RCL 42889 AgR - Alexandre de Moraes

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Supremo Tribunal Federal

Ementa e Acórdão

Inteiro Teor do Acórdão - Página 1 de 18

29/03/2021 PRIMEIRA TURMA

AG.REG. NA RECLAMAÇÃO 42.889 SÃO PAULO

RELATOR : MIN. ALEXANDRE DE MORAES


AGTE.(S) : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE
SÃO PAULO
AGDO.(A/S) : GERALDO VALENTIM JULIANI NOGUEIRA
ADV.(A/S) : SILENO FOGACA
INTDO.(A/S) : SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
ADV.(A/S) : SEM REPRESENTAÇÃO NOS AUTOS

Ementa: PROCESSUAL CIVIL E CONSTITUCIONAL. AGRAVO


INTERNO NA RECLAMAÇÃO. ALEGADA OFENSA AO QUE
DECIDIDO POR ESTE TRIBUNAL NOS JULGAMENTOS DAS ADC 42,
ADI 4.901, ADI 4.902, ADI 4.903 e ADI 4.937. ATO IMPUGNADO QUE
AFASTOU A EFICÁCIA DO ARTIGO 4º, I, E DO ARTIGO 61-A DA LEI
12.651/2012 AO FUNDAMENTO DE QUE EM MATÉRIA AMBIENTAL
DEVE PREVALECER O PRINCÍPIO TEMPUS REGIT ACTUM.
INEXISTÊNCIA DE QUESTÃO LEGAL OU INFRACONSTITUCIONAL
DE CONFLITO DE LEIS NO TEMPO. RECUSA FORMAL DE
APLICAÇÃO DE NORMA RECONHECIDAMENTE
CONSTITUCIONAL PELA SUPREMA CORTE. AFRONTA
CONFIGURADA. AGRAVO QUE SE NEGA PROVIMENTO.
1. O ato impugnado desrespeitou o decidido no controle
concentrado de constitucionalidade pela CORTE, ao afastar a incidência
da Lei 12.651/2012 (Novo Código Florestal), sob o fundamento de que em
matéria ambiental, deve prevalecer o princípio tempus regit actum, de
forma a não se admitir a aplicação das disposições do novo Código
Florestal a fatos pretéritos, sob pena de retrocesso ambiental (doc. 23).
2. Esta eficácia retroativa da Lei 12.651/2012, que permitiu, por força
geral dos arts. 61-A, 61-B, 61-C, 63 e 67, o reconhecimento de situações
consolidadas e a regularização ambiental de imóveis rurais a partir de
suas novas disposições, e não a partir da legislação vigente na data dos
ilícitos ambientais, é justamente um dos pontos declarados

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constitucionais no julgamentos das ADIs e da ADC indicadas como


paradigma contrariado.
3. A fixação pela lei de um fato passado como objeto da norma com
eficácia futura, como no caso dos arts. 61-A, 61-B, 61-C, 63 e 67 do Código
Florestal, apesar da especialidade e importância da temática ambiental,
foi reconhecida como constitucional pelo Supremo Tribunal Federal,
razão pela qual não se justifica seu afastamento, ainda que sob as vestes
de questão de direito intertemporal de natureza infraconstitucional.
4. Recurso de Agravo a que se nega provimento.
ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, os Ministros do Supremo


Tribunal Federal, em Sessão Virtual da Primeira Turma, sob a Presidência
do Senhor Ministro DIAS TOFFOLI, em conformidade com a certidão de
julgamento, por maioria, acordam em negar provimento ao recurso de
agravo, nos termos do voto do Relator, vencido o Ministro MARCO
AURÉLIO.
Brasília, 29 de março de 2021.

Ministro ALEXANDRE DE MORAES


Relator

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Relatório

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RELATOR : MIN. ALEXANDRE DE MORAES


AGTE.(S) : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE
SÃO PAULO
AGDO.(A/S) : GERALDO VALENTIM JULIANI NOGUEIRA
ADV.(A/S) : SILENO FOGACA
INTDO.(A/S) : SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
ADV.(A/S) : SEM REPRESENTAÇÃO NOS AUTOS

RE LAT Ó RI O

O SENHOR MINISTRO ALEXANDRE DE MORAES (RELATOR): Trata-se


de agravo interno interposto contra decisão monocrática que julgou
procedente a Reclamação.
Neste recurso de agravo, a parte agravante sustenta, em síntese, que
(doc. 42, fls. 8/10):

Não obstante o Supremo Tribunal Federal tenha


reconhecido a constitucionalidade de diversos artigos do atual
Código Florestal, esse julgamento não influencia ou gera os
reflexos pretendidos, e não impede a solução de conflito de
direito intertemporal.
A declaração de constitucionalidade de preceitos da Lei nº
12.621/12 pela Suprema Corte não interfere na solução de
questões afetas à sucessão de leis ambientais no tempo.
Ora, a questão está amparada em pacífica jurisprudência
da Suprema Corte que, de há muito, apregoa que o conceito dos
institutos do direito adquirido, do ato jurídico perfeito e da
coisa julgada não se encontra na Constituição Federal, senão na
legislação ordinária, especificamente no art. 6º da LINDB (Lei
de Introdução às Normas do Direito Brasileiro).
(...)
Não é porque a Suprema Corte apreciou a

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constitucionalidade do Código Florestal (Lei nº 12.651/12 que a


matéria (retroatividade ou não) passou a ter status
constitucional. E nem se alegue que a decis ão reclamada d a
Corte Especial desafia a deliberação do Supremo Tribunal
Federal em sede de controle objetivo de constitucionalidade.
A discussão emergente no processo é aquela enfocada no
acórdão reclamado: a irretroatividade das disposições do
Código Florestal a situ ações pretéritas, por contrariedade aos
direitos ambientais adquiridos. Trata-se de discussão de
natureza eminentemente infraconstitucional, não se justificando
o ajuizamento de reclamação constitucional.

Requer, ao final, “seja reconsiderada a respeitável decisão monocrática no


juízo de retratação ou, se mantida, que a egrégia Turma a reforme, provendo este
agravo interno para restabelecer o acórdão proferido pelo Superior Tribunal de
Justiça.” (doc. 42, fl. 11).
A parte agravante foi intimada da decisão impugnada em 10/2/2021,
enquanto que o recurso em análise foi interposto em 9/3/2021, dentro,
pois, do prazo legal.
É o relatório.

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VOTO

O SENHOR MINISTRO ALEXANDRE DE MORAES (RELATOR): Eis o teor


da decisão agravada:

Trata-se de reclamação, com pedido de medida liminar,


apresentada contra Acórdão do Superior Tribunal de Justiça,
que negou provimento ao Agravo Interno no Recurso Especial
1.738.333/SP, mantendo os efeitos da decisão monocrática do E.
Relator, Min. Francisco Falcão, que anulou parte do Acórdão
recorrido para determinar a renovação do julgamento, sem que
se reconhecesse eficácia da Lei 12.651/2012 para fatos anteriores
à sua vigência, fundados nos arts. 4º, I e 61-A da mesma lei.
Alega afronta ao que decidido por esta CORTE na Ação
Direta de Constitucionalidade 42 e nas Ações Diretas de
Inconstitucionalidade 4.901, 4.902, 4.903 e 4.937, todas de
relatoria do Min. LUIZ FUX.
Afirma que o objeto da ação civil pública na qual se
originou a decisão reclamada, movida pelo Ministério Público
do Estado de São Paulo, é a imposição da aplicação do Código
Florestal Revogado (Lei 4.771/1965) para fins de fixação de
regras de recomposição ambiental de gleba rural, afastando-se a
eficácia do art. 4º, I da Lei 12.651/2012 e do art. 61-A da mesma
lei, constando da inicial pedido de declaração de
inconstitucionalidade, de forma incidental, de dispositivos do
atual Código Florestal. Tem-se, como pedido da ação civil, de
acordo com a sentença de primeiro grau:

1. ao cumprimento de obrigação de não fazer consistente


em abster-se de promover, realizar, patrocinar ou permitir, por
ação ou omissão, quaisquer obras, serviços, empreendimentos
ou atividades que possam acarretar alteração,
descaracterização, modificação, degradação, poluição ou
distribuição do meio ambiente na área versada nos autos, ao

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arrepio da Lei ou sem licenciamento ambiental;

2. ao cumprimento de obrigação de fazer, consistente em


reparar integralmente os danos causados e, para tanto, sem
prejuízo de outras medidas, apresentar, no prazo máximo de 60
(sessenta) dias, para aprovação junto ao órgão ambiental
competente, projeto de recuperação de área degradadas
(PRAD), que contemple a demolição de todas as construções
existentes em área, a remoção do entulho proveniente desta
determinação, a remoção de todas as espécies exóticas
ocorrentes nesta área. O projeto deverá ser assinado por
profissional com habilitação técnica na área florestal, devendo
cumprir toda e qualquer exigência do órgão ambiental dentro
dos prazos assinalados nos autos ou pelo órgão ambiental, ou,
não havendo, no prazo de até 30 (trinta) dias, e iniciar a
execução do projeto no máximo de 30 (trinta) dias após sua
aprovação ou outro que venha a ser apontado pelo órgão
aprovador;
3. ao pagamento de indenização, quantificada em perícia,
correspondente aos danos ambientais que se mostrarem técnica
e absolutamente não restauráveis nas áreas de preservação
permanente, corrigida monetariamente, a ser recolhida ao
Fundo de Defesa dos Interesses Difusos (...).
Requereu ainda:
4. a declaração de inconstitucionalidade, na forma
incidental, de dispositivos da Lei nº 12.651/12.

A sentença de primeiro grau, apesar de acolher os pedidos


do Ministério Público para impor ao reclamante a obrigação de
cessar a exploração e modificação da área sem autorização
legal, do pagamento de indenização e de reparação específica
da área degradada, reconheceu a eficácia imediata da Lei
12.651/2012, negando a imposição de obrigações fundadas em
diretrizes decorrentes da legislação revogada, decisão esta
mantida pelo Tribunal de Justiça de São Paulo em sede de
recurso da apelação, não se acolhendo o pedido de

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reconhecimento da inconstitucionalidade incidental.


Manejados recursos especial e extraordinário, houve
admissão e processamento daquele, acolhido em decisão
monocrática, posteriormente mantida por V. Acórdão do C.
Superior Tribunal de Justiça em Agravo Regimental, com a
consequente anulação do julgamento para sua renovação,
afastando-se a aplicação retroativa do novo Código Florestal,
especialmente quanto à impossibilidade de se computar de
áreas de proteção permanentes no cálculo da reserva legal.
Reconheceu a decisão reclamada, assim, a ocorrência de
retrocesso ambiental inconstitucional, ainda que de forma
tácita.
Assim decidiu o Superior Tribunal de Justiça ao julgar o
recurso especial, no que tange à arguição de descumprimento
do precedente vinculante:

PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO.


IMPROBIDADE. ACÓRDÃO EM CONFRONTO COM A
JURISPRUDÊNCIA DESTA CORTE.
(...)
V Sobre a incidência do Novo Código Florestal à hipótese,
o Tribunal a quo deliberou: Neste diapasão, salienta-se que
ambas as Colendas Câmaras Reservadas ao Meio Ambiente
deste Egrégio Tribunal de Justiça não têm adotado a tese de
inconstitucionalidade da Lei nº 12.651/2012 ou de seus
dispositivos. Ao contrário, observa-se que há determinação
reiterada de aplicação da novel legislação ambiental. Além
disso, inexiste notícia da declaração de inconstitucionalidade ou
de concessão de liminar nas ADIs propostas contra vários
dispositivos do atual Código Florestal.
VI A seu turno, uma das decisões desta Corte trazida
especialmente como paradigma para fins de afastar a aplicação
do Novo Código Florestal, e que espelha a sólida jurisprudência
da Corte sobre a matéria: AgRg no AREsp 327.687/SP, Rel. Min.
Humberto Martins, segunda Turma, julgado em 15/8/2013, DJe
26/8/2013.

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VII A pretensão merece acolhida, pois, ao manter a


sentença que deliberou sobre a aplicação do Novo Código
Florestal à presente demanda, relativamente à área de
preservação permanente, o julgado merece reforma, por se
encontrar em dissonância com a jurisprudência do STJ. A
propósito, confira-se: AgInt no REsp 1.687.335/SP, Rel. Ministro
Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, julgado em
28/3/2019, DJe 5/4/2019; AgInt no REsp 1.740.672/MG, Rel.
Ministro Og Fernandes, Segunda Turma, julgado em 26/3/2019;
STJ, AgInt no REsp 1.536.146/PB, Rel. Ministro Mauro Campbell
Marques, Segunda Turma, DJe de 14/9/2016; AgInt no AREsp
1.044.947/MG, Rel. Ministro Gurgel de Faria, Primeira Turma,
julgado em 25/10/2018, DJe 4/12/2018.
VIII Correta, portanto, a decisão que conheceu
parcialmente do recurso especial e, nessa parte, deu-lhe
provimento no sentido de afastar a aplicação retroativa da Lei
n. 12.651/2012 à hipótese e, como consequência, determinar o
retorno dos autos à Corte de origem para nova apreciação da
questão diante da legislação de regência respectiva.
IX Agravo interno improvido. (STJ AgInt no REsp
1.738.333/SP rel. Min. Francisco Falcão j. 29.06.2020 Dje
30.06.2020)
Argui o reclamante que a aplicação do direito
determinada pelo Superior Tribunal de Justiça contraria aquilo
que decidido nos autos da ADC 42 e nas ADIs 4.901, 4.902, 4.903
e 4.937, caracterizando a negativa de eficácia da Lei 12.651/2012
para fatos anteriores à sua vigência, especialmente das normas
dos arts. 4º, I e 61-A, reconhecimento de sua
inconstitucionalidade para o caso concreto.
Pretende a concessão de liminar e, ao final, a procedência
da relação para garantir a autoridade da decisão deste C. STF
no julgamento da Ação Direta de Constitucionalidade 42 e das
Ações Diretas de Inconstitucionalidade 4.901, 4.902, 4.903 e
4.937 (fls. 29).
A medida liminar foi deferida.
As informações foram prestadas pela autoridade

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reclamada (doc. 34).


A Procuradoria-Geral da República manifestou-se pela
procedência da reclamação (doc. 36).
É o relatório. Decido.

Cabível o conhecimento da reclamação, eis que não se


observa o trânsito em julgado do processo originário, conforme
informações prestadas pelo Superior Tribunal de Justiça (doc.
34)
A respeito do cabimento da reclamação para o Supremo
Tribunal Federal, dispõem os arts. 102, I, l , e 103-A, caput e § 3º,
ambos da Constituição Federal:

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal,


precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
I - processar e julgar, originariamente:
(...)
l) a reclamação para a preservação de sua competência e
garantia da autoridade de suas decisões;

Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício


ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus
membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional,
aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa
oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do
Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas
esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua
revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei.
(...)
§ 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que
contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar,
caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-
a procedente, anulará o ato administrativo ou cassará a decisão
judicial reclamada, e determinará que outra seja proferida com
ou sem a aplicação da súmula, conforme o caso.

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Veja-se também o art. 988, I, II e III, do Código de Processo


Civil:

Art. 988. Caberá reclamação da parte interessada ou do


Ministério Público para:
I - preservar a competência do tribunal;
II - garantir a autoridade das decisões do tribunal;
III - garantir a observância de enunciado de súmula
vinculante e de decisão do Supremo Tribunal Federal em
controle concentrado de constitucionalidade;

A presente ação reclamatória está pautada na alegação de


descumprimento do que foi decidido nas ADI 4901, 4902, 4903 e
4937, bem como na ADC 42, todas de relatoria do Min. LUIZ
FUX.
Na ADC 42 fixou-se, no que diz respeito específico quanto
à adequação de áreas e seus critérios previstos na Lei
12.651/2012, a retroatividade, permitindo-se a adequação do
imóvel a partir da legislação vigente no momento de sua
concretização e não da irregularidade na exploração da área.
Assim fixou-se no julgamento paradigma:

(u) Arts. 61-A, 61-B, 61-C, 63 e 67 (Regime das áreas rurais


consolidadas até 22.07.2008): O Poder Legislativo dispõe de
legitimidade constitucional para a criação legal de regimes de
transição entre marcos regulatórios, por imperativos de
segurança jurídica (art. 5º, caput , da CRFB) e de política
legislativa (artigos 21, XVII, e 48, VIII, da CRFB). Os artigos 61-
A, 61-B, 61-C, 63 e 67 da Lei n. 12.651/2012 estabelecem critérios
para a recomposição das Áreas de Preservação Permanente, de
acordo com o tamanho do imóvel. O tamanho do imóvel é
critério legítimo para definição da extensão da recomposição
das Áreas de Preservação Permanente, mercê da legitimidade
do legislador para estabelecer os elementos norteadores da
política pública de proteção ambiental, especialmente à luz da
necessidade de assegurar minimamente o conteúdo econômico

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da propriedade, em obediência aos artigos 5º, XXII, e 170, II, da


Carta Magna, por meio da adaptação da área a ser recomposta
conforme o tamanho do imóvel rural. Além disso, a própria lei
prevê mecanismo para que os órgãos ambientais competente
realizem a adequação dos critérios de recomposição para a
realidade de cada nicho ecológico; Conclusão : Declaração de
constitucionalidade dos artigos 61-A, 61-B, 61-C, 63 e 67 do
Código Florestal.

Os arts. 61-A, 61-B, 61-C, 63 e 67 do Código Florestal,


naquilo que importa para o conhecimento da presente
Reclamação, dispõem:

Art. 61-A. Nas Área de Preservação Permanente, é


autorizada, exclusivamente, a continuidade das atividades
agrossilvipastoris, de ecoturismo e de turismo rural em áreas
rurais consolidadas até 22 de julho de 2008.
(...)
Art. 61-B. Aos proprietários e possuidores dos imóveis
rurais que, em 22 de julho de 2008, detinham até 10 (dez)
módulos fiscais e desenvolviam atividades agrossilvipastoris
nas áreas consolidadas em Áreas de Preservação Permanente é
garantido que a exigência de recomposição, nos termos desta
Lei, somadas todas as Áreas de Preservação Permanente do
imóvel, não ultrapassará:
I - 10% (dez por cento) da área total do imóvel, para
imóveis rurais com área de até 2 (dois) módulos fiscais;
II - 20% (vinte por cento) da área total do imóvel, para
imóveis rurais com área superior a 2 (dois) e de até 4 (quatro)
módulos fiscais;
(...)
Art. 61-C. Para os assentamentos do Programa de Reforma
Agrária, a recomposição de áreas consolidadas em Áreas de
Preservação Permanente ao longo ou no entorno de cursos d
´água, lagos e lagoas naturais observará as exigências
estabelecidas no art. 61-A, observados os limites de cada áreas

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demarcada individualmente, objeto de contrato de concessão de


uso, até a titulação por parte do Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária Incra.
(...)
Art. 63. Nas áreas rurais consolidadas nos locais de que
tratam os incisos V, VIII, IX e X do art. 4º, será admitida a
manutenção de atividades florestais, culturas de espécies
lenhosas, perenes ou de ciclo longo, bem como da
infraestrutura física associada ao desenvolvimento de
atividades agrossilvipastoris, vedada a conversão de novas
áreas para uso alternativo do solo.
(...)
Art. 67. Nos imóveis rurais que detinham, em 22 de julho
de 2008, área de até 4 (quatro) módulos fiscais e que possuam
remanescente de vegetação nativa em percentuais inferiores ao
previsto no art. 12, a Reserva Legal será constituída com a área
ocupada com a vegetação nativa existente em 22 de julho de
2008, vedadas novas conversões para uso alternativo do solo.

A questão, assim, atinge a retroatividade das normas


previstas na Lei 12.651/2012 em relação a fatos anteriores à sua
vigência, admitindo-se a imediata eficácia do novo Código
Florestal para fins de permitir, ao proprietário, adequar-se a
partir das novas normas estabelecidas, e não com base no que
determinava a legislação revogada.
No aspecto fático, tem-se a delimitação da questão ao
pedido e seu fundamento, apresentados pelo Ministério Público
na petição inicial da Ação Civil Pública ambiental, ao fato de o
Reclamante ocupar irregularmente área de preservação
permanente em imóvel rural e, por isto, dever ser obrigado a
abandonar tais áreas, impedir que terceiros venham a ocupá-la
e, ainda, recuperá-las, nos termos do Código Florestal
revogado, afirmando, na peça, a inconstitucionalidade da Lei
12.651/2012 quanto ao ponto.
E, da análise dos autos, observa-se que as decisões do
juízo de primeiro grau e do Tribunal de Justiça de São Paulo

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alinham-se a aquilo que decidido no controle concentrado de


constitucionalidade pela CORTE, posição aparentemente
desrespeitada pela decisão reclamada, posto que afastou a
incidência da Lei 12.651/2012 (Novo Código Florestal), sob o
fundamento de que em matéria ambiental, deve prevalecer o
princípio tempus regit actum, de forma a não se admitir a
aplicação das disposições do novo Código Florestal a fatos
pretéritos, sob pena de retrocesso ambiental (doc. 23).
Esta eficácia retroativa da Lei 12.651/2012, que permitiu,
por força geral dos arts. 61-A, 61-B, 61-C, 63 e 67, o
reconhecimento de situações consolidadas e a regularização
ambiental de imóveis rurais a partir de suas novas disposições,
e não a partir da legislação vigente na data dos ilícitos
ambientais, é justamente um dos pontos declarados
constitucionais no julgamentos das ADIs e da ADC indicadas
como paradigma contrariado.
Sobre a questão em debate, na apreciação da medida
liminar, assentei que:

Aparentemente, a decisão do Superior Tribunal de Justiça,


ao negar a eficácia de tais dispositivos no caso concreto,
afrontou o reconhecimento abstrato de sua constitucionalidade,
não havendo outro fundamento para não ver-se sua eficácia
respeitada. A determinação de renovação do julgamento a que
submetido o reclamante com critérios de incidência normativa
distintos daqueles reconhecidos como constitucionais pela
CORTE é suficiente, neste primeiro momento, ao
reconhecimento do fumus boni iuris , para fins de concessão de
medida liminar.
O periculum in mora decorre da existência de cumprimento
provisório da sentença, procedente o reclamante à readequação
ambiental da área com base no comando sentencial reformado
pela decisão reclamada, impondo naturais prejuízos ao
produtor rural que, realizando a reparação da área com base em
limites estabelecidos pelo novo Código Ambiental, pode ver-se
obrigado a refazer o trabalha o partir de balizamentos da lei

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Voto - MIN. ALEXANDRE DE MORAES

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RCL 42889 AGR / SP

anterior.

Com efeito, as circunstâncias que se apresentavam no


momento da apreciação da medida liminar permanecem
imutáveis, a sugerir, consequentemente, a confirmação do
entendimento manifestado. Configura, portanto, ofensa aos
paradigmas de confronto indicados, a decisão do STJ que
negou, ao caso concreto, a eficácia dos dispositivos da Lei
12.651/2012, considerados constitucionais por esta CORTE.
Não se trata, em termos finais, de simples discussão a
respeito da retroatividade ou não da Lei 12.651/2012 como regra
geral a partir das disposições da Lei de Introdução às normas
do Direito Brasileiro e da Constituição Federal, mas de
reconhecer-se a eficácia jurídica de norma que expressamente
destina-se a produzir seus efeitos a partir de circunstância de
fato passada. A fixação pela lei de um fato passado como objeto
da norma com eficácia futura, como no caso dos arts. 61-A, 61-
B, 61-C, 63 e 67 do Código Florestal, apesar da especialidade e
importância da temática ambiental, foi reconhecida como
constitucional pelo Supremo Tribunal Federal, razão pela qual
não se justifica seu afastamento, ainda que sob as vestes de
questão de direito intertemporal de natureza
infraconstitucional.
Inexiste, assim, uma questão legal e infraconstitucional de
conflito de leis no tempo, a justificar solução final pelo Superior
Tribunal de Justiça, considerando sua competência
constitucional. Há, isto sim, recusa formal de aplicação de uma
norma com eficácia retroativa sobre fato passado, apesar do
reconhecimento, pela CORTE, da constitucinalidade das
disposições.
Configura-se, assim, a ofensa ao decidido nas ADI 4901,
4902, 4903 e 4937, bem como na ADC 42, de relatoria do Min.
LUIZ FUX, eis que a decisão reclamada esvazia a eficácia dos
dispositivos declarados constitucionais pela Suprema Corte.
Por fim, destaco que registram-se nesta SUPREMA
CORTE decisões favoráveis ao que sustenta a parte reclamante:

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RCL 39.270, Rel. Min. GILMAR MENDES, DJe de 18/11/2020;


RCL 42.711, Rel. Min. ROSA WEBER, DJe de 19/11/2020, este
último com a seguinte ementa:

RECLAMAÇÃO CONSTITUCIONAL. ADIs Nª 4.937,


4.903, 4.902 E ADC Nº 42. SÚMULA VINCULANTE Nº 10.
INVIABILIDADE DE ALEGAÇÃO DE VEDAÇÃO AO
RETROCESSO. NOVO CÓDIGO FLORESTAL. ATO
RECLAMADO QUE APLICA O PRINCÍPIO TEMPUS REGIT
ACTUM AO CASO. AFASTAMENTO DE NORMA COM BASE
EM FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS. PROCEDÊNCIA
DA RECLAMAÇÃO.

Diante do exposto, com base no art. 161, parágrafo único ,


do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal, JULGO
PROCEDENTE o pedido de forma que seja cassado o acórdão
impugnado, determinando à Corte de origem que profira nova
decisão, em atenção ao que decidido por este Supremo Tribunal
Federal nas ADIs 4.937, 4.903, 4.902 e na ADC 42.

As alegações ora trazidas não são suficientes para alterar a decisão


agravada.
Como tive oportunidade de enfatizar naquele julgado, o ato
impugnado desrespeitou o decidido no controle concentrado de
constitucionalidade pela CORTE, ao afastar a incidência da Lei
12.651/2012 (Novo Código Florestal), sob o fundamento de que em
matéria ambiental, deve prevalecer o princípio tempus regit actum, de
forma a não se admitir a aplicação das disposições do novo Código
Florestal a fatos pretéritos, sob pena de retrocesso ambiental (doc. 23).
Esta eficácia retroativa da Lei 12.651/2012, que permitiu, por força
geral dos arts. 61-A, 61-B, 61-C, 63 e 67, o reconhecimento de situações
consolidadas e a regularização ambiental de imóveis rurais a partir de
suas novas disposições, e não a partir da legislação vigente na data dos
ilícitos ambientais, é justamente um dos pontos declarados
constitucionais no julgamentos das ADIs e da ADC indicadas como

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paradigma contrariado.
Não se trata, em termos finais, de simples discussão a respeito da
retroatividade ou não da Lei 12.651/2012 como regra geral a partir das
disposições da Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro e da
Constituição Federal, mas de reconhecer-se a eficácia jurídica de norma
que expressamente destina-se a produzir seus efeitos a partir de
circunstância de fato passada. A fixação pela lei de um fato passado como
objeto da norma com eficácia futura, como no caso dos arts. 61-A, 61-B,
61-C, 63 e 67 do Código Florestal, apesar da especialidade e importância
da temática ambiental, foi reconhecida como constitucional pelo Supremo
Tribunal Federal, razão pela qual não se justifica seu afastamento, ainda
que sob as vestes de questão de direito intertemporal de natureza
infraconstitucional.

Ratifica-se, portanto, o entendimento aplicado, de modo a manter,


em todos os seus termos, a decisão recorrida.
Em nome do princípio da celeridade processual, evidenciada a
ausência de prejuízo à parte ora agravada, ressalto que não houve a
intimação para apresentação de contrarrazões ao presente recurso (artigo
6º c/c artigo 9º do CPC/2015).
Diante do exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso de agravo.
É como voto.

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Voto Vogal

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AG.REG. NA RECLAMAÇÃO 42.889 SÃO PAULO

RELATOR : MIN. ALEXANDRE DE MORAES


AGTE.(S) : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE
SÃO PAULO
AGDO.(A/S) : GERALDO VALENTIM JULIANI NOGUEIRA
ADV.(A/S) : SILENO FOGACA
INTDO.(A/S) : SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
ADV.(A/S) : SEM REPRESENTAÇÃO NOS AUTOS

VOTO

O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO – O Pleno, ao julgar, em


28 de fevereiro de 2018, as ações diretas de inconstitucionalidade nº 4.901,
4.902, 4.903, 4.937 e a declaratória de constitucionalidade nº 42, relator
ministro Luiz Fux, apreciou a harmonia, ou não, com a Constituição
Federal, de dispositivos da Lei nº 12.651/2012 – Código Florestal.
A controvérsia revelada no acórdão reclamado cinge-se à
impossibilidade de observância de preceitos do Código Florestal
considerados fatos anteriores à vigência, ausente discussão sobre a
constitucionalidade da norma. Inexiste identidade material entre o
proclamado na origem e o versado nos processos objetivos, sendo
inadequado o manuseio da medida.
Provejo o agravo para, desde logo, julgar improcedente o pedido
formulado na reclamação.

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Extrato de Ata - 29/03/2021

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PRIMEIRA TURMA
EXTRATO DE ATA

AG.REG. NA RECLAMAÇÃO 42.889


PROCED. : SÃO PAULO
RELATOR : MIN. ALEXANDRE DE MORAES
AGTE.(S) : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO
PAULO
AGDO.(A/S) : GERALDO VALENTIM JULIANI NOGUEIRA
ADV.(A/S) : SILENO FOGACA (139108/SP)
INTDO.(A/S) : SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
ADV.(A/S) : SEM REPRESENTAÇÃO NOS AUTOS

Decisão: A Turma, por maioria, negou provimento ao recurso de


agravo, nos termos do voto do Relator, vencido o Ministro Marco
Aurélio. Primeira Turma, Sessão Virtual de 19.3.2021 a 26.3.2021.

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