Nota Tecnica No 100 2022 Cgpam Dsmi Saps Ms

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16/11/2022 09:10 SEI/MS - 0029908746 - Nota Técnica

Ministério da Saúde
Secretaria de Atenção Primária à Saúde
Departamento de Saúde Materno Infantil
Coordenação-Geral de Saúde Perinatal e Aleitamento Materno

NOTA TÉCNICA Nº 100/2022-CGPAM/DSMI/SAPS/MS

1. ASSUNTO
1.1. Diretriz nacional para a conduta clínica, diagnóstico e tratamento da Toxoplasmose
Adquirida na Gestação e Toxoplasmose Congênita.
2. ANÁLISE
2.1. A toxoplasmose congênita é prevalente no Brasil e estima-se que nasçam entre 5 a 23
crianças infectadas a cada 10.000 nascidos vivos (Dubey et al, 2012). As mães dessas crianças geralmente
não apresentam manifestações clínicas sugestivas da infecção durante a gestação e a maioria das crianças
infectadas (cerca de 90%) não apresenta sintomas identificáveis ao nascimento. Contudo, entre 60 a 80%
das crianças apresentam alterações oftalmológicas e/ou neurológicas que repercutem com prejuízos
variáveis na qualidade de vida (Lago et al, 2007; Vasconcelos-Santos et al, 2009).
2.2. A maioria dos casos de toxoplasmose pode acontecer sem sintomas ou com sintomas
bastante inespecíficos. Mesmo na ausência de sintomatologia, o diagnóstico da infecção aguda na
gravidez é importante para a prevenção da toxoplasmose congênita e suas sequelas. Como o diagnóstico
clínico do binômio mãe/filho é difícil e o tratamento precoce da criança com toxoplasmose congênita
(pré-natal e/ou pós-natal) está associado a menor número e gravidade das sequelas, faz-se necessário
utilizar o rastreamento da gestante e da criança suspeitas.
2.3. Durante o pré-natal, orienta-se a realização dos exames para toxoplasmose, IgM e IgG, que
devem ser solicitados na primeira consulta, durante o primeiro trimestre gestacional. O objetivo principal
do rastreamento é a identificação precoce de gestantes infectadas durante a gestação para tratamento e
seguimento, visando a redução da transmissão vertical e infecção fetal, além da identificação das
gestantes suscetíveis, para prevenção primária da infecção. Ressalta-se que, toda gestante, independente
do resultado da sorologia para toxoplasmose, deve ser orientada para prevenção da infecção.
2.4. A identificação precoce da toxoplasmose durante o pré-natal e da toxoplasmose congênita,
preconizada na etapa 1 da Lei 14.154/2021, que amplia o rol mínimo de doenças rastreadas por meio do
teste do pezinho, amplia a possibilidade de diagnóstico e início precoce do tratamento.
2.5. O início do tratamento das gestantes até as três semanas após a infecção aguda, minimiza
má-formações na vida intrauterina (Wallon et al, 2013; Peyron et al, 2016) e o tratamento das crianças
identificadas até dois meses após o nascimento, está associado à menor ocorrência de danos
neurológicos, oftalmológicos e melhor prognóstico (McLeod et al, 2006; Brown et al, 2009; Maldonado et
al, 2017).
2.6. Até o momento, o Ministério da Saúde dispõe dos seguintes materiais com orientações
sobre o tema: “Caderno de Atenção Básica 32: Atenção ao Pré-Natal de Baixo Risco — 2013”, "Protocolos
da Atenção Básica: Saúde das Mulheres — 2016", “Protocolo de notificação e investigação: toxoplasmose
gestacional e congênita - 2018" e, mais recentemente, o Manual de Gestação de Alto Risco - 2022.
2.7. Com o intuito de aprimorar o trabalho das equipes de Atenção Primária à Saúde, com
vistas a disseminar informações atualizadas sobre o fluxo de diagnóstico e tratamento da toxoplasmose
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gestacional e congênita, foram elaborados materiais visuais de apoio à APS, anexo a esta Nota Técnica.
2.8. Os fluxogramas com orientações para o diagnóstico e tratamento da gestante e do
feto/recém-nascidos suspeitos de toxoplasmose congênita foram detalhados segundo as melhores
evidências científicas vigentes, que orientam a prática diagnóstica e terapêutica nesses casos (Peyron et
al, 2016; Maldonado et al, 2017; Red Book 2018; Montoya JG, 2018; Peyron et al, 2019) e testados na
rotina de serviço por dois anos.
2.9. As evidências científicas sobre o tema reforçam a necessidade de início oportuno e
adequado do tratamento com vistas a redução do risco de toxoplasmose congênita e de
comprometimento grave da saúde da mulher e da criança.
3. CONCLUSÃO
3.1. Considerando a importância desta doença, com elevado risco de acometimento fetal e
suas manifestações clínicas, indica-se a condução dos casos, utilizando os anexos descritos nesta nota
técnica:
a) Fluxograma Tratamento Gestantes (0029908748);
b) Quadro Tratamento Gestantes (0029908749);
c) Fluxograma Conduta e Tratamento do Recém-Nascido (0029908750).
4. BIBLIOGRAFIA

1. American Academy of Pediatrics. Toxoplasmosis. In: Red Book. Report of Committee on Infectious Diseases.
31st edition. 2018.
2. BRASIL. Ministerio da Saude. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Doenças de Condições
Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Prevenção
da Transmissão Vertical do HIV, Sífilis e Hepatites Virais / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em
Saúde – Brasília: Ministério da Saúde, 2019.
3. Brown ED, Chau JK, Atashband S, Westerberg BD, Kozak FK. A systematic review of neonatal toxoplasmosis
exposure and sensorineural hearing loss. Int J Pediatr Otorhinolaryngol. 2009; 73(5):707-11.
4. Carellos EVM, Andrade GMQ, Vasconcelos-Santos DV, Januario JN, Romanelli RMC, Abreu MNS, et al. Adverse
Socioeconomic Conditions and Oocyst-Related Factors Are Associated with Congenital Toxoplasmosis in a
Population-Based Study in Minas Gerais, Brazil. PLoS ONE. 2014;9(2): e88588.
5. Dubey JP; Lago EG; Gennari SM; Su C; Jones JL. Toxoplasmosis in humans and animals in Brazil: high
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6. Lago E. G., Bender A.L., Glock L., et al. Comparison of anti-Toxoplasma gondii IgG concentrations at delivery in
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7. Maldonado YA, Read JS, AAP Committee on Infectious Diseases. Diagnosis, Treatment, and Prevention of
Congenital Toxoplasmosis in the United States. Pediatrics. 2017;139(2):e20163860.
8. McLeod R, Boyer K, Karrison T, Kasza K, Swisher C, Roizen N et al. Outcome of treatment for congenital
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half empty? Am J Obstet Gynecol, 2018. 219(4): 315-319.
11. Montoya J.G. Laboratory Diagnosis of Toxoplasma gondii Infection and Toxoplasmosis. The Journal of
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12. Montoya JG, Remington JS. Management of Toxoplasma gondii. Infection during pregnancy. Clin Infect Dis
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13. Palmeira P., Quinello C., Silveira-Lessa A.L. et al.: IgG placental transfer in healthy and pathological
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14. Peyron et al. Maternal and Congenital Toxoplasmosis: Diagnosis and Treatment Recommendations of a French
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15. Peyron F, Wallon M, Kieffer F, Garweg J. Toxoplasmosis. In: Wilson CB, Nizet V, Maldonado YA, Remington JS,
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16. Wallon M, Peyron F, Cornu C, et al. Congenital Toxoplasma infection: monthly prenatal screening decreases
transmission rate and improves clinical outcome at age 3 years. Clin Infect Dis. 2013;56(9):1223-31.
17. Vasconcelos-Santos DV, Azevedo DOM, Campos WR, Orefice F, Queiroz-Andrade GM, Carellos EVM, et al.
Congenital Toxoplasmosis in Southeastern Brazil: Results of Early Ophthalmologic Examination of a Large
Cohort of Neonates. Ophthalmology. 2009;116:2199-205.

Documento assinado eletronicamente por Janini Selva Ginani, Coordenador(a)-Geral de Saúde


Perinatal e Aleitamento Materno, em 26/10/2022, às 18:29, conforme horário oficial de Brasília,
com fundamento no § 3º, do art. 4º, do Decreto nº 10.543, de 13 de novembro de 2020; e art. 8º, da
Portaria nº 900 de 31 de Março de 2017.

Documento assinado eletronicamente por Lana de Lourdes Aguiar Lima, Diretor(a) do


Departamento de Saúde Materno Infantil, em 26/10/2022, às 19:26, conforme horário oficial de
Brasília, com fundamento no § 3º, do art. 4º, do Decreto nº 10.543, de 13 de novembro de 2020; e
art. 8º, da Portaria nº 900 de 31 de Março de 2017.

Documento assinado eletronicamente por Raphael Camara Medeiros Parente, Secretário(a) de


Atenção Primária à Saúde, em 08/11/2022, às 15:39, conforme horário oficial de Brasília, com
fundamento no § 3º, do art. 4º, do Decreto nº 10.543, de 13 de novembro de 2020; e art. 8º, da
Portaria nº 900 de 31 de Março de 2017.

A autenticidade deste documento pode ser conferida no site


http://sei.saude.gov.br/sei/controlador_externo.php?
acao=documento_conferir&id_orgao_acesso_externo=0, informando o código verificador
0029908746 e o código CRC 427F9E41.

Referência: Processo nº 25000.147570/2022-15 SEI nº 0029908746

Coordenação de Saúde das Mulheres - COSMU


Esplanada dos Ministérios, Bloco G - Bairro Zona Cívico-Administrativa, Brasília/DF, CEP 70058-900
Site - saude.gov.br

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