Laudos e Perícias - Uni 02

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Laudos e

Perícias
LAUDOS E PERÍCIAS
Autoria
Rodrigo Bastos Chaves
Expediente
Reitor: Ficha Técnica
Prof. Cláudio Ferreira Bastos Autoria:
Rodrigo Bastos Chaves
Pró-reitor administrativo financeiro:
Prof. Rafael Rabelo Bastos Supervisão de produção NEAD:
Francisco Cleuson do Nascimento Alves
Pró-reitor de relações institucionais: Design instrucional:
Prof. Cláudio Rabelo Bastos Emanoela de Araújo
Pró-reitora acadêmica: Projeto gráfico e capa:
Profa. Flávia Alves de Almeida Francisco Erbínio Alves Rodrigues
Diretor de operações: Diagramação e tratamento de imagens:
Prof. José Pereira de Oliveira Ismael Ramos Martins
Coordenação NEAD: Revisão textual:
Profa. Luciana Rodrigues Ramos Emanoela de Araújo

Ficha Catalográfica
Catalogação na Publicação
Biblioteca Centro Universitário Ateneu

CHAVES, Rodrigo Bastos. Laudos e perícias. Rodrigo Bastos Chaves. – Fortaleza: Centro
Universitário Ateneu, 2020.

84 p.

ISBN:

1. Perícia, vistoria e inspeção 2. Laudo, parecer, relatório técnico, arbitramento, auditoria,


consultoria, manifestação e engenharia diagnóstica. 3. Inspeção e manutenção predial
. 4. Perícias de engenharia segundo normas do ibape, laudo pericial e parecer técnico.
Centro Universitário Ateneu. II. Título.

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, total ou parcialmente, por
quaisquer métodos ou processos, sejam eles eletrônicos, mecânicos, de cópia fotostática ou outros, sem a autoriza-
ção escrita do possuidor da propriedade literária. Os pedidos para tal autorização, especificando a extensão do que
se deseja reproduzir e o seu objetivo, deverão ser dirigidos à Reitoria.
SEJA BEM-VINDO!

Caro estudante, é com grande satisfação que apresento o material


didático da disciplina Laudos e Perícias. Ao ler e estudar por este material,
você terá condições de exercer sua profissão com êxito.

Este livro está dividido em quatro unidades de acordo com a ementa da


disciplina. Assim, inicialmente, você conhecerá os conceitos de perícia, vistoria
e inspeção; as características da perícia judicial e da perícia extrajudicial; e
os procedimentos necessários para elaborar uma perícia.

No decorrer dos estudos, obterá conhecimento em relação às definições


teóricas de elementos fundamentais aos peritos e assistentes técnicos, visto
que são necessários para preparar laudos técnicos.

Você ainda aprenderá sobre as anomalias e patologias existentes nas


edificações, bem como o modo de obter o Certificado de Inspeção Predial
(CIP) e de fazer a manutenção predial.

Por último, aprenderá sobre as normas do Instituto Brasileiro de


Avaliações e Perícias de Engenharia (IBAPE) fazendo comparações com
as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Também
analisará mais detalhadamente os elementos essenciais para elaborar tanto
um laudo pericial como um parecer técnico.

Não é nosso objetivo esgotar todo o assunto, ao contrário, você deverá


procurar outras fontes além deste livro para aprofundar seu conhecimento e
estar sempre atualizado sobre os temas estudados aqui.

A partir da leitura deste livro, você estará apto a responder às


exigências solicitadas nos trabalhos acadêmicos e poderá ensaiar seu projeto
de pesquisa e monografia.

Bons estudos!
Estes ícones aparecerão em sua trilha de aprendizagem e significam:

ANOTAÇÕES

CONECTE-SE

REFERÊNCIAS
SUMÁRIO

PERÍCIA, VISTORIA E INSPEÇÃO


1. Conceitos de perícia, vistoria e inspeção................. 8
1.1. Perícia ............................................................... 8

01
1.2. Vistoria .............................................................. 9
1.3. Inspeção.......................................................... 10
2. Perícia judicial e perícia extrajudicial..................... 11
2.1. Perito............................................................... 13
2.2. Assistente técnico............................................ 13
3. Procedimentos de uma perícia............................... 16
Referências................................................................ 25

LAUDO, PARECER, RELATÓRIO TÉCNICO,


ARBITRAMENTO, AUDITORIA, CONSULTORIA,

02
MANIFESTAÇÃO E ENGENHARIA DIAGNÓSTICA
1. Conceitos de laudo, parecer, relatório técnico,
arbitramento, consultoria, manifestação e
engenharia diagnóstica........................................... 28
2. Elaboração de laudos técnicos.............................. 33
Referências................................................................ 45
INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO PREDIAL
1. Certificado de inspeção predial (cip)...................... 44

03
1.1. Manutenção predial......................................... 46
2. Laudo de vistoria técnica........................................ 50
3. Perícias na construção civil: nbr 13752:
1996 da associação brasileira de
normas técnicas (abnt)........................................... 53
3.1. Patologia das edificações................................ 56
Referências................................................................ 65

PERÍCIAS DE ENGENHARIA SEGUNDO


NORMAS DO IBAPE, LAUDO PERICIAL E
PARECER TÉCNICO

04
1. Normas do ibape: perícias de engenharia............. 68
2. Elaboração do laudo pericial e do
parecer técnico....................................................... 71
2.1. Parecer técnico do assistente e o
laudo do perito........................................................ 75
Referências................................................................ 82
Unidade Laudo, parecer, relatório técnico,

02 arbitramento, auditoria, consultoria,


manifestação e engenharia diagnóstica

Apresentação
Como visto na unidade anterior, é extremamente importante ter contato
com os conceitos de termos relacionados com o serviço pericial que pretende
ser bem-sucedido, pois tais análises devem ocorrer de modo constante nos
trabalhos de engenharia. Portanto, nesta unidade, serão apresentados os
conceitos de laudo, parecer, relatório técnico, arbitramento, consultoria,
manifestação e engenharia diagnóstica.

Por fim, após conhecer todos esses elementos, será explicado como
elaborar um laudo técnico, apresentando todas as etapas que deverão ser
seguidas pelos profissionais responsáveis pela perícia, tais como estrutura e
redação do laudo, informações que devem ser apresentadas, metodologia e
ferramentas diagnósticas utilizadas e a forma de apresentação.
OBJETIVOS DE
APRENDIZAGEM
• Conhecer os conceitos de elementos necessários para elaborar uma perícia;

• Saber sobre os tipos existentes de alguns dos elementos relacionados com


a elaboração de uma perícia;

• Aprender como elaborar um laudo técnico a partir de seus elementos com-


ponentes.

1. Conceitos de laudo, parecer, relatório técnico,


arbitramento, consultoria, manifestação e
engenharia diagnóstica

Laudo é a exposição por escrito das conclusões obtidas por meio das
análises dos peritos que foram consultados. É o parecer técnico escrito,
fundamentado e emitido por um especialista indicado por autoridade, que
relata os resultados de exames e vistorias, assim como eventuais avaliações
com ele relacionadas. Segundo o Minidicionário Aurélio da Língua Portuguesa
(2010), laudo é um parecer do perito; a conclusão da perícia; uma louvação.

Já o parecer é a opinião fundamentada, o estudo de aspectos de uma


lei ou caso jurídico. Trata-se de um conselho ou esclarecimento dado por
advogado ou jurisconsulto sobre questão de Direito ou de fato submetido à
juízo. É ainda a opinião de técnico, perito, arbitrador, sobre assunto de sua
especialidade. Ato pelo qual a comissão do legislativo se pronuncia sobre
projeto de lei ou emenda sobre ele apresentada. O parecer técnico pericial
deve ser precedido de dados de medições corretos e dentro das técnicas de
avaliação, bem como das análises das patologias e do grau de agressividade
existente nas fundações, estruturas, instalações e acabamentos. Segundo a
NBR 5674:2012 da ABNT, exime-se de responsabilidade técnica a empresa
ou profissional cujo parecer técnico não for observado pelo proprietário ou
usuário da edificação.

28 | LAUDOS E PERÍCIAS
O relatório técnico é o objeto final de uma pesquisa aplicada; produção
técnica que descreve, propõe ou prescreve uma solução para problemas
enfrentados pelas empresas. É a narração ou descrição verbal ou escrita,
ordenada e mais ou menos minuciosa, daquilo que se viu, ouviu ou observou.

O arbitramento é a avaliação ou estimação de bens feita por árbitro


ou perito nomeado pelo juiz. Uma atividade que envolve a tomada de decisão
ou posição entre alternativas tecnicamente controversas ou que decorrem de
aspectos subjetivos.

A auditoria é o atestamento técnico, ou não, de conformidade


de um fato, condição ou direito relativo a uma edificação. Os serviços de
auditoria em edificações, além de poderem desencadear ou responder por
demandas judiciais, são fundamentais na cadeia produtiva quando existem
partes interessadas dependentes de resultados técnicos para a avaliação do
cumprimento contratual. A prestação de serviço de auditoria em edificação
apresenta etapas a serem cumpridas, compreendendo a realização das
vistorias, as análises técnicas e os exames comparativos, findando na
elaboração final do laudo. As auditorias são divididas em:

• Auditoria do planejamento: é o atestamento técnico de


conformidade, ou não, do planejamento de uma edificação, com
base no plano contratual.

• Auditoria do projeto: é o atestamento técnico de conformidade,


ou não, do projeto contratual de uma edificação. A abrangência
da auditoria do projeto deverá observar os termos da contratação
e pode se ater a um único sistema ou elemento da edificação em
estudo.

• Auditoria da obra: é o atestamento técnico de conformidade, ou


não, dos materiais e/ou serviços executados num edifício, com
base na documentação do contrato.

• Auditoria da técnica construtiva de edificação: é o atestamento


técnico de conformidade, ou não, da execução construtiva com
base nos projetos, memoriais descritivos ou de especificações,
processo construtivo e normas da ABNT.

LAUDOS E PERÍCIAS | 29
• Auditoria da manutenção em edificação: é o atestamento técnico
de conformidade, ou não, da manutenção edilícia, com base no
manual de uso, operação e manutenção da edificação, e/ou plano
ou programa de manutenção, respectivamente nos termos das
normas NBR 14037:2011 ou 5674:1999 da ABNT.

• Auditoria da segurança em edificação: é o atestamento técnico


de conformidade, ou não, da segurança edilícia, com base nas
normas da ABNT, nas Normas Regulamentadoras (NRs) do
Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e nas Instruções Técnicas
do Corpo de Bombeiros.

• Auditoria da acessibilidade: é o atestamento técnico de


conformidade, ou não, da acessibilidade do edifício, com base em
projetos e na norma NBR 9050:2004 da ABNT.

• Auditoria do uso edilício (relacionado com edificações e


construções): é o atestamento técnico de conformidade, ou
não, das condições de uso edilício, com base na convenção do
condomínio e/ou no manual de uso, operação e manutenção.

• Auditoria do desempenho: é o atestamento técnico de


conformidade, ou não, do desempenho edilício (relacionado com
edificações e construções), com base na norma NBR 15575:2013
da ABNT.

Quanto à consultoria, pode-se afirmar que ela é a prescrição e o


prognóstico técnicos a respeito de um fato, condição ou direito relativo a
uma edificação. O escopo da consultoria pressupõe que o diagnóstico seja
previamente realizado. Ela é dividida em:

• Consultoria de vizinhança: é aquela que realiza prognósticos


e prescrições técnicas de anomalias e/ou danos ocorridos nos
imóveis vizinhos à obra em construção ou ao terreno de futura
obra.

• Consultoria técnica de sistema construtivo: é aquela que realiza


prognósticos e prescrições técnicas de manifestações patológicas
relativas a um determinado sistema ou elemento do edifício,
objetivando o estabelecimento de opções para recuperação,
reforma ou prevenção da incidência de anomalias ou falhas de
manutenção.

30 | LAUDOS E PERÍCIAS
• Consultoria de edificação em garantia: é aquela que realiza
prognósticos e prescrições nas edificações em fase de garantia,
para indicar os reparos de anomalias construtivas, falhas de
manutenção e irregularidades de uso.

• Consultoria de acidente: é aquela que realiza prognósticos e


prescrições de anomalias e/ou danos decorrentes de sinistros,
com ou sem vítimas, em obras ou edificações.

A manifestação é a comunicação com o juiz, que, em sua


competência, determina que as partes interessadas, autor e réu, devem se
manifestar sobre o fato. A manifestação pode ocorrer de três formas, que
são: manifestação concordando com o laudo do perito do juízo; manifestação
divergindo parcialmente do laudo do perito do juízo; e manifestação divergindo
completamente do laudo do perito do juízo.

Quadro 01: Tipos de manifestação.


Nesse caso, o assistente pode subscrever o laudo com o perito ou
Manifestação concor- elaborar uma petição informando ao juízo que está integralmente
dando com o laudo do de acordo com o trabalho da vistoria oficial. Alguns profissionais,
perito do juízo nestas petições, costumam comentar aspectos do laudo e tecer
elogios à peça apresentada.
Existem situações em que o assistente técnico concorda com
partes do laudo e discorda de outras. Nesses casos, ele pode
Manifestação diver-
apresentar um parecer técnico em separado, esclarecendo os
gindo parcialmente do
aspectos sobre os quais está de acordo e apontando os motivos
laudo do perito do juízo
de divergência, mostrando ao juízo técnico as questões em que
ocorreram discordância.
Manifestação divergin- Quando o assistente divergir completamente do perito do juízo,
do completamente do ele pode apresentar suas razões de divergência e, em seguida, o
laudo do perito do juízo parecer de sua lavra, contendo suas conclusões sobre a questão.
Fonte: Elaborado pelo autor.

Em relação à Engenharia Diagnóstica, sabe-se que ela surgiu em


2008 devido à necessidade de criar uma doutrina prática capaz de ordenar e
classificar as diversas formas de prestação de serviços técnicos relacionados
com as causas e os efeitos das patologias construtivas nas edificações. Trata-
se de um processo de investigação técnica e, como tal, segue o caminho
progressivo da atividade intelectual, passando pela percepção, intuição,
comparação e dedução. Ela é a arte de criar ações proativas, por meio de
diagnósticos, prognósticos e prescrições técnicas, visando ao aprimoramento
da qualidade total ou à apuração de responsabilidade de manifestação
patológica predial.

LAUDOS E PERÍCIAS | 31
Na prática da engenharia diagnóstica, a sequência de trabalho
costuma ser a seguinte:

• Identificação do objeto e objetivo do trabalho.

• Determinação da(s) ferramenta(s).

• Verificação da documentação.

• Obtenção de informações dos usuários, responsáveis, proprietários


e gestores das edificações.

• Diligência.

• Classificação das patologias prediais.

• Conclusões.

• Fundamentações.

• Indicações das orientações técnicas.

• Recomendações gerais e de sustentabilidade.

• Responsabilidades.

• Tópicos essenciais do laudo.

Figura 01: Elaboração de um relatório


técnico de patologia de edificação.

Fonte: https://bit.ly/30zBJHO.

32 | LAUDOS E PERÍCIAS
2. Elaboração de laudos técnicos
O laudo técnico deve ser claro, objetivo, fundamentado e conclusivo.
Todos os dados e elementos que o perito julgar importantes e que possam
contribuir efetivamente para o convencimento do juiz devem ser levantados.
As mesmas medidas devem ser tomadas nas perícias que são feitas fora da
esfera da justiça, a chamada perícia extrajudicial, já estudada anteriormente.

A estrutura do laudo (seja pericial, seja de cunho avaliatório) deve


ser organizada de modo que o julgador e as partes interessadas percebam
detalhadamente todas as etapas dos trabalhos desenvolvidos pelo perito
ou assistente técnico. É evidente que cada profissional precisa desenvolver
um estilo próprio, evitando copiar trabalhos de colegas, prática vedada pelo
Código de Ética Profissional.

No laudo técnico constam o objeto, o objetivo e a descrição sumária


dos procedimentos adotados no transcorrer dos trabalhos periciais. No
caso do objeto, os profissionais responsáveis pelo trabalho devem identificar
o bem ou fato que motivou a ação (a coisa que foi periciada). No caso de
um edifício, por exemplo, precisam informar o endereço, o bairro, a cidade
e o estado. No caso do objetivo, é preciso descrever a finalidade da perícia
realizada no objeto da ação.

Na etapa da redação do laudo, eles devem descrever minunciosamente


o objeto do laudo pericial com um nível de detalhes compatível com a perícia
realizada. Quando o objeto da perícia é uma construção urbana, precisam
informar as áreas e as divisões internas, as características e os padrões
construtivos, o número de pavimentos, a idade aparente, o número de vagas
de garagem, o tipo de uso e o estado de conservação.

Também é importante que seja feita a apresentação de uma


metodologia diagnóstica no laudo técnico, medida que deve se apoiar
em estudos lógicos sequenciais por meio da utilização de ferramentas
diagnósticas que visem ao objetivo técnico ou jurídico da ação.

Os estudos e as ferramentas diagnósticas são sequenciais, como


pode ser observado adiante:

LAUDOS E PERÍCIAS | 33
Figura 02: Sequência de utilização das
ferramentas diagnósticas.

ENGENHARIA DIAGNÓSTICA

VISTORIA
P
R
O INSPEÇÃO
E
T N
Ó S
T AUDITORIA A
P I I P
QUALIDADE R P O R
O O PERÍCIA S O
V S V
A A

SUSTENTABILIDADE T DIAGNOSE RESPONSABILIDADE J


É U
C D
N I
I CONSULTORIA C
RESPONSABILIDADE SOCIAL C I
A A
L
INTERVENÇÃO INTERDIÇÃO

DEMOLIÇÃO RECUPERAÇÃO REFORMA

Fonte: GOMIDE; FAGUNDES NETO; GULLO (2014).

Os estudos empreendidos determinam a linha de ação a ser adotada,


em função da ferramenta diagnóstica utilizada, sendo que as soluções para
os problemas analisados na consultoria são prescritas de forma justificada.

A etapa do histórico dos acontecimentos dará ao juiz e aos


advogados das partes uma visão da evolução dos acontecimentos ocorridos
no local, culminando com a proposição da ação.

Na fase de descrição dos problemas observados no transcorrer dos


trabalhos periciais, os profissionais devem descrever minunciosamente todos
os problemas observados e a localização de cada um deles e, se possível, a
elaboração de um desenho ilustrativo.

A delimitação das causas dos problemas constatados é uma das


mais importantes etapas do laudo. Aqui, após uma descrição detalhada
dos danos e dos procedimentos adotados, os profissionais devem analisar
tecnicamente a questão e apontar suas causas, se os elementos disponíveis
assim o permitirem.

34 | LAUDOS E PERÍCIAS
Quanto à conclusão do laudo, é essencial elaborá-lo com cuidado, pois
é por meio dele que o juiz decide a questão. Na conclusão, é de fundamental
importância que os profissionais apontem os responsáveis, se os elementos
obtidos no transcorrer dos trabalhos periciais assim o permitirem.

Há ainda as respostas aos quesitos, que consistem em indagações


ou solicitações de procedimentos sobre a questão envolvida na prova pericial,
podendo ser formuladas pelas partes envolvidas, pelo Ministério Público e
pelo juiz. Essas respostas são classificadas em principais, suplementares ou
de esclarecimento.

Em relação aos anexos do laudo, estes devem conter todos


os documentos, projetos e outros elementos que fundamentaram o
esclarecimento da questão.

Não existe uma receita pronta para a redação de um laudo pericial,


visto que cada trabalho exige criatividade e apresentação específica.
Entretanto, dentre os itens de um laudo pericial, a fundamentação dos
pareceres é imprescindível, porque normalmente serve de base técnica para
a decisão do juiz. Na interpretação de leis e normas, é possível recorrer a
técnicas existentes, por exemplo, interpretação gramatical, lógica, histórica,
jurisprudencial, entre outras.

...dentre os itens de um laudo


pericial, a fundamentação dos
pareceres é imprescindível...

Quanto ao laudo de vistoria técnica, esta deverá contemplar, no


mínimo, os seguintes tópicos:

• Critério adotado: o perito menciona a legislação, as normas, a


bibliografia, entre outros materiais utilizados para a elaboração da
prova pericial.

• Descrição detalhada do estado geral da edificação (estrutura,


instalações e equipamentos).

• As características das anomalias porventura encontradas e suas


causas.

LAUDOS E PERÍCIAS | 35
• As especificações dos pontos sujeitos à manutenção preventiva ou
corretiva, bem como a periodicidade de ocorrência.

• As medidas saneadoras a serem utilizadas.

• Conclusão pericial: os prazos máximos para a conclusão das


medidas saneadoras propostas, devendo especificar todas as
anomalias existentes, com seu devido grau de agressividade.

Em relação ao enquadramento, o laudo técnico precisa ter uma


estrutura discursiva. Todo discurso (religioso, político, científico ou de outra
natureza) tem uma estrutura a ser seguida, formada por partes essenciais,
que são:

• Exórdio: apresentação do tema ou da tese a ser desenvolvida.


Deve ser breve, incisivo, provocar uma mudança de comportamento
no receptor, de forma a tirá-lo de uma posição de passividade,
predispondo-o a ouvir ou a ler o discurso.

• Narração: narrativa dos fatos que vão motivar o aparecimento da


tese apresentada. Essa narrativa deve ser apresentada de forma a
justificar uma ação, que será exercida no sentido de dar resposta
a esses fatos que clamam por uma solução ou por uma conclusão.

• Confirmação: exposição da tese, com o intuito de solucionar os


problemas apresentados nela.

• Peroração: encerramento do discurso em face às conclusões


apresentadas, colocando um final mediante uma frase de fecho,
conclamando o receptor a aceitar a tese exposta.

Conforme a NBR 14653-2:2001 da ABNT, a apresentação de laudos


deverá obedecer as seguintes prescrições:

• Apresentação do interessado: identificação da pessoa física ou


jurídica que encomendou o trabalho avaliatório.

• Identificação do proprietário: às vezes, devido a problemas de


titularidade, não é possível identificar o proprietário do imóvel.

36 | LAUDOS E PERÍCIAS
• Objetivo do trabalho: é a caracterização do objetivo da avaliação,
permitindo ao avaliador estabelecer o grau de detalhamento das
atividades básicas, o nível de precisão compatível e as demais
circunstâncias que podem influir no valor do imóvel.

• Individualização do objeto de avaliação: é obtida por intermédio


do cadastro do imóvel, a partir da observação de plantas,
memoriais descritivos e documentações fotográficas em grau de
detalhamento compatível com o grau de precisão requerido pela
finalidade da avaliação, levando em conta todos os elementos que
influem na fixação do valor, englobando a totalidade do imóvel.

• Informações complementares: quando necessários ao


desenvolvimento da tarefa avaliatória, deverão ser conhecidos os
elementos relativos ao estado da propriedade, objeto da avaliação,
para que possam ser levados em conta os fatores com valores ou
fatores desvalorizados decorrentes desse estado.

• Vistoria: nessa etapa, a região e o imóvel são avaliados, baseando-


se em critérios como caracterização da região, compreendendo:
caracterização física, melhoramentos públicos existentes, serviços
comunitários, potencial de utilização, classificação da região; e
caracterização do imóvel, compreendendo: caracterização física,
acessos, utilização atual e potencial, descrição do terreno etc.

• Construções: nessa etapa, as informações são expostas


(finalidade para a qual foi construído o imóvel e o tipo de ocupação),
por exemplo, número de pavimentos e dependências, tipo de
estrutura e cobertura, tipo de acabamento por dependência (pés
direitos, esquadrias e peças por dependências), idade do imóvel
real ou estimada, estado de conservação e obsoletismo, fatores de
depreciação e classificação do padrão construtivo.

Caso ocorra a apelação de algum laudo, o perito deve proceder com um


exame, explicando ao juiz quais as virtudes e os defeitos do parecer, e elaborar
sua própria avaliação, baseada nas normas técnicas ou regulamentadoras
relativas à segurança do trabalho.

LAUDOS E PERÍCIAS | 37
Figura 03: Equipe de trabalhadores da construção civil.

Fonte: https://bit.ly/2DBLlZo.

CURIOSIDADE

Edifício Residencial Multifamiliar Palace II


O Edifício Residencial Multifamiliar Palace II localizava-se na Barra da
Tijuca, zona oeste do estado do Rio de Janeiro, tendo sido demolido no dia
28 de fevereiro de 1998 devido a investigações que encontraram registros de
um erro estrutural de cálculo em suas vigas de sustentação.
As obras já geraram polêmicas logo de início, pois deveriam ter sido
começadas em 1990 e concluídas em 1995, mas estavam atrasadas. Assim,
depois da morte de um operário em um poço de elevador, a construção foi
embargada pela defesa civil, acionada após o acidente.
A construtora responsável já respondia por quatro processos pela má
qualidade tanto do sistema construtivo quanto dos materiais de construção
do edifício. Além disso, não possuía o “habite-se” (documento emitido por
prefeituras que determina se um empreendimento foi construído seguindo as
exigências impostas).
O deputado federal Sérgio Naya (naquela época, engenheiro civil
responsável pelo cálculo estrutural) tentou responsabilizar os moradores
alegando que a estrutura tinha um excesso de carga, o que culminou com a
tragédia, mas isso não se justificou.

38 | LAUDOS E PERÍCIAS
Um laudo técnico foi emitido e permitiu que os moradores voltassem ao
edifício para buscar seus pertences. A implosão do prédio ocorreu de fato no
dia seguinte. Ao final de tudo, 150 famílias ficaram desabrigadas.
Depois de deixar todas essas famílias desabrigadas, a construtora
comentou que elas seriam indenizadas em um prazo de seis meses, o que
realmente não aconteceu.
Finalizando o acontecimento, o deputado Sergio Naya teve seu
mandato cassado e suas contas bancárias bloqueadas. Condenado a pagar
as indenizações de alto valor monetário.
Atualmente, as famílias ainda brigam na justiça pelo pagamento total
das indenizações, estimadas em aproximadamente 70 milhões de reais.

Figura 04: Edifício com estrutura antiga, sujeita a possível implosão.

Fonte: https://bit.ly/2Di6EQ1.

PRATIQUE
1. Qual é a diferença entre laudo e parecer técnico?

LAUDOS E PERÍCIAS | 39
2. Cite três tipos de auditoria e faça um breve comentário sobre cada uma.

3. Descreva brevemente a Engenharia Diagnóstica.

4. Explique como deve ser a estrutura de um laudo.

5. Cite três tópicos que devem constar em um laudo de vistoria técnica.

RELEMBRE

Nesta unidade, você viu que é necessário conhecer os conceitos de


laudo, parecer, relatório técnico, arbitramento, auditoria, manifestação e
engenharia diagnóstica para elaborar laudos técnicos e fornecer subsídios
teóricos para uma perícia bem elaborada.
Para a elaboração de um laudo pericial, o profissional que trabalha na
área deve obediência as regras em termos de estrutura, redação do laudo,
histórico dos acontecimentos, descrição dos problemas, causas dos problemas
constatados, conclusão do laudo, respostas aos quesitos e anexos.
Assim, viu que em relação à estrutura do laudo (seja pericial, seja de
cunho avaliatório), é necessário que esta seja organizada de modo que o
julgador e as partes interessadas percebam detalhadamente todas as etapas
dos trabalhos desenvolvidos pelo perito ou assistente técnico.

40 | LAUDOS E PERÍCIAS
Já na etapa da redação do laudo, os profissionais responsáveis pelo
trabalho devem descrever minunciosamente o objeto do laudo pericial com
um nível de detalhes compatível com a perícia realizada. Quando o objeto
da perícia é uma construção urbana, precisam informar as áreas, a divisão
interna, as características e o padrão construtivo, o número de pavimentos,
a idade aparente, o número de vagas de garagem, o tipo de uso e o estado
de conservação.
Quanto à etapa do histórico dos acontecimentos, viu que ela dará ao
juiz e aos advogados das partes uma visão da evolução dos acontecimentos
ocorridos no local, culminando com a proposição da ação.
Na fase de descrição dos problemas observados no transcorrer
dos trabalhos periciais, observou que os profissionais devem descrever
minunciosamente todos os problemas observados e a localização de cada um
deles e, se possível, a elaboração de um desenho ilustrativo.
Sobre a delimitação das causas dos problemas constatados, você viu
que ela é uma das mais importantes etapas do laudo, pois após uma descrição
detalhada dos danos e dos procedimentos adotados, os profissionais devem
analisar tecnicamente a questão e apontar suas causas, se os elementos
disponíveis assim o permitirem.
Quanto à conclusão do laudo, observou ser essencial elaborá-lo com
cuidado, pois é por meio dele que o juiz decide a questão. Na conclusão, é de
fundamental importância que os profissionais apontem os responsáveis, se os
elementos obtidos no transcorrer dos trabalhos periciais assim o permitirem.
Também viu que existem as respostas aos quesitos, que consistem
em indagações ou solicitações de procedimentos sobre a questão envolvida
na prova pericial, podendo ser formuladas pelas partes envolvidas, pelo
Ministério Público e pelo juiz. Essas respostas são classificadas em principais,
suplementares ou de esclarecimento.
Por fim, observou que ainda há os anexos do laudo, que devem conter
todos os documentos, projetos e outros elementos que fundamentaram o
esclarecimento da questão.

LAUDOS E PERÍCIAS | 41
REFERÊNCIAS

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Minidicionário Aurélio: o dicionário


da Língua Portuguesa. 8. ed. Curitiba: Positivo, 2010.

FIKER, José. Perícias e avaliações de engenharia: fundamentos práticos.


2. ed. São Paulo: Leud, 2011.

GOMIDE, Tito Lívio Ferreira; FAGUNDES NETO, Jerônimo Cabral Pereira;


GULLO, Marco Antonio. Inspeção predial total: diretrizes e laudos no
enfoque da qualidade total e engenharia diagnóstica. 2. ed. São Paulo:
Editora PINI, 2014.

SALIBA, Tuffi Messias; CORRÊA, Márcia Angelim Chaves. Insalubridade e


periculosidade: aspectos técnicos e práticos. 11. ed. São Paulo: LTr, 2002.

YEE, Zung Che. Perícias de engenharia de segurança do trabalho:


aspectos processuais e casos práticos. 3. ed. Curitiba: Juruá, 2012.

ANOTAÇÕES

42 | LAUDOS E PERÍCIAS
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Messejana, Fortaleza – CE
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