Documento de Vanessa
Documento de Vanessa
Documento de Vanessa
DEFICIÊNCIA
THE PSYCHOMOTOR PRACTICE DEVELOPED IN CHILDREN WITH
DISABILITIES
LA PRÁCTICA PSICOMOTORA DESARROLLADA EN NIÑOS CON
DISCAPACIDAD
Resumo
Este estudo teve como objetivo investigar, através de uma pesquisa bibliográfica, como se
processam as práticas psicomotoras em crianças com deficiência. Trata-se de uma revisão
sistemática e cunho qualitativo nos bancos de dados como: LILACS, CAPES, SCIELO e
PEPSIC. Procedeu-se o cruzamento das principais palavras-chave relacionadas ao tema
pesquisado e operadores booleanos: “psicomotricidade”; “práticas psicomotoras AND
deficiência. Desta forma, foram encontrados nas plataformas explicitadas acima um total de
47 artigos publicados. Portanto, apenas 4 artigos foram selecionados pois se enquadravam
com o tema abordado. A psicomotricidade utiliza-se de meios lúdicos e testes psicomotores
para avaliar como estão definidos os aspectos psicomotores, e com isso, desenvolver suas
potencialidades de acordo com seu ritmo. Todos os estudos aqui apresentados contribuíram
para a estimulação do desenvolvimento físico, motor e afetivo das crianças com deficiência.
Foi possível perceber que as práticas realizadas seguiram os conceitos da Psicomotricidade e
que o trabalho integrado da equipe profissional que atua nos processos de reabilitação
considerando as singularidades de cada criança foi fundamental. Percebeu-se com a pesquisa
bibliográfica a escassez de estudos com a temática trabalhada, não havia muitas publicações
relacionados ao tema de psicomotricidade e crianças com deficiência.
Abstract
This study aimed to investigate, through a literature review, how psychomotor practices are
processed in children with disabilities. This is a systematic and qualitative review of databases
such as: LILACS, CAPES, SCIELO and PEPSIC. The main keywords related to the
1
Discente do curso de Psicologia da Autarquia de Ensino Superior de Arcoverde
2
Mestra em Psicologia e Saúde Mental pelo Programa de Pós-Graduação/strictu Sensu da Universidade
de Pernambuco. Especialista em Gestão da Clínica nas Regiões de Saúde pelo Instituto Sírio-libanês de Ensino e
Pesquisa em parceria com o Sistema Único de Saúde (2016). Graduação em Psicologia pela Universidade de
Pernambuco (2011). Docente do curso de Psicologia da AESA\ESSA.
1
researched topic and Boolean operators were crossed: “psychomotricity”; “psychomotor
practices AND disability. Thus, a total of 47 published articles were found in the platforms
explained above. Therefore, only 4 articles were selected because they fit with the topic
addressed. Psychomotricity uses playful means and psychomotor tests to assess how the
psychomotor aspects are defined, and with that, develop their potential according to their
rhythm. All the studies presented here contributed to the stimulation of physical, motor and
affective development in children with disabilities. It was possible to notice that the practices
carried out followed the concepts of Psychomotricity and that the integrated work of the
professional team that works in the rehabilitation processes considering the singularities of
each child was essential. It was noticed with the bibliographical research the scarcity of
studies with the worked theme, there were not many publications related to the theme of
psychomotricity and children with disabilities.
Resumen
Este estudio tuvo como objetivo investigar, a través de una revisión de la literatura, cómo se
procesan las prácticas psicomotoras en niños con discapacidad. Se trata de una revisión
sistemática y cualitativa de bases de datos como: LILACS, CAPES, SCIELO y PEPSIC. Se
cruzaron las principales palabras clave relacionadas con el tema investigado y operadores
booleanos: “psicomotricidad”; “Prácticas psicomotrices y discapacidad. Así, se encontraron
un total de 47 artículos publicados en las plataformas explicadas anteriormente. Por tanto,
solo se seleccionaron 4 artículos porque encajan con el tema abordado. La psicomotricidad
utiliza medios lúdicos y tests psicomotores para evaluar cómo se definen los aspectos
psicomotores, y con ello, desarrollar su potencial según su ritmo. Todos los estudios aquí
presentados contribuyeron a la estimulación del desarrollo físico, motor y afectivo en niños
con discapacidad. Se pudo notar que las prácticas realizadas siguieron los conceptos de
Psicomotricidad y que fue fundamental el trabajo integrado del equipo profesional que trabaja
en los procesos de rehabilitación considerando las singularidades de cada niño. Se notó con la
investigación bibliográfica la escasez de estudios con el tema trabajado, no hubo muchas
publicaciones relacionadas con el tema de la psicomotricidad y los niños con discapacidad.
Introdução
Este estudo teve como objetivo investigar, através de uma pesquisa bibliográfica,
como se processam as práticas psicomotoras em crianças com deficiência.
Segundo Fonseca (2010), como ciência, a Psicomotricidade pode ser compreendida
como o campo transdisciplinar que estuda e averigua as relações e as influências recíprocas e
sistêmicas, entre o corpo e o psiquismo, a motricidade e o psiquismo, resultantes da
personalidade total, subjetiva e evolutiva que caracteriza o indivíduo.
2
De acordo com Sacchi (2019), os elementos da psicomotricidade, também chamados
de fatores psicomotores são: o esquema corporal, a lateralidade, a tonicidade, a orientação
espacial e temporal, o equilíbrio e a coordenação motora. Com isso, todos esses fatores fazem
com que a psicomotricidade tenha uma importância fundamental e necessária para o
desenvolvimento psicomotor, físico e social infantil. Estes aspectos psicomotores serão
abordados a seguir:
O aspecto esquema corporal, “é um elemento básico indispensável para a formação da
personalidade da criança. É a representação relativamente global, científica e diferenciada que
a criança tem de seu próprio corpo” (MEUR e STAES apud WALLON, 1968, p.11). Segundo
Gallahue e Ozmun (2003) o aspecto equilíbrio é considerado como a habilidade que o sujeito
possui para se equilibrar diante de determinada situação ou posição, mediante também de
várias posições, onde as habilidades motoras estão integradas com o mesmo. Conforme Duzzi
et al (2013), a lateralidade se relaciona com os hemisférios do cérebro, onde existe a
dominância lateral (manual, pedal e ocular) e o reconhecimento de direita e esquerda.
Segundo os mesmos autores, a dominância lateral se define na infância.
O fator orientação espaço-temporal “é uma etapa da aprendizagem em que a criança
vai apurar os sentidos, perceber as orientações e posições que cada parte do corpo pode tomar,
associando-as aos objetos da vida cotidiana” (MEUR e STAES, 1991, pág.5). Ainda para os
autores o ritmo abrange a noção de ordem, de sucessão, de duração, de alternância. É um
fenômeno espontâneo de cada pessoa, e que pode ser desenvolvido com danças, bater palmas,
bater os pés no chão e sons com o corpo.
Segundo Harrow (1983), a coordenação motora global visa utilizar os grandes
músculos (esqueléticos) de forma mais eficaz tornando o espaço mais tolerável à dominação
do corpo. A coordenação motora fina enfatiza o trabalho ordenado de pequenos músculos, ou
seja, movimentos precisos e refinados. Como defende Godall (2004), a coordenação motora
fina é considerada como a capacidade de usar de forma eficiente e precisa os pequenos
músculos, produzindo assim movimentos delicados e específicos. Segundo os preceitos de
Souza (2004) a Educação Psicomotora:
[...] constitui-se numa formação de base indispensável a toda criança normal ou com
necessidades especiais, assegurando o seu desenvolvimento funcional, levando em conta as
suas possibilidades, e ajudando-lhe na sua afetividade, a expandir-se e a equilibrar-se através
do intercâmbio com o outro ou com objetos, auxiliando-lhes a adaptar-se ao meio ambiente. (p.
41).
3
Nesse sentido, "a prática psicomotora, de fato, orienta a criança em atividades que a
levam a tomar consciência de mecanismos motores, de gestos e movimentos, a partir dos mais
simples aos mais complexos, e manifestam aquilo que ele é” (SANDRI, 2010, p. 2). Para
Mendonça (2019) é impossível separar essas funções motoras, neuro-motoras e perceptivo-
motoras das funções intelectuais e da afetividade, porque o desenvolvimento psicomotor
engloba tudo isso. Ainda para a autora, no caso de crianças deficientes, a psicomotricidade
tem um papel muito expressivo, pois se fundamenta no funcionamento do sistema nervoso em
que uma parte não pode operar independente, pois existe uma relação de interdependência:
motora, afetiva e cognitiva.
Como afirma Levitt (1997), as limitações causadas por alguma deficiência não
impedem que a criança desenvolva habilidades em outras áreas. Dessa forma, pode-se auxiliar
ou estimular essa criança a desenvolver seu potencial, respeitando seu tempo. Desse modo,
compreende-se que se faz necessária a realização de uma pesquisa bibliográfica acerca da
problemática de como são processadas as práticas psicomotoras em crianças com deficiências.
Para Mattos (2015), a deficiência pode ser entendida por qualquer perda ou
anormalidade da estrutura ou função psicológica, fisiológica e física, pois, envolve uma perda
que pode significar prejuízo ou danos. O termo pessoa com deficiência refere-se ao indivíduo
que é incapaz de assegurar-se por si próprio, total ou parcial, as necessidades de uma vida
individual normal, em decorrência de uma deficiência. Conforme França et al (2019) os tipos
de deficiências utilizadas internacionalmente são: física, mental, sensorial e intelectual, no
entanto, cada país pode considerar mais tipos e subgrupos, como por exemplo, no Brasil
foram incluídas na deficiência física o nanismo e a ostomia.
Dessa forma, “a prática psicomotora, por não ser diretiva, leva a criança a explorar o
mundo exterior, por meio de experiências. Através de observações e avaliação, o profissional
de maneira atenta faz com que muitas dificuldades não passem despercebidas, podendo ser
amenizadas” (CLARA e FINCK, 2012, p.2).
De acordo com Machado et al (2010), essa prática está centrada em métodos não
diretivos em que as ações se fundamentam no jogo como ferramenta para o brincar da criança,
proporcionando a representação, a imaginação e a criatividade. Sendo assim, ela trabalha o
sujeito em sua totalidade neste espaço lúdico e educativo, permitindo a exteriorização de suas
emoções, a interação com o ambiente, com os objetos e com outras pessoas. Convém ressaltar
que, no caso das crianças com deficiência, as atividades deverão ser adaptadas de acordo com
as necessidades que se apresentam. Através da recreação a criança desenvolve suas aptidões
4
perceptivas como no meio de ajustamento do comportamento psicomotor (SANDRI, 2010).
Nessa compreensão:
A Psicomotricidade trabalha com ferramentas que visam tornar mais dinâmico e eficiente o seu
objetivo. Brincar não é apenas diversão. Mesmo que intencione que a criança ganhe diversão
com tal ato ainda assim a capacidade de aprendizado é desenvolvida da mesma forma como
sua visão de si e da sociedade são expandidos e internalizados. Aliar o brincar e as atividades
psicomotoras no mesmo ato certamente colabora para a melhoria da assimilação do conteúdo
proposto (SILVA, 2016, p. 26).
Método
5
Nesse estudo foi realizada uma pesquisa bibliográfica de revisão sistemática e cunho
qualitativo nos bancos de dados como LILACS – Literatura Latino-Americana e do Caribe em
Ciências da Saúde, PEPSIC – Periódicos Eletrônicos em Psicologia, CAPES – Portal de
Periodicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessola de Nível Superior e SCIELO – O
Scientific Eletronic Library Online. A pesquisa foi feita nas quatros bases de dados
separadamente, e estas bases foram escolhidas por serem referencial em publicações
nacionais.
Resultados e discussões
6
Utilizou-se os descritores; Psicomotricidade, prática psicomotora + deficiência. De
acordo com os critérios, tais como: 1) Período de tempo: artigos publicados entre 2000 e
2021; 2) Idioma: língua portuguesa; 3) Publicações: artigos publicados em revistas e
indexados nas bases de dados. Nesta primeira fase foram incluídos todos os artigos que pelo
título e resumo permitissem investigar as práticas psicomotoras com crianças deficientes.
Após isso, a avaliação da elegibilidade foi realizada através da leitura do estudo completo.
Na base Scielo possibilitou-se identificar um total de 10 artigos com os descritores
apresentados, portanto, apenas 1 foi selecionado pois se encaixava na perspectiva do tema
relatado.
A busca na base de dados LILACS, os resultados dos cruzamentos resultaram em 10
estudos publicados em revistas, do qual apenas 1 foi selecionado com base nos critérios de
inclusão.
Já no portal de periódicos PEPSIC foi possível encontrar um total de 15 publicações,
dos quais 1 trabalho foi selecionado, e o restante foi descartado por não apresentarem relação
com o tema do artigo.
Por fim, na CAPES foram encontrados pelos mesmos descritores 12 artigos, foram
excluídos após o filtro 10 produções, 2 deles estavam em língua estrangeira. Ao final, apenas
1 artigo foi selecionado.
Desta forma, foram encontrados nas plataformas explicitadas acima um total de 47
artigos publicados com os descritores (Psicomotricidade, aspectos psicomotores e deficiência)
portanto, apenas 4 artigos foram selecionados pois se enquadravam com o tema abordado. Foi
realizada a análise dos estudos selecionados com a leitura dos resumos, objetivos, método,
resultados e considerações finais com o intuito de fazer a interlocução com os autores a fim de
responder a problemática da pesquisa. A seguir o quadro para uma melhor visualização dos
estudos selecionados:
Quadro 1: Artigos selecionados nas bases de dados.
7
CASEMIRO, P, 2015 Relacionou os conceitos de
Psicomotricidade e sua relação K. psicomotricidade nos LILACS
SCHAEFER, B, 2017
Diálogos Tônicos com Crianças K. Refletiu sobre os diálogos CAPES
9
Trazendo para a perspectiva da Psicologia, considera-se primordial o uso do lúdico no
que se refere ao desenvolvimento da criança, visto que ao brincar a um resgate de forma
lúdica o prazer em aprender. No ponto de vista da Psicologia, pensa-se que nesse momento a
criança encara esse aprendizado como algo natural, e não obrigatório. Teóricos importantes
dentro dessa área, como Piaget (1975), consideram o lúdico como crucial e afirma que o jogo
configura o pólo extremo da assimilação do real ao eu. Sendo assim, pode-se apresentar a
criança esse jogo ou brincadeira em seus anos iniciais.
Entende-se que, o lúdico pode favorecer uma ampliação da comunicação da criança,
fortalecendo o comportamento verbal, e, consequentemente, estimulando a aprendizagem.
Como preconiza Silva e Carvalho (2020) diversos estudiosos da Psicologia ressaltam a
importância do lúdico no desenvolvimento infantil, destacando sua contribuição nessa
aquisição da aprendizagem.
Ainda nesse estudo, o autor contou com três regras básicas que ao longo da vivência
foram reforçadas e repetidas em todos os encontros, sendo elas: cuidado com o próprio corpo,
relação do seu corpo com o outro e cuidado com o ambiente. Regras essas que na prática de
Psicomotricidade é fundamental na busca de percepção do corpo diante das três dimensões (o
próprio corpo; cuidado com o corpo do outro e a relação do seu corpo e do corpo do outro
com o espaço que ocupam). Como afirma Ajuriaguerra (1983), a criança é o seu corpo, o
movimento corporal é a comunicação com o mundo. Sendo assim, a Psicomotricidade
engloba essas três dimensões sobre o corpo, ela está relacionada à afetividade e a
personalidade, pois, a criança utiliza o seu próprio corpo para se expressar e dizer o que sente.
É notório que a Psicomotricidade tem um papel fundamental no desenvolvimento
psicomotor da criança com deficiência, isso se dá através da reeducação psicomotora. Picq e
Vayer (1988) relatam que, a reeducação psicomotora ajuda a criança a reaprender
determinadas funções motoras, e isso é realizado através da avaliação do perfil psicomotor da
criança, utilizando métodos e a aplicação da bateria de testes psicomotores. Entretanto, outros
métodos podem ser usados também para avaliar esse perfil psicomotor, como foi mostrado
acima a utilização da Psicomotricidade Relacional.
No artigo de Rezende et al (2015), foi realizada uma amostra que contou com oito
Pessoa com Deficiência (PCD) regularmente matriculados na Associação de Pais e Amigos
Excepcionais (APAE) do município de Floresta MG, com o objetivo de comparar o efeito de
12 semanas de práticas psicomotoras sobre o desempenho motor dos mesmos. As práticas
psicomotoras realizadas duraram 12 semanas, os participantes foram submetidos a atividades
10
que estimulassem o desenvolvimento motor, analisando suas potencialidades. Essas atividades
eram lúdicas, baseadas na educação psicomotora, atividades essas que trabalhassem força,
equilíbrio, agilidade, ritmo, lateralidade, coordenação de membros, velocidade e noção
espacial, com o intuito de enriquecer o acervo motor dos participantes.
Nesse estudo, também foram feitas atividades segundo a tipificação como por
exemplo: no aspecto Equilíbrio (caminhar sobre uma corda e apoiar sobre uma única perna);
Lateralidade (capoeira, condução de bola com o lado dominante e o não dominante);
Coordenação (circuitos com bambolês, cordas e bolas para serem arremessadas ou chutadas e
jogos de tarefas múltiplas); Ritmo (acompanhar com palmas ou batidas de pé diversos ritmos
musicais e jogar capoeira); Noção Espacial (jogos com delimitação de espaços e jogos cujo
objetivo é levar um implemento a um determinado lugar) e Força (arremesso de bola de
basquetebol e salto no banco de areia). Todas essas atividades realizadas na prática
psicomotora visaram respeitar o tempo e o limite de cada participante do estudo.
Essa prática realizada neste estudo foi através da Educação física, é possível perceber
que a psicomotricidade está dentro de várias áreas da saúde. Onde os profissionais estão
atentos aos conceitos, métodos, práticas e benefícios que a psicomotricidade traz para a vida
de uma criança seja ela sem ou com deficiência. Como preconiza Sandri (2010), essa área tem
a função de perpassar por diferentes ciências, estabelecendo vínculos entre ambas. Ela está
relacionada a uma ação psicológica e pedagógica, que utilizam meios de educação física com
o objetivo de melhorar a qualidade de vida da criança com deficiência.
O estudo de Casemiro (2015) fornece um breve histórico da psicomotricidade,
conceituando os aspectos psicomotores e tem como foco principal relacionar os conceitos da
psicomotricidade nos atendimentos de crianças com paralisia cerebral. Esse artigo abrange a
importância de o profissional de fisioterapia estar atento aos conceitos da psicomotricidade e
sua atuação durante os atendimentos neurológicos infantis. O autor afirma que é muito
importante durante esses atendimentos que o profissional inclua os aspectos psicomotores
durante o treinamento específico como o ato de se levantar, pular, saltar, manusear objetos,
noção de esquerda e direita, noção de espaço e tempo entre outros.
Desse modo, foi explanado que a psicomotricidade trabalha os aspectos psicomotores
da criança, e essas atividades estão relacionadas a esses conceitos, pois, trabalhará o
equilíbrio, a coordenação motora, o esquema corporal e a lateralidade. Essa estimulação
neuropsicomotora é imprescindível para que haja consciência dos próprios movimentos
corporais. De acordo com Casemiro (2015) a fase mais importante para ser trabalhado todos
11
os aspectos do desenvolvimento é do nascimento até os oitos anos, porque é nessa fase que se
processa a maturação do sistema nervoso central.
Todos os estudos aqui apresentados contribuíram para a estimulação do
desenvolvimento físico, motor e afetivo das crianças com deficiência. Foi possível perceber
que as práticas realizadas seguiram os conceitos da Psicomotricidade e que o trabalho
integrado da equipe profissional que atua nos processos de reabilitação considerando as
singularidades de cada criança foi fundamental. Para Sandri (2010), a Psicomotricidade
quando usada como ferramenta na reeducação contribui através da expressão do corpo e do
brincar. O autor afirma que toda criança deveria e pode brincar, pois é através dessas
brincadeiras que o desenvolvimento cognitivo, social e afetivo é estimulado. Dessa forma, a
psicomotricidade além disso ajuda na autoestima, autoconfiança e auto expressão da criança.
Nesse contexto, dentro da área da Psicologia está inserido o estudo do
Desenvolvimento Humano, que tem como objetivo estudar o homem em todas as suas fases e
aspectos sendo eles: social, afetivo, intelectual e físico-motor. Então, considera-se importante
o desenvolvimento social, pois, a criança ao se relacionar com o outro em sociedade
contribuirá para a construção do vínculo, no processo de interação social. Conforme Alves
(2017), a criança é um ser social, onde desenvolve sua personalidade e capacidade social,
desde o seu nascimento. A interação social tem um papel fundamental para o
desenvolvimento de qualquer humano.
Foi visto detalhadamente nos estudos como se processam as práticas psicomotoras em
atendimentos de crianças com deficiência que é o objetivo principal desse artigo, onde os
resultados foram satisfatórios e efetivos, e considerando o aspecto de subjetividade que a
Psicologia adota, algumas crianças tiveram seus resultados menos eficazes, porém é
importante considerar que cada uma tem seu tempo, desenvolvimento e ritmo diferente, e isso
é um fato que a Psicomotricidade respeita dentro dos seus conceitos. Schaefar (2017) em seu
estudo afirma que o ser humano é único em sua complexidade e singularidade, onde não é
possível separar a mente do corpo.
A Psicologia tradicionalmente estudou a mente\alma, no decorrer de sua história foram
surgindo áreas de estudo através do conhecimento sobre o desenvolvimento humano, dentre
elas a Psicomotricidade. A Psicomotricidade estuda e averigua as relações entre motricidade,
afetividade e psiquismo. Essas duas áreas estão interligadas, e em conjunto trazem uma
preocupação com desenvolvimento da criança, desde o seu nascimento até o decorrer de sua
vida. A Psicologia estuda as emoções, os conflitos das crianças, seus traumas, o
12
desenvolvimento infantil e seus estágios, enquanto a Psicomotricidade trabalha as funções
psicomotoras da criança, sendo assim, uma está interligada a outra. Portanto, profissionais de
diversas áreas, assim como o Psicólogo, que tenham conhecimentos nesses conceitos e
práticas da Psicomotricidade poderá utilizá-las no atendimento a crianças com deficiência
auxiliando em seu desenvolvimento global.
Considerações finais
13
Referências
AJURIAGUERRA, Julian de. Manual de Psiquiatria Infantil. São Paulo: Editora Masson,
1983.
DUZZI, Maria Helena Bombonato.; RODRIGUES, Sonia das Dores.; CIASCA, Sylvia
Maria. Percepção de professores sobre a relação entre desenvolvimento das habilidades
psicomotoras e aquisição da escrita. Revista Psicopedagogia, São Paulo, v. 30, n. 92, p.121-
128, 2013.
FRANÇA Giovana Silva; MARTINS, Gurgel Fernando Batistuzo. Pessoa com Deficiência:
Definição, Tipos, e Trajetória Histórica. 2019. Disponível em:
file:///C:/Users/pc%201/Downloads/7942-67651752-1-PB%20(1).pdf . Acesso em 03 de Out.
2021.
FONSECA, Vitor da. Psicomotricidade: uma visão pessoal. Constr. psicopedag., São Paulo,
v. 18, n. 17, p. 42-52, dez. 2010. Disponível em http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S1415-69542010000200004&lng=pt&nrm=iso. Acesso em 03
out. 2021.
SILVA, Vanussa Sampaio Dias da. CARVAHO, Priscila Viviane de Souza. Contribuições do
lúdico para o desenvolvimento infantil na clínica de Neuropsicologia. Revista Científica
Multidisciplinar Núcleo de Conhecimento. v. 02, n. 11, p. 49-63, 2020. Disponível em:
https://www.nucleodoconhecimento.com.br/psicologia/clinica-de-neuropsicologia . Acesso
em: 12, Nov. 2021.
15