Universidade Federal de Santa Catarina Centro de Ciências Da Saúde Departamento de Ciências Farmacêuticas Curso de Farmácia

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE


DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS
CURSO DE FARMÁCIA

Julia Souto Acioli de Matos

Nanotecnologia aplicada ao mercado de cosméticos: Passado, presente e


tendências.

FLORIANÓPOLIS
2023
Julia Souto Acioli de Matos

Nanotecnologia aplicada ao mercado de cosméticos: passado, presente e


tendências.

Trabalho de Conclusão de Curso


submetido ao curso de farmácia do Centro
de Ciências da Saúde da Universidade
Federal de Santa Catarina como requisito
parcial para a obtenção do título de
Farmacêutico.

Orientador(a): Prof. Dr. Luis Felipe Costa


Silva

FLORIANÓPOLIS
2023
Julia Souto Acioli de Matos

Nanotecnologia aplicada ao mercado de cosméticos: passado, presente


etendências.

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado para obtenção do título
de Farmacêutica e aprovado em sua forma final pelo Curso de Farmácia.

Florianópolis, 23 de Novembro de 2023.

__________________
Prof.º Valdecir Maria Laura, Coordenação do Curso

Banca examinadora

___________________

Prof.º Luis Felipe Costa Silva, Dr.º Orientadorº

Prof.ª Giovana Carolina Bazzo, Dr.ª Universidade Federal de Santa Catarina

Prof.º Thiago Caon, Dr.º Universidade Federal de Santa Catarina

Florianópolis, 2023
Este trabalho é dedicado à toda minha família, professores e amigos que
me acompanharam nessa jornada.
AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais Ana Lucia e Alexandre e irmã Luisa, que me
incentivaram em toda a minha vida e caminhada acadêmica.
Agradeço aos amigos e familiares, por todos os momentos em que me
ajudaram incondicionalmente na realização deste trabalho.
Ao professor Dr. Luis Felipe Costa Silva, por ter me orientado e ajudado
com dedicação e paciência.
À Universidade Federal de Santa Catarina, essencial na minha formação
profissional e acadêmica contribuindo com todo conhecimento que adquiri ao longo
do curso.
RESUMO

Quando se trata do mercado de nanotecnologia em cosméticos, há cada vez mais


interesse das grandes empresas em investir na tecnologia. No Brasil, o uso de
nanotecnologia aplicada a cosméticos vem cada vez mais envolvendo grandes
empresas e pesquisadores de diversos ramos. O maior desenvolvimento dessa
tecnologia se concentra nos Estados Unidos, União Europeia e Japão, onde em 2008,
o investimento na área era de cerca de 1 bilhão de dólares por ano, concentrando
metade do desenvolvimento mundial. Outros países como o Brasil, realizam também,
investimentos significativos no setor, sendo que entre 2001 e 2006, o governo
brasileiro investiu cerca de 140 milhões de reais em pesquisas e desenvolvimentos
na área de nanotecnologia.
Os sistemas nanoestruturados consistem em materiais com dimensões em escala
nanométrica, extensivamente estudadas, principalmente, para promoção do aumento
da estabilidade física e química e otimização de permação cutânea de moléculas
bioativas, em comparação com formulações tradicionais. Quando aplicada aos
cosméticos, a nanotecnologia se refere à utilização de pequenas partículas contendo
moléculas bioativas para melhoramento da permeação cutânea, potencializando os
efeitos desejados do produto.
Considerando o impacto econômico do segmento nanotecnológico no mercado de
cosmético, e da ascenção do uso desta tecnologia para o melhoramento das
propriedades físico-químicas e de performance dos produtos, foi identificado o nicho
de maior difusão do emprego de nanoestruturas em cosméticos, para acompanhar
como a tecnologia vem sendo empregada, visando detectar as tendências do mercado
para elaboração de produtos inovadores.
Dentre os cosméticos contendo nanotecnologia, foi identificado predominância por
produtos destinados ao uso tópico, sobretudo para amenizar o efeitos do
envelhecimento sobre a pele, também conhecidos como cosméticos anti-
envelhecimento (anti-aging). Foi identificado que no rótulo dos cosméticos não há
indicação clara do tipo de nanocarreador empregado, ou até mesmo dos materiais
empregados no preparo das nanoestruturas, o que dificulta uma avaliação de risco
baseado no impacto da redução do tamanho dos materiais, em escala nanométrica,
frente à segurança dos usuários do produto.
Com base nos materiais indicados no rótulo dos cosméticos foi possivel estimar o tipo
de nanoestrutura utilizada, se destacando as nanoemulsões e as nanopartículas
sólidas lipídicas e nanopartículas poliméricas (nanoesferas e nanocápsulas).
Ao avaliar as tendências de mercado, verificou-se o potencial do mercado de
cosméticos veganos e verdes, incluindo o uso de materiais sustentáveis para o
desenvolvimento das nanoestruturas. Desta forma, identifica-se este nicho como
sendo promissor e inovador para o mercado cosmético, possuindo guande
oportunidade para fomentar a economia brasileira, inclusive com possibilidade de
exportação para mercados vizinhos, e/ou mais proeminentes como norte-americano,
europeu e asiático.

Palavras-chave: Cosméticos; Nanoestruturas; Nanocosméticos.


ABSTRACT

The nanotechnology market in cosmetics has witnessed growing interest from major
companies worldwide. In Brazil, the integration of nanotechnology in cosmetics has
seen substantial involvement from large corporations and diverse researchers. The
epicenter of this technological advancement lies in the United States, the European
Union, and Japan. In 2008, these nations collectively invested approximately
US$1 billion (US dollar) annually in the field, contributing to half of the global
developmental efforts. Brazil has made significant strides too, with the government
investing around R$ 140 million (Brazilian reais) in nanotechnology research and
development between 2001 and 2006.
Nanostructured systems, comprising materials with nanoscale dimensions loading
bioactive molecules, have been extensively studied to enhance physical and chemical
stability, and optimizing the specific permeation of bioactive molecules compared to
traditional formulations, thereby enhancing the desired effects of the product.
Recognizing the economic impact of nanotechnology on the cosmetic market,
especially its influence on the physical-chemical properties and performance of
products, this study identified a niche with the highest diffusion of nanostructures in
cosmetics. This investigation aims to monitor how technology has been utilized,
tracking market trends that continually shape the landscape of innovative product
creation.
Within the realm of nanotechnology-infused cosmetics, a prevalence of products
designed for topical use, particularly for addressing aging effects on the skin
(commonly known as anti-aging cosmetics), was identified. The study also noted a lack
of clear indications on cosmetics labels regarding the type of nanocarrier or materials
used to prepare nanostructures. This absence complicates the risk assessment
associated with the impact of reducing material size to a nanometric scale concerning
the safety of product users.
By analyzing the materials specified on cosmetics labels, the study estimates the types
of nanostructures used, emphasizing lipid nanoparticles, and mixture of lipidic and
polymeric nanoparticles in the same cosmetics product.
By evaluating market trends, the potential of the vegan and green cosmetics market is
obtained, including the use of sustainable materials for the development of
nanostructures. In this way, this niche is identified as promising and innovative for the
cosmetic market, presenting a great opportunity to promote the Brazilian economy,
including the possibility of exporting to neighboring markets, and/or more prominent
ones such as North American, European and Asian.

Keywords: Cosmetics; Nanostructures; Nanocosmetics.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Estrutura de lipossomas. .......................................................................... 23


Figura 2 – Esquema de microemulsão A/O e O/A..................................................... 24
Figura 3 – Esquema de nanocápsulas. a) agente cosmético dissolvido no núcleo
lipídico das nanocápsulas. b) agente cosmético adsorvido na parede polimérica. ... 25
Figura 4 – Representação esquemática de Nanopartícula Lipídicas Sólidas (SLNs)
com molécula bioativa, dispersa ou dissolvida na matriz. ........................................... 26
Figura 5 – Sistema tegumentar. ................................................................................ 31
Figura 6 – Esquema da epiderme. ............................................................................ 32
Figura 7 – Esquema hipoderme com ênfase nos adipócitos. .................................... 33
Figura 8 – Distribuição percentual das formas de aplicação dos cosméticos contendo
nanoestruturas encontrados na pesquisa realizada. ................................................. 42
Figura 9 – Distribuição numérica das alegações de uso dos cosméticos contendo
nanoestruturas encontrados na pesquisa realizada. ................................................. 42
Figura 10 – Distribuição numérica dos tipos de formulações cosméticas contendo
nanoestruturas encontrados na pesquisa realizada. ................................................. 43
Figura 11 – Distribuição percentual dos tipos de sistemas nanoestruturados
informado nas descrições técnicas dos produtos.................................................... 44
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Alterações histológicas e estruturais da constituição do sistema


tegumentar com o envelhecimento extrínseco. ......................................................... 34
Quadro 2 – Alterações histológicas e estruturais da constituição do sistema
tegumentar com o envelhecimento intrínseco. ....................................................... 36
Quadro 3 – As Inovações nanotecnológicas, principais produtos cosméticos de
aplicação, e benefícios da tecnologia. ..................................................................... 45
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Produtos cosméticos contendo nanotecnologia e sua provável


composição. .............................................................................................................. 38
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABIHPEC - Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e


Cosméticos.
ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária.CAGR - Compound Annual Growth
Rate.
EC - Parlamento Europeu e Conselho de União Europeia. EUA - Estados Unidos da
América
FDA - Food and Drug Administration. FHL - Filme hidrolipídico
HPCP - Produtos de Higiene Pessoal, Cosméticos e Perfumes. HPPC - Higiene
Pessoal, Perfumaria e Cosméticos
ONU - Organização das Nações Unidas
PCPC - Conselho para Produtos de Cuidado Pessoal. PR - Pessoa Responsável.
SBD - Sociedade Brasileira de Dermatologia SCCS - Scientific Committee on
Consumer Safety. SLNs - Nanopartículas lipídicas sólidas
VCRP - Programa Voluntário de Registro de Cosméticos.
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 14
2. JUSTIFICATIVA ........................................................................................................ 17
3. OBJETIVO ................................................................................................................ 18
3.1. OBJETIVO GERAL .................................................................................................... 18
3.2. OBJETIVO ESPECÍFICO .......................................................................................... 18
4. METODOLOGIA........................................................................................................ 19
5. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ..................................................................................... 20
5.1. NANOTECNOLOGIA APLICADA AOS COSMÉTICOS ............................................. 20
5.1.1. Nanopartículas Metálicas .................................................................. 21
5.1.2. Lipossomas ........................................................................................ 22
5.1.3. Nanoemulsões e Microemulsões ...................................................... 23
5.1.4. Nanopartículas ................................................................................... 24
5.2. O PASSADO DOS COSMÉTICOS CONTENDO NANOESTRUTURAS ................... 26
5.3. PREOCUPAÇÕES ATUAIS COM OS COSMÉTICOS CONTENDO
NANOESTRUTURAS ................................................................................................ 27
5.4. ESTRUTURA DA PELE ............................................................................................. 30
5.5. ENVELHECIMENTO DA PELE.................................................................................. 33
5.5.1. Envelhecimento Extrínseco............................................................... 34
5.5.2. Envelhecimento Intrínseco ou Cronológico .................................... 34
6. AVALIAÇÃO DA CONDIÇÃO DO MERCADO NACIONAL DE COSMÉTICOS
CONTENDO NANOESTRUTURAS .......................................................................... 37
6.1. TENDÊNCIAS DE MERCADO .................................................................................. 45
7. CONCLUSÕES ......................................................................................................... 49
REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 50
14

1. INTRODUÇÃO

A história dos cosméticos é datada de pelo menos 30.000 anos atrás, na era
pré-histórica, quando era utilizado, principalmente, em rituais religiosos e pinturas de
guerra. Os povos egípcios foram os primeiros a empregar os cosméticos em larga
escala, como o uso de extrato vegetal de henna para pinturas na pele. O termo
“cosméticos” deriva do grego kosmetika, que se referia, majoritariamente, a
preparações utilizadas para a proteção dos cabelos, rostos e dentes, e são
mencionadas pela pimeira vez na literatura em Ilíada e Odisseia, escrita por Homero
no século 8 a.C. Por volta de 180 d.c, o médico grego Claudius Galen, deu origem a
era galênica dos produtos químico-farmacêuticos, ao desenvolver um produto
baseado em cera de abelha e bórax, chamado Unguentum Refrigerans (cold cream).
(CARTWRIGHT, 2019; LEONARDI; MATHEUS, 2005).
Posteriormente, no início do século XX, os produtos cosméticos passaram a
ser produzidos em escala industrial, e com a inovação dos meios de comunicação, e
consequente globalização, houve uma crescente expansão comercial e avanços
tecnológicos dos cosméticos (LEONARDI; MATHEUS, 2005). No Brasil, após a
criação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) em 1999, os cosméticos
passaram a ser regulados por esta agência, relacionada ao Ministério da Saúde.
Mesmo que com pequenas alterações ao longo do tempo sobre o conceito de
cosméticos, de acordo com a Resolução da Diretoria Colegiada - RDC nº 752, de
19 de Setembro de 2022, Produtos de Higiene Pessoal, Cosméticos e Perfumes
(HPCP) são preparações constituídas por substâncias naturais ou sintéticas, de uso
externo nas diversas partes do corpo humano, pele, sistema capilar, unhas, lábios,
órgãos genitais externos, dentes e membranas mucosas da cavidade oral, com o
objetivo exclusivo ou principal de limpá-los, perfumá-los, alterar sua aparência e ou
corrigir odores corporais e ou protegê-los ou mantê-los em bom estado (BRASIL,
2022).
Em matéria publicada pela indústria Age do Brasil, em 2017, os cosméticos
mais buscados pelas mulheres no Brasil são os cremes hidratantes, enquanto os
homens apresentam maior demanda por espumas de barbear. Por sua vez, quando
considerados ambos os sexos, os protetores solares são os HPCPs mais produrados
(AGE DO BRASIL, 2017). A ABIHPEC – Associação Brasileira da Indústria de
Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos publicou, em 2019, um estudo
15

demonstrando que os principais cosméticos vendidos para homens são perfumes


(65%), xampus e condicionadores (63%), cuidados com a barba (40%), cremes e
loções para o corpo (30%) (ABIHPEC, 2019).
Durante a pandemia de COVID-19 no Brasil, em 2021, os protagonistas do
setor de HPCP foram os cosméticos relacionados ao banho, de forma geral. O
produto que obteve melhor desempenho foi o sabonete, com crescimento de 9,7%
em relação à 2020 (ABIHPEC, 2022). A ampliação da rotina de autocuidado levou
ao aumento no uso de fragrâncias (14%) e no hábito de realizar tratamentos de pele
(43,8%), popularmente chamado de skincare (ABIHPEC, 2021).
E em 2023, a ABIHPEC descreveu que os três principais itens
comercializados no mercado externo, em 2022, foram produtos capilares
(23,7%), sabonetes (19,1 %) e artigos de higiene oral (11,6%). Já em termos
de importação, os produtos mais adquiridos foram desodorantes e itens de higiene
oral (ABIHPEC, 2023).
De acordo com matéria publicada pela Forbes em 4 de julho de 2020, um
relatório publicado em 2019, referente ao ano de 2018, aponta o Brasil como sendo
o quarto maior mercado de beleza e cuidado pessoal do mundo (desde cosméticos
para cabelo e pele, até perfumes e produtos para a higiene bucal), ficando atrás
apenas de Estados Unidos, China e Japão. Entretanto, quanto à fragrância, o país
possui o segundo maior mercado do mundo, liderado pelos norte-americanos. Ainda
na mesma matéria, cinco empresas concentram 47,8% do mercado brasileiro, sendo
elas as empresas nacionais Natura & Co, Grupo Boticário, e as empresas
multinacinais Grupo Unilever, Grupo L’Oréal e Colgate & Palmolive Co (WEBER,
2020).
A ABIHPEC (2023) aponta que a indústria brasileira apresentou um
crescimento de 9,4% no segmento de exportação, no consolidado de janeiro a
dezembro de 2022, correspondendo a US$ 1,52 bilhão de dólares estadunidenses.
O mercado latino, é o principal destino dos produtos de HPCP brasileiros, totalizando
57% do contingente, e os principais parceiros econômicos são a Argentina, o México,
a Colômbia, o Chile e o Paraguai. Em termos de importações, em 2022, o aumento foi
de 7,6% em relação ao ano anterior (ABIHPEC, 2023).
Em relação ao cenário internacional, em 2017, o Comitê Económico e Social
Europeu, indicou que o mercado europeu é líder mundial no setor de cosméticos,
avaliado em €77 bilhões de euros em 2015, contra € 17,2 bilhões de euros do
16

comércio fora da Europa, durante o mesmo período (UNIÃO EUROPEIA, 2016). A


empresa Mordor Intelligence, por sua vez, prevê que o mercado de produtos de
beleza e cuidados pessoais dos Estados Unidos deva crescer a uma taxa de
crescimento anual composta (CAGR, do inglês Compound Annual Growth Rate) de
5,12 % no período de 2022 a 2027 (MORDOR INTELLIGENCE, 2023).
Nos últimos anos a ciência cosmética vem evoluindo muito em termos de
tecnologia, explorando várias áreas da ciência, principalmente o ramo da indústria
farmacêutica (LEONARDI; MATHEUS, 2005). Uma nova vertente que vem sendo
muito empregado na indústria de cosméticos são os nanocosméticos. A presença de
nanomateriais em cosméticos ocorre a centenas de anos, como o uso de
nanopartículas de ouro e prata para tingimento de unhas e o uso de nanoparticulas
de ouro em formulações antienvelhecimento na Idade média (SHOKRI, 2017).
17

2. JUSTIFICATIVA

O mercado de cosméticos no Brasil e no Mundo apresenta um cenário de


crescimento expressivo nos últimos anos. Dentro desse segmento, os produtos
cosméticos contendo nanotecnologia representam um importante nicho, que vem se
consolidando como uma estratégia crucial para a evolução deste setor econômico.
Neste sentido, o presente trabalho visou avaliar a evolução histórica do uso
de nanocarreadores em produtos cosméticos, bem como avaliar o cenário do
mercado nacional de cosméticos contendo nanoestruturas.
É inegável a importância da nanotecnologia para os diversos segmentos da
indústria, incluindo a produção de diferentes produtos cosméticos. Os
nanocosméticos, termo utilizado para descrever os produtos cosméticos contendo
nanoestruturas, vêm se tornando cada vez mais significativo no comércio de
produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes, se tornando uma tendência do
mercado num futuro próximo.
Assim, um estudo a cerca do mercado de nanocosméticos, apresentando
seus aspectos de passado, presente e tendências, abordando produtos disponíveis
no comércio nacional, é fundamental para que se possa ter uma visão mais ampla
da real importância da nanotecnologia na produção dos produtos cosméticos, além
de auxiliar na predição de tendências do mercado.
18

3. OBJETIVO

3.1. OBJETIVO GERAL

Avaliar a evolução do mercado nacional e internacional de cosméticos


contendo nanoestruturas, identificando tendências e traçando um paralelo com o risco
de impacto à segurança do consumidor.

3.2. OBJETIVO ESPECÍFICO

Dentre os objetivos específicos destacam-se:

• Avaliar a evolução do mercado cosmético empregando nanotecnologia;


• Avaliar os tipos de cosméticos que mais empregam estratégias
nanotecnológicas para atender ao apelo do produto no mercado nacional;
• Identificar as tendências de mercado nacional para cosméticos contendo
nanoestruturas;
• Avaliar a relevância do emprego de nanotecnologia no atendimento das
alegações dos cosméticos comercializados no Brasil;
• Discutir aspectos relacionados a regulamentação aplicada.
19

4. METODOLOGIA

O presente trabalho usou como método a pesquisa bibliográfica, com a


finalidade de fornecer embasamento teórico-referencial primário sobre o tema
nanotecnologia aplicada ao mercado de cosméticos, conceituando termos,
formulações, contexto histórico, mercado e finalidades, visando aprofundar os tópicos
citados na continuidade do trabalho.
A busca pelas informações contempladas nesse trabalho foi feita em livros,
artigos, sites/portais de notícia oficiais online e legislação, usando as palavras-chaves:
“cosméticos”, “nanotecnologia”, “nanocosméticos”, “legislação de cosméticos”,
“história dos cosméticos” e “mercado cosméticos”.
Foram estabelecidos artigos publicados nos últimos 5 anos para a realização
dessa pesquisa. Entretanto, artigos com data anterior ao período definido foram
aceitos, quando abordadas informações que não se alteram com o tempo, como
contexto histórico e definição de termos. O uso de livros foi estabelecido como sendo
aqueles publicados recentemente. E os sites e/ou portais de notícias foram usados
os de órgãos oficiais brasileiros ou relacionados à agências regulatórias de outros
países cujo mercado cosmético é relevante para a economia global.
Este estudo visou, através de uma avaliação documental, obter dados
referentes aos produtos disponíveis no mercado nacional. A partir destes dados
discorreu-se sobre as estratégias nanotecnológicas adotadas na formulação destes
produtos, e identificou tendências de mercado para desenvolvimento de novos
produtos.
A avaliação documental dos produtos disponíveis no mercado nacional foi
realizada a partir de pesquisa online, com dados adquiridos a partir da plataforma
Google Shopping utilizando as palavras-chave “nanocosméticos” e “nanocosmetics”.
O levantamento foi realizado no período de agosto a setembro de 2023. Neste
levantamento foram excluídos os produtos utilizados exclusivamente com a
finalidade fotoprotetora e o número de produtos avaliados, foi limitado pela presença
de informações relativas à composição da formulação.
A partir dos dados coletados, foram realizadas pesquisas bibliográficas nos
bancos de dados ScienceDirect® e Pubmed®, utilizando artigos científicos para
contextualização dos tipos de nanoestruturas utilizadas no desenvolvimento dos
nanocosméticos.
20

5. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

5.1. NANOTECNOLOGIA APLICADA AOS COSMÉTICOS

Nanotecnologia é um campo científico-tecnológico transversal, disruptivo e


pervasivo, dedicada à compreensão, controle e utilização das propriedades da matéria
na nanoescala. Materiais que possuem pelo menos uma de suas dimensões em
tamanho nanométrico podem apresentar novas propriedades e características
diferenciadas, passivas de serem exploradas para diversas aplicações tecnológicas.
As novas propriedades dos nanomateriais, conquistadas a partir do entendimento e
da utilização da nanotecnologia, revolucionam não somente a ciência, mas também
os setores produtivos de bens de capital, com destaque aos HPCPs (BRASIL, 2023a).
De acordo com a FUNDACENTRO, a nanotecnologia pode ser definida como
o desenvolvimento da pesquisa e da tecnologia em nível atômico, molecular e
macromolecular, em uma escala de aproximadamente 1 a 100 nanômetros, para a
produção de conhecimentos fundamentais dos fenômenos e dos materiais em
nanoescala, com isto possibilitando a criação e o uso de estruturas, dispositivos e
sistemas com novas propriedades e funções devido a estes tamanhos (BRASIL,
2021).
O Regulamento de n.º 1223/2009 do Parlamento Europeu e Conselho de
União Europeia (EC) de 30 de novembro de 2009 define um nanomaterial como sendo
“um material insolúvel ou biopersistente, fabricado intencionalmente e dotado de uma
ou mais dimensões externas ou de uma estrutura interna, na escala de 1 a 100 nm
(UNIÃO EUROPEIA, 2007). Para os cosméticos, as nanopartículas empregadas,
geralmente, possuem um tamanho médio que varia entre 50 e 5000 nm (DUBEY
et al., 2022).
O termo nanocosméticos foi definido por Fronza e colaboradores (2007),
como uma formulação cosmética que contem ativos ou outros ingredientes
nanoestruturados, que possuem propriedades aprimoradas em relação à
desempenho dos HPCPs convencionais (FRONZA et al., 2007 apud MELO et al.,
2015). O desenvolvimento de cosméticos contendo nanoestruturas é, principalmente,
destinado aos produtos para aplicação sobre a pele e corpo, com ação
antienvelhecimento e fotoprotetora. Os sistemas tendem a ser capazes de permear
nas camadas profundas da pele, potencializando o efeito das moléculas ativas
21

incorporadas nas nanoestruturas. Outra vantagem é que as nanoestruturas podem


proteger os ingredientes ativos das formulações contra possíveis degradações,
controlar a taxa de liberação, de tempo e de dose absorvida, trazendo melhoramento
à resposta cosmética desejada (NANDA et al., 2020). Segundo Shokri (2017), os
nanomateriais mais usados em cosméticos são: lipossomas, nanoemulsões,
nanocápsulas, nanoparttículas lipídicas sólidas e nanopartículas metálicas. A seguir
serão descritas as principais formas de nanoestruturas empregadas no preparo de
cosméticos.

5.1.1. Nanopartículas Metálicas

Nanopartículas metálicas são preparadas a partir de materiais como o


ouro, prata, titânio, dentre outros, com redução do tamanho das partículas, visando
alterar as propriedades físico-químicas (MILEZI, 2022; SHOKRI, 2017). As
nanopartículas de ouro e de prata são as mais usadas nas formulações cosméticas,
devido a uma alta eficiência como antimicrobianos. Estes materiais se destacam
por possuírem elevada área superficial, elevada condutividade elétrica e
térmica, alta atividade catalítica e boa estabilidade química. Dado a estas
características são efetivamente usados para a preparação de desodorantes,
cremes faciais e dentais. Os nanometais de prata se destacam por possuírem
elevadas condutividades elétrica e térmica, alta atividade catalítica e boa estabilidade
química (DUBEY et al., 2022; MILEZI, 2022; NANDA et al., 2020; SHOKRI, 2017).
Para a obtenção de nanopartículas metálicas, pode-se usar métodos
químicos ou físicos. Os métodos químicos são os mais usados e se baseiam na
redução dos íons metálicos em solução com a presença de agentes redutores
(álcoois, por exemplo), seguida por nucleação e crescimento das partículas até a
escala nanométrica. Já os métodos químicos são mais instáveis e se baseiam na
utilização de sólido bulk, que é transformado em nanomateriais (KÖENE, 2019).
Entretanto, é importante assegurar que as formulações compostas pelas
nanopartículas metálicas sejam seguras e que não vão acarretar nenhum grau de
toxicidade para o usuário, uma vez que muitos produtos metálicos podem permear a
pele e causar prejuízos à saúde humana (DUBEY et al., 2022; NANDA et al., 2020;
SHOKRI, 2017). Neste sentido, mesmo que amplamente empregadas em
cosméticos, é necessária a seleção, cuidadosamente, dos tipos de carreadores em
22

função do comportamento e das características das moléculas ativas (MELO et al.,


2015). A relevância do uso de nanopartículas metálicas em produtos cosméticos é
tamanha que a L’Oreal S.A., por exemplo, é a sexta maior detentora de patentes
sobre nanopartículas de óxido de zinco, no mundo (MASCARENHAS-MELO et al.,
2023).
Nanda e colaboradores (2020) correlacionam o uso de nanopartículas
metálicas e seus materiais com possíveis efeitos tóxicos descritos na literatura. Neste
âmbito, existem relatos de toxicidade causada por danos aos ácidos nucleicos,
organelas celulares e mutações em cromossomos, bem como necrosa das céluas
hepáticas, toxicidade pulmonar e elevação dos níveis de marcadores bioquímicos
relativos a dano cardíaco após exposição à nanopartículas de óxido de titânio.
Também existe relatos de resposta inflamatória aguda à exposição por nanopartículas
de óxido de zinco e nanopartículas de sílica, sendo que a segunda ainda pode
formar granulomas nos pulmões, enquanto as nanopartículas de prata podem inferir
em efeitos tóxicos para os queratinócitos e fibroblastos da pele, além de poder
causar danos irreversíveis aos pulmões.
Diante do exposto, as nanopartículas metálicas vem caindo em desuso, sendo
substituídas por aquelas produzidas a partir de materiais orgânicos.

5.1.2. Lipossomas

Os lipossomas possuem uma geometria esférica e podem ser definidos como


vesículas de bicamada lipídica de fosfolipídios naturais ou semissintéticos com
núcleo aquoso central. O seu primeiro uso na indústria de cosmético foi em 1986,
quando a Dior lançou o creme antienvelhecimento Capture®. São muito utilizados
para substâncias hidrofílicas e lipofílicas, sendo seu principal papel como carreador
de ingredientes ativos cosméticos, como as vitaminas. Suas vantagens consistem
em serem facilmente preparados e possuírem eficiência na absorção de princípios
ativos, além de serem capazes de controlar a liberação das moléculas bioativas às
células. Entretanto, ainda apresentam algumas desvantagens como o alto custo de
produção, baixa estabilidade osmótica e são facilmente oxididados devido aos
lipídeos que constituem a vesícula (DUBEY et al., 2022; NANDA et al., 2020;
SHOKRI, 2017). Os lipossomas são majoritariamente empregados em HPCPs como
hidratantes, filtros solares, cremes para a pele, entre outros (CHAUHAN; CHAUHAN,
23

2023).

Figura 1 – Estrutura de lipossomas.

Fonte: iSTOCK (2023).

5.1.3. Nanoemulsões e Microemulsões

As nanoemulsões e as microemulsões são gotículas nanométricas líquidas


dispersas em outro líquido, formando um sistema transparente ou translúcido, que
possui alta estabilidade cinética e termodinâmica, no caso de microemulsões,
enquanto as nanoemulsões possuem menor estabilidade termidinâmica. São
sistemas flexíveis, ou seja, sua estrutura pode ser moldada de acordo com o método
de fabricação. Esses sistemas podem ser do tipo: óleo em água (O/A), água em óleo
(A/O), e bicontínuos ou múltiplas camadas (O/A/O ou A/O/A). Com a função de
transportador de ingredientes ativos cosméticos, seu principal uso é em formulações
de desodorantes, protetores solares e em produtos para cuidados com a pele e
cabelos (DUBEY et al., 2022; NANDA et al., 2020; SHOKRI, 2017). As nanoemulsões
e as microemulsões podem ser utilizados no preparo de cosméticos como loções,
esmaltes, xampus, condicionadores, séruns para cabelo, desodorantes e filtros
solares (CHAUHAN; CHAUHAN, 2023).
24

Figura 2 – Esquema de microemulsão A/O e O/A.

Fonte: Dantas et al., 2019.

5.1.4. Nanopartículas

As nanopartículas preparadas a partir de materiais orgânicos podem ser


classificadas em função da matriz utilizada em: nanopartículas poliméricas, quando
polímeros sintéticos, semissintéticos, ou naturais são empregados; e nanopartículas
lipídicas, quando lipídios sólidos, líquidos ou ceras são empregadas como matriz.
Quanto à composição, podem ser subdivididas em duas principais classes, as
nanocápsulas e as nanoesferas. As nanocápsulas são formadas por um núcleo de
material amorfo ou líquido, onde os agentes cosméticos são dissolvidos, e revestidos
por uma camada de um material sólido. Os sistemas nanoparticulados permitem a
liberação controlada dos princípios cosméticos contidos, evitando possíveis efeitos
nocivos, como o acúmulo de ativos no local de ação. São usadas para o transporte
formulações cosméticas sensíveis ao pH e/ou a luz, assim como aquelas que podem
degradar, perdendo eficácia, devido a processos metabólicos (DUBEY et al., 2022;
NANDA et al., 2020).
25

Figura 3 – Esquema de nanocápsulas. a) agente cosmético dissolvido no núcleo


lipídico das nanocápsulas. b) agente cosmético adsorvido na parede polimérica.

Fonte: Adaptada de: Schaffazick e colaboradores (2003).

As nanoesferas são compostas por uma matriz contínua de um material


sólido que pode ser polimérico ou lipídico. As nanopartículas lipídicas sólidas
(SLNs), apareceram pela primeira vez por volta dos anos 1990, e consiste em de
uma matriz lipídica sólida que visa proteger o constituinte cosmético da
biodegradação por enzimas, degradação química, configura proteção física frente à
fotólise, assegura liberação controlada, e permite transporte controlado dos produtos
cosméticos (DUBEY et al., 2022; NANDA et al., 2020).
Enquanto as nanopartículas poliméricas sólidas são estruturas coloidais, que
medem em torno de 100-500 nm e podem ser classificadas em nanoesferas ou
nanocápsulas, dependendo da morfologia e organização da estrutura. As
nanocápsulas poliméricas possuem um núcleo oleoso envolto por uma parede
polimérica. Nessa configuração, o farmáco pode estar dissolvido/disperso no núcleo
ou adsorvido na parede polimérica. Já as nanoesferas poliméricas são sistemas
matriciais e não possuem óleo ou polímero líquido na sua formulação, onde o
farmáco pode ser encontrado retido ou adsorvido na partícula (CHASSOT, 2013;
SOUTO et al., 2012).
Devido aos seus tamanhos submicrométricos (50 a 1000 nm), possuem boa
difusão na pele e são usados para a preparação de cremes, loções e protetores
solares (DUBEY et al., 2022; NANDA et al., 2020). As nanopartículas, tanto
nanocápsulas quanto nanoesferas, são amplamente utilizadas no preparo de
hidratantes, cremes anti-sinais, produtos anti-envelhecimento e produtos destinados
à pele acneica (CHAUHAN; CHAUHAN, 2023).
26

Figura 4 – Representação esquemática de Nanopartícula Lipídicas Sólidas (SLNs)


com molécula bioativa, dispersa ou dissolvida na matriz.

Fonte: Adaptada de: Schaffazick e colaboradores (2003).

5.2. O PASSADO DOS COSMÉTICOS CONTENDO NANOESTRUTURAS

O uso de nanopartículas para fins cosméticos é descrito no Papiro de Ebers,


em cerca 2600 a 2200 a.C., no Egito, com o emprego de nanopartículas de cobre. O
cobre é um dos poucos elementos que podem ser encontrados naturalmente na forma
de nanopartículas. Este material fora amplamente utilizado com funções de pigmento,
cuidados com os cabelos, atividade anti-envelhecimento e como cicatrizante, além de
poder ser utilizado como antimicrobiano e anti-oxidante (MASCARENHAS-MELO et
al., 2023).
Os Gregos e os Romanos, há mais de 2000 anos, produziram os primeiros
quantum dots de Sulfeto de Chumbo (II) (PbS), partículas com tamanho variando
entre 1 e 10 nm com propriedades ópticas e magnéticas distintas do material de
origem. Utilizando óxido de chumbo (PbO), água e hidróxido de cálcio (Ca(OH)2) e
outros ingredientes, era formada uma pasta que, aplicada nos cabelos grisalhos ou
de tons claros, os tornava escuros, atuando como uma tintura ou um tonalizante
capilar. Esta preparação permaneceu sendo reportada e utilizada até os tempos
modernos, quando descrita em documentos Árabes do período da Idade Média
(Séculos V a X), durante a Renascência (Séculos XIV a XVI), e por enciclopédias na
Idade Moderna, até os dias de hoje, quando os quantum dots são empregados como
pigmentos. Os quantum dots interagem com os fótons da luz, sendo estimulados e
emitindo fluorescência na região do UV-visível, e desta forma são empregados no
preparo de esmaltes de coloração neon (MASCARENHAS-MELO et al., 2023;
WALTER et al., 2006).
A primeira empresa a introduzir sistemas baseados em nanotecnologia em
cosméticos foi a Lancôme, uma divisão da empresa francesa L’Oréal, no ano de 1995.
27

O produto consistia em um creme facial contendo nanopartículas de vitamina E, para


o tratamento anti-envelhecimento. A partir deste lançamento, outras empresas
iniciaram o desenvolvimento e comercialização de cosméticos contendo
nanoestruturas (BARIL et al., 2012; MELO et al., 2015). No Brasil, o primeiro produto,
de desenvolvimento nacional, contendo nanoestruturas foi produzido pelo O Boticário,
como um creme anti-sinais para a região ao redor dos olhos, para a testa e o
contorno dos lábios, encapsulando vitaminas A, C e K. Este cosmético deu início a
uma linha de produtos lançados em meados de 2005. Em 2007, a Natura lançou um
cosmético para aplicação no corpo, visando a hidratação da pele, empregando
partículas com tamanho de aproximadamente 150 nm (BARIL et al., 2012; MELO et
al., 2015). Além disso, nanomateriais também foram utilizados para introdução de
novos pigmentos para produtos como batons e esmaltes, além de promover um
efeito mais prolongado para maquiagens, são efetivos no efeito físico fotoprotetor
originando filtros solares mais translúcidos. Com relação aos filtros solares, as
nanopartículas de dióxido de titânio (TiO2) e nanopartículas de óxido de zinco (ZnO)
são amplamente empregadas (DRÉNO et al., 2019; MASCARENHAS-MELO et al.,
2023).

5.3. PREOCUPAÇÕES ATUAIS COM OS COSMÉTICOS CONTENDO


NANOESTRUTURAS

O crescente desenvolvimento de novos cosméticos contendo nanoestruturas,


em todo o mundo, vem despertando preocupações com relação aos impactos dos
materiais nanoparticulados sobre os consumidores. Um relatório de 2004 da Royal
Society e da Royal Academy of Engineering, relatou, pela primeira vez, quadros de
nanotoxicidade para a saúde humana e ambiental (NANDA et al., 2020). Há relatos
de pesquisadores sobre uma penetração indesejada de nanopartículas através da
pele e da circulação sanguínea. Estudos demonstram que as nanopartículas de
óxido de zinco e dióxido de titânio (10-200 nm), usadas em protetores solares,
podem penetrar na pele intacta de forma indesejada, podendo causar dano
biológico, como é o caso das nanopartículas de dióxido de titânio, que possuem o
potencial de induzir autofagia e necrose nas células de Sertoli (SHOKRI, 2017).
Uma exposição ocupacional também pode ser a causa de uma
nanotoxicidade. Esse contato pode ocorrer durante o processo de produção desses
28

sistemas, ou durante o seu uso, descarte e reciclagem. As principais vias de


exposição são: inalação, ingestão oral e absorção dérmica (SHOKRI, 2017).
A RDC nº 752, de 19 de Setembro de 2022 ainda classifica e define os
produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfume como sendo de grau 1 ou de grau
2. Os produtos de grau 1 são “aqueles cuja formulação cumpre com a definição
adotada por esta RDC e que se caracterizam por possuírem propriedades básicas
ou elementares, cuja comprovação não seja inicialmente necessária e não requeiram
informações detalhadas quanto ao seu modo de usar e suas restrições de uso, devido
às características intrínsecas do produto.” Já os produtos de grau 2 “são produtos de
higiene pessoal, cosméticos e perfumes cuja formulação cumpre com a definição
adotada por esta RDC e que possuem indicações específicas, cujas características
exigem comprovação de segurança e/ou eficácia, bem como informações e cuidados,
modo e restrições de uso” (BRASIL, 2022). Entretanto, é importante ressaltar que não
existe uma legislação vigente que regularize o uso de nanocosméticos.
Em 20 de agosto de 2014, a ANVISA instituiu o Comitê Interno de
Nanotecnologia (BRASIL, 2014), com a finalidade de coordenar as ações
institucionais na área da nanotecnologia julgadas prioritárias pela Diretoria Colegiada;
coordenar a elaboração de norma da ANVISA que obrigue o proponente do registro
ou cadastro a informar sobre a natureza nanotecnológica dos produtos e processos
sujeitos a vigilância sanitária; acompanhar a elaboração de normas ou guias
específicos destinados à avaliação de segurança, monitoramento e controle dos
produtos processos nanotecnológicos na área de competência da Agência; formular
proposta para a criação de um banco de dados sobre nanopartículas ou
nanomateriais manufaturados relacionados à saúde; elaborar plano de ação ou
estratégia de capacitação de recursos humanos na área de nanotecnologia para
servidores da agência; entre outras providências. No entanto, até a presente data,
nenhuma ação relacionada ao controle e/ou recomendações para garantia da
segurança de cosméticos empregando nanotecnologia foi realizada, e ao avaliar a
Agenda e os Projetos regulatórios do biênio 2021 - 2023, não foi constatado
qualquer tema que aborde nanotecnologia no âmbito farmacêutico e/ou cosmético
(BRASIL, 2023b).
Com relação a um panorama internacional, nos Estados Unidos da América
(EUA), em 2007, o FDA (Food and Drug Administration), agência nacional que
regulamenta o registro de alimentos e medicamentos, iniciou uma Força Tarefa em
29

Nanotecnologia, originando um Guia, publicado em 2011, intitulado Guidance for


Industry: Safety of Nanomaterials in Cosmetics Products, que pode ser livremente
traduzido como Guia para Indústria: Segurança dos Nanomateriais em Produtos
Cosméticos, que relata a preocupação com relação ao emprego de nanoestruturas
em cosméticos. No entanto, segundo a legislação dos EUA, cosméticos não precisam
ser aprovados pelo FDA, sendo que somente agentes corantes necessitam de
aprovação para uso em cosméticos. A responsabilidade quanto à segurança do
produto cosmétido é da empresa fabricante. Uma iniciativa conjunta entre o FDA e o
Conselho para Produtos de Cuidado Pessoal (PCPC) instauraram o VCRP, um
Programa Voluntário de Registro de Cosméticos, que providencia detalhes sobre
materiais que são utilizados em produtos cosméticos, e seus efeitos adversos. Outro
órgão é o U.S. Cosmetic Ingredient Review Expert Panel, responsável por gerenciar
todos os compostos utilizados em cosméticos (DUBEY et al., 2022).
No mercado europeu, a Comissão da União Europeia emitiu a
Regulamentação (EC) n° 1223/2009, como legislação principal que governa os
produtos cosméticos na Europa. Nesta legislação é instaurada a figura da Pessoa
Responsável (PR), como sendo uma pessoa, um grupo de pessoas ou uma empresa
como responsável pela garantia da qualidade e segurança dos produtos
cosméticos. Esta PR é envolvida no preenchimento das fichas de informações sobre
os produtos, notificações e a menção a qualquer efeito indesejável para o produto.
Outro comitê europeu é o Comitê Científico sobre Segurança do Consumidor
(SCCS, do termo em inglês Scientific Committee on Consumer Safety), que é
responsável por garantir a segurança de ingredientes cosméticos, supervisionando
se os fabricantes cumprem com todas as regras e recomendações, especialmente,
relacionadas às nanoestruturas (DUBEY et al., 2022; FERREIRA et al., 2023).
De acordo com a Revisão 11 do guia The SCCS notes of guidance for the
testing of cosmetic ingredientes and their safety evaluation, emitido pelo SCCS, o
racional da segurança dos produtos cosméticos baseado na segurança dos seus
ingredientes está fundamentado no fato de que milhares de produtos cosméticos
diferentes no mercado europeu são derivados de um número limitado de substâncias.
Sendo assim, listas de ingredientes são organizadas em Anexos, sendo que os
Anexos II e III apresentam, respectivamente, a Lista de Substâncias Proibidas e a
ista de Substâncias Restritas. E todos os ingredientes em produtos cosméticos são
de responsabilidade do PR, conforme definido na Regulação (EC) n° 1223/2009.
30

Adicionalmente, o guia da SCCS indica que evite os nanomateriais que são


intencionalmente produzidos e sejam insolúveis ou pouco solúveis, ou biopersistentes
(como metais, óxidos metálicos, materiais de carbono, e etc.) e não aqueles
completamente solúveis ou degradáveis e não persistentes (como os lipossomas,
emulsões óleo/água, e etc) (UNIÃO EUROPEIA, 2021).
O Guia da União Europeia parece ser um marco inicial para a tratativa
baseada em risco do uso de ingredientes nanoparticulados em cosméticos, sobretudo,
com avaliação baseadas em determinadas propriedades físico-químicas,
comportamento biocinético, interação fisiológica, e/ou efeitos tóxicos que sejam
distintos entre o material convencional e o material nanoestruturado. Por meio do
Guidance on the safety assessment of nanomaterials in cosmetics inclui parâmetros
de avaliação de segurança, baseada em risco, nível de exposição aos ingredientes,
caracterização e identificação da relação dose-resposta, bem como a avaliação de
risco do uso nos nanomateriais para a saúde do consumidor (UNIÃO EUROPEIA,
2019).
Considerando que a maioria dos produtos cosméticos contendo
nanoestruturas são destinados para à aplicação sobre a pele e/ou seus apêndices,
faz-se necessário compreender as funções de cada porção do tecido tegumentar, de
modo a possibilitar uma avaliação baseada em risco com maior assertividade.

5.4. ESTRUTURA DA PELE

Com a globalização de compostos cosméticos, a indústria farmacêutica de


cuidado com a pele cresceu muito, sendo necessário um aumento na produção e
desenvolvimento em escala industrial de produtos e tecnologias para essa finalidade.
Os principais produtos cosméticos, no mercado, que utilizam a nanotecnologia são os
destinados à aplicação na pele, principalmente os com ação antienvelhecimento e à
fotoproteção (CAMPOS, 2015). Assim, faz-se importante conhecer as principais
camadas da pele, bem como as suas funções e composição, a fim de produzir o
produto cosmético mais adequado.
A pele é o maior órgão do corpo humano e tem importantes funções vitais
como proteção física, química e biológica, termo-hidro regulação e via de
administração de compostos bioativos. É composta por três camadas principais:
epiderme, derme e hipoderme (NANDA et al., 2020).
31

Figura 5 – Sistema tegumentar.

Fonte: Adaptado de Géhin e colaboradores (2023).

A epiderme é a camada mais externa da pele, sendo a primeira barreira contra


a desidratação e ações externas ao organismo, como radiação UV e patógenos. Não
possui vascularização e está sempre em renovação, sendo constituída principalmente
por queratina. É considerada dinâmica, uma vez que suas células estão sempre
migrando para regiões mais superficiais da pele, devido aos processos
de envelhecimento e diferenciação celular. Além disso, pode ser subdivida em
estrato germinativo ou basal, espinhoso, granuloso e córneo. É composta
majoritariamente por queratinócitos em diferentes estados de maturação, além de
melanócitos, células de Langerhans e células de Merkel. É alimentada por difusão
pela derme, através da lâmina dermo-epidérmica e sua principal função é ser uma
barreira fisiológica a diversos eventos, como entrada de agentes microbianos e
perda de fluídos no corpo. (NANDA et al., 2020; RUIVO, 2014; TRINDADE, 2022).
32

Figura 6 – Esquema da epiderme.

Fonte: Adaptado de Ramadon e colaboradores (2021).

A Derme está entre a epiderme e o tecido subcutâneo. É a responsável pelo


suporte nutricional e estrutural, devido à alta vascularização dessa camada, além de
ter participação nos processos participação nos processos fisiológicos e patológicos
da pele. É constituída por tecido conjuntivo denso, dividindo-se em derme papilar
(mais externa e fornece nutrientes a pele), reticular (profunda e fornece nutrientes e
oxigênio a pele) e adventricial (presente nos anexos cutâneos). O tecido conjuntivo da
pele é formado por água, fibras de colágeno, fibras de elastina, mucopolissacarídeos
e por glucosaminoglicanos ou GAG’s (compostos da derme capazes de absorver
água, como o ácido hialurónico, o sulfato de condroitina, o sulfato de dermatano e o
ceratano). O principal componente do tecido conjuntivo da derme é o gel
mucopolissacarídeo devido à presença de uma matriz fibrosa feita de colágeno e
elastina (BERNARDO, 2019; RUIVO, 2014).
A hipoderme é a camada mais interna da pele, compreendendo os tecidos
adiposos, e o seu principal componente são os adipócitos. Possui algumas funções
como termorregulação, armazenamento de energia, e proteção contra lesões
mecânicas (NANDA et al., 2020).
33

Figura 7 – Esquema hipoderme com ênfase nos adipócitos.

Fonte: Adaptada de Portal Iped, 2023.

Os principais anexos cutâneos são as glândulas sudoríparas, as glândulas


sebáceas, o filme hidrolipídico (FHL) e o FNH. As glândulas sudoríparas produzem
as secreções do suor, ajudando na regulação da temperatura corporal e na reparação
da epiderme, além de contribuir na constituição da porção aquosa do FHL. As
glândulas sebáceas são glândulas ativadas na puberdade devido a ação hormonal e
são as responsáveis pela produção e libertação de sebo, que auxilia na lubrificação
do pelo e da pele, além de constituir a fase oleosa do FHL. O filme hidrolipídico
(FHL) possui algumas funções como, proteção contra desidratação, barreira contra
agressores externos e manutenção do pH da pele. Por fim, os FNH ajudam a manter
a hidratação cutânea, por terem grande capacidade higroscópica (FOWLER, 2012;
HARRIS, 2009; RUIVO, 2014).

5.5. ENVELHECIMENTO DA PELE

De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), em 2019 haviam


cerca de 703 milhões de pessoas acima de 65 anos no mundo, com previsão desse
número chegar a 1,5 bilhões de pessoa acima de 60 anos, até 2050. Com a tendência
do aumento da longevidade da população mundial, a busca por métodos que possam
auxiliar a retardar o impacto do processo de envelhecimento tem se tornado mais
frequente, proporcionando o surgimento cada vez maior de produtos com ação
antienvelhecimento (anti-aging) (ARAÚJO et al., 2021; CLEMENTINO et al., 2022;
ONU, 2019).
O processo de envelhecimento cutâneo está relacionado com a não
34

renovação das células somáticas da pele, perda de tecido fibroso, e redução da rede
vascular e glandular. Com base em influências genéticas e de estilo de vida, pode
ocorrer perda de até 50% da função fisiológica cutânea. O envelhecimento cutâneo é
um processo biológico natural, que pode decorrer de fatores intrínsecos ou
extrínsecos, sendo que ambos derivam da síntese de radicais livres (ARAÚJO et al.,
2021; SBD, 2023).

5.5.1. Envelhecimento Extrínseco

De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD),


envelhecimento extrínseco é aquele que é provocado pelos fatores ambientais como
estilo de vida (dieta, prática de exercícios, fumo), estresse fisiológico e físico,
poluição do ar, e principalmente exposição ao sol. A exposição excessiva a radiação
ultravioleta (UV) pode gerar queimaduras e fotoenvelhecimento, além do câncer de
pele (SBD, 2023).

Quadro 1 – Alterações histológicas e estruturais da constituição do sistema


tegumentar com o envelhecimento extrínseco.
Local da
Alterações Clínicas
Pele
• Prejuízo ao sistema imune, devido a diminuição dascélulas de
Langherans.
Epiderme • Manchas de idade pois há alteração dos melanócitos.
• Espessamento actínico por ação do sol.
• Achatamento da lâmina dermo-epidérmica.
• Alterações a nível fibrilar: proliferação amorfa das fibrasde elastina,
Derme
degradação das fibras de colágeno e diminuição de fibroblasto.
Fonte: Adaptada de Gilchrest e Krutmann (2006).

5.5.2. Envelhecimento Intrínseco ou Cronológico

De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), o processo de


envelhecimento intrínseco é aquele relacionado com a passagem de tempo, sendo
influenciado por fatores genéticos, hormônios e reações metabólicas (estresse
oxidativo). Sendo as principais características desse tipo de envelhecimento: as linhas
de expressão, a diminuição da espessura da pele e o ressecamento cutâneo (SBD,
35

2023).
A genética como determinante do envelhecimento intrínseco, diz respeito a
diminuição de mitose celular, perda de matriz produção da matriz dérmica e aumento
da síntese de radicais livres, com consequente aparecimento dos sinais de
envelhecimento, pois pode causar danos no DNA (ARAÚJO et al., 2021; SBD,
2023).
Existe a tendência natural dos hormônios sexuais (estrogênio e testosterona)
e dos hormônios de crescimento diminuir com o avanço da idade. Essa diminuição
dos níveis hormonais gera uma deterioração acelerada na pele, como por exemplo,
em mulheres na menopausa, onde a diminuição de estrogênio prejudica a renovação
celular da pele, com afinamento da derme e epiderme (Secretária de Saúde do Rio
de Janeiro, 2017).
O estresse oxidativo tem papel importante no envelhecimento cutâneo, uma
vez que com o avanço da idade há um aumento do mesmo no organismo. Assim, as
altas concentrações de espécies reativas de oxigênio podem causar danos oxidativos,
resultando em promoção de doenças relacionadas a idade, como doenças
inflamatórias ou reações alérgicas cutâneas e infecções da pele. A sua capacidade
de modificar os ciclos de renovação celular e de causar danos ao DNA, acaba
influenciando a liberação de mediadores pró-inflamatórios, podendo desencadear as
doenças inflamatórias ou as reações alérgicas na pele. Além disso, como ocorre a
diminuição das células de Langherans ao longo dos anos, o sistema imune acaba
sendo afetado, perdendo a sua capacidade de afastar o estresse oxidativo ou as
infecções cutâneas (SIMAS; GRANZOTI; PORSCH, 2019; SBD, 2023).
36

Quadro 2 – Alterações histológicas e estruturais da constituição do sistema


tegumentar com o envelhecimento intrínseco.

Local da
Alterações Clínicas
Pele
• Redução da renovação celular.
• Prejuízo ao sistema imune, devido a diminuição dascélulas de
Langherans.
Epiderme • Redução de melanócitos.
• Redução da espessura.
• Diminuição da mitose da camada basal.
• Achatamento da lâmina dermo-epidérmica.
• Redução de fibroblasto.
Derme • Redução de colágeno e elastina.
• Redução do número celular.
• Perda de pigmento dos pelos,
• Queda dos pelos e cabelos.
Anexos
• Deficiência da microcirculação.
cutâneos
• Redução da produção de suor e sebo.
• Redução de sensações e estímulos.
Fonte: Adaptada de Gilchrest e Krutmann (2006).

Existem diversas teorias relacionadas ao envelhecimento. Em 2004, Mota e


colaboradores postaram um artigo intitulado “Teorias biológicas do envelhecimento”,
que classifica as mesmas em duas grandes categorias gerais: Teorias Genéticas e
Teorias Estocásticas. As teorias classificadas com genéticas defendem a participação
dos genes no processo de envelhecimento. Já as teorias classificadas como
estocásticas dizem respeito à perda de funcionalidade acoplada ao fenômeno de
envelhecimento, devido a acumulação aleatória de lesões por ação ambiental, em
moléculas vitais, provocando um declínio fisiológico progressivo (MOTA et al., 2004).
37

6. AVALIAÇÃO DA CONDIÇÃO DO MERCADO NACIONAL DE COSMÉTICOS


CONTENDO NANOESTRUTURAS

Através da pesquisa na plataforma Google Shopping foram levantados 19


produtos cosméticos distintos, disponíveis no mercado brasileiro, que utilizam
nanotecnologia na sua formulação. A Tabela 1 retrata os produtos investigados, bem
como sua via de aplicação, e composição indicada em rótulo.
38

Tabela 1 – Produtos cosméticos contendo nanotecnologia e sua provável composição.


Nome Comercial Composição Indicação de
Aplicação
Fluido Hidratante 3D - Aqua, Disodium EDTA, Allantoin, Imidazolidinyl Urea, Xanthan Gum, Glycerin, Tópico Facial e
Bioage PEG-40 Hydrogenated Castor Oil, Glycereth-7 Triacetate, Sodium PCA, Sodium Corporal
Lactate, Arginine, Aspartic Acid, PCA, Glycine, Alanine, Serine, Valine, Proline,
Threonine, Isoleucine, Histidine, Phenylalanine, Phenoxyethanol, Caprylyl Glycol,
Sorbitol, Lecithin, Tocopheryl Acetate, Glyceryl Linoleate, Glyceryl Linolenate,
Retinyl Palmitate, Sodium Ascorbyl Phosphate, Glyceryl Caprylate, Portulaca
Oleracea Extract, Mentha Piperita Extract, Propyl Gallate, Gallyl Glucoside,
Epigallocatechin Gallatyl Glucoside, Benzyl Alcohol, Dehydroacetic Acid,
Chamomilla Recutita (Matricaria) Extract, Aloe Barbadensis Leaf Extract,
Aminomethyl Propanol, Parfum, Butylphenyl Methylpropional, Geraniol, Hexyl
Cinnamal, Limonene, Linalool.
Sérum Antiolheiras Água, Goma Xantana, Edetato Dissódico, Peg-7 Glyceryl Cocoate, Coffea Arabica Tópico Facial,
30ml – Dermachem Leaf/Seed Extract, Benzoato de Sódio, Fenoxietanol, Caprylil Glycol, Sulfato de região dos olhos.
Magnésio, Silício, Cloreto Férrico, Cloreto de Cálcio, Nicotinamida, Cucumis
Sativus Fruit Extract, Decametilciclopentasiloxano, Dimetilidantoína, Cafeína,
Alginato de Sódio, Sorbato de Potássio, Ácido Cítrico, Citrato de Cálcio.
Nano Acid – Sérum de Ácido Mandélico - 100mg/g, Nano Shine AF - 10mg/g (Ácido Ferúlico e Óleo de Tópico Facial
Ácidos com Semente de Uva), Nano Kojic acid - 10mg/g (Ácido Kójico, Ácido Linoleico, Ácido
Nanotecnologia – Oleico, Ácido Mirístico, Extrato de Arroz, Óleo de Semente de Aveia).
Eccos Cosméticos
Ecológicos
39

Nome Comercial Composição Indicação de


Aplicação
Gel Creme Água; Etilhexil Metoxicinamato; Aspartato de Metilsilanol Hidroxiprolina; Palmitato Tópico facial e
Nanocápsulas – de ascorbila; Óleo de semente de Punica granatum; Polisorbato 80; Oleato de pescoço.
Buona Vita Sorbitano; glisídeo de decila; Bis-Benzotriazol Tetrametilbutilfenol de metileno;
Hidroxibenzoil de dietilamino hexil benzoato; Octocrileno; PCA sódica; gluten de
trigo hidrolizado; Goma de Ceratonia siliqua; sulfato de dextrana sódica; Bis-
Hidroxietil de trometamina; Etilhexilglicerina; Neopentil glicol; Diheptanoato;
Poliester-7; Glicerina; Fosfato de potássio de cetila; Sílica. Ácido hialurônico,
Fenoxietanol; Álcool cetearílico; Acrilatos/C10-30 Alquil acrilatos; Crospolímero/
Goma xantana; trietanolamina; EDTA dissódico; BHT.

Sérum Nano Nano Resveratrol, Nano Hydrolift, Niacinamida, Vitamina E Tópico facial
Rejuvenescence -
Nanocápsulas
Rejuvenescedora -
Dellavital
Base Transformake® Ácido hialurônico, Ácido mirístico, Ácido linoleico, Ácido oleico, Nano resveratrol, Tópico facial
85% Skincare – Bendita Vitamina E, Niacinamida PC, Beracare CBA, Óleo de maracujá; e Óleo de Romã.
Make
Filtro Solar FPS 60 Hidro-Bio, Nano Lightning, Phlorentin, Base FPS 60 QSP Tópico facial e
com Nano Vitamina C corporal
– Farma Koerich
Nano Face Oil Control Nano Up Lift - 20mg/g (Ácido Hialurônico, Acácia do Senegal), Nano Oil Control - Tópico facial e
– Eccos Cosméticos 15mg/g (Óleo Essencial de Alecrim, Óleo Essencial de Sálvia, Óleo Essencial de corporal
Ecológicos Menta, Óleo Essencial de Abóbora, Óleo Essencial de Camomila, D-pantenol),
Complexo Antisseborreico - 40mg/g (Extrato Glicerinado de Sálvia, Extrato
Glicerinado de Quiláia, Extrato Glicerinado de Juá), Hidrovance - 40mg/g (Silícios
Orgânicos), Extrato Glicerinado de Pitanga - 10mg/g, Extrato Glicerinado de
Acerola - (Vit.C) - 10mg/g, D-Pantenol. (Pró vitamina B5) - 20mg/g, Zinco PCA -
5mg/g
40

Nome Comercial Composição Indicação de


Aplicação
Antiox C Tônico Nano Vitamina C, Nano ácido ferúlico, Glicofilme, Água thermal e Ácido hialurônico. Tópico facial e
Thermal Tecnologia corporal.
Nano Cosmobeauty –
Cosmobeauty
Sérum Facial Noturno Nano óleo essencial de Alpinia, Nano óleo essencial de Pitanga, Nano ácido Tópico facial.
NanoPitanga 30ml – hialurônico, Nano Q10, Nano mellane, Nano vitamina E.
Harmonia Natural
Sérum Nano Vitamina 20% de Vitamina C pura, 5% de Vitamina E e, 0,3% de retinol em sérum. Tópico facial.
C – Pure4U
Sérum Complex C Vitamina C nano, Vitamina E, Extrato de romã, Óleo essencial de laranja. Tópico para as
Nano - Amoah mãos.
Creme Revitée Anti- Nano up lift, Revinage, Densiskin, Pro TG3, Nano resveratrol, Niacinamida e Nano Tópico facial.
Age - Puriflora ácido kójico.
Hidrabene Vit C Facial Água, Etilhexilmetoxicinamato, Hidroxibenzoil benzoato de hexila dietilamino, Tópico facial.
- FPS 50 – Isononanoato de cetearila, PPG-3 etilhexanoato de benzila, Dióxido de titânio,
HIDRABENE Salicilalto de etilhexila, Amido octenilsuccinato de alumínio, Ciclopentasiloxano,
Bis-benzotriazolila tetrametilbutilfenol de metileno, Estearato de glicerila, Álcool
cetílico, Dipropilenoglicol, Propanediol, Octocrileno, Crospolímero do Metil
Metacrilato, PVP de Triacontanila, Ácido oleico, Ácido esteárico, Óleo de semente
de Punica granatum, Palmitato de ascorbila, Dimeticona, Estearato de PEG-75,
Fenoxietanol, Kaolin, Poloxamer 407, Polisorbato 80, Ácido palmítico, Alumina,
Steareth-20, Ceteth-20, Palmitato de cetila, Álcool cetoestearílico, Acetato de
tocoferol, Glicósido de decila, Crospolímero de acrilatos/ C10-30 e acrilatos de
alquila, Argila, Steareth-21, Steareth-2, PPG-15 éter de estearila, Goma xantana,
Carbômero, EDTA dissódico, Trietanolamina, Simeticona, Tetra-di-t-butil
hidroxihidrocinamato de pentaeritritila, Caprilil glicol, Mica, Propilenoglicol,
Metilisotiazolinona, BHT, Pó das folhas de Aloe barbadensis.
41

Nome Comercial Composição Indicação de


Aplicação
Sérum Anti-Aging - Nano hydrolift, Nano palmitato de retinol, Lipe arbutin, Nano ácido hialurônico, D- Tópico facial.
Téchne Pantenol, Algisium C.
Immortalité-C Ácido Hialurônico, Ácido Manurônico, Algisium C®, Nanovetor Vitamina C, Óleo da Tópico facial.
Nano Sérum de Semente de Romã, Palmitato de Ascorbila, Silício Orgânico.
Vitamina C – Tulípia
Favos - Nano Sérum Ácido Hialurônico, Alantoína, Black BeeOme™, Colágeno Hidrolisado, Extrato Tópico facial,
Anti-age de mel – Glicólico de Aroeira, Nano Hydrolift, NanoCopper Peptídeo, Nanofactor® IGF - pescoço e colo.
Tulípia Fator de Crescimento Insulínico, Pantenol, Seivamel®.
Nano Up Factor – Nano DMAE - 100mg/g (DMAE Biotecnológico), Colágeno vegetal - 50mg/g, Tópico facial.
Eccos Cosméticos Colágeno hidrolisado - 50mg/g, Raffermine - 30mg/g, Instensyl 3D - 20mg/g (Botox
Ecológicos Natural), Hydroxyprolisiilane CN - 10mg/g (Silícios Orgânicos), Nano Up Lift -
50mg/g (Ácido Hialurônico, Acácia do Senegal), Nano Nutrix - 10mg/g
(Aminoácidos Essenciais), Nano resveratrol - 20mg/g (Fração Ativa da Uva, Óleo
de Romã), Nanofactor - TGFβ3 - 10mg/g (Fator de Crescimento Transformador),
TGP-2 peptídeo - 10mg/g (Fração Ativa dos Fatores de Crescimento).
Creme Facial Nano Água, Hidrolato de gerânio, Poligliceril-2 estearato, Estearato de glicerila, Álcool Tópico facial.
Care Intensive – Eora estearílico, Alfa-bisabolol, Óleo de camomila, Goma de biossacararídeos-1, Ácido
Brasil hialurônico, Extrato de calêndula, Triglicerídeos do ácido caprílido e cáprico, Óleo
de milho, Óleo de canola, Óleo de coco, Laurato de isoamila, Óleo de girassol, Óleo
de centella asiática; Óleo de romã, Vitamina E; Sesquicaprilato de xilitila; Gluconato
de sódio.
42

Os dados apresentados na Tabela 1 foram tratados em representações


gráficas para melhor discussão dos achados. Na Figura 8 pode-se observar que todos
os produtos descritos são destinados à aplicação pela via tópica, onde somente 5%
(1 unidade) é destinada à aplicação exclusivamente nas mãos, e 95% com
possibilidade de aplicação facial. Segundo a Figura 9, um total de 12 produtos
avaliados são destinados nominalmente à atividade antienvelhecimento (63%).

Figura 8 – Distribuição percentual das formas de aplicação dos cosméticos contendo


nanoestruturas encontrados na pesquisa realizada.

Fonte: Elaborado pela Autora.

Figura 9 – Distribuição numérica das alegações de uso dos cosméticos contendo


nanoestruturas encontrados na pesquisa realizada.

Fonte: Elaborado pela Autora.


43

Dentre as formulações cosméticas apresentadas, verifica-se, conforme


demonstrado na Figura 10, existe uma maior incidência da forma sérum, seguida dos
cremes, como formulação cosmética contendo nanoestruturas. Este
fenômeno pode ser consequência das propriedades sensoriais desempenhadas
pelas formulações, haja visto que os usuários podem fazer uso de múltiplos
cosméticos, podendo até mesmo, sobrepor, ao sérum, os filtros solares, maquiagens
ou demais produtos.

Figura 10 – Distribuição numérica dos tipos de formulações cosméticas contendo


nanoestruturas encontrados na pesquisa realizada.

Fonte: Elaborado pela Autora.

No entanto, apesar de apresentarem a alegação de “contém nanotecnologia”,


cerca de 57% (12 unidades) dos produtos não informa qual o tipo de nanoestrutura
utilizado, mesmo em materiais destinados à profissionais que atuam com cosméticos
(Figura 11).
Dentre os produtos que descrevem qual o tipo de nanoestrutura utilizado,
cerca de 19% relatam o uso de nanopartículas lipídicas, sem apresentar
especificação de qual tipo de nanopartícula lipídicas utilizada. Neste sentido,
considerando que 5% das formulações utilizam nanocápsulas fosfolipídicas, poderia
ser coerente afirmar que ao menos 24% das formulações compostas por
nanopartículas lipídicas exclusivamente. Ainda, verificando a Figura 11, cerca de 14
% das formulações utilizam uma abordagem híbrida na composição dos produtos, ou
seja, combinam sistemas nanoparticulados poliméricos com sistemas
nanoparticulados lipídicos. Diante deste fato, pode-se afirmar que ao menos 38%
dos produtos contém nanopartículas lipídicas.
44

Figura 11 – Distribuição percentual dos tipos de sistemas nanoestruturados


informado nas descrições técnicas dos produtos.

Fonte: Elaborado pela Autora.

A partir da avaliação dos constituintes dos cosméticos contendo


nanoestruturas não é possível inferir, com segurança, qual o tipo de nanoestrutura
empregado, visto que em muitos produtos as nanoestruturas são reportadas com o
nome comercial do fabricante do produto semi-acabado, ou seja, o nome comercial
do sistema nanoestruturado vendido à Indústria Cosmética, como pode-se verificar na
Tabela 1 com o uso dos termos: Nano Shine AF, Nano Kojic, Nano Hydrolift, entre
outros.
Este fato dificulta a avaliação técnica quanto ao risco de exposição,
sensitização cutânea, ou até mesmo alergenicidade dos contituintes das
nanoestruturas. De acordo com a RDC Nº 07 de 10 de fevereiro de 2015, que dispõe
sobre “os requisitos técnicos para a regularização de produtos de higiene pessoal,
cosméticos e perfumes e dá outras providências”, os cosméticos que possuem ação
antienvelhecimento, são classificados como sendo de grau 2, ou seja, são aqueles
que possuem indicações específicas, cujas características exigem comprovação de
segurança e/ou eficácia, bem como informações e cuidados, modo e restrições de uso
(BRASIL, 2015). Este mecanismo regulatório tende a reduzir o risco de impacto à
segurança dos consumidores.
Em termos de qualidade e segurança, para um produto cosméticos ser
considerado de qualidade, o mesmo deve apresentar estabilidade, segurança e
eficácia comprovados, uma vez que não podem apresentar riscos à saúde quando
45

usados de acordo com as instruções de uso. A ANVISA pede que a empresa


produtora mantenha à disposição das autoridades competentes um documento
contendo os dados de segurança e eficácia dos produtos. Os testes que podem ser
feitos a fim de comprovar esses aspectos tanto no produto final, quanto na substância
ativa presente no cosmético, são ensaios in silico, in chemico e in vitro (TAVARES et
al., 2020). Com a revogação da RN 17 de 2014 do CONCEA (Conselho Nacional de
Controle de Experimentação Animal), preconiza-se o emprego de métodos
alternativos ao uso de animais, já validados e com aceitação regulatória
internacional para predição da segurança em humanos dos produtos cosméticos.

6.1. TENDÊNCIAS DE MERCADO

Considerando as projeções de inovação no mercado cosmético baseado e


nanotecnologia, a ABIHPEC (2023) elencou os principais produtos cosméticos onde
são aplicadas novas tecnologias, correlacionando-as com possíveis benefícios da
aplicação da tecnologia, conforme demonstrado no Quadro 3.

Quadro 3 – As Inovações nanotecnológicas, principais produtos cosméticos de


aplicação, e benefícios da tecnologia.
Inovação Produto Benefício da
nanotecnologia
Nanoemulsões Condicionadores Textura única,
capilares transparência
Nanocápsulas e Skincare Proteção &
Vesículas Transporte do
ingrediente ativo
Nanopigmentos Filtros solares Filtro UV,
transparência
Fonte: Adaptada de ABIHPEC, 2023.

Verifica-se que as formulações indicadas como inovação no Quadro 3


retraram produtos com alegações de skincare, ou seja, de cuidados para com a pele,
englobando formulações para prevenção de rugas, manchas e produtos
antienvelhecimento. Ou seja, o Quadro 3 encontra-se em concordância com o
46

recorte atual do mercado nacional reportado na Tabela 1 e nas Figuras 8-11.


Adicionalmente, quando se aborda o tema de tendências de mercado
cosmético, é impossível não citar o tema sustentabilidade. Segundo Franquilino
(2022), os cosméticos do futuro devem ser desenvolvidos a partir de ingredientes de
origem natural e sustentáveis, com baixo impacto ambiental.
De acordo com uma pesquisa realizada pela empresa germânico-americana
Nilsen: 32% da população brasileira se preocupa com esse tema na hora de fazer uma
compra. Outro dado apontado é de que os produtos mais sustentáveis possuem um
crescimento maior que os não sustentáveis, exemplo disso, são os cruelty free (sem
testes em animais) que possuem um crescimento 61% maior, e os com ingredientes
naturais que apresentam crescimento de 124%. A empresa Technavio, que é
especializada em pesquisa de mercado, projetou uma movimentação mundial de US$
3,32 bilhões de dólares até 2024 no segmento de cosméticos veganos (CORRÊA.
2022; NEGÓCIOS NSC, 2021).
Em 29 de Julho de 2023, entrou em vigor o Regulamento (UE) 1115/2023
aprovado pela União Europeia (UE), conhecido como New EU “Deforestation-free”
Regulation. Este regulamento aplica uma norma mais rigorosa visando controlar e
proibir, no âmbito do mercado comum europeu, a compra de produtos e derivados
oriundos das áreas de desmatamento e degradação ambiental das florestas. Essa
nova implementação pode trazer impactos à realidade brasileira, uma vez que o Brasil
é um dos países com maiores taxas de desmatamento no mundo (MARINELLO et
al., 2023).
Neste embalo, o tema embalagens sustentáveis vem sendo bastante
discutido. Na oitava edição do festival Rock in Rio, em 2019, as empresas Natura e
Heineken realizaram uma ação conjunta com o objetivo de reciclar os copos usados
durante o evento, transformando-os em tampas para os cosméticos da linha de
Desodorante Corporal Spray de Natura Humor. O grupo britânico Shellworks
desenvolveu o Vivomer, que é um material feito a partir de ingredientes vegetais e
microrganismos presentes na água e no solo. Este material tem como principal uso
nas embalagens destinadas principalmente à indústria de cosméticos, levando cerca
de um a cinco anos para se decompor. Em fevereiro desse ano, o programa da
Abihpec, rebatizado como “Mãos pro Futuro”, lançou o selo Mãos pro Futuro, que
serve para que as empresas participantes possam informar ao público que as
embalagens descartadas são recuperadas. Segundo dados da Abihpec, cerca de 22%
47

das embalagens dos produtos das empresas participantes são recuperadas e


encaminhadas para reciclagem (FRANQUILINO, 2023).
Durante a pandemia do COVID-19, a busca por produtos de skincare ficaram
em evidência e permanecem até os dias de hoje, além de representarem uma forte
tendência do mercado. Cada vez mais os consumidores buscam por uma pele e
aparência natural, consumindo cosméticos que visem manter uma boa qualidade da
pele e tratar a mesma, como os dermocares, que são cosméticos que entregam os
efeitos da maquiagem e que tratam a pele ao mesmo tempo. A K-beauty ou skincare
coreano é uma vertente que vem crescendo cada dia mais, trazendo uma rotina de
cuidados com a pele que valorizam cada etapa como essencial. Em termos de
mercado, de acordo com a revista VOGUE, o mercado global de skincare tem
expectativa de alcançar mais de US$ 207 bilhões até 2028 (COATES, 2023;
BALDAVIRA, 2023; SEBRAE, 2023).
Quando se fala em biotecnologia aplicada a cosméticos, Celso Santi Jr.,
gerente de projetos de inovação da empresa Superbac, destaca que a aplicação da
mesma pode ser dividida em três segmentos: desenvolvimento de novas matérias-
primas e princípios ativos, criação de modelos alternativos aos testes em animais e
desenvolvimento de novos produtos e segmentos. Em termos de nanotecnologia
aplicada ao mercado de cosméticos, o mesmo destaca que “As novas tecnologias,
como as sinergias entre biotecnologia e nanotecnologia, e entre biotecnologia e
impressão 3D, virão em médio prazo e deverão causar revoluções positivas no
mercado.” (FRANQUILINO, 2022).
Os nanocosméticos são umas das tendências mais importantes no ramo dos
cosméticos. Com o advento da nanotecnologia, foi possível aperfeiçoar o
desempenho de produtos que já existem no mercado, como por exemplo seu uso nos
filtros solares, que tem como objetivo permitir que o produto fique mais tempo na pele.
Com isso, o setor de HPPC usa a nanotecnologia como aliada no avanço de inovações
na área, uma vez que, o mesmo pode atuar modulando a entrega de ingredientes
ativos na pele, aumentando a solubilidade de ativos, melhorando a estabilidade e as
atividades sensoriais da formulação, de forma que o produto se adeque às
necessidades do consumidor e do mercado atual. Nos dias de hoje, a nanotecnologia
é uma área bem visada para investimentos de países desenvolvidos, uma vez que
movimenta por volta de US$147 bilhões por ano. Estima-se que mais de mil produtos
disponíveis para consumo, possuem nanotecnologia incorporada atualmente (INPI,
48

2017; JANIA, 2023; STRÖER et al., 2020).


49

7. CONCLUSÕES

A nanotecnologia vem se mostrando uma importante evolução em diversas


áreas, principalmente no desenvolvimento de novos produtos. Quando aplicada aos
cosméticos, a mesma vem sendo usada de forma a aprimorar as formulações já
existentes, tornando-as mais eficazes à finalidade desejada, além de permitir que as
empresas adequem seus produtos de acordo com as necessidades no mercado.
Com o aumento da expectativa de vida populacional, os nanocosméticos se
tornam úteis em formulações que previnam, reduzam, e/ou tratem os principais sinais
de envelhecimento cutâneo, uma vez que são capazes de adentrar mais a fundo nas
camadas da pele, devido ao seu menor tamanho, tornando o produto mais eficaz.
O desenvolvimento de diferentes sistemas de liberação se tornam possíveis
com os nanocosméticos, podendo ter uma ação regulada de acordo com o desejo do
consumidor, como por exemplo, protetores solares que tenham ação cutânea mais
prolongada em relação aos já existentes no mercado. Sistemas compostos também
podem ser desenvolvidos com a nanotecnologia, onde um mesmo produto pode
desenvolver mais de uma função, como por exemplo, bases faciais com fator de
proteção solar, que possuem a capacidade de proteger a pele dos raios solares e
também cumprem sua função de maquiar.
Com isso, o desenvolvimento do presente trabalho possibilitou uma visão
mais profunda sobre o uso e mercado de nanotecnologia aplicada aos cosméticos,
mostrando um panorama sobre passado e história desses produtos, avançando para
o presente, onde foram apresentados os principais nanocosméticos existentes para
consumo, evidenciando a necessidade de mais estudos sobre segurança e riscos que
o uso de algumas nanotecnologias, como os nanometais, podem apresentar
Finalizando com o futuro e tendências que são previstos para esse mercado.
Adicionalmente, conclui-se que um setor inovador e profícuo seria o
desenvolvimento de cosméticos verdes, veganos e/ou preparados a partir de materiais
sustentáveis, cuja produção seja rastreável e não contenha produtos oriundos do
desmatamento. Além disso, o segmento de tratamento para a pele e produtos anti-
envelhecimento parece permanecer em alta.
50

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