E04M23 AbordProblSistNervoso Color
E04M23 AbordProblSistNervoso Color
E04M23 AbordProblSistNervoso Color
MÓDULO 23
Abordagem
a problemas
do sistema
nervoso
Programa Médicos pelo Brasil
EIXO 4 | ATENÇÃO À SAÚDE
MÓDULO 23
Abordagem a
Problemas do
Sistema Nervoso
Ministério da Saúde
Universidade Federal do Ceará (UFC)
2023
Instituições patrocinadoras:
Ministério da Saúde
B823a
Inclui referências.
124p. : il., gráfs., organogs., tabs. (Programa Médicos pelo Brasil. Atenção à saúde ; 4).
ISBN: 978-65-84901-17-9
1. Sistema nervoso. 2. Atenção à saúde. 3. Sistema Único de Saúde. 4.UNA-SUS. I. Título II.
Universidade Federal do Ceará. III. Série.
CDU 610
Referência bibliográfica
MINISTÉRIO DA SAÚDE. UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ. Abordagem a problemas do
sistema nervoso [módulo 23]. In: MINISTÉRIO DA SAÚDE. Programa Médicos pelo Brasil.
Eixo 4: Atenção à saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2022. 125 p.
Ministério da Saúde
Marcelo Antônio Cartaxo Queiroga Lopes | Ministro
Coordenador Geral
Luis Roberto de Oliveira
Coordenador do Módulo
Marco Túlio Aguiar Mourão Ribeiro
Gestão de Projetos
Raquel de Melo Rolim
Designer Gráfico
Emanoel ALves Cavalcante
Designer Instrucional
Maria Mirislene Vasconcelos Ferreira
Ilustradores de EaD
Francisco Cristiano Lopes de Sousa
Márcio Gurgel Pinto Dias
EEG Eletroencefalograma
VPPB Vertigem Paroxística Posicional Benigna
GJ Glicemia De Jejum
OLÁ,
Seja bem-vindo ao Módulo Abordagem aos Problemas do Sistema Nervoso!
Este módulo foi elaborado especialmente para você, pensando nas dificuldades.
encontradas no seu cotidiano de trabalho no que diz respeito à abordagem ade-
quada dos pacientes apresentando problemas relativos ao sistema nervoso.
O módulo foi organizado em oito unidades, são elas: Exame físico e Neurológico,
Cefaleia, Abordagem da Tontura na Atenção Primária, Convulsões E Epilepsia, De-
mência e outras condições neurodenerativas, Neuropatias Periféricas, Doenças
Cerebrovasculares, Tremores e Síndromes Parkinsonianas.
Os conteúdos foram estruturados considerando de modo geral o exame clínico, os
diagnósticos diferenciais, as sugestões de tratamento medicamentoso e não me-
dicamentoso e os critérios de encaminhamento.
Esperamos que você tenha um bom estudo!
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EIXO 04 | MÓDULO 23 Abordagem a problemas do sistema nervoso
UNIDADE 01
Exame físico e
neurológico
Objetivo de aprendizagem
1. Utilizar o exame neurológico como ferramenta auxiliar para a elucidação diag-
nóstica de queixas comuns na APS;
2. Detectar sinais de patologias específicas do sistema nervoso através do exame
físico;
3. Detectar alterações do sistema nervoso relacionadas a doenças crônicas como
a diabetes, a hipertensão e o glaucoma.
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EIXO 04 | MÓDULO 23 Abordagem a problemas do sistema nervoso
INTRODUÇÃO DA UNIDADE
O exame neurológico direcionado está entre as habilidades necessárias para o médico
que atua na APS. Através dele, podemos descartar causas graves e potencialmente
ameaçadoras à vida para situações ou problemas frequentes no ambulatório da
atenção primária.
Antes de iniciar a consulta, na entrada do paciente ao consultório já podemos ob-
servar: a marcha; a postura; as fácies; o vestuário; e a apresentação do paciente.
Ao longo do exame neurológico, devemos identificar (e registrar adequadamente
em prontuário) eventuais alterações visuais, cognitivas, motoras e sensitivas. Por
mais que a densidade tecnológica do exame neurológico possa ser infinita, com
poucos recursos é possível diferenciar diversos sinais. A capacidade de observação
e atenção do médico são mais importantes que qualquer recurso material.
Nesta unidade, procuramos desmistificar a realização do exame físico neurológico
e sistematizá-lo de uma forma que ele seja naturalmente incorporado à nossa técnica
de exame na APS e aprofundado de acordo com a necessidade de cada caso.
Vamos tentar seguir uma sequência lógica a partir da entrada do paciente no con-
sultório e posteriormente numa sequência crânio-caudal.
Bons estudos!
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EIXO 04 | MÓDULO 23 Abordagem a problemas do sistema nervoso
Lembre-se!
Se na apresentação do paciente foi percebido um desvio da rima
da boca, nesta fase deve ser examinada a face quanto à sime-
tria, à presença dos sulcos, outros desvios, alterações de sensi-
bilidade. Ao pedir para o paciente franzir a fronte, fechar os
olhos, assobiar ou sorrir, estaremos avaliando a função motora
do nervo facial (VII) confirmando a suspeita inicial ou perceben-
do uma variação da normalidade que é própria do paciente.
Para sintetizar e facilitar o exame dos nervos cranianos, listamos abaixo sugestões
de como examinar melhor cada um dos nervos, em disposição crânio-caudal (Cam-
pbell, 2014):
Quadro 1 – Exame dos nervos cranianos
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EIXO 04 | MÓDULO 23 Abordagem a problemas do sistema nervoso
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EIXO 04 | MÓDULO 23 Abordagem a problemas do sistema nervoso
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EIXO 04 | MÓDULO 23 Abordagem a problemas do sistema nervoso
mam ser poupados nas lesões centrais porque esses músculos recebem eferência dos
dois hemisférios cerebrais. O acometimento do nervo facial também pode cursar com
olho seco pela falta de lacrimejamento, seja perda auditiva de condução e seja perda do
reflexo estapédico (que se manifesta como desconforto auditivo para sons mais altos).
Vestíbulo-coclear: uma forma simples de testar a função deste nervo é produzir sons
discretos em cada lado da cabeça, com o doente de olhos fechados, e questionar dife-
renças. Ao exame “desarmado”, o arrastar de dedos próximo ao ouvido ou o atritar de
cabelos produz som suficiente, o que pode ser facilmente repetido do outro lado. Um
diapasão vibrando, por sua vez, pode enriquecer o exame ao diferenciar as hipoacusias
por condução ou sensibilidade.
Glossofaríngeo, vago e hipoglosso: à inspeção da orofaringe, podemos identificar fra-
queza muscular na elevação do palato mole ao pedir para o paciente dizer “ah” e ausên-
cia ou debilidade no reflexo do vômito ao estimular à porção posterior da língua do pa-
ciente, assim já avaliamos a função dos nervos glossofaríngeo e vago respectivamente.
Pedindo para o paciente protrair a língua, observando a presença ou a ausência de
desvios, vamos avaliar a função do nervo hipoglosso.
Acessório: devemos observar atrofias musculares nos esternocleidomastóideos e
nos trapézios, além de pedir para o paciente elevar os ombros. A fraqueza no movi-
mento pode indicar disfunção desse nervo.
1.3 EXAME DO ESTADO MENTAL
Durante a anamnese, deve ser avaliada a presença de déficits cognitivos- memória,
cálculo, orientação, atenção e linguagem- que podem indicar acometimento cere-
bral. A aplicação de testes como o Mini Exame do Estado Mental pode ser um bom
parâmetro para comparações futuras de um mesmo paciente, transformando queixas
subjetivas em uma pontuação padronizada.
O teste leva entre 5 e 10 minutos e pode ser visto em detalhes no link abaixo. Embora
no documento da UNASUS o examinador se refira ao examinado sempre como
“idoso”, esse teste é uma boa ferramenta de triagem cognitiva na população adulta
em geral. Importante notar como diferentes validações do teste consideram pontu-
ações ligeiramente diferentes como um mesmo estrato, mas não diferindo mais do
que 1 ponto, em geral.
Sugerimos essa leitura do teste Mini Exame do Estado Mental (MEEM) para aprofundar
seus servir de como sugestão para uso.
Disponível em:
https://app2.unasus.gov.br/UNASUSPlayer3/recursos/SE_UNASUS_0001_SAUDE_PESSOA_IDOSA/5/lib/docs/mini-exame-do-estado-mental.pdf
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EIXO 04 | MÓDULO 23 Abordagem a problemas do sistema nervoso
Conceitos importantes:
Paralisia é a perda total de força de um membro ou segmento
corporal; paresia é a redução da força. O prefixo “mono” indica
um membro afetado e o prefixo hemi indica um lado do corpo
afetado.
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EIXO 04 | MÓDULO 23 Abordagem a problemas do sistema nervoso
Grau Achado
0 Ausente
1 Balanço ou traço de contração
2 Movimento ativo sem a gravidade
3 Movimento ativo contra a gravidade
4 Movimento ativo contra a gravidade e a resistência
5 Força normal
Fonte: McGhee (2012)
REFLEXÃO
Você já parou para pensar que pacientes com lesões cerebrais tem
suas incapacidades subestimadas pela avaliação simples de força
muscular? Pois bem as alterações da coordenação dos movimen-
tos podem passar despercebidas quando a força muscular é normal.
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EIXO 04 | MÓDULO 23 Abordagem a problemas do sistema nervoso
• Ataxia;
• Consiste em movimentos voluntários descoordenados, avaliados através do
exame da marcha, teste index nariz ou movimentos rápidos e alternados;
• Estica-se a palma e pede-se que o paciente alterne toques no próprio nariz e na
palma do examinador. Ao movimentar a palma durante o exame, podemos sen-
sibilizar o teste. Podemos ainda identificar alterações nas medidas dos movimen-
to (dismetria). A associação com tremor de intenção (aquele que surge quando
o dedo se aproxima do alvo) fala a favor de doenças cerebelar;
• A dificuldade em executar movimentos rápidos e alternados, por exemplo, pronar
e supinar as mãos repetidamente o mais rápido que puder, é chamada de dis-
diadococinesia e indica lesões cerebelares;
• Teste do pronador: O paciente mantém os braços esticados para a frente com
palmas para cima (supinado) e fecha os olhos por 45 segundos. O braço contra-
lateral à lesão tende a cair e girar a palma para baixo (pronação);
• Teste do rolamento: O paciente dobra os cotovelos e mantém os antebraços pa-
ralelos à frente do corpo. Então vai rotacionar os antebraços nas duas direções
um sobre o outro por 5 segundos. A anormalidade vai consistir no braço contra-
lateral ficar parado enquanto o outro órbita em seu redor;
• Teste da batida rápida de dedos: O paciente bate rapidamente o dedo indicador
e polegar normalmente a uma frequência de 2 batidas por segundo. A redução
da velocidade do movimento como se os dedos colassem vai indicar o membro
acometido contralateral à lesão.
Durante a avaliação da força muscular, procede-se simultaneamente à avaliação do
trofismo muscular. Atrofia pode indicar desuso ou doença do neurônio motor inferior.
Hipertrofia pode estar associada a distrofias ou outras afecções neuromusculares. As
fasciculações (torções rápidas e involuntárias de um músculo) também podem estar
presentes à inspeção e em pessoa saudáveis sem significado clínico quando isoladas.
Associadas à fraqueza ou atrofia, podem indicar doença do neurônio motor inferior,
geralmente no corno anterior da medula espinhal ou no nervo periférico proximal.
Fasciculações de língua estão presentes em 1/2 dos pacientes com esclerose lateral
amiotrófica.
A avaliação do tônus deve ser feita de forma passiva fletindo e estendendo os membros
do paciente. Pode estar aumentado indicando espasticidade, rigidez ou paratonia ou
diminuido. A espasticidade está relacionada à lesão no neurônio motor superior e
apresenta 3 características. Confira abaixo:
• O tônus aumenta com a velocidade do movimento, aumentando a resistência a
este;
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EIXO 04 | MÓDULO 23 Abordagem a problemas do sistema nervoso
Lembre-se!
A postura dominante de flexão de extremidades, com os quatro
membros semi-fletidos, é fisiológica nos recém-nascidos e rela-
ciona-se com o processo de maturação do sistema nervoso
central.
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EIXO 04 | MÓDULO 23 Abordagem a problemas do sistema nervoso
Figura 05 - Dermátomos
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EIXO 04 | MÓDULO 23 Abordagem a problemas do sistema nervoso
Os dermátomos consistem em regiões da pele inervada por uma única raiz nervosa
ou segmento espinhal. Seu exame nos permite distinguir perdas sensitivas em um
único território de uma raiz nervosa e qual o nível neurológico em uma lesão espi-
nhal. Utiliza-se o mapa de dermátomos para sua avaliação. Para fins de localização,
considera-se o último segmento com sensibilidade preservada. Por exemplo, um
paciente com sensibilidade até os mamilos, define-se como nível sensorial de T4.
O nível sensitivo pode estar alguns segmentos abaixo da lesão.
REFLEXÃO
Cervical Lombar
C3 Fossa Supraclavicular L1 ponto médio entre T12 e L2
C4 Ápice da A. Acromioclavicular L2 Metade anterior da coxa
C5 Face lateral da fossa antecubital L3 Cõndilo femoral medial
C6 Polegar L4 Maléolo medial
C7 3º Quirodáctilo L5 Dorso do pé até a 3ª articulação me-
C8 5º Quirodáctilo tatarsofalangeana
Torácico Sacral
T1 Face medial (ulnar) da fossa Sacral
antecubital S1 Lateral do calcaneo
T2 Ápice da axilla S2 Linha média da fossa poplitea
T4 4º espaço intercostal (linha dos S3 Tuberosidade isquiatica
mamilos) S4-5 Nível perianal
T10 10º espaço intercostal (umbigo)
T12 Ligamento inguinal (metade)
Fonte: Adaptado de McGhee, (2012)
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EIXO 04 | MÓDULO 23 Abordagem a problemas do sistema nervoso
Em seguida, faremos uma breve descrição sobre os reflexos tendinosos, para ajudar
a definir o diagnóstico topográfico.
1.8 EXAME DOS REFLEXOS
Os reflexos são contrações involuntárias dos músculos em resposta a determinado
estímulo. Podem ser classificados em 3 tipos: reflexos de estiramento muscular, re-
flexos cutâneos e reflexos primitivos.
1.8.1 REFLEXOS DE ESTIRAMENTO MUSCULAR
Estes reflexos estão presentes na maioria das pessoas saudáveis.
Técnica: utilizando o martelo de exame neurológico, deve-se percutir o tendão pro-
ximal ao músculo a ser testado com uma batida firme do martelo de maneira a
causar um estiramento súbito e como resposta uma contração involuntária do
músculo.
A seguir, sintetizamos, na tabela 3, os principais reflexos de estiramento muscular,
com o nervo correspondente e o nível espinhal testada.
Os reflexos musculares são resultados do funcionamento adequado do neurônio
motor inferior ou nervo periférico e do neurônio motor superior. Lesões no trato
periférico vão diminuir ou abolir o reflexo e no trato superior vão aumentar o
reflexo, lesão ao nível da medula espinhal diminui ou abole o reflexo acima e
aumenta abaixo da lesão.
Figura 06 - Reflexos musculares
Grau Achado
0 Ausente
1 Diminuído
2 Meia amplitude do normal
3 Maior que meia amplitude do normal
4 Aumentado
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EIXO 04 | MÓDULO 23 Abordagem a problemas do sistema nervoso
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EIXO 04 | MÓDULO 23 Abordagem a problemas do sistema nervoso
Na APS, sua pesquisa faz parte da rotina das consultas de puericultura na avalia-
ção do crescimento e do desenvolvimento de recém-nascidos e crianças.
1.9 FUNDOSCOPIA
O EXAME DE FUNDO DE OLHO E FUNDOSCOPIA FAZ PARTE DA AVALIAÇÃO NEUROLÓ-
GICA DE ROTINA.
O bom conhecimento do oftalmoscópio e de sua utilização permite ao médico ge-
neralista ampliar seu leque diagnóstico de problemas oftalmológico e facilitar o en-
caminhamento e condução de seus pacientes com queixas oftálmicas.
Recomenda-se que os médicos de família e comunidade tenha o oftalmoscópio e
estejam devidamente treinados para realizar esse exame. Para a realização da fun-
doscopia é preferível dilatar a pupila. Mas tendo em vista algumas limitações ineren-
tes à atenção primária como limitação de insumos, do próprio paciente, de pessoal
e dos riscos inerentes ao próprio procedimento, podemos executar a oftalmoscopia
satisfatoriamente com uma pupila não dilatada. A realização da oftalmoscopia com
a pupila não dilatada fica mais limitada e para diminuir essa limitação recomenda-
-se sua realização em uma sala escura. Ligue o oftalmoscópio e ajuste a saída de luz-
branca e ajuste a lente para dioptrias zero.
Para examinar o olho direito do paciente, segure o oftalmoscópio no olho direito
com a mão direita. Para examinar o olho esquerdo do paciente segurando o instru-
mento no olho esquerdo com a mão esquerda. Solicite que o paciente olhe para
frente e direcione o feixe de luz sobre a pupila e procurar o reflexo vermelho.
Em seguida, procure o disco óptico e coloque-o em foco ajustando as lentes do of-
talmoscópio. Utilizando-se a lente de +8.00 dioptrias do oftalmoscópio e estando o
médico a cerca de 20 cm do paciente vamos observar, através do oftalmoscópio, a
presença de um clarão avermelhado na pupila do paciente, que corresponde ao
róseo da retina e da circulação (teste do reflexo vermelho) realizado para triagem
neonatal para retinoblastoma. A ausência do reflexo vermelho sugere opacidade
dos meios intraoculares (como nas cataratas totais, nas hemorragias vítreas, no des-
colamento de retina ou em tumores).
Pode-se avaliar grosseiramente a ametropia através do oftalmoscópio, estimando-
-se de forma aproximada o defeito óptico do paciente pelo ajuste que se faz neces-
sário no disco do aparelho. Além do mais, pela visualização do fundo, imagens muito
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EIXO 04 | MÓDULO 23 Abordagem a problemas do sistema nervoso
ENCERRAMENTO DA UNIDADE
O domínio das técnicas do exame físico neurológico direcionado às principais queixas
e às alterações do sistema nervoso central, sua indicação e interpretação confere maior
resolutividade e autonomia para a condução dos pacientes na APS. Desenvolver essa
competência é fundamental a quem se propõe atuar na porta de entrada de um sistema
de saúde universal como o SUS.
Boa caminhada!
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EIXO 04 | MÓDULO 23 Abordagem a problemas do sistema nervoso
UNIDADE 02
Cefaleia
Objetivo de aprendizagem
1. Diferenciar as principais causas de cefaleia (primária e secundária);
2. Reconhecer os sinais de alertas de cefaleia;
3. Reconhecer a enxaqueca e a cefaleia tensional como as causas mais comuns
de cefaleia;
4. Realizar a abordagem diagnóstica baseada nos dados de anamnese e exame
físico;
5. Organizar plano terapêutico considerando o diagnóstico etiológico e fatores
individuais e contextuais da pessoa com cefaleia;
6. Conduzir situações de emergência em cefaleia na atenção primária à saúde;
7. Reconhecer as situações em que é necessário encaminhar uma pessoa com
cefaleia para atenção especializada.
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EIXO 04 | MÓDULO 23 Abordagem a problemas do sistema nervoso
INTRODUÇÃO DA UNIDADE
As dores de cabeça estão entre as queixas mais comuns nos consultórios médicos em
geral. Podem ocorrer por tantas razões que sua avaliação se torna difícil. As cefaleias
podem ser classificadas como agudas e crônicas. Dentre as crônicas, podem ser clas-
sificadas entre primárias ou secundárias. Esta abordagem e classificação inicial são es-
senciais para condução mais adequada.
Inicialmente, é importante fazer a diferenciação entre as cefaleias agudas e crônicas.
Enquanto as primeiras podem ser um sinal de alarme para patologias intracranianas,
as do segundo tipo normalmente não têm anormalidades anatômicas relacionadas,
mas podem causar prejuízo na qualidade de vida do paciente, seja pela limitação fun-
cional da dor, seja pelo abuso de medicamentos analgésicos. Desta forma, durante a
anamnese, devemos qualificar a queixa de dor de cabeça com o objetivo principal de
descartar causas graves potencialmente ameaçadoras à vida.
Dores de cabeça severas, de início agudo ou de padrão diferente do habitual ,deman-
dam avaliação específica e podem estar mais provavelmente associadas a patologias
intracranianas.
REFLEXÃO
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EIXO 04 | MÓDULO 23 Abordagem a problemas do sistema nervoso
Lembre-se!
As cefaleias crônicas também podem ser subdivididas entre primá-
rias e secundárias. São causas comuns de cefaleias primárias: en-
xaqueca, cefaleia tensional e cefaleia em salvas. Entre as secundá-
rias, devemos considerar espondilose cervical (cefaleia cervicogênica),
lesões com efeito de massa, trauma, doenças oftalmológicas ou
odontológicas, disfunção da articulação têmporo-mandibular, si-
nusite, hipertensão e mais uma série de outras doenças.
Embora a maioria dos pacientes com cefaleia no contexto da atenção básica não tenha
qualquer tipo de lesão intracraniana, essa possibilidade deve ser sempre considerada
durante seu raciocínio clínico (e buscada na anamnese e no exame físico), uma vez
que um terço dos pacientes com tumor cerebral, por exemplo, manifestam a dor de
cabeça como queixa inicial.
Na quase totalidade dos casos de cefaleias crônicas primárias, o exame de imagem
com tomografia ou ressonância magnética não tem nenhuma alteração apreciável.
Porém, conforme citamos no início desta unidade, a dor de cabeça pode ser isolada-
mente um sinal de lesões intracranianas potencialmente graves.
Desse modo, sempre que houver uma cefaleia de início súbito, que atinge sua inten-
sidade máxima em menos de um minuto, associada a déficit neurológico progressivo
ou persistente ou com qualquer sinal de hipertensão intracraniana no exame físico,
poderá ser solicitado exame complementar de imagem. A tomografia computadori-
zada de crânio sem contraste poderá ser solicitada preferencialmente para quadros
súbitos, enquanto a ressonância magnética de crânio com contraste para quadros crô-
nicos ou progressivos. (DIENER ET AL, 2018)
A suspeita de lesão estrutural (tumores, hidrocefalia ou malformações, por exemplo)
ou em que haja falha do esquema terapêutico inicialmente proposto por um período
superior a 3 meses devem ser encaminhadas para acompanhamento em nível secun-
dário. (CÔTÉ et al, 2019)
Uma anamnese detalhada é capaz de fazer o diagnóstico das cefaleias primárias mais
prevalentes: enxaqueca (ou migrânea), cefaleia tipo tensão e em salvas. Serão deta-
lhadas, a seguir, as peculiaridades de cada uma.
Sintematizamos um quadro abaixo para ajuda-los a abordar as pessoas com cefaléia
na APS. Em seguida faremos uma descrição das principais causas de cefaléia que vocês
irão abordar.
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EIXO 04 | MÓDULO 23 Abordagem a problemas do sistema nervoso
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EIXO 04 | MÓDULO 23 Abordagem a problemas do sistema nervoso
2.1 ENXAQUECA
A enxaqueca ou migrânea é o segundo tipo mais comum de cefaleia crônica primária,
depois da cefaleia tensional, entretanto causa dores mais frequentes- ao longo da vida
do indivíduo- e mais intensas. Sua origem está relacionada provavelmente a um de-
sequilíbrio entre a concentração de neurotransmissores, tais como a serotonina, a do-
pamina e a noradrenalina, o tônus da vascularização cerebral e o grau de ativação do
córtex cerebral. Assim, áreas do córtex cerebral se tornam temporariamente disfun-
cionantes (o que normalmente se manifesta como a aura) e depois ocorre uma vaso-
dilatação, que determina a dor em si. Devido ao fenômeno vasomotor associado, a
crise de enxaqueca tipicamente provoca uma dor pulsátil, “que lateja”.
REFLEXÃO
A migrânea sem aura caracteriza-se por crises com uma duração de 4 a 72 horas, com
localização unilateral de qualidade pulsátil cuja intensidade será de moderada a grave.
Pode ser agravada por atividade física de rotina, associadas aos sintomas como náuseas
e/ou vômitos, com ou sem fotofobia e fonofobia. Por fim, não será atribuível a outras
causas ou tipos de cefaleias.
Na migrânea com aura, as crises são precedidas de sintomas de aura totalmente re-
versível. Esses podem ser visuais, incluindo presença de sinais positivos, tais como
luzes, pontos ou linhas brilhantes; e/ou negativos -perda da visão- bilateralmente.
Podem também se manifestar como hiperestesia, hipoestesia ou parestesias. Os dis-
túrbios de fala ou linguagem são menos comuns e os sintomas motores são muito
raros.
O início das crises é percebido no final da adolescência e início da vida adulta. O que
nos faz identificar as crises de enxaqueca, sobretudo no início, são sintomas que as
acompanham, como fotofobia, fonofobia, borramento visual, déficit cognitivo transi-
tório (questão de minutos ou horas), náuseas e vômitos.
As crises de enxaqueca podem ser precipitadas por eventos estressores, mudanças
no padrão de sono, tanto “dormir pouco” como “dormir muito” podem ser gatilhos de
crises; assim como ausência de refeições ou mesmo pelo consumo de alimentos
específicos.
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EIXO 04 | MÓDULO 23 Abordagem a problemas do sistema nervoso
Quando a enxaqueca tem duração maior que 15 dias ao mês, por mais de três meses
será considerada migrânea crônica.
2.1.1 TRATAMENTO
Há terapêuticas para as crises de enxaqueca que chamamos de abortivas, que objeti-
vam encerrar a crise de dor de cabeça vigente; e outras que chamamos de preventi-
vas, que objetivam diminuir a frequência e a intensidade das crises.
Talvez mais que em outras doenças, os tratamentos para enxaqueca dependem da
orientação e do comprometimento do paciente, uma vez que não exigem a simples
tomada de uma medicação, mas mudanças de hábitos e o próprio reconhecimento
das crises. O tratamento adequado das crises e sua profilaxia serão cruciais para o
sucesso da terapêutica, conforme veremos a seguir.
2.1.2 TRATAMENTO ABORTIVO
O tratamento abortivo da crise vai depender da intensidade e gravidade desta mesma.
Normalmente, nas crises leves, recomenda-se o uso de analgésicos simples, como pa-
racetamol, dipirona, ibuprofeno ou naproxeno, associado ao repouso, se possível, por
cerca de 1-2 horas em um cômodo escuro e silencioso ajuda a diminuir os sintomas,
no entanto a persistência ou o agravamento da dor pode suscitar o escalonamento
da analgesia. Nos casos em que as crises forma moderadas, caso não se obtenha res-
posta com estas medicações, sugere-se associação com triptanos. Já nas crises mais
intensas, além destes, podem ser utilizados indometacina ou clorpromazina, dexame-
tasona ou haloperidol, associando-se os antiinflamatórios. (GUSSO, 2019)
Entretanto, o paciente deve ser orientado a não utilizar analgésicos por mais de 10
dias por mês, devido ao risco de desenvolver outro tipo de cefaleia, chamada de “ce-
faleia por abuso de analgésicos”, que abordaremos adiante nesta mesma unidade.
Para a enxaqueca, são utilizadas muito frequentemente medicações combinadas, que
desde algum tempo são encontradas com facilidade para compra pelo público leigo,
mesmo sem prescrição médica. As combinações normalmente envolvem um analgé-
sico e uma ou duas medicações com efeito vasoconstrictor, sendo uma delas frequen-
temente a cafeína, que tem ação adjuvante para a cefaleia.
Os derivados da ergotamina são historicamente mais usados em automedicação (atu-
almente o mais comum é a di-hidroergotamina) são vasoconstrictores com bom efeito
inicial, mas devem ser evitados durante a gravidez e em pacientes com alto risco car-
diovascular, por exemplo. (PAGE, 2011)
Os agentes serotoninérgicos, como os triptanos, são os medicamentos abortivos
com efeito vasomotor mais prescritos atualmente. Também são vasoconstrictores
e são contraindicados para gestantes, hipertensos severos e pacientes com histó-
ria de eventos isquêmicos anteriores. Entre os mais usados, temos o isometepte-
no (de baixa potência) e os mais potentes sumatriptano, zolmitriptano e naratrip-
tano. (PAGE, 2011)
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EIXO 04 | MÓDULO 23 Abordagem a problemas do sistema nervoso
Lembre-se!
O tratamento da cefaleia tensional se baseia no uso de anti-infla-
matórios não-esteroidais e analgésicos simples. Nos casos de dor
persistente, o tratamento profilático com antidepressivos tricícli-
cos, tais como amitriptilina 25mg à noite, podendo aumentar para
75 mg, caso seja necessário. Como outras opções podemos utilizar
a venlafaxina, 150 mg por dia; e a mirtazapina, 30 mg por dia. O
tratamento profilático deve ser feito por seis a doze meses, com
suspensão gradual. (GUSSO, 2018)
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EIXO 04 | MÓDULO 23 Abordagem a problemas do sistema nervoso
REFLEXÃO
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EIXO 04 | MÓDULO 23 Abordagem a problemas do sistema nervoso
Lembre-se!
São dores normalmente autolimitadas ao longo de cerca de 8-12
semanas. O tratamento sintomático inicial é feito com anti-infla-
matórios orais, mas a melhor resposta é com fisioterapia motora
antálgica.
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EIXO 04 | MÓDULO 23 Abordagem a problemas do sistema nervoso
Assim, encerramos esta rápida viagem pelas dores de cabeça. O estudo das cefaleias
pode ser infinito em suas ricas anamneses, seus muitos diagnósticos possíveis e sua
diversidade de tratamentos. Entretanto, aqui buscamos fortalecer os principais con-
ceitos e patologias que orbitam em torno dessa queixa tão frequente.
Muitas vezes, o paciente com dores de cabeça frequentes tem dificuldade de enten-
der que isso pode não ser apenas um sintoma e requerer uma abordagem farmaco-
lógica e não-farmacológica adequada à sua realidade.
Na APS, usando de atenção, escuta e conhecimento clínico, é possível manejar com
muito sucesso a maior parte das cefaleias.
Mãos à obra!
50
EIXO 04 | MÓDULO 23 Abordagem a problemas do sistema nervoso
UNIDADE 03
Abordagem da
tontura na atenção
primária
Objetivo de aprendizagem
1. Conhecer as principais formas clínicas de apresentação da tontura em nível
ambulatorial;
2. Qualificar queixa de tontura através da anamnese e do exame físico;
3. Abordar a queixa de tontura enquanto fator de risco para quedas em idosos;
4. Propor um cuidado terapêutico adequado de acordo com a causa provável
da tontura;
5. Solicitar quando necessários exames complementares para pessoa com queixa
de tontura;
6. Encaminhar a pessoa com queixa de tontura ao especialista focal.
51
EIXO 04 | MÓDULO 23 Abordagem a problemas do sistema nervoso
INTRODUÇÃO DA UNIDADE
A queixa de tontura está entre as mais frequentes no ambulatório de medicina de
família e comunidade. Acomete 23% das pessoas ao longo da vida (KROENKE; PRICE,
1993). E sua prevalência aumenta com a idade e a cada ano 7% apresentará um epi-
sódio (BARRACLOUGH; BRONSTEIN , 2009). Sua natureza multifatorial e sua potencial
associação com doenças graves e ameaçadoras à vida constituem um desafio à sua
abordagem na atenção primária de saúde (APS). (GUSSO, 2019)
Abordagem diagnóstica da queixa de tontura.
Diante de um paciente com queixa de tontura, devemos lembrar que essa está geral-
mente associada a um de quatro padrões sindrômicos distintos: vertigem, pré-sínco-
pe, desequilíbrio e hiperventilação, que serão definidas no quadro abaixo:
• Vertigem: sensação de movimento ilusório. O paciente pode descrever a sensa-
ção de que as coisas ao seu redor estão se movendo ou que seu corpo está se
movendo, quando na verdade está parado;
• Pré-síncope: sensação de desfalecimento. Pacientes descrevem como sensação
de desmaio iminente;
• Desequilíbrio: sensação de que o controle sobre seus movimentos e equilíbrio
está prejudicado. No desequilíbrio, não há sensação de movimento ilusório (ver-
tigem) ou sensação de desfalecimento;
• Hiperventilação: apresenta a descrição mais vaga entre todos os padrões e, em
geral, é descrita como a sensação de “cabeça vazia”.
A propedêutica de casos de tontura será guiada pelas hipóteses mais prováveis em
cada caso.
REFLEXÃO
3.1 VERTIGEM
Trata-se de uma ilusão de movimento: “sensação de que as coisas ao redor estão se
52
EIXO 04 | MÓDULO 23 Abordagem a problemas do sistema nervoso
movendo ou que o corpo está se movendo, quando na verdade está parado.” A verti-
gem pode ter origem periférica ou central. Sua caracterização é feita a partir de uma
anamnese cuidadosa. A vertigem de origem periférica é o tipo mais prevalente, tem
um tempo de duração curto episódico e autolimitado. Já a vertigem de origem central
é bem menos frequente, tende a ser mais duradoura e a apresentar sintomas neuro-
lógicos de localização.
Entre as causas mais comuns de vertigem, estão: a vertigem paroxística posicional be-
nigna-VPPB , a neurite vestibular e a doença de Ménière , que, juntas, são responsá-
veis por mais de 90% das causas de vertigem. (HANLEY E O’ DOWD 2002)
3.2 VERTIGEM PAROXÍSTICA POSICIONAL BENIGNA-VPPB
A VPPB responde por metade dos casos de vertigem, tem duração menor do que um
minuto, sendo desencadeada por movimentos da cabeça. Tem um curso autolimita-
do (semanas a meses) geralmente acompanhado de náuseas e vômitos. É causada
pela formação de otólitos na endolinfa que estimulam mecanicamente os receptores
das células ciliares, levando à sensação de movimento.
Lembre-se!
Diante de uma queixa de tontura com características de uma sín-
drome vertiginosa, a probabilidade pré teste de se tratar de VPPB
é de 40%. Após a caracterização do sintoma com uma duração
menor que 15 segundos e desencadeada pelo movimento da cabeça
a probabilidade pré teste será de 80%, praticamente fechando o
diagnóstico sem a necessidade de exames complementares diag-
nósticos. (BRASIL, 2012)
O teste diagnóstico para VPPB é realizado pela manobra de Dix-Hallpike, que poderá
ser realizado quando o sintoma não ficar bem caracterizado de acordo com as infor-
mações anteriores de duração e fator desencadeante.
Contudo, apenas 75% dos pacientes com VPPB terão o exame resultando positivo. A
manobra apresenta valor preditivo positivo (VPP) de 83% e valor preditivo negativo
(VPN) de 52 % para o diagnóstico de VPPB. (GUSSO, 2018)
Como realizar a Manobra de Dix-Hallpike:
1. Pedir autorização à pessoa para realizá-la;
2. Explicar à pessoa como a manobra é feita, sendo que ela poderá causar os
mesmos sintomas de vertigem no paciente (ele não pode ser pego de surpre-
sa pela tontura);
3. Posicionar a pessoa sentada na maca, de forma que, ao deitá-la, sua cabeça
53
EIXO 04 | MÓDULO 23 Abordagem a problemas do sistema nervoso
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EIXO 04 | MÓDULO 23 Abordagem a problemas do sistema nervoso
9. Durante a manobra, é comum que o paciente se sinta tonto. Diga que será
passageiro, orientando para que, caso aconteça, ele mantenha os olhos fecha-
dos, a fim de aliviar o mal-estar;
10. Volte o paciente à posição inicial.
Fonte: GUSSO (2018)
Figura 9 – Manobra de Epley
55
EIXO 04 | MÓDULO 23 Abordagem a problemas do sistema nervoso
56
EIXO 04 | MÓDULO 23 Abordagem a problemas do sistema nervoso
3.5 CINETOSE
É uma vertigem benigna, com história bem delimitada pela exposição ao fator desen-
cadeante, que é a hiperestimulação do sistema vestibular, ocasionada, em geral, por
movimentação em viagens de carro, avião ou barco. Após a exclusão de outras possí-
veis causas, fornecer orientações sobre medidas adaptativas como diminuição do es-
tímulo visual (fixação da visão em um ponto imóvel ou fechando os olhos) diminuindo,
com isso, a quantidade de informações conflitantes no SNC, deve ajudar com eventos
futuros.
O dimenidrato é uma boa opção para pacientes que apresentam sintomas recorren-
tes, e podem ser utilizados antes da exposição, tais como viagens de carro e barco,
quando existe história prévia.
A associação da vertigem com cefaleia também consiste num quadro sindrômico es-
pecífico conforme veremos a seguir.
3.7 DESEQUILIBRIO
Quando a queixa de tontura apresenta-se como desequilíbrio, devemos inicialmente
caracterizar melhor a queixa que pode ser uma sensação de que o controle sobre seus
movimentos e equilíbrio está prejudicado, não havendo sensação de movimento ilu-
sório (vertigem) ou sensação de desfalecimento (pré-síncope). Atentar para a presen-
ça de fatores de risco para quedas, principalmente em idosos confira a lisagem para
um melhor entendimento.
• Inflamação articular
• Hipotensão
• Audição prejudicada
• Tremores
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EIXO 04 | MÓDULO 23 Abordagem a problemas do sistema nervoso
• Equilíbrio prejudicado
• Problemas nos pés
• Arritmias, bloqueios e doença valvar
• Discrepância entre as pernas
• Falta de condicionamento físico
• Estar doente
• Nutrição prejudicada
• Problemas de marcha
Fonte: COSTA-DIAS, FERREIRA (2014)
Além de identificar as possíveis causas, é importante recomendar medidas preventi-
vas para melhorar o equilíbrio e evitar quedas. Dentre estas, podemos destacar a
prática de exercícios físicos com abordagem de múltiplos componentes, que traba-
lhem com coordenação, flexibilidade, equilíbrio, força, tais como “Tai Chi Chuan”, pilates.
Além disto, uma vez que identifiquem estes ácientes e seja avaliado o risco de quedas,
sugere-se que seja realizada a avaliação ambiental, visto que há fortes evidências de
que intervenções para segurança do paciente no domicílio são efetivas para a redução
da ocorrência de quedas e do seu risco.
3.8 SÍNDROMES DE PRÉ-SINCOPE OU SÍNCOPE
Trata-se de uma sensação de desfalecimento. Pacientes descrevem como sensação de
desmaio iminente. Devemos avaliá-la quanto à presença de arritmias ou alterações
ao exame cardiovascular. A principal causa em idosos está relacionada à hipotensão
postural e à polifarmácia.
PESQUISA DA HIPOTENSÃO POSTURAL
Medida da PA em duas posições: decúbito dorsal por pelo menos 5 minutos, e aferir
sua PA. Depois, o paciente deve ficar em pé por três minutos, e sua PA deve novamen-
te ser aferida. Caso aconteça: 1. queda da PAS > 20 mmHg; 2. queda da PAD > 10 mmHg;
ou PAS < 90 mmHg, o exame é considerado positivo.
Existem cinco grandes grupos de diagnósticos diferenciais para os quadros de síncope
e pré-síncope: hipotensão, condições metabólicas, doença cardíaca, condições intra-
cranianas e transtornos mentais. A tabela a seguir propõe uma estratégia diagnóstica,
considerando a prevalência e a potencial gravidade das diferentes causas.
CAUSAS MAIS COMUNS
• Reflexo vasovagal e Hipotensão ortostática
CAUSAS GRAVES QUE DEVEM SER CONSIDERADAS
• Cardiovasculares: arritmias, infarto agudo do miocárdio
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EIXO 04 | MÓDULO 23 Abordagem a problemas do sistema nervoso
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EIXO 04 | MÓDULO 23 Abordagem a problemas do sistema nervoso
ENCERRAMENTO DA UNIDADE
Por sua natureza multifatorial, a avaliação da queixa de tontura deve ser realizada de
forma mais ampla possível, desde o indivíduo ao ambiente ao seu redor integrando
os profissionais médicos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, educadores físicos,
equipes de enfermagem e de saúde mental trará resultados positivos e segurança aos
pacientes abordados.
Uma abordagem centrada na pessoa, sua experiência de doença em relação à tontura,
quais as suas preocupações e medos e como isso impacta sua funcionalidade devem
guiar a conduta em cada caso, buscando evitar onerar tanto o paciente quanto o
sistema. Por ser uma queixa muito prevalente na APS, uma abordagem e manejo
correto contribui muito para o fortalecimento do vínculo entre a população e a ESF.
60
EIXO 04 | MÓDULO 23 Abordagem a problemas do sistema nervoso
UNIDADE 04
Convulsões e
epilepsia
OBJETIVO GERAL DA UNIDADE
Realizar investigação de pessoas que apresentam uma primeira crise convulsiva
de diferentes etiologias com utilização racional de medidas diagnósticas e terapêu-
ticas, incluindo desde o reconhecimento da crise ao plano de cuidado para a sín-
drome epiléptica e colaborando para a melhoria da qualidade de vida das pessoas
afetadas, no contexto da APS.
Objetivo de aprendizagem
1. Diferenciar os tipos mais frequentes de crises convulsivas;
2. Conhecer as abordagens terapêuticas para o controle agudo da crise e os prin-
cipais fármacos anticonvulsivantes para o uso ambulatorial continuado;
3. Investigar pessoas que apresentam uma primeira crise convulsiva;
4. Identificar sinais de alerta para quadros potencialmente graves (infecções do
sistema nervoso central e hipertensão intracraniana, por exemplo);
5. Orientar pessoas com síndrome epiléptica e seus familiares sobre a impor-
tância do acompanhamento regular, do uso correto das medicações e das
medidas de prevenção de danos em caso de crises;
6. Abordar o impacto psicossocial da epilepsia, seus estigmas e as suas conse-
quências práticas sobre a vida dos indivíduos.
INTRODUÇÃO À UNIDADE
A abordagem dos transtornos convulsivos e o manejo adequado das drogas antiepi-
lépticas são competências fundamentais para o médico na atenção primária. A epilep-
sia ainda nos dias de hoje é uma patologia carregada de estigma e preconceito. A ocor-
rência de convulsões febris na infância é motivo de dúvidas e ansiedade para as famílias.
61
EIXO 04 | MÓDULO 23 Abordagem a problemas do sistema nervoso
Cabe muitas vezes ao médico de família e à comunidade por sua ação longitudinal
junto às pessoas esclarecer e orientar o manejo inicial e no decorrer da vida desses
pacientes e suas famílias. Nesta unidade, vamos abordar o manejo da epilepsia e das
crises convulsivas na APS.
4.1 CONVULSÃO
AVALIAÇÃO INICIAL
Inicialmente o médico deve procurar explorar com o paciente e seus familiares, quais
foram as características do episódio. Para responder a esta primeira pergunta: foi
mesmo convulsão?
REFLEXÃO
O que é convulsão?
Define-se convulsão como ocorrência transitória de sinais e/ou
sintomas devido à atividade neuronal anormal, excessiva ou sín-
crona no cérebro. Ela se caracteriza por descargas elétricas súbitas,
excessivas e transitórias dos neurônios cerebrais.
62
EIXO 04 | MÓDULO 23 Abordagem a problemas do sistema nervoso
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EIXO 04 | MÓDULO 23 Abordagem a problemas do sistema nervoso
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EIXO 04 | MÓDULO 23 Abordagem a problemas do sistema nervoso
Após esta abordagem inicial sobre convulsão, faremos a discussão das principais causas
de crises convulsivas.
4.2 EPILEPSIA
A epilepsia é uma doença cerebral definida pela ocorrência de duas ou mais crises não
provocadas, com intervalo acima de 24 horas ou uma crise não provocada e uma pro-
babilidade de crises futuras similar ao risco geral de recorrência de duas crises (maior
ou igual 60%) nos próximos 10 anos ou diagnóstico prévio de síndrome epiléptica.
Lembre-se!
O tipo de crises sua localização se generalizada ou focal e sua etio-
logia vai direcionar o tratamento da epilepsia.
66
EIXO 04 | MÓDULO 23 Abordagem a problemas do sistema nervoso
Qualificando a crise
Convulsões podem ser “provocadas” (convulsão febril na infância e secundárias a dis-
túrbios hidreletrolíticos e/ou metabólicos em outras faixas etárias) ou “não provo-
cadas” (representadas por síndromes epiléticas e quadros criptogênicos), confor-
me descrito no quadro a seguir.
Quadro 5 - Classificação etiológica das síndromes epiléticas
Síndromes/crises provocadas
Relacionadas à resposta do cérebro normal a eventos externos, como febre,
distúrbios hidreletrolíticos, intoxicação, entre outros. Também chamados fato-
res deflagradores
Síndromes não provocadas
Síndromes/crises sintomáticas:
• Sintomáticas agudas: relacionadas a lesões agudas ao cérebro, como infec-
ção intracraniana, TCE, neoplasia, AVC, efeito de drogas ou distúrbios hidre-
letrolíticos locais
• Sintomáticas remotas: relacionadas a lesões residuais de processos hipóxi-
co-isquêmicos, infecções ou TCE prévios
67
EIXO 04 | MÓDULO 23 Abordagem a problemas do sistema nervoso
68
EIXO 04 | MÓDULO 23 Abordagem a problemas do sistema nervoso
Lembre-se!
O encaminhamento para o especialista focal estrará indicada nos
casos em que ocorrer falha terapêutica com uma medicação inicial,
ou em casos específicos, pacientes em, politerapia , gestantes, etc...
Fármacos antiepilépticos
• fármacos de primeira escolha (carbamazepina, ácido valproico, fenitoína e
fenobarbital)
• indução do sistema P450 (exceto o valproato, que age por inibição desse sistema)
• Ligação a proteínas plasmáticas, com metabolização hepática
• fármacos de segunda escolha
69
EIXO 04 | MÓDULO 23 Abordagem a problemas do sistema nervoso
REFLEXÃO
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EIXO 04 | MÓDULO 23 Abordagem a problemas do sistema nervoso
71
EIXO 04 | MÓDULO 23 Abordagem a problemas do sistema nervoso
manejo adequado.
O eletroencefalograma é fundamental na propedêutica da epilepsia para predizer a
recorrência das crises, o prognóstico e sua etiologia. Seu resultado deve ser interpres-
tado com cautela, pois um exame normal não afasta epilepsia, assim como resultados
falso positivos também são esperados. Uma regra de ouro é não solicitar EEG sem
muito forte suspeita pré teste.
Exames bioquímicos vão afastar causas desencadeantes com processos infecciosos,
inflamatórios ou distúrbios hidroeletrolíticos ou intoxicação exogena.
Exames de neuroimagem devem ser solicitados na urgência e na presença de déficits
neurológicos focais, em estados pós ictais prolongados persistentes e convulsões de
difícil controle. E de forma eletiva quando o paciente evoluir com déficit motor ou cog-
nitivo, outras alterações neurologicas não explicáveis pelo quadro convulsivo, menores
de 1 ano de idade e EEG muito alterado sugerindo malignidade.
ENCERRAMENTO DA UNIDADE
Na APS, os transtornos epilepticos e síndromes convulsivas trazem grande apreensão
às pessoas acometidas e às famílias. Uma orientação adequada e assertiva para edu-
cação em saúde pelo médico de família e comunidade, bem como o manejo terapêu-
tico nesses casos vai evitar ou minimizar prejuízos funcionais, estigmatização e iatro-
genia, fortalecendo assim o vínculo terapêutico e assistencial e aumentando à
resolutividade.
Então continue conosco com mais conhecimento nas próximas unidades.
Um forte abraço!
72
EIXO 04 | MÓDULO 23 Abordagem a problemas do sistema nervoso
UNIDADE 05
Demência e
outras condições
neurodegenarativas
OBJETIVO GERAL DA UNIDADE
Realizar a abordagem integral da pessoa com demência, aplicando os critérios ade-
quados para o reconhecimento dos principais diagnósticos diferenciais, com utili-
zação racional de medidas diagnósticas e terapêuticas, colaborando para a melho-
ria da qualidade de vida das pessoas afetadas, no contexto da APS.
Objetivo de aprendizagem
1. Conhecer os aspectos epidemiológicos dos quadros demenciais no Brasil;
2. Compreender aspectos fisiológicos e patológicos do envelhecimento cerebral;
3. Conhecer as causas mais frequentes de demência na atenção primária;
4. Realizar o diagnóstico de demência tendo como base propedêuticas disponí-
veis no SUS;
5. Definir o plano terapêutico da pessoa com demência, utilizando-se os princí-
pios do método clínico centrado na pessoa e da prevenção quaternária;
6. Tratar as alterações neuropsiquiátricas comuns nos quadros demenciais;
7. Reconhecer situações que necessitem de outros pontos da rede de atenção à
saúde - atenção especializada - nas síndromes demenciais;
8. Realizar abordagem da família do paciente com demência, com vistas à orien-
tação dos cuidados e detecção de situações de sobrecarga e sofrimento psíqui-
co dos familiares e cuidadores.
73
EIXO 04 | MÓDULO 23 Abordagem a problemas do sistema nervoso
INTRODUÇÃO DA UNIDADE
A demência é caracterizada por declínio cognitivo ou modificações comportamen-
tais (neuropsiquiátricas) em relação a um nível prévio de desempenho que causa
perda da independência para as atividades de vida diária. É considerada a maior
causa de incapacidade e dependência no mundo acometendo principalmente
idosos. Estima-se 35,6 milhões de casos de demência em todo mundo, acompa-
nhada da previsão de duplicação desse número em 2030 e triplicação em 2050.
REFLEXÃO
74
EIXO 04 | MÓDULO 23 Abordagem a problemas do sistema nervoso
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EIXO 04 | MÓDULO 23 Abordagem a problemas do sistema nervoso
Lembre-se!
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EIXO 04 | MÓDULO 23 Abordagem a problemas do sistema nervoso
Lembre-se!
O diagnóstico diferencial de depressão sempre deve ser consi-
derado, pois a doença pode causar declínico cognitivo leve, es-
pecialmente em idosos. Sugere-se utilização da escala de de-
pressão geriátrica (quadro 1- http://dab.saude.gov.br/portaldab/
biblioteca.php?conteudo=publicacoes/cab19) para auxílio no
diagnóstico de depressão. Na dúvida diagnóstica, o teste tera-
pêutico com inibidor seletivo de recaptação de serotonina pode
ser considerado por 4 a 8 semanas.
77
EIXO 04 | MÓDULO 23 Abordagem a problemas do sistema nervoso
Sim Não
1. Está satisfeito(a) com a vida? 1 0
2. Interrompeu muitas de suas atividades? 0 1
3. Acha sua vida vazia? 0 1
4. Aborrece-se com frequência? 0 1
5. Sente-se bem com a vida na maior parte do tempo? 1 0
6. Teme que algo ruim lhe aconteça? 0 1
7. Sente-se alegre a maior parte do tempo? 1 0
8. Sente-se desamparado com frequência? 0 1
9. Prefere ficar em casa a sair e fazer coisas novas? 0 1
10. Acha que tem mais problemas de memória que outras pessoas? 0 1
11. Acha que é maravilhoso estar vivo(a)? 1 0
12. Sente-se inútil? 0 1
13. Sente-se cheio/a de energia? 1 0
14. Sente-se sem esperança? 1 0
15 Acha que os outros têm mais sorte que você? 0 1
Avaliação da pontuação: ≤ 5 pontos = ausência de depressão; 6 a 10 pontos =
depressão leve a moderada; ≥ 11 pontos = depressão grave.
5.4 AVALIAÇÃO
5.4.1 EXAME FÍSICO
O exame físico geral é importante para suporte na investigação de diagnósticos di-
ferenciais e causas potencialmente reversíveis de demência.
O exame neurológico sumário:
• Avaliar déficits focais (presentes em pacientes com AVC);
• Movimentos anormais e sintomas parkinsonianos (lentificação dos movimen-
tos, rigidez plástica, tremor de repouso e instabilidade postural).
Após o exame físico, devemos continuar nossa avaliação, e diante de uma suspei-
ção da síndrome demencial, devemos fazer as seguintes perguntas:
78
EIXO 04 | MÓDULO 23 Abordagem a problemas do sistema nervoso
79
EIXO 04 | MÓDULO 23 Abordagem a problemas do sistema nervoso
Teste do relógio
Trata-se de um teste simples para avaliar funções executivas e habilidades visuoes-
paciais e para triagem inicial de alterações neurocognitivas. Existem vários sistemas
de pontuação, em geral aplicamos o proposto por Sunderland et al, 1989 (abaixo).
Além do resultado final, a observação do tempo e das estratégias usadas pelo pa-
ciente para desempenhar a tarefa são muito informativos. Como qualquer teste neu-
ropsicológico, o cuidado especial deve ser dado para a correção pelo nível
educacional.
DICA
Se, por iniciativa própria, ela achar que não ficou bem e quiser desenhar de novo, é
permitido.
80
EIXO 04 | MÓDULO 23 Abordagem a problemas do sistema nervoso
Pontuação
Relógio e número estão corretos 6-10 pontos
Tudo está correto 10
Leve desordem nos ponteiros (p. ex.: ponteiro das horas sobre o 2) 9
Desordem nos ponteiros mais acentuada (p. ex: apontando 2h20) 8
Ponteiros completamente errados 7
Uso inapropriado (p ex: marcação digital ou círculos envolvendo
6
números)
Relógio e números incorretos 1-5 pontos
Números em ordem inversa, ou concentrados em alguma parte
5
do relógio
Números faltando ou situados fora dos limites do relógio 4
Números e relógio não conectados; ausência de ponteiros 3
Alguma evidência de ter entendido as instruções, mas pouca se-
2
melhança com relógio
Não tentou ou não conseguiu representar um relógio 1
81
EIXO 04 | MÓDULO 23 Abordagem a problemas do sistema nervoso
A perda ou deficiência em dois destes domínios indica que o (a) paciente apresen-
te uma síndrome demencial, que deverá ser devidamente investigado para defini-
ção de qual o plano terapêutico mais adequado.
82
EIXO 04 | MÓDULO 23 Abordagem a problemas do sistema nervoso
83
EIXO 04 | MÓDULO 23 Abordagem a problemas do sistema nervoso
SAIBA MAIS
85
EIXO 04 | MÓDULO 23 Abordagem a problemas do sistema nervoso
ENCERRAMENTO DA UNIDADE
Apesar dos grandes avanços farmacológicos no tratamento da demência e suas
causas, esta ainda cursa inexoravelmente para a incapacidade dos indivíduos aco-
metidos. Aqui é essencial a importância de uma atenção primária capacitada para
abordar essa condição e suas consequências.
O suporte ao cuidador sobrecarregado, o mapeamento no território de equipa-
mentos promotores de saúde e de suporte ao paciente sua família e cuidadores
são papéis importantes da ESF na abordagem das demências.
86
EIXO 04 | MÓDULO 23 Abordagem a problemas do sistema nervoso
UNIDADE 06
Neuropatias
periféricas
Objetivo de aprendizagem
1. Conhecer a classificação das neuropatias periféricas e suas etiologias mais
frequentes;
2. Fazer o diagnóstico diferencial das principais causas de neuropatia periférica;
3. Tratar das principais neuropatias periféricas no contexto da APS;
4. Identificar neuropatias compressivas que necessitam de intervenção além da
APS;
5. Orientar adequadamente pessoas com neuropatias periféricas e seus familia-
res sobre medidas preventivas, cuidados e reabilitação.
87
EIXO 04 | MÓDULO 23 Abordagem a problemas do sistema nervoso
INTRODUÇÃO DA UNIDADE
As neuropatias periféricas referem-se aos processos patológicos situados no sistema
nervoso periférico (nervos cranianos do III ao XII, as raízes espinais dorsais e ven-
trais, os gânglios das raízes dorsais, os nervos espinais, os gânglios e os nervos au-
tonômicos). Pode se apresentar com acometimento sensitivo, motor ou autonô-
mico. Devido a uma ampla gama de etiologias, uma investigação lógica e
sistematizada, baseada em uma boa anamnese e exame físico e seleção criteriosa
de investigação complementar, vai evitar a solicitação de exames desnecessários
e minimizar os custos.
Dentre as causas de neuropatias, devemos descartar as deficiências nutricionais,
as doenças endócrinas, neoplasias, colagenoses, intoxicações exógenas, quadros
infecciosos e doenças metabólicas adquiridas e hereditárias.
REFLEXÃO
6.1 AVALIAÇÃO
6.1.1 ANAMNESE
Uma adequada carcterização sobre o início do quadro, se súbito ou insidioso, sua
evolução temporal e seu impacto nas atividades da vida diária, o padrão de aco-
metimento, a presença de sintomas autonômicos, a ocorrência de casos semelhan-
tes na história familiar, habitos como ingestão de álcool, tabagismo, história ocu-
pacional (exposição a toxinas) e medicamentos utilizados irão ajudar no
direcionamento da investigação subsequente.
6.1.2 EXAME FÍSICO
Para o diagnóstico e avaliação da neuropatia periférica, diversos exames físicos
são necessários. Inicialmente, é importante realizar um exame neurológico com-
pleto, que inclui a avaliação da sensibilidade tátil, à dor e à vibração em diferentes
88
EIXO 04 | MÓDULO 23 Abordagem a problemas do sistema nervoso
89
EIXO 04 | MÓDULO 23 Abordagem a problemas do sistema nervoso
Conceitos importantes:
Pessoas com diabetes e quadro crônico de neuropatia de padrão
desmielinizante na ENMG (o padrão da neuropatia diabética é axonal)
devem ser referenciadas a atendimento especializado. O tratamen-
to específico para a dor neuropática será abordado nesta unidade.
90
EIXO 04 | MÓDULO 23 Abordagem a problemas do sistema nervoso
REFLEXÃO
91
EIXO 04 | MÓDULO 23 Abordagem a problemas do sistema nervoso
Conceitos importantes:
A prática clínica do médico de família e comunidade deve incluir
prevenção oportuna na presença de neuripatias carenciais, é
importante que o profissional pergunte sobre uso de álcool e
esteja atento aos sinais de abuso. Nesses casos o aconselha-
mento adequado pode evitar complicações do álcool.
92
EIXO 04 | MÓDULO 23 Abordagem a problemas do sistema nervoso
ENCERRAMENTO DA UNIDADE
Nessa unidade, ressaltamos importância de não negligenciar as queixas dos pa-
cientes por mais vagas que possam se apresentar. Dormências e parestesias devem
ser valorizadas e pesquisadas através de anamnese e exame físico adequados e
avaliação eletroneuromiografica bem como a história familar para doenças neu-
rodegenerativas vão impactar na detecção e manejo precoce e adequado de casos
potencialmente graves e evitar desfechos desfavoráveis.
93
EIXO 04 | MÓDULO 23 Abordagem a problemas do sistema nervoso
UNIDADE 07
Doenças
cerebrovasculares
Objetivo de aprendizagem
1. Conhecer etiologia e apresentação clínica dos eventos cerebrovasculares isquê-
micos e hemorrágicos mais frequentes;
2. Orientar adequadamente os usuários da atenção primária sobre sinais possí-
veis de eventos cerebrovasculares, que permitem sua rápida identificação e
podem abreviar a procura por atendimento;
3. Compreender a importância do tempo para o atendimento (principalmente hos-
pitalar) dos eventos cerebrovasculares isquêmicos;
4. Entender as complicações precoces e tardias das formas hemorrágicas da doença
cerebrovascular;
5. Conhecer métodos farmacológicos e não-farmacológicos de estratificar risco e
de reduzir o risco de ocorrência e recorrência de eventos cerebrovasculares.
6. Orientar a pessoa com doença cerebrovascular e seus familiares a aderir às
medidas de reabilitação, quando necessária, e a prevenção de novos eventos
agudos e de complicações.
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EIXO 04 | MÓDULO 23 Abordagem a problemas do sistema nervoso
INTRODUÇÃO DA UNIDADE
Consideramos doenças cerebrovasculares aquelas em que o suprimento de sangue
para o cérebro, o cerebelo ou o tronco encefálico é prejudicado, seja por oclusão
seja mesmo por ruptura de uma estrutura vascular, e atrapalha o seu funciona-
mento. Formam um grupo heterogêneo de problemas de saúde que tem em comum
a incidência relativamente alta, a grande promoção de incapacidades, a importan-
te influência de fatores de risco modificáveis e a possibilidade de melhora funcio-
nal com uma reabilitação eficiente.
No Brasil, infelizmente, a dificuldade de acesso a bons serviços de saúde e (sobre-
tudo) educação ainda é uma barreira para a prevenção e o tratamento desejáveis
dos eventos cerebrovasculares. Entretanto, avançamos muito no cuidado desses
pacientes e hoje, quando considerado o nível terciário de cuidado, por exemplo, o
estado da arte em tecnologia para tratamento de AVCs isquêmicos está disponível
através de importantes hospitais da rede pública, mesmo que ainda de forma ge-
ograficamente concentrada.
Conceitos importantes:
O papel do Médico de Família nas doenças cerebrovasculares é cus-
to-efetivo e inclusivo: orientação adequada faz cessar ou reduzir
fatores de risco e muda a história natural. Na Atenção Básica, é pos-
sível desempenhar com alguma dedicação, estudo e sensibilidade,
a etapa mais importante dessas doenças quando considerado o
longo prazo: evitar novos eventos.
7.1 EPIDEMIOLOGIA
Os acidentes vasculares encefálicos são a segunda causa de mortalidade a nível
mundial, com mais de 5 milhões de mortes por ano. No Brasil, além de comporem
uma das 3 principais causas de morte, representam a principal causa de incapaci-
dade, deixando permanentemente incapazes cerca de 108 pessoas a cada 100.000
habitantes todos os anos. (KRISHNAMURTHI et al, 2015)
A incidência de AVCs tem se mantido estável ao longo dos últimos anos, che-
gando até a apresentar redução, principalmente nas séries americanas. A morta-
lidade tem reduzido, com o auxílio de novas ferramentas terapêuticas, mas a mor-
bidade tem aumentado. Considerando toda a vida, as mulheres têm maior incidência
de AVCs, possivelmente devido à expectativa de vida maior. O principal fator de
risco isolado para um evento cerebrovascular em geral é a hipertensão arterial,
mas o tabagismo, o diabetes mellitus, os hábitos de vida e as miocardiopatias são
diretamente implicados na incidência destes eventos. (FURIE, 2020)
caso dos eventos isquêmicos), uma vez que, com a busca por atendimento médico
num espaço de tempo breve, o paciente se torna candidato a receber tratamen-
tos que restauram, em alguns casos, o fluxo de sangue para a área afetada.
Conceitos importantes:
Duas escalas ajudam principalmente leigos e profissionais de
saúde não-médicos nessa identificação a partir dos sintomas.
Devem ser conhecidas pelo médico da Atenção Básica inclusive
pela sua função de promover saúde através da informação. São
elas a Los Angeles Prehospital Stroke Screen (LAPSS) e a Cincin-
nati Prehospital Stroke Scale, ambas presentes no quadro a
seguir:
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EIXO 04 | MÓDULO 23 Abordagem a problemas do sistema nervoso
REFLEXÃO
Você sabia que os infartos de circulação posterior, por sua vez, podem ter
apresentações variáveis e descorrelacionadas com a dimensão do infarto,
devido à alta densidade de fibras neuronais em determinados pontos
dessa região (tronco e ponte, por exemplo)?. Se a isquemia atinge os lobos
occipitais, a hemianopsia deve estar presente. Já infartos cerebelares se
manifestam com ataxia, disartria, vômito e tontura.
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EIXO 04 | MÓDULO 23 Abordagem a problemas do sistema nervoso
Conceitos importantes:
Estes tratamentos têm contraindicações, como transformação
hemorrágica, sangramentos ativos em outros sítios, traumatis-
mos cranioencefálicos nos últimos 3 meses, tumores cerebrais,
cirurgias recentes (nas últimas 3 semanas), endocardite, uso de
anticoagulantes ou hipertensão severa, por exemplo.
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Conceitos importantes:
Na Atenção Básica, seja nas demandas na própria estrutura física
da Unidade Básica seja durante as visitas domiciliares, o médico
depara com complicações tardias dos AVCs, que acabam exigin-
do seu cuidado de uma forma que por vezes extrapola as com-
petências típicas da atenção primária. Nos pacientes com déficit
motor, sempre identificar e tratar úlceras de decúbito e trom-
bose venosa profunda. Naqueles com nível de consciência ou
deglutição prejudicados, buscar identificar precocemente pneu-
monias broncoaspirativas. Muitos pacientes passam a necessi-
tar de dispositivos como sondas nasoentéricas, sondas vesicais
de demora, gastrostomias e traqueóstomos. Sempre que pos-
sível, trabalhar juntos dos profissionais de reabilitação para
reduzir o número de dispositivos necessários, desde que com
segurança.
105
EIXO 04 | MÓDULO 23 Abordagem a problemas do sistema nervoso
UNIDADE 08
Tremores e
Síndromes
Parkinsonianas
Objetivo de aprendizagem
1. Qualificar a queixa de tremor em nível ambulatorial através da anamnese e
exame físico;
2. Propor um manejo terapêutico adequado de acordo com a causa provável do
tremor;
3. Saber quando e quais exames complementares solicitar ao paciente com queixa
de tremor na APS;
4. Identificar as principais Síndromes parkinsonianas, seu prognóstico, manejo em
nível ambulatorial;
5. Coordenar o cuidado em equipe multidisciplinar dos pacientes portadores de
síndromes parkinsonianas em suas diferentes fases de evolução;
6. Propor e coordenar os cuidados paliativos para pacientes portadores de con-
dições crônico degenerativas na APS;
7. Saber quando encaminhar o paciente com queixa de tremor ou síndrome parkin-
soniana ao especialista focal.
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EIXO 04 | MÓDULO 23 Abordagem a problemas do sistema nervoso
INTRODUÇÃO DA UNIDADE
Podemos definir tremor como uma oscilação rítmica e involuntária de uma parte
do corpo decorrente de contrações musculares. Esse é o distúrbio de movimento
mais comum e pode ter diversas causas diferentes, fisiológicas ou patológicas. Ao
médico da atenção básica, deve identificar o tipo mais provável de tremor, o diag-
nóstico precoce das causas secundárias que necessitam de tratamento especiali-
zado e o reconhecimento de efeitos colaterais das medicações mais frequente-
mente utilizadas. (ALONSO-NAVARRO, 2020)
Didaticamente, a principal divisão dos tremores se dá entre os tremores de repouso
e os tremores de ação.
Tremores de repouso são mais preocupantes. Há movimento oscilatório mesmo
com o membro relaxado ou apoiado. O movimento fica mais evidente com a dis-
tração ou o movimento de outro segmento corporal e fica mais brando quando se
realiza alguma ação voluntária com o membro observado.
Tremores de ação são mais frequentes e, na maioria das vezes, não se relacionam
a doenças. Podem ter ser influenciados por fatores emocionais, endócrinos (hiper-
tireoidismo, por exemplo), neurológicos (distonias e tremores cerebelares) ou far-
macológicos (induzidos por medicamentos). (BORGES, FERRAZ, 2006)
De acordo com a situação em que o tremor fica mais evidente, os tremores de ação
podem ser posturais (ao manter o membro “sustentado”), isométricos (contração
muscular contra resistência estática) ou cinético (quando se realiza qualquer mo-
vimento voluntário. O tremor de intenção, quando o indivíduo tenta se movimen-
tar em direção a um objeto, por exemplo, é mais característico em disfunções ce-
rebelares. (ALONSO-NAVARRO, 2020)
Conceitos importantes:
Para compreender melhor os tipos de tremor, uma boa medida
é ter em mente os conceitos de frequência e amplitude do movi-
mento. Como frequência, consideramos quantas vezes o movi-
mento oscilatório é feito em um espaço de tempo. Assim, os tre-
mores de alta frequência são aqueles em que temos a impressão
que as extremidades se movimentam mais rapidamente.
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EIXO 04 | MÓDULO 23 Abordagem a problemas do sistema nervoso
amplitude e alta frequência. Pode ter relação com stress emocional, hipertireoidis-
mo, hipoglicemia, cafeína e medicamentos como antidepressivos, anticonvulsivan-
tes e drogas simpatomiméticas (descongestionantes nasais, broncodilatadores,
etc).
Através da anamnese, é possível direcionar o restante da investigação: se há algo
que sugira distúrbio do humor, transtorno de ansiedade ou pânico, se há perda
de peso, sudorese ou distúrbio do sono sugerindo hipertireoidismo, se há o uso
de remédios ou mesmo droga de abuso que possam predispor a esse distúrbio de
movimento.
Costuma ser transitório (enquanto sob efeito do causador, entre os citados acima)
e não exige tratamento específico, exceto se identificada uma causa de base
reversível.
Conceitos importantes:
O tremor de ação é o tipo mais comum de tremor induzido por
medicamentos. Certificar-se que as pessoas estejam livres de
uso de medicamentos ou substâncias por período maior do que
o tempo de efeito conhecido do medicamento.
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EIXO 04 | MÓDULO 23 Abordagem a problemas do sistema nervoso
Conceitos importantes:
O médico da atenção básica deve estar atento para os efeitos ad-
versos mais comuns e mesmo aqueles mais “anedóticos” das me-
dicações antiparkinsonianas. Não é incomum a busca frequente
por atendimento médico destes doentes, sendo que, muitas das
vezes, pequenos ajustes no tratamento ou mesmo a forma de
tomar as medicações pode resolver a queixa.
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EIXO 04 | MÓDULO 23 Abordagem a problemas do sistema nervoso
Agonista Dopaminérgico
Pramipexol Iniciar com 0,125mg, 3 Eventos adversos: náusea,
(0.125 ou 0,25 ou vezes ao dia. vômitos, sonolência, hipo-
1mg) Aumento 0,125mg nas 3 tensão ortostática e aluci-
tomadas a cada 5 dias. nação. Edema periférico
Dose usual para controle pode ocorrer com o uso
de sintomas leves é de crônico.
0,5mg 3 vezes ao dia.
Alguns fármacos para lembrar que podem ter relação com o parkinsonismo: halo-
peridol, clorpromazina, sulpirida, levomepromazina, metoclopramida, bromopri-
da, flunarizina, cinarizina, anlodipino e carbonato de lítio(KOULI, TORSNEY, KUAN,
2018). Na maioria dos casos, a suspensão da medicação é suficiente para o trata-
mento e o paciente melhora substancialmente entre 1 e 4 semanas, com remissão
completa normalmente 6 meses após a suspensão do fármaco.
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EIXO 04 | MÓDULO 23 Abordagem a problemas do sistema nervoso
ENCERRAMENTO DO MÓDULO
A doença de Parkinson (DP) é uma doença neurodegenerativa comum. Apesar de
a causa da DP não ser conhecida, há vários fatores de risco genéticos que foram
caracterizados. Essa unidade forneceu uma visão geral da DP, seus sintomas e pro-
gressão, e os tratamentos atuais para DP. Conhecer os sintomas da DP e como di-
recionar o paciente diante do tratamento adequado faz todo a diferença na pro-
moção de saúde contribuindo para uma qualidade de vida para quem possui a
doença.
Então boa leitura e continue conosco com os estudos das proximas unidades, um
forte abraço!
113
EIXO 04 | MÓDULO 23 Abordagem a problemas do sistema nervoso
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Minicurrículo
dos autores
Marco Túlio Aguiar Mourão Ribeiro - http://lattes.cnpq.br/9198144232790180
Possui graduação em medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais (2000). Tem experiência na
área de Medicina, com ênfase em Medicina de Família e Comunidade e Geriatria. Médico de Família e
Comunidade, Geriatra, Mestre em Saúde Pública pela Universidade Federal do Ceará (UFC), Doutor em
Saúde Coletiva pela UFC Experiência prévia como coordenador do Programa Saúde da Família em Patos
de Minas/MG em 2004/2005; coordenador geral do Programa de Residência de Medicina de Família
e Comunidade da secretaria Municipal de Fortaleza de 2006 a 2011; Diretor de Pós-graduação em
Saúde da Escola de Saúde Pública do Ceará de 2012 a 2016. Atualmente é professor da Universidade
Federal do Ceará, atua como docente e coordenador do Internato de Saúde Comunitária, preceptor e
supervisor do Programa de Residência de Medicina de família e Comunidade e docente do Mestrado
Profissional de Saúde da Família, desenvolve ensino, pesquisa e extensão na atenção domiciliar na APS.
Preceptor e coordenador/supervisor do R3 de Medicina Paliativa da Universidade Federal do Ceará
Vice presidente da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (gestão 2020-2022)
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Abordagem a problemas do
sistema nervoso
REALIZAÇÃO
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