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ADIs 7.228, 7.263 e 7.

325
Distribuição de vagas de vereadores, deputados estaduais e deputados federais

Relator
Fatos
Ministro Ricardo
Lewandowski Trata-se de três ações constitucionais (ações diretas de
Votação inconstitucionalidade) propostas por partidos políticos (Rede
7x4 Sustentabilidade, Podemos e Partido Socialista Brasileiro e Partido
Voto que prevaleceu Progressista), que questionam regras para distribuição das vagas nas
Ministro Ricardo eleições para vereadores, deputados estaduais e deputados federais.
Lewandowski
Para esses cargos, é utilizado o sistema eleitoral proporcional.
Órgão julgador
Tribunal Pleno Diferentemente do sistema majoritário, no qual é eleito o candidato
mais votado, no sistema proporcional, os votos são dados para os
Data do julgamento
28/02/2024 partidos (ainda que o eleitor vote em um candidato específico). Isso se
dá para que cada partido possa ter um número de vagas no legislativo
Formato
o mais próximo possível do número de votos recebidos e de sua força
Presencial
na sociedade. Assim, para ser eleito, não basta que o candidato receba
muitos votos: também é necessário que o seu partido tenha uma
votação mínima.

Para determinar quais candidatos serão eleitos, há diversas fases, com


regras e fórmulas específicas. Na 1ª fase, são calculados o quociente
eleitoral (divisão do total de votos válidos – aqueles dados nos partidos
e em seus candidatos, sem contar os brancos e nulos - pelo número de
vagas em disputa) e o quociente partidário (divisão do número de votos
válidos do partido pelo quociente eleitoral). O quociente partidário
define quantas vagas o partido terá direito nessa fase. As vagas de cada
partido serão preenchidas pelos seus candidatos com maior votação. A
Lei nº 14.211/2021 definiu, ainda, um requisito adicional: apenas ficam
com a vaga nessa fase os candidatos que tenham recebido votos
equivalentes a 10% do quociente eleitoral (art. 108 do Código Eleitoral).

As vagas restantes – chamadas de sobras eleitorais – são distribuídas em


outras duas fases. Na 2ª fase (1ª etapa de distribuição das sobras), a Lei
nº 14.211/2021 definiu que apenas participam os partidos que
alcançaram pelo menos 80% do quociente eleitoral, desde que tenham
candidatos com votação mínima de 20% do quociente eleitoral (art. 109, I e II, do Código Eleitoral).

Já na 3ª fase (2ª etapa de distribuição das sobras), as regras atuais estabeleceram que participam os partidos
com pelo menos 80% do quociente eleitoral, mas não exigem votação pessoal mínima dos candidatos (art.
109, III e § 2º, do Código Eleitoral).

Nas ações analisadas pelo STF, os partidos questionaram a validade da regra definida para essa 3ª fase.
Alegaram que todos os partidos que participaram da eleição (e não apenas os que atingiram 80% do quociente
eleitoral) devem poder concorrer às vagas. Isso porque entendem que a exigência gera distorções que
descaracterizam o sistema proporcional e privilegiam os maiores partidos.

Questões jurídicas

Nas eleições realizadas pelo sistema proporcional, é válida a regra que, na 3ª fase de distribuição de vagas (2ª
etapa de distribuição de sobras), restringe a participação aos partidos políticos que tenham obtido número
de votos equivalente a 80% do quociente eleitoral?

Fundamentos da decisão

1. O Supremo Tribunal Federal já entendeu que regras que exigem dos partidos um número mínimo de
votos para eleger representantes – as chamadas cláusulas de desempenho – são, em princípio, compatíveis
com a Constituição, porque buscam desestimular o surgimento de grande número de partidos políticos sem
base de representação na sociedade.

2. Apesar disso, a regra que diz que o partido precisa alcançar pelo menos 80% do quociente eleitoral
para concorrer às vagas na 2ª etapa de distribuição das sobras beneficia os grandes partidos, que têm mais
facilidade para alcançar a votação mínima exigida, dificultando em excesso a participação de partidos
pequenos. Além disso, como não se exige que os candidatos recebam um número mínimo de votos,
parlamentares podem ser eleitos com pouquíssimos votos, apenas por integrarem partidos grandes. Ao
mesmo tempo, candidatos com muitos votos podem ficar de fora por pertencerem a partidos que não
alcançaram 80% do quociente eleitoral. Por descaracterizar o sistema proporcional previsto na Constituição,
essa regra é inválida e todos os partidos que participaram da eleição devem concorrer na 2ª etapa de
distribuição das sobras.

Votação e julgamento

Decisão por maioria

Voto que prevaleceu: Min. Ricardo Lewandowski (relator)

Voto(s) divergente(s): Min. André Mendonça, Min. Edson Fachin, Min. Luiz Fux e Min. Luís Roberto Barroso
Resultado do julgamento

Por maioria de votos, o Plenário do STF invalidou regra que tornava mais difícil para partidos menores
receberem vagas no legislativo e que era aplicada à chamada 2ª etapa de distribuição das sobras
eleitorais. Com a decisão, todos os partidos poderão participar dessa fase de distribuição de vagas
restantes, antes reservada aos que atingissem cláusula de desempenho de 80% do quociente
eleitoral.

Prevaleceu o entendimento de que a aplicação dessa cláusula de desempenho, nessa última fase
de distribuição de cadeiras, inviabilizaria a ocupação de vagas por partidos pequenos, ainda que
tenham candidatos com votação expressiva.

O colegiado definiu que a decisão será aplicada a partir das eleições de 2024 e não afetará o
resultado das eleições de 2022.

Classe e Número: ADIs 7.228, 7.263 e 7.325

Agenda 2030 da ONU

Versão: V1_29fev_15h29

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