Crescimento Economico Da Região Sul
Crescimento Economico Da Região Sul
Crescimento Economico Da Região Sul
BRASIL
____________________________________
RESUMO
Esse artigo analisa o crescimento econômico e a sua convergência
Revista de Economia e Agronegócio - REA condicional entre as microrregiões do Sul do Brasil, nos anos de 2003
ISSN impresso: 1679-1614 a 2010. Os procedimentos metodológicos foram: a estimativa dos
ISSN online: 2526-5539 indicadores do nível de crescimento econômico e disparidades
Vol. 15 | N. 2 | 2017
regionais, a análise exploratória de dados (AEDE) e estimativas
econométricas por meio de painel espacial. Os resultados da pesquisa
mostraram que, ao final de 2010, o crescimento econômico das
microrregiões mais deprimidas foi maior do que nas microrregiões
mais dinâmicas. O PIB per capita das microrregiões sulinas convergiu
Augusta Pelinski em função dos investimentos em capital físico, em capital humano e
em outros aspectos espaciais. Outro resultado importante foi o “efeito
Raiher
espraiamento”, ou seja, o crescimento de uma região beneficiou as
Professora dos Programa de Pós
microrregiões da sua área de abrangência, criando um ciclo virtuoso
Graduação em Economia e do
Programa de Pós Graduação em do crescimento regional.
Ciências Sociais na Universidade Palavras-chave: Crescimento econômico regional; convergência
Estadual de Ponta Grossa (UEPG)
condicional; econometria espacial.
E-mail: [email protected]
____________________________________
INTRODUÇÃO
1 Dados do AliceWeb mostram que, com exceção do Sudeste, que tem a maior
participação na inserção externa do país, com 39%, o Sul foi a região com a maior
variação absoluta do montante exportado do país entre os anos de 2003 e 2010.
Revista de Economia e Agronegócio - REA | V. 15 | N. 2 | 2017 | pág. 226
Raiher, Lima e Ostapechen (2017)
2
No caso da busca por menores salários, refere-se à localização das atividades
produtivas, objetivando diminuir seus custos de produção, maximizando seus lucros, via
contratação de mão de obra mais barata. A Nova Geografia Econômica infere que, à
medida que os espaços vão concentrando as atividades produtivas, tem-se, a partir de um
ponto, deseconomias de aglomeração e retornos decrescentes. E um dos resultados desse
processo refere-se à elevação do custo da mão de obra, especialmente pelo custo de vida
que se intensifica conforme se amplia a concentração espacial das atividades. Isso justifica
os argumentos de Saboia e Kubrusly (2008) quanto à descentralização que houve para
outros espaços brasileiros, visando a auferir mão de obra mais barata.
Revista de Economia e Agronegócio - REA | V. 15 | N. 2 | 2017 | pág. 228
Raiher, Lima e Ostapechen (2017)
Indicadores regionais
Sendo assim, pela classificação do INC, tomando como base o PIB per
capita médio da Região Sul Brasil, as regiões que apresentarem indicador
superior a 100 tinham naquele período um PIB per capita superior à Região
Sul. E as demais, inferior.
- Coeficiente de Williamson
Vw { (Y Y )2 fi } Y
n
i i (2)
3
Na convenção rainha, são contíguas as regiões que têm fronteiras físicas com a região X,
bem como seus vértices. Pela convenção torre, consideram-se contíguas apenas as regiões
que fazem fronteira física com a região X. Estas duas matrizes são de contiguidade de
primeira ordem, sendo as regiões consideradas vizinhas diretas da região X. Podem-se,
entretanto, criar matrizes de contiguidade de ordens superiores, nas quais serão
consideradas vizinhas as regiões contíguas aos vizinhos.
Revista de Economia e Agronegócio - REA | V. 15 | N. 2 | 2017 | pág. 231
CRESCIMENTO ECONÔMICO NO SUL DO BRASIL
n z ' wz
I (4)
S 0 z 'z
Uma das suposições que se faz é que todas as regiões convergem para um
único estado estacionário, independentemente das suas condições iniciais.
Essa hipótese é chamada de convergência absoluta, na qual não são consi-
deradas as diferenças estruturais existentes entre as regiões.
1 ln Yit
b0 b1 ln Yi 0 b2 ln CFit b3 ln CH it uit (5)
T Yi 0
4
O número de estabelecimentos de cada microrregião foi auferido na RAIS. Importante
destacar que para validar tal proxy foi feita uma correlação entre essa variável e o real
capital físico do Brasil para o período, e o resultado foi uma correlação de 0,97.
Inicialmente, foram mensurados o total de estabelecimentos do país e o valor do capital
físico existente; na sequência, rateou-se esse valor pelo número de estabelecimento,
identificando o valor médio de cada estabelecimento, valor esse que multiplicado pelo
montante de estabelecimento de cada microrregião.
Revista de Economia e Agronegócio - REA | V. 15 | N. 2 | 2017 | pág. 233
CRESCIMENTO ECONÔMICO NO SUL DO BRASIL
yt W1 yt X t W1 X t t (6)
t W2 t t
y Wy X ( 7)
y X (8)
Considerando que:
W (8.1)
Com PIB6 na faixa de R$ 277 bilhões em 2010, a Região Sul do Brasil teve
participação de 16.5% no PIB Nacional. Nesse período, o Rio Grande do
Sul tinha a maior participação no PIB regional, com 41 %, seguido do
Paraná (35 %) e de Santa Catarina (25 %). Entretanto, numa análise
evolutiva, a Região Sul como um todo perdeu participação ao comparar
2010 com 2003, ano que detinha 17,7% PIB nacional (Tabela 1). Essa queda
de participação está diretamente relacionada com o ritmo de crescimento
menos intenso que a Região obteve. Enquanto o Brasil teve um
crescimento médio anual de 4,7% entre 2003-2007, o Sul cresceu 3,2% entre
2007-2010. O Brasil cresceu em média 4,1% ao ano, ao passo que o Sul,
5
O erro padrão de Drisccoll-Kraay é robusto em relação aos problemas de
heterocedasticidade e formas gerais de dependência dos resíduos (como espacial e
temporal), podendo ser aplicado em painel.
6 PIB a preços de 2000, conforme já explicado nos procedimentos metodológicos.
Blumenau (SC) e Caxias do Sul (RS) - além de Londrina (PR) e Caxias (RS).
Ou seja, o dinamismo econômico do Sul se apresenta altamente
concentrado espacialmente. Isso converge para um estudo de Ferrera de
Lima (2010), que apontava que a dinâmica econômica do Sul do Brasil, ao
final do século XX, se retraiu para um corredor na porção leste do
território, ligando Londrina (PR), Ponta Grossa (PR) e a Região
Metropolitana de Curitiba (RMC) e acompanhando a faixa litorânea até as
Regiões de Caxias do Sul (RS) e Metropolitana de Porto Alegre (RMPA).
Quem mais perdeu microrregiões com INC significativo foi o Paraná, que,
em 2003, detinha oito microrregiões nesta classificação, chegando em 2010
com apenas três. Já Santa Catarina perdeu apenas duas e o Rio Grande do
Sul, três. Isso justifica o ritmo de crescimento menos intenso auferido pelo
Paraná, com quebra no seu ritmo de crescimento em comparação com os
demais Estados sulinos ao longo do primeiro decênio do século XXI.
(a) (b)
Figura 6. Taxa de crescimento médio anual do PIB per capita entre 2003 e
2010 e PIB per capita de 2003 – microrregiões do Sul do Brasil.
Destarte, a Figura 6 mostra o PIB per capita de 2003, Figura 1b, e a distri-
buição da taxa de crescimento médio anual do PIB per capita obtida entre
2003 e 2010 (Figura 1a). Em 2003, muitas microrregiões que detinham um
PIB per capita alto apresentaram taxa de crescimento menor. Outras que
apresentaram um PIB per capita inicial baixo tiveram uma taxa de cresci-
mento maior. Isso mostra a tendência quanto à homogeneização do cres-
cimento econômico na Região Sul do Brasil.
de Moran.
Revista de Economia e Agronegócio - REA | V. 15 | N. 2 | 2017 | pág. 241
CRESCIMENTO ECONÔMICO NO SUL DO BRASIL
Por fim, embora o melhor modelo seja o SAR, os coeficientes das demais
estimativas se apresentaram bastante próximos, mostrando a robustez dos
resultados, validando a inferência acerca da convergência condicional do
crescimento econômico no Sul do Brasil.
CONCLUSÕES
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS
ANEXO