Identidade, Corpos e Constituição Dos Sujeitos
Identidade, Corpos e Constituição Dos Sujeitos
Identidade, Corpos e Constituição Dos Sujeitos
Sociedades Ibero-Americanas
De 23 a 27 de agosto de 2021
EVENTO ONLINE
ANAIS
DO EVENTO
Realização Apoiadores
PROACAD
Pró-Reitoria
Acadêmica
Comissão
Organizadora
Presidenta da Comissão
Profª Dra. Giani Rabelo
Universidade do Extremo Sul Catarinense - UNESC
Vice-presidente da Comissão
Prof. Dr. Ismael Gonçalves Alves Universidade do Extremo Sul Catarinense - UNESC
Diretor de Ensino de Graduação
Prof. Me. Marcelo Feldhaus Representante da Pró-Reitoria Acadêmica
Universidade do Extremo Sul Catarinense - UNESC
Vice-presidente da Comissão
Prof. Dr. Ismael Gonçalves Alves
Universidade do Extremo Sul Catarinense - UNESC
Profª. Dra. Maria Teresa Santos Cunha Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC
Profª. Dra. Ana Paula Vosne Martins Universidade Federal do Paraná (UFPR)
Profª. Dra. Maria Stephanou Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
Profª. Dra. Ana Sabrina Mora Universidad Nacional La Plata - UNLP (CONICET) - Argentina
Profa. Dra. Patrícia Ferraz de Matos Instituto de Ciências Sociais, Universidade de Lisboa
Prof. Dr. Miguel Anxo Santos Rego Universidade de Santiago de Compostela - Espanha
Prof. Dr. Agustín Escolano Benito Centro Internacional de la Cultura Escolar (CEINCE) - Espanha
Prof. Dr. Christian Muleka Mwewa Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS
Instituto de Educação
Profª Dra. Maria João Mogarro
Universidade de Lisboa - Portugal
Grupos de
Trabalho
Giani Rabelo e Ismael Gonçalves Alves Finanças
Secretaria
Secretária da Diretoria de Ensino de Graduação
Rafaela Ribeiro Pereira
Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC
Diagramação
Victor Burato Designer
GT51
Identidades, corpos e
constituição dos sujeitos
em contextos formativos
diversos
SUMÁRIO
CLIQUE E SEJA DIRECIONADA/O PARA O TRABALHO
Resumo: Uma educação inclusiva demanda tensionar o racismo epistêmico e seus dispositivos
coloniais em ambientes formativos. Considerando que as práticas culturais afrodiaspóricas
contribuem de modo significativo neste sentido, vimos desenvolvendo estudos, tendo como escopo a
capoeira, em suas interfaces com a educação, articulados em extensão universitária, pesquisa e
docência. O recorte neste trabalho, destaca o projeto de extensão universitária: "Capoeduca Itinerante:
interfaces entre patrimônio cultural imaterial e a educação", realizado entre comunidades acadêmica
e da capoeira, em 2017 e 2018, no interior de São Paulo. A partir de demandas das comunidades
envolvidas, foram estabelecidos diálogos horizontais e em itinerância entre territórios, saberes e
experiências, por meio de rodas de conversa, recursos audiovisuais e registros das experiências.
Produzimos, também, um documentário. Tomando a capoeira, como patrimônio e prática social
afrodiaspórica, escopo deste estudo, constatamos a potência dos encontros entre diferentes
comunidades de saber, visando posições outras de saber/poder e deslocamentos nas noções de centro
e periferia, podendo ampliar o campo epistêmico em ambientes formativos, na perspectiva pluriversal
e decolonial. Provocamos as comunidades acadêmica e da capoeira a repensar demarcações fixas e
excludentes de fronteiras coloniais e seus dispositivos de produção de identidades, lógicas, práticas,
experiências formativas, por fim, sociabilidades.
Palavras-chave: Educação. Capoeira. (De)Colonialidade. Inclusão. Epistemologias do sul.
Abstract: An inclusive education demands tensioning epistemic racism and its colonial devices in
formative environments. Considering that the afrodiasporic cultural practices contribute significantly
in this sense, we have been developing studies, focusing on capoeira, in its interfaces with education,
articulated in university extension, research and teaching. The cutout in this work highlights the
university extension project: "Capoeduca Itinerante: interfaces between intangible cultural heritage
and education", carried out between academic and capoeira communities, in 2017 and 2018, in the
countryside of São Paulo. Based on demands from the communities involved, horizontal and itinerant
dialogues between territories, knowledge and experiences were established, through conversation
circles, audiovisual resources, and records of experiences. We also produced a documentary. Taking
capoeira as an Afrodiaspora social heritage and practice, the scope of this study, we see the power of
encounters between different communities of knowledge, aiming at other positions of
knowledge/power and displacements in the notions of center and periphery, which can expand the
epistemic field in training environments, in the pluriversal and decolonial perspective. We provoke
the academic and capoeira communities to rethink fixed and excluding demarcations of colonial
1
Docente da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas/SP/Brasil. Contato: [email protected]
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borders and their devices for the production of identities, logics, practices, formative experiences, and
finally, sociabilities.
Keywords: Education. Capoeira. (De)Coloniality.
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2020). Esta experiencia é comum nos terreiros e nas rodas de capoeira quando circula o axé, ainda
que sejam práticas de matriz africana distintas, as religiosas e as culturais.
Uma outra noção cara para esse trabalho são as epistemologias do sul, proposta por
Boaventura de Sousa Santos (2019), ao problematizar corolários do pensamento moderno ocidental
e abissal, como o racismo epistêmico, o epistemicídio e o eurocentrismo. As epistemologias do sul
são proposições políticas no âmbito dos saberes, oriundos das lutas e práticas sociais, posto que justiça
social implica em justiça cognitiva. Questiona a produção de ausência de gentes, saberes e culturas,
como desperdício de experiencias sociais dada a noção de neutralidade e descontextualização ética,
política e cultural na produção de conhecimentos. O mundo é pluriversal, sendo assim, o campo
educacional pode/deve se revigorar e se (re)encantar com visões e contribuições outras de mundo e
gentes, antes, historicamente invisibilizadas e descredibilizadas.
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Os encontros
Seminário, junho de 2018. “A Capoeira em ações de proteção de crianças afetadas por conflitos
armados na região do Haiti de na República Democrática do Congo”
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O seminário realizou duas mesas redondas. Uma mesa redonda realizada à tarde, na Faculdade de
Educação da Unicamp/SP, no salão Nobre e outra, à noite, na Vila União/Campinas/SP, na sede do
Capoeira IBECA (um de nossos parceiros). As mesas redondas foram compostas pelas lideranças das
comunidades parceiras e uma professora universitária avaliando e socializando a experiência
produzida.
Considerações finais
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sociedade contemporânea, a responsabilidade com a formação humana estava em jogo. Por fim, a
capoeira nos mostrou o seu potencial múltiplo, inclusivo e intraduzível por um olhar de "fora".
Que fluxos e desdobramentos impulsionem outros modos de jogar, estar, dizer e ser capoeira,
(re) inventando horizontes e afetos outros! Axé!
Referências
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LOPES, Nei; SIMAS, Antonio Luiz. Filosofias africanas: uma introdução. 1ª. Ed. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2020.
MALDONADO-TORRES, Nelson. Analítica da colonialidade e da decolonialidade: algumas noções
básicas. In BERNARDINO-COSTA, Joaze; MALDONADO-TORRES, Nelson; GROSFOGUEL,
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2019. p. 27-53
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Sociais – vol. 32 N° 94. junho, 2017.
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Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2019.
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Mauad X, 2019.
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Resumo: A temática ambiental conquista espaço no contexto educacional como tema transversal.
Para contribuir neste debate, o presente artigo tem como objetivo entender a Educação Ambiental a
partir da abordagem da Educação da Emancipação a favor da Vida (EEV), analisada com base nas
metas e diretrizes da Carta de Belgrado. A metodologia utilizada foi do tipo pesquisa social qualitativa
que desenvolveu estudo teórico exploratório. As análises do estudo apontam como resultado deste
diálogo um conjunto de indicativos que poderá orientar o professor de educação física, referenciado
no paradigma da Ciência da Motricidade Humana (CMH), considerar as dimensões do pertencimento
ambiental, da afetividade e da experiência estética nas vivências corporais com seus estudantes.
Palavras-chave: Educação Ambiental. Emancipação. Motricidade Humana.
Astract: The environmental theme conquers space in the educational context as a transversal theme.
To contribute to this debate, this article aims to understand Environmental Education from the
approach of Education of Emancipation for Life, analyzed based on the goals and guidelines of the
Belgrade Charter. The methodology used was of the qualitative social research type that developed
an exploratory theoretical study. The analysis of the study indicates as a result of this dialogue a set
of indications that can guide the physical education teacher, referenced in the paradigm of the Science
of Human Motricity, consider the dimensions of environmental belonging, affectivity and aesthetic
experience in bodily experiences with your students.
Keywords: Environmental Education. Emancipation. Human Motricity
O ser humano em movimento se caracteriza como complexo mediado por ação e comunicação
com a qual a pessoa intervém e interage com o mundo. Neste processo de intervenção e interação do
Eu-Mundo, que se constitui na cultura, a educação ocupa uma função social fundamental ao
considerarmos que o ser humano possui a capacidade de percepção amparada na intencionalidade e
na tomada de consciência, num constante processo de construção e num permanente devir, podendo
adquirir a responsabilidade frente à felicidade e ao bem-estar de todos os viventes planetários.
1
Mestre Ensino das Ciência Ambientais (PROFCIAMB-UFPR), professor de Educação Física na rede Estadual do Paraná
e da rede Municipal de Curitiba - Brasil.
2
Doutora em Educação Física – UFSC, Professora da Universidade Federal do Paraná – Departamento de Educação
Física. Curitiba, Paraná – Brasil.
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Educação da emancipação a favor da vida: os meios e possibilidades de fazer valer a vida com
dignidade.
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corresponde a uma intencionalidade afirmativa, manus na língua latina significa mãos e ação significa
atitude, assim, emancipação significa atitude afirmativa com suas próprias mãos (KEIM, 2020, p.
46).
Emancipação também pode significar algo como eu sou capaz de realizar o que é melhor e
mais adequado para minha vida, cabendo ainda, numa posição de enfrentamento a um opressor,
apontar que ela se manifesta como a determinação para que “tire a mão de mim” (KEIM, 2020, p.46).
No percurso de aprofundar a compreensão do que significa essa expressão, o professor e
pesquisador traz a explicação da língua alemã, que tem destaque no debate de expressões de cunho
filosófico, o destaque de que emancipação é escrita como Mündigslichtkeit, a qual ao ser fracionada,
também em três partes aponta Mündig que correspondente a maioridade, licht que significa luz a qual
ao ser acrescida do sufixo keit, significa ato luminoso, então emancipação significa maioridade
luminosa (KEIM, 2020, p.46).
Assim, esta abordagem educativa emancipatória se caracteriza um convite para o desafio dos
envolvidos no processo educativo exercitarem a maioridade luminosa com o domínio diante do que
as mãos fazem, e como elas interagem para consolidar vida com dignidade.
Nesse sentido, dialogamos com (Freire, 2005), que aponta a dimensão ontológica do ser
humano como seres que se educam, pois se apresentam como geradores e promotores de libertação e
autonomia, com vocação para Ser Mais a favor da vida com dignidade, pois são: incompletos, porque
estão em permanente relação; inacabados, por saberem que sempre podem ser diferente; e
inconclusos, por saberem que estão em permanente processo de ecorreorganização (desorganização
e organização) nas relações sociais e planetárias.
Nos aspectos referentes à posição de educação anticolonial, os argumentos que explicam a
colonização como processo, em que um agente externo impõe suas marcas, de forma a serem elas as
que devem ser seguidas, normalmente para ganhar alguma vantagem (KEIM, 2021c, p. 23). Assim,
diante do processo colonialista, a cultura e a cosmovisão do colonizador são propagadas pelo
colonizado, o qual muitas vezes não se dá conta de estar exercendo essa função de multiplicador e
repassador da visão e desejos do colonizador.
Com base nessas premissas destacamos três referenciais que sinalizam como um processo de
educação anticolonial pode romper com padrões postos pelo projeto colonizador, na medida em que:
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• ...valoriza as pessoas para superar as diferenças de classes. De forma que a escola deva
mediar essa posição social e adequar a sociedade ao homem e não o homem à sociedade.
• ...estimula cada pessoa a se compreender como alguém, que está a todo tempo construindo
seu próprio caminho. O ser humano, no processo anticolonial está em caminho de si próprio.
• ...pode emancipar o ser humano para a dimensão planetária de forma a se comprometer com
a vida, se colocando como parte, e não como o centro de todo o processo vital. (KEIM, 2021c,
p. 23)
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A Ciência Motricidade Humana como referencial para contexto da Educação Física Escolar
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inquietação, com o sonho, com a alegria, com a gratuidade, com a vontade de ir mais além” (SÉRGIO,
1995, p. 62).
Nesse estudo, optamos pela Carta de Belgrado como referencial das temáticas ambientais, por
considerar que este documento, como dito antes, alcança aspectos para debater os sistemas
econômicos de produção e distribuição, com foco nas responsabilidades próprias do capital e não do
humano e da vida como um todo.
O resultado desse estudo teórico exploratório (Gil, 2008, p.27), sintetizado nos quadros 01 e
02, apresentam as sinergias dos pressupostos da Educação da Emancipação a Favor da Vida com as
Metas e Diretrizes Básica da Educação Ambiental elencadas na Carta da Belgrado (UNESCO, 1975).
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Identificamos neste diálogo que ambas as metas almejam educar pessoas com uma
consciência planetária, trazendo a compreensão de que todos, humanos e não humanos, compartilham
da vida na biosfera terrestre. Diante das demandas preocupantes de degradação do planeta, o modo e
a forma como interagimos com base em conhecimento, aptidão, atitude, motivação e compromisso
para agir com responsabilidade, dignidade e amorosidade com vocação de Ser Mais. Assim, almeja-
se educar pessoas na busca por soluções para superar os problemas existentes e superar a nós mesmos,
individual e coletivamente, construindo um ser humano melhor, mais fraterno, mais gentil, mais
amoroso (consigo mesmo, com o outro e com o ambiente) a favor da vida com dignidade.
Apesar dessa sinergia, cabe destacar no quadro 02 aspectos que delineiam interações e
complementarizações entre essas duas propostas de forma que a dimensão epistemológica e
ontológica, referendada nas relações de poder, na ética, no cuidado, na alteridade e na dignidade com
a vida planetária, configurem a educação como processo contínuo que acontece em interação
constante nos diferentes ambientes de convivência no percurso de toda a existência materializada da
pessoa.
Quadro 02- Diretrizes Básicas da Carta de Belgrado e os Pressupostos da Educação da
Emancipação a favor da Vida:
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A Educação Ambiental deve considerar o ambiente em A EEV se refere a que devemos aprender com os
sua totalidade – natural e criado pelo homem, ecológico, ambientes e com a vida. Considerando o ambiente em sua
econômico, tecnológico, social, legislativo, cultural e totalidade - natural e criado pelo homem, ecológico,
estético. econômico, tecnológico, social, legislativo, cultural,
estético, acrescido do político, religioso e da corporeidade.
A Educação Ambiental deve ser um processo contínuo, A EEV é compreendida como um processo contínuo,
permanente, tanto dentro como fora da escola. permanente, tanto dentro como fora da escola, em que se
configura uma postura de cada pessoa diante da interação
com a vida.
A Educação Ambiental deve adotar um método A EEV adota o método disciplinar, multi e o
interdisciplinar. transdisciplinar.
A Educação Ambiental deve enfatizar a participação A EEV enfatiza a participação ativa na prevenção e solução
ativa na prevenção e solução dos problemas ambientais. dos problemas ambientais, considerando a necessidade de
nos reconhecermos, também, como ser político, consciente
das forças e poderes que sofre e exerce para então promover
mudanças no modelo civilizatório no qual estamos imerso.
A Educação Ambiental deve examinar as principais A EEV aponta para o desafio de construção da cidadania
questões ambientais em uma perspectiva mundial, planetária, referenciada nos Princípios ECO-VITAIS como
considerando, ao mesmo tempo, as diferenças regionais. exigência primária em disponibilizar a todos os humanos
recursos necessários à vida digna e plena (abrigo, ocupação,
afeto, partilha, cuidado, pertencimento e espiritualidade).
A Educação Ambiental deve se basear nas condições A EEV se baseia na realidade concreta para modificá-la a
ambientais atuais e futuras. favor da vida com dignidade, considerando dilemas e
desafios pautados no social, na materialidade e na
historicidade. Emancipar o ser humano para a dimensão
planetária de forma a se comprometer com a vida, se
colocando como parte, e não como o centro de todo o
processo vital.
A Educação Ambiental deve examinar todo o A EEV examina todo o desenvolvimento e crescimento a
desenvolvimento e crescimento a partir do ponto de vista partir do ponto de vista ambiental e de garantia dos
ambiental. Princípios ECO-VITAIS a todos os humanos.
A Educação Ambiental deve promover o valor e a A EEV valoriza o coletivo, de modo participativo, com
necessidade da cooperação a nível local, nacional e capacidade de gerar mudanças, para uma vida planetária
internacional, na solução dos problemas ambientais. com menos miséria e menos exclusões e com respeito ao
uso dos recursos naturais.
Com base nas análises dos quadros comparativos, constatamos que a proposta da Educação
da Emancipação a favor da Vida contemplam os propósitos educativos da Carta de Belgrado,
documento que impulsionou o movimento da Educação Ambiental na década de 1970. Assim a EEV,
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caracteriza-se como proposta de educação que pode desencadear novos conhecimentos, habilidades,
competências, valores e atitudes, ou seja, educar na construção de novas posturas diante da vida para
um bem viver as gerações contemporâneas e futuras.
Assim, a publicação desse quadro pode contribuir para que os professores de Educação Física
e das demais áreas do conhecimento, reflitam criticamente sobre a forma como a abordagem da EEV
possa ampliar o entendimento das competências com foco na humanização e na postura de
responsabilidade com a vida, desencadeada pelas ações educativas no ambiente escolar. Cabe
destacar que esse material é apenas referencial para reflexão que pode gerar mudanças nas ações
educativas escolares, para promover ações que ampliem a consciência da responsabilidade com a vida
planetária
Apontamentos Conclusivos
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KEIM, Ernesto Jacob. A Fenomenologia Goethiana na Educação e na Pesquisa como agente de
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KEIM, Ernesto Jacob. Pedagogia Freiriana e Goethiana como processo anticolonial. Matinhos,
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KEIM, Ernesto Jacob. Princípios Eco-Vitais como referenciais do Bem Viver na educação da
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revisado.pdf (profjacob.com.br). Acesso em: 10 set. 2021.
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Analu Steffen 1
Through paleolithic Venus, Rubens and Botero: fat imagetic discourse as a lever for
representativity and mental health.
Astract: Prejudice and discrimination against the fat body is still a predominant constant in modern
society, one which glorifies the lean and athletic, “healthy” body type. Overweight people are seen
as slow, unable, prone to sickness and an example of abnormality. Therefore, it is questioned: HOW
CAN A SUCCESSFUL REPRESENTATION OF THE FAT BODY IN VISUAL ARTS
INFLUENCE IDENTITY RECOGNITION OF BOTH FAT AND NON-FAT PEOPLE? The project
here described aims to analyze the visual discourse of the fat body type through artistic production as
a healthy means of identity development, starting at paleolithic sculptures and the works of Rubens
and Botero, and identifying other possible manifestations of such within the universe of visual arts,
as well as mapping the social trajectory of the fat body through history, while also reflecting upon the
health issues tied to obesity. The development of a laboratory dedicated to aesthetic enjoyment and
artistic creation by students of the final grades of elementary school, one which will produce
1
Colégio Pedro II, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil.
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documents for analysis through the visual productions and reports from the participants, is foreseen.
From there, the project will ascertain the importance of perceiving the fat body as a DIFFERENCE –
not an ANOMALY – in the identity recognition of the fat person, decreasing the impacts of social
pressure. It is possible to elaborate the hypothesis that, in seeing themselves recognized in artistic
productions of most diverse eras and places throughout space and time, both fat and non-fat people
can restructure their identities in a healthy manner, comprehending the social construct of the ideal
body as an arbitrary phenomenon.
Keywords: Representation. Fat body. Visual arts. Mental health.
INTRODUÇÃO
Os objetivos específicos:
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3- Avaliar de que forma a fruição de obras de arte que representam o corpo gordo
podem atuar no processo de produção identitária saudável.
PROCESSO METODOLÓGICO
O presente projeto de pesquisa parte da busca por referenciais teóricos que dêem conta, como
leitura preliminar, de situar e esclarecer o contexto do corpo gordo como objeto de pesquisa, em
especial as suas formas de representação visual.
Importante salientar que, como pesquisadora, também estou inserida neste universo, tendo
sido obesa desde a infância e realizado cirurgia bariátrica quando adulta, por ter atingido a obesidade
mórbida. A cirurgia, na ocasião, foi uma escolha visando aumentar as chances de engravidar e passar
por uma gestação com menores riscos de complicações. Hoje ainda conservo um corpo gordo, dentro
dos padrões numéricos estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS), na medição de
massa corpórea (IMC). Segundo GOLDENBERG (2003,p.19), “os cientistas sociais que pesquisam
as ações sociais de outros indivíduos e deles próprios, são sujeito e objeto de sua pesquisa”. Assim,
minha experiência pessoal servirá como motivação para o desenvolvimento da pesquisa e como
suporte para a produção de hipóteses.
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Tendo como objetivo geral do projeto analisar o discurso imagético gordo através de
produções artísticas como processo de produção identitária saudável, é salutar observar como se
desdobrarão os objetivos específicos e a metodologia utilizada para alcançá-los, as quais
possibilitarão granjear os resultados esperados para a pesquisa.
A princípio, é necessário identificar artistas/obras/contextos que apresentem a representação
do corpo gordo nas Artes Visuais, o que será investigado através de pesquisa bibliográfica e análise
documental, elencando tais dados principalmente ao longo da História da Arte. Não só a pesquisa
bibliográfica clássica será um ferramental utilizado, mas também narrativas visuais contemporâneas
e manifestações artísticas não acadêmicas. Além dos autores consagrados nesta área, buscar-se-ão
informações através de pesquisas em ambientes virtuais e outros tipos de catalogações, além de
mostras, feiras e exposições de arte.
Além da trajetória de representação visual do corpo gordo, será necessário verificar a presença
e representatividade social do gordo na história do corpo, o que ocorrerá através do levantamento de
dados bibliográficos sobre o assunto, em especial os vinculados às áreas da História, Sociologia,
Filosofia, Antropologia e Saúde.
Howard Becker (apud GOLDENBERG, 2003, p.57), admite que
no lugar de procedimentos uniformes, prefere um modelo artesanal de ciência, no qual cada
pesquisador produz as teorias e técnicas necessárias para o trabalho que está sendo feito. Os
cientistas sociais podem e devem improvisar soluções para os seus problemas de pesquisa,
sentindo-se livres para inventar os métodos capazes de responder às suas questões.
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Gordo ou obeso?
A utilização do termo gordo, na pesquisa, vem assinalar a diferenciação do termo obeso, que
está intrinsecamente ligado à medicina, desde que a American Medical Association (AMA)
reconheceu oficialmente, em 2013, a obesidade como doença. Assim, passou a ser considerado como
obeso todo indivíduo com IMC acima de 30, estabelecendo-se uma marcação numérica como critério
de classificação como “doentes” ou “saudáveis”. (SANT’ANNA, 2016)
A autora afirma ainda que
a invenção da epidemia da obesidade acabou por transformar os corpos obesos em objetos
passíveis de superação, como se eles fossem entulho tóxico que precisa de purificação e,
sobretudo, submissão incessante à vigilância dos pesos e medidas. Medicalizar a obesidade
corresponderia assim ao estabelecimento de indivíduos ‘sanitariamente corretos’ para os
quais todos os tipos de sofrimento são interpretados como doença. (2016, p.166-167)
Dessa forma, utilizar-se-ão aqui os conceitos gordo e corpo gordo, visando a dissociação e
dessubjugação desses corpos em relação ao entendimento de corpo doente.
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O título do projeto se refere a três manifestações específicas no campo das artes visuais, de
tempo e espaços distintos. Elegê-las como base deve-se ao fato de que sua popularidade como
representações artísticas do corpo gordo é notável. A forma como o título está articulado, entretanto,
dá margem à compreensão de que muitas outras citações poderão e farão parte de análises estéticas e
teóricas e comporão o acervo de obras/artistas/manifestações visuais trabalhadas no laboratório de
fruição estética e criação artística. Quando se intitula o projeto como : “Por entre vênus paleolíticas,
Rubens e Botero: o discurso imagético gordo como alavanca de representatividade e saúde mental”,
a expressão “por entre” já ´demonstra que existirão variantes além dos descritos no título.
As três representações de corpos gordos correspondem às manifestações/artistas elencados no
título do projeto de pesquisa. Em ordem: a “Vênus de Willendorf’ (Figura 1), esculpida no Paleolítico;
a obra “Bacanal”, de Rubens, artista do Barroco Flamengo (Figura 2) e “Banhista na praia”, do artista
colombiano contemporâneo Fernando Botero (Figura 3).
Fonte: https://f5.folha.uol.com.br/voceviu/2018/03/facebook-se-desculpa-apos-
censura-de-venus-do-paleolitico.shtml
Figura 2 – Bacanal (1615), Pedro Paulo Rubens (1577-1640)
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BARBOSA (2002, p. 32) afirma que “o que a arte na escola principalmente pretende é formar
o conhecedor, fruidor, decodificador da obra de arte. (...) O conhecimento em artes se dá na
intersecção da experimentação, da decodificação e da informação.”
O que a arte/educadora Ana Mae vinha propondo, já na década de 80, era que o ensino de
artes nas escolas formasse o fruidor de arte. Não o artista, tampouco um observador superficial das
manifestações artísticas visuais. O fruidor de arte seria aquele que, utilizando o significado da palavra
“fruir” presente nos dicionários, tomaria “posse” da obra estudada, absorvendo-a sob diversos
aspectos. Na época de sua proposição, havia a discussão acalorada com os defensores remanescentes
do Modernismo, que defendiam ainda o fazer artístico como ato criador livre. Para a autora (2002,
p.119), “é necessário também refletir, exercitar o julgamento, comparar, analisar e interpretar imagens
para conhecer arte, além de ser imprescindível entender o lugar da arte no tempo e na cultura”.
A proposta sistematizada por Ana Mae Barbosa no Brasil como concepção da produção do
conhecimento em artes foi denominada “Proposta Triangular do Ensino da Arte”, elaborada a partir
de três ações básicas ao se relacionar com a Arte: ler as obras de arte, fazer arte e contextualizar.
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Para QUEIROZ (2014, p.40, 43), os significados das obras de arte também precisam ser
considerados em relação ao seu contexto cultural.
Esse contexto cultural deve referir-se a questões de localização e circunstância, como
também estender-se ao que está ”fora” da obra – relações de poder, formas de exclusão,
questões relacionadas com a identidade, o gênero, os valores. (...) Enfim, o que se quer é o
ensino da arte de qualidade como um ato político que precisa ser efetivado. Ou seja, o ensino
de arte no âmbito da educação escolar deve garantir para todos o acesso a conteúdos vivos e
concretos ligados às realidades sociais e suas contradições.
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Referências
ALMEIDA FILHO, Naomar de. O que é saúde? Rio de janeiro: editora Fiocruz, 2011.
BARBOSA, ANA MAE. A imagem no ensino da arte. São Paulo: Perspectiva, 2002
DIJK, TEUN A. VAN. Discurso e poder. 2. ed. São Paulo, SP: Contexto, 2018.
GOMBRICH, ERNEST HANS. A História da Arte. 16 ed. Rio de Janeiro : LTC, 2015
QUEIROZ, PAULO PIRES DE. A arte na educação para compreensão da cultura visual.
RevistAleph, Rio de Janeiro, 2014. Disponível em: <https://periodicos.uff.br/revistaleph/article/
view/39016>. /Acesso em : 31 mar.2020.
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SANT'ANNA, DENISE BERNUZZI. Gordos, magros e obesos: uma história de peso no brasil.
São Paulo : Estação Liberdade, 2016.
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