Quadro Psicolinguistica

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Universidade federal do Amapá – Campus Santana

Aluna: Camilly Mikaela Oliveira de Miranda

Turma:2021.1

Disciplina: Psicolinguística

PROCESSAMENTO DE FRASES
O que é Processamento de Frases?

Investiga o que acontece quando produzimos e compreendemos frases.


Estudando situações de ambiguidade estrutural, em que pode haver mais de
uma possibilidade de interpretação das frases, os psicolinguistas
desenvolveram hipóteses teóricas e modelos de análise para tentar responder
a essas perguntas. Como se dá esse processo em nossa mente? Na
compreensão, como analisamos as frases para chegar a sua interpretação? A
análise sintática é influenciada por fatores semânticos, pragmáticos,
discursivos, contextuais?

O que o Processamento de Frases estuda?

Existência de dois estágios fundamentais no processo de compreensão de


frases: um processador modular, serial, incrementacional, encapsulado e de
domínio específico produz uma análise sintática inicial da frase, baseado em
métricas de simplicidade e localidade. Essa estrutura seria, então, interpretada,
em um segundo estágio, menos reflexo do processo de compreensão.

Como estudar algum desses fenômenos usando o processamento de frases?

Postula-se que o componente central desse processo seria a sintaxe, o módulo


linguístico responsável pelas operações de concatenação de palavras, para
formar frases. O desiderato principal desse período pioneiro em que tiveram
início tanto a linguística teórica de base gerativista quanto a disciplina de que
estamos tratando neste capítulo era o de caracterizar a forma da gramática,
estabelecendo a sua realidade psicológica.

Chomsky desenvolveu estudos experimentais, em colaboração com o


psicolinguista G. A. Miller, no sentido de testar a processabilidade da teoria
gramatical, verificando se condições sintáticas e semânticas estabelecidas na
teoria poderiam, de fato, guiar a percepção da fala. Métodos engenhosos como
a locação de clicks ou a identificação de palavras e frases em background de
ruído foram inventados nesse período, na tentativa de capturar a chamada
realidade psicológica das estruturas sintáticas, no momento em que estas eram
passeadas, na compreensão.

Poderia me dar um exemplo?

Um experimento de rastreamento ocular de períodos contendo orações


relativas apostas a sN complexos, efetivamente realizado no Laboratório de
Psicolinguística Experimental - Lapex/UFRJ.' O objetivo do estudo foi o de
examinar a aplicação do Princípio da Aposição Local em português,
identificando de modo direto, através da técnica de rastreamento ocular, a
preferência de aposição da oração relativa a um sN complexo. O objetivo
específico do estudo foi o de aferir os tempos de fixação ocular na leitura de
frases como as exemplificadas na tabela 1, em que a concordância de número
forçava a aposição alta ou baixa da or, no singular ou no plural, através tanto
da concordância nominal com a forma participial (e.g., agitado (s)) quanto com
o verbo principal da or (e.g., discutia (m)).

Quais são as grandes linhas de investigação?

A questão do curso temporal do acesso às informações sintáticas, semânticas,


pragmáticas e discursivas no processamento de frases continua, sem dúvida,
na pauta de questões centrais da área, opondo modelos estruturais a modelos
de satisfação de condições ou conexionistas. Chow e Phillips (2013)
identificaram que frases em chinês equivalentes a "o ladrão prendeu o policial",
em que os papéis semânticos são invertidos, parecem ter sua incongruência
detectada mais cedo através do rastreamento ocular do que através da técnica
de EEG. Essas discrepâncias têm sido importantes para o desenvolvimento
das pesquisas, motivando o uso das duas técnicas em acoplamento e também
o desenvolvimento de análises mais detalhadas dos resultados, observando-se
as áreas ditas "parafoveais" em torno das fixações oculares, na técnica de
rastreamento ocular.

COMPUTAÇÃO GRAMATICAL
O que é computação gramatical?

Pode ser entendida como processo por meio do qual unidades do léxico de
uma dada língua são combinadas por meio de operações que têm como
resultado expressões linguísticas, passíveis de serem articuladas/escritas e
cuja estrutura hierárquica pode ser recuperada e interpretada semanticamente
a partir do modo como tais elemento se apresentam em sequência.

O que a computação gramatical estuda?

E um meio de se formularem hipóteses sobre o modo como as unidades do


léxico se combinam em sentenças bem formadas na língua em questão (i.e.
sentenças que um falante nativo reconhece como como sentenças d e sua
língua). Nesse caso, verifica-se se o procedimento proposto permite gerar as
sentenças da língua e somente elas.

Como estudar algum desses fenômenos usando a computação gramatical?

"O estudo dos fatores que afetam a resolução de ambiguidade estrutural,


principal fenômeno relacionado à computação gramatical investigado, é
conduzido por meio metodologia experimental. Experimentos situações
planejadas de forma a permitir que se isolem e se manipulem variáveis cujo
efeito se quer investigar.

Poderia me dar um exemplo?

Uso do o eye traking (rastreamento ocular)

Estuda a atenção visual do usuário, fornece como medidas o tempo e número


de fixações do usuário, os dados fornecem os indicativos de dificuldade no
processamento.

Quais são as grandes linhas de investigação?

Teoria linguística paradigma simbólico: Se investiga em que medida


procedimentos de natureza modular podem caracterizar o modo como se
realiza o processamento linguisticosimbólico.
Natureza interativa paradigma conexionista: Baseia-se e m que diferente tipo
de informação processados em paralelo servem de input para a análise
sintática.

Ambas orientados pela concepção de computação ilustrada pela máquina de


Turing. "Enquanto os modelos simbólicos são mais compatíveis com os
pressupostos subjacentes a modelos de gramática apresentados pela
linguística gerativista, modelos conexionistas fazem uso de processos
associativos e podem até dispensar a concepção de gramática em termos de
procedimentos gerativos."

PROCESSAMENTO ANAFÓRICO

O que é Processamento Anafórico?

O Processamento Anafórico trata de como as relações anafóricas ocorrem em


termos de processos cognitivos (mentais/cerebrais), portanto investiga como
funcionam essas relações cognitivamente e quais fatores estão em jogo no
momento em que ouvimos ou lemos textos que contenham essas anáforas.'

O que o Processamento Anafórico estuda?

O Processamento Anafórico estuda os processos cognitivos relacionados às


relações anafóricas que estabelecemos, seja na produção ou na compreensão
da linguagem. É relevante estudar o Processamento Anafórico para que
possamos entender melhor como nossa mente/cérebro funciona no momento
em que nos comunicamos e utilizamos a linguagem verbal.

Como estudar esses fenômenos usando o Processamento Anafórico?

Para que consigamos estudar o Processamento Anafórico, temos que lançar


mão da metodologia da Psicolinguística Experimental, plangiando e
executando experimentos que sejam capazes de aferir os processos cognitivos
não somente ao seu término, mas no momento em que estes estão ocorrendo
na nossa mente/cérebro.

Priming (pré- ativação): Consiste em uma técnica em que se utilizam dois


estímulos que são expostos ao participante um atrás do outro e, geralmente, se
observa nos resultados se há facilitação ou não no processo do segundo
estímulos, a partir da relação que este mantém com o primeiro.

A leitura automonitorada: Consiste em lermos uma oração dividida em


Segmentos (pedaços) que aparece na tela do computador. A leitura de cada
segmento é monitorada pelo leitor, apertando um botão no teclado ou em uma
caixa de botões - assim o tempo de leitura de cada segmento que lemos é
aferido em milésimos de segundo. A partir da comparação dos tempos de
leitura, conseguimos estabelecer análises sobre o processamento que está
ocorrendo.

Técnica de rastreamento ocular:

Permite afeições mais naturais e ainda mais precisas, já que diferentemente da


leitura automonitorada não há necessidade de se dividir orações em
segmentos e o participante tem apenas que ler os estímulos linguísticos sem
necessidade de apertar os botões algum. Esse equipamento permite podemos
medir o tempo de fixação do olhar na região da oração onde está a retomada,
além de podermos observar quantas vezes o leitor volta o seu olhar para a
retomada e também para os respectivos

Poderia me dar um exemplo?

Leitão (2005) testou em um experimento psicolinguístico - utilizando a técnica


de leitura automonitorada, se pronomes seriam mais eficientes do que nomes
repetidos ao retomar antecedentes na posição de objeto em estruturas
coordenadas.

Os vizinhos/ entregaram/ Ivo/ na polícia/ mas/ depois/ absolveram/ ele/ no/ júri.

Os vizinhos/ entregaram/ Ivo/ na polícia/ mas/ depois/ absolveram/ Ivo/ no/ júri.

Os resultados foram na direção do que já tinha sido encontrado na maioria das


línguas testadas: as retomadas com pronome foram lidas significativamente
mais rápido do que as retomadas com nome repetido, como podemos ver na
tabela a seguir.

Tempo de leitura em milésimos de segundo (ms)

Retomada Pronome 508


Retomada Nome Repetido 636

Quais são as grandes linhas de investigação?

As duas grandes linhas de investigação em que podemos dividir os estudos


sobre o Processamento Anafórico são:

a) Estudos no escopo da oração em que há a atuação muito forte dos


princípios da Teoria da Ligação e de restrições basicamente estruturais.
b) b) Estudos no escopo discursivo em que há também a atuação de fatores
estruturais relevantes.

A. A posição sintática do antecedente tem se mostrado um fator relevante. Se o


antecedente está em posição de sujeito ou em posição de tópico, por exemplo,
isso pode levar a preferências por determinadas formas linguísticas na
retomada.

B. Paralelismo estrutural ocorre quando um elemento anafórico tem a mesma


função e posição sintática que seu antecedente. Desta maneira, o
processamento de pronome é menos complicado quando está em paralelismo
estrutural com seu antecedente.

C. Vínculo Oracional é a relação entre duas ou mais frases em uma sequência


textual que permite a manutenção do antecedente na memória de trabalho e
facilita o processamento.

PROCESSAMENTO DE PALAVRAS

O que é Processamento de Palavras?

São todos os processos que ocorrem na mente relacionados à representação e


ao reconhecimento de palavras ouvidas e lidas. Processamento de Palavras
buscam entender como estas são armazenadas, percebidas e produzidas. No
mundo prático e alheio ao exame minucioso dos construtos da linguagem, é
natural considerar a palavra como sendo a unidade linguística mínima provida
de sentido.

O que o Processamento de Palavras estuda?


Estudam-se os mecanismos de interação entre essas partes simples que
geram o objeto complexo. Pesquisas em Processamento de Palavras visam
buscar também os tijolos mínimos que se encontram estocados no léxico
mental. O que acontece quando reconhecemos uma palavra? Que
mecanismos estão em jogo quando se trata desse acontecimento tão essencial
e automático da linguagem humana? Esse processo acontece de maneira tão
rápida e mecânica que raramente nos damos conta de sua complexidade.
Quando lemos ou ouvimos uma palavra, acessamos seu significado de
maneira integral e direta ou precisamos realizar operações de decomposição
morfológica, concatenação e interpretação composicional? Esse é um tópico
bastante debatido em Psicolinguística e deu margem ao surgimento de
diversos modelos que procuraram e procuram, de diferentes maneiras, dar
conta da questão.

Como estudar alguns desses fenômenos usando o processamento de


palavras?

Oferece diferentes paradigmas experimentais para testarmos nossas hipóteses


acerca do processamento de palavras. Um método muito comum em estudos
de Processamento de Palavras é o paradigma de priming com decisão lexical.
Nessa técnica, os participantes do experimento são orientados a ler ou ouvir
pares de palavras e a decidir, geralmente por meio de um aperto de botão, se a
segunda palavra da sequência existe ou não na língua. O paradigma de
priming é uma ferramenta bastante útil para estudar os fatores que podem
determinar o reconhecimento de palavras, uma vez que possibilita a
manipulação de estruturas sublexicais como fonemas, letras, sílabas e
morfemas.

Em estímulos visuais, a técnica de rastreamento ocular permite um


mapeamento mais em tempo real dos estágios envolvidos no reconhecimento
de uma palavra. Acompanhando os movimentos dos olhos sobre a palavra
durante a leitura, é possível estabelecer e testar hipóteses sobre os processos
associados a essa modalidade.

Poderia me dar um exemplo?


O estudo de Taft e Forster (1975), considerado o texto seminal da área de
Processamento de Palavras. Nesse estudo são comparadas não palavras
como dejuvenate e depertoire, compostas pela substituição da partícula re-
pela partícula de- nas palavras rejuvenate e repertoire do inglês. A primeira não
palavra é um exemplo de não palavra com morfema (-juvenate é um morfema)
e a segunda é um exemplo de não palavra sem morfema (-pertoire não é um
morfema). Se a unidade pré-lexical do processamento de palavras é de fato o
morfema, os tempos de reação para rejeitar o estímulo como palavra deve ser
maior para as não palavras com estrutura morfológica.

Quais são as grandes linhas de investigação?

Nesse sentido é se o léxico mental é organizado em morfemas ou em palavras


inteiras, de modo que entender o papel da morfologia no reconhecimento de
palavras - e sua dissociação de efeitos semânticos e fonológicos - constitui um
dos debates mais fervorosos em estudos sobre o processamento da
linguagem.

Modelos não decomposicionais defendem a ideia de que palavras


morfologicamente complexas seriam átomos em termos de armazenamento e
de acesso. Isso significa dizer que existiriam, no léxico mental, representações
diferentes para as palavras fileira e fila, ainda que esses dois itens lexicais
compartilhem a raiz morfológica.

Modelos decomposicionais argumentam que unidades morfológicas


desempenham sim um papel importante no armazenamento e na ativação
lexical. Entre os modelos decomposicionais encontram-se os que propõem um
mecanismo de dupla rota, atribuindo importância tanto a mecanismos de
segmentação morfêmica quanto à ativação direta da palavra em sua forma
plena.

PRODUÇÃO DA LINGUAGEM

O que é a produção da linguagem?

Produção da Linguagem é um processo altamente complexo, que ocorre de


forma automática, podendo se dar num ritmo de duas a três palavras por
segundo. A análise desses lapsos, bem como resultados de experimentos, tem
permitido a construção de modelos psicolinguísticos acerca do tipo de
representação e dos processos mentais envolvidos na produção da fala.

O que a Produção da Linguagem estuda?

Em relação ao tipo de representação, discute-se, por exemplo, se a forma


como a mensagem é concebida é ou não influenciada pela língua em que esta
será codificada. A questão da incrementalidade também é debatida quando se
considera a passagem de informações do nível da codificação gramatical para
o da codificação morfofonológica.

Como estudar alguns desses fenômenos usando a produção da linguagem?

Os lapsos de fala fornecem pistas acerca do tipo de representação e dos


processos envolvidos na produção da fala, trocas de palavras, Fusões e
Morfemas que trocam de posição. As disfluências dizem respeito às situações
em que a fala fluente é interrompida por pausas, hesitações estruturas
sintáticas incompletas, repetições de unidades linguísticas. A técnica
Spoonerismo of Laboratory Inducet Predisposition (SLIP) é uma expressão
desse paradigma e é usada na investigação de processos fonológicos.

Indução de lapsos técnica consiste na representação prévia de preâmbulos que


deverão ser empregados na posição de sujeito de uma sentença a ser
construída. A continuidade da sentença pode ser livre, ou podem ser indicados
verbos ou adjetivos com os quais o preâmbulo deverá ser combinado.

Poderia me dar um exemplo?

Griffin e Bock (2000), em estudo no qual procuraram eliciar a produção de


ativas e de passivas, não observaram relação entre ordem de menção (com
consequente seleção de uma dada estrutura sintática) e primeiras fixações.

No estudo, um dos grupos testados deveria descrever a cena junto com a


imagem, e o outro, apenas quando esta desparecia. Foi verificado que nos dois
casos os participantes realizavam uma apreensão geral da cena, com o olhar
movendo-se do agente para o paciente, semelhante ao padrão observado em
um terceiro grupo que tinha a tarefa de localizar a pessoa ou coisa sobre a qual
a ação representada na cena recaía (o paciente), tarefa essa que exige a
extração/análise da estrutura causal do evento.
Quais são as grandes linhas de investigação?

O sistema de produção da linguagem apresenta arquitetura modular ou


interativa? Conforme apontam Vigliocco e Hartsuiker (2002), o sistema de
produção é considerado um exemplo paragmático de sistema modular.

Quão incremental é o processamento linguístico na produção?

Este é um tópico cuja investigação tem se desenvolvido mais recentemente,


em especial com a possibilidade de associar paradigmas mais tradicionais. Em
que medida as unidade e operações linguísticas propostas no âmbito de
modelos formais de gramática encontram correspondência no processamento?

Qualquer modelo formal de gramática que procure dialogar com modelos de


processamento deve incorporar a propriedade da incrementalidade.

DISTÚRBIOS DA LINGUAGEM

O que são os distúrbios da linguagem?

São alterações manifestadas na linguagem do indivíduo, que podem ocorrer


tanto na produção da fala ou da escrita quanto na compreensão oral ou na
leitura. Os distúrbios, os quais são gerados por causas genéticas ou
adquiridas, podem se manifestar em qualquer idade em que a pessoa já
empregue linguagem, ou seja, podem ter seu início tanto na infância quanto na
adolescência ou na vida adulta.

Em relação as causas genéticas, a Síndrome de Down e o Transtorno do


Espectro Autista (TEA) são alguns exemplos de causas frequentes; As causas
adquiridas, o traumatismo crânio-encefálico (TCE) e os tumores cerebrais
estão entre as causas mais frequentes;

O que a Psicolinguística dos distúrbios da linguagem estuda?

A psicolinguística se preocupa em analisar como se dá o processamento da


linguagem, incluindo os seus distúrbios, em seus variados níveis (fonológico,
morfossintático, léxico semântico e pragmático-discursivo), em suas variadas
modalidades (oral-auditiva e viso-espacial – na qual encontram-se as línguas
de sinais, como a Libras). Englobam tanto os processos de produção (fala ou
escrita) quanto de compreensão (auditiva ou leitora).
Como estudar algum desses fenômenos usando a Psicolinguística dos
distúrbios da linguagem?

Nos casos com distúrbios: podem-se desenvolver estudos comportamentais ou


estudos com equipamentos para medir o metabolismo cerebral ou a atividade
cerebral associada ao processamento linguístico. Em ambos os tipos, o
processamento linguístico pode ser analisado a partir de grupos (experimentais
e controles), grupos de casos múltiplos ou ainda de estudos de caso.

O primeiro tipo de estudo comportamental, comparam-se dois ou mais grupos,


buscando-se compreender, por exemplo, o processamento no nível sintático;
No segundo tipo, grupo de casos múltiplos, é feita a análise de questões
linguísticas na comparação entre pequenos grupos unidos por algum critério,
como o local da lesão, no caso de populações com traumatismo crânio-
encefálico (TCE).

No terceiro tipo, os estudos de caso permitem uma análise de um determinado


componente linguístico, em um ou mais sujeitos, cujo desempenho pode ser
analisado por um período mais longo de tempo, verificando-se a evolução do
progresso ou do declínio nos aspectos linguísticos de interesses.

Poderia me dar um exemplo?

A afasia, como já mencionado, é um distúrbio no processamento linguístico,


observado na fala, na escrita, na compreensão auditiva e/ou na compreensão
da leitura. Além de se criarem as próprias tarefas e estímulos, específicos à
pesquisa pretendida, pode -se ainda optar pela administração concomitante de
baterias de avaliação linguística avaliam um espectro bem abrangente de
habilidades linguísticas psicolinguística, avaliam um espectro bem abrangente
de habilidades linguísticas desde o nível da palavra até o pragmático-
discursivo, tanto em termos de compreensão quanto de produção. O conjunto
de subtestes que compõe baterias, tem como objetivo compreender quais
processamentos foram afetados e quais se mantêm inalterados após a lesão
cerebral.

Quais são as grandes linhas de investigação?


Outra esfera de estudo relaciona-se à etiologia do distúrbio linguístico: se é
gerado por questões genéticas e que, portanto, em geral, se manifestam junto
com o desenvolvimento da fala, da compreensão, da leitura ou da escrita,
como no autismo, na gagueira, na epilepsia infantil, nos distúrbios específicos
de linguagem (DEL) e na dislexia.

Em termos de linha de pesquisa, algum pesquisador se atém ao estudo do


processamento no nível do fonema, ou da palavra, ou seja, níveis mais “locais”,
enquanto outros trabalham com o nível da frase ou do texto. Dentro desta
última linha, a do texto, existem duas abordagens: uma relacionada ao
processamento linguístico em si, ou uma abordagem mais discursiva, em que
se analisa a interação entre locutores e o papel dessa interação na construção
cooperativa do texto, como é o caso da abordagem Neolinguística Discursiva.

PSICOLINGUÍSTICA E LEITURA

O que é psicolinguística da leitura?

Estudo dos processos cognitivos envolvidos na leitura. Escrita codifica a fala,


leitura decodifica. Foco na identificação rápida e automática de palavras
escrita.

O que a psicolinguística da leitura estuda?

Reconhecimento de palavras, como processamos letras e sons


simultaneamente para identificar palavras. Efeito de priming: A influência de um
estímulo na leitura de outro. Efeito Stroop: Processamento automático da
leitura. Movimentos Oculares na Leitura, fixações e regressões durante a
leitura.

Estudo da eficiência de remoção de informações visuais e ortográficas.


Importância no controle da leitura. Interação Ortografia e Fonologia. Relação
entre letras (ortografia) e sons (fonologia). Processamento paralelo dessas
informações para identificar palavras. Compreensão e Integração da Leitura
Processos além do reconhecimento de palavras. Análise, interpretação e
memorização do conteúdo lido.

Como estudar alguns desses fenômenos usando a psicolinguística da leitura?


Hipótese de Bigramas Abertos: Experimento de priming lexical:

Comparação entre palavra original, transposição de letras e substituições.

Exemplo: "cholocate" vs. "chocolate"

Resultados: Transposição no meio da palavra gera menor prejuízo.

Poderia me dar um exemplo?

O paradigma de priming é um experimento que permite analisar o


processamento de memória e outros processos cognitivos e perceptuais. O
priming é um efeito de memória implícita que ocorre quando um estímulo inicial
influencia a resposta a um estímulo subsequente, sem que o indivíduo tenha
consciência da conexão entre os dois. O paradigma de priming semântico é um
tipo de priming que se caracteriza por uma relação de significado ou contexto
entre o estímulo inicial e o estímulo subsequente. Ele pode ser utilizado para
analisar o processamento de leitura, a compreensão de sentenças e do
discurso.

Quais são as grandes linhas de investigação?

Existem quatro grandes linhas de investigação na psicolinguística da leitura:


Relação entre leitura e habilidades de linguagem oral. Interação entre leitura e
escrita no desenvolvimento cognitivo. Ativação cerebral dos processos
cognitivos e neurais durante a leitura. Diferença entre a mente e o cérebro leitor
e não leitor.

PSICOLINGUÍSTICA NA DESCRIÇÃO GRAMATICAL

O que é?

Psicolinguística na descrição gramatical pode ser caracterizada como a


inserção da pesquisa em gramática nos cânones metodológicos das ciências
experimentais maduras, como a Psicologia Cognitiva e a Neurociência. Trata-
se de uma abordagem que permite a formulação e o teste experimental de
previsões comportamentais derivadas de alguma hipótese descritiva ou de
algum modelo em teoria gramatical.

O que a psicolinguística na descrição gramatical estuda?


Os estudos da linguagem, elege-se como objeto de investigação qualquer
fenômeno gramatical que possa ser considerado em sua dimensão cognitiva.
Ou seja, o que essa versão da Psicolinguística se propõe a estudar é na
realidade psicológica da gramática de uma língua natural.

Como estudar algum desses fenômenos usando a psicolinguística na descrição


gramatical:

O protocolo metodológico que explicita com a máxima clareza como uma


pesquisa é concebida e conduzida nessa área de investigação. Tal protocolo
garante, por um lado, a objetividade do processo científico e, por outro, enseja
a replicação de um estudo em particular, com adaptações ou não, por outros
pesquisadores interessados no tema.

Poderia me dar um exemplo?

Tese de doutoramento de Dias (2014). A autora reuniu evidência experimental


no intuito de verificar qual seria a descrição tipológica mais adequada para
definir a Língua de Brasileira de Sinais (Libras): se uma língua orientada para o
discurso, com proeminência de tópicos, ou se uma língua orientada para a
sentença, com proeminência de sujeitos.

Dias (2014) delineou uma série de experimentos para verificar como os nativos
da Libras se comportavam diante de construções "tópico > comentário"e sujeito
> predicado", assumindo uma previsão geral simples e direta.

Quais são as grandes linhas de investigação?

A linha de investigação mais proeminente na exploração Psicolinguística de


questões descritivas relevantes para a linguística teórica é, certamente, a
Sintaxe Experimental (cf. Maia, 2015). O texto seminal de Cowart (1997)
indicava como os julgamentos de gramaticalidade utilizados informalmente
entre gerativistas poderiam ser transformados numa ferramenta metodológica
séria ao incorporar os rigores das ciências experimentais. Os trabalhos de
Sprouse (2007), no exterior, e de Kenedy (2007), no Brasil, foram
provavelmente as primeiras teses de doutoramento em teoria sintática formal a
adotar explicitamente a abordagem da Psicolinguística a fim de investigar
problemas de Descrição Gramatical com ênfase na sintaxe.
O QUE É O MÉTODO CLOZE?

O teste de Cloze foi idealizado por Wilson L. Taylor, em 1953. Esse teste
integra o período dos novos estudos de leiturabilidade (DUBAY, 2004) cujo
objetivo principal era medir a compreensibilidade de um texto escrito.

DuBay (2004) afirma que a introdução do teste de Cloze por Wilson Taylor em
1953 abriu o caminho para os pesquisadores testarem as propriedades dos
textos e leitores com mais precisão e detalhesAssim, o teste de Cloze é
considerado como um instrumento para avaliação da compreensão em leitura.

Procedimento “cloze” e seus fundamentos?

Taylor (1953) é o criador do procedimento "cloze" e também da palavra close


que alguns autores, como Oller (1979), associam a uma corruptela da palavra
close, representando a intenção dos psicólogos de Gestalt de representar, na
mente, o processo de fechamento. Desse modo, o procedimento "cloze" possui
seus fundamentos psicológicos e linguísticos nas teorias de Gestalt e da
informação. ” O procedimento está fundamentado na teoria de Gestalt no que
se refere à tendência do leitor em completar um padrão familiar que esteja
parcialmente incompleto. Ou seja, o leitor, ao perceber uma estrutura
linguística incompleta, tende a completá-la com elementos sintáticos e
sematicamente adequados.

Como funciona esse procedimento?

O teste de Cloze é, em princípio, de fácil preparação e aplicação, pois requer


um

material básico para o professor e para os alunos como folha de papel, lápis ou

caneta, mas que requer atenção tanto na seleção do texto a ser lacunado
quanto

no que diz respeito ao modo de considerar os resultados.

A apresentação original, esse teste consiste na seleção de um texto com 200 a


250 vocábulos, do qual suprime-se, a cada cinco vocábulos, o quinto,
sistematicamente. Desse modo, ele lida com palavras funcionais e com
palavras lexicais. O primeiro e o último parágrafos do texto são mantidos
intactos e nos parágrafos intermediários, em lugar das palavras suprimidas,
são colocadas lacunas proporcionais ou não ao tamanho da palavra que se
suprimiu.

O que é desenvolvido nesse método?

Método “Cloze” Consciência Sintática

O modelo de leitura adotado na perspectiva deste estudo lida com aspectos


cognitivos da leitura, o que significa dizer que considera a relação entre língua
escrita e compreensão, memória e inferência, apontando para o ato de ler
como atividade intelectual essa técnica tem possibilitado identificar a
capacidade do leitor de integrar a informação impressa que recebe ao
conhecimento que tem da estrutura da língua.

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