Desp9350 2021

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Diário da República, 2.

ª série PARTE C

N.º 186 23 de setembro de 2021 Pág. 13

ECONOMIA E TRANSIÇÃO DIGITAL

Gabinete do Ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital

Despacho n.º 9350/2021

Sumário: Constitui a Comissão de Coordenação das Agendas Mobilizadoras para a Inovação


Empresarial.

Na sequência da pandemia causada pela doença COVID-19, a qual provocou impactos de


ordem económica e social sem precedentes e a uma escala global, o Conselho Europeu aprovou,
em julho de 2020, um ambicioso pacote financeiro destinado a apoiar os Estados-Membros na
implementação de um conjunto de reformas e investimentos que permitam atenuar os impactos da
atual crise e aumentar a resiliência das economias da União, promovendo a convergência econó-
mica e contribuindo para um crescimento sustentável que responda ao duplo desafio da transição
verde e da transformação digital.
Neste contexto, Portugal submeteu formalmente à Comissão Europeia, a 22 de abril de 2021, o
seu Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), que ascende a 16,6 mil milhões de euros, com um
período de execução até 2026. Este plano define um conjunto de 20 componentes emblemáticas, as
quais integram um total de 83 investimentos, agrupados em torno de três dimensões estruturantes:
resiliência, transição climática e transição digital.
Os apoios diretos às empresas ascendem a 5 mil milhões de euros, estando ainda previstos
um conjunto de investimentos, superiores a 2,7 mil milhões de euros, que beneficiam indiretamente
o setor empresarial. Estes valores podem ainda ser reforçados em função da reavaliação a ocorrer
em 2022, a qual terá em conta o nível de procura verificado nas medidas de apoio às empresas,
nomeadamente no domínio da capitalização e da inovação empresarial, e a dinâmica das finanças
públicas.
De entre os apoios diretos às empresas destacam-se, pela relevância e pela dimensão finan-
ceira, as Agendas Mobilizadoras para a Inovação Empresarial.
Estas Agendas, que totalizam numa primeira fase 930 milhões de euros, visam a definição,
apoio e promoção de um conjunto restrito de projetos em áreas estratégicas inovadoras, as quais
devem estar alinhadas com as prioridades estratégicas inteligentes definidas na Estratégia Nacio-
nal de Investigação e Inovação para uma Especialização Inteligente (ENEI). A ENEI identificou 15
prioridades estratégicas inteligentes, as quais foram organizadas em cinco eixos temáticos que
apresentam lógicas ou objetivos societais comuns ou afins, designadamente: tecnologias trans-
versais e suas aplicações; indústrias e tecnologias de produção; mobilidade, espaço e logística;
recursos naturais e ambiente; e saúde, bem-estar e território.
Os projetos a apoiar devem visar a transformação estrutural da economia portuguesa, melho-
rando o seu perfil de especialização, através da formação de consórcios sólidos e estruturantes que
garantam o desenvolvimento, a diversificação e a especialização de cadeias de valor nacionais,
prosseguindo metas objetivas ao nível das exportações, emprego qualificado e investimento em
I&D.
As Agendas encerram, assim, uma abordagem inovadora, sem correspondência nos perío-
dos de programação anteriores, ao permitir apoiar simultaneamente a I&D e a inovação produtiva,
combinando de forma mais direta conhecimento, transferência de tecnologia e inovação para as
empresas.
Atendendo à relevância, complexidade e potencial transversalidade temática das Agendas,
aliadas ao compromisso público do Governo de executar o PRR de uma forma transparente e
com amplo envolvimento da sociedade civil, importa, pois, definir a estrutura de governação deste
instrumento, a qual deve acautelar uma articulação ágil entre as diferentes entidades envolvidas,
de modo a permitir celeridade e rigor técnico na tomada de decisão sobre todas as matérias que
digam respeito à operacionalização e acompanhamento da execução dos projetos, garantindo a
obtenção tempestiva dos resultados esperados.
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Assim, determina-se o seguinte:


1 — É constituída a Comissão de Coordenação das Agendas Mobilizadoras para a Inovação
Empresarial, doravante CCA.
2 — A CCA tem por missão coordenar e apoiar a implementação e acompanhamento da execu-
ção das Agendas Mobilizadoras para a Inovação Empresarial, previstas no Plano de Recuperação e
Resiliência (PRR), em articulação com a Agência para a Competitividade e Inovação — IAPMEI, I. P.,
enquanto entidade beneficiária intermediária, prevista no Decreto-Lei n.º 29-B/2021, de 4 de maio,
que estabelece o modelo de governação dos fundos europeus atribuídos a Portugal através do
PRR.
3 — Compete em especial à CCA:

a) Preparar os convites à manifestação de interesse e à apresentação de propostas para de-


senvolvimento de projetos no âmbito das Agendas Mobilizadoras para a Inovação Empresarial;
b) Assegurar a organização dos processos de candidaturas à manifestação de interesse e à
apresentação de propostas;
c) Proceder à análise, avaliação e seleção das propostas, em conformidade com os critérios
definidos nos convites, a qual será suportada em pareceres emitidos por personalidades de reco-
nhecido mérito e idoneidade, nos termos previstos nos pontos 7 e 8;
d) Promover, com observância do dever de imparcialidade, a articulação e a compatibilização
de eventuais propostas concorrentes e/ou complementares, previamente ou no decurso do processo
de seleção, tendo em vista a maximização dos resultados esperados;
e) Negociar a concessão dos apoios, através de contratos-programa com os consórcios sele-
cionados, os quais devem estabelecer, entre outros:

i) A constituição e modelo de governação do consórcio;


ii) O plano de atividades e financeiro;
iii) O montante do financiamento a atribuir;
iv) O cronograma do investimento;
v) As metas e objetivos a que o beneficiário se vincula;
vi) A forma de monitorização da execução do contrato-programa;

f) Apoiar o IAPMEI, I. P., na formalização da concessão dos apoios;


g) Apoiar o IAPMEI, I. P., na verificação do cumprimento das necessárias condições de cober-
tura orçamental das operações;
h) Apoiar o IAPMEI, I. P., no acompanhamento da execução dos projetos apoiados, assegu-
rando a conformidade e o cumprimento dos contratos-programa celebrados;
i) Apoiar o IAPMEI, I. P., na divulgação e promoção dos projetos apoiados, garantindo a trans-
parência e o cumprimento dos requisitos em matéria de informação e publicidade estabelecidos
nos normativos europeus e nacionais aplicáveis;
j) Apoiar o IAPMEI, I. P., na garantia do cumprimento dos normativos aplicáveis, designadamente
nos domínios da concorrência, da contratação pública, do ambiente e da igualdade de oportunidades
e, concretamente, da igualdade entre mulheres e homens, quando aplicável;
k) Efetuar todas as ações necessárias à prossecução da sua missão não previstas nas alíneas
anteriores, bem como aquelas que lhe sejam atribuídas.

4 — A CCA funciona na dependência do Ministro de Estado, da Economia e da Transição


Digital, com faculdade de delegação.
5 — A CCA é constituída por:

a) Presidente do conselho diretivo da Agência para a Competitividade e Inovação — IAPMEI, I. P.


(IAPMEI, I. P.), que coordena;
b) Presidente do conselho de administração da Agência Nacional de Inovação, S. A. (ANI);
c) Presidente da comissão diretiva da Autoridade de Gestão do Programa Operacional Com-
petitividade e Internacionalização (COMPETE 2020);
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d) Presidente do conselho de administração da Agência para o Investimento e Comércio Ex-


terno de Portugal, E. P. E. (AICEP);
e) Presidente do conselho diretivo da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT).

6 — A participação na CCA não confere o direito a qualquer prestação, independentemente


da respetiva natureza, designadamente a título de remuneração, compensação, subsídio, senhas
de presença ou ajudas de custo.
7 — As atuações decorrentes das competências da CCA previstas no n.º 3 são objeto de atua-
lização por parte do IAPMEI, I. P., em sistema de informação cuja monitorização, gestão global e
garantia de interoperabilidade é da responsabilidade da Autoridade de Gestão do COMPETE 2020
ou de quem lhe vier a suceder nos termos legais fixados.
8 — Para efeitos de análise e apreciação das propostas finais de projetos, a CCA solicita pa-
receres técnicos especializados, emitidos por personalidades independentes, nacionais ou interna-
cionais, de reconhecido mérito e competência, em particular nas áreas temáticas relevantes para as
Agendas, as quais correspondem aos 5 eixos estratégicos definidos na Estratégia de Investigação
e Inovação para uma Especialização Inteligente, nomeadamente:

a) Tecnologias transversais e suas aplicações;


b) Indústrias e tecnologias de produção;
c) Mobilidade, espaço e logística;
d) Recursos naturais e ambiente;
e) Saúde, bem-estar e território.

9 — Os membros dos painéis de peritos terão acesso às propostas após garantida a inexis-
tência de conflito de interesses mediante assinatura de declaração para o efeito, estando sujeitos
aos princípios da legalidade, da prossecução do interesse público, da justiça e imparcialidade, da
igualdade, da proporcionalidade e da boa-fé, bem como aos demais princípios gerais aplicáveis,
no domínio da atividade administrativa, aos órgãos e agentes do Estado e de outras entidades
públicas.
10 — A CCA pode solicitar a colaboração ou proceder à consulta de outras entidades, públicas
ou privadas, cujo contributo seja considerado de relevância para a prossecução da sua missão e
para o cumprimento dos objetivos estabelecidos.
11 — O apoio administrativo e logístico à CCA é assegurado pelo IAPMEI, I. P.
12 — A CCA aprova o seu regulamento de funcionamento, aplicando-se em tudo o que for
omisso o disposto no Código do Procedimento Administrativo.
13 — A CCA funciona durante o período de vigência do PRR.
14 — O presente despacho produz efeitos a partir da data da sua publicação.

6 de julho de 2021. — O Ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital, Pedro


Gramaxo de Carvalho Siza Vieira.
314581931

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