LICITAÇÃO

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LICITAÇÕES.

1. O CONCEITO trazido por Marçal Justen Filho é o de que:


“A licitação é um procedimento administrativo disciplinado por lei e por um ato
administrativo prévio, que determina critérios objetivos de seleção de proposta da
contratação mais vantajosa, com observância do princípio da Isonomia, conduzido por um
órgão dotado de competência específica.”
CONCEITO PRÁTICO: licitação é um procedimento prévio exigido para que a
Administração realize um contrato administrativo.
É o que determina e explica o inciso XXI do artigo 37 da Constituição Federal:
Art. 37.
(...)
XXI – ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e
alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure
igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações
de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual
somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à
garantia do cumprimento das obrigações.
No mesmo sentido, o art. 175 da CF/88, faz a exigência de licitação para a outorga de
concessões e permissões.
Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de
concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos.
O procedimento licitatório é regra, mas existem algumas exceções que veremos mais
adiante.
A competência para legislar sobre licitação é prevista no inciso XXVII do artigo 22
da Constituição Federal, que outorga à União a competência privativa para legislar
sobre normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para a
Administração Pública Direta, autárquica e fundacional da União, Estados, Distrito
Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para empresas públicas e
sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, III, § 1º.
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
XXVII – normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para as
administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito
Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e
sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1°, III;
Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de
atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da
segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.
§ 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia
mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de produção ou
comercialização de bens ou de prestação de serviços, dispondo sobre:
III - licitação e contratação de obras, serviços, compras e alienações, observados os
princípios da administração pública;
No entanto, a competência privativa se restringe a norma geral e os demais entes
federativos podem legislar sobre normas específicas em licitação e contratação.
As normas mais importantes da matéria são as seguintes:
Lei 8.666/1993 – Lei Geral de Licitação e Contratos.
Lei 8.987/1995 – Lei das Concessões e Permissões.
Lei 10.520/2002 – Lei do Pregão.
Lei 11.079/2004 – Lei das Parcerias Público-Privadas.
Decreto 5.450/2005 – Regulamenta o Pregão Eletrônico.
Lei 12.462/2011 – Regime Diferenciado de Contratações Públicas.
Decreto 7.892/2013 – Regulamenta o Sistema de Registro de Preços.
Lei 13.303/2016 – Lei das Estatais (empresas públicas e sociedades de economia
mista).

2. FINALIDADES DA LICITAÇÃO.
Estão expressas no art. 3º, da Lei 8.666/1993 (lei geral de licitações e contratos):
Art. 3.º A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da
isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a administração e a promoção do
desenvolvimento nacional sustentável [...].
a) Isonomia – igualdade de oportunidade entre os interessados, respeitando-se os
princípios da impessoalidade de moralidade;
b) Seleção da proposta mais vantajosa – a Administração, ao abrir um procedimento
licitatório, visa analisar as ofertas de forma a contratar com aquela que seja a mais
interessante para os anseios estatais;
c) Desenvolvimento nacional sustentável – o Decreto 7.746/2012 definiu os critérios e
práticas para a promoção do desenvolvimento nacional sustentável nas contratações
realizadas pela Administração.
Art. 4.º [...] são considerados critérios e práticas sustentáveis, entre outras: I – baixo
impacto sobre recursos naturais como flora, fauna, ar, solo e água; II – preferência para
materiais, tecnologias e matérias-primas de origem local; III – maior eficiência na
utilização de recursos naturais como água e energia; IV – maior geração de empregos,
preferencialmente com mão de obra local; V – maior vida útil e menor custo de manutenção
do bem e da obra; VI – uso de inovações que reduzam a pressão sobre recursos naturais;
VII – origem sustentável dos recursos naturais utilizados nos bens, nos serviços e nas obras;
e VIII – utilização de produtos florestais madeireiros e não madeireiros originários de
manejo florestal sustentável ou de reflorestamento.
3. DEVER DE LICITAR.
No parágrafo único do art. 1º, a Lei 8.666/93 estão listadas as pessoas obrigadas a
licitar:
Art. 1o. Esta Lei estabelece normas gerais sobre licitações e contratos administrativos
pertinentes a obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações e locações no
âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta Lei, além dos órgãos da administração
direta, os fundos especiais, as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas,
as sociedades de economia mista e demais entidades controladas direta ou
indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios.
Entes da Administração Direta são a União, Estados, Distrito Federal e Municípios.
Entes da Administração Indireta são as autarquias, fundações públicas, empresas
públicas e sociedades de economia mista.
ATENÇÃO: no caso das estatais (empresas públicas e sociedades de economia mista), a
licitação seguirá as regras instituídas pela Lei 13.303/2016, que veremos adiante, após o
estudo dos contratos administrativos.
Fundos especiais são aqueles formados por um conjunto de bens e recursos pertencentes
à determinada pessoa. A doutrina critica fortemente a inclusão de tais entes pelo fato de
eles não serem sujeitos de direito autônomo.
Demais entidades controladas pelo Poder Público, a doutrina ensina que deve ser
interpretado de forma ampla, com a inclusão de todos que recebam recursos públicos
para seu custeio em geral ou de seu pessoal, como por exemplo, as entidades integrantes
do terceiro setor:
Organizações Sociais (Lei 9.637/1998).
Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (Lei 9.790/1999).
Serviços Sociais Autônomos (TCU exige licitação, mas pode ser por processo
simplificado, sem necessidade das regras da lei de licitações.

4. PRINCÍPIOS DA LICITAÇÃO.
Deve observar os princípios constitucionais aplicáveis à Administração Pública,
expressos no art. 37 e demais dispositivos da CF, os implícitos no ordenamento jurídico,
além dos princípios específicos previstos no art. 3º da Lei de Licitações, que embora
não tenha previsto o da eficiência, ele se aplica porque a lei foi editada antes da emenda
constitucional 19/98.
4.1. Princípio da Publicidade: a regra é a publicidade dos atos, mas nas licitações, as
propostas devem ser sigilosas até o momento da abertura dos envelopes, para evitar
fraudes.
Art. 3.º, § 3.º, Lei 8.666/1993. A licitação não será sigilosa, sendo públicos e acessíveis ao
público os atos de seu procedimento, salvo quanto ao conteúdo das propostas, até a
respectiva abertura.
Caso o sigilo não tenha sido respeitado, quem o fez pode ser responsabilizado
criminalmente, com o crime previsto na própria lei:
Art. 94, Lei 8.666/1993. Devassar o sigilo de proposta apresentada em procedimento
licitatório, ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo: Pena – detenção, de 2 (dois) a
3 (três) anos, e multa.
4.2. Princípio da Vinculação ao Instrumento Convocatório: O instrumento é o edital,
exceto no convite, onde é feito por carta convite. Um e outro devem estabelecer normas
que obrigam os licitantes e a Administração Pública, inclusive as normas no que tange
ao critério de escolha do vencedor a ser utilizado nas licitações, pois nos termos do art.
41, a Administração não pode descumprir as normas e condições do edital, ao qual se
acha estritamente vinculada.
4.3. Princípio do Julgamento Objetivo: ato convocatório tem de conter critérios
objetivos de julgamento e não há escolhas pelos julgadores no momento do certame.
Não há como declarar vencedor esse ou aquele por simples simpatia, interesse pessoal
ou só porque não gostou de outro participante.
4.4. Princípio do Sigilo das Propostas: as propostas apresentadas pelos licitantes são
sigilosas até a data da abertura dos envelopes, a ser feita em conjunto por todos os
concorrentes, em sessão pública. Até este momento, previamente determinado pelo
edital, um licitante não pode saber da proposta do outro, pois a violação do sigilo da
proposta representa Improbidade Administrativa e crime definido na própria Lei de
Licitações.
4.5. Princípio do Procedimento Formal: o administrador não pode criar uma nova
modalidade licitatória ou combinar duas ou mais modalidades já existentes. A
Administração deve obedecer a todas as fases da licitação, sendo vedado que uma das
fases não seja realizada.
4.6. Princípio da isonomia: o Poder Público deve buscar a igualdade material, isto
significa tratar igualmente os iguais e oferecer tratamento desigual aos desiguais, na
medida de suas desigualdades, razão pela qual este princípio visa igualar juridicamente
aqueles que são desiguais faticamente. A lei das licitações previu este tratamento a
alguns tipos de licitantes e para alguns tipos de produtos como se observa nos §§5º e
seguintes do art. 3º:
§ 5o Nos processos de licitação, poderá ser estabelecida margem de preferência para:
I - produtos manufaturados e para serviços nacionais que atendam a normas técnicas
brasileiras; e
II - bens e serviços produzidos ou prestados por empresas que comprovem cumprimento de
reserva de cargos prevista em lei para pessoa com deficiência ou para reabilitado da
Previdência Social e que atendam às regras de acessibilidade previstas na legislação.
§ 7o Para os produtos manufaturados e serviços nacionais resultantes de desenvolvimento e
inovação tecnológica realizados no País, poderá ser estabelecido margem de preferência
adicional àquela prevista no § 5o.
§ 8o As margens de preferência por produto, serviço, grupo de produtos ou grupo de
serviços, a que se referem os §§ 5o e 7o, serão definidas pelo Poder Executivo federal, não
podendo a soma delas ultrapassar o montante de 25% (vinte e cinco por cento) sobre o
preço dos produtos manufaturados e serviços estrangeiros.
§ 12. Nas contratações destinadas à implantação, manutenção e ao aperfeiçoamento dos
sistemas de tecnologia de informação e comunicação, considerados estratégicos em ato do
Poder Executivo federal, a licitação poderá ser restrita a bens e serviços com tecnologia
desenvolvida no País e produzidos de acordo com o processo produtivo básico de que trata
a Lei no 10.176, de 11 de janeiro de 2001.
Art. 5o-A. As normas de licitações e contratos devem privilegiar o tratamento diferenciado
e favorecido às microempresas e empresas de pequeno porte na forma da lei.
Essa margem de preferência e tratamento diferenciado buscam garantir aos licitantes
uma chance real de contratarem com a Administração Pública, como no caso hipotético
de uma pequena empresa participar de uma licitação onde outra empresa, líder daquele
ramo também o fizer. A chance é aumentada se existir algum benefício e isso é um
incentivo ao pequeno empresário.

5. REGRAS DE DESEMPATE.
Como já falamos de preferência e tratamento diferenciado, melhor já comentarmos
sobre as regras de desempate, para não nos confundirmos depois. Essas regras estão
previstas no art. 3º, § 2º, da Lei de Licitações:
§ 2o Em igualdade de condições, como critério de desempate, será assegurada preferência,
sucessivamente, aos bens e serviços:
I - Revogado
II - produzidos no País;
III - produzidos ou prestados por empresas brasileiras.
IV - produzidos ou prestados por empresas que invistam em pesquisa e no desenvolvimento
de tecnologia no País.
V - produzidos ou prestados por empresas que comprovem cumprimento de reserva de
cargos prevista em lei para pessoa com deficiência ou para reabilitado da Previdência
Social e que atendam às regras de acessibilidade previstas na legislação.
Persistindo o empate, vai para sorteio, previsto no art. 45, § 2º:
Art. 45, § 2.º No caso de empate entre duas ou mais propostas, e após obedecido o disposto
no § 2.º do art. 3.º desta Lei, a classificação se fará, obrigatoriamente, por sorteio, em ato
público, para o qual todos os licitantes serão convocados, vedado qualquer outro processo.

5.1. Empate ficto.


A previsão de dar tratamento diferenciado e favorecido às microempresas e empresas de
pequeno porte lá do art. 5º-A da Lei das Licitações é encontrada na Lei Complementar
123/06, que dá às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte a preferência no
empate, desde que diminuam a oferta.
Além disso, a LC123/06 prevê o empate ficto, válido para as licitações da lei 8.666/93,
caso seus preços estejam até 10% acima da proposta mais bem classificada (art. 44, §
1º). Para o caso de pregão, o percentual é de 5%. (art. 44, § 2º).

6. TIPOS DE LICITAÇÃO.
Não confundir TIPOS com MODALIDADES de licitação.
Tipo é o critério de julgamento, como menor preço, técnica etc.
Modalidade é o procedimento da licitação, como concorrência, tomada de preços etc.
Tipos de licitação tem relação com a finalidade de selecionar a proposta mais vantajosa,
o que vai depender de casa caso.
O art. 45, § 1.º, da Lei 8.666/93, lista como tipos de licitação, exceto na modalidade
concurso:
6.1. Menor preço: critério de seleção da proposta mais vantajosa para a Administração
para declarar vencedor o licitante que apresentar a proposta de acordo com as
especificações do edital ou convite e ofertar o menor preço.
É utilizado quando o produto pretendido não tem nenhuma característica especial ou se
as características especiais são definidas como requisitos mínimos para a contratação.
Nesse caso, a classificação se dará pela ordem crescente dos preços propostos, do menor
para o maior.
6.2. Melhor técnica: o critério é a escolha da qualidade do produto ou do serviço a ser
prestado. Só pode ser utilizado para serviços de natureza intelectual.
6.3. Técnica e preço: assim como na melhor técnica, será feita para a seleção de
serviços de natureza predominantemente intelectual. A Lei 8.666/1993 cita um caso de
seleção obrigatória pela técnica e preço:
Art. 45, § 4.º Para contratação de bens e serviços de informática, a administração observará
o disposto no art. 3.º da Lei n.º 8.248, de 23 de outubro de 1991, levando em conta os
fatores especificados em seu parágrafo 2.º e adotando obrigatoriamente o tipo de licitação
‘técnica e preço’, permitido o emprego de outro tipo de licitação nos casos indicados em
decreto do Poder Executivo.
6.4. Maior lance ou oferta: é apropriada ao leilão, já que é utilizada nos casos de
alienação de bens ou concessão de direito real de uso. Nesse caso, a classificação se
dará pela ordem decrescente dos preços propostos, ou seja, do maior para o menor, pois
a intenção é conseguir o maior valor com o contrato.
A Lei 8.666/1993 veda expressamente a utilização de qualquer outro tipo de licitação
que não esteja nela previsto: “Art. 45, § 5.º É vedada a utilização de outros tipos de
licitação não previstos neste artigo”, mas leis específicas podem instituir outros tipos
específicos, como acontece no RDC e na Lei das Estatais, as quais serão vistas
oportunamente, após o estudo dos contratos administrativos, na próxima unidade do
curso.

7. MODALIDADES DE LICITAÇÃO.
Como visto no tópico anterior, a modalidade está relacionada à forma como o
procedimento licitatório se desenvolve e segundo a Lei 8.666/1993:
Art. 22. São modalidades de licitação: I – concorrência; II – tomada de preços; III –
convite; IV – concurso; V – leilão”.
Existe também o pregão, instituído pela Lei 10.520/2002.
Com isso, temos seis modalidades licitatórias a serem estudadas.
As 3 primeiras modalidades são escolhidas pelo valor do contrato a ser celebrado, sendo
que a concorrência é obrigatória em algumas situações determinadas pela lei, em razão
do objeto contratado.
Já o pregão, concurso e leilão são feitos pela natureza do objeto do contrato, não do
valor.

7.1. CONCORRÊNCIA: utilizada para as chamadas contratações de grande vulto,


passa por todas as fases previstas na lei, permite a ampla participação de quaisquer
interessados, tendo como critérios o valor e a natureza do objeto.
Art. 22
§ 1.º. Concorrência é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados que, na fase
inicial de habilitação preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos de qualificação
exigidos no edital para execução de seu objeto.
A concorrência é obrigatória nos seguintes casos:
1. Valor:
a) Obras e serviços de engenharia: acima de R$ 3.300.000,00 (três milhões e trezentos
mil reais)
b) Aquisição de bens e serviços não relacionados à engenharia: superior a R$
1.430.000,00 (um milhão, quatrocentos e trinta mil reais).
2. Natureza do objeto:
a) Aquisição e alienação de imóveis: independe do valor do negócio porque leva em
consideração a natureza do objeto (bem imóvel).
Obs.: para as alienações de imóveis que tenham derivado de procedimentos judiciais ou
de dação em pagamento a venda poderá ser efetivada mediante as modalidades
concorrência ou leilão (veremos esse tópico de forma mais aprofundada um pouco mais
adiante).
b) Alienação de bens móveis com valor superior a R$ 1.430.000,00: a regra é utilizar
a modalidade leilão, mas para valores acima de R$ 1.430.000,00 (um milhão,
quatrocentos e trinta mil reais), deve ser utilizada a concorrência (art. 17, § 6.º, Lei
8.666/1993).
c) Concessão de serviço público: a previsão está expressa no art. 2.º, Lei 8.987/1995:
Para os fins do disposto nesta Lei, considera-se: [...] II – concessão de serviço público: a
delegação de sua prestação, feita pelo poder concedente, mediante licitação, na modalidade
de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade
para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado.
ATENÇÃO: se o serviço a ser delegado estiver previsto no Programa Nacional de
Desestatização, a concessão poderá ser dada por meio de leilão (Lei 9.074/1995, art.
29).
d) Concessão de direito real de uso: contrato administrativo que transfere a um
particular o direito real de uso de um bem público.
e) Empreitada integral: quando a contratação é de um empreendimento em sua
integralidade, compreendendo todas as etapas das obras, serviços e instalações
necessárias, sob inteira responsabilidade da contratada, até a sua entrega ao contratante
em condições de entrada em operação.
f) Licitação internacional: caso em que é admitida a participação de pessoas jurídicas
que não possuam sede no país, devendo, como regra, ser utilizada a modalidade
concorrência.

7.2. TOMADA DE PREÇOS: modalidade licitatória para contratações de médio valor


e disputa por interessados devidamente cadastrados ou que se cadastrarem em até três
dias antes da data marcada para entrega da proposta.
Art. 22
§ 2.º. Tomada de preços é a modalidade de licitação entre interessados devidamente
cadastrados ou que atenderem a todas as condições exigidas para cadastramento até o
terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas, observada a necessária
qualificação.
O cadastro tem função de habilitação prévia e validade de 1 ano, com possibilidade de
renovação mediante atualização do pedido e dos documentos.
Lembrar que o indeferimento do cadastramento permite interposição de recurso em 5
dias úteis, nos termos do art. 109, I, ‘d’, da Lei 8.666/1993. Além disso o cadastro pode
ser cancelado no caso de descumprimento dos requisitos, o que é feito mediante
procedimento administrativo com contraditório e ampla defesa.
O cadastro possibilita uma maior rapidez ao procedimento licitatório, justamente porque
não será necessária a fase de habilitação, tendo em vista que os interessados já se
encontram previamente habilitados, passando-se direto da fase da convocação para o
recebimento e julgamento das propostas.
A tomada de preços é utilizada nas seguintes situações:
a) Obras e serviços de engenharia: valor até R$ 3.300.000,00 (três milhões e trezentos
mil reais).
b) Compras e serviços não relacionados à engenharia: valor até R$ 1.430.000,00
(um milhão, quatrocentos e trinta mil reais).
c) Licitação internacional: no caso de o órgão ou entidade dispuser de cadastro
internacional de fornecedores e desde que se respeitem os limites do valor.

7.3. CONVITE: é a modalidade mais restrita porque a Administração pode escolher


apenas convidados e além deles só participam os interessados que estejam cadastrados e
demonstrem interesse pelo menos 24 horas antes da data marcada para a entrega das
propostas.
Art. 22
§ 3.º Convite é a modalidade de licitação entre interessados do ramo pertinente ao seu
objeto, cadastrados ou não, escolhidos e convidados em número mínimo de 3 (três) pela
unidade administrativa, a qual afixará, em local apropriado, cópia do instrumento
convocatório e o estenderá aos demais cadastrados na correspondente especialidade que
manifestarem seu interesse com antecedência de até 24 (vinte e quatro) horas da
apresentação das propostas.
Observem que a Administração deverá escolher no mínimo três interessados, mas
poderá existir situação onde o convite será feito a apenas duas pessoas, nos casos de
restrição de mercado, de um serviço oferecido por apenas duas empresas.
Art. 22,
§ 7.º Quando, por limitações do mercado ou manifesto desinteresse dos convidados, for
impossível a obtenção do número mínimo de licitantes exigidos no § 3.º deste artigo, essas
circunstâncias deverão ser devidamente justificadas no processo, sob pena de repetição do
convite.
Por outro lado, caso existam na praça mais de três possíveis interessados, a cada novo
convite, realizado para objeto idêntico ou assemelhado, é obrigatório o convite de mais
um interessado diferente. Sempre é obrigatório trocar pelo menos 1 deles.
Instrumento convocatório: no convite não existe edital e sim uma carta convite, que
não será publicada no Diário Oficial, mas deve ser enviada aos escolhidos e uma cópia
afixada em local visível no órgão realizador do procedimento, para garantir a
publicidade, ainda que de forma mais restrita.
O convite é utilizado para:
a) Obras e serviços de engenharia: no valor de até R$ 330.000,00 (trezentos e trinta
mil reais).
b) Compras e serviços não relacionados à engenharia: no valor de até R$
176.000,00 (cento e setenta e seis mil reais).
c) Licitação internacional: se não existir fornecedor do bem ou serviço no País e desde
que se respeitem os limites acima.

IMPORTANTE: A concorrência sempre poderá ser utilizada quando couber


tomada de preços e convite; a tomada de preços sempre poderá ser utilizada
quando couber o convite.
IMPORTANTE: também lembrar que se a licitação estiver sendo promovida por um
consórcio público (reunião de entes federativos), os valores das tabelas serão
modificados.
Art. 23.
§ 8.º. No caso de consórcios públicos, aplicar-se-á o dobro dos valores mencionados no
caput deste artigo quando formado por até 3 (três) entes da Federação, e o triplo, quando
formado por maior número.
Para facilitar a compreensão, vamos a dois exemplos.
Caso os 3 Estados da Região Sul se unam em consórcio para uma obra de uma
linha de trem, o valor da tabela apresentada acima é duplicado, passando o convite
para até 660.000 reais e a concorrência para contratações acima de 6.6 milhões de
reais.
Se o Estado de São Paulo se Juntar no mesmo consórcio, o valor triplica.
Na Licitação internacional podem participar empresas não sediadas no Brasil e a
concorrência é a regra, mas a tomada de preços e o convite podem ser excepcionalmente
utilizadas, o convite, se a faixa de valor for a sua, aliada à ausência de fornecedor do
bem ou serviço no país. A tomada de preços, se dentro de sua faixa de valor e o
participante estiver cadastrado como fornecedor internacional.

7.4. CONCURSO. É para selecionar trabalhos técnicos, científicos ou artísticos para


incentivar o desenvolvimento da cultura. Ao vencedor é ofertado um prêmio ou
remuneração.
Art. 22
§ 4.º. Concurso é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para escolha de
trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a instituição de prêmios ou remuneração
aos vencedores, conforme critérios constantes de edital publicado na imprensa oficial com
antecedência mínima de 45 (quarenta e cinco) dias.
O procedimento é regulado em cada caso, pois só há previsão de concurso na lei, mas
não há explicação sobre o procedimento.
Não se confunde com o concurso público de provas para contratação de servidores
públicos.

7.5 LEILÃO. É modalidade de licitação para a alienação de bens pelo poder público e
obrigatoriamente no tipo maior lance.
Art. 22
§ 5. Leilão é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para a venda de bens
móveis inservíveis para a administração ou de produtos legalmente apreendidos ou
penhorados, ou para a alienação de bens imóveis prevista no art. 19, a quem oferecer o
maior lance, igual ou superior ao valor da avaliação.
O texto já é explicativo sobre quando o leilão será utilizado: venda de bens móveis e
imóveis com determinadas características:
a) BENS MÓVEIS: A venda de bens móveis dependerá de avaliação prévia (fixação
do lance mínimo) e de licitação a fim de que se possam garantir os princípios da
impessoalidade e moralidade.

Podem ser alienados os abaixo enumerados:


a1) Inservíveis: são os bens sem destinação pública, lembrando que a Administração
não pode vender bens afetados (uso dominical e especial), só os desafetados
(dominicais).
Mesmo assim, se o valor do bem for superior a R$ 1,43 milhão, deverá ser utilizada a
modalidade concorrência.
a2) Legalmente apreendidos: são aqueles casos de bens apreendidos por serem objetos
ilícitos. São exemplos os apreendidos por descaminho, que geralmente vão para os
leilões da Receita Federal.
a3) Legalmente penhorados: os doutrinadores ensinam que o termo correto seria o
penhor porque a alienação é feita em razão de dívida do particular com o Poder Público,
como no exemplo da pessoa que deixou uma joia em penhor na CEF e não conseguiu
pagar a dívida, caso e que o banco estatal pode alienar para receber seu dinheiro.
b) BENS IMÓVEIS: A venda de bens imóveis dependerá de avaliação prévia (fixação
do lance mínimo) e de licitação para garantir os princípios da impessoalidade e
moralidade. Caso o imóvel pertença a alguma das pessoas integrantes da Administração
direta ou das entidades autárquicas e fundacionais, é imprescindível a existência de uma
autorização legislativa para que a alienação possa ser realizada.
A regra é a concorrência para a venda de bens imóveis, mas quando eles foram
adquiridos por decisão judicial ou dação em pagamento, existe a faculdade de utilização
do leilão
Art. 19. Os bens imóveis da Administração Pública, cuja aquisição haja derivado de
procedimentos judiciais ou de dação em pagamento, poderão ser alienados por ato da
autoridade competente, observadas as seguintes regras:
I – avaliação dos bens alienáveis;
II – comprovação da necessidade ou utilidade da alienação;
III – adoção do procedimento licitatório, sob a modalidade de concorrência ou leilão.
Como exemplo de imóvel aquisição por procedimento judicial temos o clássico
imóvel onde havia uma plantação de maconha. Houve a perda e ele pode ser
vendido por leilão. Bens imóveis apreendidos em operações como a lava-jato são
outro exemplo.
Já um exemplo de dação em pagamento, que é receber prestação diversa da
devida, pode ser o recebimento de um terreno, um apartamento, que o Poder
Público aceita em troca de uma dívida de impostos do contribuinte. Esses imóveis
serão vendidos em leilão.
Não há procedimento previsto no leilão, que segue as regras lá do leilão do Direito
Empresarial.

7.6. PREGÃO. Instituído pela Lei 10.520/2002 com as finalidades de maior celeridade
ao procedimento licitatório e garantia de contratações por menores preços.
Logicamente, o tipo de licitação no pregão será o de menor preço.
O pregão é utilizado para a aquisição de bens e serviços comuns, independentemente do
valor envolvido na futura contratação.

Vejamos sua previsão na Lei 10.520/2020:


Art. 1.º Para aquisição de bens e serviços comuns, poderá ser adotada a licitação na
modalidade de pregão, que será regida por esta Lei.
Parágrafo único. Consideram-se bens e serviços comuns, para os fins e efeitos deste artigo,
aqueles cujos padrões de desempenho e qualidade possam ser objetivamente definidos pelo
edital, por meio de especificações usuais no mercado.
É difícil limitar o que são bens e serviços comuns, mas a doutrina fala em bens que
podem ser descritos com expressão usual de mercado, o que também não ajuda em nada
a nossa vida!
Helly Lopes Meirelles definiu bens e serviços comuns como: ... a sua padronização, ou
seja, a possibilidade de substituição de uns por outros com o mesmo padrão de
qualidade e eficiência.
Certo é que o pregão não pode ser usado para a execução de obras públicas e que
qualquer serviço que necessite de projeto não pode ser feito por pregão.
Exemplo, serviço de jardinagem pode ser contratado por pregão, mas se ele inclui
o paisagismo, não pode porque precisa de projeto.
Do mesmo modo, não pode para alienar imóveis (é o leilão ou concorrência) e para
locação.
Em suma, podemos imaginar então um caso em que o Município de Capivari de
Baixo pretende adquirir alimentos para suas escolas. Para isso, precisa licitar.
Qual modalidade será utilizada? Isso depende do valor para convite, tomada de
preço ou concorrência, mas independentemente do valor, pode ser feito por
pregão.
Não há comissão de licitação, só pregoeiro, que é um servidor efetivo designado para
este trabalho e há previsão na Lei 10.520/02 para a designação de uma comissão de
apoio ao pregoeiro, que tem a função de auxiliá-lo na realização do certame, mas não é
uma comissão propriamente dita, pois somente o pregoeiro é responsável pela licitação.
7.6.1. Pregão eletrônico.
Existe ainda a previsão do pregão eletrônico. Ele vem ao encontro da tecnologia e
eficiência, que permite a participação de várias pessoas de diversos lugares e aumenta a
competição. Em tese, faz as propostas diminuírem de preço.
Garante a isonomia, pelo motivo de estar disponível o maior número de interessados.
Existem algumas diferenças entre o procedimento do pregão presencial e o eletrônico:
Cadastramento:
Os interessados em participar do pregão presencial, devem comparecer na hora e no
local que ocorrerá a Sessão Pública, onde farão o credenciamento e apresentarão os
envelopes de proposta e documentos.
Já no pregão eletrônico, os interessados devem se cadastrar no sistema de compras
utilizado pelo ente licitante e cadastrar sua proposta.
Classificação das propostas:
No pregão presencial, o pregoeiro selecionará todas as propostas até 10% acima da
melhor proposta e as classifica para a fase de lances. Na falta de propostas que atinjam
os 10%, serão selecionadas as três melhores propostas.
No pregão eletrônico todos os participantes são classificados e podem participar da fase
de lances que ocorrerá via sistema, no horário indicado no edital ou carta convite.
Fase de lances:
A fase de lances do pregão presencial, se inicia com o lance da licitação com a maior
proposta, seguindo a lista decrescente até que se chegue ao menor valor.
No pregão eletrônico, os lances são introduzidos no sistema conforme os participantes
vão ofertando, devendo sempre ser de valor menor ao último lance que este ofertou. Os
lances são registrados no sistema, até que seja randomicamente encerrada a fase.
Identificação dos participantes:
No pregão presencial, desde o início da Sessão, o pregoeiro sabe quem são os
participantes, vez que estes se identificam no momento do credenciamento.
No pregão eletrônico, até a fase de habilitação, o pregoeiro não sabe quem são os
licitantes participantes, de modo a evitar conluio.
Recurso.
No pregão presencial, a intenção de recorrer deve ser manifestada e motivada ao final
da Sessão.
No pregão eletrônico, a intenção de recorrer deve ser manifestada imediatamente,
devendo ser registrada no respectivo campo do sistema de compras, em que deverá
conter a motivação da interposição.

8. COMISSÃO DE LICITAÇÃO.
A comissão terá como funções receber, examinar e julgar todos os documentos e
procedimentos relativos às licitações e ao cadastramento de licitantes, podendo ser
instituída de forma permanente ou apenas para um certame específico. Neste último
caso será denominada comissão especial.
Comissão especial - é aquela designada para determinada licitação.
Comissão permanente – é a responsável por todas as licitações daquele órgão no
período de sua investidura, por até um ano. Esta é mais frequente.
Como regra, a comissão será composta por, no mínimo, três membros, sendo pelo
menos dois deles servidores qualificados pertencentes aos quadros permanentes dos
órgãos da Administração responsáveis pela licitação.
Casos excepcionais:
Convite: nas pequenas unidades administrativas e caso a designação de 3 pessoas possa
causar prejuízo ao andamento do órgão, a comissão poderá ser substituída por um único
servidor formalmente designado pela autoridade competente, desde que efetivo.
Concurso: não precisa ser composta necessariamente por servidores públicos, mas deve
ser integrada por pessoas de reputação ilibada e reconhecido conhecimento da matéria
do certame.
Leilão: Não haverá uma comissão e sim um leiloeiro (oficial ou servidor público
designado.
Pregão: Por pregoeiro, que deve ser um servidor público efetivo previamente
qualificado para a função. Ele pode ser acompanhado por uma comissão de apoio,
integrada por servidores ocupantes de cargos efetivos
Art. 3.º, IV, Lei 10.520/2002. A autoridade competente designará, dentre os servidores do
órgão ou entidade promotora da licitação, o pregoeiro e respectiva equipe de apoio, cuja
atribuição inclui, dentre outras, o recebimento das propostas e lances, a análise de sua
aceitabilidade e sua classificação, bem como a habilitação e a adjudicação do objeto do
certame ao licitante vencedor.
Duração do mandato dos membros da comissão: No máximo um ano, sendo vedada
a recondução da totalidade de seus membros para a mesma comissão no período
subsequente. Em outras palavras, a cada novo período deverá existir a troca de, pelo
menos, um dos membros.
Responsabilidade dos membros em relação aos atos praticados pela comissão:
Como regra, a responsabilidade será solidária, ou seja, todos os membros serão
responsabilizados pelas irregularidades praticadas pela comissão, salvo se a posição
individual divergente estiver devidamente fundamentada e registrada em ata lavrada na
reunião em que tiver sido tomada a decisão.

9. INTERVALO MÍNIMO.
O prazo previsto na lei é MÍNIMO, então é possível a previsão de um prazo maior.
Importante saber também que qualquer alteração no edital que modifique as obrigações
da licitação ou a formulação das propostas exige a reabertura do prazo de intervalo
mínimo, para que os licitantes de adequem às novas regras (§ 4°, do art. 21, da Lei n.
8.666/93).
Além disso, lembrar que se o prazo for contado em dias úteis, isto estará previsto em lei.
Nada sendo indicado, os prazos são em dias corridos, excluindo-se o dia do início e
incluindo-se o dia do final, sendo sempre prorrogados o início e o término para o dia útil
subsequente, caso ocorra em dia não útil.
Entendidas estas regras, podemos dizer então que o INTERVALO MÍNIMO é o tempo
mínimo que a administração poderá prever como prazo entre a última publicação do
instrumento convocatório e a data da abertura dos envelopes de documentos e
propostas.
OBS: a não observância do prazo mínimo pode levar a licitação a ser considerada
fraudulenta.
Prazos de intervalo mínimo:
a) Concorrência:
45 dias para concorrência do tipo melhor técnica ou técnica e preço.
30 dias para concorrência do tipo menor preço ou maior lance.
b) Tomada de preços:
30 dias para melhor técnica e técnica e preço.
15 dias para menor preço e maior lance.
c) Convite:
5 dias úteis para qualquer tipo.
d) Concurso:
45 dias.
e) Leilão:
15 dias.
f) Pregão:
8 dias úteis.

10. PROCEDIMENTO DAS LICITAÇÕES.


Procedimento é a sucessão de atos que visa uma decisão final.
Uma licitação possui a fase de início, com a abertura do processo administrativo,
chamada de fase interna, e termina com a declaração do vencedor, na fase externa. Cada
fase tem etapas e as veremos agora, tendo por base a concorrência por ser o
procedimento mais abrangente. Após, serão apontadas as diferenças de cada uma as
outras modalidades.

10.1. CONCORRÊNCIA.
Fase interna.
A licitação começa com o ato que instaura o procedimento administrativo, dando início
ao que se convencionou chamar de fase interna da licitação. Nesse momento, o
procedimento licitatório já está formalmente iniciado, tendo sido atribuído um número
ao processo administrativo, que deve ser autuado, protocolizado, conter a autorização
respectiva, a indicação do seu objeto e do recurso próprio para a despesa, além da
explicação de que serão juntados oportunamente todos os atos da administração e dos
licitantes, como edital, propostas, atas, pareceres, recursos etc. Esta é a chamada FASE
INTERNA da licitação e tem previsão no art. 38, da Lei 8.666/93:
Art. 38. O procedimento da licitação será iniciado com a abertura de processo
administrativo, devidamente autuado, protocolado e numerado, contendo a autorização
respectiva, a indicação sucinta de seu objeto e do recurso próprio para a despesa, e ao qual
serão juntados oportunamente:
I - edital ou convite e respectivos anexos, quando for o caso; II - comprovante das
publicações do edital resumido, na forma do art. 21 desta Lei, ou da entrega do convite;
III - ato de designação da comissão de licitação, do leiloeiro administrativo ou oficial, ou
do responsável pelo convite; IV - original das propostas e dos documentos que as
instruírem;
V - atas, relatórios e deliberações da Comissão Julgadora; VI - pareceres técnicos ou
jurídicos emitidos sobre a licitação, dispensa ou inexigibilidade; VII - atos de adjudicação
do objeto da licitação e da sua homologação; VIII - recursos eventualmente apresentados
pelos licitantes e respectivas manifestações e decisões; IX - despacho de anulação ou de
revogação da licitação, quando for o caso, fundamentado circunstanciadamente; X - termo
de contrato ou instrumento equivalente, conforme o caso; XI - outros comprovantes de
publicações;
XII - demais documentos relativos à licitação.
Parágrafo único. As minutas de editais de licitação, bem como as dos contratos, acordos,
convênios ou ajustes devem ser previamente examinadas e aprovadas por assessoria
jurídica da Administração.

Esta fase interna contará com:


a) exposição de motivos (razões e necessidades que levam a Administração a contratar);
b) dotação orçamentária (basta existir a previsão orçamentária, não a disponibilidade
financeira);
c) formação da comissão (no mínimo 3 membros, sendo 2 servidores do quadro e ainda
qualificados);
d) aprovação do projeto básico para o caso de execução de obras;
e) minuta do edital, que será encaminhado ao órgão de consultoria jurídica para
aprovação, com os critérios mínimos do art. 40 da Lei 8666/93, acompanhada do
contrato a ser celebrado.
Art. 40. O edital conterá no preâmbulo o número de ordem em série anual, o nome da
repartição interessada e de seu setor, a modalidade, o regime de execução e o tipo da
licitação, a menção de que será regida por esta Lei, o local, dia e hora para recebimento da
documentação e proposta, bem como para início da abertura dos envelopes, e indicará,
obrigatoriamente, o seguinte:
(...)
§ 5º. A Administração Pública poderá, nos editais de licitação para a contratação de
serviços, exigir da contratada que um percentual mínimo de sua mão de obra seja oriundo
ou egresso do sistema prisional, com finalidade de ressocialização do reeducando, na forma
estabelecida em regulamento.
f) Audiência Pública: para as licitações realizadas com o fim de celebração de
contratos de valores muito altos, é definida em lei a obrigatoriedade de realização de
audiência pública à qual será dada ampla publicidade. Isso acontece sempre que o valor
estimado para uma licitação ou para um conjunto de licitações for superior a 100 vezes
o limite mínimo definido para a concorrência, no art. 23, I, “c”, da Lei 8.666/93, ou seja,
R$ 330.000.000,00 (trezentos e trinta milhões de reais).
Art. 39. Sempre que o valor estimado para uma licitação ou para um conjunto de licitações
simultâneas ou sucessivas for superior a 100 (cem) vezes o limite previsto no art. 23, inciso
I, alínea "c" desta Lei, o processo licitatório será iniciado, obrigatoriamente, com uma
audiência pública concedida pela autoridade responsável com antecedência mínima de 15
(quinze) dias úteis da data prevista para a publicação do edital, e divulgada, com a
antecedência mínima de 10 (dez) dias úteis de sua realização, pelos mesmos meios
previstos para a publicidade da licitação, à qual terão acesso e direito a todas as
informações pertinentes e a se manifestar todos os interessados.
Parágrafo único. Para os fins deste artigo, consideram-se licitações simultâneas aquelas
com objetos similares e com realização prevista para intervalos não superiores a trinta dias
e licitações sucessivas aquelas em que, também com objetos similares, o edital subseqüente
tenha uma data anterior a cento e vinte dias após o término do contrato resultante da
licitação antecedente.
Fase Externa (edital, habilitação, julgamento, homologação e adjudicação).
Inicia-se essa fase com a publicação do edital, feita em diário oficial e em jornal de
grande circulação.
Com a publicação, a Administração Pública marca uma data para que sejam abertos os
envelopes de documentação dos licitantes e propostas, devendo respeitar o prazo
mínimo que já vimos antes (45 ou 30 dias).
Inicia-se a contagem do prazo para a impugnação administrativa do edital (art. 41, §§1°
e 2°, da Lei 8.666/93). Os cidadãos terão até o 5.º dia útil anterior à data de abertura das
propostas para realizar a impugnação e os licitantes terão um prazo maior, pois poderão
demonstrar a sua insatisfação até o 2.º dia útil anterior. CUIDAR QUE O PRAZO
AQUI É DE TRÁS PARA FRENTE!
Habilitação - É a fase de análise da documentação dos licitantes a fim de verificar se
têm qualificação para contratar com o Poder Público (art. 27, da Lei 8666/93). Exige-se
dos interessados, exclusivamente, documentação relativa a: I - habilitação jurídica; II -
qualificação técnica; III - qualificação econômico-financeira; IV - regularidade fiscal e
trabalhista e V - cumprimento do disposto no inciso XXXIII, do art. 7º, da CF
(proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de
qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir
de quatorze anos).
Habilitação jurídica está prevista no art. 28 (cnpj, registro, ato constitutivo etc).
Qualificação técnica é a aptidão para o desempenho de atividade compatível com o
objeto da licitação (instalações, equipamentos, quadro de funcionários etc).
Qualificação econômico-financeira (art. 31) é o balanço patrimonial e certidão negativa
de falência ou recuperação judicial.
Regularidade fiscal e trabalhista é estar em dia com o fisco, INSS, FGTS e Justiça do
Trabalho.
Cumprir a previsão do art. 7º, XXXIII, CF é não ter menor de 18 anos em trabalho
insalubre, perigoso ou noturno ou qualquer menor de 16 para outros trabalhos, exceto a
partir dos 14 para o aprendiz.
OBS: a LC 123/06, nos arts. 42 e 43, permite que Micro e EPP participem ainda que
não tenham regularidade fiscal e trabalhista. Sendo vencedores, terão 5 dias úteis,
prorrogáveis por igual período, para a regularização da documentação, pagamento ou
parcelamento do débito e emissão de eventuais certidões negativas.
Divulgada a decisão final acerca da habilitação e inabilitação de licitantes, o prazo para
que os interessados interponham Recurso com a intenção de modificar o quanto
decidido é de 5 (cinco) dias úteis e este recurso terá efeito suspensivo, conforme
disposto expressamente no art. 109, I, e art. 109, § 2º, da Lei 8.666/93.
LICITAÇÃO FRACASSADA: caso todos os licitantes forem inabilitados, por não se
adequarem a alguma das normas estipuladas em lei.
Art. 48, § 3.º, Lei 8.666/1993. Quando todos os licitantes forem inabilitados ou todas as
propostas forem desclassificadas, a administração poderá fixar aos licitantes o prazo de oito
dias úteis para a apresentação de nova documentação ou de outras propostas escoimadas
das causas referidas neste artigo, facultada, no caso de convite, a redução deste prazo para
três dias úteis.
LICITAÇÃO DESERTA: não aparece nenhum interessado para se inscrever no
procedimento licitatório.
Art. 24. É dispensável a licitação:
V - quando não acudirem interessados à licitação anterior e esta, justificadamente, não
puder ser repetida sem prejuízo para a Administração, mantidas, neste caso, todas as
condições preestabelecidas;
Julgamento - É a fase da abertura dos envelopes com as propostas das empresas
habilitadas. Consiste na avaliação da regularidade formal e material das propostas
segundo critérios do edital. A classificação é feita em ordem de vantagem de acordo
com o tipo de licitação.
Se forem todos os licitantes desclassificados, a administração concederá o prazo de 8
dias úteis para que apresentem novas propostas, conforme art. 48, § 3º, já citado acima.
Caso exista um empate, a comissão deverá proceder ao desempate assegurando a
preferência, sucessivamente, aos bens e serviços:
a) Produzidos no País.
b) Produzidos ou prestados por empresas brasileiras.
c) Produzidos ou prestados por empresas que invistam em pesquisa e no
desenvolvimento de tecnologia no País.
d) Produzidos ou prestados por empresas que comprovem cumprimento de reserva de
cargos prevista em lei para pessoa com deficiência ou para reabilitado da previdência
social e que atendam às regras de acessibilidade previstas na legislação.
Homologação - A homologação é a fase em que se analisam a legalidade e a
conveniência do procedimento licitatório. Não existindo problemas, o certame será
homologado e seguirá para sua última etapa (adjudicação).
Adjudicação - É o ato por meio do qual se atribui ao vencedor o objeto da licitação,
dando fim ao procedimento licitatório.
OBS: Adjudicar não é contratar, é declarar oficialmente o vencedor da licitação.
O vencedor não tem direito subjetivo à contratação, mas por óbvio, caso a
Administração contrate, só pode fazer isso com o vencedor. É por isso que se diz que a
adjudicação tem força vinculante (Princípio da Adjudicação Compulsória).
O licitante fica vinculado à proposta apresentada pelo prazo de 60 (sessenta) dias,
contados da apresentação da proposta.
Caso o vencedor não possa contratar, o Estado só poderá celebrar o contrato, nos termos
da proposta vencedora, chamando os demais licitantes na ordem de classificação.
Os demais licitantes não estão obrigados a aceitar a celebração do contrato nos moldes
da proposta apresentada pelo vencedor e, não havendo interessados, o procedimento
será revogado, com a realização de nova licitação, caso o Poder Público ainda tenha
interesse na celebração deste contrato.

10.2. TOMADA DE PREÇOS.


Tem o mesmo procedimento da concorrência, exceto que não existe a fase de
habilitação, pois, conforme já vimos antes, nesta modalidade os licitantes já estão
previamente cadastrados.
Portanto, após o edital já vem o julgamento, homologação e adjudicação.

10.3. CONVITE.
Não há publicação do edital no Diário Oficial e sim o envio de carta-convite a
determinados convidados e afixada uma cópia no átrio da repartição licitante, em local
visível ao público.
Aqui o prazo para recursos é reduzido para 2 dias úteis. (concorrência e tomada de
preços são 5 dias).
Caso todos os licitantes sejam inabilitados ou desclassificadas todas as propostas
(licitação fracassada), o prazo para diligências definido no art. 48, § 3º, da Lei 8.666/93
poderá ser reduzido de 8 (oito) dias úteis para 3 (três) dias úteis para adequação ao
edital (novos documentos ou nova proposta).
A comissão de licitação pode ser substituída por apenas um servidor efetivo nas
pequenas unidades administrativas.
Também não existe a fase da habilitação porque os convites em regra são enviados a
cadastrados. Caso seja feito a pessoa não cadastrada, esta deve fazer o cadastramento
antes do procedimento.

10.4. CONCURSO E LEILÃO.


O concurso tem o procedimento definido no próprio edital, devendo respeitar o prazo de
intervalo mínimo de 45 dias. Além disso, a comissão de licitação especial.
O leilão é realizado pelo leiloeiro e tem intervalo mínimo de 15 dias.

10.5. PREGÃO.
Tem procedimento previsto na Lei 10.520/2020, cuja finalidade é a celeridade da
licitação (eficiência).
Lembrar do seguinte: a) o pregão é para aquisição de bens e serviços comuns, que são
definidos em lei como aqueles cujos padrões de desempenho e qualidade possam ser
objetivamente definidos pelo edital, por meio de especificações usuais no mercado; b)
tipo é sempre menor preço.
Características:
Inversão de fases: primeiro o julgamento das propostas e depois a habilitação.
Uma licitação com 30 interessados, se for a concorrência, a Administração deve analisar
as 30 documentações e depois de verificar quem está habilitado, fazer o julgamento.
Se for o pregão, já faz primeiro o julgamento e observa a habilitação apenas do primeiro
colocado. Caso ele não esteja habilitado, passa para o segundo, terceiro etc.
Julgamento – são selecionadas as melhores propostas e depois disso a disputa é em
sessão pública, com lances verbais.
As propostas selecionadas são a do menor preço e todas as outras que não ultrapassem
10% do valor da primeira. Caso não exista outra oferta nesse parâmetro, é obrigatório
passarem mais 2 propostas pelo menos, para completar o mínimo de 3 na disputa final.
Exemplo: pregão para comprar galões de água. O menor preço foi R$ 10,00. Se
existirem mais 5 propostas até R$ 11,00, vão todas para os lances verbais. Se existir só
uma de R$ 10,50 e todas as outras acima de R$ 11,00, a mais próxima a esse valor tem
que ser chamada para completar o mínimo de 3.
Adjudicação e homologação - Também invertem as fases da homologação e da
adjudicação. No pregão primeiro adjudica e depois homologa.
Recurso – qualquer licitante pode recorrer, mas tem que fazer isso imediatamente,
sendo aberto prazo para as razões do recurso por 3 dias.
Art. 4.º, XVIII, Lei 10.520/2002 – declarado o vencedor, qualquer licitante poderá
manifestar imediata e motivadamente a intenção de recorrer, quando lhe será concedido o
prazo de 3 (três) dias para apresentação das razões do recurso, ficando os demais licitantes
desde logo intimados para apresentar contrarrazões em igual número de dias, que
começarão a correr do término do prazo do recorrente, sendo-lhes assegurada vista imediata
dos autos.
Penalidade – se um licitante cometer irregularidade (as do art. 7º), poderá o Poder
Público, após o devido processo legal, punir o faltoso com o descredenciamento e com a
impossibilidade de licitar e contratar a União, Estados, Distrito Federal e Municípios
pelo prazo de até cinco anos.
Art. 7.º, Lei 10.520/2002. Quem, convocado dentro do prazo de validade da sua proposta,
não celebrar o contrato, deixar de entregar ou apresentar documentação falsa exigida para o
certame, ensejar o retardamento da execução de seu objeto, não mantiver a proposta, falhar
ou fraudar na execução do contrato, comportar-se de modo inidôneo ou cometer fraude
fiscal, ficará impedido de licitar e contratar com a União, Estados, Distrito Federal ou
Municípios e, será descredenciado no Sicaf, ou nos sistemas de cadastramento de
fornecedores a que se refere o inciso XIV do art. 4o desta Lei, pelo prazo de até 5 (cinco)
anos, sem prejuízo das multas previstas em edital e no contrato e das demais cominações
legais.
Procedimento do pregão eletrônico – sem a presença física dos licitantes, mas igual
no restante.

11. REGRAS PARA MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE.


A Lei Complementar 123/06, além daquele tratamento diferenciado a respeito da
comprovação da regularidade fiscal e trabalhista que já vimos acima, definiu que nos
itens de contratação até R$ 80 mil, deve ser realizada a licitação apenas para essas
empresas.
Prevê também que se for acima desse valor, mas de natureza divisível (por itens), deve
ficar uma cota de 25% para as microempresas e EPP. Elas podem participar do todo,
mas obrigatoriamente, 25% fica reservado só para elas.
A Administração Pública pode deixar no edital, nas licitações para aquisição de obras e
serviços, a exigência de subcontratação de microempresa e EPP pelo vencedor.
Por fim, na dispensa de licitação pelo valor do contrato (art. 24, I e II), a compra deve
ser feita preferencialmente de micro e EPP.

12. REGISTRO DE PREÇOS.


Casos em que o a licitação é feita com a finalidade de registrar os preços, para o caso de
eventual contratação posterior. Acontece quando a administração entende que um bem
ou serviço é adquirido com muita frequência e, por isso, tem interesse em deixar um
registro, no órgão, com o eventual fornecedor deste bem ou serviço.
A ata de registro de preço é válida por 1 ano e deve ser realizado um novo procedimento
licitatório após esse prazo, sendo que na vigência, a proposta selecionada fica à
disposição da Administração Pública, que poderá adquirir o bem selecionado quantas
vezes ela precisar, desde que não ultrapasse o quantitativo licitado.
Essa licitação não obriga a Administração a contratar com o vencedor, pois nem se sabe
da existência de dotação orçamentária para celebração do contrato. O vencedor não tem
a garantia de que se o Estado for contratar, irá contratar com ele. O registro de preço
não vincula a Administração Pública ao vencedor de nenhuma forma. O instituto está
previsto no art. 15, da Lei 8.666/93.

13. CONTRATAÇÃO DIRETA.


A lei criou hipóteses de casos de não realização da licitação, tornando-a dispensada,
dispensável ou inexigível.
“identifica-se a necessidade, motiva-se a contratação, para, então, partir-se para a
verificação da melhor forma de sua prestação. Ou seja, a decisão pela contratação direta,
por inexigibilidade ou dispensa, é posterior a toda uma etapa preparatória que deve ser a
mesma para qualquer caso. A impossibilidade ou a identificação da possibilidade da
contratação direta, como a melhor opção para a administração, só surge após a etapa inicial
de estudos. Como a regra geral é a licitação, a sua dispensa ou inexigibilidade configuram
exceções. Como tal, portanto, não podem ser adotadas antes das pesquisas e estudos que
permitam chegar a essa conclusão” (TCU, Acórdão n. 994/2006, Plenário, rel. Min.
Ubiratan Aguiar, DOU 26-6-2006).

13.1. Inexigibilidade de licitação – sempre que a competição for impossível/inviável.


A previsão consta no art. 25 da Lei 8.666/1993 (rol exemplificativo):
I - Para a aquisição de materiais, equipamentos, ou gêneros que só possam ser
fornecidos por produtor, empresa ou representante comercial exclusivo, vedada a
preferência de marca, devendo a comprovação de exclusividade ser feita por meio de
atestado fornecido pelo órgão de registro do comércio do local em que se realizaria a
licitação ou a obra ou o serviço, pelo Sindicato, Federação ou Confederação Patronal,
ou, ainda, pelas entidades equivalentes.
Exemplo: a vacina do covid-19, caso seja elaborada pelo laboratório X e nenhum outro
tenha autorização dele para fabricar ou não tenha outra cura conhecida.
b) Para a contratação de serviços técnicos enumerados no art. 13, de natureza
singular, com profissionais ou empresas de notória especialização, vedada a
inexigibilidade para serviços de publicidade e divulgação.
Exemplo: Contratar um profissional para restaurar as obras de Zumblick. Se existe
alguém especializado e já reconhecido por ter feito isso em algumas obras dele, então
poderá ser contratado sem licitação pela característica do serviço realizado. Podemos
pensar também numa praça projetada por Niemeyer, que por óbvio não teve concorrente
e serve de exemplo para licitação inexigível.
Obs.: a inexigibilidade não pode ser utilizada para a contratação de serviços de
publicidade e divulgação.
c) Para a contratação de profissional de qualquer setor artístico, diretamente ou por
intermédio de empresário exclusivo, desde que consagrado pela crítica especializada ou
pela opinião pública.
Exemplo: contratar cantores renomados.

13.2. Dispensa de licitação – casos em que apesar de possível, o legislador entendeu


não ser razoável licitar.
São casos taxativos previstos no art. 17 (licitação dispensada) e 24 (licitação
dispensável).
Nos casos do art. 17, a Administração Pública não pode emitir juízo de valor e é
imperativa a contratação direta por determinação legal. É dispensa vinculada e cuida
de alienações de bens públicos imóveis no inciso I e móveis no inciso II.
Art. 17. A alienação de bens da Administração Pública, subordinada à existência de
interesse público devidamente justificado, será precedida de avaliação e obedecerá às
seguintes normas:
I - quando imóveis, dependerá de autorização legislativa para órgãos da administração
direta e entidades autárquicas e fundacionais, e, para todos, inclusive as entidades
paraestatais, dependerá de avaliação prévia e de licitação na modalidade de concorrência,
dispensada esta nos seguintes casos:
a) dação em pagamento; b) doação, permitida exclusivamente para outro órgão ou entidade
da administração pública, de qualquer esfera de governo, ressalvado o disposto nas
alíneas f, h e i; c) permuta, por outro imóvel que atenda aos requisitos constantes do inciso
X do art. 24 desta Lei; d) investidura (VER § 3º); e) venda a outro órgão ou entidade da
administração pública, de qualquer esfera de governo; f) alienação gratuita ou onerosa,
aforamento, concessão de direito real de uso, locação ou permissão de uso de bens imóveis
residenciais construídos, destinados ou efetivamente utilizados no âmbito de programas
habitacionais ou de regularização fundiária de interesse social desenvolvidos por órgãos ou
entidades da administração pública; g) procedimentos de legitimação de posse de que trata
o art. 29 da Lei no 6.383, de 7 de dezembro de 1976 , mediante iniciativa e deliberação dos
órgãos da Administração Pública em cuja competência legal inclua-se tal atribuição; h)
alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de direito real de uso, locação ou
permissão de uso de bens imóveis de uso comercial de âmbito local com área de até 250 m²
(duzentos e cinqüenta metros quadrados) e inseridos no âmbito de programas de
regularização fundiária de interesse social desenvolvidos por órgãos ou entidades da
administração pública; i) alienação e concessão de direito real de uso, gratuita ou onerosa,
de terras públicas rurais da União e do Incra, onde incidam ocupações até o limite de que
trata o § 1o do art. 6o da Lei no 11.952, de 25 de junho de 2009, para fins de regularização
fundiária, atendidos os requisitos legais; e
II - quando móveis, dependerá de avaliação prévia e de licitação, dispensada esta nos
seguintes casos:
a) doação, permitida exclusivamente para fins e uso de interesse social, após avaliação de
sua oportunidade e conveniência sócio-econômica, relativamente à escolha de outra forma
de alienação; b) permuta, permitida exclusivamente entre órgãos ou entidades da
Administração Pública; c) venda de ações, que poderão ser negociadas em bolsa, observada
a legislação específica; d) venda de títulos, na forma da legislação pertinente; e) venda de
bens produzidos ou comercializados por órgãos ou entidades da Administração Pública, em
virtude de suas finalidades; f) venda de materiais e equipamentos para outros órgãos ou
entidades da Administração Pública, sem utilização previsível por quem deles dispõe.
§ 3o Entende-se por investidura, para os fins desta lei:
I - a alienação aos proprietários de imóveis lindeiros de área remanescente ou resultante de
obra pública, área esta que se tornar inaproveitável isoladamente, por preço nunca inferior
ao da avaliação e desde que esse não ultrapasse a 50% (cinqüenta por cento) do valor
constante da alínea "a" do inciso II do art. 23 desta lei;
II - a alienação, aos legítimos possuidores diretos ou, na falta destes, ao Poder Público, de
imóveis para fins residenciais construídos em núcleos urbanos anexos a usinas hidrelétricas,
desde que considerados dispensáveis na fase de operação dessas unidades e não integrem a
categoria de bens reversíveis ao final da concessão.
No art. 24 as hipóteses são discricionárias e deixam ao administrador a escolha de
contratar direto ou por licitação, por isso a doutrina fala em dispensável.
Art. 24. É dispensável a licitação:
I - para obras e serviços de engenharia de valor até 10% (dez por cento) do limite previsto
na alínea "a", do inciso I do artigo anterior, desde que não se refiram a parcelas de uma
mesma obra ou serviço ou ainda para obras e serviços da mesma natureza e no mesmo local
que possam ser realizadas conjunta e concomitantemente;
II - para outros serviços e compras de valor até 10% (dez por cento) do limite previsto na
alínea "a", do inciso II do artigo anterior e para alienações, nos casos previstos nesta Lei,
desde que não se refiram a parcelas de um mesmo serviço, compra ou alienação de maior
vulto que possa ser realizada de uma só vez;
Estes dois primeiros incisos tratam da dispensa de licitação em virtude do baixo valor
envolvido na futura contratação, aquele que não ultrapassa 10% do limite máximo
instituído para a modalidade convite.
Resumindo:
Obras e serviços de engenharia – baixo valor = até R$ 33.000,00
Tudo que não envolva engenharia – baixo valor = até R$ 17.600,00
Obs.: caso a licitação seja para compras, obras e serviços contratados por consórcios
públicos, sociedade de economia mista, empresa pública e por autarquia ou fundação
qualificadas, na forma da lei, como Agências Executivas, o limite para a dispensa será
de até 20% do valor máximo instituído para a modalidade convite.
Obs.2. A Medida Provisória nº 961/2020, adequou os limites de dispensa de
licitação durante a pandemia do coronavírus, modificando os valores acima para
R$ 100 mil e R$ 50 mil, respectivamente.
III - nos casos de guerra ou grave perturbação da ordem;
IV - nos casos de emergência ou de calamidade pública, quando caracterizada urgência de
atendimento de situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de
pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou particulares, e somente
para os bens necessários ao atendimento da situação emergencial ou calamitosa e para as
parcelas de obras e serviços que possam ser concluídas no prazo máximo de 180 (cento e
oitenta) dias consecutivos e ininterruptos, contados da ocorrência da emergência ou
calamidade, vedada a prorrogação dos respectivos contratos;
V - quando não acudirem interessados à licitação anterior e esta, justificadamente, não
puder ser repetida sem prejuízo para a Administração, mantidas, neste caso, todas as
condições preestabelecidas;
VI - quando a União tiver que intervir no domínio econômico para regular preços ou
normalizar o abastecimento;
VII - quando as propostas apresentadas consignarem preços manifestamente superiores aos
praticados no mercado nacional, ou forem incompatíveis com os fixados pelos órgãos
oficiais competentes, casos em que, observado o parágrafo único do art. 48 desta Lei e,
persistindo a situação, será admitida a adjudicação direta dos bens ou serviços, por valor
não superior ao constante do registro de preços, ou dos serviços;
VIII - para a aquisição, por pessoa jurídica de direito público interno, de bens produzidos
ou serviços prestados por órgão ou entidade que integre a Administração Pública e que
tenha sido criado para esse fim específico em data anterior à vigência desta Lei, desde que
o preço contratado seja compatível com o praticado no mercado;
IX - quando houver possibilidade de comprometimento da segurança nacional, nos casos
estabelecidos em decreto do Presidente da República, ouvido o Conselho de Defesa
Nacional;
X - para a compra ou locação de imóvel destinado ao atendimento das finalidades precípuas
da administração, cujas necessidades de instalação e localização condicionem a sua escolha,
desde que o preço seja compatível com o valor de mercado, segundo avaliação prévia;
XI - na contratação de remanescente de obra, serviço ou fornecimento, em conseqüência de
rescisão contratual, desde que atendida a ordem de classificação da licitação anterior e
aceitas as mesmas condições oferecidas pelo licitante vencedor, inclusive quanto ao preço,
devidamente corrigido;
XII - nas compras de hortifrutigranjeiros, pão e outros gêneros perecíveis, no tempo
necessário para a realização dos processos licitatórios correspondentes, realizadas
diretamente com base no preço do dia;
XIII - na contratação de instituição brasileira incumbida regimental ou estatutariamente da
pesquisa, do ensino ou do desenvolvimento institucional, ou de instituição dedicada à
recuperação social do preso, desde que a contratada detenha inquestionável reputação ético-
profissional e não tenha fins lucrativos;
XIV - para a aquisição de bens ou serviços nos termos de acordo internacional específico
aprovado pelo Congresso Nacional, quando as condições ofertadas forem manifestamente
vantajosas para o Poder Público;
XV - para a aquisição ou restauração de obras de arte e objetos históricos, de autenticidade
certificada, desde que compatíveis ou inerentes às finalidades do órgão ou entidade.
XVI - para a impressão dos diários oficiais, de formulários padronizados de uso da
administração, e de edições técnicas oficiais, bem como para prestação de serviços de
informática a pessoa jurídica de direito público interno, por órgãos ou entidades que
integrem a Administração Pública, criados para esse fim específico;
XVII - para a aquisição de componentes ou peças de origem nacional ou estrangeira,
necessários à manutenção de equipamentos durante o período de garantia técnica, junto ao
fornecedor original desses equipamentos, quando tal condição de exclusividade for
indispensável para a vigência da garantia;
XVIII - nas compras ou contratações de serviços para o abastecimento de navios,
embarcações, unidades aéreas ou tropas e seus meios de deslocamento quando em estada
eventual de curta duração em portos, aeroportos ou localidades diferentes de suas sedes, por
motivo de movimentação operacional ou de adestramento, quando a exiguidade dos prazos
legais puder comprometer a normalidade e os propósitos das operações e desde que seu
valor não exceda ao limite previsto na alínea "a" do inciso II do art. 23 desta Lei:
XIX - para as compras de material de uso pelas Forças Armadas, com exceção de materiais
de uso pessoal e administrativo, quando houver necessidade de manter a padronização
requerida pela estrutura de apoio logístico dos meios navais, aéreos e terrestres, mediante
parecer de comissão instituída por decreto;
XX - na contratação de associação de portadores de deficiência física, sem fins lucrativos e
de comprovada idoneidade, por órgãos ou entidades da Admininistração Pública, para a
prestação de serviços ou fornecimento de mão-de-obra, desde que o preço contratado seja
compatível com o praticado no mercado.
XXI - para a aquisição ou contratação de produto para pesquisa e desenvolvimento,
limitada, no caso de obras e serviços de engenharia, a 20% (vinte por cento) do valor de
que trata a alínea “b” do inciso I do caput do art. 23;
XXII - na contratação de fornecimento ou suprimento de energia elétrica e gás natural com
concessionário, permissionário ou autorizado, segundo as normas da legislação
específica;
XXIII - na contratação realizada por empresa pública ou sociedade de economia mista com
suas subsidiárias e controladas, para a aquisição ou alienação de bens, prestação ou
obtenção de serviços, desde que o preço contratado seja compatível com o praticado no
mercado.
XXIV - para a celebração de contratos de prestação de serviços com as organizações
sociais, qualificadas no âmbito das respectivas esferas de governo, para atividades
contempladas no contrato de gestão.
XXV - na contratação realizada por Instituição Científica e Tecnológica - ICT ou por
agência de fomento para a transferência de tecnologia e para o licenciamento de direito de
uso ou de exploração de criação protegida.
XXVI – na celebração de contrato de programa com ente da Federação ou com entidade de
sua administração indireta, para a prestação de serviços públicos de forma associada nos
termos do autorizado em contrato de consórcio público ou em convênio de
cooperação.
XXVII - na contratação da coleta, processamento e comercialização de resíduos sólidos
urbanos recicláveis ou reutilizáveis, em áreas com sistema de coleta seletiva de lixo,
efetuados por associações ou cooperativas formadas exclusivamente por pessoas físicas de
baixa renda reconhecidas pelo poder público como catadores de materiais recicláveis, com
o uso de equipamentos compatíveis com as normas técnicas, ambientais e de saúde
pública.
XXVIII – para o fornecimento de bens e serviços, produzidos ou prestados no País, que
envolvam, cumulativamente, alta complexidade tecnológica e defesa nacional, mediante
parecer de comissão especialmente designada pela autoridade máxima do órgão.
XXIX – na aquisição de bens e contratação de serviços para atender aos contingentes
militares das Forças Singulares brasileiras empregadas em operações de paz no exterior,
necessariamente justificadas quanto ao preço e à escolha do fornecedor ou executante e
ratificadas pelo Comandante da Força.
XXX - na contratação de instituição ou organização, pública ou privada, com ou sem fins
lucrativos, para a prestação de serviços de assistência técnica e extensão rural no âmbito do
Programa Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural na Agricultura Familiar e na
Reforma Agrária, instituído por lei federal.
XXXI - nas contratações visando ao cumprimento do disposto nos arts. 3 o, 4o, 5o e 20 da Lei
no 10.973, de 2 de dezembro de 2004, observados os princípios gerais de contratação dela
constantes.
XXXII - na contratação em que houver transferência de tecnologia de produtos estratégicos
para o Sistema Único de Saúde - SUS, no âmbito da Lei n o 8.080, de 19 de setembro de
1990, conforme elencados em ato da direção nacional do SUS, inclusive por ocasião da
aquisição destes produtos durante as etapas de absorção tecnológica.
XXXIII - na contratação de entidades privadas sem fins lucrativos, para a implementação
de cisternas ou outras tecnologias sociais de acesso à água para consumo humano e
produção de alimentos, para beneficiar as famílias rurais de baixa renda atingidas pela seca
ou falta regular de água.
XXXIV - para a aquisição por pessoa jurídica de direito público interno de insumos
estratégicos para a saúde produzidos ou distribuídos por fundação que, regimental ou
estatutariamente, tenha por finalidade apoiar órgão da administração pública direta, sua
autarquia ou fundação em projetos de ensino, pesquisa, extensão, desenvolvimento
institucional, científico e tecnológico e estímulo à inovação, inclusive na gestão
administrativa e financeira necessária à execução desses projetos, ou em parcerias que
envolvam transferência de tecnologia de produtos estratégicos para o Sistema Único de
Saúde – SUS, nos termos do inciso XXXII deste artigo, e que tenha sido criada para esse
fim específico em data anterior à vigência desta Lei, desde que o preço contratado seja
compatível com o praticado no mercado.
XXXV - para a construção, a ampliação, a reforma e o aprimoramento de estabelecimentos
penais, desde que configurada situação de grave e iminente risco à segurança
pública.
§ 1o Os percentuais referidos nos incisos I e II do caput deste artigo serão 20% (vinte por
cento) para compras, obras e serviços contratados por consórcios públicos, sociedade de
economia mista, empresa pública e por autarquia ou fundação qualificadas, na forma da lei,
como Agências Executivas.
§ 2o O limite temporal de criação do órgão ou entidade que integre a administração pública
estabelecido no inciso VIII do caput deste artigo não se aplica aos órgãos ou entidades que
produzem produtos estratégicos para o SUS, no âmbito da Lei n o 8.080, de 19 de setembro
de 1990, conforme elencados em ato da direção nacional do SUS.
§ 3o A hipótese de dispensa prevista no inciso XXI do caput, quando aplicada a obras e
serviços de engenharia, seguirá procedimentos especiais instituídos em regulamentação
específica.
§ 4o Não se aplica a vedação prevista no inciso I do caput do art. 9o à hipótese prevista no
inciso XXI do caput.

14. Regras temporárias na pandemia do Coronavírus.


Em 06/02/2020, foi promulgada a Lei nº 13.979, dispondo sobre as medidas para
enfrentamento da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente
do coronavírus, responsável pelo surto de 2019.
Trata-se de lei temporária que apresentou algumas novidades na Lei de Licitações, as
quais podem ser utilizadas em casos específicos durante o estado de pandemia,
conforme previsto expressamente no § 1º, do art. 4º (transcrito adiante) e em seu art. 8º:
Art. 8º. Esta Lei vigorará enquanto perdurar o estado de emergência de saúde internacional
decorrente do coronavírus responsável pelo surto de 2019, exceto quanto aos contratos de
que trata o art. 4º-H, que obedecerão ao prazo de vigência neles estabelecidos.
Não se mostra necessário nos aprofundarmos no tema, primeiro porque é lei temporária
e logo será retirada do mundo jurídico e segundo, porque se cair em alguma questão do
Exame de Ordem ou em algum concurso público, será apenas de texto de lei.
Art. 4º. É dispensável a licitação para aquisição de bens, serviços, inclusive de engenharia,
e insumos destinados ao enfrentamento da emergência de saúde pública de importância
internacional decorrente do coronavírus de que trata esta Lei.
§ 1º. A dispensa de licitação a que se refere o caput deste artigo é temporária e aplica-se
apenas enquanto perdurar a emergência de saúde pública de importância internacional
decorrente do coronavírus.
§ 2º Todas as contratações ou aquisições realizadas com fulcro nesta Lei serão
imediatamente disponibilizadas em sítio oficial específico na rede mundial de
computadores (internet), contendo, no que couber, além das informações previstas no § 3º
do art. 8º da Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011, o nome do contratado, o número de
sua inscrição na Receita Federal do Brasil, o prazo contratual, o valor e o respectivo
processo de contratação ou aquisição. (OBS: a lei citada é a de acesso a informações).
§ 3º. Excepcionalmente, será possível a contratação de fornecedora de bens, serviços e
insumos de empresas que estejam com inidoneidade declarada ou com o direito de
participar de licitação ou contratar com o Poder Público suspenso, quando se tratar,
comprovadamente, de única fornecedora do bem ou serviço a ser adquirido.
§ 4º Na hipótese de dispensa de licitação de que trata o caput, quando se tratar de compra
ou contratação por mais de um órgão ou entidade, o sistema de registro de preços, de que
trata o inciso II do caput do art. 15 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993 , poderá ser
utilizado.
§ 5º Na hipótese de inexistência de regulamento específico, o ente federativo poderá
aplicar o regulamento federal sobre registro de preços.
§ 6º. O órgão ou entidade gerenciador da compra estabelecerá prazo, contado da data de
divulgação da intenção de registro de preço, entre dois e quatro dias úteis, para que outros
órgãos e entidades manifestem interesse em participar do sistema de registro de preços nos
termos do disposto no § 4º e no § 5º.
Art. 4º-A. A aquisição de bens e a contratação de serviços a que se refere o caput do art. 4º
não se restringe a equipamentos novos, desde que o fornecedor se responsabilize pelas
plenas condições de uso e funcionamento do bem adquirido.
Art. 4º-B. Nas dispensas de licitação decorrentes do disposto nesta Lei, presumem-se
atendidas as condições de:
I - ocorrência de situação de emergência;
II - necessidade de pronto atendimento da situação de emergência;
III - existência de risco a segurança de pessoas, obras, prestação de serviços, equipamentos
e outros bens, públicos ou particulares; e
IV - limitação da contratação à parcela necessária ao atendimento da situação de
emergência.
Art. 4º-C. Para as contratações de bens, serviços e insumos necessários ao enfrentamento da
emergência de que trata esta Lei, não será exigida a elaboração de estudos preliminares
quando se tratar de bens e serviços comuns.
Art. 4º-D. O Gerenciamento de Riscos da contratação somente será exigível durante a
gestão do contrato.
Art. 4º-E. Nas contratações para aquisição de bens, serviços e insumos necessários ao
enfrentamento da emergência que trata esta Lei, será admitida a apresentação de termo de
referência simplificado ou de projeto básico simplificado.
§ 1º. O termo de referência simplificado ou o projeto básico simplificado a que se refere
o caput conterá:
I - declaração do objeto;
II - fundamentação simplificada da contratação;
III - descrição resumida da solução apresentada;
IV - requisitos da contratação;
V - critérios de medição e pagamento;
VI - estimativas dos preços obtidos por meio de, no mínimo, um dos seguintes
parâmetros:
a) Portal de Compras do Governo Federal;
b) pesquisa publicada em mídia especializada;
c) sítios eletrônicos especializados ou de domínio amplo;
d) contratações similares de outros entes públicos; ou
e) pesquisa realizada com os potenciais fornecedores; e
VII - adequação orçamentária.
§ 2º Excepcionalmente, mediante justificativa da autoridade competente, será dispensada a
estimativa de preços de que trata o inciso VI do caput.
§ 3º Os preços obtidos a partir da estimativa de que trata o inciso VI do caput não
impedem a contratação pelo Poder Público por valores superiores decorrentes de oscilações
ocasionadas pela variação de preços, hipótese em que deverá haver justificativa nos
autos.
Art. 4º-F. Na hipótese de haver restrição de fornecedores ou prestadores de serviço, a
autoridade competente, excepcionalmente e mediante justificativa, poderá dispensar a
apresentação de documentação relativa à regularidade fiscal e trabalhista ou, ainda, o
cumprimento de um ou mais requisitos de habilitação, ressalvados a exigência de
apresentação de prova de regularidade relativa à Seguridade Social e o cumprimento do
disposto no inciso XXXIII do caput do art. 7º da Constituição.
Art. 4º-G. Nos casos de licitação na modalidade pregão, eletrônico ou presencial, cujo
objeto seja a aquisição de bens, serviços e insumos necessários ao enfrentamento da
emergência de que trata esta Lei, os prazos dos procedimentos licitatórios serão reduzidos
pela metade.
§ 1º. Quando o prazo original de que trata o caput for número ímpar, este será arredondado
para o número inteiro antecedente.
§ 2º. Os recursos dos procedimentos licitatórios somente terão efeito devolutivo.
§ 3º. Fica dispensada a realização de audiência pública a que se refere o art. 39 da Lei nº
8.666, de 21 de junho de 1993, para as licitações de que trata o caput.
§ 4º. As licitações de que trata o caput realizadas por meio de sistema de registro de preços
serão consideradas compras nacionais, nos termos do disposto no regulamento federal,
observado o prazo estabelecido no § 6º do art. 4º.
Art. 4º-H. Os contratos regidos por esta Lei terão prazo de duração de até seis meses e
poderão ser prorrogados por períodos sucessivos, enquanto perdurar a necessidade de
enfrentamento dos efeitos da situação de emergência de saúde pública.
Art. 4º-I. Para os contratos decorrentes dos procedimentos previstos nesta Lei, a
administração pública poderá prever que os contratados fiquem obrigados a aceitar, nas
mesmas condições contratuais, acréscimos ou supressões ao objeto contratado, em até
cinquenta por cento do valor inicial atualizado do contrato.
Art. 6º-A. Ficam estabelecidos os seguintes limites para a concessão de suprimento de
fundos e por item de despesa, para as aquisições e contratações a que se refere o caput do
art. 4º, quando a movimentação for realizada por meio de Cartão de Pagamento do
Governo:
I - na execução de serviços de engenharia, o valor estabelecido na alínea “a” do inciso I do
caput do art. 23 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993; e
II - nas compras em geral e outros serviços, o valor estabelecido na alínea “a” do inciso II
do caput do art. 23 da Lei nº 8.666, de 1993.
Art. 6º-D Fica suspenso o transcurso dos prazos prescricionais para aplicação de sanções
administrativas previstas na Lei nº 8.666, de 1993, na Lei nº 10.520, de 17 de julho de
2002, e na Lei nº 12.462, de 4 de agosto de 2011.

Medida Provisória nº 961/2020. Autoriza pagamentos antecipados nas licitações e nos


contratos, adequa os limites de dispensa de licitação e amplia o uso do Regime
Diferenciado de Contratações Públicas – RDC durante o estado de calamidade pública
reconhecido pelo Decreto-Legislativo nº 6, de 20 de março de 2020.
Art. 1º Ficam autorizados à administração pública de todos os entes federativos, de todos
os Poderes e órgãos constitucionalmente autônomos:
I - a dispensa de licitação de que tratam os incisos I e II do caput do art. 24 da Lei nº 8.666,
de 21 de junho de 1993, até o limite de:
a) para obras e serviços de engenharia até R$ 100.000,00 (cem mil reais), desde que não se
refiram a parcelas de uma mesma obra ou serviço, ou, ainda, para obras e serviços da
mesma natureza e no mesmo local que possam ser realizadas conjunta e
concomitantemente; e
b) para outros serviços e compras no valor de até R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) e para
alienações, desde que não se refiram a parcelas de um mesmo serviço, compra ou alienação
de maior vulto que possa ser realizada de uma só vez;
II - o pagamento antecipado nas licitações e nos contratos pela Administração, desde que:
a) represente condição indispensável para obter o bem ou assegurar a prestação do serviço;
ou
b) propicie significativa economia de recursos; e
III - a aplicação do Regime Diferenciado de Contratações Públicas - RDC, de que trata
a Lei nº 12.462, de 4 de agosto de 2011, para licitações e contratações de quaisquer obras,
serviços, compras, alienações e locações.
§ 1º Na hipótese de que trata o inciso II do caput, a Administração deverá:
I - prever a antecipação de pagamento em edital ou em instrumento formal de adjudicação
direta; e
II - exigir a devolução integral do valor antecipado na hipótese de inexecução do objeto.
§ 2º Sem prejuízo do disposto no § 1º, a Administração poderá prever cautelas aptas a
reduzir o risco de inadimplemento contratual, tais como:
I - a comprovação da execução de parte ou de etapa inicial do objeto pelo contratado, para a
antecipação do valor remanescente;
II - a prestação de garantia nas modalidades de que trata o art. 56 da Lei nº 8.666, de 1993,
de até trinta por cento do valor do objeto;
III - a emissão de título de crédito pelo contratado;
IV - o acompanhamento da mercadoria, em qualquer momento do transporte, por
representante da Administração; e
V - a exigência de certificação do produto ou do fornecedor.
§ 3º É vedado o pagamento antecipado pela Administração na hipótese de prestação de
serviços com regime de dedicação exclusiva de mão de obra.
Art. 2º O disposto nesta Medida Provisória aplica-se aos atos realizados durante o estado
de calamidade reconhecido pelo Decreto Legislativo nº 6, de 20 de março de 2020.
Parágrafo único. O disposto nesta Medida Provisória aplica-se aos contratos firmados no
período de que trata o caput independentemente do seu prazo ou do prazo de suas
prorrogações.
Art. 3º Esta Medida Provisória entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 6 de maio de 2020; 199º da Independência e 132º da República.

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