PARTE III - Função Real de Variável Real

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Z b Análise Matemática I & Cálculo I n

n(n + 1)
f (x)dx = F(b) − F(a) ∑i = 2
a Função Real de Variável Real − Resumo i=1

Generalidades

Definição 1 — Função. Dados dois conjuntos A e B chama-se função definida em A com valores
em B, a toda a correspondência entre A e B que a cada elemento de A faça corresponder um e um só
elemento de B. Ao conjunto A chama-se domínio da função.

Definição 2 — Variáveis independente e dependente. Sendo y = f (x) uma função, x é a variável


independente e toma valores em A (x ∈ A) e y é a variável dependente, pois os seus valores dependem
dos valores que toma a variável x, que toma valores em B (y ∈ B).

Definição 3 — Função real de variável real. Uma função f diz-se real de variável real quando
A ⊂ R e B ⊂ R.

Definição 4 — Domínio e contradomínio de uma função real de variável real. Seja f uma
função real de variável real. Chama-se domínio de definição ou de existência de f ao conjunto dos
valores reais que têm imagem pela função f , isto é, ao conjunto dos números reais para os quais a
expressão analítica de f está bem definida.
Chama-se contradomínio de f ao conjunto dos valores reais que são imagem pela função f dos
elementos do domínio.

Definição 5 — Gráfico de uma função. Dada uma função f : D ⊂ R −→ R, chama-se gráfico da


função f ao conjunto
G( f ) = {(x, y) : x ∈ D, y ∈ R, y = f (x)}.

Definição 6 — Função crescente e decrescente. Uma função f : D ⊂ R −→ R diz-se:

• crescente se x < y =⇒ f (x) ≤ f (y).

• estritamente crescente se x < y =⇒ f (x) < f (y).

• decrescente se x < y =⇒ f (x) ≥ f (y).

• estritamente decrescente se x < y =⇒ f (x) > f (y).

Definição 7 — Função monótona. Uma função f diz-se:

• monótona se é crescente ou decrescente.

• estritamente monótona se é estritamente crescente ou estritamente decrescente.

Definição 8 — Função par e ímpar. Uma função f : D ⊂ R −→ R diz-se:

• par se f (x) = f (−x), ∀x ∈ D.

• ímpar se f (−x) = − f (x), ∀x ∈ D.

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Definição 9 — Função limitada. Uma função f : D ⊂ R −→ R diz-se limitada se

∃ M > 0 : | f (x)| ≤ M, ∀ x ∈ D.

Definição 10 — Zeros de uma função. Chamam-se zeros da função f os elementos x do domínio


tais que f (x) = 0.

Definição 11 — Função injetiva, sobrejetiva, bijetiva. Uma função f : D ⊂ R −→ B ⊂ R diz-se:

• injetiva se x 6= y =⇒ f (x) 6= f (y).

• sobrejetiva se ∀y ∈ B, ∃ x ∈ D : f (x) = y.

• bijetiva se é injetiva e sobrejetiva.

Definição 12 — Função periódica. Uma função f é periódica de período p, p > 0, quando para
todo x ∈ Dom( f ), x + p ∈ Dom( f ) e f (x) = f (x + p).

Função Exponencial
Definição 13 — Função exponencial. Seja a ∈ R tal que 0 < a 6= 1. A função exponencial de base
a é denotada e definida por:
y = f (x) = ax .

OBS Tem-se que:


• Df = R
• Im( f ) =]0, +∞[
• O gráfico de f depende de:
– a>1
– 0<a<1

h i
1 x

a>1 [Exemplo: y = 3x ] 0<a<1 Exemplo: y = 2

10

8 4

4 2

2
0
0
−3 −2 −1 0 1 2 −3 −2 −1 0 1 2 3

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Função Logarítmica
Definição 14 — Função Logarítmica. Como a função exponencial y = ax é injetiva, ela possui uma
inversa denominada função logarítmica de base a, que é denotada por:

f (x) = loga (x)

e definida por:

y = loga (x) ⇐⇒ ay = x,

onde a ∈ R é tal que 0 < a 6= 1.

OBS Tem-se que:


• D f =]0, +∞[
• Im( f ) = R
• f (1) = 0 ∧ f (a) = 1
• O gráfico de f depende de:
– a>1
– 0<a<1
h i
a > 1 [Exemplo: y = log3(x)] 0 < a < 1 Exemplo: y = log 1 (x)
2

2 4

0 2

0
−2

−2
0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4

OBS
1. loga (ax ) = x, ∀x ∈ R, ∀a ∈]0, +∞[\{1}

2. aloga (x) = x, ∀a, x ∈]0, +∞[, a 6= 1


3. loga (x · y) = loga (x) + loga (y), ∀a, x, y ∈]0, +∞[, a 6= 1

4. loga xb = b loga (x), ∀a, x ∈]0, +∞[, a 6= 1




 
x
5. loga = loga (x) − loga (y), ∀a, x, y ∈]0, +∞[, a 6= 1
y
1
6. loga (b) = , ∀a, b ∈]0, +∞[\{1}
logb (a)
logb (x)
7. loga (x) = , ∀a, b, x ∈]0, +∞[, a, b 6= 1
logb (a)

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Exemplo 1 Calcule log2 8.
• Seja y = log2 8.
• Assim,
y = log2 8 ⇔ 2y = 8 ⇔ 2y = 23 ⇒ y = 3.
• Logo,
log2 8 = 3.

Funções Trigonométricas
Definição 15 — Funções trigonométricas. Seja P = (x, y) um ponto sobre o círculo unitário cen-
trado na origem O. Considere θ o ângulo com um lado inicial ao longo do eixo dos x e um lado
terminal dado pelo segmento de reta OP. As funções trigonométricas, então, são definidas como se
segue:

• sin θ = y • cos θ = x
y x
• tan θ = • cot θ =
x y
1 1
• sec θ = • csc θ =
x y

Se x = 0, sec θ e tan θ são indefinidas. Se y = 0, csc θ e cot θ são indefinidas.

y
P = (x, y)

1
θ
O x

Figura 1: Círculo unitário

OBS Identidades Trigonométricas


sin θ cos θ 1 1
• tan θ = • cot θ = • csc θ = • sec θ =
cos θ sin θ sin θ cos θ
• sin2 θ + cos2 θ = 1 • 1 + tan2 θ = sec2 θ • 1 + cot2 θ = csc2 θ

• sin (α ± β ) = sin α cos β ± cos α sin β

• cos (α ± β ) = cos α cos β ∓ sin α sin β

• sin (2θ ) = 2 sin θ cos θ

• cos (2θ ) = 2 cos2 θ − 1 = 1 − 2 sin2 θ = cos2 θ − sin2 θ

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Gráficos e períodos de funções trigonométricas

OBS
• As funções seno, cosseno, secante e cossecante têm um período de 2π.

• As funções tangente e cotangente têm um período de π.

Função seno Função cosseno

1 1

0.5 0.5

0 0

−0.5 −0.5

−1 −1
−6 −4 −2 0 2 4 6 −6 −4 −2 0 2 4 6

Função tangente Função cotangente

6 6

4 4

2 2

0 0

−2 −2

−4 −4

−6 −6
−6 −4 −2 0 2 4 6 −6 −4 −2 0 2 4 6

Função secante Função cossecante

6 6

4 4

2 2

0 0

−2 −2

−4 −4

−6 −6
−6 −4 −2 0 2 4 6 −6 −4 −2 0 2 4 6

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f(x) Dom(f) Im(f)
sin(x) R [−1, 1]

cos(x) R [−1, 1]

sin(x) n π o
tan(x) = x ∈ R : x 6= + kπ, k ∈ Z R
cos(x) 2

cos(x)
cot(x) = {x ∈ R : x 6= kπ, k ∈ Z} R
sin(x)

1 n π o
sec(x) = x ∈ R : x 6= + kπ, k ∈ Z ] − ∞, −1] ∪ [1, +∞[
cos(x) 2

1
cosec(x) = {x ∈ R : x 6= kπ, k ∈ Z} ] − ∞, −1] ∪ [1, +∞[
sin(x)

Funções Trigonométricas Inversas


As funções trigonométricas são periódicas e, por isso, não admitem função inversa. Para contornar esse
problema, restringe-se essas funções a um determinado intervalo de modo a que, nessa restrição, faz
sentido falar da função inversa. Existe um número infinito de intervalos nos quais uma dada função
trigonométrica é injetiva. Para cada caso, por convenção, escolhe-se um intervalo fixo para definir as
funções trigonométricas inversas.

Função Arco seno

Considere a função f (x) = sin(x), restringida ao Função arco seno


intervalo − π2 , π2 , isto é,
h π πi
f: − , −→ [−1, 1]. π/2
2 2
Esta função possui inversa f −1 chamada função
arco seno. Assim,
h π πi 0
f −1 : [−1, 1] −→ − , ,
2 2
é denotada por

y = f −1 (x) = arcsin(x) −π/2

e definida por -1 0 1

y = arcsin(x) ⇐⇒ sin(y) = x ∧ − π2 ≤ y ≤ π2 .

√ 
2
Exemplo 2 Calcule arcsin .
√  2
2
• Seja y = arcsin 2

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• Pela definição de arco seno, tem-se:
√ ! √
2 2 π  π
y = arcsin ⇐⇒ sin(y) = =⇒ sin(y) = sin =⇒ y = .
2 2 4 4
√ 
2
• Logo, arcsin 2 = π4 .

Função Arco cosseno

Considere a função f (x) = cos(x), restringida ao Função arco cosseno


intervalo [0, π], isto é,
π
f : [0, π] −→ [−1, 1].

Esta função possui inversa f −1 chamada função


arco cosseno. Assim,
π/2
−1
f : [−1, 1] −→ [0, π] ,

é denotada por
0
y = f −1 (x) = arccos(x)

e definida por -1 0 1

y = arccos(x) ⇐⇒ cos(y) = x ∧ 0 ≤ y ≤ π.

Exemplo 3 Calcule arccos (−1).


• Seja y = arccos (−1)
• Pela definição de arco cosseno, tem-se:

y = arccos (−1) ⇐⇒ cos(y) = −1 =⇒ cos(y) = cos (π) =⇒ y = π.

• Logo, arccos (−1) = π.

Função Arco tangente


Função arco tangente
Considere a função f (x) = tan(x), restringida ao
intervalo − π2 , π2 , isto é,
i π πh
f: − , −→ R. π/2
2 2
Esta função possui inversa f −1 chamada função
arco tangente. Assim, 0
i π πh
f −1 : R −→ − , ,
2 2
é denotada por y = f −1 (x) = arctan(x) e definida −π/2
por -10 -5 0 5 10

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y = arctan(x) ⇐⇒ tan(y) = x ∧ − π2 ≤ y ≤ π
2

√ 
Exemplo 4 Calcule arctan − 3 .
√ 
• Seja y = arctan − 3
• Pela definição de arco tangente, tem-se:
 √  √  π π
y = arctan − 3 ⇐⇒ tan(y) = − 3 =⇒ tan(y) = tan − =⇒ y = − .
3 3
• Logo,  √  π
arctan − 3 = .
3

Funções Arco cotangente, Arco secante e Arco cossecante


A tabela seguinte resume as restantes funções trigonométricas inversas.

f(x) Dom(f) Im(f)

π
arccotan(x) = − arctan(x) R ]0, π[
2

arcsec(x) = arccos 1x
  π  π 
] − ∞, −1] ∪ [1, +∞[ 0, 2 ∪ 2 , π

1
  π   π
arccosec(x) = arcsin x ] − ∞, −1] ∪ [1, +∞[ − 2 , 0 ∪ 0, 2

Função arco cotangente Função arco secante Função arco cossecante

π
π π/2

π/2
π/2 0

0
0 −π/2

-10 -5 0 5 10 -1 1 -1 1

Funções Hiperbólicas
As funções hiperbólicas são definidas em termos de certas combinações de ex e e−x .
Definição 16 — Funções Hiperbólicas.
• Define-se seno hiperbólico de x por

ex − e−x
sinh(x) = .
2
• Define-se cosseno hiperbólico de x por

ex + e−x
cosh(x) = .
2

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• Define-se tangente hiperbólico de x por

sinh(x) ex − e−x
tanh(x) = = x .
cosh(x) e + e−x

• Define-se cotangente hiperbólico de x por

cosh(x) ex + e−x
coth(x) = = x .
sinh(x) e − e−x

• Define-se secante hiperbólico de x por

1 2
sech(x) = = x .
cosh(x) e + e−x

• Define-se cossecante hiperbólico de x por

1 2
cosech(x) = = x .
sinh(x) e − e−x

f(x) Dom(f) Im(f)


sinh(x) R R

cosh(x) R [1, +∞[

tanh(x) R ] − 1, 1[

coth(x) R\{0} ] − ∞, −1[∪]1, +∞[

sech(x) R ]0, 1]

cosech(x) R\{0} R\{0}

OBS Identidades envolvendo funções hiperbólicas

• cosh2 (x) − sinh2 (x) = 1

• 1 − tanh2 (x) = sech2 (x)

• coth2 (x) − 1 = cosech2 (x)

• sinh(x ± y) = sinh(x) cosh(y) ± cosh(x) sinh(y)

• cosh(x ± y) = cosh(x) cosh(y) ± sinh(x) sinh(y)

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Gráficos das funções hiperbólicas

Função seno hiperbólico Função cosseno hiperbólico

10
5

5 4

3
0
2
−5
1

−10 0
−4 −2 0 2 4 −4 −2 0 2 4

Função tangente hiperbólico Função cotangente hiperbólico


1.5 6

1 4

0.5 2

0
0
−2
−0.5
−4
−1
−6
−6 −4 −2 0 2 4 6 −6 −4 −2 0 2 4 6

Função secante hiperbólico Função cossecante hiperbólico

1 6

0.8 4

0.6 2
0.4 0
0.2 −2
0 −4
−0.2
−6
−6 −4 −2 0 2 4 6 −6 −4 −2 0 2 4 6

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Exercícios
Exercício 1 Determine o domínio de cada uma das seguintes funções:

(d) f (x) = arcsin x2


 tan(x) 
1
(a) f (x) =
2 
3x

(e) f (x) = arccos
x+1
p
(b) f (x) = ln(x)
(f) f (x) = arctan x2 + 2
  
1
(c) f (x) = tan
x (g) f (x) = loga x(x2 − 2)(x2 − 3)


1 x 1
Exercício 2 Sejam f (x) = [a + a−x ] e g(x) = [ax − a−x ], a > 0 e a 6= 1.
2 2
(a) Verifique que f (x + y) = f (x) f (y) + g(x)g(y).
(b) Verifique que g(x + y) = f (x)g(y) + f (y)g(x).
(c) Analise o caso a = e.

   
1−x a+b
Exercício 3 Se f (x) = ln , verifique que f (a) + f (b) = f .
1+x 1 + ab

Exercício 4 Se f (x) = arccos (loga (x)), calcule:


(a) f (a), se a = 10 e a = e.
(b) f (1), f (10), f (100), se a = 100.

Exercício 5 Verifique que f (x) = sinh(x), g(x) = tanh(x), h(x) = cotgh(x) e F(x) = cosech(x) são
funções ímpares e G(x) = cosh(x), H(x) = sech(x) são funções pares.

Exercício 6 Verifique que:


 √ 
(a) arcsinh(x) = ln x + x2 + 1 , x ∈ R.
 √ 
(b) arccosh(x) = ln x + x2 − 1 , x ≥ 1.

Exercício 7 Escreva de forma mais simples as seguintes funções:


(a) f (x) = sinh(ln(x)), x > 0.
(b) f (x) = sinh(x) + cosh(x).


Exercício 8 Verifique que sin(arccos(x)) = 1 − x2 , |x| ≤ 1.

q
Exercício 9 Seja f (x) = log 1 (log10 (x + 1)). Determine Dom( f ) e calcule f (9).
2

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