Aula 3 - Apuração de Custos

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AULA 3

GESTÃO ESTRATÉGICA DE
CUSTOS PARA TOMADA
DE DECISÃO

Profª Lúcia Young


TEMA 1 – APURAÇÃO DE CUSTOS

Para apurarmos os custos de uma empresa, é necessário conhecermos


alguns elementos – sete, ao todo –, que veremos na sequência.

1.1 Matéria-prima aplicada

Segundo Ferrari (2015, p. 91), a matéria-prima aplicada “[...] corresponde à


matéria-prima retirada do estoque e aplicada na fabricação dos produtos,
independentemente se esses produtos ficarão prontos ou não no período de
aplicação dessas matérias-primas”.

Você sabia?
Para encontrar o valor da matéria-prima aplicada, utilizamos a seguinte
fórmula: MPA = EIMP + CMP – EFMP, onde: MPA = matéria-prima aplicada; EIMP
= estoque inicial de matérias-primas; CMP = compra de matérias-primas; EFMP =
estoque final de matérias-primas.

1.2 Custo primário

Ainda segundo Ferrari (2015, p. 92), custo primário “É o somatório da


matéria prima [sic] aplicada (MPA) com a mão de obra direta.” A fórmula a ser
aplicada é a seguinte: CPr = MPA + MOD, onde: CPr = custo primário; MPA =
custo da matéria-prima aplicada; MOD = mão de obra direta.

1.3 Custo de transformação

O custo de transformação pode ser obtido da seguinte fórmula: CTr = MOD


+ CIF, onde CTr = custo de transformação; MOD = mão de obra direta; CIF =
custos indiretos de fabricação.

1.4 Custo de produção

O custo de produção é encontrado levando-se em consideração todos os


elementos que compõem o custo, com emprego da seguinte fórmula: CP = MPA
+ MOD + CIF, onde: CP = custo de produção; MPA = matéria-prima aplicada;
MOD = mão de obra direta; CIF = custos indiretos de fabricação.

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1.5 Custo da produção acabada

O custo de produção acabada, também chamado de custo de fabricação,


segundo Ferrari (2015, p. 94), “[...] representa o custo total de fabricação de todos
os produtos que ficaram prontos no período ao qual se refere, independentemente
de o início da fabricação desses produtos ter-se dado no período atual ou em
períodos anteriores.” Esse custo é encontrado mediante a utilização da seguinte
fórmula: CPA = EIPE + CP – EFPE.

1.6 Custo dos produtos disponíveis para venda

Ferrari (2015, p. 95) estabelece que o custo dos produtos disponíveis para
venda “[...] corresponde à soma dos produtos que foram terminados em períodos
anteriores, o qual sabemos equivaler ao Estoque Inicial dos Produtos Prontos
(EIPP), com os produtos que foram acabados no período atual, o qual sabemos
que equivale ao Custo da Produção Acabada (CPA) no referido período.”

1.7 Custo dos produtos vendidos

Por fim, temos o custo dos produtos vendidos, que encontrado se utilizando
da seguinte fórmula: CPV = EIPP + CPA – EFPP. Existem autores que fazem uma
substituição dessa fórmula anterior, desmembrando-a da seguinte forma, para a
obtenção do mesmo resultado: CPV = EIPP + EIPE + MPA + MOD + CIF – EFPE
– EFPP.

TEMA 2 – MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DE ESTOQUES

Estoque é um item fundamental para quem estuda custos de uma empresa.


É preciso conhecer os métodos de mensuração dos elementos que compõem o
estoque. No livro Registo de Inventários é que devem constar matérias-primas e
outros materiais utilizados no processo de produção. A conta Estoques precisa
estar segregada em produtos em elaboração, produtos acabados, produtos de
terceiros em poder da empresa, bens de uso e consumo.
A empresa precisa estudar muito bem seu estoque para averiguar se há
necessidade de comprar mais itens ou não para o seu processo produtivo, se há
quantidade suficiente de produtos em estoque para um período x, se ela precisa
produzir mais ou parar a produção. Um exemplo é uma montadora de veículos

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que esteja com o pátio cheio. Seus gestores devem avaliar se é o momento de
lançar um novo veículo ou de vender o que se tem no estoque, ou seja, como se
livrar desse estoque sem ter prejuízo.
Por outro lado, caso a empresa tenha comprado pouca matéria-prima, irá
precisar fazer mais aquisição de matérias-primas cujo preço pode ter variado
desde a compra anterior. Então, faz-se necessário ter um critério para
mensuração desse estoque de matérias-primas.
Os critérios mais relevantes para a avaliação de estoques são:

a. primeiro que entra é o primeiro que sai (Peps);


b. último a entrar é o primeiro a sair (Ueps);
c. custo médio ponderado;
d. preço de venda subtraído da margem de lucro.

O autor Osni Moura Ribeiro (2009, p. 91) ainda cita o seguinte critério:
“critério do custo ou preço específico”, segundo o qual se atribui a cada unidade
do estoque o preço que foi efetivamente pago por ela. Ele argumenta que esse
critério deve ser utilizado quando for fácil a identificação física do bem, como no
caso de um veículo.

2.1 Peps

Um dos critérios de avaliação de estoques é o Peps, também conhecido


por first in, first out (Fifo), no inglês. Com esse critério, será atribuído aos produtos
em estoque os custos mais recentes obtidos. O critério Peps pressupõe que itens
de estoque comprados ou produzidos primeiro tenham preferência de venda e
que, consequentemente, os itens que permaneçam em estoque, no fim de um
período, sejam aqueles comprados ou produzidos de forma mais recente,
conforme Pronunciamento Técnico do Comitê de Pronunciamentos Contábeis
(CPC) 16 (R1), item 27; e Norma Brasileira de Contabilidade Técnica Geral (NBC
TG) 16 (R2), item 27 (CPC, 2009; CFC, 2017).

Saiba mais
Quer conhecer um modelo do método Peps? Se sim, então sugerimos que
assista ao vídeo disponível no seguinte endereço:
<https://www.youtube.com/watch?v=I4twN0-ZFvU>. Acesso em: 17 maio 2021
(Aula 5, 2019).

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2.2 Ueps

Pelo critério do Ueps, também conhecido como last in, first out (Lifo), o
último item que entra no estoque é o primeiro a sair. Com esse método, a empresa
atribui aos itens em estoque os custos mais antigos. Com isso, a tributação diminui
e esse critério não é admitido pela legislação fiscal.
No critério Ueps, os estoques são avaliados com base nos itens mais
recentes, como se esses fossem os primeiros itens vendidos. Esse é um dos
métodos de controle de estoque mais eficientes para o planejamento da produção,
pois permite ajustes rápidos nos preços e quantidades de produtos, que passam
a ser fabricados de acordo com o consumo real. Uma vez que os últimos itens
adicionados são os primeiros a serem vendidos pela empresa, tem-se uma média
do consumo de cada período, o que possibilita prever o consumo futuro à medida
que novos produtos vão sendo acrescidos ao estoque. Esse método, porém, como
já dito, não é admitido para fins fiscais – tampouco para fins contábeis. Entretanto,
ele é útil para fins gerenciais.

Saiba mais
Quer conhecer um modelo do método Ueps? Se sim, então sugerimos que
assista ao vídeo disponível no seguinte endereço:
<https://www.youtube.com/watch?v=1R6CMcTbeHA>. Acesso em: 17 maio 2021
(Aula 6, 2019).

2.3 Custo ou preço médio ponderável

Pelo critério do custo ou preço médio ponderável, os itens em estoque são


avaliados pela média dos seus custos de aquisição. A cada aquisição, o valor
dessa média é atualizado. Como isso, o custo de cada item é determinado pela
média ponderada do custo de itens semelhantes comprados ou produzidos
durante um dado período, consoante Pronunciamento Técnico CPC 16 (R1), item
27; e NBC TG 16 (R2), item 27 (CPC, 2009; CFC, 2017).

Saiba mais
Quer conhecer um modelo do método do custo ou preço médio ponderado?
Se sim, então sugerimos que assista ao vídeo disponível no seguinte endereço:
<https://www.youtube.com/watch?v=TDwW86IJ7Wg>. Acesso em: 17 maio 2021
(Aula 7, 2019).

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2.4 Custo ou preço de venda subtraído da margem de lucro

O critério do preço de venda subtraído da margem de lucro é uma opção


prevista no Decreto n. 9.580/2018 – Regulamento do Imposto de Renda (RIR), art.
307 (Brasil, 2018).

TEMA 3 – CUSTOS CONTROLÁVEIS E CUSTOS ESTIMADOS

Para que uma empresa não compre demasiado ou lhe falte estoque, ela
precisa fazer um planejamento para investir corretamente, evitando faltas e
excessos. Devem ser elaboradas previsões, estimativas sobre vendas, também
conhecidas como orçamentos. Esses orçamentos podem ser confeccionados por
meio de médias, arbitramento, tendências, progressão aritmética, entre outras
variáveis.
Segundo Silva (2014, p. 144), “Os desejos de administração devem
respaldar a elaboração dos orçamentos de maneira a permitir com que estes
sejam adequados ao problema da empresa.” Com isso, ele indica que deve ser
elaborado o orçamento da Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) e
demais orçamentos de custos e produção. Por intermédio da DRE o gestor pode
perceber se a receita está vindo da parte operacional ou de outras receitas da
empresa, bem como controlar os seus custos e despesas, avaliando se são os
custos das mercadorias vendidas ou se são as despesas de cunho administrativo,
comercial ou financeiro que estão onerando mais a empresa.
Muitas vezes, tem-se essas informações contábeis que auxiliam demais
em uma tomada de decisões, mas elas não são valorizadas como deveriam e,
com isso, as empresas acabam perecendo, com dados preciosos que não foram
estudados com a profundidade com que deveriam ter sido, o que poderia evitar
muitas situações desagradáveis e prejuízos para a empresa.
Existem custos que as empresas podem estimar, pois são fixos,
constantes, controláveis. As empresas precisam fazer de tudo para reduzir ao
máximo esses custos fixos, sem, contudo, com isso, perder a qualidade da
produção e de seus produtos. Temos como, com uso das peças contábeis, termos
uma ideia do comportamento de uma empresa e, com isso, projetar valores com
base em estudo de mercado, estudo comparativo e outras análises, não apenas
por opinião ou achismo. Outro ponto é se verificar se a empresa possui
capacidade de produção, levando-se em conta sua disponibilidade de mão de

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obra, matérias-primas, maquinários, infraestrutura, logística, capital para encarar
determinados pedidos ou demandas do mercado.
Numa breve análise: caso ocorram mais custos do que os previstos e a
empresa não tenha caixa para isso, não possua um planejamento estratégico para
lidar com a situação, ela poderá, até mesmo, no limite, falir. Segundo Eliseu
Martins (2018, p. 287): “Pode-se dizer que a empresa tem Controle dos seus
Custos e Despesas quando conhece os que estão sendo incorridos, verifica se
estão dentro do que era esperado, analisa as divergências e toma medidas para
correção de tais desvios.” Ainda para o citado autor, os custos estimados são “[...]
melhorias introduzidas nos custos médios passados em função de determinadas
expectativas quanto ao futuro” (Martins, 2018, p. 294).
Em suma, em relação aos custos controláveis, a empresa possui o controle
sobre os seus custos quando tem uma previsão/estimativa do que eles deveriam
ser e compara os custos reais com essa previsão/estimativa, possibilitando com
isso a identificação de possíveis distorções e a sua imediata correção. Por sua
vez, os custos não controláveis são aqueles que estão fora dessa sistemática.

TEMA 4 – CONTROLE DE CUSTOS ADMINISTRATIVOS E COMERCIAIS

Toda empresa precisa controlar o seu total de gastos periodicamente, seja


com custos, seja com despesas. Em regra geral, os gastos administrativos e
comerciais das empresas são classificados como despesas. Na DRE fica bem
definido esse ponto.
Conforme estabelece o art. 187 da Lei n. 6.404/1976 (Brasil, 1976), a DRE
deve discriminar:

I - a receita bruta das vendas e serviços, as deduções das vendas, os


abatimentos e os impostos;
II - a receita líquida das vendas e serviços, o custo das mercadorias e
serviços vendidos e o lucro bruto;
III - as despesas com as vendas, as despesas financeiras, deduzidas
das receitas, as despesas gerais e administrativas e outras despesas
operacionais;
IV - o lucro ou prejuízo operacional, as outras receitas e as outras
despesas;
V - o resultado do exercício antes do Imposto sobre a Renda e a provisão
para o imposto;
VI - as participações de debêntures, empregados, administradores e
partes beneficiárias, mesmo na forma de instrumentos financeiros e de
instituições ou fundos de assistência ou previdência de empregados, que
não se caracterizem como despesa; e
VII - o lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu montante por ação
do capital social. (Brasil, 1976)

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O assunto é abordado ainda na alínea c da citada lei.
Já no Pronunciamento Técnico CPC 26 (R1), que trata da apresentação
das demonstrações contábeis, vemos, em seu item 82, o seguinte:

82. Além dos itens requeridos em outros pronunciamentos, a


demonstração do resultado do período deve, no mínimo, incluir as
seguintes rubricas, obedecidas também às determinações legais:
(a) receitas, apresentando separadamente receita de juros calculada
utilizando o método de juros efetivos;
(aa) ganhos e perdas decorrentes do desreconhecimento de ativos
financeiros mensurados pelo custo amortizado;
(b) custos de financiamento;
(ba) perda por redução ao valor recuperável (incluindo reversões de
perdas por redução ao valor recuperável ou ganhos na redução ao valor
recuperável), determinado de acordo com a Seção 5.5 do CPC 48;
(c) parcela dos resultados de empresas investidas, reconhecida por meio
do método da equivalência patrimonial;
(ca) se o ativo financeiro for reclassificado da categoria de mensuração
ao custo amortizado de modo que seja mensurado ao valor justo por
meio do resultado, qualquer ganho ou perda decorrente da diferença
entre o custo amortizado anterior do ativo financeiro e seu valor justo na
data da reclassificação (conforme definido no CPC 48);
(cb) se o ativo financeiro for reclassificado da categoria de mensuração
ao valor justo por meio de outros resultados abrangentes de modo que
seja mensurado ao valor justo por meio do resultado, qualquer ganho ou
perda acumulado reconhecido anteriormente em outros resultados
abrangentes que sejam reclassificados para o resultado;
(d) tributos sobre o lucro;
(e) (eliminada);
(ea) um único valor para o total de operações descontinuadas (ver
Pronunciamento Técnico CPC 31);
(f) em atendimento à legislação societária brasileira vigente na data da
emissão deste Pronunciamento, a demonstração do resultado deve
incluir ainda as seguintes rubricas:
(i) custo dos produtos, das mercadorias e dos serviços vendidos;
(ii) lucro bruto;
(iii) despesas com vendas, gerais, administrativas e outras despesas e
receitas operacionais;
(iv) resultado antes das receitas e despesas financeiras;
(v) resultado antes dos tributos sobre o lucro;
(vi) resultado líquido do período. (CPC, 2011)

Com isso, podemos distinguir bem a abrangência de custos e de despesas


na própria DRE, assim como o impacto que ambos causam para as empresas,
lembrando que custo representa o gasto referente à aquisição ou produção de um
bem de venda ou de uso e está ligado ao processo de produção, enquanto, por
seu turno, a despesa é o gasto que a empresa tem, porém, não ligado
intrinsecamente à sua produção, como com as vendas (comissões pagas a
vendedores, fretes, marketing), com a administração da empresa (aluguel, água,
luz, telefone), com os juros de empréstimos bancários (despesas financeiras) etc.
A DRE evidencia a formação dos diversos níveis de resultados mediante o
confronto entre as receitas e os seus correspondentes custos e despesas,

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conforme Lei n. 6.404/1976, art. 187, com as alterações dadas pelas Leis n.
9.249/1995, 11.638/2007 e 11.941/2009 (Brasil, 1976, 1995, 2007, 2009).

TEMA 5 – CUSTOS, PARA FINS FISCAIS

Vimos que o custo da aquisição de mercadorias destinadas à venda deve


incluir os valores que englobam desde o transporte e o seguro da mercadoria até
que ela chegue ao estabelecimento do contribuinte, bem como, os tributos não
recuperáveis devidos na aquisição ou importação. Ressalte-se que os gastos com
desembaraço aduaneiro também integram esse custo de aquisição.
Conforme o RIR/2018,

Art. 302. O custo de produção dos bens ou dos serviços vendidos


compreenderá, obrigatoriamente:
I - o custo de aquisição de matérias-primas e de outros bens ou serviços
aplicados ou consumidos na produção, [...] [inclusive os de transporte e
seguro até o estabelecimento do contribuinte e os tributos não
recuperáveis devidos na aquisição ou importação];
II - o custo do pessoal aplicado na produção, inclusive de supervisão
direta, na manutenção e na guarda das instalações de produção;
III - os custos de locação, manutenção e reparo e os encargos de
depreciação dos bens aplicados na produção;
IV - os encargos de amortização diretamente relacionados com a
produção; e
V - os encargos de exaustão dos recursos naturais utilizados na
produção. (Brasil, 2018)

As pessoas jurídicas submetidas à tributação com base no lucro real


devem, ao final de cada período de apuração, proceder ao levantamento e à
avaliação dos estoques existentes, devendo essa providência abranger, segundo
os art. 276 e 304 do RIR/2018 (Brasil, 2018), os estoques de:

a. mercadorias para revenda, nas empresas comerciais;


b. matérias-primas; materiais auxiliares e outros materiais empregados na
produção; e produtos acabados e em elaboração, nas empresas
industriais;
c. outros bens existentes em almoxarifado, em qualquer empresa.

O custo de aquisição de mercadorias destinadas à revenda, bem como o


de matérias-primas e quaisquer outros bens utilizados ou consumidos na
produção industrial, compreendem, além do preço pago ao fornecedor, as
despesas de transporte e de seguro até a entrega dos bens no estabelecimento
do adquirente, os impostos não recuperáveis pagos na aquisição ou na

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importação e os gastos com desembaraço aduaneiro, conforme RIR/2018, art.
301, parágrafos 1º a 3º (Brasil, 2018).
Impostos não recuperáveis são aqueles os quais o adquirente dos bens
não pode creditar nos seus livros fiscais, por exemplo:

a. Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) pago na aquisição de


mercadorias, por comerciante varejista ou atacadista não equiparado a
industrial;
b. Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e
Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de
Comunicação (ICMS) pago na aquisição de mercadorias cuja saída do
estabelecimento adquirente não gera débito desse imposto e para as quais
não haja permissão legal para manutenção do crédito pela entrada.

Quando aos critérios de avaliação de estoques, os estoques existentes na


data do encerramento do período de apuração podem ser avaliados pelo seu
custo médio ponderado de aquisição ou produção ou pelo custo dos bens
adquiridos ou produzidos mais recentemente (Peps). Admite-se, ainda, a
avaliação com base no seu preço de venda, subtraída a margem de lucro,
conforme art. 307 do RIR/2018 (Brasil, 2018).
O custo médio ponderado consiste em se avaliar o estoque pelo custo
médio de aquisição apurado em cada entrada de material, ponderado pelas
quantidades adicionadas e pelas anteriormente existentes. Por sua vez, o custo
das aquisições mais recentes, no método conhecido como Peps, as saídas de
estoque são avaliadas pelos respectivos custos de aquisição, pela ordem de
entrada; dessa forma, o estoque sempre será avaliado pelos custos das
aquisições mais recentes.
Na avaliação de produtos acabados, o custo desses produtos deve ser
determinado com observância do método conhecido como de custeio por
absorção (também chamado de custeio pleno ou integral), não sendo admitida,
para efeitos fiscais, a adoção do custeio direito ou variável.
Sobre arbitramento do valor de estoques, se a empresa industrial não
mantiver sistema de contabilidade de custos ou se o sistema por ela mantido não
possuir os requisitos para ser considerado integrado e coordenado com o restante
da escrituração, os estoques existentes no final do período de apuração deverão,
obrigatoriamente, ser avaliados de acordo com as seguintes regras:

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a. os produtos acabados serão avaliados em 70% do maior preço de venda
verificado no período-base, sem a inclusão do IPI, quando for o caso;
b. os materiais que se encontrarem em processamento no setor de produção
(produtos em elaboração), na data de encerramento do período-base,
deverão ser avaliados por um dos seguintes critérios:
• uma vez e meia o maior custo de aquisição das matérias-primas adquiridas
no período-base (excluídos o IPI, o ICMS, o Programa de Integração Social
e o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público – PIS/Pasep
e a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – Cofins,
quando recuperáveis);
• ou 80% do valor-base para avaliação dos produtos acabados.

Vários são os tributos incidentes em uma venda, tais como: ICMS, IPI, PIS,
Cofins, Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS) e Contribuição
Previdenciária sobre a Receita Bruta (CPRB). O IPI e o ICMS incidentes sobre
vendas são deduzidos da receita bruta na determinação da receita líquida de
vendas, conforme já visto ao analisarmos a DRE.
De acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 47, item 47, os tributos que
incidem proporcionalmente sobre o faturamento da empresa (vendas de
mercadorias e produtos e prestação de serviços), tais como o ICMS, o ISS, a
Cofins e a contribuição para PIS/Pasep, devem ser registrados em contas próprias
de resultado, cujos saldos, na DRE, aparecem como parcelas redutoras da receita
bruta para a determinação da receita líquida (CPC, 2016).

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REFERÊNCIAS

AULA 5: Peps (primeiro que entra, primeiro que sai). Professor Daniel Santana,
26 abr. 2019. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=I4twN0-ZFvU>.
Acesso em: 3 maio 2021.

AULA 6: Ueps (último que entra, primeiro que sai). Professor Daniel Santana, 6
jun. 2019. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=1R6CMcTbeHA>.
Acesso em: 3 maio 2021.

AULA 7: custo médio ponderado. Professor Daniel Santana, 13 ago. 2019.


Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=TDwW86IJ7Wg>. Acesso
em: 3 maio 2021.

BRASIL. Decreto n. 9.580, de 22 de novembro de 2018. Diário Oficial da União,


Brasília, 23 nov. 2018. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/decreto/D9580.htm>.
Acesso em: 3 maio 2021.

_____. Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Diário Oficial da União,


Brasília, 17 dez. 2021. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404consol.htm>. Acesso em: 3 maio
2021.

_____. Lei n. 9.249, de 26 de dezembro de 1995. Diário Oficial da União,


Brasília, 27 dez. 1995. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9249.htm>. Acesso em: 3 maio 2021.

_____. Lei n. 11.638, de 27 de dezembro de 2007. Diário Oficial da União,


Brasília, 28 dez. 2007. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11638.htm>.
Acesso em: 3 maio 2021.

_____. Lei n. 11.941, de 27 de maio de 2009. Diário Oficial da União, Brasília,


28 maio 2009. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2009/lei/l11941.htm>. Acesso em: 3 maio 2021.

CFC – Conselho Federal de Contabilidade. NBC TG 16 (R2): estoques. Diário


Oficial da União, Brasília, 22 dez. 2017. Disponível em:
<https://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/NBCTG16(R2).doc>. Acesso em: 3
maio 2021.

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CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis. Pronunciamento Técnico CPC
16 (R1): estoques. Brasília, 8 set. 2009. Disponível em:
<http://www.cpc.org.br/Arquivos/Documentos/243_CPC_16_R1_rev%2013.pdf>.
Acesso em: 3 maio 2021.

_____. Pronunciamento Técnico CPC 26 (R1): apresentação das


demonstrações contábeis. Brasília, 15 dez. 2011. Disponível em:
<http://www.cpc.org.br/Arquivos/Documentos/243_CPC_16_R1_rev%2013.pdf>.
Acesso em: 3 maio 2021.

_____. Pronunciamento Técnico CPC 47: receita de contrato com cliente.


Brasília, 22 dez. 2016. Disponível em:
<http://www.cpc.org.br/Arquivos/Documentos/527_CPC_47_Rev%2014.pdf>.
Acesso em: 3 maio 2021.

FERRARI, E. L. Contabilidade de custos: teoria facilitada e todas as questões


resolvidas. Rio de Janeiro: Editora Ímpetus, 2015.

MARTINS, E. Contabilidade de custos. São Paulo: GEN; Atlas, 2018.

RIBEIRO, O. M. Contabilidade de custos fácil. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2009.

SILVA, R. A. C. da. Controle gerencial dos custos. Curitiba: Juruá Editora, 2014.

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