1çççED INCLUSIVA LIBRAS
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COMPLEMENTAÇÃO DE ESTUDOS
Desenvolvimento
A história da educação direcionada ao público surdo não é recente. Ao analisar os grupos minoritários da
sociedade, em especial os indivíduos que têm algum tipo de perda auditiva, é possível perceber que nem
sempre foi prioridade transmitir conhecimento para esse grupo. Os interesses econômicos sempre
estiveram presentes no meio social, e ao surdo, então, por aparentemente não oferecer lucro para a
sociedade, não era dada uma atenção diferenciada.
Dois momentos históricos se destacam na ascensão, mesmo que lenta, do ensino da língua de sinais.
Sentiu-se a necessidade, ainda no século XVI, de fazer com que os surdos tivessem o seu espaço na
sociedade, no entanto, como na maioria dos casos, isso foi pautado nos interesses econômicos.
Sobre essa questão, há teóricos que expõem de modo bastante claro como se dava o processo de ensino
para o referido público, como transcrito abaixo por um deles:
[...] a educação de surdos, na época, se destinava aos filhos de ricos e nobres, que queriam garantir a
continuidade de seus bens materiais no próprio seio familiar, pois o filho surdo, em alguns casos, teria que
ter alguns conhecimentos para administrar os bens da família. Um exemplo prático está na atuação do
monge beneditino Pedro Ponce de Leon (1510–1584), que se dedicou à educação desses surdos da corte
espanhola (SILVA, 2006, p. 18).
Os surdos que não tinham recursos suficientes oferecidos por suas famílias viviam à margem da sociedade.
É então que, no século XVIII, com a necessidade de agregar esse público marginalizado, surge a primeira
escola pública para surdos, em Paris. Esta formava profissionalmente em diversas áreas a comunidade a
que ela estava direcionada.
No século seguinte, no ano de 1880, surge um evento que marcará o retrocesso da formação do indivíduo
com surdez — o Congresso de Milão. Neste, discutiu-se sobre as diferentes formas de aprendizado e as
implicações desse ensino para os surdos. No encontro, foi imposto o método oral para a educação de
pessoas surdas, impedindo que a língua de sinais fosse propagada. Países como a Bélgica, a Itália e os
Estados Unidos estiveram presentes nesse evento, que reuniu dezenas de interessados na temática. Nesse
momento, nota-se na história da educação surda um retrocesso que proporcionou influências negativas ao
crescimento e à inserção do indivíduo surdo na comunidade.
No Brasil, em meados do século XIX, notam-se as primeiras iniciativas referentes à prática da educação
para surdos. D. Pedro II apresentou essa idéia em seu império e proporcionou propostas voltadas para a
inclusão dessa classe na sociedade. No entanto, é possível notar que a prática de inserção do surdo no
ambiente escolar desde a infância vem sendo propagada de forma mais intensificada nos nossos dias por
meio da política inclusiva, embora ainda seja insuficiente. Nota-se um empenho maior por parte dos que
regem a prática em viabilizar políticas públicas como modo de inserir essa classe em um meio isento de
preconceito e liberto de restrições sociais, todavia há ainda um caminho longo a ser traçado.
Um dos desafios enfrentados pelos profissionais de Libras é o ensino de Língua Portuguesa para o
indivíduo surdo. Sabe-se que a aquisição da linguagem de uma criança surda se diferenciará em alguns
aspectos da criança ouvinte. Um exemplo disso é o fato de a segunda conseguir formar frases, embora
estas sejam desorganizadas, enquanto a primeira não tem a oralidade como a sua principal ferramenta para
a comunicação.
No entanto, percebe-se também que essa apropriação da comunicação se dá de diferentes modos, cada um
não menos significativo do que o outro. É nesse momento que a Libras se insere no meio do indivíduo com
surdez. De acordo com isso, o autor do trecho posposto expõe que:
[...] a Libras substitui a audição e a fala como apoios para o processamento e a produção na língua escrita.
É a primeira língua da criança que norteia a apropriação da escrita, portanto. Entretanto, a primeira língua
do surdo é diferente da segunda. E, por muito tempo, isso não era levado em conta. Os alunos surdos eram
(e muitos ainda hoje são) “ensinados” sob teorias que vimos anteriormente que só se aplicam a crianças
ouvintes. Simplesmente, a criança surda não tem como construir sua escrita a partir da oralidade, muito
menos correlacionar aspectos dela com outros da escrita. A criança surda percorre caminhos próprios, uma
vez que deve aprender a escrever uma língua que ela, em geral, não fala e não domina.