Nota Tecnica No 100 2022 Cgpam Dsmi Saps Ms
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Ministério da Saúde
Secretaria de Atenção Primária à Saúde
Departamento de Saúde Materno Infantil
Coordenação-Geral de Saúde Perinatal e Aleitamento Materno
1. ASSUNTO
1.1. Diretriz nacional para a conduta clínica, diagnóstico e tratamento da Toxoplasmose
Adquirida na Gestação e Toxoplasmose Congênita.
2. ANÁLISE
2.1. A toxoplasmose congênita é prevalente no Brasil e estima-se que nasçam entre 5 a 23
crianças infectadas a cada 10.000 nascidos vivos (Dubey et al, 2012). As mães dessas crianças geralmente
não apresentam manifestações clínicas sugestivas da infecção durante a gestação e a maioria das crianças
infectadas (cerca de 90%) não apresenta sintomas identificáveis ao nascimento. Contudo, entre 60 a 80%
das crianças apresentam alterações oftalmológicas e/ou neurológicas que repercutem com prejuízos
variáveis na qualidade de vida (Lago et al, 2007; Vasconcelos-Santos et al, 2009).
2.2. A maioria dos casos de toxoplasmose pode acontecer sem sintomas ou com sintomas
bastante inespecíficos. Mesmo na ausência de sintomatologia, o diagnóstico da infecção aguda na
gravidez é importante para a prevenção da toxoplasmose congênita e suas sequelas. Como o diagnóstico
clínico do binômio mãe/filho é difícil e o tratamento precoce da criança com toxoplasmose congênita
(pré-natal e/ou pós-natal) está associado a menor número e gravidade das sequelas, faz-se necessário
utilizar o rastreamento da gestante e da criança suspeitas.
2.3. Durante o pré-natal, orienta-se a realização dos exames para toxoplasmose, IgM e IgG, que
devem ser solicitados na primeira consulta, durante o primeiro trimestre gestacional. O objetivo principal
do rastreamento é a identificação precoce de gestantes infectadas durante a gestação para tratamento e
seguimento, visando a redução da transmissão vertical e infecção fetal, além da identificação das
gestantes suscetíveis, para prevenção primária da infecção. Ressalta-se que, toda gestante, independente
do resultado da sorologia para toxoplasmose, deve ser orientada para prevenção da infecção.
2.4. A identificação precoce da toxoplasmose durante o pré-natal e da toxoplasmose congênita,
preconizada na etapa 1 da Lei 14.154/2021, que amplia o rol mínimo de doenças rastreadas por meio do
teste do pezinho, amplia a possibilidade de diagnóstico e início precoce do tratamento.
2.5. O início do tratamento das gestantes até as três semanas após a infecção aguda, minimiza
má-formações na vida intrauterina (Wallon et al, 2013; Peyron et al, 2016) e o tratamento das crianças
identificadas até dois meses após o nascimento, está associado à menor ocorrência de danos
neurológicos, oftalmológicos e melhor prognóstico (McLeod et al, 2006; Brown et al, 2009; Maldonado et
al, 2017).
2.6. Até o momento, o Ministério da Saúde dispõe dos seguintes materiais com orientações
sobre o tema: “Caderno de Atenção Básica 32: Atenção ao Pré-Natal de Baixo Risco — 2013”, "Protocolos
da Atenção Básica: Saúde das Mulheres — 2016", “Protocolo de notificação e investigação: toxoplasmose
gestacional e congênita - 2018" e, mais recentemente, o Manual de Gestação de Alto Risco - 2022.
2.7. Com o intuito de aprimorar o trabalho das equipes de Atenção Primária à Saúde, com
vistas a disseminar informações atualizadas sobre o fluxo de diagnóstico e tratamento da toxoplasmose
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16/11/2022 09:10 SEI/MS - 0029908746 - Nota Técnica
gestacional e congênita, foram elaborados materiais visuais de apoio à APS, anexo a esta Nota Técnica.
2.8. Os fluxogramas com orientações para o diagnóstico e tratamento da gestante e do
feto/recém-nascidos suspeitos de toxoplasmose congênita foram detalhados segundo as melhores
evidências científicas vigentes, que orientam a prática diagnóstica e terapêutica nesses casos (Peyron et
al, 2016; Maldonado et al, 2017; Red Book 2018; Montoya JG, 2018; Peyron et al, 2019) e testados na
rotina de serviço por dois anos.
2.9. As evidências científicas sobre o tema reforçam a necessidade de início oportuno e
adequado do tratamento com vistas a redução do risco de toxoplasmose congênita e de
comprometimento grave da saúde da mulher e da criança.
3. CONCLUSÃO
3.1. Considerando a importância desta doença, com elevado risco de acometimento fetal e
suas manifestações clínicas, indica-se a condução dos casos, utilizando os anexos descritos nesta nota
técnica:
a) Fluxograma Tratamento Gestantes (0029908748);
b) Quadro Tratamento Gestantes (0029908749);
c) Fluxograma Conduta e Tratamento do Recém-Nascido (0029908750).
4. BIBLIOGRAFIA
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31st edition. 2018.
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