Relatório Fases Da Mitose

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ESCOLA SECUNDÁRIA DE CANEÇAS

RELATÓRIO CIENTÍFICO

Observação de fases de mitose no ápice da


raiz da cebola (Allium cepa)

Disciplina de Biologia e Geologia

Professora: Raquel Barros

Ana Carolina Cabral Pereira


Nº2, 11CT3
Data de entrega: 24 de novembro de 2023
ÍNDICE

Introdução .................................................................................................................. 3

Fundamentação Teórica ........................................................................................... 4

o Divisão celular ................................................................................................... 4


o Estrutura dos cromossomas .............................................................................. 4
o Fases do ciclo celular e respetivas características ............................................ 5
• Interfase ......................................................................................................... 6
• Fase mitótica .................................................................................................. 6
o Regulação do ciclo celular ................................................................................. 8
Procedimento experimental ..................................................................................... 9

o Material .............................................................................................................. 9
o Metodologia ....................................................................................................... 9
Registo de resultados ............................................................................................. 11

Discussão ................................................................................................................ 12

Conclusão ................................................................................................................ 13

Bibliografia............................................................................................................... 14

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Introdução

A mitose é um processo fundamental no ciclo de vida das células, constitui um


processo de divisão celular que leva á formação de dois núcleos com informação
genética idêntica.
O ciclo celular está dividido em duas fases, a interfase e a fase mitótica, dentro desta
está contida a mitose que integra quatro fases distintas, a prófase, a metáfase, a
anáfase e a telófase.
Esta experiência teve como objetivo observar essas fases da mitose em tecidos
vegetais de rápido crescimento, para tal foram utilizados ápices das raízes da cebola
(Allium cepa).
A utilização destes deve-se á alta atividade mitótica presente nesta região, o que
proporciona uma melhor oportunidade para a visualização detalhada das diferentes
etapas da mitose.
Para além da observação destas fases, esta experiência serviu também para
aprofundar a compreensão das diferentes fases mitóticas, desde a interfase, onde a
célula se prepara para a divisão, até a telófase, quando ocorre a reorganização final,
de modo a sermos capazes de distinguir, identificar e descrever as suas
características.
Para a realização desta atividade experimental os ápices das raízes da cebola foram
colocados numa solução fixadora e corante, passados sobre a chama da lamparina e
finalmente montados em lâminas para serem observados ao microscópio.
Como resultado foi possível observar-se com distinção os núcleos das células e os
seus cromossomas, no entanto não foi possível visualizar todas as etapas da mitose,
como se expectava.

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Fundamentação Teórica

o Divisão celular

A célula é a unidade estrutural e funcional dos organismos. Segundo a teoria celular


cada célula tem origem a partir de outra preexistente e o processo que permite a
formação destas e garante a continuidade e a manutenção da vida designa-se divisão
celular.
Enquanto nos organismos unicelulares a divisão celular corresponde sempre á
reprodução, formam-se dois novos indivíduos idênticos entre si e á célula-mãe, nos
organismos pluricelulares são necessárias diversas divisões para que se forma um
novo ser, nestes, a multiplicação celular assegura também os processos de
crescimento, de regeneração e de reparação dos tecidos.

o Estrutura dos cromossomas

Os cromossomas são estruturas nucleares filamentosas onde se localizam os genes,


estes possuem um papel fundamental na transmissão da informação genética entre
gerações.
A sua unidade básica é uma longa
cadeia de DNA ligada a proteínas,
as histonas, que lhe fornece
suporte e regula a sua atividade
genética.
Estas estruturas são espessas,
quase imóveis e fáceis de
observar, resultam da condensação da cromatina, Fig. 1

esta é fina, flexuosa e difícil de observar. Esta condensação é resultante da


espiralização do DNA, que ocorre aquando da divisão celular.
Antes da replicação semiconservativa do DNA os cromossomas são constituídos por
apenas um cromatídeo, após a sua duplicação as moléculas resultantes apresentam
duas cadeias de DNA associado a histonas, cromatídeos-irmãos, unidos por uma
estrutura sólida, o centrómero.

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Cada espécie apresenta o seu próprio cariótipo constituído por um número
característico de cromossomas com diferentes formas e tamanhos.
Nos procariontes, uma vez que estes não possuem um núcleo organizado,
apresentam apenas um cromossoma circular que não se encontra associado a
proteínas e está localizado no nucleoide, uma região do citoplasma.
Estas moléculas são facilmente coráveis o que facilita a sua visualização ao
microscópio.

o Fases do ciclo celular e respetivas características

A vida de uma célula começa quando ocorre a divisão de uma célula anterior e termina
com a sua própria divisão, originando duas novas células. Este processo corresponde
ao ciclo celular.
Ao longo deste ciclo ocorrem
diversas transformações na célula
de forma organizada, como o
aumento do seu volume,
alterações no seu metabolismo,
variação das quantidades de DNA
e mudanças na estrutura dos
cromossomas. As células
Fig. 2

apresentam ritmos de divisão diferentes, algumas encontram-se em constante divisão


(como as células da pele), outras nem se chegam a dividir, a não ser que seja
necessário (como as células ósseas).
O ciclo celular é composto por duas fases: a interfase e a fase mitótica ou fase M.

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• Interfase

O período mais longo da vida de uma célula corresponde á interfase, esta subdivide-
se em três etapas, a G1, a S e a G2.
Na fase G1 a célula aumenta o seu volume e produz novos organelos, nesta fase
existe uma intensa atividade metabólica uma vez que está a decorrer a síntese
proteica.
Algumas células não avançam no ciclo celular permanecendo num estado
denominado G0, podem regressar ao ciclo celular se houver mudanças das condições
que a mantinham em G0 ou permanecer nesse estado até á morte celular.
Após esta fase, ocorre a replicação semiconservativa do DNA e cada cromossoma
passa a ter dois cromatídeos, esta etapa designa-se por fase S, nas células animais
ocorre também a duplicação dos centríolos, havendo assim dois pares deste organelo.
A etapa G2 decorre entre o período de duplicação do DNA e o início da mitose, nesta
fase a célula prepara-se para a divisão nuclear e sintetiza biomoléculas importantes
para as seguintes fazes, como proteínas.

• Fase mitótica

A fase mitótica é também subdividida em duas etapas, a mitose e a citocinese.


A mitose é responsável, através da divisão nuclear, pela formação de dois núcleos
que possuem a mesma informação genética e desenvolve-se ao longo de quatro
fases, a prófase, a metáfase, a anáfase e a telófase.
A prófase é a etapa mais longa da mitose, inicia-se a espiralização dos filamentos da
cromatina, tornando-os mais curtos e grossos, permitindo assim distinguir-se os
cromossomas. Nesta fase os centríolos migram para lados opostos da célula e ocorre
a polimerização da tubulina, proteína que constitui os microtúbulos, que originam o
fuso acromático.
Esta etapa termina com o desaparecimento do nucléolo e a desorganização do
invólucro nuclear.
É na metáfase que os cromossomas atingem o estado de máxima condensação. É
também nesta etapa que os centrómeros se alinham no plano equatorial da célula

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onde permanecem sujeitos a forças exercidas pelos microtúbulos das duas metades
do fuso.
No início da anáfase ocorre a separação dos cromatídeos de cada cromossoma pelos
centrómeros, passando cada um a constituir um cromossoma independente. Após
esta separação dá-se a ascensão dos cromatídeos para cada um dos polos do fuso
acromático, de forma a cada polo possuir a mesma quantidade de cromossomas.
Por fim a telófase começa após os cromossomas atingirem os respetivos polos
celulares e desaparecerem as fibras do fuso acromático. Nesta fase o invólucro
nuclear é reconstituído, ocorre a reorganização dos dois núcleos e a descondensação
dos cromossomas. Ambos os núcleos formados possuem uma constituição idêntica á
célula na fase G1.

Fig. 3

A citocinese é a etapa final da divisão celular e corresponde à divisão do citoplasma.


Esta etapa acontece de formas diferentes em células animais e em células vegetais,
em células animais ocorre por estrangulamento da membrana celular, na região
central do interior da célula são libertados iões cálcio que formam filamentos proteicos,
com capacidade contrátil, estes dispõem-se em anel na parte interna da membrana
celular, esse anel vai progredindo para o interior provocando assim o seu
estrangulamento e separando os dois núcleos, nas células vegetais, como estas
possuem parede celular o processo é diferente, após a mitose, enquanto as fibras do
fuso se desorganizam, vesículas derivadas do complexo de Golgi, que contêm
celulose, outros polissacarídeos e proteínas, alinham-se no plano equatorial da célula,
formando uma placa equidistante dos
dois núcleos recém formados
designada fragmoplasto, as vesículas
vão se fundindo desde a região central
em direção ás paredes laterais,
formando de uma nova parede
celulósica.
Fig. 4
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o Regulação do ciclo celular

Durante o ciclo celular existem controlos, que permitem á célula identificar possíveis
erros, casos estes não possam ser corrigidos, na maioria das vezes ocorre apoptose
celular. Um desses controlos encontra-se no final do período G1, este verifica a
integridade do DNA e de fatores de crescimento provenientes do meio extracelular,
pois o avanço para a fase S depende destes fatores, outro controlo encontra-se na
fase G2, neste verifica-se novamente a integridade do DNA e se este foi corretamente
replicado de forma a poder prosseguir á divisão celular, o último ocorre na fase M,
entre a metáfase e a anáfase, onde se verifica a posição dos cromossomas no plano
equatorial da célula.

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Procedimento experimental

o Material
Legenda:

1. Ápices radiculares da cebola


2. Orceína acética (1%)
3. Ácido clorídrico (HCL) (12%)
4. Fósforos
5. Vidro de relógio
6. Tesoura
7. Pinça
8. Mola de madeira
9. Lamparina de álcool
10. Agulha lanceolada
11. Lâminas e lamelas de vidro
12. Papel absorvente
13. Microscópio ótico composto (MOC)
Fig. 5

o Metodologia

Alguns dias antes da realização da experiência colocou-se uma cebola num copo,
contendo água da torneira, com diâmetro ligeiramente inferior ao da cebola, a
extremidade inferior da cebola encontrava-se em contacto com a superfície da água
de modo a formarem-se as suas raízes, que devem foram utilizadas quando o seu
comprimento estava entre 3 e 5 cm

1. Misturou-se, num vidro de relógio, 9 gotas de orceína acética e 1 gota de HCL.


2. Cortou-se com a tesoura os ápices radiculares da cebola (cerca de 5 mm).
3. De seguida, colocou-se os ápices no vidro de relógio contendo a solução.

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4. Pegou-se no vidro de relógio com auxílio da mola de madeira e passou-se
sobre a chama da lamparina até se soltarem vapores, mas não deixando a
solução entrar em ebulição.
5. Depois retirou-se, com a pinça, os ápices radiculares para uma lâmina de vidro
e cortou-se cerca de 1 mm a partir da extremidade, rejeitando-se o restante.
6. Colocou-se 1 gota de orceína acética na lâmina, sobre o material, e aguardou-
se 3 minutos.
7. Após os 3 minutos colocou-se a lamela sobre o material e esmagou-se os
tecidos fazendo pressão.
8. Retirou-se, então, o excesso de corante com papel absorvente.
9. Finalmente, observou-se a preparação temporária ao MOC.

Fig. 6

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Registo de resultados

Preparação temporária

Fig. 7 – Ampliação: 10 x 40 = 400x

Preparação definitiva

Fig.8 – Ampliação: 10 x 10 = 100x

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Discussão

Para a realização desta experiência foram utilizados dois reagentes, a orceína acética,
esta é um corante formado por orceína e ácido acético, o ácido acético é um fixador
que mantém a integridade das estruturas da célula, a orceína dá cor aos
cromossomas, permitindo o seu destaque e facilitando a sua visualização, e o ácido
clorídrico é responsável por dissolver as lamelas medianas que unem as células umas
às outras.
A solução foi também aquecida para que lhe fosse fornecida energia, acelerando a
coloração dos cromossomas e foi, posteriormente esmagada, de modo a obter-se
apenas uma camada de células.
Como resultado, na preparação temporária, apenas foi possível identificar a interfase,
uma vez que apenas se observou células com núcleos bem definidos, onde ainda não
ocorreu a condensação da cromatina. Contudo, na preparação definitiva já foi possível
identificar mais duas fases, a prófase, uma vez que se observou algumas células com
núcleos menos definidos e com cromossomas ligeiramente visíveis, e a telófase, visto
que foi possível visualizar-se células com dois núcleos distintos e bem definidos,
devido á descondensação dos cromossomas.
No entanto, ao contrário do que era expectável, as outras fases da mitose, como a
metáfase e a anáfase, e a citocinese não foram claramente identificadas.
Dado que não se observaram células com os seus cromossomas alinhados na placa
equatorial ligados ao fuso acromático e células com os seus cromossomas, ligados
ao fuso acromático, a ascenderem para lados opostos da mesma, verificamos a
ausência de metáfase e anáfase, respetivamente. Ainda, a falta de citocinese nestas
preparações deve-se á inexistência de células onde se pode notar o início da formação
de uma placa celular no seu centro.
Estas limitações podem ter origem em vários fatores, como a ocorrência de danos
celulares durante o processo de fixação ou coloração que podem ter comprometido a
integridade das estruturas celulares, o corante adicionado pode ter sido em maior
quantidade do que o suposto ou a solução pode ter ficado muito tempo ao calor da
chama da lamparina, também, devido a uma incompleta esmagamento da
preparação, pode ter-se sucedido uma sobreposição de células em diferentes planos
focais dificultando a sua visualização ou uma incorreta realização desta mesma

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técnica pode ter causado a destruição de algumas células, ainda é possível que se
tenha cortado uma amostra do ápice da raiz muito grande de modo que não estavam
presentes as fases em falta.

Conclusão

Concluindo, a mitose é um processo de extrema importância para o crescimento e o


desenvolvimento tanto de animais como de plantas. Garante, assim, a continuidade e
a manutenção da vida na Terra. Corresponde á divisão celular, onde uma célula dá
origem a duas células-filhas, geneticamente idênticas, com o mesmo número e tipo
de cromossomas, devido à replicação semiconservativa do DNA, na interfase, e à
divisão igualitária destas moléculas durante as várias fases da mitose.
A partir desta atividade experimental foi possível identificar algumas fases mitóticas
em células eucarióticas vegetais, porém nem todas foram observadas, provavelmente
devido a erros cometidos na execução das técnicas realizadas, desta forma o objetivo
proposto inicialmente foi apenas parcialmente concretizado.
Apesar de tudo, esta experiência serviu para aprofundar o nosso conhecimento acerca
da divisão celular e da mitose.
Em relação à planta analisada podemos também concluir que a região utilizada, o
ápice da raiz, apresenta uma elevada frequência de divisões celulares, na medida em
que é uma zona de crescimento intenso da planta.

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Bibliografia

Páginas Web:

VALADA, Claúdio, A mitose nas cebolas, Escola secundária c/3º Ciclo Fernando
Namora (publicado a 07-11-2019)
Disponível em URL: https://notapositiva.com/a-mitose-nas-cebolas/#

MARTINS, Mariana, et al, Observação da mitose da cebola, Escola secundária


Stuart de Carvalhais (publicado a 20-06-2005)
Disponível em URL:
https://www.notapositiva.com/old/trab_estudantes/trab_estudantes/biologia/biologia_t
rabalhos/mitose_da_cebola.htm

PINHEIRO, Sofia Paulos, Mitose (publicado a 05-03-2016)


Disponível em URL: https://knoow.net/ciencterravida/biologia/mitose/

Livros:

REIS, jorge, et al, Odisseia - 1º parte - Biologia, Biologia e Geologia 11º Ano,
Porto Editora, Porto, 2023, páginas 11, 14 e 15.

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