Cópia de Ética
Cópia de Ética
Cópia de Ética
O médico, em regra, não tem a intenção de causar dano ao paciente, sobretudo pois a medicina
é arte de cuidar e ajudar o outro. Há um trecho do juramento de Hipócrates, conhecido como
Pai da medicina, que diz: ”Aplicarei os regimes para o bem do doente segundo o meu poder e
entendimento, nunca para causar dano ou mal a alguém.” De modo que, para a grande maioria
das condutas danosas dos médicos, se dá de forma culposa, quando não há a intenção de
produzir tal resultado, mas ainda assim, deve este ser responsabilizado pelo resultado
estabelecido. Cabendo ao médico obedecer o princípio da não maleficiência sendo esta a
primeira grande norma de conduta ética para os profissionais da medicina. (NETTO, 2010).
Esse capítulo do CEM aborda ainda sobre a necessidade de conhecer as atribuições que são
exclusivas do profissional médico (art. 30) , visto que estas não poderão ser delegadas aos
profissionais da área de enfermagem ou outros membros da equipe multiprofissional. Um
exemplo é a Intubação orotraqueal (IOT), procedimento médico, dado que este é o profissional
com competência para indicar corretamente o procedimento e lidar com possíveis
intercorrências ou complicações. Relacionando com o primeiro artigo, um profissional que
deixa de indicar ou não realizar oportunamente uma IOT por falta de conhecimento teórico-
prático pode sofrer um processo ético profissional, por omissão em que pode ser evidenciada
imperícia e imprudência, por exemplo.
Outros aspectos também são referidos no que tange a responsabilidade do médico por
procedimentos que tenha realizado ou indicado, existe o precedente, porém de que o médico
pode e deve dar ao paciente a possibilidade de ler e assinar o documento chamado “Termo de
consentimento livre e esclarecido” neste documento que além de fornecido deve ser explicado
ao paciente ou seu responsável legal, deve conter possíveis complicações que podem decorrer
do procedimento em questão, este documento não permite ao médico errar, mas sim deixa ciente
o paciente e seus familiares de algumas complicações podem ser inerentes a técnica e ao
procedimento praticado, mesmo quando realizado por um médico com expertise e experiência.
O contrário também é verdade, se não foi o profissional que avaliou o paciente, não deve ser a
responder pelos dados causados ao paciente. (Art. 31, 32, 33, 34).
“É vedado ao médico deixar de atender em setores de urgência e emergência, quando for de sua
obrigação fazê-lo, expondo a risco a vida de pacientes, mesmo respaldado por decisão
majoritária da categoria. ” (CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA, 2022, art. 35).
Esta citação é muito relevante, sobretudo para os médicos plantonistas, é de suma importância
que eu assumir um plantão o médico verifique de fato quais pacientes ficaram sob sua conduta,
em alguns serviços o mesmo médico que atende na emergência deve assistir os pacientes
internados na enfermaria sendo fundamental isto seja de conhecimento do médico para não
haver negligência. Outras vedações, de mesmo cunho são para deixar de comparecer ao plantão
em horário preestabelecido ou abandoná-lo sem deixar outro médico responsável pelo
atendimento, salvo por justo impedimento. (Art. 37).
Outra vedação importante está relacionada a receitar ou atestar de forma secreta ou ilegível, já
não há mais espaço na medicina atual para aceitar que o paciente receba uma uma receita médica
que não consegue compreender o que está escrito, ou mesmo não pode ser interpretada por um
profissional farmacêutico no momento da liberação das medicações prescritas pelo profissional.
Além disso, é proibido assinar em branco folhas de receituários, laudos, atestados ou quaisquer
outros documentos médicos. Como o próprio nome sugere, os documentos médicos devem ser
preenchidos pelo profissional habilitado, sendo uma contravenção expressa no CEM entregar
quaisquer documentos sem o devido preenchimento completo, devendo conter inclusive data,
número de inscrição no CRM e assinatura do profissional. (Art. 39).
O médico deve realizar educação em saúde, e uma das formas previstas pelo CEM é esclarecer
ao trabalhador sobre condições de trabalho que coloquem sua saúde em risco, outra medida
importante é explicar acerca dos determinantes sociais, ambientais ou profissionais de possíveis
afecções. O paciente não tem a obrigação de conhecer sobre os processos de saúde-doença
devendo o médico responsável por seu atendimento esclarecer pontos que o assistido
desconheça. (Art. 40, 41).
Cabe ao médico assistente cumprir a legislação específica nos casos de transplantes de órgãos
ou tecidos, esterilização, fecundação artificial e abortamento. É necessário que o profissional
conheça as leis específicas que permitem o abortamento nos casos determinados, conheça sobre
os processos de compatibilidade sanguínea e quais são os excludentes que inviabilizam uma
pessoa ser doador, no quesito doação de órgãos e aspectos relacionados a fecundação arficial,
como o fato de a justiça brasileira não permitir a escolha do sexo do bebê, salvo em casos em
que é necessário evitar doenças genéticas ligadas ao sexo. (Art. 43)
Outras tantas infrações devem ser evitadas pelos profissionais, a fim de prevenir a abertura de
uma sindicância, processo preliminar, preparatório do processo administrativo disciplinar,
podendo a denúncia ser arquivada ou culminar na abertura de um Processo Ético-profissional,
desde que haja evidências do envolvimento da parte denunciada. A sindicância não é
obrigatória, mas é juridicamente conveniente e deve permitir as partes que se manifestem .
Podendo ocorrer a conciliação, quando há expressa concordância entre as partes, quando não
houve lesões corporais graves, violação à dignidade sexual ou óbito do paciente. A abertura do
processo, se esta acontecer as possíveis penas aplicáveis pelos Conselhos Regionais de
Medicina são: 1) Advertência confidencial em aviso reservado, 2) Censura confidencial em
aviso reservado, 3) Censura pública em publicação oficial, 4) Suspensão do exercício
profissional em até 30 dias, 5) Cassação do exercício profissional ad referendum do Conselho
Regional. (PEREIRA, 2003).
Palavras-chave:
Responsabilidade médica; Direito médico; Sindicância.
Referências
CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA (Brasil). Código de Ética Médica: Resolução CFM
nº 2.306/2022. Brasília, DF: Conselho Federal de Medicina, 2022.
FILHO GUIMARÃES, D. F. Negligência, imprudência e imperícia. Rev Bras Anest. 1985: 35;
(6); 491-493. Disponível em: https://bjan-sba.org/article/5f503f558e6f1a03048b469c/pdf/rba-
35-6-491.pdf. Acesso em: 10 nov. 2024.
NETTO, A. L.; ALVES, M. R. Responsabilidade Médica. Rev Bras Oftalmol. 2010; 69 (2):
75-6. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/rbof/a/ZWfjNvggRzzsk76bBq99ZWM/?format=pdf&lang=pt. Acesso
em: 09 nov. 2024.