Construcao Coletiva Do PPC A Experiencia Do Curso
Construcao Coletiva Do PPC A Experiencia Do Curso
Construcao Coletiva Do PPC A Experiencia Do Curso
RESUMO: Têm sido muitos os desaios que a Universidade tem assumido nos últimos anos,
tanto os que se relacionam ao cumprimento dos processos externos de regulação, quanto aqueles
centrados no desenvolvimento do conhecimento interno sobre o processo educativo. Este artigo
enfatiza a segunda perspectiva educacional, de matriz formativa e tem por objetivo analisar o
processo de construção coletiva do Projeto Pedagógico do Curso de Pedagogia da Universidade
Católica do Salvador - UCSal, tendo como base a relação entre avaliação e planejamento e sua
articulação com a dinâmica pedagógica e administrativa do curso. A metodologia adotada foi o
estudo do caso, a coexistência de uma abordagem qualitativa e quantitativa e técnica da recolha
de dados empíricos decorrente da aplicação de questionários e entrevistas semiestruturadas a
estudantes e professores do curso. Os principais resultados apontam para a importância de se
garantirem espaços de participação social dos diferentes sujeitos, na construção do PPC, tendo
em vista a formação de pessoas e a produção do conhecimento, assim como a efetiva articulação
entre o ensino, a pesquisa e extensão.
INTRODUÇÃO
Para dar conta desses desaios postos pela sociedade contemporânea e, particularmente, aqueles
relacionados ao conhecimento sobre as inter-relações entre os processos de avaliação e gestão
no interior da Universidade, objeto principal deste trabalho, a relexão sobre experiências vi-
venciadas no ambiente Universitário, pode se constituir num ponto de partida para uma maior
compreensão sobre os pressupostos teóricos metodológicos que devem embasar a construção dos
projetos político pedagógicos dos cursos de graduação e, por consequência, contribuir com sua
melhoria. Eis aqui a relevância e originalidade desta pesquisa.
O artigo está organizado da seguinte forma: a primeira etapa corresponde a uma revisão de lite-
ratura sobre os conceitos de planejamento e avaliação e a relação entre eles, dando ênfase ao pla-
nejamento participativo e à gestão democrática. Em seguida, apresenta-se o histórico do curso de
Pedagogia da UCsal, desde a primeira Lei de Diretrizes e Base da Educação até o atual processo
de reformulação do PPC.
A segunda etapa refere-se à pesquisa de campo com a apresentação dos procedimentos meto-
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Construção coletiva do PPC: a experiência do curso de Pedagogia...
dológicos e estratégia geral de coleta e tratamento dos dados. Na seção seguinte apresentam-se
os principais resultados da avaliação realizada junto aos professores e estudantes do Curso de
Pedagogia. Em seguida, são apresentadas as implicações dos resultados da avaliação na reestru-
turação do PPC, no que se refere às categorias de análise selecionadas no escopo deste trabalho:
organização curricular, relação teoria e prática, articulação entre ensino, pesquisa e extensão e
entre graduação e pós-graduação.
Para Libâneo, Oliveira e Toschi (2012) o planejamento consiste em ações, procedimentos e ativi-
dades a serem realizadas em razão dos objetivos traçados. Trata-se, segundo eles, de um processo
de análise da realidade escolar em suas condições concretas tendo em vista a elaboração de um
plano ou projeto para a instituição ou para o curso.
O ato de planejar sempre parte das necessidades e demandas que surgem a partir do conheci-
mento da realidade. Requer, a partir daí, a habilidade de antecipar mentalmente uma ação, com
vistas à transformação dessa mesma realidade. Trata-se de um processo dialético, na medida em
que uma mesma realidade é suposta, negada e transformada ao mesmo tempo. Portanto, é um
processo que se preocupa com ‘para onde ir’ e ‘quais as maneiras adequadas de chegar lá’, tendo
em vista a situação presente e as possibilidades futuras.
O planejamento possibilita uma previsão de tudo que se fará com relação aos vários aspectos do
desenvolvimento do curso, servindo de guia para a realização das ações propostas, priorizando
aquelas que necessitam de mais atenção. Toda organização precisa, portanto, de um processo de
planejamento que se desdobre num plano de trabalho que indique os objetivos e os meios de sua
execução, superando a improvisação, deinindo um caminho a seguir. A atividade de planeja-
mento nos Cursos de Ensino Superior resulta no que se denomina Projeto Pedagógico de Curso
- PPC, particularmente importante no contexto deste trabalho.
Trata-se de um documento que propõe uma direção política e pedagógica ao trabalho escolar,
formula objetivos, prevê ações, institui instrumentos e procedimentos. O Projeto Pedagógico
consiste, pois, em dar um sentido, um rumo às práticas educativas e irmar as condições organi-
zativas e metodológicas para a sua viabilização (Libâneo, 1998).
O Projeto Pedagógico incorpora, também, o currículo que deine a identidade da formação pro-
posta. Para Libâneo et al. (2012) o currículo é o desdobramento do projeto pedagógico, ou seja,
a projeção dos objetivos, orientações e diretrizes operacionais previstas nele. É o processo de
tomada de decisões sobre a dinâmica da ação pedagógica e uma previsão sistemática e ordena-
da do percurso acadêmico do estudante. Supõe-se, portanto, estreita articulação entre o Projeto
Pedagógico e a proposta curricular. Os autores ainda salientam que o Projeto Pedagógico é um
documento que explicita as intenções e/ou modus operandi da equipe docente, cuja viabilização
necessita de formas de organização e de gestão. No caso especíico desta pesquisa, as decisões to-
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A. da Silva
madas são resultantes do diálogo entre a coordenação do curso, professores membros do Núcleo
Docente Estruturante, demais professores e estudantes.
Os autores citados se referem à importância de haver uma racionalização do uso dos recursos
humanos, materiais, físicos e inanceiros para viabilizar esse processo organizacional do trabalho
e se referem a quatro funções constitutivas do sistema de gestão do Projeto Pedagógico: organi-
zação curricular; organização do processo de ensino, de pesquisa e de extensão; organização das
atividades de apoio técnico-administrativas e organização das atividades que asseguram a relação
entre a instituição e a comunidade. A coordenação e o acompanhamento de todas essas ativida-
des envolvendo o cumprimento das atribuições de cada membro da equipe e a manutenção de
clima positivo de trabalho, assim como a avaliação de desempenho da equipe, é que os autores
denominam de gestão e que signiica, no contexto deste trabalho, assumir a responsabilidade de
fazer o curso funcionar em todos os seus aspectos essenciais.
Ainda nessa perspectiva, segundo o autor acima citado, as palavras de ordem são eiciência, ei-
cácia, produtividade e custos, deslocando-se o eixo de discussão dos ins para os meios e a crítica
mais acirrada na literatura refere-se à incapacidade das instituições reletirem sobre a prática
pedagógica desenvolvida, porque, algumas vezes, observa-se uma separação entre os que pensam
e os que executam. Com isso, formaliza-se a manutenção e conservação da lógica de funciona-
mento do sistema, sem a possibilidade de realização de experiências signiicativas e inovadoras
(Veiga, 2001). Ainda para esta autora o modelo estratégico empresarial está voltado para a buro-
cratização da instituição “transformando-a em mera cumpridora de normas técnicas e de meca-
nismos de regulação convergentes e dominadores” (Veiga, 2001, p. 49).
O Projeto Pedagógico, do ponto de vista emancipador, para a referida autora “pressupõe o en-
volvimento de diferentes instâncias que atuam no campo da educação e a consolidação de um
processo de ação-relexão-ação que exige o esforço conjunto e a vontade política do coletivo
escolar” (Veiga, 2001, p. 46).
A concepção de Projeto Pedagógico, assumida neste trabalho, segue a segunda vertente e adota a
prática do Planejamento Participativo, como um processo democrático que pressupõe a partici-
pação efetiva da comunidade acadêmica e a construção de um caminho possível para a melhoria
da qualidade do Curso. Nesse sentido, concordamos que:
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Construção coletiva do PPC: a experiência do curso de Pedagogia...
A avaliação, neste contexto, é vista como ação fundamental para garantia do êxito do Projeto
Pedagógico, na medida em que é condição necessária para as tomadas de decisão signiicativas
que permitem por em evidência as diiculdades surgidas na prática diária mediante o confronto
entre o planejamento e o funcionamento efetivo do trabalho. Visa ao melhoramento do trabalho
acadêmico, pois, conhecendo a tempo as diiculdades, podem-se analisar, coletivamente, suas
causas e encontrar os caminhos para superá-las Libâneo et al. (2012). Ela é, portanto, “essencial
para deinição, correção e aprimoramento de rumos, sendo parte integrante do processo de cons-
trução do projeto, compreendido como responsabilidade coletiva” (Veiga, 1998, p. 27).
Para Tenório et al. (2012, p. 19) a avaliação nas organizações se conigura como “um elemento
de controle e de negociação para a tomada de decisão, considerando os resultados obtidos nos
processos implementados para o desempenho de funções especíicas”.
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A. da Silva
Para que as dimensões da avaliação e da gestão se relacionem é fundamental que haja uma ampla
compreensão da realidade institucional em sua totalidade e uma projeção de ações de modo a
alcançar os objetivos institucionais. Isso só é possível graças ao compromisso dos sujeitos envol-
vidos nesse processo e à ação coordenada e organizada das atividades institucionais em face dos
objetivos propostos. E isso só se dá, na nossa compreensão, através da prática do planejamento
participativo e da gestão democrática.
Conforme o PPC (2015, p. 25), o curso de Pedagogia da UCSAL foi criado em 1952 e teve o seu
reconhecimento pelo Decreto n° 39919 de 05 de setembro de 1956. A formatação do curso seguiu
todas as regulamentações e leis que permearam a criação do curso de pedagogia no Brasil, a par-
tir do Decreto-Lei 1.190/39. Portanto, vivenciou os entraves que se coniguraram na estruturação
do curso e na construção da identidade do pedagogo.
Essa formatação acompanhou o curso de Pedagogia durante muito tempo. O caráter tecnicista
da formação do pedagogo foi alvo de críticas e relexão nos anos 70 e 80, em decorrência da de-
mocratização da sociedade brasileira. “[...] Os especialistas começam a presenciar uma intensii-
cação das discussões em torno do seu papel nas escolas, interferindo assim na sua formação que
passou a ser objeto de estudo”. (Araújo, 2006, p. 3).
Em complemento à Lei 9.394/96, a resolução CNE/CP nº 1/2006 que institui as Diretrizes Cu-
rriculares Nacionais para o Curso de graduação em Pedagogia, inaliza as incertezas em relação
à permanência e objetivos do curso, que assume a formação inicial para o exercício da docência
na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental, nos cursos de Ensino Médio,
na modalidade Normal, e em cursos de Educação Proissional na área de serviços e apoio escolar,
bem como em outras áreas nas quais sejam previstos conhecimentos pedagógicos, como campo
de atuação do pedagogo.
Recentemente a Resolução CNE/CP n.2 de julho de 2015, que deine as Diretrizes Curriculares
Nacionais para a formação inicial e continuada dos professores da educação básica, estabelece
que:
Em seu art. 13 a carga horária total do curso é mantida em relação as diretrizes curriculares,
porém altera a sua distribuição. Ocorreu uma redução nas atividades formativas de 2.800 horas
para 2.200 horas e determina a inclusão de 400 horas para as disciplinas práticas. No caso das
disciplinas de estágio supervisionado, estas ganham 100 horas a mais, passando de 300 para 400
horas e as atividades de aprofundamento são ampliadas de 100 para 200 horas. Os cursos de Li-
cenciaturas devem ter duração de, no mínimo, oito semestres ou quatro anos.
Esta resolução procura deinir com mais clareza uma preocupação histórica em estabelecer um
diálogo constante entre teoria e prática, promovendo uma formação integral próxima da rea-
lidade social em que os futuros proissionais de educação estão inseridos. O currículo precisa
acompanhar as demandas sociais, precisa ser atualizado de maneira a oferecer disciplinas que
viabilizem uma formação de qualidade e que cumpra com os objetivos da formação inicial de
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Construção coletiva do PPC: a experiência do curso de Pedagogia...
professores.
3. ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS
Esta seção tem como objetivo descrever as opções metodológicas que nortearam o estudo. Na
primeira etapa é apresentada a estratégia geral que foi adotada para o desenvolvimento do trabal-
ho. A segunda etapa refere-se aos procedimentos de coleta de dados e divulgação dos resultados
e inalmente, na terceira etapa, apresenta-se a estratégia geral de tratamento dos dados com base
nas categorias selecionadas e de acordo com o objetivo de investigação.
Do ponto de vista metodológico, a estratégia geral adotada foi a utilização do estudo de caso e
a opção pela coexistência de uma abordagem qualitativa e quantitativa e técnica de recolha de
dados empíricos decorrente da aplicação de questionários e entrevistas com os professores e es-
tudantes do curso, com valorização das representações e percepções dos sujeitos envolvidos com
a dinâmica pedagógica e administrativa do curso.
3.2.1 Entrevistas
Para o processo de coleta de dados, foram utilizadas entrevistas semiestruturadas, com todo o
corpo docente do Curso de Pedagogia (15 professores), com um roteiro, previamente elaborado,
em que os professores responderam a um formulário, explicitando as potencialidades, fragilida-
des e sugestões do curso de Pedagogia. Além dessas respostas, por escrito, houve bastante aber-
tura e lexibilidade, por parte dos pesquisadores, para que os professores pudessem se posicionar
oralmente. Esta opção foi bastante importante porque, além da parte objetiva e de um ‘io con-
dutor’ previamente estruturado, para avaliação do curso, os professores tiveram oportunidade de
expressar seus sentimentos e anseios como possibilidade de terem suas expectativas atendidas e
colocadas em prática, através da formulação de um novo PPC.
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A. da Silva
tiveram maior frequência, principalmente aquelas relacionadas às fragilidades do curso, por re-
presentarem aspectos estruturantes da organização curricular e que, na ótica dos professores,
precisariam ser melhorados.
Foram constituídos grupos de trabalhos – GTs que icaram responsáveis pelo aprofundamento de
cada temática relacionada às categorias de análise deinidas. Os textos produzidos por cada grupo
foram apresentados e discutidos em plenária com o coletivo de professores.
3.2.2 Questionários
O outro questionário composto também por cinco questões objetivas foi aplicado para todo o
universo de estudantes do curso (130 alunos), envolvendo questões gerais relacionadas à Peda-
gogia e à docência, contribuição da matriz curricular para o alcance dos objetivos propostos,
relação entre teoria e prática, articulação das atividades de ensino, pesquisa e extensão e perspec-
tivas de atuação dos estudantes após a conclusão do curso.
Uma equipe de redação integrante do NDE, a partir da leitura do material proposto pelo coletivo
dos professores, junto com uma estudante do PIBIC do curso de Pedagogia, icou com a respon-
sabilidade de organização e sistematização dos resultados apresentados e todas essas informações
serviram de referencial básico para a elaboração e escrita do novo PPC.
Para concluir a seção que trata do percurso metodológico, podem-se resumir e sintetizar as eta-
pas e fases da pesquisa relacionadas aos procedimentos metodológicos no quadro a seguir:
Etapas/fases Procedimentos
1ª Etapa: estratégia geral de pesquisa. Abordagem quantitativa
Abordagem qualitativa
2ª etapa: Instrumento de coleta de dados Entrevistas semiestruturadas e questionários
3ª etapa: Estratégia geral de tratamento dos dados Análise de conteúdo das entrevistas e da questão aberta
do questionário dos professores, tomando com base as
seguintes categorias de análise: a organização curricular
do curso, a relação teoria e prática e a articulação entre
ensino, pesquisa e extensão e entre graduação e pós-gra-
duação.
Fonte: Quadro elaborado pelo autor.
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Construção coletiva do PPC: a experiência do curso de Pedagogia...
O corpo docente do curso de Pedagogia (15 professores), manifestou nas entrevistas, sua opinião
sobre o curso e explicitaram alguns aspectos positivos sobre o desenvolvimento do trabalho e
também aspectos que precisavam ser melhorados, considerando a vivência de cada um na do-
cência e diretamente nas matrizes curriculares em curso. Em relação às potencialidades do curso,
e considerando a frequência das respostas, os professores se referiram à qualidade dos docentes
com experiência e boa titulação (17,65%); às possibilidades que o curso tem de empregabilidade
nas áreas de Gestão e de Recursos Humanos, além da docência, onde há bastante carência de
proissionais nas instituições de Educação Básica (14,71%) e à atitude de alguns estudantes que
demonstram curiosidade de aprender e de realizar pesquisas na área (8,82%). Outras manifes-
tações também foram explicitadas de forma positiva que merecem destaque a exemplo da prática
da apresentação pública dos TCCs dos estudantes de Pedagogia, com a presença de uma banca
examinadora, diferentemente dos outros cursos (14,71%); troca de experiências entre estudantes
e alunos egressos do curso de Pedagogia (8,82%); apoio e incentivo à qualiicação docente através
do oferecimento de cursos lato e stricto sensu na própria Universidade (20,59%) e inalmente a
tradição do curso da UCSAL e o conceito positivo nas avaliações realizadas pelo Ministério da
Educação (14,71%).
Estes dados indicam a existência de lacunas do curso e apontam uma série de indicadores e pro-
posições relacionados, por exemplo, a questões legais, considerando que a matriz curricular em
curso não se encontrava em sintonia com as orientações das Diretrizes Curriculares Nacionais,
sobretudo pela ausência de componentes curriculares ligados à dimensão da Gestão, para além
daqueles ligados à docência. Os dados ainda revelam fragilidades em relação ao baixo número de
professores de tempo integral dedicados à pesquisa cientíica, à baixa articulação do currículo nas
dimensões teoria e prática e à pouca integração entre graduação e pós- graduação.
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A. da Silva
Projeto Pedagógico do Curso de Pedagogia signiica propor que tipo de mudanças?’, evidencia-se
a vontade do corpo docente que o curso passe a ser “Licenciatura de Pedagogia”, sem habilitações
ou ênfases, levando-se em consideração as seguintes relexões: o ensino possa contemplar a for-
mação em educação inclusiva, EAD, educação ambiental, interdisciplinaridade e projetos sociais
com 56,75% das respostas; a pesquisa seja uma forma de superação da dicotomia teoria- prática,
permeando todas as áreas de conhecimento, ao tempo em que o aluno pesquisa, relete a sua
prática e promove a mudança na realidade do campo de pesquisa (32,25%) e a extensão seja uma
dimensão que permeie o curso em todas as suas fases, através de programas e projetos articulados
com os outros cursos, desenvolvidos pelo núcleo de extensão (11,00%).
As respostas à questão 02 ‘Quando você planeja a sua disciplina que variável considera?’ apre-
sentam a compreensão dos professores no que se refere às variáveis que são consideradas no
processo de planejamento dos componentes curriculares: variáveis contextuais como limitações
do curso noturno, número de alunos, peril dos estudantes ingressantes com 26,80% das res-
postas; articulação entre a teoria e prática, através de metodologias que possibilitem a relexão
e ações de superação das diiculdades da realidade apreendida (30,25%); avaliação diagnóstica e
implementação de metodologias ativas que possam contribuir para a superação das diiculdades
encontradas (25,75%); valorização dos conhecimentos prévios dos alunos como ponto de partida
para a construção de novas aprendizagens (17,20%).
As respostas dos docentes à questão 03 ‘Qual é a relação entre o peril do estudante do curso de
Pedagogia e a metodologia de ensino que você utiliza?’ para 36,84% dos professores essa meto-
dologia de ensino deve considerar trabalhos em equipe, exposições, feiras, seminários, palestras.
Para 14,26% deve considerar o diálogo entre as áreas educacionais e as demais áreas do conhe-
cimento, enquanto que para 5,59%, os modos de ensinar em diferentes linguagens. Para 31,58%
a metodologia deve considerar o domínio das tecnologias de informação, enquanto que para
11,63%, habilidades e competências na expressão oral.
Na questão 04 ‘Que relação você estabelece entre a avaliação dos estudantes na sua disciplina e
as competências e habilidades previstas para o curso?’, os professores apontam a necessidade de
consideração da avaliação de habilidades e competências dos estudantes e não apenas do con-
teúdo (28,95%); auto e hetero avaliação1 (21,58%), mecanismos de acompanhamento da apren-
dizagem dos alunos (29,20%) e proposição de novas dinâmicas de avaliação para os alunos que
demonstram diiculdade de aprendizagem (20,27%).
_____________________
1 Compreende-se por autoavaliação a avaliação que os estudantes fazem de seu desempenho no curso, a cada semestre,
com enfoque nas seguintes variáveis: assiduidade e pontualidade às aulas; participação e contribuição durante as aulas;
acompanhamento das disciplinas com leituras prévias; tempo dedicado aos estudos.
Por hetero avaliação entende-se avaliação que os estudantes fazem do corpo docente do seu curso: conhecimento atua-
lizado dos conteúdos das disciplinas; utilização de procedimentos didáticos e metodológicos adequados às disciplinas;
assiduidade e pontualidade às aulas; apresentação e discussão do plano de ensino; proposição de questões avaliativas
condizentes com o conteúdo abordado em sala.
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Construção coletiva do PPC: a experiência do curso de Pedagogia...
As respostas de um modo geral indicaram a necessidade de uma revisão geral do PPC de Pedago-
gia considerando os eixos estruturantes do curso ligados ao ensino à pesquisa e extensão, levando
o curso para um novo direcionamento, com prioridade para a participação da comunidade na
implementação e acompanhamento do novo PPC, para o incremento da produção docente, com
ampliação da titulação docente e tempo dedicado ao curso, para a utilização das metodologias
ativas pelos professores e inalmente para a necessidade de se implantarem programas de apoio
aos estudantes para que eles possam prosseguir na aprendizagem e consequentemente permane-
cerem e concluírem o curso com êxito.
No que tange à segunda questão, referente às contribuições da matriz curricular do curso para
o alcance dos objetivos iniciais, na opinião de 43,68% dos respondentes, a matriz curricular tem
contribuído integralmente para o alcance dos objetivos propostos; 52,32% airmam que esta con-
tribuição é parcial e 4,00% alegam que não tem contribuído em nada para o alcance dos objetivos
iniciais, indicando a necessidade de revisão e acompanhamento do PPC proposto.
Já no que se refere à terceira questão, que trata das possibilidades oferecidas pelo curso para
articulação entre teoria e prática, a partir dos conteúdos teóricos e metodológicos: componentes
curriculares, estágios supervisionados, e atividades complementares, 42,55% dos respondentes
airmaram que sim, que há essa integração, 26,20% airmaram existir parcialmente, 22,15% não
responderam e 9,10% airmaram que não há integração. Os percentuais, de um modo geral, pa-
recem revelar certa fragilidade na articulação entre essas dimensões do processo formativo dos
pedagogos.
Na quarta questão, que trata das oportunidades que o curso tem oferecido com experiências de
pesquisa e extensão, vinculadas ao ensino, 41,63% dos respondentes airmaram que não tem ha-
vido essa oportunidade de oferecimento de experiências nas áreas de pesquisa e extensão; 26,37%
airmaram que sim, que tem havido essa oportunidade e 23,00% airmaram que ela tenha ocorri-
do apenas parcialmente. O conjunto das respostas dadas pelos estudantes no item “não oferece
oportunidades” ou “oferece parcialmente”, com um percentual total de 64,63%, indica que deve
haver mais investimentos nessas áreas por parte da Universidade e particularmente do curso de
pedagogia, com políticas de apoio ao desenvolvimento de grupos de pesquisa, à participação de
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A. da Silva
A quinta e última questão, que trata das perspectivas de atuação do estudante na área de for-
mação, após a conclusão do curso, 24,75% dos respondentes airmaram que pretendem dar con-
tinuidade à formação acadêmica; 19,63% desejam atuar como docente, sendo necessário que o
currículo contemple núcleos de formação pedagógica; 14,25% desejam fazer concurso público e
10,37% desejam atuar na gestão educacional. As respostas dadas revelam que os estudantes com-
preendem a docência como o principal campo de atuação do pedagogo, e apontam a necessidade
de implantação de um núcleo de estudos de formação pedagógica, básica e especíica e perma-
nente qualiicação e formação continuada do corpo docente.
Nesta seção são apresentadas as principais mudanças no novo PPC do curso de Pedagogia da
UCSal relacionadas aos resultados empíricos apresentados no capítulo 4. A apresentação dessas
mudanças estão organizadas por categorias de análise assim deinidas: organização curricular
e relação teoria e prática; articulação entre ensino, pesquisa e extensão; articulação entre gra-
duação e pós-graduação.
O Eixo de Formação Básica, foi organizado por áreas de formação, prevendo os seguintes com-
ponentes curriculares: História e Política da Educação no Brasil, Psicologia do Desenvolvimento
e da Aprendizagem, Didática, Educação em Direitos Humanos e Língua Brasileira de Sinais – LI-
BRAS. A deinição desses componentes curriculares considerou a importância de valorização das
experiências sociais dos estudantes e a relexão em torno da formação de professores, bem como
o desenvolvimento do compromisso social, político, ético, cultural, o contexto socioproissional,
apontadas na avaliação, por parte dos professores do curso, como aspectos de grande relevância
na construção do percurso formativo dos estudantes.
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Construção coletiva do PPC: a experiência do curso de Pedagogia...
cativos e de gestão, em diferentes situações institucionais escolares e não escolares, bem como a
criação e avaliação de materiais didáticos, procedimentos, processos de aprendizagem e propos-
tas educacionais consistentes e inovadoras.
O conjunto de componentes curriculares que integram esse núcleo incorpora a docência e a pes-
quisa como dimensões do processo formativo. A dimensão relacionada à docência foi organizada
em áreas do conhecimento a im de facilitar a gestão do processo formativo e o acompanhamen-
to da implementação da nova matriz curricular, de modo que estudantes e professores possam
construir uma visão mais sistêmica do currículo proposto. Assim, foram organizadas as seguintes
áreas do conhecimento neste núcleo: Fundamentos da Docência; Educação e Linguagens; Trabal-
ho Docente; Gestão; e Pesquisa, cada uma delas contendo componentes curriculares atualizados
e inovadores, que consideram a relação teoria prática, a formação para a cidadania, os valores
éticos, a construção e reconstrução do conhecimento e a possibilidade de utilização de metodo-
logias participativas, aspectos apontados por professores e estudantes no processo de avaliação
como de grande importância na formação de professores para a Educação Básica.
O objetivo é desenvolver atividades práticas nas mais diferentes áreas do campo educacional,
em seminários, atividades de iniciação cientíica, monitoria, cursos de extensão, atividades de
comunicação e expressão cultural, assegurando o aprofundamento e a diversiicação de estudos,
de experiências e a utilização de recursos pedagógicos.
O novo Projeto Pedagógico do Curso de Pedagogia, construído a partir dos resultados da ava-
liação realizada com professores e estudantes, privilegia atividades curriculares que consideram
os diferentes contextos para o processo de ensino-aprendizagem e busca uma formação que ar-
ticula diferentes dimensões da realidade. Percebidas desta forma, a pesquisa e a extensão e a
articulação da graduação com a pós-graduação se constituem em condições necessárias à imple-
mentação do Projeto Pedagógico proposto.
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A. da Silva
5.2.1 A Pesquisa
As atividades de pesquisa passaram a ser pensadas e estruturadas, no novo PPC, a partir das
ações empreendidas por dois grupos de pesquisa cadastrados na base de dados do CNPq, que
têm como objetivo promover encontros e relexões sobre a pesquisa e a iniciação cientíica dos
estudantes. Em parceria com a Pós-graduação, o curso passou a contar com a disponibilização
de bolsas de iniciação cientíica inanciadas pela FAPESB e CNPq. Nos encontros dos Grupos de
pesquisa, há participação de estudantes bolsistas e professores do quadro docente.
Um dos grupos reestruturados em 2015 e que está pleno funcionamento é denominado Grupo
de Pesquisa em Docência e Gestão Educacional e tem como inalidade a investigação de práticas
docentes na educação infantil e nos iniciais do Ensino Fundamental e no Ensino Superior, bem
como o desenvolvimento de pesquisas no âmbito da avaliação e gestão educacional. No primei-
ro semestre de 2016, os alunos do terceiro semestre do curso de Pedagogia, bolsistas do PIBIC,
desenvolveram uma pesquisa, inanciada pela Fabesp, com orientação de professores do curso,
estabelecendo relações entre as representações dos estudantes e a organização didático pedagógi-
ca proposta no novo PPC do curso e o peril de egresso. Os principais resultados dessa pesquisa
demonstraram que o curso de Pedagogia está alcançando seus objetivos e embora a reestrutu-
ração do PPC tenha ocorrido há pouco tempo, o novo projeto vem colhendo resultados positivos,
a avaliar pelo grau de satisfação dos estudantes do terceiro semestre que classiicaram o curso de
Pedagogia como ótimo e bom.
5.2.2 A Extensão
Ao interagir com a comunidade acadêmica, o curso de Pedagogia encontrou, a partir desta pes-
quisa, um espaço privilegiado de aprendizagem, relexão crítica e produção do conhecimento,
gerado a partir do contato direto com outras realidades, culturas e classes sociais.
No ano de 2015 diversas ações foram realizadas, neste contexto, pelo curso de Pedagogia, a exem-
plo de parcerias dessa Universidade Católica com a Rede Municipal de Educação através do pro-
jeto Agentes da Educação, com o objetivo de melhorar o desempenho escolar dos estudantes da
escola pública municipal, mediante o fortalecimento de vínculos entre família e comunidade.
Todas essas ações de extensão propostas no PPC e algumas já em andamento, vão ao encontro
dos anseios da comunidade acadêmica, apresentados nos processos de avaliação do curso.
Dessa forma, o Curso de Pedagogia, procurou, na sua nova proposição de projeto pedagógico, in-
vestir no fomento à pesquisa a partir do diálogo permanente com professores da pós-graduação,
inclusive ampliando o número de estudantes bolsistas de Iniciação Cientíica, considerando que
a intervenção adequada é resultante da formação de uma consciência crítica, enriquecida pelo
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Construção coletiva do PPC: a experiência do curso de Pedagogia...
O curso de Pedagogia, no seu novo desenho curricular, teve no ano de 2015 uma nova organi-
zação didático cientíica capaz de garantir a integração do curso com a pós-graduação lato e stric-
to sensu e promover a indissociabilidade entre graduação e pós-graduação, “assegurando uma
maior interação interdisciplinar e verticalizada no desenvolvimento das atividades pedagógicas”
(PPC Pedagogia, 2015).
Diversas ações foram realizadas nesse período pelo curso de Pedagogia, a exemplo de: valori-
zação dos docentes envolvidos na condução dos trabalhos acadêmicos; contratação de professo-
res doutores em regime de tempo integral e com titulação de doutor; inserção de atividades de
pesquisa no PPC; produção colaborativa em rede com parcerias institucionais; abertura de cursos
Lato Sensu como Docência do Ensino Superior e Psicopedagogia, assim como estudos prepa-
rativos para a implantação do Mestrado em Educação; e motivação e apoio para publicações e
participação dos professores e alunos em eventos técnicos e cientíicos.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente artigo foi desenvolvido com o objetivo de analisar o processo de construção coletiva
do PPC de Pedagogia da Universidade Católica do Salvador, tecendo relações entre Avaliação e
Planejamento, no contexto geral de mudança de gestão da Universidade e do curso de Pedagogia,
no período 2014-2015.
O processo de construção coletiva do novo PPC, relete um novo olhar da comunidade acadê-
mica sobre o curso de Pedagogia, que sofreu impacto direto dos processos avaliativos que foram
desenvolvidos, no contexto deste trabalho, relacionados ao curso e à matriz curricular vigente.
Fica evidente, pela análise e discussão das respostas dos estudantes e professores do curso de Pe-
dagogia da Universidade Católica que há uma estreita relação entre avalição e planejamento e que
os processos avaliativos se consolidaram como ferramenta de gestão e melhoramento do Projeto
Pedagógico do Curso de Pedagogia. Com a realização da autoavaliação institucional referente ao
curso de Pedagogia, o processo de tomada de decisão pôde ocorrer de maneira segura, transpa-
rente e com a participação de todos os segmentos da comunidade acadêmica.
Desta forma a Universidade torna pública a concepção teórico-metodológica que foi adotada
nesse processo de reestruturação do PPC do curso de Pedagogia, no período 2014-2015, sintoni-
zada com as boas práticas desenvolvidas em alguns cursos de licenciaturas no Brasil e em outros
Países (Nóvoa, 2009), relacionadas, entre outros aspectos, a uma sólida fundamentação teórica
no campo educacional, ao compromisso com a formação docente, à valorização do proissional
de Educação, à concepção do professor como pesquisador, e à adoção de práticas de gestão de-
mocrática e planejamento participativo.
REVISTA DE ESTUDIOS
171Y
EXPERIENCIAS EN EDUCACIÓN
A. da Silva
Foi este caminho que nos levou à ideia de um PPC amplo, global, único e entendido pela comu-
nidade acadêmica como um instrumento teórico-metodológico capaz de ajudar a resolver os
problemas do dia a dia de forma consciente, sistemática e intencional. O que prevaleceu, acima de
tudo, foi a integração e a formação de pessoas, assim como a possibilidade de produção de con-
hecimento conjunto, elementos fundamentais e que passaram a integrar a cultura e a dinâmica
pedagógica e de gestão do curso de Pedagogia.
Cabe a nós, educadores, inspirados na criação de códigos éticos de respeito e de propósitos, am-
pliar esses espaços de participação social dos diferentes sujeitos que atuam na Universidade, o
que exige de seus gestores uma constante revisão de suas práticas, no sentido de viabilizar as
transformações necessárias ao cumprimento de sua função social.
REFERÊNCIAS
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Construção coletiva do PPC: a experiência do curso de Pedagogia...
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