Dan14 Iis
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DIÁRIO
da Assembleia Nacional
XI LEGISLATURA (2018 – 2022) 1.ª SESSÃO LEGISLATIVA
SUMÁRIO
Págs.
Relatório e Parecer sobre a Conta Geral do Estado de 2015 ....................................................................265
265 II Série – Número 14
Siglas e Abreviaturas
AN Assembleia Nacional
AP Administração Pública
s
Art.º/Art.º Artigo/Artigos
BCSTP Banco Central de São Tomé e Príncipe
BISTP Banco Internacional de São Tomé e Príncipe
BM Banco Mundial
CG Conta de Gerência
Apresentação
Nos termos das disposições conjugadas dos n.ºs 2 e 3 do artigo 1.º, da alínea a) do n.º 1 do artigo 16.º
da Lei n.º 3/99, de 20 de agosto – Lei Orgânica do Tribunal de Contas, do artigo 4.º da Lei n.º 8/99, de
20 de agosto – Lei sobre Prestação de Contas, dos artigos 69.º e 70.º da Lei n.º 3/2007, de 12 de
Fevereiro – Lei do Sistema de Administração Financeira do Estado (SAFE), e dos artigos 2.º e 4.º do
Decreto n.º 4/2009, de 18 de Março, compete ao Tribunal de Contas «Dar parecer sobre a Conta Geral
do Estado» (CGE), sendo que «O relatório e o parecer sobre a conta devem ser remetidos à Assembleia
Nacional, até 31 de Julho do ano seguinte aquela em que a mesma for apresentada».
O Relatório e o Parecer sobre a CGE devem certificar a exactidão, a regularidade, a legalidade e a
correcção da gestão financeira anual, pois encerram requisitos de grande relevância que são objecto de
publicação no Diário da República, à luz do que dispõe o n.º 2 do artigo 16.º da Lei 3/99 – Lei Orgânica
do Tribunal de Contas e n.º 3 do artigo 4.º da Lei n.º 8/99 – Lei sobre Prestação de Contas.
O exercício realizado pelo Tribunal de Contas por via do presente Relatório e Parecer, visa emitir um
juízo sobre a legalidade da actividade financeira do Estado, designadamente nos domínios das receitas
e despesas, da verificação do cumprimento da Lei Orçamental e legislação complementar, incluindo o
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Secção A – Parecer
Apreciação global
Com a prossecução por parte do Governo da elaboração das CGE’s dos anos económicos de 2010 a
2014, cujos pareceres foram em tempo oportuno remetidos a Assembleia Nacional, desta feita segue-se a
remessa do sexto parecer referente a CGE do exercício económico de 2015, para efeitos do disposto na
alínea i) do artigo 97.º da Constituição da República.
Reportando ao grau de acolhimento das recomendações formuladas nos Pareceres anteriores, recorde-
se que a DCP considerou que a respectiva implementação só poderá conhecer efectivação, nos casos
menos complexos, a partir da CGE do ano em apreço (ano 2015), sendo que os casos, mais complexos, só
poderão ser implementados a partir da CGE de 2017.
Assim, na sequência da análise e das diligências efectuadas com vista a elaboração do Relatório e
emissão do Parecer sobre a CGE do exercício económico de 2015, conclui-se que a implementação das
recomendações ainda não é total e que algumas situações carecem de especial prudência, nomeadamente:
O incumprimento das disposições previstas no artigo 59.º da Lei SAFE, nomeadamente, não se
juntando à CGE o Inventário Consolidado do Património do Estado e o Mapa dos activos e passivos
financeiros existentes no início e no final do ano económico;
A inexistência de notas explicativas no CGE impossibilitando a obtenção de informações mais esclarecedoras;
267 II Série – Número 14
Inconsistência entre os valores apresentados nos quadros e nos anexos da CGE;
A alteração dos limites orçamentais através do «crédito adicional» efectuada à margem do que
impõe o n.º 4 do artigo 16.º da Lei n.º 1/2015, ou seja, sem estarem associados a eles,
acréscimos e
diminuições das receitas que as financiam, desvirtuando a essência do OGE aprovado;
A alteração orçamental denominada «Bloqueio» considerada para alteração da dotação provisional desrespeita
a disposição do n.º 4 do artigo 16.º da Lei n.º 1/2015 (Lei do OGE);
A programação e execução das classificações orçamentais de Receitas e de Despesas por Fonte de Recursos
sem observância do cumprimento das regras previstas no ponto 6 do capítulo II do COr;
A rubrica «Emolumentos Gerais Aduaneiros», pertencente ao grupo de Emolumentos, desde 2012 que
deixou de estar prevista por isso não tem tido expressão nas CGE’s;
Os montantes de receitas previstas e cobradas por cada serviço bem como as respectivas
realizações de despesas ainda não se apresentam detalhadas, dificultando o apuramento
os
da
correcção dos valores pagos, em conformidade com as percentagens fixadas nos n. 2 do artigo
11.º e 12 e 13 do artigo 6.º, ambos do Decreto n.º 4/2009, de 10 de Junho;
O pagamento de Despesas de Exercícios Anteriores (Correntes e de Capital), nos montantes de
MDbs. 1.609,00 e MDbs. 42.704,00, respectivamente, em violação ao preceituado no artigo 30.º da
Lei SAFE;
As insuficiências de evidências relativas a elaboração do inventário e do cadastro dos bens
pertencentes ao Estado, bem como ao cumprimento das disposições legais em matéria de
realização de operações activas, de inventariação de património e de gestão dos respectivos bens;
Fraca consistência de informações apresentadas na CGE sobre a dívida pública;
O valor global do Orçamento inicial (receita e despesa) estimado em MDbs. 3.084.502,00, sofreu
alteração apenas nas despesas para MDbs. 3.381.891,00, contrariando o disposto na alínea g) do
n.º 1 do artigo 13.º da Lei SAFE;
A Despesa Total continua aumentando tendo em 2015 atingido o valor de MDbs. 2.625.347,00,
representando um aumento bastante acentuado de mais de 27,8% (MDbs. 571,698,00) em relação a
2014 (MDbs. 2.053.804), distribuindo-se em: Funcionamento MDbs. 1.548.862 (58,9%) e Capital
desta categoria a rubrica de Investimento
MDbs. 1.076.485 (41%), sendo bastante notória dentro
que atingiu uma execução de MDbs. 859.500 (79,8%);
A Despesa Corrente Primária, no montante de MDbs. 1.250.055, registou um aumento considerável
(MDbs. 157.591) em relação ao exercício de 2014, correspondente a 47,6% da Despesa
de 14,4%
Total;
As Despesas com o Pessoal, no montante de MDbs. 605.035, continuam com uma tendência
crescente,tendo em 2015 aumentado mais 9,8% (MDbs. 54.126) em relação a 2014 (MDbs.
550.909).
2015, que deve ser avaliado o grau de cumprimento de todas as recomendações que foram emitidas nas
análises efectuadas às CGE’s dos anos de 2010 a 2013.
Das cento e quarenta e seis (146) recomendações emitidas nos Relatórios e Pareceres sobre as CGE’s
dos exercícios económicos dos anos de 2010 a 2013, 46,6% num total de 68 recomendações foram
acolhidas na totalidade, 16,4% num total de 24 recomendações foram acolhidas parcialmente, 36,3% num
total de 53 recomendações ainda não foram acolhidas e 0,1% equivalente a 1 recomendação será acolhida
na CGE do exercício económico de 2016.
Apesar do acolhimento total e parcial da maioria (63%) das recomendações emitidas, as CGE’s
continuam a evidenciar falta de algumas informações importantes, como é o caso do número efectivo de
trabalhadores que existem no quadro do Estado, bem como as alterações (admissões, demissões,
aposentação, etc.) que se verificam em cada exercício económico.
Por outro lado, as CGE’s têm sido amputadas de outras informações necessárias após às
recomendações do TC, como são os casos de «Despesas por pagar» no final de cada exercício e que
devem ser suportadas pela verba de «Exercícios findo» do exercício seguinte, bem como o «Saldo inicial»
das contas do «Fundo de Terceiros», que passaram a não constar das CGE’s, entre outras.
Conclusão 1
A falta de informações macroeconómicas, que suportam as previsões, impossibilita a análise a variação
implícita entre as previsões efectuadas em sede da elaboração do OGE 2015 e os subsequentes
documentos de programação orçamental; vide parte 1, ponto 1.2.
Recomendação 1
Que as entidades com a incumbência pela elaboração de informações macroeconómicas,
que suportam as previsões, as produzam de modo a constar nos OGE’s elaborados e
aprovados;
Conclusão 2
A não indicação explícita nos OGE’s e nos outros documentos de previsão de alguns indicadores
macroeconómicos considerados mais importantes, que supostamente estiveram na base da previsão,
nomeadamente o Consumo público e privado, a Formação bruta de capital Fixo (FBCF), a Taxa de
desemprego, a Inflação média anual, entre outros, não permite efectuar e apresentar a comparação do
cenário macroeconómico que supostamente estaria na base do Relatório do OGE 2015 em comparação
com o do OGE 2016, bem como com o do Banco Central e com a programação do FMI; vide parte 1,
ponto 1.2.1.
Recomendação 2
Que sejam disponibilizados nos relatórios dos OGE’s elaborados e do Banco Central, dados
e informações que permitam efectuar e apresentar a comparação do cenário
macroeconómico entre os Relatórios dos OGE’s do ano económico em análise e os
Relatórios do Banco Central e do FMI;
Conclusão 3
A falta de informação relativa às principais componentes do PIB na óptica da despesa, impossibilita
determinar os desvios face ao valor verificado na economia; vide parte 1, ponto 1.2.2.
Recomendação 3
Que nos documentos de programação estejam reflectidos os principais componentes do
PIB, na óptica da despesa, nomeadamente, o consumo privado, a formação bruta de capital,
entre outros, possibilitando uma análise comparativa;
Conclusão 4
As alterações efectuadas aos limites totais fixados às «Despesas Consignadas», por meio de
«Créditos Adicionais», em função da receita compensatória resultante da cobrança das receitas não
fiscais nos sectores, também devem ser efectuadas nas receitas em igual montante, de modo ao OGE
manter-se equilibrado na sua programação; vide parte 2, ponto 2.2
269 II Série – Número 14
Recomendação 4
Que as alterações orçamentais sejam efectuadas com estrita observância das disposições
previstas no n.º 1 do artigo 35.º da Lei SAFE e do artigo 16.º da LO, bem como em
cumprimento dos princípios orçamentais, previstos nas alíneas g) do n.º 1 e a) do n.º 2, do
artigo 13.º da Lei SAFE;
Conclusão 5
Os limites totais fixados às «Despesas Consignadas» não podem sofrer alterações por via de
compensação, em virtude da receita compensatória cobrada estar afecta a determinado fim específico
ou a determinado órgão ou instituição, conforme o enquadramento legal do disposto no Decreto n.º
4/2009; vide parte 2, ponto 2.2
Recomendação 5
Que não devem ser efectuadas alterações orçamentais, por via de compensação, nas
«Despesas Consignadas», por desrespeitar o enquadramento legal do Decreto n.º 4/2009, no
qual as receitas não fiscais cobradas estejam afectas a despesas não salariais ou a
despesas salariais, ou ainda aos sectores que as cobrarem;
Conclusão 6
As alterações a serem efectuadas aos limites totais fixados às Despesas de Capital, por meio de
«Créditos Adicionais», se não forem feitas em função de receitas compensatórias, apenas podem ser
feitas em função de redução ou anulação de despesas fixadas no Orçamento, nos termos do n.º 4 do
artigo 16.º da LO, de modo que o OGE se mantenha equilibrado na sua programação; vide parte 2, ponto
2.2
Recomendação 6
Que as alterações orçamentais às «Despesas de Capital», por meio de créditos adicionais,
devem ser efectuadas através de reforços e anulações das despesas fixadas no orçamento,
por via de compensação entre verbas de despesa dentro do mesmo organismo ou entre
diferentes organismos, e em função de receitas compensatórias, nos termos do n.º 4 do
artigo 16.º da LO;
Conclusão 7
A alteração «Bloqueio» não pode ser considerada para alteração da dotação provisional, em virtude de
não ter enquadramento legal; vide parte 2, ponto 2.2.
Recomendação 7
Que a persistência de se efectuar alteração orçamental com recurso ao mecanismo
«BLOQUEIO», deixa de ser considerado incorrecção e configura ilegalidade, que deve ser
punida nos termos da lei;
Conclusão 8
O total da programação das classificações orçamentais apresenta um equilíbrio entre Receita e
Despesa. Então, a programação e execução das classificações orçamentais por Fonte de Recursos
também devem apresentar equilíbrio, e não estarem eivadas de discrepâncias e incongruências, que
impossibilitam que se identifique com veracidade e clareza a origem dos recursos que custearam as
despesas; vide parte 2, ponto 2.3.
Recomendação 8
Que a programação e execução das classificações orçamentais por Fonte de Recursos
devem apresentar equilíbrio, no cumprimento rigoroso das regras previstas no ponto 6 do
capítulo II do COr, de modo a demonstrar o elo de ligação, desde o momento da
programação orçamental, entre as receitas e despesas por meio de vinculação criada que
possibilite identificar a origem dos recursos que custeam as despesas fixadas, para além de
demonstrar a existência de recursos para o custeio do referido projecto ou actividade a qual
está associada;
Conclusão 9
Os montantes de receitas previstas e cobradas por cada serviço bem como as respectivas
realizações de despesas ainda não se apresentam detalhadas à semelhança dos exercícios económicos
de 2013 e 2014, dificultando o apuramento da correcção dos valores pagos, em conformidade com as
percentagens
24 DE JANEIRO DE 2019 270
os
fixadas nos n. 2 do artigos 11.º e 12 e 13 do artigo 6.º, ambos do Decreto n.º 4/2009, de 10 de Junho;
vide parte 2, ponto 2.4.1.3
Recomendação 9
Que o OGE e a CGE devem apresentar as receitas não fiscais (excluindo coimas e multas)
cobradas pelos sectores, tanto na programação como na realização, bem como os limites
os
das despesas referidas nos n. 2 do artigo 11.º e 12 e 13 do artigo 6.º, ambos do Decreto n.º
4/2009, de 10 de Junho;
Conclusão 10
A CGE não contém nenhuma informação sobre o montante de MDbs. 201,00 que parecia ser
atribuída ao Estado no quadro da sua participação social nas empresas públicas e nas empresas mistas,
mas que no entanto não aparece no Anexo III nem na informação sobre o Rendimento da Participação
indicado na página 64 da CGE; vide parte 2, ponto 2.4.1.2, n.º 2
Recomendação 10
Que doravante no quadro e Anexos apresentados nas CGE’s, respeitante a dividendos
atribuídos ao Estado, devem constar apenas os dividendos entregues nos cofres do Estado,
ou seja, os depositados no Tesouro Público;
Conclusão 11
As futuras CGE’s devem conter mais informações sobre o pessoal que constitui o quadro efectivo do
Estado; vide parte 2, ponto 2.5.1.1;
Recomendação 11
Que nas futuras CGE’s sejam incluídas mais informações sobre o pessoal, nomeadamente
sobre o número do efectivo que constitui o quadro do Estado, as alterações ocorridas
(admissões, demissões, aposentações, etc.) durante o exercício em análise, etc;
Conclusão 12
A Dívida Pública referente a compromissos externos assumidos pelo País deve ser programada e
executada, de acordo com a Tabela de Naturezas Económicas da Despesa constante do COr, na rubrica
«4321.2 – Amortização da Dívida Externa» e não na rubrica «4321.1 – Amortização da Dívida Interna»,
como erradamente se verificou no exercício de 2015; vide parte 2, ponto 2.5.1.2
Recomendação 12
Que doravante as despesas com a amortização da Dívida Pública Externa sejam
programadas e executadas na rubrica orçamental «4321.2 – Amortização da Dívida Externa»;
Conclusão 13
Os montantes de todas as despesas correntes e de capital cabimentadas e liquidadas que ficarem
por pagar no final de um determinado exercício económico, devem constar dos Quadros e Anexos da
CGE, de modo a permitir o apuramento da veracidade e fiabilidade dos valores a serem pagos no
exercício económico seguinte; vide parte 2, pontos 2.5.1.1.1 e 2.5.1.2.1
Recomendação 13
Que doravante passem a constar nos quadros e anexos da CGE, os montantes de todas as
despesas correntes e de capital cabimentadas e liquidadas que ficarem por pagar no final de
um determinado exercício económico, e que podem ser pagos no exercício económico
seguinte nas rúbricas de exercício findo;
Conclusão 14
Constituem ilegalidades, os pagamentos de Despesas de Exercícios Anteriores (Correntes e Capital)
nos montantes de MDbs. 1.609,00 e MDbs. 42.704,00, respectivamente, pois violam o preceituado no
artigo 30.º da Lei SAFE, uma vez que a execução do OGE 2014 apresentou o montante de despesas
cabimentadas igual a liquidadas e pagas, considerando que foram canceladas todas as despesas
liquidadas e cabimentadas que constituíram compromissos para o Estado, por não ter havido recepção
de Bens e Serviços; vide parte 2, pontos 2.5.1.1.1 e 2.5.1.2.1
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Recomendação 14
Todos os pagamentos de Despesas de Exercícios Anteriores (Correntes e Capital) que
violarem o preceituado no artigo 30.º da Lei Safe, ou que não decorrem do orçamento,
configuram ilegalidades a serem punidadas nos termos da lei;
Conclusão 15
A CGE não contém nenhum quadro ou anexo com informações relativas aos atrasados do Fundo
HIPC; vide parte 2, ponto 2.6.1.1.2
Recomendação 15
Que devem ser apresentadas nas futuras CGE’s, informações relativas aos atrasados do
Fundo HIPC;
Conclusão 16
As informações sobre Benefícios Fiscais devem ser apresentadas nas futuras CGE’s, conforme os
dois (2) modelos sugeridos; vide parte 2, ponto 2.9
Recomendação 16
Que as futuras CGE’s apresentem todos os Benefícios e Incentivos Fiscais concedidos (isenção e redução de taxas,
deduções à matéria colectável e à colecta, etc), previsto nos respectivos diplomas aduaneiros e tributários;
Conclusão 17
Administração Tributária e demais entidades competentes devem efectuar controlo dos Incentivos e
Benefícios Fiscais concedidos pelo Estado, com vista a apurar se os pressupostos que deram lugar a
atribuição dos respectivos incentivos e benefícios continuam a se verificar, ou se é o caso de se por fim
ou anular as concessões atribuídas; vide parte 2, ponto 2.9.2.
Recomendação 17
Que sejam apresentados na CGE a inventariação e quantificação de todos os Benefícios e
Incentivos Fiscais concedidos em todas as cédulas de impostos e taxas, de modo a ser
apurada a totalidade da perda de receita decorrente dessa conceção;
Conclusão 18
Falta de diversas informações que possibilite conhecer o real Inventário de Bens Móveis e Imóveis e
os
Veículos do Estado; vide parte 2, pontos 2.10.1, n. 1, 2 e 3
Recomendação 18
Que a CGE apresente informações consolidadas e consistentes do Património Actualizado
do Estado;
Conclusão 19
Necessidade de esclarecimentos sobre as questões e dúvidas relacionadas com os Créditos e
Débitos do Estado; vide parte 2, pontos 2.10.2.1 e 2.10.2.2.
Recomendação 19
Que sejam revistas as condições e situações em que os impostos são liquidados, de modo a
não originar avultados créditos anulados, bem como proceder ao abrandamento na
contracção de novas dívidas que não têm resultado em benefícios para o país;
Conclusão 20
Os repetitivos resultados negativos que as Empresas Públicas e algumas Sociedades Públicas e
Sociedades Participadas, nas quais o Estado é participante, têm vindo a conhecer de ano para ano no
final dos exercícios económicos, deve levar o Estado a ponderar a continuidade da sua participação no
capital social das mesmas; vide parte 2, ponto 2.10.2.3.
24 DE JANEIRO DE 2019 272
Recomendação 20
Que o Estado pondere a continuidade da sua participação no capital social de algumas
entidades da qual é participante;
Conclusão 21
O Fundo de Contrapartida do Japão no Quadro 36 está referenciado com uma saída de apenas
MDbs. 3.587, quando o Anexo VII apresenta uma utilização no total de MDbs. 20.195,72, não tendo sido
feita qualquer consideração na CGE sobre este aspecto; vide parte 2, ponto 2.11.1.1
Recomendação 21
Que haja convergência entre as informações apresentadas nos Quadros e Anexos da CGE;
Parecer
A emissão do presente Parecer sobre a CGE pelo Tribunal de Contas resulta de uma exaustiva e
objectiva análise das informações constantes do dossier relativo a Conta Geral do Estado, referente ao
exercício de 2015, tendo sido conduzido em conformidade com as normas da INTOSAI e princípios
universalmente aplicáveis ao controlo das finanças públicas.
Com fundamento no resultado dos testes de verificações realizados e de outras acções de controlo
sobre o acolhimento das recomendações formuladas nos pareceres anteriores, o Tribunal de Contas
concluiu que persiste a falta de acolhimento das mesmas, nomeadamente o desrespeito pela estrutura e
pelo conteúdo definidos nos termos dos artigos 58.º e 59.º da Lei do SAFE, a alteração unilateral do OGE
aprovado pela AN, mormente entre despesas correntes e despesas de capital sem obedecer os limites
totais programados, a ausência de contas públicas consolidadas, dentre outras, fundamentos que levam a
que o Tribunal de Contas seja de PARECER, de que a Conta Geral do Estado referente ao exercício
económico de 2015 carece, ainda, de algumas peças fundamentais que condicionariam a sua
APROVAÇÃO, devendo no entanto, à luz de informações prestadas pela Direcção da Contabilidade
Pública, no exercício do contraditório, ser considerada de um importante instrumento na
continuidade de esforços no sentido de propiciar aos parlamentares e ao cidadão em geral, o
verdadeiro espectro da aplicação e utilização dos recursos públicos.
Reiterando, desta feita, a necessidade de acolhimento das principais recomendações já formuladas,
diligências deverão ser dadas no sentido de colmatar:
O incumprimento das disposições previstas no artigo 59.º da Lei SAFE, nomeadamente, não se
juntando à CGE o Inventário Consolidado do Património do Estado e o Mapa dos activos e passivos
financeiros existentes no início e no final do ano económico;
A inexistência de notas explicativas na CGE impossibilitando a obtenção de informações mais esclarecedoras;
Incongruência entre os valores apresentados nos quadros e nos anexos da CGE;
A alteração dos limites orçamentais através do «crédito adicional» efectuada à margem do que
impõe o n.º 4 do artigo 16.º da Lei n.º 1/2015, ou seja, sem estarem associados a elas
acréscimos/diminuições das receitas que as financiam, desvirtuando a essência do OGE aprovado;
A alteração orçamental denominada «Bloqueio» considerada para alteração da dotação provisional desrespeita
a disposição do n.º 4 do artigo 16.º da Lei n.º 1/2015 (Lei do OGE);
A programação e execução das classificações orçamentais de Receitas e de Despesas por Fonte de Recursos
sem observância do cumprimento das regras previstas no ponto 6 do capítulo II do COr;
A rubrica «Emolumentos Gerais Aduaneiros», pertencente ao grupo de Emolumentos, desde 2012 que
deixou de estar prevista por isso não tem tido expressão nas CGE’s;
Os montantes de receitas previstas e cobradas por cada serviço bem como as respectivas
realizações de despesas ainda não se apresentam detalhadas a dificultando o apuramento
os
da
correcção dos valores pagos, em conformidade com as percentagens fixadas nos n. 2 do artigo
11.º e 12 e 13 do artigo 6.º, ambos do Decreto n.º 4/2009, de 10 de Junho;
O pagamento de Despesas de Exercícios Anteriores (Correntes e de Capital), nos montantes de
MDbs. 1.609,00 e MDbs. 42.704,00, respectivamente, em violação ao preceituado no artigo 30.º da
Lei SAFE;
A dificuldade na determinação do valor real das obrigações financeiras do Estado, tendo em conta
que os valores da amortização do capital, apresentados no quadro 1 e noanexo 1 da Conta,
divergem dos montantes apresentados nos quadros 35 e 36 da referida Conta;
As insuficiências de evidências relativas a elaboração do inventário e do cadastro dos bens
pertencentes ao Estado, bem como ao cumprimento das disposições legais em matéria de
realização de operações activas, de inventariação de património e de gestão dos respectivos bens;
Fraca consistência de informações apresentadas sobre a dívida pública em moeda nacional;
273 II Série – Número 14
O valor global do Orçamento inicial (receita e despesa) estimado em MDbs. 3.084.502,00, sofreu
alteração apenas nas despesas para MDbs. 3.381.891,00, contrariando o disposto na alínea g) do
n.º 1 do artigo 13.º da Lei SAFE;
A Despesa Total continua aumentando tendo em 2015 atingido o valor de MDbs. 2.625.347,00,
representando um aumento bastante acentuado de mais de 27,8% (MDbs. 571,698,00) em relação a
2014 (MDbs. 2.053.804), distribuindo-se em: Funcionamento MDbs. 1.548.862 (58,9%) e Capital
desta categoria a rubrica de Investimento
MDbs. 1.076.485 (41%), sendo bastante notória dentro
que atingiu uma execução de MDbs. 859.500 (79,8%);
A Despesa Corrente Primária, no montante de MDbs. 1.250.055, registou um aumento considerável de 14,4%
(MDbs. 157.591) em relação ao exercício de 2014, correspondente a 47,6% da Despesa
Total;
As Despesas com o Pessoal, no montante de MDbs. 605.035, continuam com uma tendência crescente,
tendo em 2015 aumentado mais 9,8% (MDbs. 54.126) em relação a 2014 (MDbs. 550.909).
Decisão
Acórdão n.º ____ /2018
VISTOS, relatados e discutidos os autos relativos a apreciação conclusiva sobre a Conta Geraldo Estado
referente ao exercício de 2015, ACORDAM os Juízes do Tribunal de Contas de São Tomé e Príncipe,
reunidos em Sessão Plenária, diante das razões expostas pelo Relator, em aprovar o Parecer e o Relatório
sobre Conta Geral do Estado referente ao exercício económico de 2015, nos termos da alínea a) do n.º 1 do
artigo 16.º da Lei n.º 3/99, de 20 de agosto, LOTC.
Secção B – Relatório
I. Introdução
A Conta Geral do Estado (CGE) é um documento importante para a consolidação da democracia e do
princípio da transparência na gestão de recursos públicos, pois tem por objectivo evidenciar a execução
orçamental, financeira e patrimonial, bem como apresentar o resultado do exercício e a avaliação do
desempenho dos órgãos do poder central, regional e local e das instituições públicas, nos termos do artigo
(artigo) 56.º da Lei n.º 3/2007 – Lei sobre o Sistema de Administração Financeira do Estado (SAFE), de 12
de Fevereiro.
De realçar ainda a importância da Lei SAFE como diploma orientador de toda a acção económica e
financeira do Estado, onde se encontram definidas as regras de execução orçamental. Esta Lei aplica-se a
todos os órgãos de soberania, aos órgãos do poder regional e local, bem como às outras instituições do
Estado, designadamente: aos Institutos ou Agências Nacionais e às Empresas Públicas. Todavia, importa
referir que os Institutos ou Agências Nacionais e às Empresas Públicas regem-se por legislação específica
no que se refere à sua administração financeira e prestação de conta.
Ela (Lei SAFE) estabelece o regime de organização, apresentação, aprovação, execução, fiscalização e
controlo do Orçamento Geral do Estado (OGE), e das respectivas contas, bem como fixa regras e princípios
a que deve obedecer a elaboração e a execução do OGE, seu conteúdo e estrutura, define as normas que
orientam a execução e o controlo orçamental e a apresentação das contas (CGE).
Outrossim, a CGE deve ser elaborada com clareza, exactidão e simplicidade, de modo a possibilitar a
sua análise económica e financeira, bem como reflectir a observância do grau de cumprimento dos
princípios de regularidade financeira, legalidade, economicidade, eficiência e eficácia na obtenção e
aplicação dos recursos públicos colocados à disposição dos órgãos e instituições, devendo ser elaborada
com base nos princípios e regras de contabilidade geralmente aceites, conforme prevê o artigo 57.º da
referida Lei.
De referir também que o Governo deve apresentar como anexo à CGE, o balanço patrimonial dos órgãos
do poder regional e local e das instituições públicas que não integram o SAFE electrónico (SAFE-e), e o
quadro demonstrativo das despesas realizadas e os respectivos saldos, relativamente aos recursos
1
transferidos do OGE .
1
Número 1 do artigo 60.º da Lei SAFE
24 DE JANEIRO DE 2019 274
A CGE deve ser apresentada ao Tribunal de Contas (TC) pelo Governo, até ao dia 30 de abril do ano
seguinte àquele a que a referida conta respeite, devendo o Relatório e o Parecer do TC ser apresentado à
2
Assembleia Nacional (AN) até ao dia 31 de Julho do ano seguinte àquele a que a CGE respeite .
O TC é o órgão supremo e independente de controlo da legalidade das receitas e das despesas públicas
e julgamento das contas que a lei mandar submeter-lhe, nos termos do n.º 2 do artigo 1.º da Lei n.º 3/99 –
Lei Orgânica do Tribunal de Contas, de 20 de agosto.
O TC tem como missão principal o exercício do controlo externo da gestão financeira pública, através da
fiscalização prévia da legalidade e regularidade dos actos e contractos das entidades a ele sujeitas e a
fiscalização sucessiva das suas contas, com objectivo de promover a transparência e responsabilidade, e
assegurar a garantia do exercício dos princípios gerais da organização económica, bem como o
desenvolvimento da cultura de prestação de contas, daqueles que se encontram investidos na missão de
gerir dinheiros e outros bens públicos postos a sua disposição.
Assim, a Lei que estabelece a competência, organização e funcionamento do TC, bem como o estatuto
dos respectivos juízes – Lei n.º 3/99, na alínea a) do n.º 1 do seu artigo 16.º, confere ao TC a competência
de dar parecer sobre a CGE. Nesta qualidade, o TC pode obter do Ministério das Finanças, Comércio e
Economia Azul ou de qualquer outro Organismo ou Serviço do Estado, documentos e informações que
entender pertinentes e proceder a qualquer momento, à fiscalização sucessiva da legalidade da
arrecadação das receitas e da realização das despesas dos serviços e organismos sujeitos à sua jurisdição,
conforme estabelecido no artigo 2.º da supracitada Lei.
Inserido no poder judicial, sendo único na sua ordem, o TC exerce as funções da maior relevância no
nosso ordenamento jurídico-financeiro, decorrentes do poder que a Lei lhe confere para julgar as contas
dos organismos, serviços e entidades sujeitas à sua jurisdição, e efectivar as responsabilidades financeiras
daí advenientes – sancionatórias e reintegratórias – próprias de um Estado de Direito.
Todavia, no âmbito do Parecer sobre a CGE prevalece essencialmente, a função consultiva do Tribunal,
que, aprecia de entre outros, a actividade financeira do Estado no ano a que a Conta se reporta, nos
domínios patrimonial e das receitas e despesas, o cumprimento da Lei do Orçamento e Legislação
complementar e o Inventário do Património do Estado, com vista a certificação da exactidão, regularidade,
legalidade e correcção económico-financeira das contas e ou respectiva gestão financeira anual, sendo
objecto de publicação no Diário da República (n.º 2 do artigo 16.º da Lei n.º 3/99 e n.º 3 do artigo 4.º da Lei
n.º 8/99
– Lei sobre Prestação de Contas, de 20 de agosto).
II. Contraditório
Para efeito do exercício do Contraditório até ao dia 04 de Outubro de 2018, nos termos do artigo 7.º da
Lei n.º 3/99, de 20 de agosto, foi remetido à DCP do Ministério das Finanças, Comércio e Economia Azul,
através do ofício Ref.ª 0717/269/GS/TC/18, o Relatório Provisório sobre a CGE de 2015. (Vide Anexo I).
A referida Direcção através do ofício n.º 86/DCP/MFCEA/2018, de 10 de Outubro, solicitou a dilatação do
prazo para o exercício do contraditório, para o dia 31 de Outubro de 2018, tendo o prazo sido prorrogado
para o referido dia solicitado e comunicado através do ofício n.º 0749/277/GS/TC/18, de 11 de Outubro.
(Vide Anexos II e III).
Na data de 30 de Outubro de 2018, o princípio do contraditório foi exercido pela DCP, através do ofício
n.º 92/DCP/MFCEA/2018, juntando os comentários às conclusões apresentadas no Relatório Provisório
sobre a Conta Geral do Estado de 2015. (Vide Anexo IV).
Os comentários da DCP às conclusões do Relatório Provisório da CGE de 2015 originaram o seguinte:
Primeiro
Após a análise do comentário à conclusão C20, o TC tomou em consideração as explicações e
justificações alegadas no comentário do contraditório e alterou o conteúdo da conclusão apresentada.
Segundo
No que se refere aos comentários às conclusões C9, C16, C17 e C24, o TC entende serem relevantes
as explicações e justificações apresentadas, pelo que retirou os conteúdos das conclusões do relatório.
Terceiro
Analisando os conteúdos dos comentários às conclusões C1 a C8, C10 a C15, C18, C19, C21 a C23 e
C25, o TC por os considerar irrelevantes mantém os conteúdos já apresentados nas conclusões.
Sendo assim, dá-se por definitivo o presente Relatório.
2
Números 1 e 2 do artigo 61.º da Lei SAFE
275 II Série – Número 14
b) Enquadramento Orçamental
Nos termos da alínea a) do n.º 1 do artigo 16.º da Lei n.º 3/99 – Lei Orgânica do Tribunal de Contas, de 20
de agosto, compete ao TC dar parecer sobre a CGE.
c) Orçamento do Estado
O OGE é um instrumento de medidas quantificadas de políticas orçamentais e de prioridades de acção
governativa a serem implementadas ao longo do ano económico, que inclui as alocações específicas de
recursos por instituição face às receitas previstas e às necessidades de financiamento, considerando o
ambiente macroeconómico em que o mesmo será realizado.
O artigo 36.º da Lei SAFE estabelece que a execução do OGE é feita pelo Governo, que deve prestar
trimestralmente informação à Assembleia Nacional até 30 dias depois de vencido o trimestre, devendo ser
publicado no Diário da República.
No preâmbulo e no n.º 2 do artigo 4.º da Lei n.º 8/99 – Lei sobre Prestação de Contas, de 20 de agosto,
estão definidos o regime jurídico da fiscalização sucessiva e o prazo da remessa do Relatório e Parecer do
TC sobre a CGE à AN.
O abrandamento da economia nos países Gráfico n.º 1 - PIB por Regiões (variação anual em
de África subsariana é justificada, mormente, %)
pela diminuição dos preços das mercadorias,
pela diminuição de capital e da baixa da Fonte: FMI, World Economic Outlook 2017
Actividades económica dos principais
parceiros comerciais. Gráfico n.º 1: Inflação por Regiões (variação anual em
Nas economias da zona Euro, o %)
crescimento da actividade económica foi
particularmente influenciado pela evolução
favorável do consumo privado, a aceleração
das exportações, a redução dos preços do
petróleo e melhorias no mercado de trabalho
na zona Euro. Portugal, país com que São
Tomé e Príncipe mantém fortes relações
comerciais, viu seu PIB crescer 0,7%.
O crescimento dos EUA também se
deveu a melhoria do mercado de trabalho e
da procura interna, justificada pelo consumo
e investimentos nos sectores não
petrolíferos.
No que diz respeito a inflação, os países da Economia avançada foram marcados por uma acentuada
descida, passando de 1,4 para 0,3, enquanto a África subsariana rondou os 7,0% (6,3% em 2014).
Segundo o Relatório do FMI referente à IV Consulta no âmbito da Facilidade de Crédito Alargado, São
Tomé e Príncipe continuou a realizar progressos no sentido da estabilidade macroeconómica, mas o atraso
na aprovação do orçamento de 2015 abrandou o ritmo da consolidação. O desempenho económico foi
positivo e apesar de um abrandamento o crescimento do PIB em 2015, que rondou os 3,8% (4,5% em
2014), não atingiu os 5% projectados, devido à implementação tardia de projectos de investimento público e
à pouca chuva, que afectou a produção de cacau. Por outro lado, a inflação média do período caiu para 5,3
% (7,0 % em 2014), devido a fraca procura e a queda dos preços internacionais do petróleo e de outras
matérias-primas, o que reflecte a desaceleração da actividade económica.
Embora a participação de São Tomé e Príncipe no mercado de turismo tenha mostrado uma forte
recuperação em 2014, revertendo o declínio causado pela crise na Europa, sua quota do mercado de cacau
tem vindo a cair, de modo geral, nos últimos anos, o que sinaliza uma perda de competitividade.
Em 2015 a economia são-tomense reflectiu uma melhoria do saldo da balança corrente e de capital,
representando 5,1% do PIB (-10,8% em 2014), justificado pelo aumento das exportações de bens e
serviços em apenas 1,7% e sobretudo da Balança Financeira que situou-se em 18,1% do PIB (11,1% do
PIB em 2014), reflectindo assim, o impacto positivo do Investimento Directo Estrangeiro na economia
(8,2% do PIB contra os 5,6% em 2014).
O défice da balança corrente externa situou-se nos 13,0% do PIB, reflectindo alguma dinâmica da
actividade económica com as exportações de bens e serviços a crescerem 1,7% enquanto as importações
de bens e serviços conheceram uma variação de -18,0% face ao ano anterior. As reservas internacionais
brutas no final de 2015, estimadas em USD 61,9 mil Milhões de Dobras (5,3 meses de cobertura das
importações), permaneceram em níveis confortáveis.
Embora o crescimento anual do PIB, entre os anos 2011 e 2015, tivesse sido positivo, verificou-se uma
tendência para a sua diminuição, demonstrando não ser suficientemente forte e diversificado para melhorar
as perspectivas económicas e reduzir a pobreza de modo significativo. O índice de pobreza continuava alto
e a inflação acumulada caiu de 11,9% para 4,0% durante aquele período. E apesar dos esforços no sentido
de priorizar a implementação da Estratégia Nacional de Redução da Pobreza de 2012 (ENRP II), o
progresso rumo à consecução dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM) não foi uniforme,
tendo São Tomé e Príncipe alcançado menos da metade dos ODM (ensino primário universal, redução da
mortalidade infantil e melhoria da saúde materna) e chegou perto de atingir dois outros (combate ao
VIH/SIDA, malária e outras doenças e garantia da sustentabilidade ambiental). Contudo o país não atingiu o
objectivo de erradicar a extrema pobreza e a fome. Actualmente o governo está a trabalhar na integração
dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) numa estratégia de desenvolvimento nacional
actualizada que veio substituir a ENRP II após o seu termo em 2016.
As autoridades começaram a aplicar o plano de regularização dos atrasados, acordado no âmbito do
programa apoiado pela ECF. Este plano propõe a eliminação do stock de atrasados do governo à EMAE,
aos fornecedores em geral e à ENCO, bem como a prevenção de surgimento de novos atrasados. O plano
também propõe a eliminação dos atrasados da EMAE à ENCO ao longo de 10 anos, a partir de 2015. A
mudança de governo e a tomada de posse tardia do novo governo atrasaram a aprovação do orçamento de
2015. A concessão de donativos do Banco Mundial para apoio ao orçamento de 2015 não se concretizou,
devido à atrasos por parte das autoridades para apresentar a documentação referente ao memorando de
entendimento firmado com a China Harbor Engineering sobre o projecto do porto de águas profundas, para
avaliar se as condições estabelecidas no memorando eram compatíveis com o programa apoiado pela ECF.
Apesar da execução orçamental ter sido prejudicada pela insuficiência de receita fiscal e de apoio ao
orçamento por doadores, apenas o critério de desempenho relativo ao défice primário interno deixou de ser
cumprido por uma margem de cerca de 0,3% do PIB devido, principalmente, à receita fiscal insuficiente e à
ausência de cortes correspondentes nos gastos.
Segundo os Relatórios do FMI a pressão no sistema financeiro aumentou, sendo que o rácio de
adequação de fundos próprios do sistema bancário no seu conjunto caiu de 20,3% em Dezembro de 2014
para 15,5% no final de 2015, enquanto o rácio de fundos próprios/activos ponderados pelo risco subiu de
22,6% para 24,1%, após as recentes injecções de capital por parte de vários bancos. Os empréstimos mal
parados alcançaram uma alta histórica em torno de 30,0% após a reclassificação de descobertos vencidos
24 DE JANEIRO DE 2019 278
nos livros do Banco Equador como empréstimos malparados e a baixa duma parcela importante dos
empréstimos do maior banco como perdas.
A actual desaceleração na expansão do crédito em consequência dos grandes e crescentes
empréstimos malparados, em especial à pequenas empresas, afectou negativamente as actividades
económicas e as perspectivas de aceleração do crescimento económico. Por outro lado, a falta de
dinamismo na economia real tem influenciado a capacidade dos bancos para conceder crédito, o que
resulta num rápido acumular de liquidez em excesso na banca e produz reacções negativas sobre os
sectores real e orçamental da economia. Combinados, estes factores resultaram num aumento forte e
sustentado dos empréstimos malparados.
O grande e crescente excesso de liquidez prejudicou o esforço das autoridades na gestão monetária.
Estima-se que o excesso de liquidez era de 24,0% dos depósitos ou cerca de 5,0% do PIB no final de 2015.
À semelhança do parecer da CGE de 2014, continua a não ser possível a comparação do cenário
macroeconómico, que supostamente estaria na base do Relatório, do OGE 2015 com o do OGE 2016, com
o do Banco Central (BC) e também com a programação do FMI. Assim, continua-se a recomendar que se
faça constar, explicitamente, nos OGE’s e nos outros documentos de previsão, alguns indicadores
macroeconómicos considerados mais importantes, que supostamente estiveram na base da previsão,
nomeadamente o Consumo público e privado, a Formação bruta de capital fixo (FBCF), a Taxa de
desemprego, a Inflação média anual, entre outros.
279 II Série – Número 14
Como se pode verificar no quadro que se segue, não foi possível determinar os desvios face ao valor
verificado na economia, devido a falta de informação relativa às principais componentes do PIB na óptica da
despesa.
À semelhança do que se verificou nas conclusões anteriores (1 e 2), a DCP as respostas dadas em sede
do contraditório não atendem a preocupação do TC, pois trata-se de incluir na conta elementos
fundamentais para análise macroeconómica e que devem estar na base da previsão e estimativas das
Despesas e Receitas, sob pena de comprometer a qualidade das mesmas e torná-las menos realistas.
Aliais, é impreterível que a CGE contenha informações sobre as projecções macroeconómicas para uma
análise comparativa, permitindo reportar os desvios nas previsões macroeconómicas e orçamentais, na
medida em que a melhoria da qualidade da previsão macroeconómica e orçamental é fundamental para o
desenvolvimento de um quadro anual e plurianual das despesas mais realistas. E para isso, torna-se
necessário que as causas e naturezas dos desvios sejam reflectidas de forma explícita nos documentos de
programação orçamental e consequentemente na CGE.
Importa referir ainda que, para efeitos de comparabilidade e devido a falta de dados tempestivos e
consistentes por parte do Instituto Nacional de Estatística (INE), considerou-se como dados de referência,
os do FMI.
No que se refere a orçamentação das receitas e despesas, foi fixado um limite para o défice orçamental
das administrações públicas de 804 mil Milhões de Dobras em 2015 (11,4% do PIB), como mostra o quadro
seguinte:
Quadro n.º 3:Previsão orçamental de base do OGE 2015 (em mil Milhões de dobras)
Administrações Públicas Ano 2014 Ano 2015
Execução (a) OGE 2015 OGE 2018 FMI (b)
Receita Total 1634 2.280 1986 1108
Despesa Total 2027 3.084 2666 2405
Saldo Global -393 -804 -680 -1297
Saldo Global em % PIB -6,3 -11,4 -9,7 -18,6
Por memoria:
PIB 6.239 7071 7018 6970
Dívida Pública (em % PIB) 84,7* 86,2
(a) Constante no Relatório do OGE 2016
(b)Para efeitos de comparabilidade utilizou-se os dados do Rel.FMI_IVCons.2018
Fonte: OGE 2015, OGE 2016 e OGE2018
* CGE2015
Face à estimativa da execução orçamental de 2014, a previsão do OGE 2015 assumia um perfil
orçamental assente essencialmente no aumento da despesa em 1.057 mil Milhões de Dobras (52,1%) face
ao aumento da receita de apenas 646 mil Milhões de Dobras (39,5%), com um agravamento do saldo
orçamental em 411 mil Milhões de Dobras (104,6%). Em termos de rácio do PIB, esta previsão resultaria no
aumento do défice de 6,3% para 11,4% do PIB.
Todavia, o OGE 2018 apresenta um défice da execução orçamental para o ano 2015 em 9,7%, com um
agravamento das necessidades de financiamento das AP’s em 287 mil Milhões de Dobras, em resultado do
aumento da receita de apenas 352 mil Milhões de Dobras e do aumento da despesa em 639 mil Milhões
Dobras.
Por outro lado, verifica-se que face aos valores orçamentados, a execução orçamental, quer das receitas
quer das despesas, conheceu uma diminuição de 294 e 418 mil Milhões de Dobras, respectivamente,
resultando assim, num desagravamento das necessidades de financiamento em 124 mil Milhões de Dobras.
Importa, contudo, destacar o facto do Relatório de FMI de 2018 apontar para um maior agravamento do
défice face aos valores orçamentados, situando-se em 493 mil Milhões de Dobras, como consequência de
uma forte redução das receitas (1.172 mil Milhões de Dobras) não compensada pela redução das despesas
(679 mil Milhões de Dobras), como se pode verificar no quadro acima.
Segundo o Relatório do FMI, «os esforços de consolidação orçamental foram prejudicados pelo baixo
desempenho da receita fiscal e um desfasamento entre o momento de concessão de donativos de apoio ao
orçamento e a realização da respectiva despesa. Estima-se que as receitas fiscais tenham sido inferiores à
meta do final do ano em cerca de 0,7% do PIB, em parte devido a um menor esforço de cobrança de
impostos atrasados e ao atraso na inclusão dos 15.000 novos contribuintes registados durante o projecto
Operação Inclusão Fiscal. Ademais, a ENCO (a importadora de petróleo) continuou a acumular novos
atrasados em 2015 (estimados em 0,3% do PIB). Houve também uma insuficiência em torno de 2,2% do
PIB na concessão de donativos de apoio ao orçamento. Apesar dos cortes modestos nos gastos por parte
das autoridades para compensar o baixo desempenho das receitas internas, estes foram insuficientes, o
que resultou num défice primário interno de cerca de 3,0% do PIB, acima da meta do programa, de 2,7% do
PIB.»
O gráfico que se segue demonstra os eventuais desvios ocorridos, aquando da comparação entre os
diferentes documentos de previsão e de execução orçamental:
281 II Série – Número 14
Gráfico n.º 3: Desvios entre as previsões orçamentais e os valores verificados (em mil Milhões de
dobras)
6000
5000
4000
3000
Saldo Global
2000
Despesa Total
1000 Receita Total
0
Execução OGE 2015 OGE 2018 FMI (b)
(a)
Ano 2014 Ano 2015
24 DE JANEIRO DE 2019 282
Anexo
interdição da execução de todas as despesas de investimentos em curso e pela cativação de 10% das
verbas inscritas para todas as despesas ordinárias enquanto o orçamento não fosse aprovado, à excepção
das despesas salariais, nos termos do artigo 26.º da Lei SAFE.
A aprovação tardia do OGE se deveu a formação de um novo Governo (XVI Governo Constitucional)
empossado no mês de Novembro de 2014 como resultado da eleição legislativa de Outubro de 2014, e pela
implementação da metodologia do orçamento participativo, que consistiu no acolhimento de subsídios junto
da população para uma melhor alocação dos recursos na implementação das medidas de políticas e dos
programas.
Para o exercício económico de 2015 e no cômputo da política de programação fiscal de médio prazo
2014-2016, visando alcançar a estabilidade fiscal, destaca-se uma moderada arrecadação de receitas,
como resultado de, dentre outras medidas:
O Lançamento da Operação «Inclusão Fiscal/Alargamento da Base Tributária», por via de ingresso de
novos contribuintes;
Reforço da Fiscalização Aduaneira; e
Otimização e consolidação do Sistema Sydonia World.
De referir ainda que para o exercício económico do ano em apreço, as receitas foram estimadas no
montante total de MDbs. 3.084.502,00, de acordo com a LO, com cobertura em recursos de fontes internas
e externas, sendo MDbs. 1.591.782,00 estimada para fonte interna, e MDbs. 1.492.720,00 estimada para
fonte externa, conforme o Quadro seguinte:
O Financiamento Interno é constituído por Recurso Ordinário do Tesouro com o valor de MDbs.
1.476.411,00, equivalente a 47,8% do peso, por Recursos Consignados Locais com o montante de MDbs.
45.467,00, equivalente a 1,5% do peso, e por Fundo HIPC com a importância de MDbs. 69.904,00,
equivalente a 2,3% do peso.
O Financiamento Externo é coberto por Donativos no montante de MDbs. 729.747,00, e por
Desembolsos de Empréstimos no valor de MDbs. 762.973,00, equivalentes ao peso total de 48,4%.
24 DE JANEIRO DE 2019 284
(Em MDobra)
FONTES DE RECURSOS FIXAÇÃO DE DESPESAS
Designação Montante Desp. Corr. Inv. Público Desp. Finan.
Financiamento Interno 1 591 782,00 1 346 223,00 133 151,00 112 408,00
Rec. Ordin. Tesouro 1 476 411,00 1 300 756,00 63 247,00 112 408,00
Rec. Consig. Locais 45 467,00 45 467,00
Fundo HIPC 69 904,00 69 904,00
Financiamento Externo 1 492 720,00 1 492 720,00
Donativos 729 747,00 729 747,00
Desemb. Empréstimos 762 973,00 762 973,00
Total Geral 3 084 502,00 1 346 223,00 1 625 871,00 112 408,00
% Peso 100% 43,7% 52,7% 3,6%
Salienta-se que para a estimativa do défice no montante de MDbs. 804.334,00, foi programado o seu
financiamento com recursos da Conta Nacional do Petróleo (MDbs. 39.612,00), Alienação de Activos
(MDbs. 1.749,00) e Desembolso de Empréstimo (MDbs. 762.973,00, respectivamente.
Relativamente à Despesa, foi fixado o montante total de MDbs. 3.084.502,00 para o ano económico de
2015, conforme a LO, sendo MDbs. 1.346.223,00 para Despesas Correntes, equivalente a 43,7% de peso,
MDbs. 1.625.871,00 para Despesas de Investimento Público, equivalente ao peso de 52,7% e MDbs.
112.408,00 para Despesas Financeiras, equivalente a 3,6% de peso, conforme o Quadro seguinte:
No que concerne a financiamento total das despesas fixadas para o ano económico de 2015, a sua
cobertura foi estimada com recurso a Financiamento Interno no valor de MDbs. 1.591.782,00, equivalente a
51,6%, e com recurso a Financiamento Externo na importância de MDbs. 1.492.720,00, equivalente a
48,4%.
Os recursos de Financiamento Interno destinam-se a cobertura de Despesas Correntes, Despesas de
Investimentos Públicos e Despesas Financeiras, nos montantes de MDbs. 1.346.223,00, MDbs. 133.151,00
e MDbs. 112.408,00, respectivamente.
Quanto aos recursos de Financiamento Externo no valor de MDbs. 1.492.720,00, destinam-se
totalmente a cobertura de Despesas de Investimento Público.
com observância estrita das disposições do n.º 4 do referido artigo. O OGE, tanto na sua elaboração como
na sua execução, deve manter sempre equilibrada a sua dotação provisional. Para o efeito, isso só é
efectivada com aumento dos limites das receitas ou com redução ou anulação dos limites das despesas.
Ainda em sede de contraditório a DCP alega «Que se for entendido que a realização de despesas
sucede à arrecadação de receitas, no que concerne às alterações orçamentais, referentes às despesas
consignadas, então elas não violam o princípio de especificação muito menos o de equilíbrio. Pois que, no
momento que o Sector solicita a alteração das despesas consignadas já existe a receita compensatória,
oriunda do excesso de arrecadação.»
Ora, não existe no OGE ou no COr nenhuma rubrica designada de «Despesas Consignadas». Despesas
consignadas é a designação que se dá às despesas normais (com pessoal, bens ou serviços), que se
consigna receitas não fiscais ou parte delas cobradas nos sectores para suas realizações. Tanto assim é,
que o Decreto n.º 4/2009 as designa de Despesas Salariais e Não Salariais.
É certo que as despesas são satisfeitas em função da cobrança das respectivas receitas. No entanto,
não se pode proceder apenas a alteração dos limites fixados das despesas sem proceder no mesmo
montante para as receitas, deixando assim de se observar o disposto na alínea g) do n.º 1 do artigo 13.º da
Lei SAFE que diz, o seguinte: «Equilíbrio, com fundamento nos quais todas as despesas previstas no
Orçamento devem ser efectivamente cobertas por receitas nele inscritas». O texto transcrito não diz
«receitas nele cobradas, mas sim, receitas nele inscritas». Se se altera a previsão de despesas devido a
excesso da cobrança de receitas, então também se deve alterar a previsão de receitas em igual montante
para que o OGE se mantenha equilibrado na sua programação.
Por outro lado, é de senso comum que às normas para pagamento das despesas consignadas não
são lineares para todos os sectores, havendo especificidades para alguns sectores, casos de
Direcção dos Impostos, Direcção das Alfândegas, Polícia Nacional, etc. O Próprio Decreto 4/2009
diferencia Direcção das Alfândegas da generalidade dos outros sectores, atribuindo-lhe 60% da
cobrança para Encargos Pessoais Aduaneiros em vez dos 15% para as Despesas Salariais. Mas, no
caso das alterações orçamentais a norma linear para todos os sectores.
Outrossim, não deve haver reforço de verbas por via de compensação dentro do mesmo organismo, ou
entre os diferentes organismos, no que diz respeito às despesas consignadas, em virtude das receitas
cobradas serem afectas a determinado fim específico ou a determinado órgão ou instituição, conforme reza
os
a alínea a) do n.º 2 do artigo 13.º da Lei SAFE, conjugado com os n. 2 do artigo 11.º e 13 do artigo 6.º,
ambos do já citado Decreto n.º 4/2009.
No tocante às alterações efectuadas às Despesas de Capital (Quadros 32 e 33 da CGE), por meio de
créditos adicionais, no montante total de MDbs. 277.150,00, mais concretamente as Despesas de
Investimentos no montante de MDbs. 251.583,00 e as Despesas de Capital Financeiro no montante de
MDbs. 25.567,00, uma vez que elas não foram feitas em função de receitas compensatórias, então elas só
poderiam ter sido feitas em função de redução ou anulação de despesas fixadas no Orçamento, nos
termos do já citado n.º 4 do artigo 16.º da LO, e não por Bloqueio, como é indicado na CGE (Quadros 28 a
33).
A DCP, em sede de contraditório, no que se refere às conclusões 6 e 7, conclui que o TC se equivocou
em afirmar que a alteração orçamental «Bloqueio» não tem enquadramento legal. Também diz:
«Relativamente a esta constatação, somos de recordar que segundo o artigo 9.º da Lei 1/2015 (Aprova o
Orçamento para o Ano Económico 2015), o Governo deve tomar medidas necessárias à rigorosa
contenção das despesas públicas e ao controlo da sua eficiência e eficácia de forma a atingir o saldo
primário previsto. Neste sentido, de forma a levar a cabo estas prerrogativas do Governo, no sistema
informático de gestão de finanças públicas (SAFE-e), existe uma função denominada «BLOQUEIO» que
restringi (restringe) a utilização parcial ou total da dotação de uma rubrica orçamental, que no entender do
Governo não se revelar prioritária ou, quando a fonte de financiamento prevista para uma determinada
acção, não se encontre disponível.
A anulação de despesas fixadas no orçamento, previsto n.º 4 do artigo 16.º da Lei n.º 1/2015, é feita
com recurso ao mecanismo de «BLOQUEIO», como forma de evidenciar todas as transacções ocorridas no
sistema. Como poderá consultar no Decreto n.º 21/2007, que aprova o Plano de Contas aplicadas ao
Sector Público, faz parte a conta 8.2.1.2.2.00.00 – Dotação Bloqueada, na qual são registadas todas as
operações desta natureza ocorrida no sistema.»
Somente que a DCP não indicou as disposições legais que determinam que uma função num sistema
informático, que no caso é o SAFE-e, pode ser considerada como norma para alteração de limites
orçamentais, e que uma conta de um Plano de Contas, onde se regista operações orçamentais, é
considerada norma para alteração de limites orçamentais.
A DCP ao invocar e bem o artigo 9.º da Lei 1/2015 (LO), no qual o Governo é autorizado a “tomar
medidas necessárias à rigorosa contenção das despesas públicas … …, a criar mecanismos que
permitam o controlo das dotações orçamentais de forma a garantir uma melhor aplicação dos
recursos públicos e a levar a cabo os mecanismos para a descentralização gradual de gestão das
dotações orçamentais, … ….» Não deu conta de que em nenhum dos três números do referido artigo faz
referência a alteração orçamental. As únicas disposições que normalizam a alteração orçamental são o
287 II Série – Número 14
artigo 16.º e o n.º 3 do artigo 19.º. A DCP na sua resposta (texto transcrito) diz e bem, que a função de
«BLOQUEIO» é restringir a utilização parcial ou total da dotação de uma rubrica orçamental, ou seja,
fazer contenção das despesas, facto que não pode ser considerado como alteração de limites orçamentais.
No Plano de Contas aprovado pelo Decreto n.º 21/2007, de 7 de Setembro, e anexo ao referido Decreto,
não existe conta 8.2.1.2.2.00.00 – Dotação Bloqueada, mas sim a conta 8.2.1.2 – Crédito não Disponível,
que por sua vez se subdivide em duas subcontas 8.2.1.2.1 – CnD – Por - Cativação e 8.2.1.2.2 – CnD Por
- Contenção. A denominação «Bloqueio» existente no sistema informático de gestão de finanças públicas
não tem suporte na LO, no SAFE, nem no Plano de Contas aprovado pelo Decreto n.º 21/2007, pelo que,
tal como se recomendou no relatório anterior, deve ser corrigida.
1. 03-Recursos Consignados Locais, são receitas não fiscais cobrados pelos sectores do
Estado, que nos termos do número 2 do art.º 11.º e do número 13 do art.º 6.º do Decreto n.º
4/2009, de 18 de Março, podem ser consignadas para custeio de despesas não salariais
e despesas salariais, caso haja necessidade. Caso não haja necessidade elas não devem
ser consignadas, continuando a manter-se como receitas não fiscais, o que deveria ter
acontecido no sector Serviço de Migração e Fronteira (MDbs. 1.135,94);
2. 05-Bónus de Exploração de Petróleo, não estando afeto a um determinado fim nem
associado a qualquer projecto ou actividade, o recurso no montate de MDbs. 51.966,66 não
devia ter sido executado como receita do OGE, mas sim continuar numa conta do Tesouro
à disposição do Governo para uso posterior quando fosse necessário;
3. 11-Financiamento Externo – Empréstimos, não estando afetos a determinados fins nem
associados a quaisquer projectos ou actividades, os recursos provenientes de FMI (MDbs.
19.800,20) e da República Popular de Congo (MDbs. 224.418,10) não deviam ter sido
executados como receita do OGE, mas sim continuarem numa conta do Tesouro à
disposição do Governo para uso posterior quando fossem necessários.
24 DE JANEIRO DE 2019 290
Em sede de contraditório à conclusão 8, a DCP diz que estranha quando o TC alega que deve haver o
equilíbrio na previsão e execução dos montantes das receitas e despesas pelo critério de fonte de recurso.
No entanto, a DCP não faz nenhuma referência às regras previstas no ponto 6 do Capítulo II do COr sobre
a programação e execução das classificações orçamentais por Fonte de Recuros.
Os diversos argumentos apresentados pela DCP para contrariar os aspectos questionados pelo TC em
nada esclareceram o assunto, pelo contrário demonstraram ainda mais a falta de veracidade e clareza
nalgumas informações constantes da CGE.
Os recursos da União Europeia, no montante de MDbs. 61.249,00, que entrou e serviu para financiar
outras fontes de recursos, quando confrontados com as informações dos Anexos VII – Execução de
Despesas por Fonte de Recursos e XXI – Execução de Receitas por Órgão e Fonte de Recurso, verifica-se
existência de valores diferentes. O mesmo se passa com a Conta Nacional de Petróleo, cujos montantes de
MDbs. 51.967,00 e MDbs. 44.580,00 de receita e despesa, respectivamente, é confirmada no Anexo de
Receita, mas no Anexo de Despesa só figura o recurso de Subsídios de Empresa de Petróleo no montante
de MDbs. 6.073,48.
O aprendizado que se retira dos comentários da DCP é de que as Fontes de Recursos não só financiam
as despesas como também financiam outras fontes de recursos, o que resulta que não se identifique as
fontes de recursos que financiam algumas despesas.
291 II Série – Número 14
No tocante a questão levantada pela DCP, se o Governo deixaria de arrecadar um recurso ou donativo
pelo facto das mesmas não estarem inicialmente inscritos no orçamento? Evidentemente que a resposta
categórica do TC é «não». No entanto, as suas utilizações só poderiam ocorrer quando estivessem
previstas no OGE aprovado, conforme estabelece o n.º 2 do artigo 14.º da Lei SAFE.
Quanto ao desembolso do «Financiamento Externo – Empréstimos», no montante de MDbs. 224.418,00,
que o TC mencionou no Relatório como sendo da República do Congo, isto se deve à sigla «RPC»
constante no Anexo XXI. Não há referência sobre a empresa chinesa nas «Siglas e Acrónimos» ou em
qualquer parte da CGE. Para que não ocorra esse tipo de equívoco, mencionado pelo Tc no Relatório
Provisório, é que o n.º 1 do artigo 57.º da Lei Safe estabelece que a CGE deve ainda ser elaborada com
clareza, exactidão e simplicidade, de modo a possibilitar a sua análise económica e financeira.
2.4. Receita
A reforma da Administração Tributária visa intensificar o controlo da receita, quanto a aplicação dos
princípios e regras orçamentais e quanto à legalidade e equidade dos sistemas tributários, incluindo avaliar
o combate à fraude e à evasão fiscais.
No âmbito do Parecer sobre a CGE, o TC aprecia a actividade financeira do Estado no ano a que a
Conta se reporta no domínio das receitas, examinando o cumprimento da LO e demais legislações
complementares que disciplinam a arrecadação das receitas públicas que são classificadas por natureza
3
económica, sendo agrupadas de acordo com o Classificador Orçamental das receitas , em Receitas
Correntes e de Capital.
No que concerne às receitas do Estado, a Lei n.º 1/2015, de 28 de maio, que aprovou o OGE para o ano
de 2015, previu o valor total de MDbs. 3.084.502,00, o que representa um aumento de 4,8%, equivalente a
MDbs. 141.645,00, em relação ao período homólogo, cuja previsão foi de MDbs. 2.942.857,00. O quadro a
seguir evidencia a execução Orçamental de Receitas do ano em análise.
3
Aprovado pelo Decreto n.º 4/2007 de 5 de fevereiro – Classificador Orçamental das receitas e das despesas
24 DE JANEIRO DE 2019 292
2015 2014
Designação das Receitas % Desvio/Valor Desvio % V.
Programação Realização % Real. Realização
Peso Absoluto % Hga
RECEITAS CORRENTES 1 196 435 1 181 690 98,8 40,1 -14 745 -1,2 973 516 21,4
Receita Tributária 1 073 124 1 028 300 95,8 34,9 -44 824 -4,2 879 069 17,0
Impostos 1 031 910 972 575 94,2 33,0 -59 335 -5,8 841 309 15,6
Taxas 41 104 55 722 135,6 1,9 14 618 -5,8 37 759 47,6
Outras Receitas Tributárias 110 3 2,7 0,0 -107 -97,3 0
Receita Patrimonial 66 928 103 626 154,8 3,5 36 698 54,8 60 189 72,2
Rendimentos Imobiliários 11 649 11 343 97,4 0,4 306 -2,6 10 516 7,9
Rendimentos de Participações 18 678 12 903 69,1 0,4 5 775 -30,9 16 861 -23,5
Rendimentos de Recursos Naturais 36 381 79 380 218,2 2,7 42 999 118,2 32 812 141,9
Outras Receitas Patrimoniais 220 0 0,0 -220 -100,0 0
Receita de Serviços 46 174 29 372 63,6 1,0 -16 802 -36,4 25 068 17,2
Receitas de Serviços Diversos 46 174 29 372 63,6 1,0 -16 802 -36,4 25 068 17,2
Receitas Correntes Diversas 10 209 20 391 199,7 0,7 10 182 99,7 9 189 121,9
Multas e Outras Penalidades 8 910 12 392 139,1 0,4 3 482 39,1 8 028 54,4
Indemnizações e Restituições 665 7 667 1152,9 0,3 7 002 1052,9 588 1203,9
Vendas Diversas ou Eventuais* 36 0 0,0 36 0,0 71
Juros, Comissões e Bonificações 5 17 0,0 12 0,0 5 240,0
Outras Receitas Correntes 593 315 53,1 0,0 -278 -46,9 497 -36,6
RECEITAS DE CAPITAL 1 888 067 1 766 740 93,6 59,9 -121 327 -6,4 1 124 335 57,1
Alienações 1 749 2 394 0,0 0,1 645 0,0 216 1008,3
Alienação de Bens 1 749 2 394 0,0 0,1 645 0,0 32 7381,3
Alienação de Bens Diversos 0 0 0,0 0 0,0 184
Receita de Financiamentos 802 585 912 333 113,7 30,9 109 748 13,7 389 105 134,5
Financiamento Interno 39 612 44 580 112,5 1,5 4 968 13,7 44 291 0,7
Financiamento Externo 762 973 867 753 113,7 29,4 104 780 13,7 344 814 151,7
Receita de Transferência de Capital* 1 083 733 852 013 78,6 28,9 -231 720 -21,4 735 014 15,9
Transferências do Governo 1 083 733 852 013 78,6 28,9 -231 720 -21,4 735 014 15,9
Doações e ajudas do Governo 1 083 733 852 013 78,6 28,9 -231 720 -21,4 735 014 15,9
TOTAL DAS RECEITAS DO ESTADO 3 084 502 2 948 430 95,6 100 -136 072 -4,4 2 097 851 40,5
Fonte: LO, Quadro 6 e Anexo III da CGE
De acordo com o quadro supra a arrecadação das receitas atingiu o montante de MDbs. 2.948.430,00,
correspondente a 95,6% da programação orçamental, com um desvio negativo de -4,4%, equivalente a
MDbs. -136.072,00, e um crescimento de 40,5% de arrecadação relativamente ao período homólogo o que
corresponde a MDbs. 850.569,00.
O desvio negativo de -4,4% (MDbs. -136.072,00), é explicado na página 55 da CGE como sendo, por um
lado, o moderado desempenho verificado sobretudo ao nível das Receitas Tributárias mais concretamente
na rubrica dos Impostos e das Receitas de Serviços, que ficaram abaixo da previsão inicial -4,2% (MDbs. -
44.824,00) e -36,4% (MDbs. -16.801,00), respectivamente, e por outro impulsionado pela diminuição de
entrada de financiamentos externos (Donativos), tanto para projectos como para financiamento do
orçamento, com destaque para a não entrada do apoio orçamental do Banco Mundial conforme inicialmente
previsto.
Não obstante o acréscimo de 40,5% no global das receitas arrecadadas no período em relação ao
exercício económico de 2014, registou-se uma redução nalgumas rubricas, medida pelo acentuado desvio
negativo na execução de 2014 para 2015, como é o caso da rubrica “Rendimento de Participações (-23,5%)
e da rubrica «Outras Receitas Correntes (-36,6%) ».
2.4.1.Receitas Correntes
Cifrando-se em 40,1% no total da arrecadação, as receitas deste grupo constituem umas das principais
fontes de receita do Estado, cuja taxa de execução foi de 98,8%, equivalente a MDbs. 1.181.690,00, para
uma programação de MDbs. 1.196.435,00.
293 II Série – Número 14
Para a execução deste grupo de receitas concorre as Receitas Tributária com 95,8%, Patrimonial com
154,8%, de Serviço com 63,6% e Correntes Diversas com 199,7%. De referir ainda que a arrecadação
dessas Receitas no período em análise aumentou cerca de 21,4% em relação ao exercício económico de
2014.
1. Impostos
A semelhança do ano anterior, este grupo de receitas não atingiu a previsão estabelecida para
arrecadação, apresentando um desvio negativo de -5,8%, que corresponde a MDbs. -59.335,00. Com uma
programação de MDbs. 1.031.909,00, o mesmo conheceu uma realização de MDbs. 972.574,00,
equivalente a 94,2%, resultado este superior ao do exercício anterior (2014) em 15,6%. O quadro seguinte
retrata o comportamento dos Impostos no período em análise.
No grupo das Receitas Tributárias, os Impostos Sobre Rendimentos continuam sendo os que mais
contribuem para a Receita do Estado, depois dos Impostos Sobre o Comércio Externo.
Com um nível de cobrança na ordem de 69,9% (MDbs. 239.043,00) em relação a programação, os
Impostos Sobre Rendimentos (IRS e IRC), tiveram um decréscimo na cobrança de -18% em relação ao
exercício económico de 2014. O quadro a seguir indica o comportamento dos Impostos Sobre o
Rendimento no período em consideração:
Quadro n.º 12: Evolução dos Impostos Sobre Rendimento (IRS e IRC) no Quadriénio 2011 -2015
(Em MDobras)
Designação 2011 2012 Var. 2013 Var. 2014 Var. 2015 Var.
% % % %
IRC 95 498 56 647 40,7 81 982 44,7 87 643 6,9 88 010 0,4
IRS 130 089 154 470 18,7 188 414 22,0 203 770 8,2 151 033 25,9
TOTAL 225 587 211 117 6,4 270 396 28,1 291 413 7,8 239 043 18,0
Peso do IRC % 42,3 26,8 30,3 30,1 36,8
Peso do IRS % 57,7 73,2 69,7 69,9 63,2
Fonte: Anexo III, CGE 2015
24 DE JANEIRO DE 2019 294
0
2011 2012 2013 2014 2015
Através do Quadro e do Gráfico supra, pode-se verificar que depois da taxa de crescimento da colecta
dos Impostos Sobre Rendimento (IRS e IRC), ter diminuído em 2012 para -6,4%, em 2013 houve um
acréscimo bastante considerável na ordem de 28,1%. No entanto, embora em 2014 ter havido um
crescimento na ordem de 7,8% (MDbs. 291.413,00), em 2015 essa taxa de crescimento caiu
consideravelmente para -18%, o que significa dizer que no período em análise ambos os impostos só
conseguiram atingir o montante total de MDbs. 239.043,00.
Relativamente a cada um dos Impostos, IRS no exercício em apreço apresentou uma taxa de
crescimento negativo (-25,9%), tendo sido a menor do quinquénio. Quanto a IRC depois de em 2012 ter
registado uma variação negativa (-40,7%) concernente ao crescimento, em 2013 aumentou
consideravelmente para 44,7% e nos dois últimos anos a tendência manteve-se quase que estável com
uma variação de 0,4%.
Pode-se ainda observar que não obstante a fraca arrecadação do IRS, a sua comparticipação
relativamente a IRC tem sido maior, tendo no cômputo geral da arrecadação atingido 63,2%, enquanto IRC
não foi além de 36,8%.
O fraco crescimento do IRS verificado ao longo do período deveu-se ao fato de no ano transacto ter sido
registado o aumento deste imposto decorrente, essencialmente, do aumento de salário dos docentes MECC
em 10%, em decorrência da implementação do Estatuto da Carreira Docente, cujo pagamento teve efeitos
retroactivos a partir de Setembro de 2013;
Quanto ao baixo crescimento do IRC, é justificado, por um lado, pelo pagamento por conta efectuado
pela Companhia São-tomense de Telecomunicações (CST) em 2014, relativamente a este exercício, sendo
que, em razão do resultado do IRC liquidado pela empresa ter sido inferior ao imposto pago no âmbito do
pagamento por conta, razão pela qual a CST não procedeu ao pagamento do imposto autoliquidado, tendo
esta requerido a compensação da diferença do imposto ao seu favor, no montante de cerca de MDbs.
5.000,00. Por outro lado, grande parte dos contribuintes desta natureza de imposto declarou resultado
negativo, em virtude da fraca actividade económica registada no ano de 2014.
As causas do fraco crescimento do IRS como as do IRC foram apresentadas pelo Governo na página 61
da CGE.
Transações Imobiliários a Título Oneroso com uma programação de MDbs. 8.047,00 para uma execução de
MDbs. 8.493,00 (105,5%), e por último o Imposto sobre Veículos Automóveis com uma programação de
MDbs. 1.000,00 para uma realização de MDbs. 2.476,00 (247,6%), conforme o Quadro abaixo.
É de salutar que depois de sucessivos exercícios sem conhecer nenhum registo de programação e
execução, o Imposto Sobre Veículos Automóveis no ano em apreço assume o «record» na realização dos
Impostos deste grupo com uma taxa de execução além do programado de 147,6%.
Pode-se aferir do quadro supra, que a incidência desta Subrubrica de Imposto regista-se essencialmente
sobre Prestação de Serviços com uma programação de MDbs. 81.745,00, tendo registado uma realização
de MDbs. 67.990,00, correspondente a 83,2% do total arrecadado, ligeiramente inferior ao período
homólogo em MDbs. -225,00 (-36,8%). No que se refere a incidência sobre a Produção Local, a meta
preconizada superou a realização em 22,4% para uma programação de MDbs. 22.700,00 e uma execução
de MDbs. 27.793,00, equivalente a 122,4%.
na arrecadação prevista de MDbs. 53.037,00, este nível de cobrança representa um aumento de 40,6%, no
montante de MDbs. 164.029,00 face ao período anterior.
2. Taxas
Para uma programação de MDbs. 41.104,00, as receitas deste grupo atingiram uma realização de MDbs.
55.722,00, correspondente a um grau de execução de 135,6%, conforme realização distribuída nas
subrubricas indicadas no quadro seguinte:
Depois de em 2014 a arrecadação dessas taxas ter sofrido uma queda de -43,4% em relação a 2013, a
sua colecta relativamente ao exercício em apreço verifica-se um aumento de mais de 35,6%, o que
representa um nível de crescimento de 47,6% face ao exercício de 2014. Segundo as informações
constantes na página 63 da CGE do exercício em apreço esse aumento deveu-se ao pagamento dos
atrasados dos Serviços de Valor Acrescentado (SVA) pela CST relativo ao ano 2013.
Relativamente a rubrica «Emolumentos Gerais Aduaneiros», pertencente ao grupo de Emolumentos,
deixou de estar prevista por isso não teve expressão na CGE em apreço, a semelhança dos exercícios de
2012, 2013 e 2014.
A DCP, em sede de contraditório à conclusão 9, reconhece que a não apresentação na CGE de
quaisquer registos referente a arrecadação de Emolumentos Gerais Aduaneiros na sua respectiva rubrica
orçamental – 11.24.03, bem como o fato da rubrica não constar do relatório produzido pelo Sistema e
Gestão e Arrecadação de Receitas do Estado (SGARE), se deve a sua má classificação, e que medidas
correctivas já foram adoptadas para que a solução seja encontrada a partir do OGE de 2019.
1. Rendimentos Imobiliários
As receitas desta categoria tiveram uma programação de MDbs. 11.649,00, para uma realização de
MDbs. 11.343,00, correspondente a 97,4%, apresentando uma variação de 7,9% ligeiramente superior ao
arrecadado no mesmo período do ano transacto. No que se refere a previsão estabelecida esta categoria de
imposto ficou ligeiramente aquém do valor em MDbs. 306,00, o que corresponde a -2,6%. Nesta categoria
de receitas encontra-se, Rendas de Casa com o valor de MDbs. 2.697,00 e Outros Rendimentos
Imobiliários com o valor de MDb. 8.646,00.
2. Rendimento de Participações
Com um histórico de muito fraca participação no contributo para o cofre do Estado ao longo dos
sucessivos exercícios, este grupo de rendimento determinado com base nas receitas auferidas a partir dos
resultados positivos obtidos pelas entidades nas quais o Estado tem participação patrimonial,
nomeadamente nos lucros obtidos por Empresas Públicas Estatais, Sociedades Públicas e Sociedades
Participadas, bem como no resultado do Banco Central, etc, no exercício em apreço para uma programação
de MDbs. 18.678,00, obteve uma realização total de MDbs. 12.903,00,equivalente a um grau de execução
de 69,1%, tendo concorrido para este resultado somente os Dividendos, como indica o quadro seguinte:
297 II Série – Número 14
Observa-se no quadro supra que a programação dos Rendimentos de Recursos Naturais, só se verificou
na rubrica «Rendimentos das Pescas». No entanto, para a realização deste grupo de rendimentos
concorreram Rendimento de Petróleo, embora não tenha sido prevista, com um nível de cobrança bastante
considerável no montante de MDbs. 51.966,00 e Rendimentos das Pescas com MDbs. 27.414,00,
equivalente a 75,4% da programação, com uma variação negativa de -16,5% comparativamente ao
exercício económico de 2014. Em relação ao exercício do ano anterior (2014), nota-se um acréscimo na
arrecadação de 2015, que superou a meta estabelecida em 118,2%.
24 DE JANEIRO DE 2019 298
Pode-se observar no quadro supra que a colecta deste tipo de receitas do Estado, tem estado a
aumentar, tendo em 2015 atingido um crescimento de 57,1% relativamente ao ano anterior (2014).
As Receitas de Capital no período em análise tiveram o seguinte desenvolvimento:
2.4.2.1. Alienações
Com uma programação de MDbs. 1.749,00, atingiram uma realização de MDbs. 2.394,00 (136,9%),
superior ao programado em 36,9% e com uma taxa de variação na ordem de 1.010,7% relativamente ao
ano anterior.
Concorreram para a realização acima indicada, Donativos para Apoio ao OGE com MDbs. 61.249,00,
equivalente a 27,8% do programado, Donativos para Projectos com MDbs. 657.967,00, equivalente a
90,2% do programado, e Fundo HIPC com MDbs. 132.797,00, equivalente a 99,4% do programado.
Conforme indicado no quadro supra, do total de MDbs. 554.955,00 foram cobrados no exercício em
apreço apenas MDbs. 35.620,00, equivalente a 6,4%. Atendendo que do valor total a cobrar durante o ano
de 2015 46,4% se referiam as dívidas que transitaram dos anos anteriores, significando que a semelhança
do ano de 2014 a recuperação da dívida fiscal foi insignificante, fazendo com que o stock da mesma
aumentasse relativamente ao ano anterior.
De referir ainda, o elevado montante de Dívida Fiscal dos contribuintes (MDbs. 372.744,00) que de ano
para ano continua constituindo entrave para a economia de São Tomé e Príncipe, tendo em conta as
dificuldades financeiras do país, cujo OGE é financiado em grande parte por ajudas externas, bem como o
aumento das anulações que por si só constituem 56,9% do total da dívida no início do ano. As justificações
apresentadas na CGE referentes às anulações verificadas nas dívidas fiscais (MDbs.146.592,00), não
permitem uma análise mais aprofundada sobre o assunto, particularmente do Imposto Sobre Consumo
(MDbs. 30.707,00) que incide sobre as actividades já realizadas de prestação de serviço e de produção
local, e do IRS (MDbs. 60.503,00) que incide sobre valores pagos do rendimento de trabalho.
Nesta análise só foi confirmado o montante desbloqueado do OGE para as entidades indicadas no
quadro seguinte.
Quadro n.º 20 :Receita dos Serviços e Fundos Autónomos e Institutos Públicos (2015)
(Em MDobras)
RECEITA
DESIGNAÇÃO DAS ENTIDADES CGE VIC/CG
CORRENTE CAPITAL TOTAL PARCIAL CORRENTE CAPITAL TOTAL PARCIAL
ASSEMBLEIA NACIONAL 50 622 2 000 52 622
TRIBUNA LDE CONTAS 14 380 0 14 380 14 380 0 14 380
TRIBUNAL JUDICIAL 34 776 49 000 83 776 34 776 49 000 83 776
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA 13 172 0 13 172
INSTITUTO MARÍTIMO e PORTUÁRIO 2 666 0 2 666
UNIVERSIDADE STP 350 350 350 0 350
INPIEG 0 0 0
INSTITUTO NACIONAL DE ESTRADA 2 488 0 2 488
INSTITUTO NACIONAL DE INOVAÇÃO E
2 850 0 2 850
CONHECIMENTO
AGÊNCIA NACIONAL DE PETRÓLEO 6 416 0 6 416 5 795 621 6 416
Das informações obtidas depois das análises feitas ao quadro supra confirmou-se que as entidades que
submeteram as suas Contas de Gerência (CG) ao TC, para efeitos de análise e julgamento respeitante ao
exercício económico de 2015, apresentaram valores desbloqueados coincidentes com os da CGE. São as
entidades seguintes: TC, Tribunal Judicial (TJ), Universidade de STP e Agência Nacional de Petróleo (ANP).
Quanto as restantes instituições indicadas no quadro não foi possível confirmar os respectivos valores por
este TC não ter recebido as suas CG’s.
Relativamente às Autarquias Locais, o TC continua ainda com poucas informações respeitantes as suas
CG.
24 DE JANEIRO DE 2019 302
2.5. Despesa
A Lei n.º 1/2015, que aprovou o OGE, fixou o montante das despesas públicas para o ano económico de
2015 em MDbs. 3.084.502,00, cabendo às Despesas de Funcionamento MDbs. 1.346.223,00, às Despesas
de Investimento Público MDbs. 1.625.871,00 e às Despesas Financeiras MDbs. 112.408,00, valores que
foram reagrupados pelo Governo, passando a serem fixadas em: Despesas Correntes MDbs. 1.346.223,00,
Despesas de Capital MDbs. 1.726.289,00 e Reserva Orçamental MDbs. 11.991,00.
Porém, durante a execução orçamental e com às alterações efectuadas, o montante total de despesas
programadas foi ajustado em MDbs. 3.104.742,00, tendo conhecido uma execução no valor total de MDbs.
2.625.346,00, equivalente a 84,6%, no qual as Despesas Correntes com programação ajustada em MDbs.
1.366.462,00, atingiu realização de MDbs. 1.206.516,00, equivalente a 88,3% do programado, Despesas de
Capital ajustadas em MDbs. 1.727.392,00, conheceu realização de MDbs. 1.409.932,00, equivalente a
81,6% do programado, que inclui Despesas de Capital Financeiro ajustadas em MDbs. 137.975,00 e com
execução de MDbs. 137.349,00, equivalente a 99,5% do programado, e a Reserva Orçamental ajustada em
MDbs. 10.888,00, que atingiu a realização de MDbs. 8.898,00, equivalente a 81,7% do programado,
conforme o Quadro a seguir:
Apesar da aprovação tardia do orçamento, somente no quinto mês do ano (maio), que afectou a
realização das despesas, o grau de execução orçamental durante o ano em apreço atingiu um nível
considerável (84,6%), influenciado pela interdição da execução de todas as despesas de investimentos em
curso e pela cativação de 10% das verbas inscritas para todas as despesas ordinárias, à excepção das
despesas salariais, enquanto o orçamento não fosse aprovado, nos termos do artigo 26.º da Lei SAFE.
Nestes dois períodos de execução, execução parcial durante o período de Janeiro a maio e execução
total durante o período de Junho a Dezembro, as Despesas Correntes atingiram uma execução de MDbs.
1.206.516,00 (88,3%), as Despesas de Capital se elevaram a uma execução de MDbs. 1.409.932,00
(81,6%) e a Reserva Orçamental alcançou uma execução de MDbs. 8.898,00 (81,7%).
No quadro supra é indicado que do total de execução de despesas, no valor de MDbs. 1.206.516,00,
equivalentes a 88,3% da dotação ajustada, as maiores fatias foram gastas em Despesas com Pessoal,
Subsídios e Transferências Correntes e Despesas com Bens e Serviços, nos montantes de MDbs.
605.035,00 (50,1% de peso), MDbs. 337.683,00 (28,0% de peso) e MDbs. 198.581,00 (16,5% de peso),
respectivamente.
O Governo para salvaguardar a meta estabelecida do saldo doméstico primário (3,0% do PIB), adoptou
como políticas para as despesas, a continuidade da contenção das despesas primárias e o congelamento
de recrutamento de pessoal, bem como a responsabilização dos serviços da Administração Pública e dos
respectivos dirigentes pelo cumprimento da obrigação de prestação de todas as informações sobre as
receitas que arrecadam e a sua consequente orçamentação.
Apesar de o OGE de 2015 ter tido dois períodos de execução (cinco meses de execução parcial e sete
meses de execução total), devido a sua aprovação tardia, todas as rubricas que compõem esta categoria de
classificação económica do orçamento atingiram execução acima dos 90,0% da dotação ajustada, com
excepção das «Despesas com Bens e Serviços» que atingiu 74,0% e «Despesas Correntes de Exercícios
Anteriores» que ficou em 2,9%, sendo 98,2% nas «Despesas com o Pessoal», 94,4% nos «Subsídios e
Transferências Correntes», 92,9% nos «Juros» e 90,9% nas «Contribuições do Empregador».
As medidas de contenção e de controlo das dotações orçamentais tomadas pelo Governo, nos termos
do artigo 9.º da LO, não impediram que o total das despesas correntes crescesse 14% em relação ao ano
anterior. Todas as rubricas que compõem esta categoria tiveram variação homóloga positiva, com excepção
de «Despesas Correntes de Exercícios Anteriores» que conheceu uma variação homóloga de -14,2%. A
variação tida por outras rubricas foram de 63,9% para os «Juros», 18,8% para as «Despesas com Bens e
Serviços», 16,4% para os «Subsídios e Transferências Correntes», 9,8% para as «Despesas com o
Pessoal» e 6,6% para «Contribuições do Empregador».
Sendo São Tomé e Príncipe, um país que também padece dessa enfermidade universal que é o
«Desemprego», a CGE devia apresentar outras informações sobre o pessoal, como por exemplo, sobre o
efectivo que constitui o quadro do Estado. Porque, apesar do congelamento de recrutamento do
pessoal, as despesas com o pessoal tem aumentado de ano para ano.
A informação sobre o pessoal na CGE tem-se circunscrito apenas a: Montante total programado;
Montante total executado; Grau de execução; Variação homóloga em relação ao ano transacto e o Peso em
relação ao total executado. Ora, o consumidor final da CGE também precisa conhecer outras informações
sobre o pessoal, tais como:
Número do efectivos, que constituem o quadro do pessoal do sector público do Estado, que
transitou do ano anterior para o ano em análise;
As alterações ocorridas (admissões, demissões, aposentações, etc.) durante o exercício em
análise; e
Todas estas informações discriminadas num quadro, por cada sector.
Em sede de contraditório à conclusão 12, a DCP nos seus comentários informou que esforços serão
envidados para que essas informações sobre o pessoal passem a constar nas futuras CGE’s, mais
concretamente a partir da CGE de 2017, tendo em conta que a CGE de 2016 já se encontra elaborada.
É de todo importante que a CGE contenha informações necessárias que possibilite a análise mais
aprofundada dos indicadores e variáveis que constituem elementos fundamentais da análise económico-
financeira do OGE, uma vez que a CGE se assume como um instrumento basilar em benefício de princípio
da transparência e boa governação na gestão da coisa pública (citação da pág. 10 da CGE).2.5.1.1.1.
os
reconhecidos pelo Estado nos anos anteriores, em contradição às disposições dos n. 2 e 3 do artigo
15.º da Lei SAFE, conjugado com o artigo 11.º da LO (1/2015).
Ainda nos seus comentários, a DCP entende que não é a mais correta a interpretação que o TC faz
do artigo 30.º da Lei SAFE, de que as despesas liquidadas e não pagas até 31 de Dezembro de um
determinado exercício, em que existam recursos disponíveis nas respectivas verbas no final do exercício a
que elas se referem, devem ser pagas até ao final do exercício seguinte, caso contrário devem ser
anuladas. Um dos aspectos importantes desta situação é que a DCP não diz qual é a sua interpretação ao
referido artigo 30.º da Lei SAFE.
A persistência na prática dos mesmos erros, em contradição ao que a lei determina, configura
ilegalidade, que deve ser punida nos termos da lei.
Esta é outra das categorias da classificação económica da despesa orçamental, definida na alínea b) do
n.º 2 do artigo 22.º da Lei SAFE, conjugado com os pontos 5.2. e 5.4. do COr, aprovado pelo Decreto n.º
4/2007, de 5 de Fevereiro.
As alíneas b) e c) do artigo 3.º da Lei n.º 1/2015 fixaram os valores de Investimentos Públicos em MDbs.
1.625.871,00 e de Despesas Financeiras em MDbs. 112.408,00, montantes que foram redistribuídos nas
rubricas Investimentos (MDbs. 1.472.528,00), Transferências de Capital (MDbs. 109.343,00), Despesas de
Capital Financeiro (MDbs. 112.408,00), Despesas de Capital de Exercícios Anteriores (MDbs. 31.500,00),
Outras Despesas de Capital (MDbs. 510,00) e Reserva Orçamental (MDbs. 11.991,00), que constituem a
categoria Despesa de Capital, totalizando MDbs. 1.738.280,00.
Apesar da interditação imposta pela alínea a) do n.º 2 do artigo 26.º da Lei SAFE, devido a aprovação
tardia do orçamento (mês de maio de 2015), o grau de execução de Despesas de Investimentos (despesas
de capital excluindo despesas financeiras) no ano de 2015 atingiu o montante de MDbs. 1.281.480,00,
equivalente a 80,1%) e um crescimento em termos de variação homóloga igual a 32,8%.
As rubricas da categoria Despesas de Capital tiveram o comportamento seguinte: Os Investimentos
atingiram execução de MDbs. 1.201.845,00, equivalente a 81,2% da dotação ajustada, 38,8% da variação
homóloga e 85,2% de peso do total de despesas de capital; As Transferência de Capital se elevaram a
27.550,00, equivalente a 50,3% da dotação ajustada, 6,1% de variação homóloga de 2,0%; Despesas de
Capital de Exercícios Anteriores tiveram execução de MDbs. 42.704,00, equivalente a 78,2% da dotação
ajustada, variação homóloga de 50,0% e 3,0% respectivamente; Outras Despesas de Capital atingiram
execução de MDbs. 484,00, equivalente a 94,9% da dotação ajustada; e Reserva Orçamental se elevou a
MDbs. 8.898,00, equivalente a 81,7% da dotação ajustada, a variação homóloga de -80,2% e 0,6% de peso
do total de despesas de capital.
As Despesas de Capital Financeiro, que se referem a amortização da Dívida Pública Externa, atingiram
uma execução de MDbs. 137.349,00, equivalente a 99,5% da dotação ajustada, a variação homóloga de
312,3% e 9,7% de peso do total de despesas de capital. O grau de execução e de crescimento se deve ao
cumprimento das obrigações assumidas com os credores, bem como ao pagamento dos atrasados da
dívida pública referente ao ano de 2014.
A Dívida Pública citada no parágrafo anterior se refere a compromissos externos assumidos pelo país, e
que de acordo com a Tabela de Naturezas Económicas da Despesa constante do COr deve ser
contabilizada e registada na rubrica «4321.2 – Amortização da Dívida Externa». Porém, no OGE de 2015 a
Dívida Pública foi erradamente programada e executada (contabilização e registo) na rubrica «4321.1 –
Amortização da Dívida Interna».
A DCP nos seus comentários, em sede de contraditório à conclusão 13, informou que após a análise
aos demonstrativos e a fonte da informação, constatou que de facto as despesas com a Amortização da
Dívida Externa não estava classificada correctamente, e que medidas correctivas foram prontamente
adoptadas para que o assunto fique resolvido a partir do OGE de 2019, em virtude de os OGE’s de 2017 e
2018 já terem sido aprovados e executados.
305 II Série – Número 14
Em sede de contraditório, a DCP fez os mesmos comentários aos do ponto 2.5.1.1.1 deste Relatório,
pelo que a resposta é a mesma.
O quadro seguinte mostra os valores fixados a cada Órgão do Estado no âmbito da execução do OGE
de 2015 no capítulo de despesa.
Após aprovação pela Assembleia Nacional, o Governo, durante a execução orçamental, procedeu às
alterações que se mostraram necessárias (adicional, reforços e anulações), e, atribuiu da dotação total final
as fatias mais expressivas dos recursos arrecadados aos seguintes sectores: Infra-estruturas, Recursos
Naturais e Ambiente (MDbs. 705.241,00), equivalente a 22,7%, Educação Cultura e Ciência (MDbs.
440.971,00), equivalente 14,2%, Encargos Gerais do Estado (MDbs. 425.882,00), equivalente a 13,7%,
Saúde (MDbs. 358.623,00), equivalente a 11,6%, Finanças e da Administração Pública (MDbs.
147.168,00), equivalente a 4,7%, Agricultura e Desenvolvimento Rural (MDbs. 124.598,00), equivalente a
4,0% e Defesa e Mar (119.977,00), equivalente a 3,9%.
24 DE JANEIRO DE 2019 306
Apesar da aprovação tardia do OGE, cuja execução efectiva teve início no sexto mês do ano,
influenciando negativamente o andamento de vários projectos, fundamentalmente os referentes ao
Programa de Investimentos Públicos pela interditação a que estava sujeito, é de realçar os organismos cujo
grau de execução do seu orçamento ultrapassou a casa dos 75,0%, casos de CDAG (98,1%), PR e CDMZ
(97,8%), TC (97,3%), MFAP (96,2%), MECC (92,4%), TJ (89,9%), MS (89,5%), MADR (88,1%), MECI
(87,7%), GRP (87,0%), MDM (85,3%), MIRNA (84,3%), MAI (81,9%), EMBX-STP (81,7%), PGR (79,2%),
CDLOBT (78,2%), AN (78,0%), GPM (77,4%), MEAS (76,4%) e EGE (75,6%).
Os restantes organismos tiveram um grau de execução mais modesto do seu orçamento, abaixo dos
70%, casos de CDCG (69,6%), CDLMB (65,1%), MJDH (64,5%), MJD (62,1%), MNEC (57,2%) e CDC
(38,0%). O grau de execução alcançado por cada organismo da dotação que lhe foi fixada para o ano
económico é importante, no sentido de se verificar até que ponto cada organismo conseguiu atingir, se bem
que o resultado está dependente dos recursos que lhes são disponibilizados efectivamente.
Mas, o mais importante ainda é verificar o peso que cada organismo teve nos recursos disponibilizados
ao país pelo Estado (MDbs. 2.053.804,00), e se com os referidos recursos conseguiram atingir os
objectivos. Alguns organismos atingiram o peso acima de 12%, casos de MIRNA (594.684,00, 22,7%),
MECC (407.476,00, 15,5%), EGE (322.065,00, 12,3%) e MS (320.926,00, 12,2%), outros atingiram o peso
acima de 3%, nomeadamente MFAP (141.536,00, 5,4%), MADR (199.792,00, 4,2%) e MDM (102.342,00,
3,9%). Porém, os resultados de muitos outros não atingiram 0,5% do montante total gasto com o país,
casos de CDLOBT (10.865,00, 0,4%), CDCG (8.949,00, 0,3%) CDLMB (7.567,00, 0,3%) e CDC (6.511,00,
0,2%).
307 II Série – Número 14
O artigo 7.º da Lei n.º 1/2013, Lei-Quadro da Dívida Pública refere que ela é constituída pelos
engajamentos financeiros contraídos pelas instituições do sector público implicando as obrigações de
pagamentos directos derivados dos financiamentos recebidos.
O n.º 2 desse artigo diz que fazem parte da Dívida Pública e estão registados como operações de
crédito público, os seguintes:
a) Empréstimo junto aos outros Estados, organismos financeiros internacionais, bancos ou instituições
financeiras privadas estrangeiras ou nacionais, ou de toda outra pessoa física ou moral residindo no
País ou no estrangeiro;
b) Emissão e colocação primária de títulos de valores incluindo os Títulos do Tesouro ou todo outro
valor exigível nos termos acordados;
c) Empréstimos junto das instituições do sector público e de pessoas físicas ou morais nacionais ou
estrangeiras, nos termos acordados;
d) Consolidação, reescalonamento e conversão de dívidas; e
e) A aquisição de trabalhos públicos, serviços ou compras, onde o pagamento total ou parcial é
estabelecido, de acordo com as condições previamente acordados.
Mais adiante, o n.º 3 desse mesmo artigo refere que as instituições do sector público autónomas com
património próprio são responsáveis pelo pagamento das obrigações que elas contraem, depois de prévio
cumprimento do estabelecido no regulamento da presente Lei.
A Dívida Pública compreende as obrigações financeiras assumidas em virtude de leis, contractos e
acordos e da realização de operações de crédito, nos termos do n.º 1 do artigo 42.º da Lei SAFE. Esta
dívida decorre da mobilização de fundos internos (obrigações do Estado junto aos fornecedores de bens e
serviços) e externos (operações de créditos externos para a cobertura do défice orçamental).
O quadro legal que orienta à emissão, a gestão e demais regras e procedimentos sobre a Dívida Pública
4
encontra-se estabelecido na Lei do Enquadramento da Dívida Pública . Constituem ainda elementos
essências as regras e procedimentos inscritos nas Leis do OGE e do SAFE, designadamente os limites aí
fixados, para o acréscimo do endividamento líquido.
Com vista a corrigir a falta de informações/documentos existentes nesta CGE, concernente a Dívida
Pública, e para uma melhor análise e interpretação, foi enviado à Direcção do Tesouro o ofício sob
referência 0597/24/RST/TC/18, de 09 de agosto de 2018, para que junto ao Gabinete da Dívida Pública
envidasse esforços no sentido de enviar a este TC os documentos/informações solicitados, facto que veio a
registar-se através do ofício n.º 3561/DP-MFCEA/2018, de 28 de Setembro de 2018.
Entretanto, neste ponto procedeu-se à análise do Stock nominal da Dívida Pública em 2015, da
composição e evolução do Stock nominal da Dívida Pública Externa, dos fluxos de receita e despesa que
lhes estão associados, e por último, do Serviço da Dívida por Credores Multilateral e Bilateral.
4
Lei n.º 1/2013, Lei-Quadro Da Dívida Pública Publicada no Diário da República número 2 de 17 de janeiro
24 DE JANEIRO DE 2019 308
Ao observar o quadro supra, pode-se concluir que no período de 2011 a 2015 a Dívida Pública
apresentou um crescimento de 83,1%, devido a evolução da Dívida Externa que registou um crescimento
de 72,2% no período em análise.
Como se pode observar no quadro supra, do montante total de MDbs. 143.094,00 programado na LO a
realização cifrou-se em MDbs. 181.309,00, sendo MDbs. 137.349,00 para a amortização de Capital da
Dívida por credores, com um peso de 75,8% em relação ao total do valor realizado e MDbs. 43.960,00
destinado ao pagamento de Juros da Dívida, com um peso de 24,2% concernente ao valor total realizado.
Comparativamente com o exercício económico de 2014, em que o Serviço da Dívida Pública fora de MDbs.
60.132,00, houve um acréscimo de valor total no montante de MDbs. 121.177,00.
Com relação ao Fundo HIPC, da estimativa de MDbs. 133.623,00 apresentada na LO foi realizado o
valor de MDbs. 132.797,00, conforme o montante de entrada evidenciado no Quadro 36 que adicionado ao
montante inicial de MDbs. 943,00 resultou uma saída no montante global de MDbs. 133.740,00 utilizados
durante o período em análise, de acordo com as informações constantes dos quadros e anexos da CGE em
apreço.
Com relação aos juros e aos atrasados do Fundo HIPC nada se pode adiantar, porque a CGE não
contém nenhum quadro ou anexo com informações relativas a este assunto, sendo que, as indicadas na
309 II Série – Número 14
página 19 encontram-se em moeda estrangeira quando deveriam ser indicadas em moeda nacional, o que
dificulta um raciocínio mais detalhado sobre esta matéria.
A DCP, em sede de contraditório, comenta que seria duplicidade de tarefas introduzir na CGE
informações relativas aos juros e atrasados do Fundo HIPC, tendo em conta que as referidas informações
se encontram no Relatório Anual de Gestão de seguimento da dívida pública do exercício de 2015,
produzido pelo Gabinete de Gestão e Seguimento da Dívida Pública, afecto à Direcção do Tesouro.
Ora, apesar das informações constarem do relatório supracitado, elas devem também constar nos
Quadros ou Anexos da CGE.
No Gráfico seguinte apresenta-se a evolução do Serviço da Dívida Pública com base nas informações
colhidas nas CGE’s daqueles anos e representados no Anexo I da CGE do exercício económico em análise,
concernente a Amortização de capital e de juros.
137 349
150 000
102 522 107 945
0
2011 2012 2013 2014 2015
Verifica-se no Gráfico acima que durante o quinquénio, o Serviço da Dívida Pública teve um
comportamento bastante oscilante, apresentando uma tendência decrescente de 2011 à 2012, tendo a
mesma crescido em 2013 e voltado a decrescer em 2014. No exercício em análise essa tendência inverteu,
tendo crescido 201,5%, passando de MDbs. 60.132,00 para MDbs. 181.309,00.
A Dívida Externa segundo a alínea a) do artigo 9.º da Lei n.º 1/2013, Lei – Quadro da Dívida Pública,
coadjuvado com a alínea b) do n.º 3 do art.º 42 da Lei SAFE, é o engajamento directo ou eventual que as
instituições do sector público contraem junto de outros Estados, organismos internacionais, pessoas físicas
ou morais não residindo em São Tomé e Príncipe.
A Dívida Externa inclui dois grupos de créditos: os contraídos com organismos internacionais ou outras
entidades de direito público ou privado, designado de Multilaterais, e os obtidos juntos dos Estados,
denominados Bilaterais, conforme indicado no Quadro seguinte:
(Em MDobras)
Período
Parceiros
2011 2012 2013 2014 2015
Multilateral 794 145 773 811 780 592 839 940 957 720
Bilateral 2 636 959 3 104 075 3 076 690 3 826 660 4 951 861
Total 3 431 104 3 877 886 3 857 282 4 666 600 5 909 581
Fonte: CGE 2014 e 2015
O gráfico seguinte apresenta a evolução da Dívida Pública Externa, do qual conclui-se que a distribuição
entre a Bilateral e a Multilateral variou no período em consideração, tendo a Bilateral sido sempre a maior
em termos de crescimento. A Dívida Bilateral atingiu MDbs. 4.951.861,00, enquanto a Dívida Multilateral
situou-se em apenas MDbs. 957.720,00.
24 DE JANEIRO DE 2019 310
0
2011 2012 2013 2014 2015
Conclui-se do gráfico acima que no período de 2011 a 2015, a Evolução do Stock da Dívida Pública
Externa, que inclui a Dívida Multilateral e a Bilateral, teve uma tendência crescente até ao exercício de
2012, tendo a mesma decrescido em 2013 (MDbs. 3.857.282,00). Porém, a partir do exercício de 2014
voltou a crescer, tendo atingido MDbs. 4.666.600,00 e MDbs. 5.909.581,00, respectivamente.
No Quadro 46 da página 116 da CGE é apresentado o resumo da Evolução do Stock da Dívida Externa
por grupo de Credores, e nele consta informações da Dívida Multilateral com os diferentes parceiros no
período de 2011 à 2015, conforme consta no quadro seguinte:
Pode-se observar neste quadro, que o Stock da Dívida Multilateral no exercício de 2015 foi de MDbs.
957.720,00, o que significou um crescimento de 14,% em relação ao exercício de 2014, em que o mesmo
registou MDbs. 839.939,00. Tal fato ficou a dever-se, essencialmente, à variação de 48% da dívida com
BADEA que passou a situar-se nos MDbs. 211.720,00.
Nota-se também, o aumento do stock da dívida com o IDA e o BAD/FAD, com uma variação positiva de
10,1%, em ambos os parceiros, respectivamente. Relativamente ao peso, em termos global da Dívida
Multilateral, importa salientar que o credor IDA é o mais representativo com 32,6%, seguindo-se os
parceiros como BADEA, FIDA, BAD/FAD e FMI, tendo no seu conjunto um peso total de 93,9%.
De salientar também o registo do crescimento do stock da dívida com FMI que em 2014 registou uma
variação negativa de -13,1% para logo ter uma variação positiva de 11,8% no exercício seguinte, bem como
da diminuição do stock da dívida com OPEC e BEI, com uma variação negativa de -4,8% e -160,9%,
respectivamente.
311 II Série – Número 14
A variação ocorrida em 2015 de 29,4% foi fortemente influenciada pelo aumento de 29,6% do Não Clube
de Paris, de 57,6% da Dívida comercial e de 10,4% da Dívida Curto Prazo. De acordo com o quadro supra,
em 2015 houve um aumento da Dívida Bilateral a nível de quase todos os parceiros, com excepção da
Bélgica que teve uma variação negativa de -12,3% em relação ao período anterior.
Quadro n.º 30: Resumo de valores Previstos P/A. Central p/ cobertura de Despesas de Outros
Níveis de Governo
(Em MDobras)
Dotação Prevista
Designação Diferença
2014 2015
Governo Regional de Príncipe 41 700 41 700 0
Camâras Distritais 30 557 40 303 9 746
Serviços Autónomos 103 341 106 726 3 385
Institutos Públicos 20 956 36 012 15 056
TOTAL GERAL 196 554 224 741 28 187
Fonte: Quadro 27 da CGE e o Anexo II da LO 2015
Observa-se no quadro supra, que do valor global de MDbs. 224.741,00 inicialmente previstos na LO,
MDbs. 41.700,00 refere-se às transferências para a realização de despesas do GRP, MDbs. 106.726,00
para a realização de despesas dos Serviços Autónomos (SA), MDbs. 40.303,00 para a realização de
despesas das Câmaras Distritais (CD) e MDbs. 36.012,00 refere-se às transferências para a execução de
despesas dos Institutos Públicos (IP).
Nos pontos seguintes serão detalhados com mais pormenores os destinos da distribuição e a realização
dos montantes inicialmente previstos.
O quadro supra mostra que no exercício em apreço, tal como a semelhança do ano transacto, somente
as Transferências Correntes foram efectuadas com um grau de variação na ordem de 19,5% em relação ao
montante transferido no exercício anterior, o que significa um aumento de disponibilidades no valor de
MDbs. 6.430,00 para o GRP e ao mesmo tempo um acréscimo nas despesas de AC.
Pode-se observar no quadro supra, que do valor de MDbs. 65.790,00 transferidos para pagamento de
despesas, MDbs. 40.240,00 corresponde ao montante para satisfação de despesas correntes e MDbs.
25.550,00 para satisfação de despesas de capital, conforme desenvolvimento no quadro seguinte:
Atento ao quadro supra conclui-se que das transferências efectuadas para o pagamento de despesas, o
valor de MDbs. 17.802,00 refere-se à Câmara Distrital de Água Grande (CDAG), o valor de MDbs. 8.949,00
à Câmara Distrital de Cantagalo (CDCG), o valor de MDbs. 6.511,00 à Câmara Distrital de Caué (CDC), o
valor de MDbs. 7.567,00 à Câmara Distrital de Lembá (CDLE), o valor de MDbs. 10.865,00 à Câmara
Distrital de Lobata (CDLO) e o valor de MDbs. 14.095,00 à Câmara Distrital de Mé-Zochi (CDMZ).
Relativamente ao executado no exercício anterior (2014), de salientar que houve um acréscimo no total
de pagamento dessas despesas pela AC para as AL no montante de MDbs. 8.279,00, equivalente a uma
variação de 6,2%.
Como se pode ainda observar no quadro supra, este aumento de transferências para a realização de
despesas ocorreu em quase todas as Câmaras Distritais, com exceção da CDC que viu as transferências
para a realização das suas despesas diminuir em MDbs. – 371,00, isto é - 5,4% em relação ao período
anterior.
Olhando para o quadro acima concernente ao exercício económico em análise, verifica-se que o
montante global de MDbs. 142.738,00 inicialmente previsto foi ajustado em MDbs. 128.960,00, obtendo
uma realização de MDbs. 124.822,00, correspondente a uma execução de 96,8% do montante ajustado
com uma variação de 21,9% em relação ao ano de 2014.
Ainda no que se refere ao quadro supra sobre as despesas pagas pela AC aos SFA, nota-se um
aumento de pagamento de despesas, tanto para os SA como para os IP, com uma variação de 19,7% e
42,2%, respectivamente, em relação ao exercício económico de 2014.
De acordo com a descrição das naturezas económicas de despesas constantes no COr, aprovado pelo
Decreto n.º 4/2007, de 05 de Fevereiro, «Subsídios» compreendem todos os pagamentos sem
contraprestação e não recuperáveis em conta corrente, a indústrias privadas e empresas públicas, e os
custos para financiar os défices de tesouro das instituições governamentais de venda ao público.
Sobre este ponto não é feito nenhuma análise, tal como aconteceu no exercício anterior, porque a DCP
no primeiro parágrafo da página 82 da CGE, alega que não foram registados quaisquer operações desta
índole à semelhança dos anos anteriores.
Os apoios financeiros não reembolsáveis concedidos em 2015 pela AC às Instituições s/ fins lucrativos e
às Famílias totalizaram o montante de MDbs. 28.376,00, sendo MDbs. 1.148,00 para Instituições s/ fins
lucrativos e MDbs. 27.229,00 para Famílias, respectivamente.
Infere-se do quadro acima que do total de apoios não reembolsáveis, 96,0% foram concedidos a
famílias, cabendo somente 4% à Instituições sem fins lucrativos. Relativamente ao exercício anterior, de
315 II Série – Número 14
referir que houve uma diminuição desses apoios no montante de MDbs. -10.518,00, com uma taxa de
variação na ordem de -27%.
Porém, as informações apresentadas na CGE de 2015 são muito limitadas, não permitindo que se faça
uma análise mais aprofundada, e em comparação com a CGE de 2014 informações importantes não foram
indicadas, tais como: Valor Colectável ou Valor Aduaneiro (valor sobre o qual devia ser aplicado a taxa do
imposto), Valor a Pagar (valor que seria pago se não fosse concedido BF) e percentagem de execução
(valor isento sobre valor a pagar).
Para as futuras CGE’s, as informações sobre BF concedidos pelo Estado deveriam ser apresentadas
através de dois (2) Quadros mais detalhados, a saber:
O Modelo 1 com uma estrutura diferente, conteria o total dos BF concedidos pelo Estado, tanto nos
impostos arrecadados e administrados na Direcção dos Impostos, como os arrecadados na
Direcção das Alfândegas; e
O Modelo 2 com estrutura apresentada até então, conteria apenas os BF concedidos pelo Estado
arrecadados na Direcção das Alfândegas, cujo total seria igual ao subtotal indicado no
nos impostos
Modelo 1.
24 DE JANEIRO DE 2019 316
Em qualquer dos Modelos acima apresentados poderão ser acrescentados itens que não foram
incluídos.
Relativamente à conclusão 19 a DCP em sede de contraditório, assegura que os esforços serão feitos
junto dos serviços que produzem essas informações para que as mesmas passem a figurar nas futuras
CGE’s, de acordo com os modelos sugeridos acima, com início na CGE de 2017.
317 II Série – Número 14
Conforme acima já foi referido, as informações apresentadas na CGE sobre BF concedidos pelo Estado
são insuficientes (Quadro 39 supra), permitindo apenas análise sobre variação homóloga e sobre peso do
valor de cada item em relação ao valor total isento. Não é possível conhecer-se o valor que seria pago caso
não fosse concedido os BF, apurar a percentagem do total do valor de isenção em relação ao total do valor
que deveria ser pago, nem tão pouco conhecer o valor aduaneiro ou colectável de cada item, nem tão
pouco o impacto social gerado pelas actividades das entidades que gozaram desse benefício.
Os BF concedidos pelo Estado nos impostos aduaneiros durante o ano de 2015 em relação ao ano de
2014 diminuiu MDbs. 11.930,00, representando uma variação homóloga de -22,0%. As variações positivas
mais significativas couberam aos itens Código de Investimentos (538,7%), Religião (99,5%), Estado (75,6%)
e Emigrantes (65,2%). As negativas com maior destaque foram Projectos de Desenvolvimento e
Cooperação – Assistência Técnica (-75,8%), Despacho M.P.F. (-51,5%) e Outros Diplomas Legais (-44,8%).
Do valor total de MDbs. 42.360,00 de BF concedidos pelo Estado nos impostos aduaneiros durante o
ano de 2015, os itens que tiveram maior peso de isenção foram Outros Diplomas Legais (MDbs. 15.649,00),
equivalente a 36,8%, Convenção de Viena (MDbs. 9.607,00), equivalente a 22,6%, Estado (MDbs.
6.875,00) e Contratos do Sector Privado e das Empresas Públicas & Mistas (MDbs. 4.802,00), equivalente a
11,3%.
A perda de receita que o Estado consente com atribuição de Benefícios e Incentivos Fiscais a
determinados contribuintes ou categorias de operações, é designada de Despesa Fiscal (DF).
A DF (perda de receita), que equivale ao auxílio concedido pelo Estado, constitui uma forma de o Estado
intervir na economia, redirecionando esses recursos públicos para o investimento e crescimento da
actividade económica do seu detentor.
A quantificação da DF é indispensável para a tomada de medidas de natureza tributária e orçamental,
pois o aumento das taxas de tributação e a diminuição da despesa pública podem revelar-se insuficientes
caso não se conheça, também, todas as perdas de receita decorrentes da atribuição de BF.
Importa, por isso, conhecer o montante de Despesa Fiscal Suportada, de modo às autoridades nacionais
equacionarem devidamente o interesse público subjacente à concessão de benefícios e incentivos fiscais,
comparando o impacto ao nível de crescimento económico que gera, com o esforço que representa na
obtenção de outras receitas públicas subjacentes, balanceando estritamente esse saldo, e garantindo que a
não utilização desses recursos nas despesas públicas seja compensado pelo que representa em
crescimento real na economia.
O valor de MDbs. 42.360,00 de DF apresentado no Quadro 1 da CGE está muito aquém de ser o real
valor de Benefícios e Incentivos Fiscais concedidos pelo Estado.
Tendo em conta o leque de Impostos existentes no país, e atendendo os benefícios e incentivos fiscais (isenção e
redução de taxas, deduções à matéria colectável e à colecta, etc.) previstos nos respectivos diplomas, o montante da
DF apresentado no Quadro 1 da CGE está muito aquém do real valor.
Para efeitos de controlo da DF, os benefícios fiscais devem ser inventariados e quantificados por cada
os
imposto, com base na execução dos procedimentos previstos nos n. 7, 9, 10, 11 e 12 do artigo 3.º do
Regulamento para Controlo de Benefícios Fiscais.
Torna-se necessário que os serviços de fiscalização, tanto da Direcção dos Impostos como da Direcção
da Alfândegas, efectuem controlo dos Incentivos e Benefícios Fiscais concedidos pelo Estado, com vista a
apurar se os pressupostos que deram lugar a atribuição dos respectivos incentivos e benefícios continuam a
se verificar, ou se é o caso de se por fim ou anular as concessões atribuídas.
A fim de poder emitir uma opinião mais relevante sobre o Controlo de Benefícios Fiscais, o TC continua
a aguardar que nas futuras CGE’s os sectores intervenientes possam criar condições, no sentido de serem
apresentadas informações cujos valores se aproximem mais da realidade dos Incentivos e Benefícios
concedidos pelo Estado em cada exercício económico.
O comentário feito pela DCP, em sede de contraditório, concernente à conclusão 20, em nada
responde a preocupação do TC sobre BF.
Os Incentivos e Benefícios Fiscais eram regidos pelo Regulamento para Controlo de Benefícios Fiscais,
aprovado pelo Decreto-Lei n.º 74/95, de 31 de Dezembro, que vigorou até final do ano de 2015. A partir do
ano de 2016 esse Regulamento foi revogado pelo Código dos Benefícios Fiscais, aprovado pelo Decreto-Lei
n.º 15/2016, de 17 de Novembro, que passou a dispor sobre os Benefícios Fiscais (Incentivos Fiscais e
Aduaneiros).
Assim sendo, a Administração Tributária e demais entidades competentes devem proceder a
fiscalização e controlo dos Benefícios Fiscais concedidos, nos termos dos artigos 5.º e 12.º do referido
Código de Benefícios Fiscais.
24 DE JANEIRO DE 2019 318
1. Bens Móveis
O Quadro 40 apresenta a Avaliação do Inventário dos Bens Móveis do Estado, onde as espécies dos
bens estão identificadas por Grupo de Classes, nos termos dos artigos 4.º e 5.º do RICBE, a quantificação e
valorização dos referidos bens, bem como a percentagem do peso de cada classe de bens em relação ao
respectivo valor total.
Através do referido Quadro, a CGE apresenta os seguintes dados:
Em termos de quantidade, foram inventariados 18.911 bens dos grupos de classe de bens móveis
do Estado, sendo 10.010 da classe de Equipamentos e materiais de escritório e reprografia, 2.864
da classe de Equipamentos de conforto, higiene e de utilização comum, 2.676 da classe de
e 1.509 da classe de Equipamentos e materiais para serviços de saúde,
Equipamentos informáticos
dentre outras classes;
Em termos de valorização, os grupos de classe de bens móveis do Estado foram avaliados no
valor total de MDbs. 50.053,37, sendo MDbs. 23.026,96 da classe de Equipamentos e materiais de
escritório e reprografia, equivalente a 46,0% de peso, MDb. 13.628,86 da classe de Equipamentos
informáticos, equivalente a 27,2% de peso, MDbs. 5.416,98 da classe de Equipamentos de
conforto, higiene e de utilização comum, equivalente 10,8% de peso, MDbs. 2.976,59 da classe de
Equipamentos e materiais para serviços de saúde, equivalente a 5,9% de peso e MDbs. 2.697,46
da classe de Equipamentos para investigação, de medida e de utilização técnica especial,
equivalente a 5,4% de peso.
Porém, tanto o Quadro 40 como o conteúdo (texto) da CGE têm em falta muitas outras informações
importantes que são úteis para uma análise mais relevante, tais como:
Quantidade e respectivo valor de bens móveis que transitaram do exercício do ano de 2014 para o de 2015;
Quantidade e respectivo
valor de bens móveis que foram adquiridos (por aquisição e por doação) no exercício
do ano de 2015;
Quantidade e respectivo valor de bens móveis que foram alienados no exercício do ano de 2015;
Quantidade e respectivo valor de bens móveis que foram abatidos a carga no exercício do ano de 2015;
Variação homóloga de bens no final do exercício em relação ao ano anterior; etc.
Em sede de contraditório à conclusão 21, a DCP no seu comentário, conjugado com elementos
recebidos da Direcção do Património do Estado, apresentou a quantidade (13.627) e o valor (MDbs.
42.586,33) dos Bens Móveis do Estado que transitaram do ano de 2014 para o ano de 2015, detalhados por
Classe de Bens cujas designações estão de conformidade com o Classificador Geral de Bens.
Ainda em sede de contraditório, foi comentado que nenhum Bem Móvel do Estado foi alienado no
exercício de 2015, e que foram abatidos por destruição 360 Bens Móveis, cujo detalhe de apresentação por
Classe de Bens inclui a Classe 103 com duas (2) designações diferentes da indicada no Classificador Geral
de Bens.
No comentário apresentado inclui um quadro onde consta que no exercício de 2015 foram incorporados
5.644 Bens Móveis, no valor total de MDbs. 7.467,04, sem detalhe de Classe de Bens, e com
observação de que incorporação não quer dizer novas aquisições, mas sim, novos cadastros
introduzidos na base de dados.
Ora, das informações inclusas no comentário sobre Bens Móveis do Estado, depreende-se que durante
a execução do OGE do exercício do ano de 2015, nenhum serviço do Estado adquiriu, tanto por aquisição
como por doação, qualquer tipo de Bem Móvel, o que causa muita estranheza.
2. Bens Imóveis
O Quadro 41 apresenta a primeira estimativa de Avaliação do Inventário dos Bens Imóveis do Estado,
onde as espécies dos bens estão identificadas por Categorias e por Grupo de Classes, nos termos dos
artigos 16.º e 17.º do RICBE, a quantificação e valorização dos referidos bens, bem como a percentagem do
peso de cada classe de bens em relação ao respectivo valor total.
No Quadro 41 observa-se que foram inventariados 265 Bens Imóveis do Estado, no valor total de
MDbs. 1.748.569,00, sendo 170 da Classe de Imóveis Urbanos com finalidade operativa, da categoria
de Bens de Domínio Público no montante de MDbs. 1.466.412,00, equivalente a 82,7%, e 95 da Classe
24 DE JANEIRO DE 2019 320
de Imóveis Urbanos com finalidade operativa, da categoria de Bens de Domínio Privado no montante de
MDbs. 302.157,00, equivalente a 17,3%.
Também nos Bens Imóveis a CGE padece das mesmas enfermidades indicadas no ponto anterior, falta
de outras informações úteis para uma análise mais aprofundada sobre a matéria.
O comentário da DCP em sede de contraditório à conclusão 21 sobre Bens Imóveis do Estado, pouco
veio a acrescentar ao que já se tinha analisado. Somente esclareceu que dos 265 Imóveis registados, 251
foram no ano de 2015 através de uma campanha que foi efectuada, e os restantes 14 já tinham sido
registados no ano de 2013.
3. Veículos do Estado
No que toca a Veículos do Estado, a CGE apresenta dois (2) quadros, Quadro 42 – Resumo da Situação
dos Veículos do Estado e Quadro 43 – Avaliação do Inventário dos Veículos do Estado.
No Quadro 42 da CGE, que retrata a quantidade dos veículos, estão indicadas informações respeitantes
a:
Quantidade de veículos que transitaram do ano de 2014 para o ano de 2015, num total de 1.069
veículos, sendo 562 viaturas e 507 motorizadas;
Quantidade de veículos transferidos durante o exercício de 2015, num total de 273 veículos, sendo
114 viaturas e 159 motorizadas;
Quantidade de veículos abatidos durante o exercício de 2015, num total de 77 veículos, sendo 62
viaturas e 15 motorizadas;
Quantidade de veículos inoperantes no final do exercício de 2015, num total de 72 veículos, sendo
25 viaturas e 47 motorizadas;
Quantidade de veículos incorporados durante o exercício de 2015, num total de 345 veículos, sendo
179 viaturas e 167 motorizadas; e
Quantidade de veículos na posse do Estado durante o final do exercício de 2015, num total de 993
veículos, sendo 540 viaturas e 453 motorizadas.
As informações constantes do Quadro 42 não traduzem a quantidade real dos veículos que o Estado
detinha na sua posse durante o exercício de 2015, na medida em que existem algumas questões a serem
esclarecidas, tais como:
a) A CGE, na pág. 112, informa que foram transferidos 273 veículos durante o ano em análise.
Transferidos para onde, de um sector do Estado para outro? Foram transferidos para sectores que
não fazem parte do Estado? Porque se as transferências foram entre os sectores do Estado, então
os veículos continuam a fazer parte do acervo do Estado e não altera (nem aumenta nem diminui) o
número de veículos na posse do Estado.
b) Também na pág. 112, a CGE informa que foram abatidas 77 veículos durante o exercício de 2015,
e conforme o esclarecimento constante do texto na pág. 109 os abates se referem a veículos
alienados em hasta pública. Ainda na pág. 109 consta a informação de que também foram abatidas,
por destruição, 2 motorizadas da AN e que 1 viatura desse Órgão de Soberania foi devolvida a
Comissão Eleitoral Nacional. Esses 3 veículos foram incluídos no total dos veículos abatidos ou
continuam a fazer parte do acervo dos veículos existentes?
c) A CGE refere na pág. 110 que desapareceram 6 motorizadas que estavam na posse do Estado,
sendo 1 da PGR, 2 do MIRNA e 3 do MEAS. Quais foram as medidas tomadas com esses
desaparecimentos? Em que situações as motorizadas desapareceram? Foram apuradas
responsabilidades sobre o desaparecimento? Estas motorizadas estão incluídas nos veículos
abatidos ou ainda fazem parte do acervo dos veículos existentes?
d) Ainda na mesma pág. 110, a CGE refere que 72 veículos do Estado se encontravam inoperantes
no final do exercício de 2015, sendo alguns nas oficinas na lista para o abate no ano seguinte e
outros no processo de transferência pela fusão dos Ministérios. Esses veículos, nas condições em
que se encontravam, ainda faziam parte do acervo dos veículos existentes no final do exercício,
pelo que devem acrescentar a quantidade final.
e) Por fim, o Quadro 42 indica que durante o exercício de 2015 foram incorporados 346 veículos,
sendo 179 viaturas e 167 motorizadas. Porém, do total dos veículos incorporados, deve constar na
CGE informação sobre a quantidade que foi suportada pelas disponibilidades do OGE e a
quantidade que foi doada pelos parceiros de desenvolvimento.
Por tudo quanto foi exposto nas alíneas acima, depreende-se que o Quadro 42 da CGE não reflecte de
forma verdadeira o acervo real dos veículos do Estado existente no final do exercício do ano de 2015.
A DCP, em sede de contraditório, em conjugação com os elementos fornecidos pela Direcção do
Património do Estado, alterou as informações do Quadro 42 da CGE, concernente a situação dos Veículos
do Estado, passando a ser o seguinte:
Quantidade de veículos que transitaram do ano de 2014 para o ano de 2015, num total de 1.116
veículos, sendo 593 viaturas e 523 motorizadas;
321 II Série – Número 14
Quantidade de veículos abatidos durante o exercício de 2015, num total de 77 veículos, sendo 62
viaturas e 15 motorizadas;
Quantidade de veículos inoperantes no final do exercício de 2015, num total de 72 veículos, sendo
25 viaturas e 47 motorizadas;
Quantidade de veículos incorporados durante o exercício de 2015, num total de 26 veículos; e
Quantidade de veículos na posse do Estado durante o final do exercício de 2015, num total de
1.065 veículos, sendo 565 viaturas e 500 motorizadas.
No Quadro 43 da CGE é apresentada a Avaliação do Inventário dos Veículos do Estado, por órgão e por
estado de conservação. Os veículos em estado de conservação «bom» e «regular» foram avaliados no
montante total de MDbs. 205.164,00, sendo para viaturas o valor de MDbs. 187.922,00 e para motorizadas
o valor de MDbs. 17.242,00. Os veículos em estado de conservação «inoperantes» foram avaliados no
montante total de MDbs. 8.125,00, sendo para viaturas o valor de MDbs. 6.993,00 e para motorizadas o
valor de MDbs. 1.132,00.
O último parágrafo da pág. 112 da CGE indica erradamente o montante total da avaliação das
motorizadas em 17.225,00, quando o Quadro 43 indica o valor de MDbs. 17.242,00. Por outro lado, o
montante total da avaliação dos veículos do Estado deve ser corrigido para MDbs. 213.289,00, pelo facto de
os veículos inoperantes continuarem na posse do Estado, sem terem sido ainda abatidos a carga (nem por
alienação, e nem por destruição ou furto).
Em sede de contraditório, os comentários da DCP só confirmaram o valor dos Veículos do Estado,
apesar da indicação errada do valor de MDbs. 213.289,00 como sendo valor dos 993 veículos operacionais,
quando na realidade é o valor do total (1.065) de todos os veículos na posse do Estado (993 operacionais e
72 inoperantes).
2.10.2.1. Créditos
Face a CGE em análise, os Créditos do Estado se referem à Dívida Activa Fiscal que diversos
contribuintes têm para com o Estado, devido ao incumprimento das suas obrigações no que concerne ao
pagamento de impostos.
A dívida fiscal que no final do ano de 2014 totalizava MDbs. 257.602,00, elevou-se para MDbs.
372.744,00 no final do ano de 2015, representando um crescimento de MDbs. 115.142,00, equivalente a
44,7%. No ano em apreço foi cobrado somente o valor de MDbs. 35.620,00, equivalente a 13,8% da dívida
inicial.
Do valor fiscal em dívida, conforme o Quadro 38 da CGE, a maior concentração regista-se em IRS com
MDbs. 131.291,00, equivalente a 35,2%, Imposto Sobre Consumo com MDbs. 109.909,00, equivalente a
29,5%, IRC com MDbs. 64.007,00, equivalente de 17,2% e Juros com MDbs. 35.691,00, equivalente a
9,6%.
O Quadro 38 também tem algumas informações que causam alguma estranheza, como é o caso das
«Anulações». Na CGE é enunciado que as anulações resultaram do contraditório, auditorias e reclamações
que tiveram lugar. A dívida fiscal, apesar da incerteza em relação ao seu recebimento, é uma receita que o
Estado se propõe arrecadar para suportar as suas despesas. Por isso, não se entende que condições ou
situações podem ter ocorrido para ocasionar anulações dessas dívidas num montante tão elevado (MDbs.
146.592,00), equivalente a 56,9% do total da dívida que transitou do ano anterior. Será que os impostos são
liquidados de uma forma aleatória ou são liquidados em certezas e bases sólidas?
Mais difícil de compreender fica ainda quando se analisa as anulações ocorridas em cada cédula de
imposto, como a seguir se indica:
i) IRS – A dívida no montante de MDbs. 76.394,00, que transitou do ano de 2014 para o ano de 2015,
sofreu anulações no valor de MDbs. 60.503,00, equivalente a 79,2%. Que factos ocorreram para
que isso fosse possível? O IRS é um imposto que incide sobre o rendimento do trabalhador ou
sobre o valor de prestação de serviço, não sobre um valor estimado, mas sobre um valor pago de
facto. É um imposto que é retido na fonte, tanto pelo empregador como pelo beneficiário do serviço
prestado. Que situações surgiram para resultar um grau elevado de anulações?
ii) IRC – A dívida transitada no ano anterior no valor de MDbs. 47.412,00, sofreu anulações no
montante de MDbs. 32.323,00, equivalente a 68,2%. Do leque dos impostos, é um dos que pode
surgir situações que alterem o valor tributado, no qual o contribuinte consegue provar que o imposto
que lhe foi liquidado é indevido. Mesmo assim, o grau de anulação é elevado.
24 DE JANEIRO DE 2019 322
iii) Imposto S/ Consumo – Do montante de MDbs. 87.202,00 de dívida, foi anulado o valor de MDbs.
30.707,00, equivalente a 35,2%. O imposto sobre o consumo, de acordo com a tabela de receitas
(Anexo IV da CGE), é liquidado com base no valor de produção local e no valor de serviços
prestados, e é suportado pelo consumidor final, apesar de ser entregue nos cofres do Estado pelo
produtor ou pelo prestador de serviço. É um imposto que recai sobre factos e valores reais, por isso
a estranheza do grau de anulações.
iv) Imposto de Selo – A dívida no valor de MDbs. 22.162,00 teve anulações no montante de MDbs.
16.408,00, equivalente a 74,0%. O imposto de selo incide sobre os actos praticados, sobre o valor
dos serviços prestados e sobre o valor dos outros impostos calculados. Assim sendo, se os outros
impostos forem anulados o imposto de selo que teve por base aqueles outros impostos também
será anulado. No entanto, causa estranheza o grau tão elevado de anulações.
Por tudo quanto foi exposto, necessário se torna que as Autoridades Tributárias revejam as condições e
situações em que os impostos estejam a ser liquidados, de modo a não dar lugar a que haja tantas
anulações. Para o efeito, os impostos devem ser liquidados com base em factos certos e sólidos.
Em sede de contraditório à conclusão 22, a DCP esclareceu as causas das anulações dos impostos em
dívida ao Estado, o que só confirma as bases em que os impostos são liquidados. Em 2014 as anulações
dos impostos em dívida ao Estado atingiu MDbs. 94.041,00, e em 2015 as anulações tiveram um aumento
de 56% atingindo o montante de MDbs. 146.592,00, resultado que demonstra a necessidade da
Administração Tributária rever as bases em que os impostos têm sido liquidados.
2.10.2.2. Débitos
Conforme informação inclusa nas págs. 114 a 117 da CGE, o Estado terminou o ano de 2015 com uma
dívida total de MDbs. 6.283.321,00, representando um crescimento de 26,6% em relação ao ano anterior,
sendo MDbs. 373.740,00 de Fornecedores de Bens e Serviços (Quadro 44), equivalente a 5,9%, e MDbs.
5.909.581,00 de Dívida Externa (Quadro 46), equivalente a 94,1%.
1. A dívida com Fornecedores de Bens e Serviços se refere a compromissos assumidos pelo Estado e não
pagos, à EMAE pelo fornecimento de água e energia, à CST pelos serviços de comunicações, à
HIDROELÉCTRICA pelo fornecimento de energia da Central de Bôbô-Forro, à SYNERGIES pela
indemnização respeitante a rescisão contratual da gestão da hidroeléctrica do Rio Contador, e pela
indemnização aos marinheiros dos navios pesqueiros. Apesar de mencionar os Credores a quem o
Estado deve, a CGE não indica o valor que o Estado deve a cada Credor. Com base no ponto 4.1.3.3.2
– Fornecedores de Contas a Pagar de Cuto Prazo e no Quadro 44 da CGE, apresenta-se a seguir o
quadro que foi possível elaborar:
Conforme se pode inferir do quadro supra, os Fornecedores de Bens e Serviços que são credores do
Estado não atingem um número elevado, são menos que dez (10), pelo que a CGE deve apresentar
informações de uma forma discriminada, de modo a que se apure a situação real de cada credor em
relação ao Estado.
Como se pode verificar no referido quadro, existem informações (valores) que não foi possível
individualizar por credor, tiveram que ser considerados em quatro (4) ou dois (2) credores, porque as
informações constantes da CGE não permite a individualização total das mesmas pelos credores.
Outro facto importante que ressalta do quadro acima é de que o endividamento do Estado não se
resume apenas aos constrangimentos financeiros para pagamento da dívida, mas também na contração de
novas dívidas e na actualização cambial e nos juros de mora da dívida com a SYNERGIES, Lda. Porque
para uma dívida inicial de MDbs. 279.927,00, o Estado conseguiu amortizar o montante de MDbs.
323 II Série – Número 14
209.108,00, equivalente a 74,7%. Entretanto, no mesmo período o Estado contraiu novas dívidas no valor
de MDbs. 284.982,00 e sofreu penalização de actualização cambial e juros no valor de MDbs. 22.376,00,
totalizando MDbs. 307.358,00, equivalente a 109,8% da dívida inicial. Ainda em sede de contraditório à
conclusão 22, a DCP remeteu o Mapa detalhado do Dívida Interna do Estado aos Fornecedores, mapa este
que deve constar como anexo às futuras CGE’s.
2. A Dívida Externa do país, depois de diminuir 0,3% no ano de 2013 em relação ao ano de 2012, a
variação homóloga a partir do ano de 2014 é tendencialmente crescente, sendo 20,7% no ano de 2014
e 26,6% no ano de 2015.
O facto mais importante a equacionar na dívida externa não é apenas o seu crescimento, mas também
se existe paralelismo com o crescimento económico do país e consequentemente com a redução da
pobreza da população.
O stock da dívida externa do país que no início do exercício de 2015 era do montante de MDbs.
4.666.599,00, no final do exercício se elevou ao valor de MDbs. 5.909.581,00, equivalente ao
crescimento de 26,6%.
A análise detalhada sobre a Dívida Externa é feita no capítulo da «Dívida Pública» no ponto 2.6 deste
Relatório.
2.10.2.3. Participações
O Sector Empresarial do Estado continua constituído por treze (13) entidades, sendo quatro (4)
Empresas Públicas e uma (1) Sociedade Pública, nas quais o Estado detém a totalidade de capital social
(100%), e oito (8) Sociedades Participadas nas quais a participação societária do Estado nos respectivos
capitais sociais é inferior a 50%.
A totalidade do capital social estatutária das treze (13) entidades ainda se mantém no montante de
MDbs. 624.062,00, e a participação do Estado também mantém no valor de MDbs. 330.946,00.
No ano de 2015 foram entregues ao OGE dividendos no total de MDbs. 13.104,00, respeitante a parte
que coube ao Estado nos resultados positivos obtidos no ano de 2014, sendo MDbs. 201,00 entregue pela
ENAPORT, MDbs. 9.191,00 entregue pelo BISTP e MDbs. 3.712,00 entregue pela ENCO, respectivamente.
Os dividendos no montante total de MDbs. 16.438,00 concernente aos resultados positivos obtidos no ano
de 2015 pelo BCSTP, BISTP e ENCO foram entregues no cofre do Estado no ano de 2016.
Os repetitivos resultados negativos que algumas dessas entidades têm vindo a conhecer de ano para
ano no final dos exercícios económicos, deve levar o Estado a ponderar a continuidade da sua participação
no capital social das mesmas.
Por outro lado, no âmbito das medidas de reestruturação do Sector Empresarial do Estado, poder-se-á
proceder a aumento de capital social de algumas dessas entidades, através de conversão de dívidas
fiscais e parafiscais ou outras que as mesmas têm para com o Estado, em capital, como solução para
redução ou anulação das referidas dívidas.
A DCP, em sede de contraditório à conclusão 23, esclareceu que, no tocante a Sector Empresarial do
Estado, o Venerando Conselho de Ministros reunidos na sua 55.ª sessão ordinária tomou algumas medidas
sobre o Sector.
em termos totais está registado MDbs. 4.534,00 de saldo inicial, MDbs. 41.861,00 de entrada e
MDbs. 36.337,00 de saída;
iii) MDbs. 9.455,00 em moeda estrangeira, equivalente a USD 418.521,00, cuja descriminação se
encontra no Quadro 37 da CGE, onde em termos totais está escriturado MDbs. 12.759,00 de
saldo inicial, MDbs. 707.104,00 de entrada e MDbs. 711.786,00 de saída;
iv) MDbs. 1,20 em moeda estrangeira, equivalente a € 48,00, conforme o Quadro 37 da CGE,
onde em termos totais está mencionado MDbs. 167,00 de saldo inicial, MDbs. 88.556,00 de
entrada e MDbs. 88.722,00 de saída.
Conclui-se do quadro supra que em 2015 os fluxos financeiros aumentaram no montante de MDbs.
1.782.489,00, correspondente a uma variação de 30,7% em relação ao ano anterior.
Atento ao comportamento dos fluxos financeiros, por rubrica, verifica-se que de 2014 para 2015 houve
um aumento bastante considerável, tanto das receitas orçamentais como das despesas orçamentais, no
valor global de MDbs. 390.146,00 (18,6%) e MDbs. 434.194,00 (21,1%), respectivamente. Por outro lado,
de notar o aumento das operações financeiras tanto na entrada como na saída no valor de MDbs.
927.938,00 (45,9%), e de MDbs. 604.854,00 (29,9%), respectivamente.
efectivar. O que não se entende é o porquê das despesas que foram executadas por conta dos ROT serem
indicadas no Anexo VII que foram suportadas pelo Fundo do Japão.
5
Nos termos do artigo 41.º da Lei do SAFE
327 II Série – Número 14
Por outro lado, procedeu-se a análise aos Quadros 79 à 83, tendo comparado com os Anexos XXII, XXIII
e outras informações insertas da CGE, onde se apurou a conformidade dos valores apresentados nestes
quadros.
Parte 3. Anexos
3.3. Anexos
Anexo 1 – Ofício n.º 0717/269 GS/TC/18, do Tribunal de Contas, dirigido ao Director de Contabilidade,
remetendo e Relatório Provisório sobre a CGE de 2015, para efeito do exercício de
contraditório;
Anexo 2 – Ofício n.º 86/DCP/MFCEA/2018, de 11 de Outubro, da Direcção de Contabilidade Pública
solicitando a prorrogação do prazo para o exercício do contraditório;
Anexo 3 – Ofício n.º 0749/277/GS/TC/18 de 11 de Outubro, do Tribunal de Contas dirigido ao Director de
Contabilidade Pública comunicando a prorrogação do prazo para o exercício do contraditório; e
Anexo 4 – Ofício n.º 48/DCP/MFCEA/2018, de 92/DCP/MFCEA/2018, de 30 de Outubro, da Direcção de
Contabilidade Pública remetendo os comentários do exercício do contraditório e os respectivos
anexos;
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