Ficha Formativa - Exercícios - Capítulo 11 - Crónica D.João I

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PORTUGUÊS – 10.

º ANO

Prof. Marina Ferreira | 2023-2024

Ficha de Trabalho
Grupo I

Lê o seguinte capítulo com atenção.

Capítulo XI

Do alvoroço que foi na cidade cuidando que matavom o Mestre, e como aló1 foi Alvoro
Paez e muitas gentes com ele.

O Page do Mestre que estava aa porta, como lhe disserom que fosse pela vila segundo já
era percebido2, começou d'ir rijamente3 a galope em cima do cavalo em que estava, dizendo altas
vozes, bradando pela rua:
— Matom o Mestre! matom o Mestre nos Paços da Rainha! Acorree ao Mestre que matam!
E assi chegou a casa d’Alvoro Paez que era dali grande espaço4.
As gentes que esto ouviam, saiam aa rua veer que cousa era; e começando de falar uus
com os outros, alvoraçavom-se nas vontades5, e começavom de tomar armas cada uu como melhor
e mais asinha6 podia. Alvoro Paez que estava prestes7 e armado com ua coifa8 na cabeça segundo
usança daquel tempo, cavalgou logo a pressa em cima duu cavalo que anos havia que nom caval-
gara; e todos seus aliados com ele, bradando a quaesquer que achava dizendo:
— Acorramos ao Mestre, amigos, acorramos ao Mestre, ca9 filho é del-Rei dom Pedro.
E assi braadavom el e o Page indo pela rua.
Soarom as vozes do arroido10 pela cidade ouvindo todos bradar que matavom o Mestre; e
assi como viuva que rei nom tiinha, e como se lhe este ficara em logo11 de marido, se moverom
todos com mão armada12, correndo a pressa pera u13 deziam que se esto fazia, por lhe darem vida
e escusar14 morte. Alvoro Paez nom quedava15 d’ir pera alá16, bradando a todos:
— Acorramos ao Mestre, amigos, acorramos ao Mestre que matam sem por quê!
A gente começou de se juntar a ele, e era tanta que era estranha cousa de veer. Nom
cabiam pelas ruas principaes, e atrevessavom logares escusos17, desejando cada uu de seer o pri-
meiro; e preguntando uus aos outros quem matava o Mestre, nom minguava18 quem responder que
o matava o Conde Joam Fernandez, per mandado da Rainha.
(…)
— Ó Senhor! Como vos quiserom matar per treiçom, beento seja Deos que vos guardou
desse treedor! Viinde-vos, dae ao demo esses Paaços, nom sejaes lá mais.
E em dizendo esto, muitos choravom com prazer de o veer vivo. Veendo el estonce que
neuã duvida tiinha em sua segurança, desceo afundo19 e cavalgou com os seus acompanhado de
todolos outros que era maravilha de veer. Os quaes mui ledos arredor dele, braadavom dizendo:
— Que nos mandaes fazer, Senhor? Que querees que façamos?
E el lhe respondia, aadur20 podendo seer ouvido, que lho gradecia muito, mas que por es-
tonce nom havia deles mais mester21.
Crónica de D. João I de Fernão Lopes (ed. Teresa Amado), Lisboa, Comunicação, 1992 (Texto com algumas alterações ortográficas)

Vocabulário
1 – então 10 – ruído 19 – abaixo
2 – combinado, preparado 11 – em lugar (de) 20 – dificilmente
3 – depressa 12 – com armas na mão 21 – necessidade
4 – longe 13 – onde
5 – excitavam-se os ânimos 14 – evitar
6 – depressa 15 – parava
7 – pronto, preparado 16 – lá
8 – parte da armadura que protege a cabeça 17 – escondidos
9 – porque 18 – faltava
1. Responde à seguinte questão.

Transcreve marcas que atestem o crescendo de dramaticidade ao longo do texto (até ao


clímax).

2. Classifica as seguintes afirmações como verdadeiras (V) ou falsas (F).

a) Neste excerto, o narrador apela às sensações visuais e auditivas do leitor.


b) O narrador é homodiegético.
c) Álvaro de Pais e o pajem assumem um papel secundário no desenrolar da ação.
d) O povo é retratado como uma personagem coletiva.

3. Responde à seguinte questão.


Transcreve o excerto em que Fernão Lopes alude a Deus e ao diabo.

4. Seleciona as opções corretas.


Quais as ações do pajem e de Álvaro Pais que indiciam que havia um plano já traçado?

a) “O Page do Mestre que estava aa porta, como lhe disserom que fosse pela vila se-
gundo já era percebido (…)”
b) “Acorree ao Mestre que matam!”
c) “As gentes que esto ouviam, saíam aa rua veer que cousa era”
d) “Alvoro Paez que estava prestes e armado com ua coifa na cabeça segundo usança
daquel tempo (…)”

5. Responde à seguinte questão.


Estabelece uma relação entre o excerto e o título deste capítulo.

6. Responde à seguinte questão.


Explica, por palavras tuas, por que razão se diz que Fernão Lopes escreve quase ao estilo
de um repórter.

7. Seleciona a opção correta.


Como é que Álvaro Pais se refere às pessoas que aborda nas ruas?
a) Povo
b) Amigos
c) Camaradas
d) Senhores

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