizados em outro mestrado já em andamento
Fonte: O Autor

Tabela 8: Programa de ensaios dos materiais constituintes do sistema de reforço

Quantidade de corpos de prova

Ensaio dos Resinas epoxídicas


Tipo de ensaio Compósito de
materiais
CFRP Resina A Resina B
(primer) (laminação)
Referência 7 dias 5 5 5
(REF) 14 dias 5 5 5
Ambiente Laboratorial 4 meses 5 5 5
(LAB) 8 meses 5 5 5

Exposição às intempéries 4 meses 5 5 5


(ambiente externo) (WEA) 8 meses 5 5 5
Fonte: O Autor
40

A exposição das vigas de concreto armado reforçadas, as quais foram mantidas


juntamente com os corpos de prova de concreto, e dos materiais constituintes do sistema de
reforço, aos ambientes (laboratorial e intempéries) apresentados anteriormente foi realizada
em períodos distintos e ao longo do desenvolvimento do programa experimental. Desse
modo, no Apêndice A, é apresentado um cronograma com os períodos de realização dos
ensaios das vigas e dos materiais constituintes do sistema de reforço.

3.1.1 DIMENSIONAMENTO DAS VIGAS E DO SISTEMA DE REFORÇO


O dimensionamento da armadura de flexão foi realizado de modo que fosse possível
avaliar o desempenho do sistema de reforço aplicado na face tracionada do elemento. Para
tal, as vigas foram dimensionadas no domínio 2 de deformações tendo como base as
recomendações da ABNT NBR 6118 (2014). Assim, o dimensionamento foi realizado por
meio do diagrama simplificado de distribuição de tensões e deformações de uma viga com
seção retangular e armadura simples.

As vigas foram confeccionadas com uma armadura longitudinal de flexão positiva,


alojada junto a face inferior, composta por duas barras de aço CA-50 com diâmetro (  ) de
10 mm (taxa de armadura longitudinal de 0,75%). O cobrimento da armadura utilizado foi de
1,5 cm a partir da face dos estribos. Além do mais, para evitar a ruptura por cisalhamento, a
armadura transversal foi superestimada, sendo utilizado estribos de aço CA-60 com
diâmetro (  ) de 5 mm e espaçados a cada 10 cm. A Figura 12 apresenta as características
das vigas e os detalhes das armaduras longitudinais e transversais.

Figura 12: Armadura longitudinal e detalhes da seção transversal das vigas utilizadas
no programa experimental. Dimensões em cm
F
20

10 115 115 10
250
17,50
20,00

1,5

2Ø6.3mm
2Ø10.0mm

12 24Ø5.0mm c/ 10cm

Fonte: O Autor
41

A manta de fibra de carbono utilizada no sistema de reforço é tipo C-Sheet 240.


Trata-se de uma manta unidirecional com gramatura de 300 g/m² e espessura de 0,176 mm.
De acordo com a fabricante, ela possui uma resistência à tração última de 3800 MPa,
módulo de elasticidade de 240 GPa e uma deformação na ruptura de 15,5 ‰.

Com base do dimensionamento para o ELU, a manta de fibra de carbono foi cortada
em tiras com largura de 11 cm e comprimento de 220 cm de modo que suas dimensões se
adequassem à superfície tracionada da viga de concreto armado. A Figura 13 apresenta os
detalhes do posicionamento do sistema de reforço com uma camada de manta de CFRP.

Figura 13: Detalhes do sistema de reforço. Unidades em cm


F

Camada de CFRP Largura da manta de CFRP


(11 cm)
15 220 15

Fonte: O Autor

Para além disso, tendo em vista que o dimensionamento do sistema de reforço foi
realizado segundo os princípios da norma americana ACI 440.2R (2017), fez-se a avaliação
da capacidade portante da viga, à flexão, também se considerando as recomendações da
norma ACI 318 (2014).

3.1.2 PREPARAÇÃO DAS VIGAS


No processo de fabricação das vigas de concreto armado foram utilizadas formas de
madeira compensada plastificada com 10 mm de espessura. Antes do lançamento do
concreto as formas de madeira foram untadas com desmoldante para facilitar a desforma.

As vigas foram concretadas em uma única etapa procurando garantir uma menor
variação das características mecânicas do concreto. O concreto utilizado foi usinado, o qual

fornecido pela empresa SUPERCON com uma resistência a compressão nominal ( fck ) de 20
MPa. Foi utilizado a brita nº 1 como agregado graúdo. A relação água cimento foi de 0,680
com um consumo de cimento de 297 kg/m³. Além do mais, foi realizado o ensaio de
abatimento do tronco de cone, o qual apresentou um valor de 50 mm.

O adensamento do mesmo foi realizado mecanicamente por meio da utilização de


um vibrador de imersão de agulha com 405 mm de comprimento, diâmetro de 35 mm e com
42

uma frequência de 4000 rpm. Corpos de prova cilíndricos, com dimensões de 100 x 200
mm, também foram moldados para controle tecnológico do concreto nas distintas idades
apresentadas na Tabela 6.

Após a concretagem das vigas e dos corpos de prova, os mesmos foram cobertos
com uma lona plástica, até a desforma, visando diminuir os efeitos da retração do concreto
pela evaporação da água. Para as vigas e os corpos de prova de concreto foi realizada a
cura úmida por um período de 7 dias. Os detalhes do processo de concretagem são
apresentados na Figura 14.

Figura 14: (a) preparo das armaduras, (b) posicionamento das armaduras nas formas,
(c) corpos de prova cilíndricos, (d) abatimento do tronco de cone, (e-f) lançamento do
concreto, (g) regularização do concreto e (h-i) aspecto final dos corpos de prova

(a) (b) (c)

(d) (e) (f)

(g) (h) (i)


Fonte: O Autor
43

3.1.3 REFORÇO DAS VIGAS SEGUNDO A TÉCNICA EBR


Neste programa experimental foi utilizada a técnica EBR para aplicação do reforço
nas vigas de concreto armado. Os procedimentos de colagem das mantas de CFRP seguiu
a metodologia típica e foram executados após a cura do concreto.

Para execução do sistema de reforço CFRP EBR, a superfície de concreto foi


primeiramente preparada de modo a garantir a perfeita aderência entre a manta de CFRP e
o substrato de concreto. Nesta etapa é importante que a superfície de concreto esteja sem
contaminações de óleos, graxas ou agentes desmoldantes. Para isto, o substrato foi
esmerilado com um disco de desbaste diamantado acoplado a uma esmerilhadeira.
Procurou-se remover toda a camada de nata de cimento até a exposição dos agregados.

Em seguida, aplicou-se ar comprimido sobre a superfície para limpeza e eliminação


das partículas sólidas. Após a preparação da superfície (Figura 15), aplicou-se uma camada
da resina primer de forma a melhorar as condições de aderência entre o CFRP e o substrato
de concreto.

Figura 15: (a) lixamento para eliminação da nata de concreto, (b) limpeza com ar
comprimido e (c) aplicação do primer

(a) (b) (c)


Fonte: O Autor

Logo, com as faixas de manta cortadas, procedeu-se a colagem do CFRP com o


auxílio da resina epoxídica de laminação, a qual foi aplicada com intervalo de 45 minutos
após a aplicação do primer. O preparo das resinas do tipo primer e de laminação foi
baseado em três passos: agitação de cada um dos componentes, mistura do componente A
ao B na proporção indicada pelo fabricante e mistura mecânica (com uma haste metálica em
espiral) até a obtenção de uma coloração uniforme.

Posteriormente, a resina primer foi espalhada na superfície de concreto com o auxílio


de um pincel. Fez-se, também, a impregnação da manta de CFRP com a resina de
laminação e, antes da aplicação do sistema de reforço, fez-se a aplicação desta resina ao
substrato de concreto. A Figura 16 apresenta os passos e procedimento utilizados na
aplicação do reforço nas vigas de concreto armado.
44

Figura 16: (a) corte da manta de fibra de carbono, (b) impregnação dos compósitos de
CFRP e (c) aplicação do CFRP ao substrato de concreto

(a) (b) (c)


Fonte: O Autor

Na aplicação do reforço procurou-se garantir o alinhamento das fibras na direção


longitudinal da viga, a não formação de bolhas de ar no tardoz do compósito de CFRP e o
não acumulo de resina em excesso. Para tal, recorreu-se ao uso de um rolo.

Após a cura da resina (aproximadamente 14 dias em ambiente laboratorial) as vigas


de concreto armado reforçadas com mantas de CFRP foram expostas às condições
ambientais apresentadas anteriormente. Nesta data também foram realizados os ensaios
das vigas de referência sem e com reforço.

3.1.4 CARACTERIZAÇÃO DO CONCRETO


Os procedimentos para caracterização das propriedades mecânicas do concreto, tais
como resistência a compressão axial e módulo de elasticidade, são descritas abaixo.

O controle tecnológico seguiu os procedimentos de moldagem e cura prescritos pela


ABNT NBR 5738 (2015), onde foram moldados 45 corpos de prova cilíndricos com 200 mm
de altura e 100 mm de diâmetro. Após 24 horas da concretagem, os corpos de prova foram
desmoldados e curados juntamente com as vigas.

Os corpos de prova de concreto utilizados para determinação da resistência a


compressão axial e módulo de elasticidade foram retificados para regularizar sua superfície
e garantir uma melhor distribuição de carga no momento dos ensaios.

A determinação da resistência à compressão foi realizada de acordo com as


premissas da ABNT NBR 5739 (2018) para o concreto nas idades de 28, 200 e 418 dias,
sendo ensaiados cinco corpos de prova para cada idade. A Figura 17a apresenta o ensaio
de compressão axial realizado.
45

O ensaio de módulo de elasticidade foi realizado de acordo com a ABNT NBR 8522
(2017) para o concreto nas mesmas idades dos ensaios de compressão axial. Dos cinco
corpos de prova ensaiados, três foram utilizados para determinação do módulo de
elasticidade. Neste ensaio foi utilizado um extensômetro eletrônico de configuração dupla da
marca EMIC, o qual possui um comprimento de leitura de 150 mm e uma faixa de medição
entre 0,0001 e 2,5 mm (Figura 17b).

A norma ABNT NBR 8522 (2017) determina a aplicação de uma tensão de 0,5 MPa,

denominada a e uma tensão equivalente a 30% da carga de ruptura do concreto (  b )

determinada nos ensaios de compressão axial. Pra tal, foi aplicada uma tensão de 30% de

fc , mantendo essa tensão por 60 segundos, posteriormente a carga foi reduzida a uma

tensão de 0,5 MPa e mantida por mais 60 segundos. Este ciclo foi repetido por mais três
vezes até a obtenção do módulo de elasticidade.

Figura 17: Ensaio de caracterização do concreto: (a) resistência à compressão e (b)


determinação do módulo de elasticidade

(a) (b)
Fonte: O Autor

Os ensaios de caracterização do concreto foram realizados no LSE da UFSCar. Para


tal, utilizou-se uma máquina de ensaios universal da marca EMIC, modelo DL 60000, a qual
possui uma célula de carga com capacidade máxima de 600 kN com resolução de leitura de
0,1 kN. Após a caracterização dos corpos de prova de referência, aos 200 dias, os mesmos
foram expostos juntamente com as vigas aos ambientes pré-definidos anteriormente.
46

3.1.5 CARACTERIZAÇÃO DO AÇO


As propriedades mecânicas do aço foram avaliadas por meio de ensaios de tração
axial de acordo com as recomendações da ABNT NBR 6892-1 (2013).

Foram ensaiadas seis amostras de armadura. As amostras possuíam um


comprimento de 50 cm e foram retiradas aleatoriamente do lote. Três amostras possuíam
diâmetro (  ) de 5 mm (CA-60) e três amostras possuíam diâmetro (  ) de 10 mm (CA-50).

Para cada diâmetro de barra foi determinado a tensão de escoamento ( f s ), a tensão última

( f u ), a deformação no escoamento (  s ) e o módulo de elasticidade ( E ). A aferição das

deformações das barras de aço foi determinada por meio do mesmo extensômetro
eletrônico utilizado para determinação do módulo de elasticidade do concreto, o qual foi
instalado no centro dos corpos de prova. A Figura 18 apresenta o ensaio de caracterização
das barras de aço.

Figura 18: Caracterização das barras de aço

Fonte: O Autor

Os ensaios de caracterização das armaduras também foram realizados no LSE da


UFSCar com a mesma máquina de ensaios universal utilizada para caracterização do
concreto.

3.1.6 CARACTERIZAÇÃO DAS RESINAS EPOXÍDICAS


Neste programa experimental utilizaram-se resinas epoxídicas bi-componentes do
tipo primer e laminação, designadas por resina A e B, respectivamente.

Para moldagem dos corpos de prova de resina epoxídica foi necessária a confecção
de moldes de teflon, cuja geometria de reprodução seguiu as dimensões também descritas
47

na ISO 527-2 (2012). Na Figura 19 é apresentada metodologia utilizada na confecção dos


corpos de prova de resina epoxídica.

Para caracterização das propriedades mecânicas das resinas epoxídicas foram


realizados ensaios de tração uniaxial, a uma velocidade de aplicação de carga de 2 mm/min,
de acordo com os procedimentos descritos na ISO 527-2 (2012). Deste modo, pelo menos
cinco corpos de prova de cada resina epoxídica utilizada neste programa experimental
(primer e laminação) foram moldados e após a cura total (aproximadamente 14 dias após a
moldagem) também foram expostos aos mesmos ambientes já apresentados e ensaiados
nas idades pré-determinadas.

Os ensaios de caracterização das resinas epoxídicas foram realizados no


Laboratório de Polímeros do Departamento de Engenharia de Materiais (DEMa) da UFSCar.
Para tal, utilizou-se uma máquina de ensaios universal da marca Instron, modelo 5569, com
velocidade de aplicação de carga de 2 mm/min.

Figura 19: (a) componentes, (b) pesagem dos componentes, (c) mistura manual, (d-e)
molde de teflon antes e após o lançamento da resina e (f) corpos de prova de resina

(a) (b) (c)

(d) (e) (f)


Fonte: O Autor

Para aferição das deformações foi utilizado um extensômetro eletrônico, também da


marca Instron, com um comprimento de leitura de 50 mm e uma capacidade máxima e
mínima pra leitura da deformação de +500‰ e -50‰, respectivamente, o qual foi instalado
no centro dos corpos de prova. A Figura 20 apresenta o arranjo de ensaio e o aspecto final
dos corpos de prova após o ensaio.
48

Figura 20: Ensaio de tração uniaxial das resinas epoxídicas e aspecto dos corpos de
prova antes e após o ensaio

Fonte: O Autor

3.1.7 CARACTERIZAÇÃO DOS COMPÓSITOS DE CFRP


O sistema de fabricação do compósito de CFRP, na qual a fibra e a matriz são
fornecidas em separado, é conhecido como sistema curado “in situ”. Neste programa
experimental, um sistema curado “in situ” foi utilizado.

Neste sentido, uma manta de fibra de carbono unidirecional com gramatura de 300
g/m² foi impregnada com resina do tipo epóxi. Segundo o fabricante, esta manta de fibra de
carbono possui resistência a tração última de 3800 MPa, módulo de elasticidade de 240
GPa e uma deformação na ruptura de 15,5 ‰.

Após a cura e ensaio dos corpos de prova de referência, os mesmos foram expostos
aos mesmos ambientes já apresentados e ensaiados nas idades pré-determinadas. A Figura
21 apresenta as dimensões dos corpos de prova de compósito de CFRP e a metodologia
utilizada na sua confecção.

Com relação à caracterização das propriedades mecânicas do compósito de CFRP,


foram realizados ensaios de tração de pelo menos cinco corpos de prova, a uma velocidade
de aplicação de carga de 2 mm/min, segundo a recomendação das normas ISO 527-1
(2012) e ISO 527-5 (2012).
49

Figura 21: (a) dimensões dos corpos de prova. Moldagem: (b) Limpeza da manta de
fibra de carbono, (c) preparo da resina epoxídica, (d) laminação do compósito, (e)
execução de reforço nas extremidades dos corpos de prova, (f) processo de cura e (g)
aspecto final dos corpos de prova.
290
70 150 70

15
50
60
70
(a)

(b) (c) (d)

(e) (f) (g)


Fonte: O Autor

A Figura 22 apresenta a configuração de ensaio geralmente utilizada na


caracterização do comportamento à tração dos compósitos de CFRP para o reforço
estrutural e seu respectivo modo de ruptura.

Nos ensaios de caracterização dos compósitos de CFRP também foi o utilizado um


extensômetro eletrônico com um campo de leitura de 50 mm e uma capacidade de máxima
e mínima de deformação de +50% e -5%, respectivamente, instalado no centro dos corpos
de prova.
50

Figura 22: (a) Corpo de prova de manta de CFRP – dimensões em mm e (b) ensaio de
tração uniaxial e corpos de prova de CFRP com os respectivos modos de ruptura

(a) (b) (c)


Fonte: O Autor

Os ensaios de caracterização dos compósitos de CFRP foram realizados no


Laboratório de Polímeros do Departamento de Engenharia de Materiais (DEMa) da UFSCar.
Para tal, utilizou-se a mesma máquina de ensaios universal utilizada para caracterização
das resinas epoxídicas, com velocidade de aplicação de carga de 2 mm/min.

3.1.8 DEGRADAÇÃO NATURAL


Neste item são apresentados os ambientes de exposição onde os elementos foram
mantidos em longo prazo para o estudo da degradação.

Após 14 dias do reforço das vigas de concreto armado (tempo necessário para cura
completa da resina epoxídica) e após a moldagem e caracterização dos corpos de prova de
referência de concreto, das resinas epoxídicas (resina A e B) e dos compósitos de CFRP, os
mesmos foram expostos ao ambiente laboratorial e às intempéries (ambiente externo) com
monitorização da temperatura, umidade e radiação UV. Vale ressaltar que durante os 14
dias necessários para a cura completa da resina epoxídica, os elementos foram mantidos
em ambiente laboratorial.

Sendo assim, todos os elementos, tanto as vigas de concreto armado reforçadas


com mantas de CFRP quanto os corpos de prova de concreto, resinas epoxídicas e
compósitos de CFRP, que não foram expostos a intempéries, mantiveram-se em ambiente
laboratorial interno, protegido e com temperatura e umidade monitorizados.
51

O local escolhido para armazenamento das vigas e dos corpos de prova dos
materiais constituintes do sistema de reforço foi uma câmara isolada localizada no interior
do Laboratório de Sistemas Estruturais (LSE) da UFSCar. A Figura 23 apresenta o ambiente
laboratorial com alguns elementos expostos.

Figura 23: Ambiente laboratorial: (a) vigas de referência reforçadas, (b) corpos de
prova de concreto e (c) compósitos de CFRP

(a)

(b) (c)
Fonte: O Autor

Para exposição dos elementos às intempéries (ambiente externo) foi escolhido um


local próximo ao Complexo de Laboratórios Multidisciplinares de Estudos Estratégico e
Avançado (COLMEEA) da UFSCar, onde se localiza a estação meteorológica de superfície
automática do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). Trata-se de uma área isenta de
barreiras ou sombras que possam afetar os ensaios de degradação das vigas reforçadas e
dos materiais intervenientes.

A Figura 24 apresenta a localização da área escolhida para exposição dos elementos


às intempéries bem como as vigas de concreto armado reforçadas e os materiais
constituintes do sistema de reforço (resinas epoxídicas e compósito de CFRP) expostos.

Vale ressaltar que o tipo de degradação abordada neste trabalho foi natural, com os
elementos expostas em uma área externa e além do mais, todos os elementos expostos às
intempéries não possuíam nenhum tipo de proteção contra agentes ambientes externos.
Para a exposição das vigas de concreto, o reforço foi posicionado na parte inferior (Figura
24b), ou seja, sem a incidência direta de agentes agressivos.
52

Figura 24: (a) área de exposição e (b) vigas de concreto reforçadas expostas à
intempéries e (c) resinas e compósitos de CFRP expostos à intempéries

(a)

(b) (c)
Fontes: Google Maps (2019) e o Autor

3.1.9 CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE – CLASSIFICAÇÃO CLIMÁTICA DE KÖPPER-


GEIGER
Para os elementos expostos às intempéries, o efeito da degradação no sistema de
reforço é intensificado devido à ação conjunta de uma seria de fatores climáticos (ciclos de
gelo-degelo, temperatura, carbonatação, radiação ultravioleta, ciclos de umidade-secagem)
característicos de cada região.

A classificação climática de uma determinada região é a tentativa de reunir o maior


número de elementos (radiação, precipitação, vento, temperatura) os quais possam
caracterizar um determinado ambiente. Para tal, um dos sistemas de classificação climática
mais abrangente é o de Köppen-Geiger o qual parte do pressuposto de que a vegetação
natural é a melhor expressão de um clima (ROLIM et al., 2007).

Na classificação climática de Köppen-Geiger são consideradas as características


sazonais e os valores médios anuais e mensais de temperatura do ar e precipitação.
53

Consiste basicamente na divisão do clima mundial em cinco grandes grupos climáticos.


Esses cincos grandes grupos, incluindo os subgrupos e as subdivisões do clima de
determinada região são denotados por um conjunto de letras maiúsculas e minúsculas (SÁ
JUNIOR, 2009). A Tabela 9 apresenta as denotações e os tipos climáticos de acordo com o
sistema de classificação de Köppen-Geiger.

Tabela 9: Classificação climática segundo Köppen-Geiger


Subgrupos
Grupos climáticos Subdivisões
climáticos
f – Tropical úmido
m – Tropical de monção
A – Tropical chuvoso
w – Tropical de savana com estação seca de inverno
s – Tropical com estação seca de verão
h – Estepe quente
S – Estepes
k – Estepe moderadamente frio
B – Seco
h – Regiões desérticas quentes
W - Deserto
k – Regiões desérticas frias
a – Verão quente
f – Úmido sem
b – Verão moderadamente quente
estação seca
c – Verão moderadamente frio e curto
w – Úmido a – Verão quente
com chuvas
C – Temperado b – Verão moderadamente quente
de verão e
inverno seco c – Verão curto e moderadamente frio
a – Verão quente
s - Úmido com
b – Verão moderadamente quente
verão seco
c – Verão curto e moderadamente frio
a – Verão quente sem estação de seca
f – Frio sem b – Verão frio sem estação de seca
estação de
seca c – Verão moderadamente frio sem estação de seca

D – Continental d – Inverno intenso sem estação de seca


temperado a – Inverno seco e com verão quente
w – Frio com
inverno seco e b – Inverno seco e com verão moderadamente quente
chuvas de c – Inverno seco e com verão moderadamente frio
verão
d – Inverno seco e intenso
T – Clima de tundra
E - Glacial
F – Clima das calotas polares, neve e gelo
Fonte: Adaptado de Sá Junior (2009)
54

De acordo com Alvares et al. (2013) e seguindo as premissas do sistema Köppen-


Geiger, o clima predominante no Brasil é o tropical, cerca de 81,4% do território brasileiro,
seguido do clima temperado e clima seco, cerca de 13,7 e 4,9% do território,
respectivamente. No estado de São Paulo, segundo Rolin et al. (2007), os climas principais
são o tropical de savana (Aw) e o temperado quente (Cfa), os quais abrangem grande parte
do estado, como pode ser observado na Figura 25.

Figura 25: Classificação climática do estado de São Paulo pelo sistema

Fonte: Rolim et al. (2007)

Para a cidade de São Carlos, localizada no estado de São Paulo (com latitude
21°57'42" (S), longitude 47°50'28" (W) e altitude de 860 metros), onde os elementos ficaram
expostos às intempéries, o clima também foi analisado com base no sistema de Köppen-
Geiger. Nesse caso, de acordo com a Empresa Brasileira de Agropecuária (EMBRAPA,
2019) (ver também Figura 25), o clima local considerado é o temperado úmido com inverno
seco e verão quente (Cwa).

3.2 METODOLOGIA DE ENSAIOS DAS VIGAS

A metodologia de ensaio adotada consistiu no carregamento gradativo até a ruptura


das vigas de concreto armado simplesmente apoiadas. Para a análise do comportamento a
flexão foram realizados ensaios de flexão em três pontos com aplicação de carga a meio
vão das vigas. Este modelo de ensaio permite observar o comportamento de vigas
submetidas à flexão simples.
55

Os ensaios para determinação do comportamento das vigas de concreto armado


foram realizados no LSE da UFSCar por meio da mesma máquina de ensaios universal
utilizada para caracterização dos corpos de prova de concreto e das barras de aço.

A Figura 26 apresenta o esquema do ensaio de flexão em três pontos e os


diagramas de momento fletor e esforço cortante.

Figura 26: Carregamento e diagramas de momento fletor (DM) e esforço cortante (DV)
F

l/2 = 115 l/2 = 115

l = 230

DM A B C

+
F.l/4

F/2
DV +
- F/2

Fonte: O Autor

O controle de deslocamento dos ensaios foi realizado pelo transdutor interno do


atuador da máquina de ensaios universal, a uma velocidade de 0,5 mm/min. A carga total
aplicada foi aferida com recurso a célula de carga da máquina, a qual possui capacidade
máxima de carga de 600 kN e resolução de leitura de 0,1 kN.

O deslocamento vertical das vigas foi aferido por intermédio de um transdutor de


deslocamento fixado a um suporte externo e posicionado a meio vão das vigas, o qual será
detalhado posteriormente.

Para que fosse possível a realização dos ensaios de flexão na máquina universal de
ensaios foi necessária a elaboração de um dispositivo que servisse de apoio para as vigas e
ao mesmo tempo exercesse esforços contrários ao aplicado pela máquina de ensaios
universal. Para tal, foi elaborada uma peça rígida feita com chapas de aço de 31,75 mm e
25,40 mm de espessura ( e ), a qual serviu de apoio a um perfil metálico W200 x 26,6 com
56

250 cm de comprimento. A Figura 27 apresenta o projeto com as dimensões da peça rígida


de aço.

Figura 27: Projeto da peça rígida de aço. Dimensões em mm


B

Chapa de aço e = 25,40mm

150
Chapa de aço e = 31,75mm

Chapa de aço e = 25,40mm


200
CORTE B-B
800

263,5
200

A A Chapa de aço e = 25,40mm


200,8
150

Chapa de aço e = 31,75mm

Chapa de aço e = 25,40mm


B

VISTA SUPERIOR CORTE A-A

Fonte: O Autor

Posteriormente, a peça rígida de aço foi fixada na máquina de ensaios universal por
meio de seis parafusos de aço do tipo sextavado M12. Em seguida fixou-se o perfil metálico
simetricamente na parte superior da peça rígida com a utilização de oito parafusos de aço
do tipo sextavado M10. A Figura 28 apresenta a vista lateral do dispositivo de ensaio e a
Figura 29 os detalhes da fixação da peça rígida de aço na máquina de ensaios universal.

Figura 28: Vista lateral do dispositivo de ensaio

Máquina Universal de Ensaios EMIC

Célula de carga
F EMIC 600kN

Perfil Metálico
W200 x 26,6

Perfil Metálico Peça rígida de aço


Peça rígida de aço

Fonte: O Autor
57

Figura 29: Detalhes da fixação da peça rígida de aço e aspecto final do dispositivo de
ensaio

Fonte: O Autor

3.3 INSTRUMENTAÇÃO

O esquema de instrumentação utilizado nos ensaios das vigas de concreto armado


consistiu na utilização de transdutores de deslocamento e extensômetros elétricos, os quais
foram dispostos conforme apresentado na Figura 30.

Os deslocamentos e as deformações no concreto, armadura longitudinal e compósito


de CFRP foram registradas por meio de um sistema de aquisição de dados fabricado pela
LYNX Tecnologia. Os transdutores de deslocamento e os extensômetros elétricos foram
ligados a um aquisitor de dados, modelo ADS-2000, o qual está disponível no LSE da
UFSCar.

O deslocamento vertical das vigas foi aferido por meio de um transdutor de


deslocamento (LVDT HS50MG4440), da marca Vishay, com um campo de leitura de 50 mm
(± 0,01 mm), fixado a um suporte externo e posicionado a meio vão das vigas como citado
anteriormente (Figura 30a).

As deformações no concreto foram medidas por meio de um extensômetro elétrico do


tipo PA-06-1500BA-120 (resistência de 120  e comprimento da grade de leitura de 40 mm),
58

produzido pela Excel Sensores, o qual foi posicionado a meio vão das vigas (SG1) (Figura
30b).

As deformações na armadura longitudinal foram aferidas por meio de extensômetros


elétricos do tipo KFG-20-120-C1-11 (resistência de 120  e comprimento da grade de
leitura de 20 mm) produzidos pela KYOWA, o qual foi posicionado na seção da seção
central da uma das armaduras longitudinais (SG2) (Figura 30c).

Em relação às deformações do compósito de CFRP foram utilizados extensômetros


elétricos do tipo KFG-20-120-C1-11, os mesmos utilizados e armadura longitudinal, e do tipo
PA-06-250BA-350 (resistência de 350  e comprimento da grade de leitura de 6 mm)
também produzidos pela Excel Sensores, os quais foram posicionados ao longo do material
de reforço (SG3 ao SG5) (Figura 30d). A Figura 31 apresenta detalhes da instrumentação
do concreto, armadura longitudinal e compósitos de CFRP.

Figura 30: Instrumentação das vigas: (a) Deslocamento vertical, (b) concreto, (c)
armadura longitudinal e (d) compósito de CFRP. Dimensões em cm
F
(a)

LVDT HS50MG4440
(50 mm)
115 SG1 115

SG1
IO ÃO
PO AÇ OIO
Concreto

A LIC GA AP
AP CAR
DE
(b)

ÃO VISTA SUPERIOR
OIO AÇ PO
IO
AP P LIC RGA A
A CA
Extensômetros Elétricos (SGs)

DE
VISTA SUPERIOR
SG2
Longitudinal
Armadura

(c)

IO ÃO
O AÇ OIO
AP PLIC RGA AP
A CA
DE
VISTA DA ARMADURA INFERIOR
15 55 55
Compósito de

SG3 SG4 SG5


CFRP
(d)

ÃO
OIO Camada de CFRP AÇ OIO
AP PLIC RGA AP
A CA
DE
VISTA INFERIOR
Fonte: O Autor
59

Figura 31: Detalhes da instrumentação do (a) concreto, (b) armadura longitudinal e (c)
compósito de CFRP

(a) (b) (c)


Fonte: O Autor

A rotação dos apoios das vigas de concreto armado ensaiadas também foi aferida.
Neste caso, foram utilizados dois transdutores de deslocamentos (LVDT 130304 e 130305),
com um campo de leitura de 25 mm (± 0,01 mm), posicionados nas extremidades laterais
das vigas, alinhados com os apoios.

Como o dispositivo de ensaio das vigas de concreto armado consiste de um perfil


metálico com as extremidades em balanço (ver Figura 28), potenciômetros foram
convenientemente posicionados de modo a aferirem os deslocamentos das extremidades do
perfil. Para tal, dois potenciômetros (Potenciômetro 173905 e 173906), com um campo de
leitura de 20 mm (± 0,01 mm), posicionados nas extremidades do perfil metálico e
alinhados com os apoios, foram utilizados. Posteriormente, estes deslocamentos foram
descontados do deslocamento aferido a meio vão das vigas de concreto armado ensaiadas.

A Figura 32 apresenta a instrumentação adotada para a aferição dos deslocamentos


das extremidades do perfil metálico enquanto a Figura 33 os detalhes do posicionamento
dos transdutores de deslocamento.

Figura 32: Instrumentação para aferição do deslocamento do perfil metálico e rotação


dos apoios

F
LVDT 130304 LVDT 130305
(25mm) (25mm)

Perfil Metálico
Potenciômetro 173905 Potenciômetro 173906
(20mm) Peça rígida de aço (20mm)

Fonte: O Autor
60

Figura 33: Detalhe do posicionamento dos transdutores de deslocamento

Fonte: O Autor

3.4 ENSAIOS DE PULL-OFF (ARRANCAMENTO)

Os ensaios de pull-off, no campo da engenharia de reforço estrutural, são utilizados


para verificação da tensão de aderência entre os compósitos de FRP e o substrato de
concreto, aço ou madeira.

No presente programa experimental, para avaliar a degradação temporal da interface


entre o compósito de CFRP e o substrato de concreto, ensaios de pull-off foram conduzidos
nas idades pré-determinadas apresentadas na Tabela 7. Os ensaios foram realizados nas
faces laterais das vigas de concreto armado, perpendicularmente à direção das fibras,
conforme ilustrado na Figura 34, devido a inexistência de armadura e por não apresentar um
quadro fissuratório após a execução dos ensaios de flexão nesta região. Além disso, a
realização do ensaio de pull-off nas extremidades das vigas, conforme recomenda a ACI
440.9R (2015), não foi possível devido a existência da armadura de ancoragem nesta região
de apoios.

Figura 34: Local de realização dos testes de pull-off

Recomendação da ACI 440.9R


Local dos testes de pull-off

10

Fonte: O Autor
61

Um equipamento de pull-off da marca DeFelsko, modelo ATM50, disponível no LSE da


UFSCar, foi utilizado nos ensaios de arrancamento. Este aparelho possui um campo de leitura,
para a pastilha de 50 mm, de 0,4 a 3,3 MPa e uma precisão de 0,01 MPa. A aplicação de carga
do mesmo é realizada manualmente. Os ensaios foram realizados seguindo as premissas
básicas da norma ASTM D7522 (2015).

Neste âmbito, inicialmente realizou-se a pacometria para verificação do real


posicionamento de armadura e demarcação de uma área para colagem do compósito de
CFRP a ser ensaiado. A colagem do compósito obedeceu ao mesmo procedimento já
apresentado e utilizado para o reforço à tração das vigas. Nas idades pré-
definidasprocedeu-se a realização de cortes circulares, com uma profundidade de 2 cm,
como auxílio de uma serra copo. Posteriormente fez-se colagem de pastilhas de alumínio,
com diâmetro de 50 mm, ao substrato de CFRP com o auxílio de um adesivo estrutural a
base de epóxi (nomeadamente Compound Adesivo).

Após a colagem e cura do adesivo, a pastilha de alumínio foi fixa ao aparato


mecânico do equipamento de pull-off e a aplicação da força de tração foi então realizada
pela reação de apoio do aparato do equipamento à viga de concreto. A leitura da força de
tração foi feita por meio de um visor digital presente no equipamento. A Figura 35
exemplifica a metodologia básica utilizada para a execução dos ensaios de pull-off.

Figura 35: (a) pacometria para demarcação da área, (b) preparação dos cortes, (c)
limpeza da superfície, (d) colagem das pastilhas e (e) aparato de engate do
equipamento de pull-off

(a) (b)

(c) (d) (e)


Fonte: O Autor
62

3.5 MONITORIZAÇÃO DA TEMPERATURA, UMIDADE E RADIAÇÃO

Durante o período de exposição das vigas de concreto armado reforçadas com


mantas de CFRP e dos corpos de prova de concreto, resina epoxídica e compósito de
CFRP, foram realizadas as monitorizações da temperatura, umidade e radiação.

Para os elementos mantidos em ambiente laboratorial (interno e protegido) a


temperatura e umidade foram monitoradas por meio da utilização da plataforma eletrônica
de código aberto Arduíno.

A plataforma Arduíno surgiu na Itália em 2005 no intuito de incentivar a programação


e prototipagem a um baixo custo. Trata-se de uma plataforma aberta open source de
prototipagem eletrônica projetada com uma microcontrolador e programável via USB por
meio de uma IDE (Integrated Development Environment, em língua inglesa). Ela é composta
por hardware (placa controladora) e software (ambiente de desenvolvimento) os quais são
baseados em circuitos simples de entrada e saída e uma fonte reguladora de tensão. São
utilizados principalmente nas áreas de automação e robótica (SILVA et al., 2014; BAIÃO,
2016).

A plataforma Arduíno possui linguagem de programação baseada em C/C++, a qual


possibilita a criação de diversas operações de entrada e saída. Sua principal função em um
sistema interativo é facilitar sua prototipagem e execução (BARELLA, MOURA JUNIOR e
BORGES, 2016).

Para este trabalho, a plataforma Arduíno e os sensores utilizados foram


desenvolvidos e calibrados em um estudo realizado por Escobal (2017), em que a autora
utilizou a plataforma para aferir a temperatura e umidade de adesivos epoxídicos expostos a
intempéries (ambiente externo). O projeto foi desenvolvido na linguagem de programação
C/C++ com o auxílio de uma plataforma eletrônica de código aberto Arduíno e sensores do
tipo DHT22. Após a programação das rotinas e instalação dos sensores na plataforma
Arduíno, foi feita a sua validação por meio da comparação dos valores com um
termohigrômetro. A gravação dos dados de temperatura e umidade foram realizadas por
meio de um módulo de cartão SD.

Neste âmbito, o projeto de datalogger baseado em plataforma Arduíno desenvolvido


por Escobal (2017) foi utilizado nesse trabalho para aferir a temperatura e umidade do
ambiente laboratorial. A Figura 36 apresenta os componentes da plataforma de
prototipagem eletrônica de código aberto Arduíno.
63

Figura 36: (a) plataforma de prototipagem eletrônica, (b) sensor de temperatura e


umidade do tipo DHT22 e (c) sensor em funcionamento.

(a) (b) (c)


Fonte: Escobal (2017)

Para os elementos expostos às intempéries (ambiente externo) os dados de


temperatura, umidade e radiação UV foram monitorizados por meio da estação
meteorológica de observação de superfície automática localizada na UFSCar, área norte. A
estação meteorológica, nomeadamente São Carlos-A711, possui as seguintes coordenadas
geográficas: latitude -21.980353º e longitude -47.883927º. A mesma está localizada a uma
altitude de 859 metros.

Como citado anteriormente, os corpos de prova foram alocados no interior dessa


estação. A estação possui uma unidade de memória central conectada a vários sensores
dos parâmetros meteorológicos que disponibilizam automaticamente os dados de
temperatura, umidade e radiação UV a cada hora. A captação dos dados meteorológicos foi
realizada por meio eletrônico, pelo site do INMET.

3.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA

A análise estatística é a ciência comumente utilizada para organização de


informações, análise e interpretação de dados coletados e divulgação de resultados.

Neste trabalho, a análise estatística dos resultados obtidos nos ensaios dos materiais
constituintes do sistema de reforço foi realizada no intuito de obter uma melhor
compreensão dos resultados. Apenas uma análise dos resultados médios obtidos nos
ensaios após a exposição dos corpos de prova pode levar a uma interpretação errônea dos
dados obtidos.

Foram analisados os resultados de tensão máxima e módulo de elasticidade obtidos


nos ensaios das resinas epoxídicas do tipo primer, de laminação e do compósito de CFRP
de referência, com 7 e 14 dias de cura, e após exposição por 4 e 8 meses em ambiente
laboratorial e a intempéries (ver Tabela 8).
64

Para tal, realizou-se o teste de Tukey ao nível de 5% de significância para comparar


e ranquear as médias e, determinar os intervalos com diferenças entre os períodos de
realização dos ensaios.

Nos gráficos apresentados para o teste de Tukey, A representa a primeira maior


média obtida para as propriedades mecânicas avaliadas, B a segunda maior média e assim
sucessivamente, em que as letras iguais implicam em períodos distintos de realização dos
ensaios com médias estatisticamente equivalentes. Para a realização do teste de Tukey foi
utilizado o software Origin, versão 2018, desenvolvido pela Originlab.

Nota-se ainda que foi utilizada uma confiabilidade de 95% para os intervalos de
confiança das médias apresentadas.
65

4. RESULTADOS E ANÁLISES
Neste capítulo são apresentados os resultados e análises dos ensaios de
caracterização dos materiais (aço, concreto, resinas epoxídicas e compósito de CFRP) e de
flexão em três pontos realizados nas vigas de concreto armado de referência, sem e com
reforço, e expostas em ambiente laboratorial (interno, protegido) e a intempéries (ambiente
externo).

4.1 DADOS METEOROLÓGICOS

Como citado anteriormente na metodologia, a temperatura, umidade e radiação UV


dos ambientes (laboratorial e intempéries) foram monitorizados durante todo o período de
exposição dos elementos.

Sendo assim, a temperatura e umidade média do ambiente laboratorial, aferida pela


plataforma Arduíno e sensor do tipo DHT22, foi de 23,3ºC (±0,03%) e 36,5% (±0,24%),
respectivamente. Nota-se que os valores em parênteses representam o Coeficiente de
Variação (COV) das amostras, onde COV = (Desvio Padrão/Média) x 100.

Para a exposição às intempéries (ambiente externo), a Figura 37 apresenta os dados


de temperatura, umidade e radiação UV ao longo do período de exposição das resinas
epoxídicas, compósitos de CFRP, vigas e corpos de prova de concreto.

O período de exposição considerado nesta pesquisa para a Resina A, Resina B,


compósito de CFRP, vigas/corpos de prova de concreto abrange os meses de janeiro a
setembro de 2018, outubro de 2017 a junho de 2018, março a novembro de 2018 e maio a
novembro de 2018, respectivamente.

Durante esses períodos de exposição às intempéries, os valores máximos e mínimos


de temperatura, umidade e radiação UV foram relativamente semelhantes, sendo assim,
verificou-se temperaturas máximas e mínimas de 34,2 e 4,7ºC e umidades máximas e
mínimas de 95 e 16%, respectivamente. Em relação a radiação UV a estação meteorológica
superfície registou um pico de 4112 kJ/m² e uma radiação média de 788 kJ/m² ao longo dos
períodos de exposição.
66

Figura 37: Dados meteorológicos para a exposição às intempéries

Vigas e CPs de Concreto


CFRP
Resina A
Resina B
Radiação (kJ/m²) Umidade (%) Temperatura (ºC)

Out/2017 Nov/2018
40
30
20
10
0
100
80
60
40
20
0
4000
3000
2000
1000
0
0 50 100 150 200 250 300 350 400
Dias
Fonte: INMET

4.2 MATERIAIS

4.2.1 CONCRETO
Para determinação da resistência a compressão do concreto foram utilizados cinco
corpos de prova, dentre os quais três serviram para determinação do módulo de
elasticidade. Os corpos de prova foram ensaiados aos 28 dias e à data de realização dos
ensaios das vigas, especificamente aos 200 e 418 dias.

A Tabela 10 apresenta as propriedades mecânicas médias do concreto de referência


e nas distintas idades de ensaio após exposição em ambiente laboratorial e a intempéries.
67

Tabela 10: Propriedades mecânicas do concreto


Ambientes Idade Resistência à compressão Módulo de elasticidade
de exposição (Dias) (MPa) (GPa)
28 22,0 (3,50)* 29,3 (7,03)
REF
200 28,5 (0,54) 31,6 (5,32)
LAB 418 27,4 (0,50) 31,2 (2,87)
WEA 418 25,2 (6,94) 28,5 (3,06)
* (valor) Coeficiente de Variação (COV) = (Desvio-padrão/Média) × 100
Fonte: O Autor

4.2.2 AÇO
A Figura 38 apresenta os diagramas tensão versus deformação do aço utilizado nas
vigas de concreto armado. Para as barras com 5 mm de diâmetro (Figura 38a) verificou-se
um comportamento típico para o aço do tipo CA-60, sem um patamar de escoamento bem
definido.

Já para as barras com 10 mm de diâmetro (Figura 38b), o comportamento foi


característico do aço CA-50, com patamar e resistência de início de escoamento bem
caracterizados no diagrama.

Figura 38: Diagrama tensão versus deformação das barras de aço: (a) aço 5 mm CA-
60 e (b) aço 10 mm CA-50
800 800

700 700

600 600
Tensão (MPa)
Tensão (MPa)

500 500

400 400

300 300

200 200
Aço 5mm 100 Aço 10mm
100 Média
Média
0 0
0 2 4 6 8 10 12 14 0 2 4 6 8 10 12 14
Deformação (‰) Deformação (‰)
(a) (b)
Fonte: O Autor

A Tabela 11 apresenta as propriedades mecânicas das barras de aço (tensão e


deformação de escoamento, módulo de elasticidade e tensão última), as quais foram
determinadas por meio de ensaios experimentais.
68

Tabela 11: Resumo das propriedades mecânicas do aço utilizado.

Tensão de Deformação no Módulo de


Diâmetro Tensão última
escoamento escoamento Elasticidade
(mm) (MPa)
(MPa) (‰) (GPa)
5 646,8 (4,04)* 2,0 191,3 (7,19) 670,6 (3,62)
10 547,4 (2,13) 2,8 (1,59) 196,9 (1,58) 662,6 (1,40)
* (valor) Coeficiente de Variação (COV) = (Desvio-padrão/Média) × 100
Fonte: O Autor

4.2.3 MATERIAIS CONSTITUINTES DO SISTEMA DE REFORÇO


O comportamento das resinas epoxídicas do tipo primer e de laminação, Resinas A e
B, respectivamente, e dos compósitos de CFRP, após exposição em ambiente laboratorial e
às intempéries, foi analisado por meio de diagramas de tensão versus deformação dos
valores médios obtidos nos ensaios de tração.

A Tabela 12 apresenta as propriedades mecânicas das resinas epoxídicas e dos


compósitos de CFRP obtidas para os corpos de prova de referência com 7 e 14 dias de
cura, e após 4 e 8 meses de exposição aos ambientes, enquanto a Figura 39 apresenta os
diagramas de tensão média versus deformação dos corpos de prova.

Nota-se que os diagramas individuais de tensão média versus deformação dos


corpos de prova, para cada idade de ensaio, se encontram no Apêndice B deste trabalho.

Analisando os resultados da Tabela 12 e Figura 39 nota-se que, embora o fabricante


indique um tempo de cura de 7 dias, percebe-se que os materiais continuaram a apresentar
aumento de resistência e rigidez aos 14 dias de cura.

Para a Resina A (Figura 39a) mantida em ambiente laboratorial, e levando em


consideração os 14 dias de cura, nota-se que aos 4 meses o material apresentou um
pequeno incremento de tensão máxima e módulo de elasticidade (5,7% e 4,5%,
respectivamente). Após 8 meses de exposição e tomando-se os resultados dos ensaios
realizados aos 14 dias como referência, não houve grande alteração da tensão de tração
máxima do primer, apresentando uma pequena redução de 2,9%. Entretanto, uma redução
de 9,1% no módulo de elasticidade foi verificada nos ensaios.

Verifica-se, também, uma pequena redução na ductilidade dos corpos de prova após
os 8 meses de exposição em ambiente laboratorial. Logo, não foram verificadas mudanças
expressivas quanto ao modo de ruptura e comportamento tensão-deformação ao longo do
período de exposição em ambiente laboratorial. Verifica-se a presença de um trecho inicial
elástico-linear e, posteriormente, de um trecho plástico, o qual é seguido da ruptura dos
corpos de prova.
69

Considerando a exposição às intempéries da Resina A (Figura 39b), nota-se que aos


4 meses exposição, tendo como referência os ensaios realizados aos 14 dias, ocorreu uma
redução de 39,1% na resistência a tração e 4,5% no módulo de elasticidade. Aos 8 meses
de exposição, foi verificado uma redução mais acentuada da resistência à tração (cerca de
51,0%) enquanto o módulo de elasticidade apresentou uma redução de 9,1%. Verifica-se,
também, para ambas as idades, a redução da ductilidade das amostras com alteração no
modo de ruptura de dúctil para frágil.

Em relação a Resina B mantida em ambiente laboratorial (Figura 39c) verifica-se


que, até os 4 meses de exposição, os corpos de prova não apresentaram grandes
alterações em suas propriedades mecânicas (redução de apenas cerca de 3,1% da
resistência a tração). No entanto, após os 8 meses, houve uma considerável redução de
23,8 e 19,2% na resistência à tração e no módulo de elasticidade, respectivamente.

Essa redução na resistência a tração e no módulo de elasticidade não alterou o


comportamento do diagrama tensão-deformação e a tensão máximo continuou sendo
atingida com deformações muito próximas. Nota-se ainda que aos 7 dias de cura a
resistência a tração já apresentou-se próxima ao obtido na cura completa indicada pelo
fabricante (14 dias).

Para a exposição às intempéries da Resina B (Figura 39d), nota-se que aos 7 e 14


dias de exposição os diagramas tensão-deformação não apresentaram grandes mudanças,
apenas um pequeno incremento da tensão máxima. Após os 4 meses de exposição
verificou-se notáveis perdas em suas propriedades mecânicas, com uma redução em sua
resistência a tração e módulo de elasticidade de 63,3% e 9,1%, respectivamente. Aos 8
meses de exposição a resistência a tração máxima reduziu bruscamente (cerca de 69,2%),
enquanto o módulo de elasticidade apresentou uma redução de 18,2%. Oberva-se, também,
redução da ductilidade para ambas as idades de exposição com alteração no modo de
ruptura, o qual ocorre de maneira brusca e sem nenhum trecho de plastificação.

Diferentemente da Resina A, a Resina B apresentou uma considerável perda em


suas propriedades mecânicas após os 8 meses de exposição em ambiente laboratorial.
Outra divergência entre as resinas epoxídicas está relacionado às suas propriedades
mecânicas obtidas aos 14 dias de cura. Nota-se que tanto a resistência a tração quando o
módulo de elasticidade da Resina B foram superiores (cerca de 16%) aos da Resina A
considerando-se o tempo de cura equivalente.

Para os compósitos de CFRP (Figuras 39e e 39f) verifica-se que os corpos de prova
apresentaram um comportamento elástico linear até sua ruptura, típico de materiais frágeis.
Com relação sua exposição em ambiente laboratorial (Figura 39e), nota-se uma maior
70

variação no comportamento dos corpos de prova após as idades de 4 e 8 meses. Nota-se


também que uma maior redução da resistência à tração dos corpos de prova ocorreu após
os 4 meses de exposição (redução de cerca de 15% da resistência a tração). Para esse
mesmo período verificou-se uma pequena redução de 1,73% do módulo de elasticidade.
Após os 8 meses de exposição, os corpos de prova do compósito de CFRP voltaram a
ganhar resistência e apresentaram uma menor perda na resistência a tração, cerca de 11%,
enquanto o módulo de elasticidade reduziu apenas 3,3%.

A deformação última também apresentou reduções de 14 e 7% ao longo dos 4 e 8


meses de exposição em ambiente laboratorial, respectivamente. Verifica-se que uma maior
perda ocorreu nos ensaios realizados aos 4 meses de exposição.

Para a exposição às intempéries dos compósitos de CFRP (Figura 39f) e tomando-se


como referência os ensaios realizados aos 14 dias, foi verificada uma redução da resistência
à tração, módulo de elasticidade e deformação última de 18, 4,9 e 13,3%, respectivamente,
após 4 meses de exposição.

Para a idade de 8 meses, os corpos de prova do compósito de CFRP apresentaram


reduções de 1,4, 1,3 e 0,7% na resistência a tração, módulo de elasticidade e deformação
última, respectivamente. Verifica-se, mais uma vez, a grande variação no comportamento
das amostras para as idades analisadas.

Apesar das propriedades dos compósitos de CFRP apresentarem reduções ao longo


do tempo de exposição, essas oscilações não significam diretamente que o material sofreu
degradação. É importante sempre verificar o coeficiente de variação nas propriedades das
amostras, que, como foi citado, apresenta grande variação. Uma análise estatística dos
valores é realizada a seguir no item 4.2.4 deste capítulo.

Em relação a fibra de carbono utilizada neste trabalho, o fabricante apresenta em


seu catálogo técnico os valores de tensão, módulo de elasticidade e deformação da fibra
individual, e não do compósito. Neste sentido, os valores experimentalmente obtidos aos 14
dias de cura foram 20,5 e 21,1% inferiores a tensão de tração e deformação característica
da fibra, respectivamente, e 3,27 % superior ao módulo de elasticidade.

A Figura 40 apresenta o relatório fotográfico dos modos de ruptura das resinas


epoxídicas (do tipo primer e de laminação) e dos compósitos de CFRP após a realização
dos ensaios de tração uniaxial.

Note-se que ao longo do período de exposição às intempéries a coloração dos


corpos de prova das resinas epoxídicas, tanto do tipo primer quanto de laminação,
apresentou uma pequena variação. Aos 14 dias de cura verifica-se uma coloração amarela
71

mais clara enquanto os corpos prova com 8 meses de exposição apresentam uma coloração
mais escura, com um amarelo mais turvo.

Tabela 12: Resumo das propriedades mecânicas das resinas epoxídicas (Resina A e
Resina B) e dos compósitos de CFRP expostos em ambiente laboratorial e às
intempéries
Tipo Ambientes Idade de Tensão Módulo de Previsão
de Material de exposição máxima elasticidade deformação
ensaio exposição ao ambiente (MPa) (GPa) última (‰)
7 dias 35,8 (6,11) 2,1 (10,20)
REF
Resina A

14 dias 40,2 (3,84) 2,2 (10,54)


-----
4 meses 42,5 (4,73) 2,3 (9,15)
LAB
8 meses 39,0 (10,09) 2,0 (7,29)
Ambiente laboratorial

7 dias 47,3 (2,51) 2,5 (6,07)


REF
Resina B

14 dias 48,2 (3,12) 2,6 (6,22)


-----
4 meses 46,7 (1,12) 2,6 (4,48)
LAB
8 meses 36,7 (5,27) 2,1 (3,05)
7 dias 2906,2 (6,29) 226,4 (12,48) 12,9 (9,08)
Compósitos

REF
de CFRP

14 dias 3153,2 (3,21) 248,1 (7,79) 12,8 (10,11)


4 meses 2672,0 (17,91) 243,8 (3,34) 11,0 (20,36)
LAB
8 meses 2806,1 (6,30) 239,8 (17,65) 11,9 (15,47)
7 dias 35,8 (6,11) 2,1 (10,20)
REF
Resina A

14 dias 40,2 (3,84) 2,2 (10,54)


-----
4 meses 24,5 (2,43) 2,1 (0,21)
WEA
Exposição às intempéries

8 meses 19,7 (15,15) 2,0 (5,12)


7 dias 36,7 (2,98) 2,1 (7,27)
REF
Resina B

14 dias 42,2 (2,59) 2,2 (6,96)


-----
4 meses 15,5 (16,58) 2,0 (3,55)
WEA
8 meses 13,0 (6,39) 1,8 (8,26)
Compósitos de

7 dias 2906,2 (6,29) 226,4 (12,48) 12,9 (9,08)


REF
CFRP

14 dias 3153,2 (3,21) 248,1 (7,79) 12,8 (10,11)


4 meses 2583,9 (13,96) 236,0 (10,44) 11,1 (21,51)
WEA
8 meses 3108,6 (5,45) 244,8 (1,92) 12,7 (7,32)
* (valor) Coeficiente de Variação (COV) = (Desvio-padrão/Média) × 100
Fonte: O Autor
72

Figura 39: Comparação entre os diagramas de tensão média versus deformação da (a-
b) resina A (primer), (c-d) resina B (laminação) e (e-f) compósitos de CFRP mantidos
em ambiente laboratorial e expostos às intempéries
60 60
Médias Médias
REF_7DIAS REF_7DIAS
50 REF_14DIAS 50 REF_14DIAS
LAB_4MESES WEA_4MESES
LAB_8MESES WEA_8MESES

Tensão (MPa)
Tensão (MPa)

40 40

30 15 30 15

20 10 20 10

5 5
10 10
0 0
0 2 4 6 8 0 2 4 6 8
0 0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Deformação (‰) Deformação (‰)
(a) (b)
60 60
Médias Médias
REF_7DIAS REF_7DIAS
50 REF_14DIAS 50 REF_14DIAS
LAB_4MESES WEA_4MESES
LAB_8MESES WEA_8MESES
Tensão (MPa)
Tensão (MPa)

40 40

30 15 30 15

10 10
20 20
5 5
10 10
0 0
0 2 4 6 8 0 2 4 6 8
0 0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Deformação (‰) Deformação (‰)
(c) (d)
4000 4000
REF_7DIAS REF_7DIAS
REF_14DIAS REF_14DIAS
LAB_4MESES WEA_4MESES
3000 LAB_8MESES 3000 WEA_8MESES
Tensão (MPa)

Tensão (MPa)

1000
2000 2000 1000
750
750
500 500
1000 1000
250 250
0 0
0 1 2 3 4 0 1 2 3 4
0 0
0 5 10 15 20 0 5 10 15 20
Deformação (‰) Deformação (‰)
(e) (f)
Fonte: O Autor
73

Figura 40: Relatório fotográfico das resinas epoxídicas e dos compósitos de CFRP: (a)
14 dias de cura, (b) 4 meses de exposição e (c) 8 meses de exposição
Laboratorial
Resina A

(a) (b) (c)


Intempéries

(a) (b) (c)


Laboratorial
Resina B

(a) (b) (c)


Intempéries

(a) (b) (c)


Laboratorial
CFRP

(a) (b) (c)


Intempéries

(a) (b) (c)


Fonte: O Autor
74

4.2.4 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS


No intuito de obter uma melhor interpretação dos resultados obtidos para os
materiais constituintes do sistema de reforço, foi realizada uma análise estatística dos
resultados de tensão última e módulo de elasticidade após exposição aos ambientes. A
Figura 41 apresenta o resultado do teste de Tukey da resistência a tração máxima e módulo
de elasticidade das resinas epoxídicas do tipo primer.

Figura 41: Teste de Tukey para tensão última e módulo de elasticidade da resina
epoxídica do tipo primer: (a-b) ambiente laboratorial e (c-d) exposição às intempéries

(a) (b)

(c) (d)
Fonte: O Autor

Analisando as Figuras 41a e 41b é possível observar que a exposição por um


período de 8 meses em ambiente laboratorial não afetou as propriedades mecânicas da
resina epoxídica do tipo primer, ou seja, os resultados apresentaram propriedades
mecânicas com médias estatisticamente equivalentes. Nota-se apenas um aumento
significativo de 18,7% da média da resistência a tração dos corpos de prova com 4 meses
de exposição em relação aos de referência com 7 dias de cura.
75

De acordo com a Figura 41c é possível constatar que todas as médias da resistência
a tração da resina epoxídica do tipo primer expostas a intempéries foram estatisticamente
distintas. Em relação aos corpos de prova de referência verifica-se um ganho de resistência
com a evolução temporal do tempo de cura de 7 para 14 dias. Nota-se ainda, em relação
aos corpos de prova de referência, com 14 dias de cura, que a resistência a tração sofre
uma grande degradação, diminuindo 39 e 50% para os ensaios realizados após 4 e 8 meses
de exposição às intempéries. Verifica-se também que a resistência a tração sofre uma
tendência de degradação até os 8 meses de exposição.

Para o módulo de elasticidade (Figura 41d) da resina epoxídica do tipo primer


verifica-se que os valores médios foram estatisticamente similares, não apresentando
degradação dessa propriedade.

A Figura 42 apresenta o resultado do teste de Tukey da resistência a tração máxima


e módulo de elasticidade das resinas epoxídicas de laminação.

Figura 42: Teste de Tukey para tensão última e módulo de elasticidade da resina
epoxídica de laminação: (a-b) ambiente laboratorial e (c-d) exposição às intempéries

(a) (b)

(c) (d)
Fonte: O Autor
76

Observando as Figuras 42a e 42b nota-se que após os 8 meses de exposição em


ambiente laboratorial dos corpos de prova da resina epoxídica de laminação a média da
resistência a tração e do módulo de elasticidade apresentaram reduções de 23,8 e 19,2%,
respectivamente, quando comparados à média dos corpos de prova de referência com 14
dias de cura.

Entretanto, os corpos de prova com 7 e 14 dias de cura e expostos por 4 meses em


ambiente laboratorial resultaram em valores médios de resistência a tração e módulo de
elasticidade estatisticamente equivalentes, ou seja, não houve degradação entre esses
períodos.

Analisando-se a Figura 42c é possível observar que os corpos de prova de referência


da resina epoxídica de laminação apresentou valores médios da resistência a tração
estatisticamente distintos, sendo verificado um ganho de resistência com a evolução do
tempo de cura. Já para os corpos de prova expostos por 4 e 8 meses às intempéries nota-se
que a resistência a tração foi degradada de maneira significativa após exposição a
intempéries, cerca de 64 e 70% da condição de referência (com 14 dias de cura),
respectivamente. Observa-se que as amostras com 4 e 8 meses de exposição resultaram
em valores médios estatisticamente iguais, ou seja, ouve uma estabilização da degradação
entre esses dois períodos.

Para o módulo de elasticidade (Figura 42d) verifica-se que os corpos de prova de


referência, com 7 e 14 dias de cura, e expostos por 4 meses a intempéries resultaram em
valores médios estatisticamente equivalentes. O mesmo ocorreu para os corpos de prova
com 4 e 8 meses de exposição.

Observa-se ainda que, até os 4 meses de exposição a intempéries, os resultados


médios do módulo de elasticidade permaneceram estatisticamente equivalentes. No
entanto, após os 8 meses, verifica-se uma redução de 18,2% quando comparados aos
ensaios de referência com 14 dias de cura. Diferentemente da resistência a tração, o
decréscimo do módulo de elasticidade, devido a ação das intempéries, pode estar ocorrendo
de maneira lenta e gradual para o período de tempo em que os ensaios foram realizados.
Ensaios com amostras futuras poderão afirmar se realmente a degradação esta ocorrendo
de maneira lenta.

Com exceção das resinas epoxídicas de laminação (Resina B), ensaiadas após 8
meses de exposição em ambiente laboratorial, os resultados encontrados no presente
trabalho para as resinas epoxídicas do tipo primer (Resina A) corroboraram com os
resultados encontrados no trabalho de Silva (2017), no qual resinas epoxídicas também
77

foram mantidas em ambiente laboratorial por um período de 8 meses e demonstraram


pequenas reduções de 6 e 12% para a resistência à tração e módulo de elasticidade,
respectivamente.

Em trabalho realizado por Fernandes et al. (2015) resinas epoxídicas também foram
mantidas em ambiente laboratorial, no entanto por um período de 2 anos. Os resultados,
assim como no presente trabalho, também apresentaram pequenas reduções em suas
propriedades mecânicas, especificamente 5,5 e 6,9% na resistência a tração e no módulo
de elasticidade, respectivamente.

Os resultados encontrados para as resinas epoxídicas de laminação (Resina B),


expostas a intempéries, também foram verificados em pesquisa realizada por Escobal
(2016). O autor avaliou a degradação de resinas epoxídicas de laminação expostas a
intempéries (ambiente externo com temperatura e umidade monitorizados) em um período
total de 4 meses. Os resultados demonstraram perdas de 44% na resistência à tração após
os 4 meses de exposição.

Escobal (2016) também avaliou as mesmas resinas epoxídicas expostas a ciclos de


envelhecimento acelerado, contido por radiação UV, temperatura de 60ºC e vapor de água a
50ºC. Os resultados demostraram grande redução da resistência a tração das resinas (cerca
de 60%), assim como verificado no presente trabalho para as Resinas A e B expostas às
intempéries.

Os resultados encontrados por Zhao et al. (2017) também foram semelhantes aos
desta pesquisa. Os autores avaliaram corpos de prova de resina epoxídica expostos a ciclos
de radiação UV (simulando exposição em um ambiente externo) por um período de 90 dias.
Ao final dos ensaios, os autores verificaram uma redução máxima de 20,4% no módulo de
elasticidade dos corpos de prova.

Comparando os dois tipos de resinas epoxídicas, verifica-se que ambas sofreram


reduções em sua resistência a tração, tanto para exposição ao ambiente laboratorial quanto
intempéries, no entanto, nota-se que a exposição a intempéries foi mais agressiva.

Nota-se ainda que a resina epoxídica de laminação (Resina B) foi mais suscetível a
degradação frente à exposição a intempéries, uma vez que suas propriedades mecânicas
sofreram maiores reduções quando comparada às reduções verificadas para a resina
epoxídica do tipo primer (Resina A), a qual foi exposta às mesmas condições ambientais.

Em relação à coloração, segundo Isis (2006), o fato das resinas epoxídicas ficarem
expostas às intempéries, sob a incidência direta da radiação UV, pode causar a degradação
desse material por um mecanismo conhecido por fotodegradação, o qual é capaz de
quebrar as ligações químicas das matrizes poliméricas, alterando sua coloração.
78

A Figura 43 apresenta o resultado do teste de Tukey da resistência a tração máxima


e módulo de elasticidade dos compósitos de CFRP.

Figura 43: Teste de Tukey para tensão última e módulo de elasticidade dos
compósitos de CFRP: (a-b) ambiente laboratorial e (c-d) exposição às intempéries

(a) (b)

(c) (d)
Fonte: O Autor

Pela análise das Figuras 43a e 43b verifica-se que, após a exposição em ambiente
laboratorial dos compósitos de CFRP, as propriedades mecânicas (resistência a tração e
módulo de elasticidade) não apresentaram degradação de suas propriedades, ou seja,
resultaram em médias estatisticamente equivalentes.

Observando a Figura 43c observa-se que os resultados demonstraram médias


estatisticamente similares para os corpos de prova de referência, com 7 e 14 dias de cura, e
após 8 meses de exposição. O mesmo ocorreu para os corpos de prova com 7 dias de cura
e 4 meses de exposição.
79

Verifica-se que a resistência a tração dos corpos de prova do compósito de CFRP


após exposição a intempéries não foi afetada. Constatou-se apenas uma redução de 18%
após os 4 meses de exposição. Logo, aos 8 meses, sua resistência a tração foi recuperada.

Para o módulo de elasticidade (Figura 43d) verifica-se a equivalência dos valores


médios, ou seja, o módulo de elasticidade não foi afetado ao longo do período de exposição
a intempéries.

Os resultados obtidos no presente trabalho, para os compósitos de CFRP,


corroboram com alguns resultados encontrados na literatura, os quais apresentam os
compósitos de CFRP como sendo materiais resistentes a diferentes condições ambientes
agressivas.

No caso das pesquisas realizadas por Fernandes (2016) e Silva (2017) verificou-se
que o compósito de CFRP sofreu pouca alteração em suas propriedades mecânicas
(redução máxima de 7% na resistência a tração e 6% no módulo de elasticidades) após
exposição a diversos tipos de ambientes, tais como ciclos térmicos, ciclos de gelo e degelo,
ciclos de umidade e água com cloretos.

Pesquisa realizada por Cromwell, Harries e Shahrooz (2010) também constataram


que a exposição de laminados de CFRP à ambientes agressivos, tais como umidade
constante e solução salina, não causa grandes alterações na sua resistência a tração,
módulo de elasticidade e deformação última.

Já em pesquisa realizada por Dalfré (2016) não foi verificada grande alteração na
resistência a tração e no módulo de elasticidade de corpos de prova de compósito de CFRP
expostos a ciclos de umidade e umidade constante em um período total de 2 anos.

4.3 COMPORTAMENTO DAS VIGAS DE CONCRETO ARMADO

O comportamento das vigas de concreto armado de referência (com e sem reforço) e


reforçadas expostas em ambiente laboratorial e a intempéries foi analisado com base na
ductilidade, incremento da capacidade de carga, deformação dos materiais (concreto, aço e
CFRP) e modo de ruptura do sistema de reforço.

O critério de parada adotado nos ensaios nas vigas de referência sem reforço foi
estabelecido em termos de deformação da armadura de flexão (no momento que a
deformação no aço atingiu o valor médio de 11‰), enquanto o adotado nas vigas reforçadas
de referência e expostas em ambiente laboratorial e intempéries foi estabelecido em termos
de falha do sistema de reforço, seguido pela perda repentina de carga e destacamento do
material.
80

Nota-se que os gráficos de força versus deslocamento lateral da face superior das
vigas na seção de apoio e força versus deslocamento do perfil metálico se encontram no
Apêndice E do presente trabalho.

4.3.1 VIGAS DE REFERÊNCIA SEM REFORÇO (V_REF_0)


Os diagramas força versus deslocamento vertical, deformação na armadura
longitudinal e no concreto são apresentados nas Figuras 44 a 46, respectivamente.

Figura 44: Força versus deslocamento vertical das vigas de referência sem reforço
45
Ä Escoamento do aço V1_REF_0
40
Ñ Abertura de fissuras V2_REF_0
35
30
Força (kN)

25
20
Ä
15
F
10
5 Ñ LVDT HS50MG4440
(50 mm)

0
0 5 10 15 20 25 30 35
Deslocamento (mm)
Fonte: O Autor

Figura 45: Força versus deformação na armadura longitudinal das vigas de referência
sem reforço
45
40 V1_REF_0
V2_REF_0
35
30
Força (kN)

25
20
15
SG2
10
OIO ÃO OIO
AP AÇ AP
5 LIC GA
AP CAR
DE
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
Deformação (‰)
Fonte: O Autor
81

Figura 46: Força versus deformação no concreto das vigas de referência sem reforço
45
V1_REF_0 40
V2_REF_0
35
30

Força (kN)
25
20
15
SG1
10
ÃO
OIO AÇ OIO
AP LIC GA
AP CAR AP 5
DE
0
-16 -14 -12 -10 -8 -6 -4 -2 0
Deformação (‰)
Fonte: O Autor

4.3.2 VIGAS DE REFERÊNCIA REFORÇADAS (V_REF_CFRP)


Os gráficos de força versus deslocamento vertical, deformação na armadura
longitudinal, concreto e compósito de CFRP são apresentados nas Figuras 47 a 50,
respectivamente.

Figura 47: Força versus deslocamento vertical das vigas de referência reforçadas
45
Ä Escoamento do aço
40
Ñ Abertura de fissuras
35
30
Força (kN)

25 Ä
V1_REF_CFRP
20
V2_REF_CFRP
15
F
10
5
Ñ LVDT HS50MG4440
(50 mm)

0
0 5 10 15 20 25 30 35
Deslocamento (mm)
Fonte: O Autor
82

Figura 48: Força versus deformação na armadura longitudinal das vigas de referência
reforçadas
45
40
35
30

Força (kN)
25 V1_REF_CFRP
V2_REF_CFRP
20
15
SG2
10
ÃO
OIO AÇ OIO
5 AP LIC GA AP
AP CAR
DE
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
Deformação (‰)
Fonte: O Autor

Figura 49: Força versus deformação no concreto das vigas de referência reforçadas
45
40
35
30

Força (kN)
25
V1_REF_CFRP
20
V2_REF_CFRP
15
SG1
10
ÃO
OIO AÇ OIO
AP LIC GA AP 5
AP CAR
DE
0
-16 -14 -12 -10 -8 -6 -4 -2 0
Deformação (‰)
Fonte: O Autor

Figura 50: Força versus deformação máxima do compósito de CFRP das vigas de
referência reforçadas
45
40
35
30
Força (kN)

25 V1_REF_CFRP
V2_REF_CFRP
20
15
SG4
10
OIO
Camada de CFRP ÃO OIO
AP AÇ AP
5 LIC GA
AP CAR
DE
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Deformação (‰)
Fonte: O Autor
83

4.3.3 VIGAS REFORÇADAS MANTIDAS EM AMBIENTE LABORATORIAL (V_LAB_CFRP)


Os gráficos de força versus deslocamento vertical, deformação na armadura
longitudinal, concreto e compósito de CFRP são apresentados nas Figuras 51 a 54,
respectivamente.

Nota-se que os gráficos de força versus deformação no concreto e no compósito de


CFRP para a viga V1_LAB_CFRP não foram apresentados devido a falha mecânica no
extensômetro elétrico.

Figura 51: Força versus deslocamento vertical das vigas reforçadas expostas em
ambiente laboratorial
45
Ä Escoamento do aço
40
Ñ Abertura de fissuras
35
30
Força (kN)

25
Ä V1_LAB_CFRP
20 V2_LAB_CFRP
15
F
10
5 Ñ LVDT HS50MG4440
(50 mm)
0
0 5 10 15 20 25 30 35
Deslocamento (mm)
Fonte: O Autor

Figura 52: Força versus deformação na armadura longitudinal das vigas reforçadas
expostas em ambiente laboratorial
45
40
35
30
Força (kN)

25 V1_LAB_CFRP
20 V2_LAB_CFRP

15
SG2
10
OIO ÃO OIO
AP AÇ AP
5 LIC GA
AP CAR
DE
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
Deformação (‰)
Fonte: O Autor
84

Figura 53: Força versus deformação no concreto das vigas reforçadas expostas em
ambiente laboratorial
45
40
35
30

Força (kN)
25
V2_LAB_CFRP
20
15
SG1

10
OIO AÇ
ÃO OIO
AP AP
LIC GA
AP CAR 5
DE

0
-16 -14 -12 -10 -8 -6 -4 -2 0
Deformação (‰)
Fonte: O Autor

Figura 54: Força versus deformação máxima do compósito de CFRP das vigas
reforçadas expostas em ambiente laboratorial
45
40
35
30
Força (kN)

25
V2_LAB_CFRP
20
15
SG4
10
Camada de CFRP ÃO
OIO AÇ OIO
AP LIC GA AP
5 AP CAR
DE
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Deformação (‰)
Fonte: O Autor

4.3.4 VIGAS REFORÇADAS EXPOSTAS ÀS INTEMPÉRIES (V_WEA_CFRP)


Os gráficos de força versus deslocamento vertical, deformação na armadura
longitudinal e no compósito de CFRP são apresentados nas Figuras 55 a 57,
respectivamente.

Nota-se que os gráficos de força versus deformação no concreto para as vigas


V1_WEA_CFRP e V2_WEA_CFRP não foram apresentados devido a falha mecânica no
extensômetro elétrico.
85

Figura 55: Força versus deslocamento vertical das vigas reforçadas expostas às
intempéries
45
Ä Escoamento do aço
40
Ñ Abertura de fissuras
35
30

Força (kN)
25
Ä
20 V1_WEA_CFRP
V2_WEA_CFRP
15
F
10
5 Ñ LVDT HS50MG4440
(50 mm)
0
0 5 10 15 20 25 30 35
Deslocamento (mm)
Fonte: O Autor

Figura 56: Força versus deformação na armadura longitudinal das vigas reforçadas
expostas às intempéries
45
40
35
30
Força (kN)

25
V1_WEA_CFRP
20 V2_WEA_CFRP

15
SG2
10
OIO ÃO OIO
AP AÇ AP
LIC GA
5 AP CAR
DE

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
Deformação (‰)
Fonte: O Autor

Figura 57: Força versus deformação máxima do compósito de CFRP das vigas
reforçadas expostas às intempéries.
45
40
35
30
Força (kN)

25
V1_WEA_CFRP
20 V2_WEA_CFRP

15
SG4
10
OIO Camada de CFRP ÇÃO OIO
AP A
LIC GA AP
5 AP CAR
DE

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Deformação (‰)
Fonte: O Autor
86

4.3.5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS


Analisando-se as curvas força versus deslocamento vertical (Figura 44) das vigas de
referência sem reforço é possível perceber que as mesmas apresentaram os três estágios
de comportamento: o primeiro representa o concreto não fissurado, o segundo corresponde
ao concreto fissurado com o aço no regime elástico, e o terceiro equivale ao concreto
fissurado com escoamento da armadura longitudinal de tração.

Para as curvas Força versus deslocamento das vigas reforçadas de referência,


mantidas em ambiente laboratorial e expostas às intemperies, Figuras 47, 51 e 55,
respectivamente, nota-se que esses elementos apresentaram os mesmos três estádios de
comportamento das vigas de referência sem reforço. Porém, após o escoamento do aço,
verifica-se que apenas o sistema de reforço contribui para o aumento da capacidade de
carga das vigas, justificando o comportamento linear da curva (sem patamar de
escoamento), por consequência do comportamento elástico-linear do compósito de CFRP.
Acerca da abertura de fissuras, as vigas de referência sem reforço, de referência
reforçadas, mantidas em ambiente laboratorial e expostas às intempéries apresentaram a
primeira fissura visível nos pontos de inflexão das curvas, apresentadas nas Figuras 44, 47,
51 e 55, respectivamente, quando uma força média de 5, 7,5, 5,4 e 5,1 kN foi atingida.
Nesse ponto verificou-se também uma redução da rigidez do conjunto de vigas devido a
fissuração do concreto.

A Tabela 13 apresenta o resumo dos resultados obtidos nos ensaios dos conjuntos
de vigas para o início do escoamento da armadura longitudinal e no instante que as vigas
atingem o máximo carregamento, em que Fsy e Fmax representam a força registrada no início

do escoamento do aço e para a força máxima, respectivamente, u sy e uF max são os

deslocamentos verticais registrados para Fsy e Fmax , c , s e  f ,max são as deformações no


concreto, armadura longitudinal e na manta de CFRP para Fsy e Fmax , respectivamente.

Analisando a média das deformações registradas nos compósitos de CFRP para as

vigas reforçadas de referência e expostas aos ambientes (laboratorial e intempéries) (  f ,max )

(Figuras 50, 54 e 57), no momento em que Fmax foi atingida e levando-se em conta a
deformação experimentalmente obtida (12,8‰), um grau de mobilização médio do material
de reforço de 77,9, 83,6 e 87,5% foi atingido, respectivamente. Segundo o fabricante do
material de reforço (S&P, 2019), para as vigas aqui analisadas, recomenda-se um valor
máximo de mobilização de 82,6% para os compósitos de CFRP manualmente laminados.

Verifica-se que as vigas reforçadas expostas aos ambientes apresentaram um grau


de mobilização superior ao indicado pelo fabricante. Apesar de representar um elevado nível
87

de aproveitamento do material de reforço, o fabricante não aconselha que essas


deformações sejam atingidas pelos compósitos de CFRP.

Tabela 13: Resumo dos resultados obtidos nos ensaios das vigas
Escoamento da Esmagamento do
armadura concreto Máxima força registrada
longitudinal (  sy ) (  c ,esm )
Vigas
Fsy u sy c  f ,max Fc , esm uesm  sy  f ,max Fmax uF max c s  f ,max
(kN) (mm) (‰) (‰)
(kN) (mm) (‰) (‰) (kN) (mm) (‰) (‰) (‰)

REF V1 23,4 10,4 1,6 --- 26,4 17,4 5,7 --- 27,6 27,6 4,7 11,7 ---
0 V2 21,9 10,1 2,0 --- 24,4 13,9 4,9 --- 26,4 22,7 7,5 11,1 ---

REF V1 26,1 9,0 1,5 3,0 33,4 14,8 7,1 5,8 41,1 32,5 9,1 14,5 10,0
CFRP
V2 26,2 9,5 2,1 2,8 29,6 11,7 3,8 3,6 40,0 32,8 10,5 12,4 9,7

LAB V1 22,4 8,2 ---* ---* ---* ---* ---* ---* 38,8 46,9 ---* 17,4 ---*
CFRP V2 23,1 9,0 1,3 3,1 31,7 16,0 8,3 6,3 37,2 32,8 4,4 17,4 10,7

WEA V1 22,5 8,4 ---* 3,4 ---* ---* ---* ---* 37,7 33,9 ---* 11,2 14,3
CFRP V2 25,3 9,6 ---* 2,4 ---* ---* ---* ---* 35,3 31,1 ---* 11,9 8,1

* Extensômetros mecanicamente danificados


Fonte: O Autor

A Figura 58 apresenta o padrão de fissuração final registrado nos conjuntos de vigas


ensaiadas. Nota-se para todas as vigas ensaiadas que as primeiras fissuras verificadas
foram causadas pelos esforços de flexão, apresentando configurações típicas formadas por
fissuras verticais a meio vão das vigas, ou seja, no ponto de máximo momento fletor. Com o
aumento da aplicação de carga, verificou-se uma propagação das fissuras e leve inclinação,
em direção aos apoios, devido a ação simultânea do momento fletor e do esforço
transverso.

Quanto ao modo de ruína, as vigas de referência sem reforço, como esperado para o
domínio 2 para o qual a peça foi dimensionada, apresentaram uma ruptura dúctil
caraterizada pela deformação acentuada da armadura longitudinal de tração e início de
esmagamento do concreto comprimido.

Em relação ao modo de ruptura das vigas reforçadas (de referência e expostas aos
ambientes), após grande deformação e elevada curvatura dos elementos, verificou-se o
surgimento de fissuras paralelas ao material de reforço nos momentos que antecederam a
ruptura do elemento.
88

A ruína se deu de forma frágil, precedida de pequenos estalos do material de reforço


(as quais se iniciaram com uma carga média de 37, 35 e 32kN para as vigas reforçadas de
referência, mantidas em ambientes laboratorial e expostas a intempéries, respectivamente),
e posteriormente acompanhada pelo descolamento da manta de CFRP aderida ao substrato
de concreto com destacamento do concreto de cobrimento localizado na região de máximo
momento fletor. A Figura 59 apresenta o modo de ruína típico das vigas reforçadas
ensaiadas.

Figura 58: Fissuração final das vigas ensaiadas


V1
V_REF_0

V2
V1
V_REF_CFRP

V2
V1
V_LAB_CFRP

V2
V1
V_WEA_CFRP

V2

Fonte: O Autor
89

Figura 59: Modo de ruína típico das vigas reforçadas ensaiadas

Fonte: O Autor

4.4 ANÁLISE GERAL DAS VIGAS ENSAIADAS

Uma análise geral dos ensaios das vigas de concreto armado foi realizada no intuito
de avaliar a eficácia do sistema de reforço e a possível perda da resistência a flexão dos
elementos reforçados expostos em ambiente laboratorial e a intempéries.

A Tabela 14 apresenta o resumo dos resultados médios obtidos nos ensaios dos
conjuntos de vigas para o início do escoamento da armadura longitudinal (  sy ) e no instante

que as vigas atingem o máximo carregamento ( Fmax ). O indicador de eficácia do sistema de


reforço a flexão em termos de aumento da capacidade de carga (IR) também é apresentado,

o qual foi obtido pela análise da força média ( F  ( FV 1  FV 2 ) / 2 ) registrada para as vigas
sem reforço e reforçadas (de referência e expostas aos ambientes), respectivamente.

Tabela 14: Resumo dos resultados médias obtidos nos ensaios das vigas
Escoamento da Esmagamento do
armadura concreto Máxima força registrada
longitudinal (  sy ) (  c ,esm )
Vigas
Fsy u sy c  f ,max Fc , esm uesm  sy  f ,max Fmax uF max c s  f ,max IR
(kN) (mm) (‰) (‰) (kN) (mm) (‰) (‰) (kN) (mm) (‰) (‰) (‰) (%)

REF
21,8 10,3 1,8 ---- 25,4 15,6 5,2 ---- 27,0 25,2 6,1 11,4 ---- ----
0
REF
26,1 9,3 1,8 2,9 31,5 13,3 5,5 4,7 40,6 32,7 9,8 13,5 9,9 50,0
CFRP
LAB
22,8 8,6 1,2 3,1 31,7 16,0 8,3 6,3 38,0 39,9 3,2 17,4 10,7 43,9
CFRP
WEA
23,9 9,0 ---- 2,9 ---- ---- ---- ---- 36,5 32,5 ---- 11,6 11,2 38,3
CFRP
Fonte: O Autor
90

No âmbito de avaliar a eficácia do sistema de reforço com mantas de CFRP


aplicadas segundo a técnica EBR, a Figura 60 apresenta uma comparação entre as curvas
força versus deslocamento vertical das vigas de referência sem reforço (V1_REF_0 e
V2_REF_0) e reforçadas (V1_REF_CFRP e V2_REF_CFRP).

Figura 60: Força versus deslocamento das vigas de referência sem reforço e
reforçadas
45
40
35
30
Força (kN)

25
10,0
20
7,5
15
5,0 PRIMEIRO
V1_REF_0 PONTO
10 2,5
V2_REF_0 DE INFLEXÃO
5 V1_REF_CFRP 0,0
V2_REF_CFRP 0 1 2 3 4 5
0
0 5 10 15 20 25 30 35
Deslocamento (mm)
Fonte: O Autor

Pela análise da Tabela 14 e Figura 60 é possível verificar para as vigas de referência


sem reforço e reforçadas a eficácia do sistema de reforço CFRP EBR no incremento da
capacidade de carga e da rigidez das vigas reforçadas.

Em relação ao início do escoamento do aço, verifica-se que o reforço proporcionou


um aumento de 28,1% da rigidez junto com um aumento médio da capacidade de carga de
15,6%. Além disso, devido ao aumento da rigidez dos elementos reforçados, verifica-se uma
redução do deslocamento vertical médio de 9,8% para as vigas de referência reforçadas em
comparação com as vigas de referência sem reforço.

Para a máxima força registrada nos ensaios das vigas de referência sem reforço e
reforçadas com uma camada de manta de CFRP ( Fmax ), verifica-se um aumento médio da
capacidade de carga de 50,5% em relação as vigas não reforçadas.

Quanto ao modo de ruptura verifica-se que a utilização do sistema de reforço CFRP


EBR altera os modos de ruína dos elementos reforçados. A ruína que antes era dúctil e
governado pela deformação da armadura longitudinal passou a ocorrer de maneira frágil
com o descolamento da manta de CFRP aderida ao substrato de concreto.

Apesentam-se a seguir uma análise da possível degradação do sistema de reforço e


perda da resistência a flexão das vigas reforçadas mantidas em ambiente laboratorial e
91

expostas às intempéries. As Figuras 57a e 57b demostram uma comparação entre as


curvas força versus deslocamento vertical das vigas de referência sem reforço (V1_REF_0 e
V2_REF_0) e reforçadas (V1_REF_CFRP e V2_REF_CFRP) com as expostas em ambiente
laboratorial (V1_LAB_CFRP e V2_LAB_CFRP) e a intempéries (V1_WEA_CFRP e
V2_WEA_CFRP), respectivamente. Vale ressaltar que os resultados da monitorização da
umidade, temperatura e radiação UV foram apresentados no item 4.1 deste capítulo.

Figura 61: Comparação entre as curas força versus deslocamento das vigas de
referência e expostas aos ambientes: (a) laboratorial e (b) intempéries
45 45
40 40
35 35
30 30
Força (kN)

25 Força (kN) 25
10,0 10,0
20 20
7,5 7,5
15 V1_REF_0
5,0 15 V1_REF_0
V2_REF_0
PRIMEIRO V2_REF_0
5,0 PRIMEIRO
10 V1_REF_CFRP 2,5 PONTO 10 V1_REF_CFRP 2,5 PONTO
V2_REF_CFRP DE INFLEXÃO V2_REF_CFRP DE INFLEXÃO
5 V1_LAB_CFRP 0,0 5 V1_WEA_CFRP 0,0
V2_LAB_CFRP 0 1 2 3 4 5 V2_WEA_CFRP 0 1 2 3 4 5
0 0
0 5 10 15 20 25 30 35 0 5 10 15 20 25 30 35
Deslocamento (mm) Deslocamento (mm)
(a) (b)
Fonte: O Autor

Pela análise da Figura 61 e Tabela 14, e levando em consideração o período de


exposição, nota-se que ambas as vigas reforçadas, mantidas em ambiente laboratorial e
expostas às intempéries, mantiveram o incremento de carga e rigidez proporcionado pelo
sistema de reforço CFRP EBR.

Para o início do escoamento no aço das vigas reforçadas expostas em ambiente


laborartorial e a intempéries e levando em consideração as vigas de referência sem reforço,
observa-se um incremento médio da capacidade de carga de 4,5 e 9,6%, respectivamente,
junto com um aumento médio da rigidez de 25,5%. Para a máxima força registrada, nota-se
um aumento médio da capacidade de carga de 43,9 e 38,3%, respectivamente.

Analisando o início do escoamento do aço das vigas expostas aos ambientes e


tomando como base os resultados obtidos nos ensaios das vigas de referência reforçadas,
nota-se que os elementos mantidos em ambiente laboratorial e a intempéries apresentaram
uma redução da carga média de escoamento de 12,6 e 8,4%, respectivamente, além de
uma redução da rigidez em torno de 6%.
92

É possivel obervar também que a força máxima das vigas reforçadas expostas aos
ambientes sofreu uma redução de 6,4 e 10,0% quando comparado à força máxima
observada nas vigas de referência reforçadas.

Com relação a carga média de abertura de fissuras, a qual ocorreu no primeiro ponto
de inflexão das curvas (ver detalhe na Figura 61), também foi verificada uma redução, cerca
de 28 e 32% para as vigas reforçadas mantidas em ambiente laboratorial e expostas às
intempéries, respectivamente, quando comparadas às vigas reforçadas de referência.

Quanto ao modo de ruptura dos elementos reforçados expostas aos ambientes


verifica-se que não houve alterações quando comparado às vigas reforçadas de referência.
A ruína continuou ocorendo de forma frágil com descolamento da manta de CFRP aderida
ao substrato de concreto. Verifica-se também, nos ensaios das vigas expostas, que os
estalos que antecederam a ruptura ocorreram de maneira precoce e com uma carga inferior
à verificada para as vigas de referência reforçadas.

Analisando a força máxima registrada nos ensaios das vigas reforçadas (Tabela 14)
nota-se que a exposição a intempéries foi mais agressiva para o sistema de reforço, uma
vez que sua carga última foi inferior a dos elementos mantidos em ambiente laboratorial.

4.4.1 ANÁLISE DA DEGRADAÇÃO DO SISTEMA DE REFORÇO


Quanto à durabilidade dos elementos reforçados não se pode afimar, inicialmente,
que as reduções na resistência a flexão foram causadas pela degradação do sistema de
reforço CFRP após sua exposição aos ambientes mencionados.

Nota-se que as análises da possível degradação do sistema de reforço foram


realizadas com base nas reduções das forças para distintos momentos: abertura de fissuras,
escoamento do aço e ruptura. Embora essas reduções representem fortes indícios de
degradação dos materias compósitos presentes no reforço CFRP, o concreto também pode
ter sofrido degradação com a ação deletéria do ambiente a qual estava inserido.

Uma análise em longo prazo, com ensaios de elementos expostos por um período
maior de tempo, poderá apresentar, com mais clareza, se realmente as reduções na
resistência a flexão das vigas reforçadas foi causada pela degradação do sistema de reforço
ou do concreto propriamente dito.

Uma forte hipótese de que a redução na resistência a flexão das vigas expostas
tenha sido ocasionada pela degradação do sistema de reforço está relacionada diretamente
com a degradação da interface concreto/adesivo/CFRP, uma vez que, nos ensaios dos
materiais intervenientes, a resinas epoxídicas, utilizadas para colagem da manta de CFRP
93

ao substrato de concreto, sofreram grande alteração em suas propriedades mecânica após


exposição às intempéries. O mais provável é que essas resinas tenham sofrido com a ação
do intemperismo, prejudicando a durabilidade da interface adesivo/substrato.

A Figura 62 apresenta o detalhe da interface concreto/adesivo/CFRP após os


ensaios de flexão das vigas reforçadas de referência e expostas às intempéries. Oberva-se
que após exposição, o modo de ruptura começa a ocorrer na ligação adesivo/substrato
(Figura 62b), enquanto nas vigas de referência reforçadas essa ruptura ocorre praticamente
no concreto, sem exposição das resinas epoxídicas utilizadas para colagem da manta de
CFRP (Figura 62a).

Figura 62: Detalhe da interface concreto/adesivo/CFRP após os ensaios. (a) viga de


referência reforçada e (b) viga reforçada exposta às intempéries.

(a)

(b)
Fonte: O Autor

4.5 ENSAIOS DE PULL-OFF (ARRANCAMENTO)

Ensaios de pull-off foram conduzidos a fim de avaliar a perda de aderência entre


manta de CFRP e o substrato de concreto, após a exposição ao ambiente laboratorial e
intempéries.

A Tabela 15 apresenta os resultados obtidos nos ensaios de pull-off para as vigas de


referência (sem e com reforço) e reforçadas expostas em ambiente laboratorial e a
94

intempéries, enquanto a Figura 63 apresenta o padrão típico de ruptura obtido nos ensaios
de arrancamento.

Tabela 15: Resultados obtidos no ensaio de pull-off


Tensão de aderência
Vigas Idade do ensaio Modo de ruptura
(MPa)
V_REF_0 348 dias (após a concretagem) 2,1 (11,67) 100% C
V_REF_CFRP 14 dias (após o reforço) 1,8 (11,54) 100% C
V_LAB_CFRP 6 meses 2,0 (18,43) 100% C
V_WEA_CFRP 6 meses 1,9 (11,36) 100% C
* (valor) Coeficiente de Variação (COV) = (Desvio-padrão/Média) × 100; C – Concreto; A/C – Interface
Adesivo/Concreto.
Fonte: O Autor

Figura 63: Ruptura típica verificada nos ensaios de arrancamento: (a) antes e (b) após
os ensaios de arrancamento, (c-f) ruptura típica do concreto

(a) (b) (c)

(d) (e) (f)


Fonte: O Autor

De acordo com os ensaios de arrancamento direto e analisando a Tabela 15 verifica-


se que não houve alteração quanto aos modos de ruptura. Tanto para os ensaios realizados
nas vigas de referência, sem e com reforço, quanto para os realizados nas vigas reforçadas
expostas em ambiente laboratorial e a intempéries a ruptura ocorreu no concreto (Figura 63)
e não na interface concreto/adesivo/CFRP, diferentemente do verificado nos ensaios das
vigas de concreto reforçadas.
95

O que se notou ao longo dos ensaios de arrancamento foi uma redução da tensão de
aderência em relação aos ensaios realizados nas vigas de referência sem reforço. Foram
verificadas pequenas reduções de 14,5 e 19% na tensão de aderência para os ensaios
realizados nas vigas de referência reforçadas e expostas em ambiente laboratorial e a
intempéries, respectivamente.

4.6 COMPARAÇÃO ENTRE OS RESULTADOS TEÓRICOS E


EXPERIMENTAIS

Os valores experimentais encontrados para as vigas de referência, sem e com


reforço, e expostas em ambiente laboratorial e às intempéries foram comparados com os
valores de cálculo prescritos pelas normas ABNT NBR 6118 (2014), ACI 318 (2014) e ACI
440.2R (2017).

Para a realização dos cálculos teóricos das vigas foram utilizadas as propriedades do
concreto, aço e compósito de CFRP determinadas experimentalmente. As propriedades
desses materiais encontram-se nas Tabelas 10, 11 e 12, respectivamente. A partir desses
dados a carga última foi encontrada por meio da determinação do momento fletor resistente
da seção a meio vão das vigas.

Para as vigas de referência, expostas em ambiente laboratorial e expostas às


intempéries, foram assumidas resistências à compressão característica do concreto de 28,5,
27,4 e 25,2 MPa e módulos de elasticidade de 31,6, 31,2 e 28,5 GPa, respectivamente. Em
relação ao aço, a tensão de escoamento característica e módulo de elasticidade assumido
foi de 547,4 MPa e 196,89 GPa, respectivamente.

Para os compósitos de CFRP foram utilizadas as propriedades mecânicas obtidas


aos 14 dias de cura. Neste sentido, o valor considerado para a resistência característica a
tração última, módulo de elasticidade e deformação última foi de 3153,2 MPa, 248,1 GPa e
12,8 ‰, respectivamente.

A comparação entre os resultados teóricos e experimentais foi realizada levando-se


em consideração duas variáveis: a primeira sem a incidência dos coeficientes de redução
das propriedades e a segunda considerando-se os coeficientes de minoração.

Como citado anteriormente, a determinação do momento resistente de cálculo ( M u )

das vigas reforçadas com uma camada de manta de CFRP aplicadas segundo a técnica
EBR foi realizada segundo as recomendações da ACI 440.2R (2017).
96

No cálculo do máximo momento resistente ( M u ) das vigas de concreto armado

reforçadas a flexão aplica-se um processo iterativo no qual o equilíbrio interno da seção e a


compatibilidade das deformações são encontrados após a profundidade da linha neutra ( c )
satisfazer toda sequência de cálculo e convergir com a posição inicialmente arbitrada. Ao

final de todo o processo, os níveis de tensão no aço ( f s,s ) e no reforço de FRP ( f f ,s ) são
determinados, como apresentado no fluxograma da Figura 64.

Figura 64: Fluxograma de cálculo do máximo momento resistente de uma viga


reforçada a flexão

Calcular a
Início deformação efetiva e
a tensão de ruptura Verificar os níveis de
do FRP tensão no aço e no
Minorar a tensão reforço FRP
máxima e deformação
Calcular a tensão e a
última fornecida pelo
deformação na
fabricante por meio Minorar o momento
armadura longitudinal
do coeficiente CE resistente por meio
e a deformação no
do fator de redução
concreto
Calcular a
deformação máxima Verificar a posição Calcular o momento
permitida para o FRP da linha neutra para resistente do
o equilíbrio da seção elemento reforçado

Arbitrar a posição
inicial da linha neutra
A posição da linha
neutra convergiu com a
NÃO arbitrada inicialmente ? SIM

Fonte: O Autor

A Tabela 16 apresenta os parâmetros experimentais adotados para a determinação


do momento resistente e força última das vigas de concreto armado de referência (com e
sem reforço compósito) e expostas em ambiente laboratorial e às intempéries, seguindo as
recomendações da ABNT NBR 6118 (2014), ACI 318 (2014) e ACI 440.2R (2017).

Para a comparação entre os resultados experimentais e teóricos foi considerado o


escoamento máximo da armadura longitudinal ou esmagamento do concreto comprimido
como modos de ruína do programa experimental, a partir desses pontos realizaram-se as
comparações entre o programa experimental e análise teórica das vigas.
97

Tabela 16: Parâmetros para determinação da capacidade portante das vigas

Vigas Norma
fc Ec fy Ey ff Ef As Af
(MPa) (GPa) (MPa) (GPa) (MPa) (GPa) (mm²) (mm²)

NBR
---- ---- ----
V_REF_0 6118
28,5 31,6
ACI 318 ---- ---- ----
547,38 196,89 157,0
V_REF_CFRP
ACI
V_LAB_CFRP 27,4 31,2 3153,2 248,1 19,4
440.2R
V_WEA_CFRP 25,2 28,5
Fonte: O Autor

As Tabelas 17 e 18 apresentam a comparação entre os valores experimentais e

teóricos encontrados para as vigas de referência sem reforço e reforçadas, em que Fu ,exp e

Fu ,teo são as cargas últimas experimentais e teóricas, respectivamente. Para as vigas de

referência reforçadas, foi aplicado o coeficiente de redução ambiental ( CE  0,85 ). O

exemplo de dimensionamentos teórico das vigas encontra-se no apêndice D deste trabalho.

Analisando as Tabelas 17 e 18 verifica-se que em todos os ensaios ocorreu primeiro


o esmagamento do concreto comprimido e posteriormente o escoamento da armadura
longitudinal.

Nota-se, também, que para as vigas de referência reforçadas, o descolamento da


manta de CFRP ocorreu a uma carga muito superior à esperada pelo dimensionamento da
ACI 440.2R (2017). Observa-se nesse caso que a ACI 440.2R (2017) é conservadora, uma
vez que o valor teórico da carga última encontrada foi 20,2% inferior ao valor experimental
verificado nos ensaios das vigas de referência reforçadas.

Levando em consideração as vigas de referência sem reforço e sem a redução das


propriedades, observa-se que a relação entre carga última a flexão experimental e teórica
ficaram próximas a 1,0 e os modos de ruptura foram semelhantes. No entanto, ao aplicar os
coeficientes de minoração nas propriedades nota-se uma relação entre as cargas últimas
relativamente distantes de 1,0, demonstrando que os modelos analíticos são conservadores.

Para as vigas de referência reforçadas, sem e com a redução das propriedades dos
materiais, observa-se uma relação entre as cargas últimas também próximas a 1,0 e modos
de ruptura semelhantes. É possível verificar que a utilização do coeficiente de redução
ambiental ( C E ) não modificou as cargas últimas das vigas de referência reforçadas, apenas

reduziu a tensão e deformação última do compósito de CFRP.


98

Tabela 17: Resultados do programa experimental das vigas de referência


Resultados experimentais

Vigas fc Fs,along max  s , Falong max  c, ruina Fesm  s, F  c, F Modo Fmax


esm esm de
(MPa) (kN) (‰) (‰) (kN) (‰) (‰) ruína (kN)
10,0 25,4 5,0 3,5
26,7 6,1
(NBR) (NBR) (NBR) (NBR)
V_REF_0 28,5 A/C 27,0
12,0 24,9 4,5 3,0
26,9 6,1
(ACI) (ACI) (ACI) (ACI)

V_REF_CFRP 28,5 34,0 6,8 9,5 31,5 5,5 3,0 C/A 40,6

A – Deformação excessiva da armadura longitudinal


B – Descolamento da manta de CFRP
C – Esmagamento do concreto da zona comprimida
Fonte: O Autor

Tabela 18: Resultados da análise teórica das vigas de referência


Modelos analíticos
x Fu ,exp
Vigas Mu Fu ,teo ou
c s c Modo de
Fu ,teo
ruína
(kN.m) (kN) (m) (‰) (‰)

13,8 24,0
0,037 10 2,68 A 1,05
(NBR) (NBR)
V_REF_0
13,8 24,0
0,035 12 3,00 A 1,03
(ACI) (ACI)
Sem redução das
V_REF_CFRP
propriedades 18,6 32,4 0,053 6,8 3,00 C 0,97
( CE  1)
V_REF_CFRP
18,6 32,4 0,053 6,8 3,00 C 0,97
( CE  0,85 )
11,7
20,4 0,045 10 3,46 A 1,24
(NBR)
V_REF_0
12,4
21,6 0,035 12 3,00 A 1,15
(ACI)
Com redução das
V_REF_CFRP
propriedades 16,7 29,1 0,053 6,8 3,00 C 1,08
( CE  1)
V_REF_CFRP
16,7 29,1 0,053 6,8 3,00 C 1,08
( CE  0,85 )
A – Deformação excessiva da armadura longitudinal
B – Descolamento da manta de CFRP
C – Esmagamento do concreto da zona comprimida
Fonte: O Autor
99

As Tabelas 19 e 20 apresentam a comparação entre os valores experimentais e


teóricos das cargas últimas encontradas para as vigas reforçadas expostas em ambiente

laboratorial e às intempéries, onde foi considerado o coeficiente de redução ambiental ( CE ).

O coeficiente de redução foi aplicado à tensão de tração máxima e deformação

última dos compósitos de CFRP para a exposição em ambiente interno ( CE  0,95 , para as

vigas V_LAB_CFRP) e externo ( CE  0,85 , para as vigas V_WEA_CFRP).

Tabela 19: Resultados do programa experimental das vigas expostas aos ambientes
Resultados experimentais

Vigas fc Fs,along max  s , Falong max  c, ruina Fesm  s, Fesm


 c, F
esm
Modo
de
Fmax
(MPa) (kN) (‰) (‰) (kN) (‰) (‰) ruína (kN)

V_LAB_CFRP 27,4 30,0 6,4 4,17 31,7 8,3 3,0 A/C 38,0
V_WEA_CFRP 25,2 29,5 5,9 ----- ------ ----- 3,0 ----- 36,5
A – Deformação excessiva da armadura longitudinal
B – Descolamento da manta de CFRP
C – Esmagamento do concreto da zona comprimida
Fonte: O Autor

Tabela 20: Resultados da análise teórica das vigas expostas aos ambientes
Modelos analíticos
x Fu ,exp
Vigas Mu Fu ,teo ou
c s c Modo
Fu ,teo
de
(kN.m) (kN) (m) (‰) (‰) ruína

V_LAB_CFRP
18,0 31,3 0,056 6,4 3,00 C 0,95
( CE  0,95 )
Sem redução das
propriedades V_WEA_CFRP
17,5 30,4 0,060 5,9 3,00 C 0,97
( CE  0,85 )
V_LAB_CFRP
16,2 28,2 0,056 6,4 3,00 C 1,06
( CE  0,95 )
Com redução das
propriedades V_WEA_CFRP
15,7 27,3 0,060 5,9 3,00 C 1,08
( CE  0,85 )
A – Deformação excessiva da armadura longitudinal
B – Descolamento da manta de CFRP
C – Esmagamento do concreto da zona comprimida
Fonte: O Autor
100

Nota-se que, devido à falha mecânica dos extensômetros elétricos utilizados para
aferição das deformações no concreto das vigas reforçadas expostas às intempéries, a
comparação entres as cargas últimas ( Fu ,exp / Fu ,teo ) foi realizada considerando o valor

encontrado para o alongamento máximo da armadura longitudinal.

De acordo com as Tabelas 19 e 20, observa-se que, para as vigas reforçadas


expostas em ambiente laboratorial e às intempéries, o descolamento da manta de CFRP
também ocorreu a uma carga muito superior à esperada pelo dimensionamento da ACI
440.2R (2017).

Nota-se que a relação entre as cargas últimas experimentais e teóricas das vigas
expostas aos ambientes, sem e com redução das propriedades, também ficou próxima a 1,0
além de apresentar modos de ruína semelhantes.

É possível constatar que, apesar do coeficiente de redução ambiental ( C E ) minorar a

resistência a tração e deformação última do compósito de CFRP, a redução da carga última


das vigas mantidas em ambiente laboratorial e expostas às intempéries se deve
principalmente à redução das propriedades mecânicas do concreto experimentalmente
avaliado e não da aplicação do coeficiente de redução ambiente ( C E ).
101

5. CONCLUSÕES
Este trabalho é baseado na análise do comportamento mecânico, em longo prazo, de
materiais intervenientes e vigas de concreto armado reforçadas à flexão com mantas de
fibra de carbono (CFRP) aplicadas segundo a técnica EBR.

Para tal, um programa experimental foi conduzido no intuito de avaliar a possível


degradação natural dos materiais constituintes do sistema de reforço e das vigas de
concreto armado reforçadas, frente sua exposição em ambiente laboratorial (interno e
protegido) e às intempéries (exposição exterior), para com isto obter parâmetros para balizar
um futuro modelo de previsão de vida útil do sistema de reforço.

Com base nos resultados obtidos notou-se que a evolução do tempo de cura, de 7
para 14 dias, das resinas epoxídicas do tipo primer e de laminação expostas em ambiente
laboratorial resultaram em valores estatisticamente equivalentes, ou seja, o tempo de cura
não afetou as propriedades mecânicas dos corpos de prova, nem o comportamento do
diagrama tensão-deformação destes materiais.

Ainda em relação à exposição em ambiente laboratorial das resinas epoxídicas, foi


possível constatar que a resina de laminação apresentou perdas de 23,8 e 19,2% na
resistência a tração e módulo de elasticidade após os 8 meses de exposição,
respectivamente, além de alteração no modo de ruptura, enquanto a resina do tipo primer
permaneceu com suas propriedades estatisticamente inalteradas.

Da análise da resina epoxídica do tipo primer expostas a intempéries observou-se


para os ensaios realizados após 4 e 8 meses de exposição reduções de 39 e 50% da
resistência a tração, respectivamente, além da alteração no modo de ruptura das amostras,
enquanto o módulo de elasticidade resultou em valores estatisticamente equivalentes.

Da análise da resina epoxídica de laminação exposta por 4 e 8 meses a intempéries


verificou-se que a resistência a tração foi reduzida em cerca de 64 e 70%, respectivamente,
da condição de referência, com 14 dias de cura, Verificou-se também que o modo de ruptura
alterou de dúctil para frágil sem que ocorresse plastificação. Com relação ao módulo de
elasticidade, contatou-se que até os 4 meses de exposição os valores foram
estatisticamente similares, porém, após os 8 meses, foi verificada uma redução de 18,2% no
módulo de elasticidade quando comparado com a condição de referência.

Para os compósitos de CFRP, expostos em ambiente laboratorial e às intempéries,


não foram verificados aumentos em suas propriedades mecânicas ao longo da evolução
102

temporal do tempo de cura de 7 para 14 dias, os seja, os resultados dos ensaios foram
estatisticamente equivalentes.

Notou-se ainda que os ensaios realizados após os 8 meses de exposição aos


ambientes resultaram em propriedades mecânicas estatisticamente equivalentes a dos
ensaios de referência, com 14 dias de cura, sendo verificada apenas uma redução de 18%
na resistência a tração após 4 meses de exposição a intempéries.

Com base nos resultados obtidos nos ensaios das vigas verificou-se a eficiência do
reforço com mantas de CFRP aplicadas segundo a técnica EBR.

Tendo como base o comportamento das vigas de referência, e levando em


consideração o início do escoamento do aço, constatou-se que o reforço proporcionou um
aumento de 28% da rigidez junto com o incremento médio da capacidade de carga de 16%.
Para a máxima força registrada, um aumento médio da capacidade de carga de 50% foi
verificado.

Para as vigas reforçadas expostas aos ambientes, notou-se que as mesmas


mantiveram o incremento de carga e rigidez proporcionado pelo sistema de reforço. Para o
início do escoamento do aço das vigas expostas em ambiente laboratorial e às intempéries,
observou-se um aumento médio da capacidade de carga de 4,5 e 9,6%, respectivamente, e
um aumento da rigidez de 25,5%.

Para a máxima força registrada nas vigas expostas em ambiente laboratorial e às


intempéries e levando em consideação os resultados médios das vigas de referência sem
reforço, foi verificado um incremento médio da capacidade de carga de 43,9 e 38,3%,
respectivamente.

No entanto, foi possível constatar que, tanto a carga de início de escoamento da


armadura longitudinal quando a força última registrada nas vigas expostas sofreram
reduções quando comparadas às vigas de referência reforçadas. A carga de início de
escoamento apresentou uma redução de 12,6 e 8,4% e a força máxima uma redução de 6,4
e 10% para as vigas expostas em ambiente laboratorial e às intempéries, respectivamente.

Para o grau de mobilização médio atingido pelo compósito de CFRP observou-se


para as vigas de referência reforçadas uma mobilização inferior (77% de mobilização) ao
preconizado pelo fabricante da fibra de carbono (mobilização máxima preconizada 82,6%),
enquanto para as vigas expostas em ambiente laboratorial e a intempéries o grau de
mobilização foi superior ao sugerido (83,6 e 87,5%, respectivamente).

Em relação aos modos de ruína, contatou-se que a utilização do sistema de reforço


CFRP EBR alterou a ruptura dos elementos reforçados. Notou-se que as vigas de referência
103

sem reforço apresentaram uma ruptura dúctil governada pela deformação acentuada da
armadura longitudinal enquanto as vigas reforçadas (de referência e expostas aos
ambientes) uma ruptura frágil com o destacamento da manta de CFRP aderida ao substrato
de concreto.

Levando-se em consideração a durabilidade do sistema de reforço e as reduções na


resistência a flexão das vigas reforçadas expostas às intempéries, estima-se que a
degradação tenha ocorrido na resina epoxídica localizada na interface adesivo/substrato de
concreto, o que ocasionou a descolagem prematura da manta de CFRP.

Com base nos resultados obtidos nos ensaios de arrancamento direto, foi possível
verificar que não houve alteração quantos aos modos de ruptura. Os ensaios realizados nas
vigas de referência e expostas aos ambientes apresentaram uma ruptura no concreto e não
na interface concreto/adesivo/CFRP. Verificaram-se apenas pequenas reduções na tensão
de aderência ao longo dos ensaios realizados.

Com base na comparação entre os resultados teóricos e experimentais foi possível


observar para as vigas de referência sem reforço, as quais foram dimensionadas seguindo
as premissas das normas ABNT NBR 6118 (2014) e ACI 318 (2014), apresentam valores
próximos para carga última, além de modos de ruptura equivalentes. No entanto, ao aplicar
os coeficientes de minoração nas propriedades notou-se valores de cargas últimas
relativamente distantes.

Para a comparação entre os resultados teóricos e experimentais das vigas de


referência reforçadas (sem e com redução das propriedades), as quais foram
dimensionadas com base na norma ACI 440.2R (2017), verificou-se valores próximos de
carga última, além de modos de ruptura semelhantes. Notou-se ainda que a ACI 440.2R
(2017) se mostra conservadora no dimensionamento de vigas de concreto reforçadas
externamente com mantas de CFRP.

Para o dimensionamento teórico das vigas reforçadas expostas em ambiente

laboratorial e às intempéries foi aplicado o coeficiente de redução ambiente ( CE ), presente

na ACI 440.2R (2017). Nesse caso, também foram observados valores próximos de carga
última quando realizada a comparação entre os resultados teóricos e experimentais. Os
modos de ruptura também se mostraram semelhantes.

Observou-se ainda que, o coeficiente de redução ambiental ( CE ) reduziu apenas as

propriedades mecânicas do compósito de CFRP (resistência a tração e deformação última),


sendo que, as perdas da resistência teórica a flexão das vigas expostas aos ambientes foi
104

causada principalmente pela redução das propriedades do concreto experimentalmente


avaliado.

5.1 SUGESTÃO PARA TRABALHOS FUTUROS

Tendo em vista os resultados obtidos com a elaboração deste trabalho, sugere-se


para dar continuidade no tema de comportamento e durabilidade do sistema de reforço com
compósitos de CFRP aplicado em vigas de concreto armado, trabalhos futuros que abordem
as seguintes questões:

 Durabilidade de vigas de concreto armado reforçadas externamente com


mantas de CFRP e expostas a ciclos de umidade e umidade constante.

 Comportamento de vigas de concreto armado reforçadas com camadas de


mantas de CFRP expostas a ciclos de envelhecimento acelerado.

 Simulação numérica da degradação do sistema de reforço com mantas de


CFRP aplicados em vigas de concreto.

 Comportamento e durabilidade de vigas de concreto armado confeccionadas


com barras de CFRP.

 Influência da temperatura elevada em elementos de concreto armado


reforçados com mantas de CFRP.

 Análise in loco da atual situação de pontes e viadutos reforçados


externamente com mantas de CFRP.

 Aprimoramento dos modelos numéricos disponíveis para simular o


comportamento de vigas de concreto reforçadas com mantas de CFRP e
expostas a ambientes agressivos.

 Desenvolvimento de um modelo numérico para previsão da vida útil de


elementos de concreto reforçados externamente com compósitos de CFRP.

 Caracterização dos materiais constituintes do sistema de reforço expostos a


ambientes agressivos, tais como ciclos de gelo-degelo, temperatura,
carbonatação, dentre outros.

 Elaboração de um modelo numérico que leve em consideração a interface


concreto/adesivo/manta de CFRP.
105

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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111

APÊNDICES

APÊNDICE A – CRONOGRAMA DE ENSAIOS DAS VIGAS E DOS MATERIAIS


CONSTITUINTES DO SISTEMA DE REFORÇO

A Tabela A.1 apresenta o cronograma de ensaios das vigas e dos materiais constituintes do
sistema de reforço.

Tabela A.1: Cronograma de ensaio das vigas e dos materiais constituintes do sistema
de reforço
Período de realização dos ensaios
Mês
Material Tipo
2017 2018
Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov
Lab
Viga
Wea

CP de Lab
concreto Wea

Resina Lab
A
Wea

Resina Lab
B Wea
Lab
CFRP
Wea
Data da confecção dos corpos de prova
Data da realização dos ensaios de referência
Data da realização dos ensaios após a exposição aos ambientes
Período de exposição aos ambientes
Período que antecedeu aos ensaios de referência (elementos mantidos em laboratório)
Fonte: O Autor

Por meio do cronograma é possível verificar as datas de realização dos ensaios de


referência, o período no qual as vigas e os materiais ficaram expostos e as datas dos
ensaios após a exposição aos ambientes.
112

APÊNDICE B – DIAGRAMAS INDIVIDUAIS DE TENSÃO VERSUS DEFORMAÇÃO DAS


RESINAS EPOXÍDICAS E DOS COMPÓSITOS DE CFRP

As Figuras B.1 à B.6 apresentam os diagramas individuais de tensão versus deformação


das resinas epoxídicas e dos compósitos de CFRP.

Figura B.1: Diagramas tensão versus deformação das resinas do tipo primer expostas
em ambiente laboratorial
60 60

50 50

40

Tensão (MPa)
40
Tensão (MPa)

30 30

20 20

10 Média 10 Média
REF_7DIAS REF_14DIAS
0 0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Deformação (‰) Deformação (‰)
(a) (b)
60 60

50 50
Tensão (MPa)

40 40
Tensão (MPa)

30 30

20 20

10 10 Média
Média
LAB_4MESES LAB_8MESES
0 0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Deformação (‰) Deformação (‰)
(c) (d)
Fonte: O Autor
113

Figura B.2: Diagramas tensão versus deformação das resinas de laminação expostas
em ambiente laboratorial.
60 60

50 50

40 40

Tensão (MPa)
Tensão (MPa)

30 30

20 20

10 Média
10
Média
REF_7DIAS REF_14DIAS
0 0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Deformação (‰) Deformação (‰)
(a) (b)
60 60

50 50
Tensão (MPa)

40 40
Tensão (MPa)

30 30

20 20

10 10 Média
Média
LAB_4MESES LAB_8MESES
0 0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Deformação (‰) Deformação (‰)
(c) (d)
Fonte: O Autor
114

Figura B.3: Diagramas tensão versus deformação dos compósitos de CFRP expostos
ao ambiente laboratorial
4000 4000

3000 3000
Tensão (MPa)

Tensão (MPa)
2000 2000

1000 1000
Média Média
REF_7DIAS REF_14DIAS
0 0
0 5 10 15 20 0 5 10 15 20
Deformação (‰) Deformação (‰)
(a) (b)
4000 4000

3000 3000
Tensão (MPa)

Tensão (MPa)

2000 2000

1000 1000
Média Média
LAB_4MESES LAB_8MESES
0 0
0 5 10 15 20 0 5 10 15 20
Deformação (‰) Deformação (‰)
(c) (d)
Fonte: O Autor
115

Figura B.4: Diagramas tensão versus deformação das resinas do tipo primer expostas
a intempéries
60 60

50 50

40

Tensão (MPa)
40
Tensão (MPa)

30 30

20 20

10 10 Média
Média
REF_7DIAS REF_14DIAS
0 0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Deformação (‰) Deformação (‰)
(a) (b)
60 60

50 50
Tensão (MPa)

40 40
Tensão (MPa)

30 30

20 20

10 Média
10 Média
WEA_4MESES WEA_8MESES
0 0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Deformação (‰) Deformação (‰)
(c) (d)
Fonte: O Autor
116

Figura B.5: Diagramas tensão versus deformação das resinas de laminação expostas
a intempéries
60 60

50 50

40 40
Tensão (MPa)

Tensão (MPa)
30 30

20 20

10 Média 10
Média
REF_7 DIAS REF_14DIAS
0 0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Deformação (‰) Deformação (‰)
(a) (b)
60 60

50 50

40 40
Tensão (MPa)
Tensão (MPa)

30 30

20 20

10 Média 10 Média
WEA_4MESES WEA_8MESES
0 0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Deformação (‰) Deformação (‰)
(c) (d)
Fonte: O Autor
117

Figura B.6: Diagramas tensão versus deformação dos compósitos de CFRP expostos
às intempéries
4000 4000

3000 3000
Tensão (MPa)

Tensão (MPa)
2000 2000

1000 1000
Média Média
REF_7DIAS REF_14DIAS
0 0
0 5 10 15 20 0 5 10 15 20
Deformação (‰) Deformação (‰)
(a) (b)
4000 4000

3000 3000
Tensão (MPa)
Tensão (MPa)

2000 2000

1000 1000
Média Média
WEA_4MESES WEA_8MESES
0 0
0 5 10 15 20 0 5 10 15 20
Deformação (‰) Deformação (‰)
(c) (d)
Fonte: O Autor
118

APÊNDICE C – DESLOCAMENTO LATERAL DA FACE SUPERIOR DAS VIGAS NA


SEÇÃO DE APOIO E DELOCAMENTO DO PERFIL METÁLICO

As Figuras C.1 a C.8 apresentam os resultados do deslocamento lateral da face superior


das vigas na seção de apoio e o deslocamento do perfil metálico do dispositivo de ensaio.

V_REF_0

Figura C.1: Força versus deslocamento lateral da face superior da viga na seção de
apoio
45
V1_REF_0 (130305)
40 V1_REF_0 (130304)
35 V2_REF_0 (130305)
V2_REF_0 (130304)
30
Força (kN)

25
20
15
10 LVDT 130304 F LVDT 130305
(25mm) (25mm)
5
0
-2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8
Deslocamento LVDT (mm)
Fonte: O Autor

Figura C.2: Força versus deslocamento do perfil metálico


45
V1_REF_0 (173905)
40 V1_REF_0 (173906)
35 V2_REF_0 (173905)
V2_REF_0 (173906)
30
Força (kN)

25
20
15
10
5 Potenciômetro Potenciômetro
173905 (20mm) 173906 (20mm)

0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0
Deslocamento (mm)
Fonte: O Autor
119

V_REF_CFRP

Figura C.3: Força versus deslocamento lateral da face superior da viga na seção de
apoio
45
V1_REF_CFRP (130305)
40 V1_REF_CFRP (130304)
V2_REF_CFRP (130305)
35 V2_REF_CFRP (130304)
30
Força (kN)

25
20
15
10 LVDT 130304 F LVDT 130305
(25mm) (25mm)

5
0
-2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8
Deslocamento LVDT (mm)
Fonte: O Autor

Figura C.4: Força versus deslocamento do perfil metálico


45
V1_REF_CFRP (173905)
40 V1_REF_CFRP (173906)
V2_REF_CFRP (173905)
35 V2_REF_CFRP (173906)

30
Força (kN)

25
20
15
10
Potenciômetro
5 Potenciômetro
173905 (20mm) 173906 (20mm)

0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0
Deslocamento (mm)
Fonte: O Autor
120

V_LAB_CFRP

Figura C.5: Força versus deslocamento lateral da face superior da viga na seção de
apoio
45
40
35
30
Força (kN)

25 V1_LAB_CFRP (130305)
V1_LAB_CFRP (130304)
20 V2_LAB_CFRP (130305)
V2_LAB_CFRP (130304)
15
10 LVDT 130304 F LVDT 130305
(25mm) (25mm)

5
0
-2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8
Deslocamento LVDT (mm)
Fonte: O Autor

Figura C.6: Força versus deslocamento do perfil metálico


45
40
35
30
Força (kN)

25
V1_LAB_CFRP (173905)
20 V2_LAB_CFRP (173906)
V1_LAB_CFRP (173905)
15 V2_LAB_CFRP (173906)
10
5 Potenciômetro Potenciômetro
173905 (20mm) 173906 (20mm)

0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0
Deslocamento (mm)
Fonte: O Autor
121

V_WEA_CFRP

Figura C.7: Força versus deslocamento lateral da face superior da viga na seção de
apoio
45
V1_WEA_CFRP (130305)
40 V1_WEA_CFRP (130304)
V2_WEA_CFRP (130305)
35 V2_WEA_CFRP (130304)
30
Força (kN)

25
20
15
10 LVDT 130304 F LVDT 130305
(25mm) (25mm)

5
0
-2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8
Deslocamento LVDT (mm)
Fonte: O Autor

Figura C.8: Força versus deslocamento do perfil metálico


45
40
35
30
Força (kN)

25
20
V1_WEA_CFRP (173905)
15 V1_WEA_CFRP (173906)
V2_WEA_CFRP (173905)
10 V2_WEA_CFRP (173906)

5
Potenciômetro Potenciômetro
173905 (20mm) 173906 (20mm)
0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0
Deslocamento (mm)
Fonte: O Autor
122

APÊNDICE D – MODELOS DE DIMENSIONAMENTO DAS VIGAS

APÊNDICE D.1 – MODELO DE DIMENSIONAMENTO DAS VIGAS DE REFERÊNCIA


SEGUNDO AS NORMAS TÉCNICAS

Apresentam-se a seguir o modelo de dimensionamento utilizado no cálculo do momento


resistente das vigas de referência. Para este dimensionamento não foram aplicados os
coeficiente de minoração das propriedades dos materiais experimentalmente encontradas,
sendo assim, foram utilizados os seguintes valores:

f c  28,5MPa
Ec  31, 6GPa
f y  547,38MPa
E y  196,89GPa
f fu  3153,16 MPa
 fu  1, 28%
E f  248,12GPa
CE  1

Os resultados dos dimensionamentos abaixo são apresentados na Tabela 18 no item “Sem


redução das propriedades”.

D.1.1 FLEXÃO SEGUNDO A ABNT NBR 6118 (2014)

A determinação da resistência à flexão das vigas de referência sem reforço foi baseada na
ABNT NBR 6118 (2014), com o uso do diagrama simplificado de distribuição de tensões e
deformações de uma viga de seção retangular com armadura simples (Figura C.1.1).

Figura D.1.1: Diagrama de tensão e deformação de uma viga de seção retangular


c.fcd
ecd

Rcc Rcc
y = .x
A'c x
M
d
h L.N.
z
As
d-x
As Rst esd Rst

bw

Fonte: O Autor
123

Para o cálculo do máximo momento resistente foram utilizadas as formulações

apresentadas nas Equações 1 a 3, onde M é o momento resistente, As é a área da

armadura longitudinal, fy é a tensão de escoamento do aço, d é a altura útil,  é o valor


definido em 0,8 para a altura do diagrama retangular simplificado da distribuição de tensões

do concreto comprimido de resistência até 50 MPa, x é a profundidade da linha neutra, c


é igual ao valor de 0,85 da tensão máxima de compressão para concretos até 50 MPa e fc
é a resistência característica do concreto.

  .x    0,8.0, 036  
M  As . f y .  d    1,57.54, 73.  0,175      13, 77kN .m (1)
 2    2 

 . x    0,8.0, 036  
M   c .. bw . f c .  d    0,85.0,8.0,12.28500.  0,175      13, 77 kN.m (2)
 2    2 

As . f y 1,57.54, 73
x   0, 036m (3)
 c ..bw . f c 0,85.0,8.0,12.28500

D.1.2 FLEXÃO SEGUNDO A ACI 318 (2014)

Com relação ao dimensionamento segundo o ACI 318 (2014), esta recomendação também
permite como simplificação o uso de um diagrama retangular equivalente para tensão no
concreto, tal como apresenta a Figura D.1.2.

Figura D.1.2: Diagrama retangular equivalente


b ecu 0,85.f 'c

a/2 Cc
c 1.c = a
Linha
Neutra
d
h d - a/2

As T

es = ey fs = fy
(a) Seção Transversal (b) Distribuição das Deformações (c) Distribuição das Tensões (d) Forças Internas

Fonte: O Autor
124

Os valores de 1 variam de acordo com a classe de resistência a compressão do concreto (

f c' ) e possuem os valores apresentados na Equação 4.

 0,85 para f c'  28MPa



 0, 05.( f c'  28)
1 0,85  para 28  f c1  55MPa (4)
 7
 0, 65 para f c'  55MPa

Logo, por intermédio da Equação 5, calcula-se a profundidade do bloco retangular

equivalente ( a ), onde f c' é a resistência característica à compressão do concreto, As é

área de armadura tracionada, fy é a tensão de escoamento do aço e b é a largura da

seção transversal do elemento analisado.

As . f y 157.547,38
a '
  29,58mm (5)
0,85 . f . b c 0,85.28,5.120

A linha neutra ( c ) é calculada por meio da Equação 6.

a 29,58
c   34,96mm  3, 49cm (6)
1 0,846

A altura útil ( d ) é obtida por intermediário da Equação 7, onde ( h ) é a altura da seção

transversal, ( c ) é o cobrimento, estr é o diâmetro do estribo e long é o diâmetro da

armadura longitudinal tracionada. Portanto,

long 0,01
d  h  c   estr   0, 2  0,015  0,005   0,175m (7)
2 2
125

A deformação do aço (  s ) é obtida a partir da compatibilidade de deformações apresentada

na Equação 8. A norma ACI 318 (2014) considera que a deformação última no concreto (  cu )

possui valor de 3‰. Assim:

 d c   0,175  0, 0349 
s     cu    .0, 003  0, 012 (8)
 c   0, 0349 

Desta forma, quando o aço está escoando (ou seja,  s   sy , equação 9), obtém-se o

momento resistido pela seção ( M ) por intermédio da Equação 10.

fy 547,38
 sy    0, 00278 (9)
E 196890

 a  29,58 
M  As . f y .  d    157.547,38.175    13770000 N .mm  13,77kN .m (10)
 2  2 

D.1.3 RESISTÊNCIA TEÓRICA APÓS A APLICAÇÃO DO REFORÇO (VIGAS DE


REFERÊNCIA REFORÇADAS)

Para o cálculo da resistência teórica das vigas de referência após a aplicação do sistema de
reforço CFRP EBR foram consideradas as recomendações da ACI 440.2R (2017). A
esquematização do equilíbrio de forças de uma viga de concreto armado reforçada com
mantas de CFRP segundo a técnica EBR pode ser verificada na Figura D.1.3.

Figura D.1.3: Equilíbrio de forças da seção reforçada


b
ec 1.f'c

Fc c Fc
c
Linha
Neutra

d
df

es Fs ou F y Fs ou F y
Ffe Ffe
Af efe ebi
Fonte: ACI 440.2R (2017)
126

No cálculo do máximo momento resistente da viga reforçada foram utilizadas as


formulações apresentadas nas Equações 11 a 22. Por meio da Equação 11 foi cálculado a

deformação máxima permitida para o CFRP (  fd ), onde f c' é a resistência característica do

concreto, n é o número de camadas de CFRP, Ef é o módulo de elasticidade da fibra de

carbono, tf é a espessura e  fu é a deformação do CFRP.

f c' 28,50
 fd  0, 41.  0, 41.  0, 01047
n . E f .t f 1.248120.0,176
(11)
 fd  0,9. fu  0,9.0, 0128  0, 0115
  fd  0, 01047

Logo, arbitra-se uma posição inicial para a posição da linha neutra ( c ) para se encontrar a

deformação efetiva (  fe ) e a tensão de ruptura do CFRP ( f fe ), cujos valores são obtidos por

intermédio das Equações 12 e 13. Note-se que  cu é a deformação última do concreto (3‰),

df é a altura útil do reforço a flexão e  bi é a deformação pré-existente no concreto no

momento da instalação do reforço.

 d c   20  5,34 
 fe   cu .  f    bi  0, 003.    0, 000069  0, 0081
 c   5,34 
(12)
 fe   fd
  fe  0, 0081

f fe  E f . fe  248120.0,0081  2023,14MPa (13)

Assim, a deformação (  s ) e a tensão ( fs ) na armadura longitudinal, assim como a

deformação no concreto (  c ), foram determinados na sequência com o uso das Equações

14 a 16.
127

 d c   17, 5  5, 34 
 s    fe   bi  .   (0, 0081  0, 000069).    0, 0068
 d  c   20  5, 34 
(14)
 f 

f s  Es . s  196890.0,0068  1342,79  f y  547,38 (15)

 c   5, 34 
 c    fe   bi  .   (0, 0081  0, 000069).    0, 003
 d  c   20  5, 34 
(16)
 f 

Uma vez que os níveis de tensão e deformação no CFRP e na armadura longitudinal foram
determinados, o equilíbrio interno da seção foi encontrado com o uso das Equações 17 a 20

onde  c' é a deformação máxima do concreto não confinado, Ec é o módulo de elasticidade

do concreto, 1 é razão de profundidade do bloco retangular das tensões de compressão,

1 é um parâmetro definido para seção retangular de blocos de concreto a compressão, As

é a área de aço da seção, Af é a área da seção tranversal da fibra de carbono, fs é a

tensão de escoamnto do aço e f fe é a tensão na fibra de carbono.

1, 71. f c' 1, 71.28,5


 
'
c   0, 00154 (17)
Ec 31570

4. c'   c 4.0, 00154  0, 003


1    0,97 (18)
6. c  2. c 6.0, 00154  2.0, 003
'

3. c' . c   c2 3.000154.0, 003  0, 0032


1    0, 70 (19)
3.1. c'2 3.0,97.0, 001542

As . f s  Af . f fe 157. 547,38 19,3. 2023,14


c   53, 46mm (20)
1. f . 1 . b
c
'
0, 70. 28,5. 0,97.120

Por fim, após a posição da linha neura ( c ) atender simultaneamente as Equações 13 a 16 e


20, o momento resistente ( M ) do elemento reforçado pode ser encontrado com o uso da
128

Equação 21, onde Fs é a força resultante da armadura tracionada, f é o fator de redução

(0,85) baseado em análises de confiabilidade de elementos reforçados a flexão e Ff é a

força resultante da fibra de carbono tracionada.

  .c   0,97.53, 4 
M s  Fs .  d  1   85982, 45. 175    12810083,5 N .mm  12,81kN .m
 2   2 
  .c   0,97.53, 4 
M f   f .Ff .  d f  1   0,85.39167,99.  200    5792442, 4 N .mm  5, 79kN .m (21)
 2   2 
M  M s  M f  12,81  5, 79  18, 60kN .m

APÊNDICE D.2 – MODELO DE DIMENSIONAMENTO DAS VIGAS REFORÇADAS


EXPOSTAS EM AMBIENTE LABORATORIAL

Apresentam-se a seguir o modelo de dimensionamento utilizado no cálculo do momento


resistente das vigas reforçadas expostas em ambiente laboratorial. Para este
dimensionamento também não foram aplicados os coeficiente de minoração das
propriedades dos materiais experimentalmente encontradas apenas o coeficiente de
redução ambiente ( C E ), sendo assim, foram utilizados os seguintes valores:

f c  27, 4MPa
Ec  25, 2GPa
f y  547,38MPa
E y  196,89GPa
f fu  2995,502MPa
 fu  1, 216%
E f  248,12GPa
C E  0,95

Os resultados dos dimensionamentos abaixo são apresentados na Tabela 20 no item “Sem


redução das propriedades”.

D.2.1 RESISTÊNCIA TEÓRICA APÓS A APLICAÇÃO DO REFORÇO (VIGAS


REFORÇADAS EXPOSTAS EM AMBIENTE LABORATORIAL)

Para o cálculo da resistência teórica das vigas reforçadas expostas em ambiente laboratorial
também foram consideradas as recomendações da ACI 440.2R (2017). A esquematização
129

do equilíbrio de forças de uma viga de concreto armado reforçada com mantas de CFRP
segundo a técnica EBR pode ser verificada na Figura D.2.1.

Figura D.2.1: Equilíbrio de forças da seção reforçada


b
ec 1.f'c

Fc c Fc
c
Linha
Neutra

d
df

es Fs ou F y Fs ou F y
Ffe Ffe
Af efe ebi
Fonte: ACI 440.2R (2017)

No cálculo do máximo momento resistente da viga reforçada foram utilizadas as


formulações apresentadas nas Equações 11 a 22. Por meio da Equação 11 foi cálculado a

deformação máxima permitida para o CFRP (  fd ).

f c' 27, 40
 fd  0, 41.  0, 41.  0, 01027
n . E f .t f 1.248120.0,176
(11)
 fd  0,9. fu  0,9.0, 01216  0, 0109
  fd  0, 01027

Logo, arbitra-se uma posição inicial para a posição da linha neutra ( c ) para se encontrar a

deformação efetiva (  fe ) e a tensão de ruptura do CFRP ( f fe ), cujos valores são obtidos por
intermédio das Equações 12 e 13.

 d c   20  5,59 
 fe   cu .  f    bi  0, 003.    0, 000069  0, 0076
 c   5,59 
(12)
 fe   fd
  fe  0, 0076

f fe  E f . fe  248120.0,0076  1899,79MPa (13)


130

Assim, a deformação (  s ) e a tensão ( fs ) na armadura longitudinal, assim como a

deformação no concreto (  c ), foram determinados na sequência com o uso das Equações

14 a 16.

 d c   17, 5  5, 59 
 s    fe   bi  .    (0, 0076  0, 000069).    0, 0063 (14)
 d c   20  5, 59 
 f 

f s  Es . s  196890.0,0063  1257,14  f y  547,38 (15)

 c   5, 59 
 c    fe   bi  .   (0, 0076  0, 000069).    0, 003
 d  c   20  5, 59 
(16)
 f 

Uma vez que os níveis de tensão e deformação no CFRP e na armadura longitudinal foram
determinados, o equilíbrio interno da seção foi encontrado com o uso das Equações 17 a 20.

1, 71. f c' 1, 71.27, 4


 
'
c   0, 00150 (17)
Ec 31200

4. c'   c 4.0, 00150  0, 003


1    1, 00 (18)
6. c  2. c 6.0, 00150  2.0, 003
'

3. c' . c   c2 3.000150.0, 003  0, 0032


1    0, 67 (19)
3.1. c'2 3.0,97.0, 001502

As . f s  Af . f fe 157. 547,38 19,3.1899, 79


c   54,94mm (20)
1. f . 1 . b
c
'
0, 67. 27, 4.1, 00.120

Por fim, após a posição da linha neura ( c ) atender simultaneamente as Equações 13 a 16 e


20, o momento resistente ( M ) do elemento reforçado pode ser encontrado com o uso da
Equação 21.
131

  .c   1, 00.55,9 
M s  Fs .  d  1   85982, 45. 175    12644723, 0 N .mm  12, 64kN .m
 2   2 
  .c   1, 00.55,9 
M f   f .Ff .  d f  1   0,85.36779,93.  200    5379153, 7 N .mm  5,37kN .m (21)
 2   2 
M  M s  M f  12, 64  5,37  18, 01kN .m

APÊNDICE D.3 – MODELO DE DIMENSIONAMENTO DAS VIGAS REFORÇADAS


EXPOSTAS ÀS INTEMPÉRIES

Apresentam-se a seguir o modelo de dimensionamento utilizado no cálculo do momento


resistente das vigas reforçadas expostas às intempéries. Para este dimensionamento
também não foram aplicados os coeficiente de minoração das propriedades dos materiais
experimentalmente encontradas apenas o coeficiente de redução ambiente ( C E ), sendo

assim, foram utilizados os seguintes valores:

f c  25, 2 MPa
Ec  28,5GPa
f y  547,38MPa
E y  196,89GPa
f fu  2680,18MPa
 fu  1, 088%
E f  248,12GPa
C E  0,85

Os resultados dos dimensionamentos abaixo são apresentados na Tabela 20 no item “Sem


redução das propriedades”.

D.3.1 RESISTÊNCIA TEÓRICA APÓS A APLICAÇÃO DO REFORÇO (VIGAS


REFORÇADAS EXPOSTAS ÀS INTEMPÉRIES)

Para o cálculo da resistência teórica das vigas reforçadas expostas às intempéries também
foram consideradas as recomendações da ACI 440.2R (2017). A esquematização do
equilíbrio de forças de uma viga de concreto armado reforçada com mantas de CFRP
segundo a técnica EBR pode ser verificada na Figura D.3.1.
132

Figura D.3.1: Equilíbrio de forças da seção reforçada


b
ec 1.f'c

Fc c Fc
c
Linha
Neutra

d
df

es Fs ou F y Fs ou F y
Ffe Ffe
Af efe ebi
Fonte: ACI 440.2R (2017)

No cálculo do máximo momento resistente da viga reforçada foram utilizadas as


formulações apresentadas nas Equações 11 a 22. Por meio da Equação 11 foi cálculado a

deformação máxima permitida para o CFRP (  fd ).

f c' 25, 2
 fd  0, 41.  0, 41.  0, 00985
n . E f .t f 1.248120.0,176
(11)
 fd  0,9. fu  0,9.0, 01088  0, 00979
  fd  0, 00979

Logo, arbitra-se uma posição inicial para a posição da linha neutra ( c ) para se encontrar a

deformação efetiva (  fe ) e a tensão de ruptura do CFRP ( f fe ), cujos valores são obtidos por
intermédio das Equações 12 e 13.

 df c   20  5,90 
 fe   cu .     bi  0, 003.    0, 000069  0, 00709
 c   5,90 
(12)
 fe   fd
  fe  0, 00709

f fe  E f . fe  248120.0,00709  1758,53MPa (13)


133

Assim, a deformação (  s ) e a tensão ( fs ) na armadura longitudinal, assim como a

deformação no concreto (  c ), foram determinados na sequência com o uso das Equações

14 a 16.

 d c   17, 5  5, 90 
 s    fe   bi  .   (0, 00709  0, 000069).    0, 0058
 d  c   20  5, 90 
(14)
 f 

f s  Es . s  196890.0,0058  1159,06  f y  547,38 (15)

 c   5, 90 
 c    fe   bi  .   (0, 00709  0, 000069).    0, 003
 d  c   20  5, 90 
(16)
 f 

Uma vez que os níveis de tensão e deformação no CFRP e na armadura longitudinal foram
determinados, o equilíbrio interno da seção foi encontrado com o uso das Equações 17 a 20.

1, 71. f c' 1, 71.25, 2


 c'    0, 00151 (17)
Ec 31200

4. c'   c 4.0, 00151  0, 003


1    0,99 (18)
6. c  2. c 6.0, 00151  2.0, 003
'

3. c' . c   c2 3.000151.0, 003  0, 0032


1    0, 68 (19)
3.1. c'2 3.0,99.0, 001512

As . f s  Af . f fe 157. 547,38 19,3.1758,53


c   59, 08mm (20)
1. f . 1 . b
c
'
0, 67. 25, 2. 0,99.120

Por fim, após a posição da linha neura ( c ) atender simultaneamente as Equações 13 a 16 e


20, o momento resistente ( M ) do elemento reforçado pode ser encontrado com o uso da
Equação 21.
134

  .c   0,99.59, 0 
M s  Fs .  d  1   85982, 45. 175    12526992, 7 N .mm  12,52kN .m
 2   2 
  .c   0,99.59, 0 
M f   f .Ff .  d f  1   0,85.34045,14.  200    4939567, 7 N .mm  4,93kN .m (21)
 2   2 
M  M s  M f  12,52  4,93  17, 45kN .m
135

APÊNDICE E – DEFORMAÇÃO NOS SG 3 E 5 DO COMPÓSITO DE CFRP

As Figuras E.1 a E.3 apresentam as deformações verificadas nos extensômetros elétricos,


SG3 e SG5, aplicados no compósito de CFRP das vigas de reforçadas de referência e
expostas em ambiente laboratorial e intempéries, respectivamente.

Nota-se que os gráficos de força versus deformação do compósito de CFRP para a viga
V1_LAB_CFRP não foram apresentados devido a falha mecânica no extensômetro elétrico.

Figura E.1: Força versus deformação ao longo do compósito de CFRP das vigas de
referência reforçadas
45
40
35
V1_REF_CFRP (SG3)
30
V1_REF_CFRP (SG5)
Força (kN)

25 V2_REF_CFRP (SG3)
V2_REF_CFRP (SG5)
20
15
SG3 SG5

10 Camada de CFRP ÃO OIO


AÇ AP
5 PLIC RGA
A CA
DE
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Deformação (‰)
Fonte: O Autor

Figura E.2: Força versus deformação ao longo do compósito de CFRP das vigas
reforçadas expostas em ambiente laboratorial
45
40
35
30
Força (kN)

25 V2_LAB_CFRP (SG3)
V2_LAB_CFRP (SG5)
20
15
SG3 SG5
10
Camada de CFRP ÃO
OIO AÇ OIO
AP LIC GA AP
5 AP CAR
E
D
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Deformação (‰)
Fonte: O Autor
136

Figura E.3: Força versus deformação ao longo do compósito de CFRP das vigas
reforçadas expostas a intempéries
45
40
35
30

Força (kN)
V1_WEA_CFRP (SG3)
25 V1_WEA_CFRP (SG5)
V2_WEA_CFRP (SG3)
20
V2_WEA_CFRP (SG5)
15
SG3 SG5
10
OIO Camada de CFRP ÃO OIO
AP AÇ AP
LIC GA
5 AP CAR
DE
0
0 2 4 6 8 10 12
Deformação (‰)
Fonte: O Autor
137

ANEXO

ANEXO A – CATÁLOGO DO FABRICANTE DA FIBRA DE CARBONO

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