Tipos de Biorreatores e Critérios de Seleção

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS


FACULDADE DE BIOTECNOLOGIA
PROCESSOS INDUSTRIAIS DE FERMENTAÇÃO: FUNDAMENTOS E
APLICAÇÕES

Docente: Prof. Dr. Fábio Moura

2024
 Introdução

Denominam-se biorreatores ou reatores bioquímicos ou fermentadores ou


reatores biológicos os equipamentos utilizados para proporcionar reações
químicas catalisadas por enzimas ou células (microbianas, animais ou vegetais).

Grupo 1 Biorreatores nos quais as reações ocorrem por reações


enzimáticas

Grupo 2 Biorreatores nos quais as reações se processam na presença


de células vivas.

A complexidade e diversidade de produtos obtidos por processos


biotecnológicos sugerem a existência de biorreatores com características muito
distintas no que se refere aos fenômenos de transferência (calor, massa e
quantidade de movimento). Diversos fatores como a temperatura, pressão,
fluxo de ar, pH, formação de espuma, entre outros afetam os processos e
devem ser constantemente controlados para que o mesmo ocorra com o
máximo de rendimento e economia.
 Introdução

O desenvolvimento dos equipamentos de bioprocessos foi lento e em grande


parte empírico.

O primeiro passo na evolução dos processos artesanais foi o desenvolvimento


do processo anaeróbio de produção de acetona-butanol em 1916-1918 por C.
actobutylium, o qual, empregou o controle rigoroso da assepsia.

Entretanto, foi no período da Segunda Guerra Mundial (1939-45) que a


implementação do processo biotecnológico para a produção de penicilina em
larga escala trouxe novas perspectivas para o setor da biotecnologia.

Nos últimos anos, o desenvolvimento explosivo do mercado de produtos


biotecnológicos, advindo dos resultados práticos do emprego das tecnologias
do DNA recombinante, influenciou a concepção da construção de
equipamentos, principalmente no que diz respeito ao conceito de esterilidade
e contenção ambiental e o emprego de células animais ou humanas para a
produção de fármacos.
 Introdução

Para satisfazer a função primária de um biorreator que é a de fornecer


condições ambientais adequadas ao crescimento das células microbianas,
animais ou de plantas, uma série de parâmetros devem ser considerados, tais
como a capacidade de permanecer estéril por longos períodos e atender
todas as exigências legislativas de contenção ambiental; fazer agitação e
aeração plenas ao desenvolvimento tendo a cautela em manter a integridade
físicas da célula, um eficiente sistema de controle da temperatura.

Embora o objetivo do projeto de um biorreator seja maximizar sua


produtividade, não podemos esquecer sua interação com os processos de
separação/purificação do produto (downstream), pois tais custos podem
representar até 70% do custo total do processo.
 Introdução

Os processos de recuperação podem contribuir de forma decisiva no custo


final do produto.

 Performance do processo de recuperação

Fator de concentração Fator de separação


 Introdução

Os processos de recuperação podem contribuir de forma decisiva no custo


final do produto.
Proteínas recombinates/Anticorpos
Antibiótico (penicilina) monoclonais

10%
40%
60%
90%
 Introdução

Existe uma relação entre a concentração do produto no meio e seu preço no


mercado. Quanto mais diluído estiver o produto mais caro será o custo de
recuperação. Para cada operação unitária de recuperação uma perda do
produto irá ocorrer e essas perdas se somam quando mais etapas o processo
tiver.

Ex: Cada processo com rendimento de 80%. Após 6 etapas qual a concentração
do produto de interesse?
 Introdução
 Relações geométricas
A geometria de um biorreator aerado deve favorecer os fenômenos de
transporte que os processos biológicos exigem. A relação principal é entre a
altura e o diâmetro (H/D) e varia em função da necessidade de cada processo.
Em biorreatores sem agitação mecânica (agitação pneumática) a relação H/D é
elevada, pois assim a intensidade de agitação resultante da introdução de ar é
favorecida. A Figura 4 apresenta um diagrama de um biorreator agitado
mecanicamente com as principais relações geométricas.
 Classificação dos biorreatores

Na literatura não há um consenso em como classificar os biorreatores.

Schimidell e Facciotte (2001):

1 Quanto ao tipo de biocatalizador (células ou enzimas);

2 Quanto a configuração do biocatalizador (células/enzimas livres ou


imobilizadas);

3 Quanto a forma de se agitar o líquido (mecânica ou pneumática).


 Classificação dos biorreatores

I-Biorreatores em fase aquosa (fermentação submersa)


I.1-Céluas/enzimas livres
I.1.1-Biorreatores agitados mecanicamente (STR – Stirred Tank Reactor)
I.1.2-Biorreatores agitados pneumaticamente
I.1.2.1-Coluna de bolhas (bubble column)
I.1.2.2-Air-lift
I.1.3-Biorreatores de fluxo pistonado (plug-flow)
I.2-Células/enzimas imobilizadas em suportes
I.2.1-Biorreatores de leito fixo
I.2.2-Biorreatores de leito fluidizado
I.3-Células/enzimas confinadas entre membranas
I.3.1-Biorreatores com membranas planas
I.3.2-Biorreatores de fibra oca (hallow-fiber)
 Classificação dos biorreatores

II-Biorreatores em fase não aquosa (fermentação semi-sólida)


II.1-Biorreatores estáticos (bandejas)
II.2-Biorreatores com agitação (tambor rotativo)
II.3-Biorreatores com leito fixo
II.4-Biorreatores de leito fluidizado

Biorreator STR é o mais utilizado


pelas indústrias
 Biorreatores de laboratório

Reatores de vidro: frascos de Fernbach, garrafa de cultura, tubular vertical,


erlenmeyer de 250mL e 2800 mL.

Incubadora Shaker
 Biorreatores agitados mecanicamente
Os biorreatores agitados mecanicamente consistem de um tanque cilíndrico no
qual são comuns relações entre a altura e o diâmetro de 2:1 ou 3:1.
Normalmente o biorreator é equipado com 4 chincanas cuja função é evitar a
formação de vórtice durante a agitação do líquido e possui uma relação de 1:10
ou 1:12 de largura para o diâmetro do biorreator. O agitador é montado no eixo
central do biorreator possuindo ao longo de sua altura uma série de turbinas, as
quais podem ser de diferentes tipos como as pás planas (Rushton), hélice
marinha e hidrofoil.
 Biorreatores agitados mecanicamente

Pás planas (Rushton) Hidrofoil Hélice marinha

As funções dos agitadores são múltiplas, como homogeneização do meio,


mistura da fase gasosa e aquosa, distribuição do ar, transferência de oxigênio e
calor, entre outras.

Para uma perfeita operação a turbina deve atender a três características:


1 Tempo de mistura do meio;
2 Dispersão de elevados volumes de ar
3 Transferência de calor para manutenção da temperatura do processo
 Biorreatores agitados mecanicamente

A agitação de líquidos newtonianos pelas turbinas de um biorreator é calculada


em função de sua capacidade de transmitir potência.
Diversas variáveis influenciam nessa transmissão como o tipo de turbina, seu
diâmetro, frequência de agitação, diâmetro do tanque, altura da coluna de
líquido, chincanas, características do líquido (densidade, viscosidade), entre
outros.
Desse modo Rushton et al. (1950) efetuaram determinações de potência
transmitida por várias turbinas de diferentes geometrias em biorreatores de
geometria igual e dotados de chincanas que impediram a formação de vórtice,
com isso o número de Froude foi eliminado, restando a função:

Np = f (NRE)
Onde, Np é o número de potência (Np = P/N3Di5ρ), sendo P a potência (W), N a
frequência de agitação (s-1), Di o diâmetro da turbina (m) e ρ a densidade do
líquido (Kg/m3) e NRE é o número de Reynolds (NRE = NDi2ρ/μ), sendo μ a
viscosidade do líquido (Kg/m s).
 Biorreatores agitados mecanicamente
Relação entre número de potência e número de Reynolds para
líquidos newtonianos agitados

NRE < 10 10 < NRE < 104 NRE > 104


(região linear) (transição) (região turbulenta)
 Biorreatores agitados mecanicamente

Na região linear podemos correlacionar:


Np = k1 (NRE)-1 , ou seja, P = k1N2Di3μ

Na região de fluxo turbulento temos:


Np = k2 = cte, ou seja, P = k2N3Di5ρ

Em função das Equações relacionamos a potência (P) em função da frequência


de agitação (N) para dois tipos de regimes (laminar e turbulento).

Conclui-se que as turbinas de pás planas são mais efetivas que a hélice
marinha. Outro fator que corrobora isto é o tipo de escoamento que as
turbinas proporcionam.

No caso das pás planas a direção do escoamento é radial (na direção da parede
do biorreator), já as turbinas de hélice marinha o escoamento é axial (para
baixo na direção do eixo do biorreator)
 Biorreatores agitados mecanicamente
 Nível laboratorial
 Biorreatores agitados mecanicamente
 Nível laboratorial
 Biorreatores agitados mecanicamente
 Nível laboratorial – Bioreatores para DOE
 Biorreatores agitados mecanicamente

 Escalonamento do bioprocesso (scale-up)


 Biorreatores agitados pneumaticamente
Os biorreatores agitados pneumaticamente são caracterizados pela ausência
do agitador mecânico, sendo a agitação do líquido realizada pelo
borbulhamento do ar.

Essa característica resulta em uma diminuição da tensão de cisalhamento,


favorecendo processos empregando células animais e vegetais, as quais são
mais sensíveis que as bacterianas.

Em função da agitação esses biorreatores se dividem em biorreatores de


coluna de bolhas e air-lift.
 Biorreatores agitados pneumaticamente

Os biorreatores de coluna de bolhas são constituídos por


uma coluna e cuja relação altura:diâmetro é de 4:1 a 5:1 e em
sua base é colocado um distribuidor de ar estéril com orifícios
homogêneos para haver uma distribuição uniforme em toda a
seção da base do biorreator. A velocidade máxima de aeração
fica em torno de 0,1 m/s.

Os biorreatores air-lift ou com circulação induzida pelo ar


são divididos em duas zonas interconectadas onde somente uma
recebe ar. Com isso, ocorre uma diferença de densidade entre a
zona ascendente e descendente fazendo com que ocorra a
circulação do meio. Existem dois tipos de biorreatores air-lift, os
com circulação interna e os com circulação externa. A relação
altura:diâmetro pode variar entre 5:1 a 10:1 e a relação entre o
tubo central e o biorreator pode variar de 0,6 a 0,8. Essa relação
é importante para manter a circulação do meio efetiva.
 Biorreatores com leito fixo

Nos biorreatores de leito fixo o biocatalizador


(células ou enzimas) se encontram imobilizados em um
suporte inerte, de matriz polimérica ou não, como a
sílica ou cerâmicos. Tais suportes podem ser porosos ou
não dependendo da aplicação desejada.
O fluxo do meio pode ser ascendente ou
descendente, entretanto o descendente é mais utilizado
pois o meio percorre o leito pela ação da gravidade
aumentando a economia energética do processo. Ao
percorrer o leito fixo continuamente os produtos são
gerados formando um gradiente de concentração e
retirados no fundo do biorreator.
Em biorreatores empacotados cuidados devem ser
levados em conta como a densidade e a
compressibilidade do suporte inerte, a manutenção de
nutrientes críticos como o oxigênio e o fluxo do meio
para gerar uma pressão de queda.
 Biorreatores com leito fluidizado

Os biorreatores com leito fluidizado tem como


característica principal a fluidização do suporte
inerte contendo o biocatalizador ocasionada pela
injeção de ar ou pelo próprio meio que recircular.
Geometricamente o biorreator é semelhante
ao de coluna de bolhas, com exceção que na parte
superior o mesmo é expandido para reduzir a
velocidade superficial do líquido fluidizado para
níveis abaixo do necessário para manter os sólidos
em suspensão.
O cuidado que deve ser adotado neste tipo de
biorreator é a manutenção da estabilidade dos
sólidos em suspensão, onde a diferença de
densidade entre as fases, o diâmetro das partículas
e a viscosidade do meio são os fatores a serem
controlados.
 Biorreatores com biocatalizador confinado entre membranas
Existem dois tipos de biorreatores com a característica de possuírem as
células/enzimas confinadas entre membranas, os com lâminas de membrana
planas e os de fibra oca. Ambos possuem membranas semipermeáveis de
acetato de celulose, as quais permitem o fluxo do líquido, mas não a passagem
da célula.
 Biorreatores com biocatalizador confinado entre membranas

As vantagens desse tipo de biorreator é que ocorre a


separação entre os fluxos de nutrientes e produtos o que permite
realizar uma primeira operação de separação do produto
desejado, simplificando as etapas de purificação posteriores.
Também são utilizados quando a célula é sensível a tensão de
cisalhamento, pois nesse tipo de biorreator o valor da tensão de
cisalhamento é ainda menor em relação aos biorreatores agitados
pneumaticamente, sendo excelentes para células animais e
vegetais.

Como desvantagem encontram-se a dificuldade de monitorar


o processo, a baixa taxa de transferência de oxigênio e quando
ocorre uma elevada produção celular o sistema se entope.
 Biorreatores em fase não aquosa (fermentação semi-sólida)
O processo de fermentação em estado sólido é definido como um processo
de cultura de micro-organismo sobre ou dentro de partículas sólidas (substrato
ou material inerte), onde o conteúdo de líquido (substrato ou meio
umidificante) está a um nível de atividade de água que assegure o crescimento e
o metabolismo da célula, entretanto não exceda a máxima capacidade de
ligação da água com a matriz sólida.

 Biorreatores tipo bandejas

 Biorreatores com agitação (tambor rotativo)

 Biorreatores de leito fixo

 Biorreator com leito fluidizado


 Biorreatores em fase não aquosa (fermentação semi-sólida)

 Biorreatores tipo bandejas


Este conceito de biorreator vem dos reatores de vidro comumente
utilizados em laboratório e tem a característica de possuir elevada área
superficial, entretanto a altura do leito varia de 2 a 7cm. Seu fundo pode ser
fechado ou possuir uma tela perfurada o que confere uma melhor circulação
de ar.
As bandejas podem ser dispostas em câmaras de incubação tendo a
temperatura e umidade controladas pela passagem do ar. As instalações com
esse tipo de biorreator requerem uma grande quantidade de mão-de-obra.
 Biorreatores em fase não aquosa (fermentação semi-sólida)

 Biorreatores tipo bandejas

1 – Tanques circulares

Consiste de dois tanques rotatórios de 7 m de diâmetro, dotados de um


agitador helicoidal, dentro de uma câmara de condições controladas. Podem ser
processados, a cada batelada, cerca de 2 a 3 toneladas de meio de cultura, com
alimentação, esterilização, inoculação e retirada do produto realizados
automaticamente. Como exemplo temos a produção de “Koji”.
 Biorreatores em fase não aquosa (fermentação semi-sólida)

 Biorreatores tipo bandejas

2 – Esteira rolante

No sistema por esteira rolante a inoculação e incubação do material


esterilizado são realizadas em longas esteiras de fundo perfurado por onde
circula ar úmido. De acordo com a necessidade de cada produto, pode ser
realizada também uma agitação ocasional.
 Biorreatores em fase não aquosa (fermentação semi-sólida)

 Biorreatores com agitação (tambor rotativo)


Processo também com a denominação de tubular horizontal, o substrato é
esterilizado e resfriado diretamente no tambor. A rotação do biorreator pode ser
ocasionada tanto por um eixo central como pela movimentação de roletes sobre
os quais o biorreator esteja montado. A rotação pode variar de 1 até 180 rpm.
A agitação do substrato pode ser realizada pela simples rotação do
biorreator ou por agitador central contendo um número variável de pás.
A aeração da massa é realizada pela passagem de ar esterilizado e
umidificado através do biorreator, objetivando também o controle da
temperatura interna.
 Biorreatores em fase não aquosa (fermentação semi-sólida)

 Biorreatores com agitação (tambor rotativo)

Esse equipamento apresenta como dificuldades a serem suplantadas o


custo relativamente elevado para o volume de material produzido, a
manutenção da integridade do micélio devido à agitação do sistema, além das
dificuldades de ampliação de escala do processo.
 Biorreatores em fase não aquosa (fermentação semi-sólida)
 Biorreatores de leito fixo

Os biorreatores com leito fixo ou tipo coluna são utilizados em pesquisas


quando se deseja obter o controle do processo (sistema Raimboult). Esses
biorreatores são construídos de vidro ou inox com dimensões de 2 a 40 cm de
diâmetro por 20 a 180 cm de altura, permitindo uma capacidade de carga de 0,1
a 8 Kg por batelada.
Dentre essa categoria o biorreator denominado Zymotis vem sendo
utilizado pela sua elevada capacidade (21 Kg). Esse biorreator tem como
característica de possuir placas trocadores de calor, as quais circulam água fria e
com isso o controle da temperatura é melhorado.
 Biorreatores em fase não aquosa (fermentação semi-sólida)
 Biorreator com leito fluidizado

Para aumentar a troca térmica e umidade no sistema e torná-lo mais


homogêneo, sacos plásticos perfurados são utilizados como biorreator de leito
fluidizado.
A passagem de ar forçado faz com que ocorra uma melhor troca gasosa.
A desvantagem desse sistema é o controle adequado do processo.
 Biorreatores – Cultura de tecido vegetais
 Fotobiorreatores
As microalgas são microrganismos capazes de realizar fotossíntese para
produzir biomassa, encontrados em água doce, salgada e salobra.

Já são cultivadas comercialmente fora do Brasil, em tanques a céu aberto ou


em fotobiorreatores fechados, para a produção de cosméticos, rações e
alimentos funcionais. Atualmente, instituições de pesquisa no País e no
exterior, buscam tecnologias para aumentar a escala de produção com custo
reduzido, viabilizando, assim, a produção de biocombustíveis a partir delas.
 Critérios para seleção de biorreatores

A escolha de um biorreator está embasada em três pontos:


1 - Estimação da capacidade de transferência de oxigênio (processos
aeróbios);

2 - conhecer os requisitos para ocorrer uma boa homogeneização do


sistema (meio, células, oxigênio, calor, etc.), entretanto a tensão de
cisalhamento empregada não deve causar danos às células e

3 - Condições de assepsia do processo.


 Critérios para seleção de biorreatores

 Estimação da capacidade de transferência de oxigênio


Existem várias resistências no caminho do oxigênio, porém qual é a
limitante?
 Critérios para seleção de biorreatores

A transferência de oxigênio da bolha de ar em direção aos sítios de


utilização nas células comporta várias etapas. Duas teorias são empregadas na
modelagem da transferência de oxigênio para a célula

1 - Filmes laminares 2 - Difusão contínua

Onde, pi é a pressão parcial de oxigênio na interface (atm), pg é a pressão de


oxigênio no seio gasoso (atm), Ci é a concentração de oxigênio dissolvido em equilíbrio
com pi (gO2/m3), CL é a concentração de oxigênio dissolvido no seio líquido (gO2/m3).
 Critérios para seleção de biorreatores

Supõe-se na teoria dos filmes laminares que o equilíbrio estre pi e Ci é


obtido instantaneamente e que esteja ocorrendo uma variação da
concentração de oxigênio dissolvido (C) no tempo (t) obtemos a Equação:
dC/dt = kg a (pg – pi) = kL a (Cs – CL)
Onde, kg é o coeficiente de transferência de massa da partícula gasosa (m/h), kL
é o coeficiente de transferência de massa da película líquida (m/h), a é a
superfície específica de troca (m2/m3) e Cs é a concentração de oxigênio
dissolvido no líquido em equilíbrio com pg (gO2/m3).
Na teoria de transferência de oxigênio há uma difusão contínua entre a
bolha de ar e o líquido. A aplicação da lei de Flick leva à Equação:
T = dC/dt = kL a (Cs – CL)
 Critérios para seleção de biorreatores
 Tensão de cisalhamento
O efeito do cisalhamento e outras forças hidrodinâmicas no biorreator
podem causar danos às células. Consequentemente o estabelecimento de um
nível aceitável de tensão de cisalhamento é importante na seleção de um
biorreator. A tensão de cisalhamento é a força de atrito por unidade de área e
para líquidos newtonianos apresentam uma proporcionalidade entre o gradiente
de velocidade, sendo que essa proporcionalidade é a viscosidade do líquido.
τ = μ (dV/dr)
Onde, τ é a tensão de cisalhamento (Kg/m s2), μ é a viscosidade do líquido (Kg/
m s) e (dV/dr) é o gradiente de velocidade na direção radial (s-1).
Para fluidos não-newtonianos aplica-se a lei da potência.
τ = k (dV/dr)n
Onde, k é o índice de consistência (Kg m-1 sn-2), n é o índice de comportamento
do fluido (adimensional).
Para n = 1 trata-se de um liquido newtoniano, se 0 < n < 1 trata-se de um
líquido pseudoplástico e quando n > 1 trata-se de um líquido dilatante.
 Critérios para seleção de biorreatores
Devido ao crescimento celular no biorreator o meio se torna com
características de líquido não-newtoniano o que modifica suas características
reológicas. Para esses líquidos não é possível definir sua viscosidade e,
consequentemente, o número de Reynolds. Assim, fica impossível obter a
relação Np = f (NRE)
A avaliação da potência necessária à agitação de tais líquidos foi proposta
por Metzner e Otto (1957) e Calderbank e Moo-Young (1959) que propuseram o
número de Reynolds modificado pela obtenção da viscosidade aparente (μap).
Com isso uma nova correlação foi proposta.
(dV/dr)n = ki N
Onde, (dV/dr)n é o valor médio do gradiente de velocidade na direção radial
entre a extremidade da turbina e a parede do biorreator (s-1) e ki é a constante
de proporcionalidade que depende do tipo de turbina, da geometria do sistema
e do tipo de líquido não-newtoniano (adimensional). A literatura apresenta
diversos valores para ki como para turbinas de pás planas (11-13), hélice marinha
(≈11) e fita helicoidal (≈30).
 Critérios para seleção de biorreatores
 Transferência de calor

Em função da atividade microbiana o processo biotecnológico gera calor na


ordem de 3-15 KJ m-3 s-1. Consequentemente o biorreator deve ser resfriado para
preservar a elevação da temperatura evitando, assim, danos aos microrganismos.
Com o aumento de escala na operação a transferência de calor e não a de
oxigênio torna-se o fator limitante do processo pelo fato da área superficial de
resfriamento decresce enquanto o volume do biorreator aumenta. O controle da
temperatura é efetuado pelo uso de serpentinas ou camisas, nas quais o fluxo de
calor é trocado pelo gradiente de temperatura formado.
A razão de transferência de calor é relacionada com a área da superfície
disponível para a troca térmica e a diferença de temperatura média, logo:
Q = U A ΔT
Onde, Q é a razão de transferência de calor (J s-1), U é o coeficiente de
transferência de calor global (J s-1 m-2 °C-1), A é a área de troca térmica (m2) e ΔT é
a diferença de temperatura (°C).
O problema prático em usar a Equação 10 é a obtenção de valores precisos
 Critérios para seleção de biorreatores
 Transferência de calor

O problema prático em usar a Equação Q = U A ΔT é a obtenção de valores


precisos do coeficiente global de transferência de calor (U), pois esta propriedade
depende da natureza do meio (propriedades reológicas), agitação, aeração, das
características térmicas do material, da espessura do material, das características
térmicas da solução refrigerante e do fluxo da solução refrigerante.
Todas essas variáveis podem ser agrupadas em relações adimensionais que
simplificam o estudo da transferência de calor. Essas são: o número de Nusselt,
Prandtl, Reynolds e Grashof, os quais podem calcular o coeficiente de
transferência de calor no filme (h) para várias configurações de biorreatores.
 Critérios para seleção de biorreatores
 Esterilidade do biorreator
O projeto construtivo de um biorreator deve ser
tal que permita a esterilização do mesmo por
admissão direta de vapor sob pressão por um tempo
suficiente. A esterilização pode ser feita juntamente
com o meio, ou este pode ser esterilizado em
separado por filtração e adicionado assepticamente no
biorreator.
Todo biorreator possui um número maior ou
menor de entradas e saídas que são uma fonte
potencial de contaminação quando não esterilizado
adequadamente e quando ocorrem falhas no projeto.
Como norma todas as tubulações devem ser
mantidas as mais simples possíveis, com perfeita
drenagem, de modo a evitar possíveis acúmulos de
materiais e pontes cegos onde o vapor chega com
dificuldade.

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