Dorontonar
Dorontonar
Dorontonar
Ser um errante te
permite conhecer lugares e pessoas que um indivíduo preso a sua terra pode apenas
sonhar, pelo menos aqueles que têm sonhos. Por anos trilhei estradas desertas, explorei
terrenos não mapeados, escalei montanhas, nadei em rios, me perdi em pântanos, mas
tudo isso, no espaço limitado do Continente e mesmo me achando conhecedor de muitas
coisas e extremamente experiente, nada havia me preparado para viver anos como um
cão imundo sob o chicote inclemente dos piratas do Império das Águas.
Os Dorontonitas clamam que toda extensão de água salgada que cobre o mundo
é seu território, seu Império e mesmo alguns quilômetros dentro da terra firme, é licito
que peguem seus tributos compulsórios. Esse povo é mais arrogante que os
expansionistas razeli, mais selvagem que os caçadores de cabeça iberiani e tão
resilientes quanto os mais duros entre os Aleningar das terras geladas.
Acima de tudo, é um povo livre, que vive e morre sobre o convés de seus navios,
que luta e ama com o gosto da água salgada em seus lábios e comemora e lamenta
enquanto seca garrafas de bebia com mulheres em seus colos. Sim, caro leitor, eu
aprendi a odiar, temer e em fim admirar os estranhos homens e mulheres que navegam
por todo mundo, enfrentando mares revoltos, borrascas e a temível Tempestade, sem
uma gota do amargo temor em seus olhos.
Se você vive no continente e nunca viu o mar, ou se nunca teve contato com as
incursões vindas do oeste, saiba que sua vida foi muito feliz. Os piratas vindos das
“ilhas” matam tudo que não podem escravizar e jogam aos tubarões tudo que não
podem curvar a sua vontade.
Os anos que passei limpando o: “Bruxa do Mar”, ou sendo chicoteado nos remos
ou ainda abordando embarcações de todos os tipos, ao lado de meus velhos captores, me
tornaram, por um lado, um homem mais humilde, por outro, um mercenário mais
impiedoso.
Sempre que os navios estão abarrotados de pilhagem e escravos, suas provas são
viradas novamente para casa, onde tudo será triado, barganhado, trocado, vendido e em
ultima instancia, devolvido ao mar. Aprender rapidamente que uma tripulação destes
homens e mulheres estranhos não teme ficar a deriva ou beber agua do mar, me fez
pensar duas vezes antes de revelar minha verdadeira identidade e tentar destruir o navio,
isso só teria trazido uma morte lenta e excruciante nas mãos vingativas dos piratas, que
usaria meus ossos como novo enfeite de prova para sua nova embarcação.
Não fosse esse tempo como escravo/corsário, eu não teria tido a visão do
continente “do lado de fora”. Não teria ido até as Ilhas do Império do Junco, não teria
noção da riqueza de criaturas que vivem nas aguas profundas, nem saberia que há
inimigos ainda piores que os dorontinitas, quando se trata de assassinos marítimos (mas
isso eu contarei em outro capitulo de minhas viagens).
É claro que tive muita sorte de ter um corpo forte e adaptável ao trabalho, sendo
mantido em constante movimento nas viagens do capitão Keldegon, provavelmente
teria sido deixado em terra, no Oeste Distante, sendo tratado com menos dignidade que
um cão leproso e talvez tivesse até sido sacrificado em nome de J’ogum, a única
entidade em que os dorontonitas acreditam.
Mas como toda viagem chega ao fim, em um combate feroz contra uma
Belonave Élfica, o “Bruxa do Mar”, que havia se tornado minha casa por anos,
naufragou, desafiador e imponente, levando consigo grande parte da tripulação,
Incluindo o próprio capitão. Fui resgatado pelos elfos como um escravo sendo libertado.
Mesmo depois de tantos anos, ainda sinto vontade de construir meu próprio navio à
moda Dorontonita e velejar sem rumo pelas marés do mundo.
Lans, Espada do Trovão
Dorontonar
Capital: Saumagon
Povo: 4,468,200 (60% humanos, 20% sangue de J’ogum, 10% outros –
escravos)
Governo: Império Teísta não hereditário
Comercio: Barganhas internas, assaltos constantes a embarcações e ao
continente.
Clima: Temperado Oceânico
Geografia: Campinas, floresta temperada, morros, vales, enseadas.
Religião: J’ogun
Na noite mais clara, em que as duas luas estavam em seu ápice nos céus,
tornando a noite quase um dia, uma peixeira simplória, filha de um pescador à beira da
morte, saiu para tentar manter o ofício da família vivo, pegando enguias com as próprias
mãos. Mal ela sabia que seria a primeira a ter um encontro com a criatura que daria
força e propósito a seus patrícios.
Quando os primeiros G’yab nasceram, suas mães foram instruídas a começar a
escrever a historia de como seu pobre mundo estava mudando e o proposito que eles
deveriam seguir, em nome de J’ogum, o Todo Poderoso Senhor dos Mares e Oceanos.
Essas mulheres se tornaram as primeiras sacerdotisas e foram banhadas em metais e
pedras nunca dantes vistas, todas elas com motivos que lembravam polvos e em menor
quantidade, outras criaturas marinhas.
Entre estes escritos, consta que os segredos das criaturas dos mares, como a
secreção dos crustáceos, foi revelado por uma encarnação mortal da divindade e que a
mesma ainda tinha muitos planos para os pobres pescadores do fim do oceano. Está
escrito também que eles deveriam considerar como primos outros que vivem distantes,
mas amam e vivem tanto da água salgada quanto os próprios dorontonitas.
Seria impossível para pescadores sem ambição explorar e dominar o arquipélago
que tinham ao seu redor, impossível usar o couro de animais aquáticos melhorado com a
essência de animais usados apenas como comida, impossível ser mais do que apenas
animais com habilidades um pouco melhores para caçar e comer e com esse
pensamento, os dorontonitas são completamente devotados a sua divindade e ao estilo
de vida que desenvolveram a partir dai.
As sacerdotisas de J’ogum são escolhidas no nascimento, nos vários augúrios
conhecidos apenas para a ordem, mesmo as mulheres que nascem com o Sangue de
J’ogum, podem não ser escolhidas, se não nascerem sob os auspícios ocultos, não pode
se juntar ao clero.
Algumas centenas de anos depois, quando os primeiros navios reais, de longo
alcance foram lançadas nos mares bravios, os dorontonitas encontraram o segundo
arquipélago, profetizado nas escrituras, onde conheceram os Mahüi. Uma enorme tribo
de guerreiros, cheios de tatuagens, devotados a um deus dos mares que lhe concedia o
poder de se ligar à vida de seres marinhos. Esse povo acolheu os dorontonitas e depois
de muitos meses, conseguiram entender uns aos outros e contaram à profecia que
amigos viriam de longe, montando animais mortos e que seus destinos estariam ligados.
Depois de conseguir se firmar como navegadores, descobrir onde estão as
correntes certas, começou a Era da Incursão, quando finalmente, a divindade lhes deu a
chance de tomar do povo das terras secas os tributos devidos a um Império com o maior
alcance de todos: o Império das Águas.
Todos os reinos e impérios, que tem uma costa e nesta costa há vilas, cidades ou
estradas transitadas, os dorontonitas atacarão, roubarão e escravizarão, darão os espólios
que não puderem utilizar a sua divindade marinha, destruirão todos os navios e barcos
vindos do continente, nascerão, viverão e morrerão pela agua salgada, pelo prazer da
luta e da bebida, eles são os Tiranos dos Mares, eles são os filhos de Dorontonar.
Sociedade/ Dia a Dia:
Bryyn
Oniak
Oaas
Pontos de Exploração:
Saumagon:
Poray:
Obymo:
B’yatoa:
Aamar:
B’mel:
Mapa:
Povos: Existem três etnias diferentes entre os dorontonitas, aqueles que são os morenos
de cabelos e olhos escuros, aqueles tocados pelo sangue da divindade e os Mahüi, que
vivem mais ao leste.
- Mahüi: Esses ilhéus são altos, 1,80 para homens e 1,75 para mulheres, com olhos e
cabelos escuros, peles morenas, usam pouca roupa, feitas em feral de palha ou couro de
animais, seus corpos são tatuados, primeiramente no rosto, não possuem traços de pelos
faciais ou corporais. Essa cultura e fascinante em sua afinidade com seres aquáticos,
principalmente mamíferos. São muito espirituais e costumam fazer reuniões noturnas
onde apagam fogueiras com a agua do mar, em suas aldeias. Além disso, são amantes
do combate esportivo, treinando e competindo desde tenra idade, existem competições
dentro das aldeias, que definem os treinadores das próximas gerações e as competições
entre as aldeias, que define os Jogunas, ou “lideres”, esses homens são colocados para
liderar as vilas das maiores para as menores dependendo de sua colocação. Outro
aspecto importante da cultura Mahüi são as competições de dança, de homens e
mulheres, os melhores dançarinos podem escolher com quem querem formar uma
família e passarão a diante as tradições de seu povo.
Religião: O povo do Império e seus primos dedicam sua devoção a uma única deidade.
Todas as festas e oferendas são feitas ao Senhor de Todos os Mares, que não por acaso
de um das criaturas primordiais desse universo. Os Dorontonitas fazem festas
elaboradas, com muita bebida, comida e dança, terminando com sacrifícios (geralmente
humanos) a J’ogum, apesar de não existir nada nas Sagradas Escrituras que diga que tais
sacrifícios são necessários. Poucos são os estrangeiros que tem a oportunidade de ver
tais festivais, e menos ainda os que vivem para contar a historia, já que esses homens e
mulheres de fora são usados como os sacrifícios.
Os Mahüi são um povo mais pacifico e contido, quando se trata de demonstrar
sua fé ao Senhor dos Oceanos. As comemorações são regadas à agua de coco
fermentada, rituais de passagem para a vida adulta e casamentos. São feitas fogueiras
com bases de pedra, que são extintas pelo mar à medida que a maré sobe, enquanto
cânticos são entoados intermitentemente até que o ultimo fogo apague. Diferente de
seus primos, os Mahüi tem um ciclo constante de celebrações, que tem haver com a
maré mais alta e a mais baixa do ano, onde são feitas a ligações espirituais entre homem
e criatura marinha.
O clero dorontonita, como já mencionado é composto apenas por mulheres,
essas sacerdotisas se dedicam inteiramente ao culto, depois que são iniciadas, aos 10
anos de idade. Todos os anos, uma das sacerdotisas é escolhida para ser mãe de um
G’yab, nenhuma sacerdotisa tem permissão de procriar com homens, as que se entregam
a paixões mundanas, são exiladas das ilhas e abandonadas por J’ogum, largadas à
própria sorte em uma pequena balsa.