Aula 4

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ATLETISMO

AULA 4

Prof. Nilton Cesar Ferst


CONVERSA INICIAL

Arremessos e lançamentos

Nesta etapa, vamos abordar vários aspectos técnicos e pedagógicos das


provas de arremesso de peso e lançamentos de disco, martelo e dardo. Também
abordaremos questões relativas às regras, para que possam ao final
compreender o processo de ensino-aprendizagem. Também explanaremos
sobre as questões de aptidão física para os saltos, arremesso e lançamentos.

TEMA 1 – ARREMESSO DE PESO

A proposta deste tópico é fazer com que você possa reconhecer e traduzir
o arremesso de peso e sua técnica, bem como adaptações da técnica, espaço e
equipamento para a sua prática.
O conceito principal é empurrar o peso com auxílio de uma das mãos a
partir do ombro, bem próximo ao queixo. E tem como característica física
pessoas fortes e com grande estatura, pensando no alto rendimento, o que não
impede que pessoas com estrutura diferente possam praticar e competir, até
porque outras valências físicas são necessárias, tais como velocidade,
coordenação, resistência e agilidade. Uma prova que na antiguidade era
realizada com pedras pesadas, e chegou ao formato atual, que utiliza pesos de
bronze ou ferro.
Ao longo da história, muitos atletas se destacaram, como o americano
Ralph Rose, com 129 kg e com a marca de 15,54 m entre os anos de 1896 e
1910; durante a primeira Guerra Mundial, que ocorreu entre 1910 e 1920,
tivemos como melhor marca 15,33 m; entre os anos 1920 e 1930 houve um
grande interesse pela modalidade, sendo destaque o americano Bud Houser,
com a marca de 15,26 m; entre os anos de 1930 e 1940 houve um aumento
grande da prática, com mais de seis atletas arremessando entre 16 e 17 m;
entre os anos de 1940 e 1950 o atleta Jim Fuchs com a marca de 17,95 m.
Da mesma forma, podemos comentar sobre as técnicas utilizadas ao
longo da história e, assim como as outras provas, a técnica do arremesso do
peso evoluiu muito. O atleta Jim Fucks contribuiu com a criação do estilo lateral,
em que desde a posição inicial, passando pelo deslocamento e até a posição
final, era realizado com o corpo em posição lateral (Fernandes, 2003).

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Atualmente são dois os estilos utilizados para a prova de arremesso de
peso: o estilo rotacional e o estilo linear, e independentemente do estilo, todos
os praticantes realizam as fases de concentração, empunhadura, posição inicial,
deslocamento, posição de força, arremesso e reversão. O que muda é a
descrição conforme o estivo utilizado para o arremesso.

1.1 Estilo linear ou Parry O’Brien

Basicamente, esse estilo inicia de costas para o local de arremesso,


desloca de costas e finaliza o arremesso de frente para o setor de queda. A
primeira fase, junto com a segunda, é a concentração e a empunhadura, na qual
o atleta apoia o peso na mão, da parte calosa em direção aos dedos, não
devendo usar a palma da mão, e apoia o peso no pescoço logo abaixo do queixo.
Na terceira fase, que é a posição inicial, o praticante coloca o peso do corpo em
uma das pernas enquanto a outra serve para equilíbrio, ficando com o corpo
ereto. Para realizar o deslocamento, o atleta deve flexionar o joelho da perna de
apoio, flexionando também o quadril e aproximando o joelho contrário. Após
tomar a posição grupado e com um forte e rápido coice para trás com a perna
livre, o atleta realiza o deslocamento passando pela posição de força (Figura 1)
e iniciando o arremesso propriamente dito.
Por meio de uma combinação de movimentos iniciando pelo joelho,
quadril, tronco, braço livre e finalmente o braço de arremesso. Com uma ação
enérgica do braço de arremesso, pela sua extensão e, por último, a extensão
completa do punho, o arremesso é feito. Após isso, tem a reversão, que é a
retomada do equilíbrio para não sair pela frente do setor.

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Figura 1 – Arremesso de peso deslocamento linear – posição de força

Créditos: Real Sports Photos/ Shutterstock.

1.2 Estilo rotacional ou com giro

O uso desse estilo vem da década de 1970, quando foi adaptado o giro
utilizado no lançamento de disco para o arremesso de peso e, desde então, é
muito utilizado. Nesse estilo as fases de concentração, empunhadura, posição
de força e arremesso são exatamente iguais ao outro estilo.
As mudanças ocorrem na posição inicial, quando o praticante fica com os
pés em afastamento lateral, como o peso do corpo distribuído nas duas pernas.
A grande diferença para o outro estilo é o deslocamento, que é feito por meio de
um giro. Por meio de uma perna chamada de eixo, inicia-se o giro com a perna
livre passando a frente, ao lado e indo para trás. Durante essa ação a perna eixo
também se movimenta, girando e buscando a posição de força (Figura 1). Após
o arremesso, a reversão se faz pela continuação do giro para se manter em
equilíbrio.

1.3 Regras no arremesso de peso

As regras básicas são as seguintes: o praticante tem o tempo limite de 1


minuto para iniciar o arremesso; não pode tocar o solo ou sair pela parte da frente

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do anteparo; o peso deve cair dentro do setor de queda e o atleta somente pode
sair do setor após o peso tocar o solo.

TEMA 2 – LANÇAMENTO DE DISCO

Fazer você reconhecer e traduzir o lançamento de disco e sua técnica,


bem como adaptações da técnica, espaço e equipamento para prática é a
proposta desse tópico.
O lançamento do disco, além de sua rica história atlética, desde os
primeiros jogos gregos realizados na antiguidade, tem também algo que nos
chama muito a atenção, que é a relação com a nossa profissão. A relação está
no uso de um dos símbolos mais famosos do esporte, que é uma estátua
chamada Discóbolo de Miron (Figura 2). Essa estátua representa um atleta no
momento do lançamento do disco e que está na chamada posição de força, e
essa imagem foi adotada como símbolo da Educação Física. Segundo a
Resolução do Conselho Federal de Educação Física - Confef 49/2002, que
dispõe sobre o símbolo, a cor e o anel de grau de Educação Física, em seu artigo
primeiro, diz que:

§1° Símbolo: Discóbolo – por estar baseado nos movimentos do corpo


humano em ação. O Discóbolo de Miron é a mais célebre das estátuas
atléticas. Segundo pesquisa: “…o corpo revela um cuidadoso estudo
de todos os movimentos musculares, tendões e ossos que fazem parte
da ação; as pernas, os braços e o tronco inclinam-se para imprimir
maior impulso ao golpe; o rosto não parece contorcido pelo esforço,
mas calmo e confiante na vitória.

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Figura 2 – Discóbulo de Miron

Créditos: Andrea Izzotti/ Shutterstock.

2.1 Fases do lançamento

Ao longo da história o lançamento de disco passou por várias mudanças


técnicas. Algo significante foi o aumento do setor de lançamento para 2,50 m de
diâmetro em 1912, também experimentou diferentes técnicas para lançar:
parado, passo à frente, troca de pés após o lançamento. Em 1925 Holmes
desenvolve 1½ giro, que foi até 1935 universalmente aceito, em 1939 temos 1
giro completo mais ¾ e dessa época temos o surgimento do que é considerado
o maior atleta para a prova, o americano Al Oeter, que com 19 anos sagra-se
campeão olímpico em Melbourne, acumulando em sua carreira quatro títulos de
Campeão Olímpico.
Você poderá perceber que, ao descrevermos as fases do lançamento do
disco, os movimentos descritos no deslocamento serão os mesmos descritos no
deslocamento na prova de arremesso de peso estilo rotacional. E realmente são
os mesmos, pois os atletas do peso adotaram a técnica de deslocamento
utilizada na prova de disco. A única mudança percebida é o posicionamento do
braço de lançamento, que deve ficar estendido na continuidade da linha de
ombro, com o disco colocado na mão. Conforme podemos observar na Figura 3,

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o disco fica apoiado na palma da mão, e a borda do disco está apoiada na
articulação das falanges distal e medial.

Figura 3 – Empunhadura do disco

Créditos: Juice Dash/ Shutterstock.

A posição inicial se faz com os dois pés em afastamento lateral e o peso


do corpo distribuído nas duas bases. Após um balanceio lateral com os braços,
o praticante deve começar a girar, e esse giro inicia-se pela perna de giro.
Extremamente importante o praticante manter o braço de arremesso sempre
estendido e atrasado em relação ao tronco. Após a perna livre girar e ocupar um
espaço logo atrás da perna eixo, essa mesma perna também executa esse meio
giro caindo na chamada posição de força.
Na sequência, ocorre o lançamento propriamente dito, que se faz por meio
de uma combinação de movimentos, iniciando pelos pés, joelho, quadril, tronco,
braço livre e, por último, o braço de lançamento. Os movimentos são sequenciais
e puxam o braço de lançamento. Após o lançamento ocorre a reversão ou
retomada do equilíbrio, que visa evitar que o atleta saia pela frente do setor.

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2.2 Regras

As regras básicas são praticamente as mesmas da prova de arremesso


do peso, que são as seguintes: o praticante tem o tempo limite de 1 minuto para
iniciar o lançamento; não pode tocar o solo ou sair pela parte da frente do setor
de lançamento; o disco deve cair dentro do setor de queda e o atleta somente
pode sair do setor após o disco tocar o solo.

2.3 Gaiola de lançamentos

Obrigatoriamente para as provas de lançamento de disco e lançamento


de martelo é necessário usar uma gaiola de lançamento. Conforme é possível
observar na Figura 4, a gaiola é composta por uma rede de proteção, que está
disposta ao redor do(s) setor(es) de lançamento(s). A principal razão é a
segurança dos demais atletas, árbitros, imprensa e público que estão
acompanhando a competição.

Figura 4 – Gaiola de lançamentos para disco e martelo

Créditos: Arekuliasz/Shutterstock.

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TEMA 3 – LANÇAMENTO DE MARTELO

A meta desse tópico é oferecer conhecimento necessário para que você


possa reconhecer e traduzir o lançamento de martelo e sua técnica, bem como
adaptações da técnica, espaço e equipamento para prática.
Outra prova bastante antiga do atletismo, que foi difundida nos Estados
Unidos por imigrantes irlandeses. Inicialmente, vários diâmetros de círculos
foram utilizados, o que interferia na técnica utilizada. Além disso, era utilizado
um cabo de madeira rígida no lugar do arame flexível (Fernandes, 2003).
Somente em 1907 foi estabelecido o tamanho padrão para o círculo, que
passou a ter 2,13 m de diâmetro. Dessa época temos alguns grandes nomes da
prova, como John Flanagan, que entre 1896 e 1909 realizou lançamentos de
44,80 m a 56,18 m, tendo se tornado três vezes campeão olímpico, outro nome
foi Matt McGrath, que se tornou campeão olímpico em 1912, com o recorde
mundial de 57,15 m.

3.1 Fases

Além da concentração, fase já comentada anteriormente, a empunhadura


do martelo é fundamental, ou seja, segurar da forma correta ajuda em um bom
lançamento. A recomendação técnica é que apenas uma das mãos segure a
manopla e a outra fique por cima da primeira. Se o giro durante o lançamento for
da direita para a esquerda, a mão que fica em contato com a manopla é a
esquerda, e se o giro for da esquerda para a direita, a mão de contato é a mão
direita.
Na posição inicial o praticante deverá ficar com as pernas em afastamento
lateral mais que a largura dos ombros e com os joelhos flexionados, podendo a
cabeça do martelo ser colocada ao lado do corpo, no chão. O local deverá ser
dentro do setor, de costas para a área de queda, o mais afastado possível da
área de queda.
Na sequência, o atleta deverá iniciar os molinetes ou também chamado
impulso inicial do martelo. Por meio destes movimentos o martelo conseguirá
adquirir velocidade suficiente para ser lançado. Segurando o martelo pela
manopla, o praticante deverá executar movimentos circulatórios ao redor do
corpo com os braços, procurando manter os braços em total extensão quando

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estiverem à frente do corpo, e com os cotovelos flexionados quando estiverem
atrás da cabeça.
Após executarem dois ou três molinetes, pois depende muito do atleta, e
já estiverem com velocidade ideal, deve-se iniciar os giros. Se o giro é feito da
direita para a esquerda, o pé eixo é o esquerdo, e esse pé não pode perder o
contato com o solo até finalizar o lançamento. Esse pé deve transferir a base do
calcanhar para a ponta do pé durante os giros (Figura 5), em velocidade
progressiva, ou seja, acelerando sempre, até lançar. O pé livre passa ao lado do
pé eixo sempre próximo do corpo.

Figura 5 – Lançamento de martelo: fase de giro

Créditos: Muzsy/ Shutterstock.

Após realizar 2, 3 ou 4 giros, o que depende muito da qualidade técnica


do atleta, inicia-se o lançamento propriamente dito. Nesse momento o atleta
estará de costas para o setor de queda e deve, sempre acelerando, realizar uma
combinação de movimentos, começando pelo quadril, tronco, pescoço, cabeça
e braços de lançamento, finalizando na ponta dos pés.
Algo muito importante é a trajetória do martelo durante os molinetes e,
também, durante os giros. Sabendo que o atleta inicia os movimentos de costas
para o setor de queda e tendo sempre essa posição como referência, o martelo

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estará, sempre, na sua trajetória, embaixo quando à frente e em cima quando
atrás. E sua trajetória é elíptica, ou seja, o ponto mais baixo fica à direita do
atleta, e o ponto mais alto fica à esquerda, isso pensando em um giro da direita
para a esquerda.
Após soltar o martelo o praticante deverá continuar a fazer os giros
diminuindo a velocidade gradativamente, para evitar sair pela frente do setor de
lançamento. Essa é a chamada fase de reversão.

3.2 Regras

Algo interessante é que o atleta pode usar uma luva, apenas uma luva e
na mão que está em contato com a manopla do martelo, e essa luva deve estar
com a ponta dos dedos cortada, ou seja, os dedos do atleta devem estar à
mostra. E da mesma forma que no disco e peso, as regras básicas são as
mesmas: o praticante tem o tempo limite de 1 minuto para iniciar o lançamento;
não pode tocar o solo ou sair pela parte da frente do setor de lançamento; o
martelo deve cair dentro do setor de queda e o atleta somente pode sair do setor
após o martelo tocar o solo.

TEMA 4 – LANÇAMENTO DE DARDO

A proposta deste tópico é fazer com que você possa reconhecer e traduzir
o lançamento de dardo e sua técnica, bem como adaptações da técnica, espaço
e equipamento para prática.
O lançamento de dardo é uma das provas mais antigas do atletismo.
Existem registros de 1886 com o sueco Wiger com o 1° recorde nacional, com a
marca de 35,81 m e, na sequência, aparecem as marcas de 53,89 m e 62,32 m
do sueco Eric Lemming, em 1906. Nessa época, a Suécia dominava a prova e,
a partir de 1920, o domínio passa para a Finlândia, e é importante comentar que
durante 9 olimpíadas, de 1908 a 1952, esses dois países se revezam na
liderança mundial da prova. Dessa época temos o finlandês Matti Järvinen, que
ainda hoje é considerado como um dos melhores lançadores do mundo. O
grande destaque, que é dado para a Finlândia, é devido ao seu número de
habitantes. Esse finlandês contribuiu muito com a adoção, em 1920, de um estilo
próprio de lançamento, chamado passo cruzado à frente.

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4.1 Fases

O lançamento de dardo possui em sua descrição técnica várias fases,


algumas já citadas em outras provas. A concentração é a mesma das demais,
momento de se pensar positivamente na prova. A empunhadura é a forma e o
local de segurar o dardo. Por opção do atleta e com orientação do treinador ou
professor, o praticante pode optar pela melhor forma de segurar, que são três:
empunhadura finlandesa ou clássica, empunhadura americana ou normal e a
empunhadura sueca ou garra. Na Figura 6 observa-se a empunhadura
americana ou normal. Na empunhadura clássica a diferença está na posição do
dedo indicado, que fica em extensão atrás do dardo. E na empunhadura sueca
os dedos indicador e médio fazem uma garra ao redor do dardo. A melhor
empunhadura a ser utilizada pelo aluno é aquela que ele melhor se adapta. E a
empunhadura, por regra, deve ser realizada no encordamento, e não em outro
local do dardo.

Figura 6 – Lançamento de dardo – empunhadura

Créditos: Aleksandar Kamasi/ Shutterstock.

As fases de posição inicial e corrida ocorrem juntas, com o praticante


segurando o dardo pelo encordamento acima do ombro próximo da cabeça, e
realizando uma corrida coordenada, com velocidade progressiva. A fase de

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recuo ocorre com o braço de lançamento se estendendo para trás, com a palma
da mão para cima, ficando a ponteira do dardo muito próximo do rosto do
praticante.
Paralelo ao recuo também ocorrem as cruzadas, que são movimentos
que as pernas realizam em preparação para o lançamento (Figura 7). A posição
de força é a passagem da corrida para o lançamento propriamente dito, é quando
o atleta toma a melhor posição mecanicamente falando antes de lançar. O
lançamento inicia por uma combinação de movimentos, de baixo para cima.
Quadril, tronco, braço livre e por último o braço de lançamento. Extremamente
importante é trazer o cotovelo antes da mão com o dardo, pois o cotovelo dá
direção ao lançamento e forma mais uma alavanca para ele. A última fase é a
recuperação ou reversão quando se recupera da corrida, evitando ultrapassar a
linha limite do corredor de aproximação.

Figura 7 – Lançamento de dardo – cruzadas

Créditos: Evrenkalinbacak/ Shutterstock.

4.2 Regras

As regras da prova de lançamento do dardo são simples: o dardo deve


ser seguro pela empunhadura e lançado por sobre o ombro; a ponta metálica
deve tocar o solo antes de qualquer outra parte do dardo; durante o lançamento,

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até a queda do dardo, não pode voltar as costas para a área de queda; se tocar
com qualquer parte do corpo as linhas demarcatórias da área de lançamento; se
lançar o dardo fora do setor de queda e se deixar o corredor antes que o
implemento tenha tocado o solo.

TEMA 5 – APTIDÃO FÍSICA NOS SALTOS, ARREMESSO E LANÇAMENTOS

Fazer com que você conheça e possa identificar as exigências físicas de


saltos e lançamentos e avaliar a sua realização é a proposta desse tópico.
Importante recordar que as “diferenças relativas ao sexo no desempenho físico
são explicadas, principalmente, pelas diferenças nas características fisiológicas
e morfofuncionais de homens e mulheres” (Fortes; Marson; Martinez, 2015, p.
4).
Fortes, Marson e Martinez (2015, p. 4) ainda comentam que “os homens
possuem maior massa muscular em termos absolutos e relativos (quando
dividida pelo peso corporal total), enquanto as mulheres apresentam maior
percentual de gordura corporal, o que resulta, por exemplo, em menor eficiência
termorregulatória nos exercícios em ambientes quentes”.

5.1 Valência física força

Segundo definição, a força é a capacidade física de superar uma


resistência externa (Gomes, 2009). Fazer força é compreendido como a
necessidade muscular para realizar toda e qualquer ação motora, partindo da
mais simples tarefa motora diária, como carregar um pequeno balde d´água, até
uma ação motora complexa, como o nado borboleta na natação.
Independentemente da prova, é importante destacar as diferenças no
componente força quando tratamos de homens e mulheres. Para Fortes, Marson
e Martinez (2015, p. 9),

em geral, a força muscular absoluta da mulher média é de sessenta e


três e meio por cento (63,5%) da força do homem. A força muscular da
parte superior do corpo das mulheres é de quase cinquenta e seis por
cento (55,8%) da força dos homens, e a força muscular da parte inferior
do corpo das mulheres gira em torno de setenta e dois por cento
(71,9%) da força dos homens.

Interessante comentar que entre os alunos mais jovens, escolares, por


exemplo, que estão “envolvidos em brincadeiras, estão aumentando a força de
suas pernas correndo e andando de bicicleta. A força de seus braços é

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desenvolvida por meio de atividades, como erguer ou carregar objetos e
manusear ferramentas” (Rover et al., 2011, p. 2).

5.2 Valência física velocidade

A velocidade está presente em todas as provas do atletismo e em algumas


se faz mais necessário o trabalho de estímulo e/ou aperfeiçoamento (Barboza
Neto, 2021; Mariano et al., 2011).
Nas provas de salto é mais visível a necessidade de se trabalhar
velocidade quando vemos a corrida. Porém, quando analisamos os
lançamentos, é importante destacar a velocidade de membros superiores
também. E para os lançadores, possuir velocidade nos braços é fundamental.
Para Mariano et al. (2011) é fundamental e forte o relacionamento do
desempenho do salto vertical com as manifestações de força. Para os autores,
o relacionamento entre as manifestações de força e o desempenho da
velocidade de deslocamentos foram significantes e fortes.

5.3 Valência física flexibilidade

A flexibilidade pode ser definida como sendo a maior “amplitude fisiológica


de movimento para a execução de um gesto qualquer” (Farinati, 2000, p. 1), e
no atletismo, nos saltos e arremessos, a flexibilidade se faz presente em vários
momentos.
Segundo Farinati (2000), diversos trabalhos apontam para a necessidade
de se trabalhar a flexibilidade durante as diferentes etapas do treinamento.

Muitos técnicos indicam a necessidade de incluí-la nos programas de


treinamento com a finalidade de prevenção de lesões e melhora do
rendimento. Ainda sugerem que tipos específicos de flexibilidade
podem melhorar o desempenho no salto em distância, velocidade de
corrida e arremessos. Ainda que, entre os fundistas, os estudos
tendem a não apontarem variações de desempenho entre atletas com
diferentes graus de flexibilidade, apesar disso poder assumir
importância maior em modalidades que exijam transposição de
obstáculos, como no steeplechase. (Farinati, 2000, p. 3)

A valência física flexibilidade está relacionada

com a capacidade elástica dos músculos e tecidos conectivos,


somados aos fatores ósseos e de movimento das articulações, que
implicam a dinâmica do movimento humano. Essa valência diferencia-
se em função do gênero: o sexo feminino possui maior amplitude de
movimento articular do que o masculino, aliada a uma maior
flexibilidade global. (Fortes; Marson; Martinez, 2015, p. 11)

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NA PRÁTICA

Trabalhar o arremesso e os lançamentos nas escolas ou em algum outro


local, independentemente do público, é extremamente fácil, agradável e
produtivo. Para os lançamentos e arremesso é possível utilizar vários e
diferentes formatos de materiais e com diferentes massas (pesos). Mas como se
trata de materiais pesados, devemos sempre ter em mente a questão de
segurança, sempre cuidar com a realização das atividades para não oferecer
riscos aos alunos quando executarem os movimentos. A sugestão para isso é
utilizar o modelo comando, que é: o professor comanda as ações e não podem
fazer diferente, todos lançam ao mesmo tempo e todos vão buscar ao mesmo
tempo.
Para o arremesso de peso podemos iniciar um trabalho com escolares
utilizando bolinhas de tênis, solicitando com que os alunos façam movimentos
de arremesso para cima, para baixo, para frente, para trás, somente com a mão
direita, somente com a mão esquerda, com as duas por sobre a cabeça, com as
duas para trás por entre as pernas.
Pode-se trabalhar de forma individual, se houver material para todos ou
em duplas ou pequenos grupos. É possível solicitar pequenos lançamentos entre
as duas utilizando bolas pequenas de borracha. E sempre aproximando dos
movimentos técnicas da prova, ou seja, de costas, de lado ou de frente para uma
área de queda.
Para o disco é possível utilizar cones e arcos, também conhecidos como
bambolê. É possível solicitar movimentos laterais com lançamentos, estando o
braço em extensão. O uso do cone é para servir de alvo, tentar acertar o arco no
cone. Pode-se solicitar lançamentos primeiro de frente, depois de lado e, por fim,
de costas para o cone, lembrando que é importante trabalhar os dois braços, não
somente o lado dominante. Após dominar o lançamento parado, podemos
solicitar com giro da mesma forma.
Para o dardo, temos a brincadeira da queimada, conhecida em muitos
locais como caçador, na qual o praticante pode utilizar todos os movimentos do
lançamento de dardo, como a empunhadura, corrida e lançamento. Pode-se
pedir para lançar a bolinha ou bola com a mão direita, com a mão esquerda, de
diversas formas. Após algum tempo utilizando materiais alternativos, passa-se
para o dardo, e com esse material podemos pedir o lançamento parado, apenas

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fazendo o recuo e, na sequência, o lançamento perto, para depois pedir para
lançar longe. Na sequência, com três passos e lançamento e após algum tempo
de prática com a corrida completa.
Para o martelo, brincadeiras que envolvam o movimento de giro, que será
necessário no lançamento propriamente dito. Também brincadeiras em que os
braços podem alternar entre estendidos e flexionados. Pode-se pedir, segurando
um cone ou um bastão com os braços em extensão, que os alunos girem em um
dos pés, parando na mesma posição que iniciaram. Importante solicitar giros
para os dois lados, sempre cuidando de trabalhar os dois lados do corpo.

FINALIZANDO

Conhecer o uso e a importância do arremesso de peso e dos lançamentos


de disco, dardo e martelo é bastante interessante quando regressamos na
história humana e entendemos o que era necessário para a sua sobrevivência,
quando entendemos a importância dos lançamentos para a época em questão.
E não somente no passado, mas também atualmente os lançamentos, os gestos
de lançar ou arremessar são bastante úteis no dia a dia.
E entender quais são as necessidades ou características físicas das
pessoas ou praticantes dessas provas se torna necessário para compreender,
planejar e prescrever possíveis rotinas de treino ou exercícios para o
desenvolvimento ou aperfeiçoamento dessas provas.

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REFERÊNCIAS

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