O Que Ed Popular-Páginas-32

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A Declaração do México assinalou as seguintes carência de educação

que qualificou como graves e que estão em estreita relação com a


extrema pobreza em que se encontram vastos setores da população:
- A persistência de uma baixa escolaridade em alguns países.
- A existência de 45 milhões de analfabetos na região, sobre
uma população adulta de 159 milhões.
- A excessiva taxa de deserção nos primeiros anos da
escolaridade.
- Sistemas e conteúdos de ensino com freqüência inadequados
para a população a que se destinam.
- Desajustamentos na relação entre trabalho e educação.
- Escassa articulação da educação com o desenvolvimento
econômico, social e cultural.
- Em alguns casos, uma deficiente organização e administração
dos sistemas educativos.”
(UNESCO, Projeto Principal de Educação na América Latina e no
Caribe, p.4. Grifos do documento).

Tanto a questão da escola pública quanto a da erradicação do analfabetismo foram


iniciativas de pessoas eruditas, educadores, políticos e intelectuais de gravata. Pode-se dizer
que, depois do trabalho religioso das missões coloniais e após a disseminação de escolas
católicas — mais tarde, algumas protestantes — pelo país, aquelas foram as duas ocasiões em
que, pela primeira vez, o poder de Estado e seguimentos da sociedade civil estiveram
empenhados no que hoje costumamos chamar: educação dos setores populares.

Mas o que a memória erudita que escreve as histórias da educação no Brasil via de
regra oculta com cuidado é que esses próprios “setores” viveram momentos importantes de
história de sua própria educação. Não falo agora das redes familiares ou comunitárias de
reprodução de um saber do povo. Não falo também dos incontáveis centros de ensino em
confrarias de trabalho popular. Não falo sequer da participação de grupos de operários e
camponeses em lutas locais junto a prefeitos e governadores de estados, pela educação de seus
filhos. Falo da criação de escolas para filhos de operários, principalmente no Rio de Janeiro e
em São Paulo, fundadas e mantidas por associações dos próprios operários. As escolas
partidárias e as experiências de educação escolar entre militantes anarquistas e comunistas,
operários de uma indústria emergente, muitos deles imigrantes europeus, são frações de um
trabalho político de classe através da educação; através da escola, pensada como o local de
formação de uma nova geração de proletários educados segundo os princípios ideológicos de

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