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AULA
Limitações ao poder de tributar:
as imunidades tributárias
Meta da aula
Apresentar o estudo das limitações
ao poder de tributar.
objetivos

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta


aula, você seja capaz de:

1
reconhecer que o poder de tributar sofre
também as limitações decorrentes das
imunidades e isenções tributárias;
2 distinguir entre as diversas espécies
de imunidades tributárias.
Legislação Tributária | Limitações ao poder de tributar: as imunidades tributárias

INTRODUÇÃO Na aula anterior, você pôde compreender o que é a competência tributária ou


poder de tributar, mas pôde também perceber que ela sofre limitações.
Essas limitações decorrem de princípios constitucionais tributários, que estudamos
na aula anterior, mas podem decorrer também de imunidades tributárias.
É justamente este o assunto da nossa aula de hoje.

IMUNIDADE TRIBUTÁRIA, ISENÇÃO TRIBUTÁRIA


E NÃO-INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA

As imunidades dizem respeito a novas regras constitucionais de


exclusão da competência tributária.
Antes do estudo das imunidades tributárias propriamente ditas,
faz-se necessário distingui-las e inseri-las nos conceitos de isenção
tributária e não-incidência tributária.
Tradicionalmente, a incidência tributária é entendida como sendo
a situação em que o tributo é devido por ter ocorrido o fato gerador.
Em contrapartida, a não-incidência tem sido entendida justamente
como o oposto da incidência, o que significa dizer a não-ocorrência do
respectivo fato gerador.
Portanto, os fatos não previstos pelo legislador como necessários e
suficientes à ocorrência do fato gerador, diz-se que estão fora do campo
de incidência. Não quis o legislador que fossem objeto de tributação.
Já a isenção, conforme dispõe o art. 175 do Código Tributário
Nacional, é forma de exclusão do crédito tributário. Sendo exclusão,
é fácil concluir que o crédito tributário existiu, assim como ocorreu o
fato gerador, fazendo nascer a obrigação tributária. A isenção assume
então a característica de um favor fiscal, instituído em lei, consistente
na dispensa do pagamento do tributo devido, a partir do nascimento
da obrigação respectiva.
Portanto, segundo este raciocínio, a dinâmica da isenção é a
seguinte:
• ocorrência do fato gerador;
• incidência tributária;
• nascimento da obrigação;
• dispensa do pagamento do tributo devido.
Assim, nessa linha de raciocínio, a isenção é um instituto que nada
tem a ver com a não-incidência tributária.

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Desta forma, o que foi dito pode ser sintetizado da seguinte forma:

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na não-incidência, o tributo não é devido porque não chega a surgir a

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própria obrigação tributária; ao contrário, na isenção, o tributo é devido,
porque existe a obrigação, mas a lei dispensa o seu pagamento; disso se
conclui que a isenção pressupõe a incidência.
O regulamento do Imposto de Renda, aprovado pelo Decreto
nº 3.000, de 26 de março de 1999, dá exemplos de isenção, quando trata,
nos artigos 37 e 38, dos rendimentos isentos e não-tributáveis.
Um dos casos de isenção nele estabelecidos é o do inciso XXXIII
do art. 38, que trata da isenção dos proventos de aposentadoria por
doença grave, nos seguintes termos:

Os proventos de aposentadoria ou reforma, desde que motivadas


por acidente em serviço e os percebidos pelos portadores de
moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação mental, esclerose
múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia
irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson,
espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estados avançados
de doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por
radiação, síndrome de imunodeficiência adquirida e fibrose cística
(mucoviscidose), com base em conclusão da medicina especializada,
mesmo que a doença tenha sido contraída depois da aposentadoria
ou reforma (Lei nº 7.713, de 1988, art. 6º, inciso XIV; Lei nº 8.541,
de 1992, art. 47 e Lei nº 9.250, de 1995, art. 30, § 2º).

Interessante notar, no entanto, que esta visão tradicional vem


sofrendo críticas da nova geração de estudiosos do assunto. Para esses,
a isenção deve ser percebida como não-incidência. Assim, buscam
identificar duas espécies de não-incidência:
• a pura e simples – correspondente à que se refere a fatos inteiramente
estranhos à regra jurídica de tributação, a circunstâncias que se
colocam fora da competência do ente tributante;
• a qualificada – dividida em duas subespécies:
4 não-incidência por determinação constitucional – que corresponde
à imunidade tributária;
4 não-incidência decorrente de lei ordinária – que corresponde à
isenção.

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Legislação Tributária | Limitações ao poder de tributar: as imunidades tributárias

Assim, embora as imunidades tributárias e as isenções tributárias


possam ser consideradas exonerações tributárias, visto que ambas se
destinam a limitar o alcance e a aplicação dos tributos, elas não se
confundem, porque:
• as imunidades tributárias, em nossa sistemática constitucional, dizem
respeito, em regra, aos impostos, não se referindo a outras espécies
de tributos, enquanto as isenções podem ser instituídas em relação
a qualquer tributo. Há, no entanto, pelo menos uma exceção a esta
regra, instituída pelo art. 5º, inciso LXXVII da Constituição Federal,
que estabeleceu uma imunidade em relação às taxas relativas ao habeas
corpus e ao habeas data;
• as imunidades tributárias estão previstas constitucionalmente, ao passo
que as isenções podem ser fixadas por lei.
Sendo concedida por lei, a isenção pode também, por lei, ser
revogada. Isto significa que, não tendo sido concedida por prazo
determinado e sob determinadas condições, pode ser retirada a qualquer
tempo, nada podendo fazer o contribuinte.
Por outro lado, as imunidades garantidas pela Constituição, não
pode o Estado instituir regras que as contrarie. As imunidades não podem
ser revogadas, a não ser que isto ocorra por emenda à Constituição.
O quadro a seguir pretende deixar bem evidentes as diferenças
entre imunidade constitucional, não-incidência e isenção.

Imunidade Não-incidência Isenção

Fatos ou circunstâncias
Prevista na Constituição. inteiramente estranhos à regra Prevista em lei.
jurídica de tributação.

Não ocorre fato gerador. Não ocorre fato gerador. Ocorre fato gerador.

Não paga tributo. Não paga tributo. Não paga tributo.

O legislador não pode tributar, O legislador pode tributar, prevê


O legislador pode tributar, mas
porque não tem competência a tributação, mas suspende a
não prevê a tributação.
para isto. eficácia jurídica da norma.

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Atividade 1

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1. Complete as lacunas:

a. Quando ocorre o fato gerador temos a ______________________; em contrapartida, a


não ocorrência do respectivo fato gerador é entendida como ____________________.

b. Na ___________________, não é devido o tributo, porque não chega a surgir a própria


obrigação tributária; ao contrário, na _____________________ o tributo é devido, porque
existe a obrigação, mas a lei dispensa o seu pagamento; disso se conclui que a isenção
pressupõe a ________________________.

c. As ____________________ estão previstas constitucionalmente, ao passo que as


_____________________ podem ser fixadas por lei.

2. Responda às questões:

a. Qual a dinâmica da isenção?

__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________

b. As imunidades tributárias, em nossa sistemática constitucional, dizem respeito, em regra,


aos impostos, não se referindo a outras espécies de tributos. Há, no entanto, exceções a
esta regra. Cite uma delas.

__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

3. Marque a alternativa correta:

I. Quando o legislador não tem o poder de tributar, porque lhe falta competência
tributária, temos a:
a. Incidência tributária
b. Imunidade tributária
c. Não-incidência tributária
d. Isenção tributária

II. Quando o legislador pode tributar, prevê a tributação, mas suspende a eficácia jurídica
da norma, temos a:
e. Incidência tributária
f. Imunidade tributária
g. Não-incidência tributária
h. Isenção tributária

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Legislação Tributária | Limitações ao poder de tributar: as imunidades tributárias

Respostas Comentadas
1. a. incidência tributária; não-incidência.
b. não-incidência; isenção; incidência.
c. imunidades tributárias; isenções.
2. a. É a seguinte: ocorrência do fato gerador,incidência tributária, nascimento
da obrigação e dispensa do pagamento do tributo devido.
b. A instituída pelo art. 5º, inciso LXXVII da Constituição Federal, que estabeleceu uma
imunidade em relação às taxas relativas ao habeas corpus e ao habeas data.
3. I. Imunidade tributária.
II. Isenção tributária.

IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS

As imunidades tributárias concentram-se principalmente nas


alíneas do art. 150, inciso VI da Constituição Federal vigente, embora
também possam ser encontradas em outros dispositivos, dos quais
veremos alguns ao longo dessas considerações, inclusive fora do título
referente ao sistema tributário nacional.
Curioso notar que o legislador constituinte não utilizou a palavra
imunidade ou imunidade tributária para instituí-las, mas sim diversas
formas, tais como: é vedado, não incidirá, dentre outras.
No referido dispositivo constitucional encontramos as seguintes
imunidades tributárias:
• Imunidade recíproca – prevista na alínea “a” do inciso VI do art.
150 da Constituição Federal, estabelece que a União, os estados, o
Distrito Federal e os municípios não podem, no âmbito da respectiva
competência tributária, instituir impostos sobre o patrimônio, a renda
ou os serviços uns dos outros.
Isto significa que um ente federativo não pode instituir imposto
que comprometa o patrimônio, a renda ou os serviços de outro ente
federativo. É uma vedação que funciona de forma recíproca.
Deste modo, por exemplo, o IRPJ, que é um imposto federal, não
é cobrado do município, que é uma pessoa jurídica de direito público;

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assim como o IPTU, um imposto municipal, não é cobrado em relação

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aos imóveis de propriedade da União.

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De acordo com o §2º do art. 150 da Constituição Federal, esta
imunidade estende-se às respectivas autarquias e fundações instituídas
e mantidas pelos respectivos entes federativos.
O mesmo não acontece com as empresas públicas e as sociedades
de economia mista, que, por força do art. 173, §2º da Constituição
Federal, não gozam dessa imunidade por possuírem natureza privada.

Administração
Pública no Brasil
Como você teve a oportunidade de

?
aprender na Aula 11, da disciplina Instituições
de Direito Público e Privado; no Brasil, a Administração
Pública, por força do art. 4º, incisos I e II, do Decreto-lei n.º
200, de 25/2/1967, que estabeleceu a Reforma Administrativa,
está presente nos três Poderes do Estado (Executivo, Legislativo e
Judiciário). Estes três poderes exercem, respectivamente, as funções
administrativa, legislativa e jurisdicional.
Segundo o mesmo Decreto-lei, a Administração Pública está estruturada em:
• Administração Pública Direta ;
• Administração Pública Indireta.
Esta divisão tem por finalidade a execução de serviços públicos, que pode ser feita:
• diretamente pela Administração Pública, através de órgãos públicos, tais como
os ministérios, as secretarias de Estado, etc.; ou
• indiretamente, de forma descentralizada, através de entidades públicas, tais
como as autarquias, as empresas públicas, as sociedades de economia mista e as
fundações públicas.
A Administração Direta brasileira é constituída de órgãos públicos,
enquanto Administração Indireta brasileira constitui-se de entidades
públicas, que também contam na sua estrutura com órgãos públicos.
Desta forma, o órgão público é um elemento despersonalizado, ou
seja, sem personalidade jurídica própria, integrando a estrutura
da União, dos estados, dos municípios ou do Distrito Federal,
que são os entes federativos, ou seja, os entes públicos
que integram a estrutura da Federação Brasileira,
mas que também integram a estrutura
das entidades públicas.

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Legislação Tributária | Limitações ao poder de tributar: as imunidades tributárias

O órgão público é um centro de


competência instituído para o desempenho das
funções administrativas pelos agentes públicos; já a entidade
pública é pessoa jurídica, de direito público (autarquia) ou de direito
privado (associações, sociedades civis ou comerciais, fundações).
Essas entidades públicas vinculam-se ao ministério em cuja área de competência
estiver enquadrada sua principal atividade.
Explicações mais detalhadas você encontrará na Aula 11, de
Instituições de Direito Público e Privado, ou na disciplina
específica: o Direito Administrativo.

• Imunidade dos templos de qualquer culto – prevista na alínea “b” do


inciso VI do art. 150 da Constituição Federal, objetiva assegurar a
liberdade de prática religiosa no país, sem qualquer forma de restrição
ou discriminação.
Tem fundamento no direito estabelecido pelo art. 5º, inciso VI da
Constituição Federal, que consagra a garantia de liberdade religiosa dos
cidadãos, independentemente do modo como ocorra sua manifestação
e divulgação.
Por templo de qualquer culto deve ser entendida a entidade
religiosa e não somente a edificação usada para o culto. Esse entendimento
apóia-se nas disposições do art. 150, §4º da Constituição Federal e no
já manifesto pensamento do Supremo Tribunal Federal.
Ressalte-se que a imunidade não se estende às casas paroquiais,
residências de padres, de pastores, de rabinos e outros religiosos.
A renda do templo é imune, desde que reaplicada no próprio
culto. Assim sendo, imóveis de propriedade de entidade religiosa,
embora alugados, isto é, não aplicados diretamente na prática do
culto religioso, estarão alcançados pela imunidade tributária se os
rendimentos dos aluguéis forem destinados a finalidades essenciais da
entidade religiosa.
• Imunidade:
4 dos partidos políticos, inclusive suas fundações;
4 das entidades sindicais dos trabalhadores;
4 das instituições de educação e assistência social, sem fins
lucrativos.

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É imunidade prevista na alínea “c” do inciso VI do art. 150 da

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Constituição Federal e diz respeito aos respectivos patrimônio, renda

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ou serviços das pessoas jurídicas que menciona, desde que atendidos os
requisitos do art. 14 do Código Tributário Nacional, quais sejam:
a. não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas,
a qualquer título;
b. aplicarem integralmente, no país, os seus recursos na manutenção dos
seus objetivos institucionais;
c. manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos
de formalidades capazes de assegurar sua exatidão.
Note-se que, em relação aos partidos políticos, essa imunidade
tributária tem por objetivo manter a autonomia dessas importantes
entidades da democracia brasileira, impedindo que imposições fiscais
pudessem restringir sua inerente liberdade de manifestação.
Já a imunidade das entidades sindicais dos trabalhadores, quais
sejam os sindicatos, as federações e as centrais, é subjetiva, uma vez
que não se aplica a entidades patronais. Certamente essas entidades
representativas dos trabalhadores mereceram esta imunidade por terem
dentre as suas atividades essenciais a melhoria das condições de trabalho
e a defesa dos direitos e interesses coletivos dos seus representados.
• Imunidade dos livros, jornais, periódicos e papel destinado à sua
impressão – prevista na alínea “d” do inciso VI do art. 150 da
Constituição Federal. Também chamada imunidade cultural. Tem
fundamento na liberdade de expressão e pensamento (art. 5º, incisos
IV e IX da Constituição Federal) e de imprensa (art. 220, §6º da
Constituição Federal). Desta forma, abrange, além dos livros, jornais
e P E R I Ó D I C O S , o papel destinado à sua impressão. PERIÓDICOS
As publicações, que são objeto deste tipo de imunidade, são aquelas São revistas
publicadas em
destinadas à produção literária, didática, científica ou técnica, não se intervalos regulares
enquadrando, portanto, o livro em branco, o livro para escrituração de tempo.

contábil ou fiscal, o catálogo ou qualquer outro utilizado com o fim de


propaganda comercial.
Como a imunidade abrange todo e qualquer periódico, beneficia,
inclusive, as revistas pornográficas.
Em contrapartida, ela abrange também os livros ilustrados com
cromos de complementação (álbuns de figurinhas), uma vez que estes
visam a estimular o público infantil a se familiarizar com os meios de

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Legislação Tributária | Limitações ao poder de tributar: as imunidades tributárias

comunicação impressos, o que atende à finalidade do benefício instituído


pela norma constitucional de facilitar o acesso à cultura, à informação
e à educação.
Atualmente, existe uma intensa discussão doutrinária e juris-
prudencial sobre a aplicação, ou não, dessa imunidade às publicações
em meio eletrônico.

“Um cidadão bem informado é um cidadão que participa do desenvolvimento do


país, exercendo a cidadania e a consciência política” (Rodrigues, M.T.M.).
Discutiu-se por algum tempo, se os livros eletrônicos estariam ou não protegidos pela
imunidade tributária, chegando-se à posição majoritária dos tribunais entendendo
pela sua possibilidade. Assim, um CD-ROM ou um disquete, nos quais são inseridas
informações, cumprem os requisitos primordiais do mandamento constitucional,
alcançando a imunidade tributária dos livros, jornais e periódicos.
O grande jurista Aliomar Baleeiro nos dá a seguinte lição:
“Livros, jornais e periódicos transmitem aquelas idéias, informações,
comentários, narrações reais ou fictícias sobre todos os interesses humanos,
por meio de caracteres alfabéticos ou por imagens e, ainda, por signos Braile
destinado a cegos.”
Fonte: www.sisnet.aduaneiras.com.br/lex/doutrinas/arquivos/albumimune.pdf

O Supremo Tribunal Federal e a imunidade tributária para álbum de figurinhas


O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo entendeu que o álbum de figurinhas
da novela da Rede Globo Que rei sou eu não servia de mecanismo de divulgação
cultural ou educativa, mas apenas de veículo de propaganda, o que afastaria a
imunidade tributária constitucional para publicações e periódicos.
A Editora Globo, por sua vez, alegou que os livros ilustrados com cromos
de complementação com figurinhas são elementos da didática moderna,
necessários à educação infantil, merecendo,assim, serem contemplados pela
imunidade constitucional concedida aos livros, periódicos e jornais, cujo objetivo
é incentivar a cultura e garantir a liberdade de pensamento, o direito de crítica
e a propaganda partidária.
A ministra Ellen Gracie, presidente do Supremo Tribunal Federal, entendeu que o
álbum de figurinhas é uma maneira de estimular o público infantil a se familiarizar
com meios de comunicação impressos, atendendo, em última análise, à finalidade
do benefício tributário.
Fonte: www.sisnet.aduaneiras.com.br/lex/doutrinas/arquivos/albumimune.pdf.

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MÓDULO 1
Atividade 2

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AULA
Releia o que diz o boxe de curiosidade sobre imunidade cultural e responda:

1. O Supremo Tribunal Federal agiu corretamente ao entender que o álbum de figurinhas


deve ser contemplado pela imunidade tributária, facilitando o acesso à cultura e à
informação? Justifique.

__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________

2. Um álbum de figurinhas com caráter sexual também estaria abrangido pela imunidade
cultural? Justifique.
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________

Respostas Comentadas
1. Você certamente concluiu que o Supremo Tribunal Federal agiu corretamente
ao manter a imunidade tributária do álbum de figurinhas, já que o álbum é uma
maneira de estimular o público infantil a se familiarizar com meios de comunicação
impressos.
2. Com certeza a resposta é não, pois sua finalidade não é educativa nem cultural,
diferente de um álbum de figurinhas sobre a Copa do Mundo de futebol ou sobre
as Olimpíadas, que trazem informações sobre esportes, sedimentando e
fortalecendo a personalidade de nossos jovens.

• Imunidade do IPI – prevista no art. 153, §3º, inciso III da Constituição


Federal, diz respeito ao IPI de produtos industrializados destinados
ao exterior.
É imunidade objetiva, pois protege as mercadorias, não sendo
importante quem as exporte.
• Imunidade do ITR – prevista no art. 153,§4º, inciso II, da Constituição
Federal, diz respeito às pequenas glebas rurais, quando as explora o
proprietário que não possui outro imóvel. A definição do que seja
pequena gleba é tarefa da lei, e sua dimensão variará de acordo com
a região do país.

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Legislação Tributária | Limitações ao poder de tributar: as imunidades tributárias

• Imunidade do ICMS – prevista no art. 155, §2º, inciso X, alíneas “a”,


“b” e “c” da Constituição Federal nas seguintes situações:
a. sobre as operações que destinem mercadorias ao exterior (alínea
“a”);
b. sobre serviços prestados a destinatários no exterior, assegurada a
manutenção e o aproveitamento do montante do imposto cobrado

FUSÃO nas operações e prestações anteriores (alínea “a”);


É a junção de duas c. nas operações que destinem petróleo aos estados, inclusive lubrificantes,
empresas para a
combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, e energia elétrica
formação de uma
terceira, distinta das (alínea “b”);
que a precederam.
d. sobre o ouro, quando definido como ativo financeiro ou instrumento
cambial, embora sobre ele incida o IOF (alínea “c”).
Vale ressaltar que, no caso da alínea “b”, do dispositivo
INCORPORAÇÃO
constitucional, o álcool carburante, apesar de ser combustível, não é
Ocorre quando uma
empresa adquire derivado de petróleo e, portanto, não se beneficia dessa imunidade.
outra, que passa a
fazer parte daquela • Imunidade do ITBI – prevista no art. 156, §2º, inciso I da Constituição
que a adquiriu,
Federal, desde que:
como se tivesse sido
absorvida. 4 sobre a transmissão de bens ou direitos incorporados ao patrimônio
de pessoa jurídica em realização de capital;
4 sobre a transmissão de bens ou direitos, decorrente de FUSÃO,

CISÃO INCORPORAÇÃO, CISÃO ou extinção de pessoa jurídica.


É a ruptura de uma Essa imunidade não se aplica, nesses casos, se a atividade
estrutura empresarial
em duas ou mais preponderante do adquirente for a compra e venda desses bens ou
novas empresas.
direitos, locação de bens imóveis ou arrendamento mercantil.

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MÓDULO 1
Atividade 3

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AULA
Responda à questão:

1. Quando um partido político produz e vende material de campanha e propaganda


eleitoral, como camisetas, adesivos, bandeiras, etc., faz jus à imunidade tributária prevista
na alínea “c” do inciso VI do art. 150 da Constituição Federal? Justifique sua resposta.

2. Considerando os diversos tipos de imunidade estudados nesta aula, estabeleça a


correspondência entre as colunas da esquerda e da direita:

1. Imunidade recíproca ( ) É imunidade objetiva, pois protege as mercadorias,


2. Imunidade dos não sendo importante quem as exporte.
templos ( ) Impede que o IPVA seja cobrado dos municípios.
3. Imunidade das ( ) Refere-se às operações que destinem mercadorias
entidades sindicais ao exterior.
4. Imunidade cultural ( ) Não se aplica, se a atividade preponderante do
5. Imunidade do IPI adquirente for, por exemplo, a locação de bens
6. Imunidade do ITR imóveis.
7. Imunidade do ICMS ( ) As publicações, que são objeto desse tipo de
8. Imunidade do ITBI imunidade, são aquelas destinadas à produção
literária, didática, científica ou técnica.
( ) Diz respeito às pequenas glebas rurais, quando
as explora o proprietário que não possui outro
imóvel.
( ) Rrefere-se à entidade religiosa e não somente à
edificação usada para o culto.
( ) Não se estende à representação patronal.

Resposta Comentada
1. Não, porque sobre a atividade descrita incidem ICMS e IPI, tributos que não
são sobre o patrimônio ou a renda e que, portanto, não são beneficiados
pela imunidade.

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Legislação Tributária | Limitações ao poder de tributar: as imunidades tributárias

2.
1. Imunidade recíproca (5) É imunidade objetiva, pois protege as mercadorias, não
2. Imunidade dos templos sendo importante quem as exporte.
3. Imunidade das entidades (1) Impede que o IPVA seja cobrado dos municípios.
sindicais (7) Refere-se às operações que destinem mercadorias ao
4. Imunidade cultural exterior.
5. Imunidade do IPI (8) Não se aplica, se a atividade preponderante do
6. Imunidade do ITR adquirente for, por exemplo, a locação de bens
7. Imunidade do ICMS imóveis.
8. Imunidade do ITBI (4) As publicações, que são objeto desse tipo de imunidade,
são aquelas destinadas à produção literária, didática,
científica ou técnica.
(6) Diz respeito às pequenas glebas rurais, quando as
explora o proprietário que não possui outro imóvel.
(2) Rrefere-se à entidade religiosa e não somente à
edificação usada para o culto.
(3) Não se estende à representação patronal.

CONCLUSÃO

Nesta aula, você pôde concluir o seu estudo sobre as limitações


ao poder de tributar.
Teve a oportunidade de estudar as imunidades tributárias que,
portanto, somam-se aos princípios tributários, estudados na aula anterior,
como limitadores da competência tributária.
A expectativa é de que você não tenha ficado com dúvidas, mas
se isto aconteceu, não deixe de contatar com as tutorias.
Não fique com dúvidas!

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MÓDULO 1
Atividade Final

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AULA
A Igreja Felicidade Não Tem Fim adquiriu uma fazenda com o objetivo de promover
reuniões periódicas de seus fiéis e sacerdotes, como, por exemplo, os retiros religiosos
em épocas de festas pagãs. Transcorrido algum tempo, resolve, no entanto, dar destinação
econômica à propriedade. Comente se a referida instituição religiosa faz jus a algum
tipo de imunidade tributária.

Resposta Comentada
Inicialmente, faz jus à imunidade dos templos de qualquer culto, prevista na alínea “b”,
do inciso VI do art. 150 da Constituição Federal, pois ela objetiva assegurar a liberdade
de prática religiosa no país, sem qualquer forma de restrição ou discriminação.
A partir do momento, no entanto, em que a fazenda passou a ter uma destinação
econômica a entidade religiosa pode vir a ser constrangida a pagar os impostos
normais, no caso o ITR.

RESUMO

As imunidades tributárias engendram o estudo das limitações ao poder de


tributar.
Os entes federativos (União, estados, DF e municípios) têm de observar as regras
constitucionais ao instituir os seus tributos.

INFORMAÇÕES SOBRE A PRÓXIMA AULA

Na próxima aula, vamos estudar a vigência, a aplicação e a interpretação da


legislação tributária. Você vai saber a partir de que momento a legislação
tributária pode ser aplicada, uma vez publicada. Também terá a oportunidade
de estudar as regras que permitem a sua correta interpretação.

CEDERJ 95

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