Legilação Primeira Prova

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 9

Decreto-Lei no 2.

848/1940

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando da atribuição que lhe confere


o art. 180 da Constituição,

DECRETA a seguinte Lei:

PARTE GERAL
TÍTULO I – Da Aplicação da Lei Penal

Anterioridade da Lei

Art. 1o Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem
prévia cominação legal.

Lei penal no tempo

Art. 2o Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de
considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais
da sentença condenatória.
Parágrafo único. A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o
agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença
condenatória transitada em julgado.

Lei excepcional ou temporária

Art. 3o A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de


sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se
ao fato praticado durante sua vigência.
Decreto-Lei no 2.848/1940 11

Tempo do crime

Art. 4o Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão,


ainda que outro seja o momento do resultado.

Territorialidade

Art. 5o Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e


regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional.
§ 1o Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território
nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou
a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como
as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade
privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente
ou em alto-mar.
§ 2o É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo
de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achan-
do-se aquelas em pouso no território nacional ou em voo no espaço aéreo
correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.

Lugar do crime

Art. 6o Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação


ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria
produzir-se o resultado.

Extraterritorialidade

Art. 7o Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:


I – os crimes:
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal,
de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de
economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público;
12 Código Penal

c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço;


d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;
II – os crimes:
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;
b) praticados por brasileiro;
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou
de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam
julgados.
§ 1o Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira,
ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro.
§ 2o Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do
concurso das seguintes condições:
a) entrar o agente no território nacional;
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira au-
toriza a extradição;
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cum-
prido a pena;
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo,
não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável.
§ 3o A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estran-
geiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas
no parágrafo anterior:
a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
b) houve requisição do Ministro da Justiça.

Pena cumprida no estrangeiro

Art. 8o A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil


pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas.
Decreto-Lei no 2.848/1940 13

Eficácia de sentença estrangeira

Art. 9o A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz


na espécie as mesmas consequências, pode ser homologada no Brasil para:
I – obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros
efeitos civis;
II – sujeitá-lo a medida de segurança.
Parágrafo único. A homologação depende:
a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte interessada;
b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição com o
país de cuja autoridade judiciária emanou a sentença, ou, na falta de tratado,
de requisição do Ministro da Justiça.

Contagem de prazo

Art. 10. O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os


dias, os meses e os anos pelo calendário comum.

Frações não computáveis da pena

Art. 11. Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas


de direitos, as frações de dia, e, na pena de multa, as frações de cruzeiro.

Legislação especial

Art. 12. As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados
por lei especial, se esta não dispuser de modo diverso.
24 Código de Processo Penal

TÍTULO V – Da Competência

Art. 69. Determinará a competência jurisdicional:


I – o lugar da infração:
II – o domicílio ou residência do réu;
III – a natureza da infração;
IV – a distribuição;
V – a conexão ou continência;
VI – a prevenção;
VII – a prerrogativa de função.

CAPÍTULO I – Da Competência pelo Lugar da Infração

Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que


se consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for
praticado o último ato de execução.
§ 1o Se, iniciada a execução no território nacional, a infração se con-
sumar fora dele, a competência será determinada pelo lugar em que tiver
sido praticado, no Brasil, o último ato de execução.
§ 2o Quando o último ato de execução for praticado fora do território
nacional, será competente o juiz do lugar em que o crime, embora parcial-
mente, tenha produzido ou devia produzir seu resultado.
§ 3o Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições,
ou quando incerta a jurisdição por ter sido a infração consumada ou ten-
tada nas divisas de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á
pela prevenção.

Art. 71. Tratando-se de infração continuada ou permanente, praticada


em território de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela
prevenção.
CAPÍTULO VIII
DAS MEDIDAS DE COOPERAÇÃO

Seção I
Da Extradição

Art. 81. A extradição é a medida de cooperação internacional entre o Estado brasileiro e outro
Estado pela qual se concede ou solicita a entrega de pessoa sobre quem recaia condenação criminal
definitiva ou para fins de instrução de processo penal em curso.
§ 1ºA extradição será requerida por via diplomática ou pelas autoridades centrais designadas
para esse fim.

§ 2ºA extradição e sua rotina de comunicação serão realizadas pelo órgão competente do Poder
Executivo em coordenação com as autoridades judiciárias e policiais competentes.

Art. 82. Não se concederá a extradição quando:

I - o indivíduo cuja extradição é solicitada ao Brasil for brasileiro nato;

II - o fato que motivar o pedido não for considerado crime no Brasil ou no Estado
requerente;

III - o Brasil for competente, segundo suas leis, para julgar o crime imputado ao
extraditando;

IV - a lei brasileira impuser ao crime pena de prisão inferior a 2 (dois) anos;

V - o extraditando estiver respondendo a processo ou já houver sido condenado ou


absolvido no Brasil pelo mesmo fato em que se fundar o pedido;

VI - a punibilidade estiver extinta pela prescrição, segundo a lei brasileira ou a do


Estado requerente;

VII - o fato constituir crime político ou de opinião;

VIII - o extraditando tiver de responder, no Estado requerente, perante tribunal ou juízo


de exceção; ou

IX - o extraditando for beneficiário de refúgio, nos termos da Lei nº 9.474, de 22 de


julho de 1997, ou de asilo territorial.

§ 1ºA previsão constante do inciso VII do caput não impedirá a extradição quando o fato
constituir, principalmente, infração à lei penal comum ou quando o crime comum, conexo ao delito
político, constituir o fato principal.

§ 2º Caberá à autoridade judiciária competente a apreciação do caráter da infração.

§ 3º Para determinação da incidência do disposto no inciso I, será observada, nos casos de


aquisição de outra nacionalidade por naturalização, a anterioridade do fato gerador da extradição.

§ 4º O Supremo Tribunal Federal poderá deixar de considerar crime político o atentado contra
chefe de Estado ou quaisquer autoridades, bem como crime contra a humanidade, crime de guerra,
crime de genocídio e terrorismo.
21
§ 5º Admite-se a extradição de brasileiro naturalizado, nas hipóteses previstas na Constituição
Federal.

Art. 83. São condições para concessão da extradição:

I - ter sido o crime cometido no território do Estado requerente ou serem aplicáveis ao


extraditando as leis penais desse Estado; e

II - estar o extraditando respondendo a processo investigatório ou a processo penal ou


ter sido condenado pelas autoridades judiciárias do Estado requerente a pena privativa
de liberdade.

Art. 84. Em caso de urgência, o Estado interessado na extradição poderá, previamente ou


conjuntamente com a formalização do pedido extradicional, requerer, por via diplomática ou por meio
de autoridade central do Poder Executivo, prisão cautelar com o objetivo de assegurar a executoriedade
da medida de extradição que, após exame da presença dos pressupostos formais de admissibilidade
exigidos nesta Lei ou em tratado, deverá representar à autoridade judicial competente, ouvido
previamente o Ministério Público Federal.

§ 1º O pedido de prisão cautelar deverá conter informação sobre o crime cometido e deverá ser
fundamentado, podendo ser apresentado por correio, fax, mensagem eletrônica ou qualquer outro meio
que assegure a comunicação por escrito.

§ 2º O pedido de prisão cautelar poderá ser transmitido à autoridade competente para extradição
no Brasil por meio de canal estabelecido com o ponto focal da Organização Internacional de Polícia
Criminal (Interpol) no País, devidamente instruído com a documentação comprobatória da existência
de ordem de prisão proferida por Estado estrangeiro, e, em caso de ausência de tratado, com a promessa
de reciprocidade recebida por via diplomática.

§ 3º Efetivada a prisão do extraditando, o pedido de extradição será encaminhado à autoridade


judiciária competente.

§ 4º Na ausência de disposição específica em tratado, o Estado estrangeiro deverá formalizar o


pedido de extradição no prazo de 60 (sessenta) dias, contado da data em que tiver sido cientificado da
prisão do extraditando.

§ 5º Caso o pedido de extradição não seja apresentado no prazo previsto no § 4º, o extraditando
deverá ser posto em liberdade, não se admitindo novo pedido de prisão cautelar pelo mesmo fato sem
que a extradição tenha sido devidamente requerida.

§ 6º A prisão cautelar poderá ser prorrogada até o julgamento final da autoridade judiciária
competente quanto à legalidade do pedido de extradição.

Art. 85. Quando mais de um Estado requerer a extradição da mesma pessoa, pelo mesmo fato,
terá preferência o pedido daquele em cujo território a infração foi cometida.

§ 1º Em caso de crimes diversos, terá preferência, sucessivamente:

I - o Estado requerente em cujo território tenha sido cometido o crime mais grave,
segundo a lei brasileira;

II - o Estado que em primeiro lugar tenha pedido a entrega do extraditando, se a


gravidade dos crimes for idêntica;
22
III - o Estado de origem, ou, em sua falta, o domiciliar do extraditando, se os pedidos
forem simultâneos.

§ 2º Nos casos não previstos nesta Lei, o órgão competente do Poder Executivo decidirá sobre a
preferência do pedido, priorizando o Estado requerente que mantiver tratado de extradição com o
Brasil.

§ 3º Havendo tratado com algum dos Estados requerentes, prevalecerão suas normas no que diz
respeito à preferência de que trata este artigo.

Art. 86. O Supremo Tribunal Federal, ouvido o Ministério Público, poderá autorizar prisão
albergue ou domiciliar ou determinar que o extraditando responda ao processo de extradição em
liberdade, com retenção do documento de viagem ou outras medidas cautelares necessárias, até o
julgamento da extradição ou a entrega do extraditando, se pertinente, considerando a situação
administrativa migratória, os antecedentes do extraditando e as circunstâncias do caso.

Art. 87. O extraditando poderá entregar-se voluntariamente ao Estado requerente, desde que o
declare expressamente, esteja assistido por advogado e seja advertido de que tem direito ao processo
judicial de extradição e à proteção que tal direito encerra, caso em que o pedido será decidido pelo
Supremo Tribunal Federal.

Art. 88. Todo pedido que possa originar processo de extradição em face de Estado estrangeiro
deverá ser encaminhado ao órgão competente do Poder Executivo diretamente pelo órgão do Poder
Judiciário responsável pela decisão ou pelo processo penal que a fundamenta.

§ 1º Compete a órgão do Poder Executivo o papel de orientação, de informação e de avaliação


dos elementos formais de admissibilidade dos processos preparatórios para encaminhamento ao Estado
requerido.

§ 2º Compete aos órgãos do sistema de Justiça vinculados ao processo penal gerador de pedido
de extradição a apresentação de todos os documentos, manifestações e demais elementos necessários
para o processamento do pedido, inclusive suas traduções oficiais.

§ 3º O pedido deverá ser instruído com cópia autêntica ou com o original da sentença
condenatória ou da decisão penal proferida, conterá indicações precisas sobre o local, a data, a natureza
e as circunstâncias do fato criminoso e a identidade do extraditando e será acompanhado de cópia dos
textos legais sobre o crime, a competência, a pena e a prescrição.

§ 4º O encaminhamento do pedido de extradição ao órgão competente do Poder Executivo


confere autenticidade aos documentos.

Art. 89. O pedido de extradição originado de Estado estrangeiro será recebido pelo órgão
competente do Poder Executivo e, após exame da presença dos pressupostos formais de
admissibilidade exigidos nesta Lei ou em tratado, encaminhado à autoridade judiciária competente.

Parágrafo único. Não preenchidos os pressupostos referidos no caput, o pedido será arquivado
mediante decisão fundamentada, sem prejuízo da possibilidade de renovação do pedido, devidamente
instruído, uma vez superado o óbice apontado.
Art. 90. Nenhuma extradição será concedida sem prévio pronunciamento do Supremo Tribunal
Federal sobre sua legalidade e procedência, não cabendo recurso da decisão.
Art. 91. Ao receber o pedido, o relator designará dia e hora para o interrogatório do extraditando
e, conforme o caso, nomear-lhe-á curador ou advogado, se não o tiver.
23
Art. 1o O art. 53 da Constituição Federal passa a vigorar com as seguintes alte-
rações:
“Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penal-
mente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos.
§ 1o Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma,
serão submetidos a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal.
§ 2o Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso
Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime ina-
fiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e
quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de
seus membros, resolva sobre a prisão.
§ 3o Recebida a denúncia contra Senador ou Deputado, por crime
ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ci-
ência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela
representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até
a decisão final, sustar o andamento da ação.
§ 4o O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no
prazo improrrogável de quarenta e cinco dias do seu recebimento
pela Mesa Diretora.
§ 5o A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar
o mandato.
§ 6o Os Deputados e Senadores não serão obrigados a testemunhar
sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do
mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles recebe-
ram informações.
§ 7o A incorporação às Forças Armadas de Deputados e Senadores,
embora militares e ainda que em tempo de guerra, dependerá de
prévia licença da Casa respectiva.
§ 8o As imunidades de Deputados ou Senadores subsistirão durante
o estado de sítio, só podendo ser suspensas mediante o voto de dois
terços dos membros da Casa respectiva, nos casos de atos praticados
fora do recinto do Congresso Nacional, que sejam incompatíveis
com a execução da medida.”
Art. 2o Esta Emenda Constitucional entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 20 de dezembro de 2001.
MESA DA CÂMARA DOS DEPUTADOS – Deputado Aécio Neves, Presidente
– Deputado Efraim Morais, 1o Vice-Presidente – Deputado Barbosa Neto, 2o Vice-
Presidente – Deputado Severino Cavalcanti, 1o Secretário – Deputado Nilton Capixaba,
2o Secretário – Deputado Paulo Rocha, 3o Secretário – Deputado Ciro Nogueira, 4o
Secretário.
MESA DO SENADO FEDERAL – Senador Ramez Tebet, Presidente – Senador Edison
Lobão, 1o Vice-Presidente – Senador Antonio Carlos Valadares, 2o Vice-Presidente –
Senador Carlos Wilson, 1o Secretário – Senador Antero Paes de Barros, 2o Secretário
– Senador Ronaldo Cunha Lima, 3o Secretário – Senador Mozarildo Cavalcanti, 4o
Secretário.
274 Constituição da República Federativa do Brasil

Você também pode gostar