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Material Teórico - Módulo de

FRAÇÕES, O PRIMEIRO CONTATO

Frações e suas Operações

EP
Sexto Ano do Ensino Fundamental
BM
Autor: Prof. Francisco Bruno Holanda
Revisor: Prof. Antonio Caminha
l O
rta
Po
1 Introdução
Após termos estudado, no módulo anterior, um pouco sobre
os números naturais e suas principais propriedades de divisi-
bilidade, chegou a hora de conhecermos uma classe maior de
números, que chamamos de frações1 ou, ainda, números
fracionários.
Você com certeza já deve ter usado bastante o conceito
de metade ou um terço. Por exemplo, imagine que você e
mais dois de seus amigos saı́ram para comer uma pizza. Se

EP
todos concordaram em comer quantidades iguais, cada um
deverá ter comido um terço da pizza. O sı́mbolo matemático
que denota este valor é 13 . Visualmente, é fácil entender o
significado deste número:
BM
O

Assim, o 13 significa que cada um de vocês comeu uma parte,


dentre três partes iguais.
De modo geral, o conjunto das frações é formado por
todos números da forma ab , onde a e b são número naturais,
l
ta

sendo b > 0. Além disso, cada um desses dois naturais


a e b que formam uma fração recebe um nome especial:
enquanto a é chamado de numerador, o inteiro b é chamado
r

de denominador.
Po

Observe que uma fração é o resultado de uma divisão.


Por exemplo, suponha que Joãozinho ganhou 12 bombons
1 do Latim: fractus, que significa quebrado.

http://matematica.obmep.org.br/ P.1
[email protected]
e que deseja repartir igualmente esses bombons entre ele e
seus dois irmãos. Então, cada um ficará com a terça parte
do total de 12 bombons, de forma que 12 3 = 4. Em outras
palavras, cada um ficará com 4 bombons.
Na igualdade 12 3 = 4 podemos observar dois conceitos
importantes sobre frações:
• Todo número natural também é uma fração.
De fato, todo número natural a é o resultado da divisão
de a por 1. Matematicamente, podemos escrever a

EP
igualdade
a
a= .
1
Sendo assim, o conjunto N dos números inteiros está
BM
contido no conjunto das frações.
• Outro fato importante é:

Existem várias formas de se representar uma mesma


fração.
O

Por exemplo, da mesma forma que podemos obter o


número 4 fazendo a divisão de 12 por 3, também po-
demos obter este valor quando dividimos 20 por 5. Ou
l

seja,
ta

12 20
4= = .
3 5
Agora que você entendeu que frações aparentemente dife-
r

rentes na verdade são iguais, você pode estar se questionando:


Po

Como, então, saber quais são as diferentes formas de


se representar uma mesma fração?

Bem, a resposta a essa pergunta é muito simples:


— Sempre que você tiver uma fração ab , ao multiplicarmos
ou dividirmos o numerador e o denominador desta fração
por um mesmo número natural (que deve ser diferente
de zero), o resultado será uma outra representação da mesma
fração.

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[email protected]
Por exemplo, na fração 35 , se multiplicarmos o numerador
e o denominador por 4, obteremos
3 3·4 12
= = .
5 5·4 20
Outro exemplo, desta vez utilizando a operação de divisão:
28 28 ÷ 7 4
= = .
42 42 ÷ 7 6
Intuitivamente, é claro que, ao multiplicarmos o numera-

EP
dor e o denominador por um mesmo número natural não nulo,
estamos aumentando esses valores, tornando a representação
da fração “mais complicada”. Por outro lado, ao dividirmos
o numerador e o denominador por um mesmo natural não
BM
nulo, estamos diminuindo esses valores e, consequentemente,
simplificando a representação da fração. Dessa forma, vol-
tando ao exemplo anterior, 46 é uma simplificação da fração
28
42 . Outra forma comum de expressar esta operação é dizer
que 64 é uma forma reduzida da fração 42 28
.
Observe, ainda, que podemos reduzir 6 para 23 dividindo
4
O

numerador e o denominador por 2. Por outro lado, não


podemo reduzir ainda mais a fração 23 , já que não existe
nenhum número natural maior que 1 que divida 2 e 3 ao
mesmo tempo. Dizemos, pois, que 23 é uma representação
l

irredutı́vel da fração, ou, simplesmente (e sempre que não


ta

houver perigo de confusão), uma fração irredutı́vel.


Visualmente é fácil ver que 46 e 23 representam uma mesma
fração:
r
Po

Generalizando a discussão anterior, veja que toda fração


irredutı́vel ab é tal que seus numerador e denominador não são

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divisı́veis por número natural algum maior que 1; de outra
forma, a e b são primos entre si: mdc (a, b) = 1.

2 Somando e subtraindo frações com


denominadores iguais
Assim como podemos realizar as operações básicas (adição,
subtração, multiplicação e divisão) no conjunto dos números
naturais, também podemos realizá-las no conjunto dos números

EP
fracionários. Iniciaremos esta seção com um caso bem simples:
a adição de frações de mesmo denominador.
Vamos começar nossa discussão com uma interpretação
concreta dessa operação. Na figura 1, cada barra está dividida
BM
l O
ta

Figura 1: somando frações de mesmo denominador.


r
Po

em sete partes, portanto cada parte representa 17 (um sétimo)


do total. Na primeira barra, estão destacadas em amarelo
quatro das sete partes – representando o número fracionário
4
7 ; na segunda barra, estão destacadas em vermelho duas das
sete partes – representando o número fracionário 27 . A adição
de 2 partes e 4 partes dá-nos um total de 6 partes, cada uma
representando 17 do total. Logo,

4 2 4+2 6
+ = = .
7 7 7 7

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De maneira geral, temos a seguinte regra:

Soma de Frações de Mesmo Denominador:


a b a+b
+ = .
c c c
Alguns exemplos:
2 5 2+5 7
+ = = .
3 3 3 3

EP
4 1 4+1 5
+ = = = 1.
5 5 5 5
1 4 1+4 5 1
+ = = = .
15 15 15 15 3
BM
A subtração segue o mesmo princı́pio:

Subtração de Frações de Mesmo


Denominador (com a > b):

a b a−b
O

− = .
c c c
Alguns exemplos:
l

2 1 2−1 1
− = = .
ta

4 4 4 4
6 2 6−2 4
− = = .
7 7 7 7
r
Po

3 Somando e subtraindo frações com


denominadores distintos
Já vimos que somar e subtrair frações com um mesmo de-
nominador é realmente muito fácil. Vejamos o que acontece
quando tentamos realizar estas operações quando estamos
lidando com frações com denominadores diferentes.
Na figura acima, a primeira barra está dividida em sete
partes iguais. A segunda barra (que é idêntica à primeira)

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[email protected]
EP
está dividida em cinco partes iguais. Dessa forma, a porção
amarela representa 37 da primeira barra, enquanto a porçao
BM
vermelha representa 25 da segunda barra. Veja que, nesse
caso, não podemos “encaixar” perfeitamente uma porção de
tamanho igual a 15 da barra em uma porção de tamanho igual
a 17 . Isso não ocorria no exemplo inicial da seção anterior,
uma vez que, naquele exemplo, todas as porções menores
representavam uma mesma fração (no caso, 17 ) das barras lá
O

consideradas. Como resolver nosso problema atual, então?


Aqui, iremos recorrer à flexibilidade da representação da
frações.
l

Lembre-se de que já sabemos somar frações de mesmo


ta

denominador. A ideia é, então, utilizar esse caso para calcular


3 2 3
7 + 5 . Para tanto, buscaremos representar as frações 7 e
2
5 usando um mesmo denominador. Para o que falta, basta
r

seguirmos os seguintes passos:


Po

1. Multiplique o numerador e o denominador da primeira


fração pelo denominador da segunda fração:
3 3·5 15
= = .
7 7·5 35

2. Multiplique o numerador e o denominador da segunda


fração pelo denominador da primeira fração:
2 2·7 14
= =
5 5·7 35

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3. Some os números fracionários em questão, com o auxı́lio
do caso já estudado:
3 2 15 14 15 + 14 29
+ = + = = .
7 5 35 35 35 35

Geometricamente, os passos acima possuem a seguinte


interpretação:

1. Imagine um quadrado dividido em sete partes iguais

EP
por seis retas verticais. A fração 37 é representada pela
porção amarela da figura a seguir. Quando fazemos
3 3·5 15
7 = 7·5 = 35 , estamos, em verdade, subdividindo o
quadrado em 35 partes iguais, utilizando quatro retas
horizontais. Das 35 partes em que o quadrado ficou
BM
dividido, 15 serão amarelas.
l O
r ta
Po

2. Da mesma forma, dividindo um quadrado idêntico ao


anterior em cinco partes iguais, com o auxı́lio de qua-
tro retas horizontais, a fração 25 será representada pela
porção vermelha da segunda figura. Quando fazemos
2 2·7 14
5 = 5·7 = 35 , estamos, de fato, subdividindo o qua-
drado em 35 partes iguais, usando seis retas verticais.
Assim, das 35 partes em que o quadrado ficou dividido,
14 serão vermelhas.

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[email protected]
EP
3. Agora que as áreas pintadas dos dois quadrados são
múltiplas de uma mesma área comum (a área de um
BM
dos 35 retângulos nos quais os quadrados ficara dividi-
dos), podemos somar as quantidades de áreas pintadas,
obtendo
15 + 14 = 29.
O

Portanto,
3 2 15 14 15 + 14 29
+ = + = = .
7 5 35 35 35 35
l
r ta
Po

De maneira geral, temos a seguinte regra geral para a


adição de frações:

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Soma de Frações com Denominadores
Distintos:
a b a·d b·c a·d+b·c
+ = + = .
c d c·d d·c c·d
Alguns exemplos:
2 4 2·5 4·3 10 + 12 22
+ = + = = .
3 5 3·5 5·3 15 15

EP
7 1 7·3 1·2 21 + 2 23
+ = + = = .
2 3 2·3 3·2 6 6
1 1 1·5 1·2 5+2 7
+ = + = = .
2 5 2·5 5·2 10 10
BM
A subtração segue o mesmo princı́pio (contanto que, como
antes, a primeira fração seja maior que a segunda):

Subtração de Frações com Denominadores


Distintos:
O

a b a·d b·c a·d−b·c


− = − = .
c d c·d d·c c·d

Alguns exemplos:
l
ta

4 2 4·3 2·5 12 − 10 2
− = − = = .
5 3 5·3 3·5 15 15
1 1 1·5 1·2 5−2 3
r

− = − = = .
2 5 2·5 5·2 10 10
Po

4 Multiplicando e dividindo frações


Multiplicar frações é muito fácil. Basta multiplicarmos os
numeradores para obtermos o numerador do produto e, para
obter o denominador do produto, basta multiplicar os deno-
minadores das frações. Por exemplo:
2 5 2·5 10
· = = .
3 7 3·7 21

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1 5 1·5 5
· = = .
4 2 4·2 8
De maneira geral, temos a seguinte regra geral:
Multiplicação de Frações:
a c a·c
· = .
b d b·d
Como antes, a multiplicação de frações também possui
uma representação geométrica: ela é a interseção entre as

EP
áreas que representam cada uma das frações após uma sobre-
posição. Por exemplo, ao fazermos o produto 37 · 25 , podemos
imaginar os mesmos dois quadrados que utilizamos na seção
anterior. Sobrepondo os dois quadrados, encontramos uma
6
área laranja que representa o valor 35 .
BM
l O
ta

Para fazermos a divisão de duas frações ab e dc , multiplica-


mos a primeira pela inversa da segunda. Assim:
2 4 2 5 2·5 10
r

÷ = · = = .
3 5 3 4 3·4 12
Po

Outro exemplo:
1 1 1 3 1·3 3
÷ = · = = .
5 3 5 1 5·1 5
De maneira geral, temos a seguinte regra geral:
Divisão de Frações:
a c a d a·d
÷ = · = .
b d b c b·c

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5 Um pouco de história
Os egı́pcios foram um dos primeiros povos que utilizaram o
conceito de fração. O seu sistema de numeração era formado
por hieróglifos que representavam as potências de 10 (veja a
figura 2):

EP
BM
Figura 2: hieróglifos representando potências de 10.

Já os racionais eram escritos como soma de frações com


numeradores iguais a 1. Por exemplo, a fração 56 era escrita
como 56 = 12 + 13 . O hieróglifo que indicava a fração era
semelhante a uma boca, e significava “parte”:
O

1
Por exemplo, 10 era escrito como:
l
r ta

Algumas frações possuı́am hieróglifos especiais. Por exem-


Po

plo:

1 1 1
Dessa forma 2 + 3 + 6 era escrito como:

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Até os dias atuais, frações do tipo n1 são chamadas de
frações egı́pcias. Apesar de seu uso prático ter ficado
no passado, as frações egı́pcias continuam sendo objeto de
estudo em Teoria dos Números e em Matemática recreacional.
Podemos até mesmo citar um dos mais famosos problemas

EP
em aberto (isto é, até hoje ainda não resolvidos por ninguém)
sobre frações egı́pcias: a conjectura de Erdös–Straus.
Os matemáticos P. Erdös e E. Straus conjecturaram, em
1948, que toda fração do tipo n4 , com n ≥ 5, pode ser es-
crita como a soma de três frações egı́pcias. Ou seja, eles
BM
conjecturaram que a equação
4 1 1 1
= + + (1)
n x y z
sempre tem soluções naturais positivas x, y, z, para todo
O

natural n ≥ 5. Por exemplo, para n = 5, temos:


4 1 1 1
= + +
5 2 5 10
l

Com o auxı́lio de computadores, foi demonstrado que a


ta

conjectura de Erdös-Straus é verdadeira para todo natural n


tal que 5 ≤ n ≤ 1014 . Porém, até hoje ninguém foi capaz de
demonstrar o caso geral ou refutar a conjectura, apresentando
r

um valor natural n ≥ 5 para o qual a equação (1) não tenha


Po

soluções naturais positivas x, y, z. Caso esteja curioso para


aprender mais sobre frações egı́pcias, consulte as referências
[1], [2] ou [3].

6 Sugestões ao professor
Apresentar os conceitos básicos sobre números fracionários
a alunos que estão apenas começando a aprender um pouco
mais sobre Matemática não é uma tarefa fácil. Porém é

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[email protected]
muito importante que os alunos fixem bem as ideias que são
apresentadas nesta aula. O professor deve estar seguro de
que sua turma entendeu bem os conceitos da multiplicidade
da representação de frações e as interpretações concretas da
soma de frações com um mesmo denominador.
Tente fazer um bom número de exemplos diferentes sobre
os conceitos básicos, à medida que eles forem apresenta-
dos. Mantenha um foco especial nos exemplos com figuras
geométricas. Se você tiver bastante tempo disponı́vel em
suas aulas, tente fazer esses exemplos utilizando técnicas de

EP
recorte e cole.
É provável que alguns alunos, ao fim da aula, ainda te-
nham dúvidas sobre a soma de frações com denominadores
diferentes. Isso é perfeitamente normal. Nas próximas aulas
BM
de exercı́cios, vocês terão a oportunidade de exercitar esse
assunto até que as dúvidas desapareçam.
A última seção dessa aula é optativa. Caso você perceba
que sua turma evoluiu bem no conteúdo apresentado, você
poderá falar um pouco sobre as frações egı́pcias e até mesmo
sobre a conjectura de Erdös–Straus. Certamente, muitos
O

alunos não entenderão a conjectura em si, mas se alguns


deles entenderem que existem problemas na Matemática em
relação aos quais ainda se sabe a resposta, isso já terá sido
l

algo fantástico! Lembre-se de manter a curiosidade de sua


ta

turma elevada! Boa aula!

Referências
r
Po

[1] Ronald L. Graham. Paul Erdös and Egyptian fractions.


Erdös centennial, Bolyai Soc. Math. Stud., 25:289–309,
2013.
[2] Gay Robins and Charles Shute. The Rhind Mathematical
Papyrus: an ancient Egyptian text. Dover, 1987.
[3] Dirk J. Struik. A Concise History of Mathematics. Dover,
1967.

http://matematica.obmep.org.br/ P.13
[email protected]

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