Relatório Final Pither 2023
Relatório Final Pither 2023
Relatório Final Pither 2023
São Luís
2023
Informações do Bolsista
Nome: Pither Amorim Barros
Telefone: (98) 999274295
E-mail: [email protected]
Informações da Instituição/Departamento
Nome: Departamento de Geociências/CCH
Endereço: Av. dos Portugueses, 1966 – Bacanga – CEP 65080-805
Telefone: 32728330/ 32728329
E-mail: [email protected] (Chefia do Departamento).
2. JUSTIFICATIVA
A Bacia Hidrográfica do Rio Anil com uma área de 41km², sendo seu curso
inferior caraterizado pela planície fluviomarinha é naturalmente vulnerável à
intrusão marinha superficial e subterrânea. O estudo e avaliação de suas áreas
vulneráveis à intrusão marinha pelo método GALDIT, conforme (CHACHADI E
LOBO FERREIRA, 2007) apresenta-se de relevância para conservação dos
mananciais hídricos de água doce na Ilha do Maranhão indispensável para o
abastecimento doméstico e desenvolvimento das atividades socioeconômicas na
Ilha do Maranhão.
O Município de São Luís apresenta uma área de 831,7 km² e uma população
estimada de 1.115.932hab (IBGE, 2021) com densidade populacional de
1.341,3hab/km² sendo considerada uma Ilha populosa. O crescimento
populacional e a especulação imobiliária têm provocado nessas áreas severos
impactos ambientais pela falta da observância das leis ambientais.
O modelo hidrogeológico da Ilha do Maranhão é composto por dois aquíferos.
O primeiro aquífero semi-confinado, relacionado aos sedimentos cretáceos da
Formação Itapecuru e o segundo o aquífero livre da Formação Barreiras
constituído pelos sedimentos do Neógeno. A variação horizontal e vertical dos
sedimentos presentes reflete a complexidade do comportamento hidrodinâmico
dos sistemas aquíferos.
A Companhia de Saneamento Ambiental do Estado do Maranhão vem
perdendo seus sistemas produtores como São Raimundo, Maracanã e Olho
d’Água que foram desativados através dos anos pelas impermeabilizações das
áreas de recargas e nas áreas de descarga pela contaminação por esgoto in
natura nas águas superficiais dos Rios Bacanga, Anil, Paciência e outros.
Em geral, a composição química da água é função da mineralogia do aquífero
e do tempo de trânsito da água no sistema. O fluxo local é mais dinâmico, o que
significa menor contato água-rocha e tendência de água do tipo bicabornatada
decorrente da dissolução do C02 do solo. À medida que a profundidade aumenta,
a velocidade de fluxo se torna progressivamente mais lenta e evolui para os
fluxos intermediário e regional. No último, a concentração de sais solúveis,
associados aos evaporitos ou à água do mar trapeada no ambiente de
deposição, torna a água muito salina (MESTRINHO, 2008).
Os valores de sais que se encontram em determinados tipos de rochas e
solos dependem da composição e alterabilidade dos minerais, condições
climáticas, composição da água de recarga, tempo de contato, grau de aeração,
permeabilidade e outras (CUSTODIO e LLAMAS, 1983).
O modelamento matemático realizado para o aquífero costeiro na área da
Ponta da Madeira para avaliar a possibilidade de atender a demanda de água de
94,5 l/s necessária para ser utilizada na Planta de Pelotização da VALE, indicou
que o aquífero apresentou intrusões marinhas, afetando a zona de mistura em
algumas das captações dos poços presentes na área (F.JUNIOR et al., 2003).
A vulnerabilidade a intrusão salina alta foi registrada na área próxima a foz da
bacia do rio Bacanga indicando infiltração lateral da cunha salina e
vulnerabilidade moderada na área do Parque Estadual do Bacanga que inspira
cuidados ao risco eminentes de salinização dos poços tubulares, considerando o
excesso de bombeamento de água subterrânea no sistema Sacavém e as
impermeabilizações nas áreas de recarga de aquíferos o que nos remete a uma
maior atenção e monitoramento nessas regiões (MARTINS, 2019).
O nível da água dos poços tubulares situados nas proximidades do oceano
apresenta flutuações sob influência do vai e vem das marés, diminuindo à
medida que se dirige para o interior do continente.
A Bacia do rio Anil é uma das bacias mais antropizadas da Ilha do Maranhão
se encontra intensamente impermeabilizada por vários prédios próximos das
margens do rio Anil. Os condôminos sofrem com a salinização dos poços
tubulares utilizados no abastecimento público.
Estimativas geoestatísticas são, em geral, superiores aos demais métodos de
interpolação numérica, pois fazem uso da função variograma, que não é
simplesmente uma função da distância entre pontos, mas depende da existência
ou não do efeito pepita, da amplitude e da presença de anisotropia
(YAMAMOTO; LANDIM, 2013).
A krigagem é feita após a conclusão da análise estrutural, os quais poderão
inclusive indicar a não aplicação desse método se o comportamento da variável
regionalizada for totalmente aleatório (YAMAMOTO, 2001).
A Krigagem Ordinária é um método local de estimativa, dessa forma, a
estimava em um ponto não amostrado resulta da combinação linear dos valores
encontrados na vizinhança próxima, sendo esta, constituída de um grupo de
amostras dentro dos limites espaciais do mesmo, implicando no uso de
diferentes amostras em cada uma (YAMAMOTO; LANDIM, 2013).
Esta pesquisa expressa as preocupações na utilização de águas
subterrâneas nas áreas costeiras, sem prévio conhecimento de suas
potencialidades e vulnerabilidades, que podem provocar diversos impactos
ambientais principalmente na área de mistura - interface água subterrânea (doce)
e água marinha - que somente são percebidos paulatinamente pelos moradores,
através das modificações da qualidade da água tornando-a salobra, variabilidade
da profundidade do nível de água subterrânea, modificação da fauna e flora local
e das adjacências. A análise da condutividade elétrica é um indicador da cunha
salina nas águas subterrâneas.
3. OBJETIVOS
4. METODOLOGIA
Figura 1 - Coleta de água subterrânea no poço tubular Colégio Militar - Vila Palmeira.
Figura 2 - Coleta de água subterrânea no poço cacimba Rua Netuno - Santa Eulália.
Fonte: LEBAC. 2022.
Tabela 1 – Principais Classes de Uso e Ocupação da Bacia Hidrográfica do rio Anil, São Luís -
MA, 2019.
Classes Área (km²) (%)
Vegetação 13,79 33,8
Urbanizada 26,36 64,7
Solo Exposto 0,62 1,5
Total 40,77 100
Fonte: Ribeiro (2020).
Fonte: https://waterservicestech.com/intrusao-de-cunha-salina
Castro (2019) observou que a cunha salina pode ser conduzida pelas calhas
dos rios Anil, Calhau, Pimenta e córregos que por influência dos movimentos de
maré que conduzem as águas marinhas para o interior da cidade de São Luís como
observado nas águas dos poços tubulares P30-04, P32, P19 e P18-10. Por fim,
destaca-se que a cunha salina se encontra adentrando a Ilha do Maranhão.
6. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Sabe-se que quanto maior a salinidade da água na cunha salina, maior será a
sua condutividade elétrica. Quando há um aumento na concentração de íons
dissolvidos na água, como ocorre na cunha salina onde as águas doce e salgada se
misturam, a condutividade elétrica também aumenta. Isso ocorre porque os íons
presentes na água (como íons de sódio, cloreto, potássio, etc.) são portadores de
carga elétrica e, portanto, facilitam a passagem de corrente elétrica.
Com o propósito de analisar o avanço da cunha salina na bacia do rio Anil,
elaborou-se um mapa utilizando a técnica de krigagem ordinária para os teores de
condutividade elétrica em μS/cm. Registra-se que os teores variaram de 0 – 1,726
μS/cm, e os maiores valores se concentram na porção inferior a média da bacia do
rio Anil, nas área das planícies fluviomarinhas, onde se encontra os mangues
(Figura 8) geralmente, os teores de condutividade elétrica é aproximadamente 50
μS/cm para a água doce, aumentando com a influência da salinidade do oceano.
Destaca-se que a correlação condutividade elétrica versus cloreto é boa
indicando valores de R=0,78. Esses dados são indicativos da entrada da cunha
salinas em áreas contiguas ao rio Anil (Gráfico 01).
1600
1400
1200
1000
800
600
400
200
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
Cloreto (meq/l)
7. CONCLUSÃO
Neste trabalho, com foco na Bacia do rio Anil, na Ilha do Maranhão, foi
analisado o comportamento da cunha salina com base nos teores condutividade
elétrica. Observou-se que as bacias hidrográficas desempenham um papel
fundamental como unidades de análise ambiental, abrigando recursos naturais
fundamentais e influenciando o uso do território.
Além disso, a análise destacou os desafios enfrentados na região, como o
crescimento populacional, a especulação imobiliária e a contaminação das águas
subterrâneas. A intrusão marinha, causada pela salinização, é uma ameaça
particular à disponibilidade de água doce na ilha, impactando tanto os mananciais
quanto a qualidade da água.
A análise de dados é fundamental para entender esses problemas e
desenvolver estratégias de manejo sustentável dos recursos hídricos. A utilização de
métodos geoestatísticos, como a krigagem, é uma abordagem eficaz para estimar
valores não amostrados e monitorar a cunha salina.
Registra-se a presença de interação entre água salgada e água doce nos
cursos inferior e médio da bacia, apresentando uma variabilidade de teores de
condutividade elétrica em diversos estágios de interações desde iniciais até
avançados. Diante dessa constatação, fica evidente a necessidade de adotar
medidas para remediar essa situação, uma vez que ela representa um sério risco de
contaminação por intrusão salina nos aquíferos Itapecuru e Barreiras de água doce
na bacia do rio Anil.
Nesse sentido, a análise de dados desempenha um papel vital na gestão e
conservação dos recursos hídricos na Bacia do rio Anil e em áreas costeiras
similares. O conhecimento obtido por meio dessa análise permite tomar medidas
proativas para enfrentar desafios ambientais complexos e proteger a qualidade da
água para as gerações futuras.
REFERÊNCIAS