DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA RURAL

CURSOS DE ENGENHARIA AGRONÓMICA

DISCIPLINA DE REGA E DRENAGEM

Princípios base de
hidráulica aplicados à rega

Docente:
•Eng.º Adriano Braga Bingobingo
[email protected]
+244944945275

Huambo, 17 de outubro de 2024

 PRINCÍPIOS DE HIDRÁULICA APLICADOS À REGA

Conteúdos Programáticos
1. Princípios base de hidráulica aplicados à rega
2. Sistemas de bombagem
3. Noções de hidrologia
4. Necessidade hídricas das culturas e qualiade da água para rega
5. Rega por gravidade
6. Rega por aspersão
7. Rega localizada
8. Noções de rega de espaços verdes
9.Automatização de sistemas de rega
10.D renagem de terrenos agrícolas
11.Projecto de rega (estudo de caso)
 PRINCÍPIOS DE HIDRÁULICA APLIC A D O S À REGA

Objetivos
Capacitar os estudantes a gerirem de forma eficiente os sistemas de rega e drenagem, bem
como a elaborar projetos sustentáveis de rega e drenagem e propor medidas de optimização do
uso da água e energia em áreas irrigadas.

Os objetivos de aprendizagem para esta UC são:

1. Adquirir competências científicas e tecnológicas para dar resposta à gestão eficiente da água na
agricultura e na rega de espaços urbanos;
2. Aprofundar conhecimentos sobre as relações do sistema solo-água-planta-atmosfera;
3. Adquirir conhecimentos sobre a resposta das culturas face a diferentes estratégias de rega e os seus
impactos sobre a produtividade;
4. Obter um conhecimento aprofundado sobre os diferentes métodos de rega;
5. Desenvolver competências ao nível do projeto de sistemas de rega e drenagem;
6. Adquirir competências de planeamento da rega à escala da parcela agrícola.
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Bibliografia Recomendada
▪ Allen RG et al. (1998) Crop Evapotranspiration. Guidelines for Computing Crop Water Requirements.
FAO Irrig. Drain. Pap. 56, FAO, Rome
▪ Allen, RG, Pereira, LS (2009) Estimating crop coefficients from fraction of ground cover and height.
Irrigation Science 28, 17 - 34
▪ Hoffman, GJ et al. (2007) Design and Operation of Farm Irrigation Systems (2nd Edition). ASABE, St.
Joseph, MI
▪ Oliveira, I., 2011. Técnicas de Regadio (2ª Edição). ISBN: 978-989-20-2692-3
▪ Pereira LS, (2004) Necessidades de Água e Métodos de Rega. Publicações Europa-América, Lisboa
▪ Pereira, LS et al. (2015) Crop evapotranspiration estimation with FAO56: Past and future. Agricultural
Water Management 147, 4-20
▪ Quintela, AC (1991) Hidráulica. Fundação Calouste Gulbenkian
▪ Raposo, JR (1996) A rega. Dos primitivos regadios às modernas técnicas de rega. Fundação Calouste
Gulbenkian
▪ Santos, A.J.A. (2017). Princípios de rega agrícola. Publindústria, edições técnicas
▪ Steduto, P et al. (2012) Crop yield response to water. FAO irrigation and drainage paper 66, Rome.
 PRINCÍPIOS DE HIDRÁULICA APLICADOS À REGA

Enquadramento
Componente da mecânica dos fluídos (e.g.água)-estudo do escoamento da água no interior
dos tubos i.e.em canais abertos
Estudo do comportamento dos fluídos tanto em movimento como em repouso
Importância da análise hidráulica:
▪ Minimiza riscos económicos – através dos estudos hidráulicos é possível evitar problemas
decorrentes da aplicação de regras empíricas;
▪ Contribui para a realização de projetos mais eficientes – ajuda a eliminar os sobre- ou sub-
dimensionamentos;
▪ Elimina os gastos/desperdícios de água e de potência/energia.

Estrutura da apresentação:
Parte 1 – Propriedades dos fluidos e alguns conceitos base importantes
Parte 2 – Hidrostática
Parte 3 – Hidrodinâmica - Escoamento sob Pressão
Parte 4 – Breves notas sobre Escoamentos com Superfície Livre
 PRINCÍPIOS DE HIDRÁULICA APLICADOS À REGA

Propriedades Físicas dos Fluidos e

alguns conceitos fundamentais
 PRINCÍPIOS DE HIDRÁULICA APLICADOS À REGA
Propriedades Físicas dos Fluidos
▪ Massa – 𝑚 [kg]
▪ Peso – 𝑊 [N]
▪ Volume – 𝑉 [m3] Peso volúmico e Massa volúmica
▪ Massa volúmica ou massa específica– ρ [kg/m3]
▪ Peso volúmico ou peso específico – 𝛾 [N/m3]
▪ Unidades do Sistema Internacional (S.I.)
▪ Outros Sistemas:
▪ Sistema métrico gravitatório;
▪ C.G.S.;
▪ Inglês.

𝑚 𝑊
𝜌= 𝛾=
𝑉 𝑉
𝛾 = 𝜌𝑔 Nos trabalhos práticos normalmente usa-se
1000 kg/m3 para massa volúmica
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Propriedades Físicas dos Fluidos

▪ Densidade – 𝑑 [-]
▪ Viscosidade dinâmica (absoluta) – 𝜇 [N.s/m2]
Viscosidade:
▪ Viscosidade cinemática – 𝜈 [m2/s] ▪ Surge como uma medida de resistência à deformação
dos fluidos quando estão em movimento, não se
Densidade: manifestando quanto estes estão em repouso)
ρ𝑥 γ𝑥 𝜇
𝑑𝑥 = 𝜈=
ρ𝐻2𝑂 (4℃) γ𝐻2𝑂 (4℃) ρ
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Propriedades Físicas dos Fluidos

▪ Viscosidade dinâmica (absoluta) – 𝜇 [N.s/m2]
▪ Viscosidade cinemática – 𝜈 [m2/s]
𝜇
𝜈=
ρ

▪ A viscosidade dinâmica (absoluta) da água pode considerar-se dada, em função da Temperatura,

pela expressão de Poiseuille:

1,78 𝑥 10−3
µ= (𝑁. 𝑠/𝑚2 ; ℃)
1 + 0,0337 𝑇 + 0,000221𝑇2

Exercício 1
▪ Determine a viscosidade dinâmica e cinemática da água à temperatura de 19ºC e 28ºC.
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Propriedades Físicas dos Fluidos
▪ Pressão – 𝑝 [N/m2 ou Pa]
(força aplicada por unidade de área/superfície)

𝛾𝐴ℎ 𝑝
𝑝= = 𝛾ℎ ℎ=
𝐴 𝛾
1,0 m

1,0 m

0,10 x 0,10 x 1,0 m3

1,0 m
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Relação entre a pressão e a altura de água
A pressão exercida na base de qualquer recipiente é independente da forma deste, dependendo
apenas da altura de água sobre o mesmo.

ℎ
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Pressão
▪ Unidades
▪ Conversão de unidades
▪ Conceito da unidade de pressão m.c.a.
▪ Patm=760 mm Hg
▪ 1 atm = 10.33 m.c.a. = 1.033 Kgf/cm2 = 1.01 bar
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Exercício 2
▪ Faça as seguintes conversões de unidades
▪ 9810 Pa (N/m2) >> m.c.a.
▪ 2.0 kgf/cm2 >> m.c.a. >> Pa
▪ 0.6 MPa >> m.c.a.
▪ 8 bar >> Pa >> m.c.a.
▪ 10.33 m.c.a. >> atm
▪ Etc.
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Pressão efetiva (relativa) versus pressão absoluta
▪ Pressão atmosférica - a atmosfera exerce uma pressão estática sobre a superfície da Terra devido ao
peso do ar correspondente à altura da atmosfera, que é de 11,25 km.
▪ A pressão medida em relação à pressão atmosférica designa-se por pressão relativa (pefe):
▪ Pressão efetiva (ou relativa) = Pressão absoluta – Pressão atmosférica
▪ A pressão absoluta (pabs) é igual à soma da pressão relativa com a pressão atmosférica (Patmosférica)

A pressão atmosférica, Patmosférica, nas condições normais e

ao nível do mar, toma normalmente os seguintes valores: pabs pefe
• 1 atmosfera
• 10,134 N/cm2 Patmosférica 0
• 760 mm de coluna de mercúrio
• 101,3 kPa
• 10,33 m de coluna de água
0 – Patmosférica
Patmosférica ~ 101.3 kPa ~10.33 mca
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Tensão de saturação do vapor do liquido
▪ Tensão de vapor - pressão criada pelo vapor quando se dá a libertação
das partículas superficiais de um líquido dentro de um espaço fechado.
▪ É uma propriedade física que depende intimamente da temperatura e
é uma medida da tendência de evaporação de um líquido.

https://en.wikipedia.org/wiki/Vapor_pressure

http://www.kentchemistry.com/links/GasLaws/Boilingpointandvaporpressure.htm
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Pressão Estática e Dinâmica
▪ Distância do eixo da conduta à linha de energia (ou à linha piezométrica) variável
𝑃𝐴 𝑈𝐴2
𝐻𝐴 = 𝑍𝐴 + +
𝛾 2𝑔
𝐻𝐴 ≈ ℎ𝐴 Traçado em perfil:
𝑃𝐴
ℎ𝐴 = 𝑍𝐴 + ▪ Pressões negativas (análise da piezometria);
𝛾 ▪ Tendência para o ar se acumular nos pontos
altos;
▪ Etc...

Pressão estática
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Pressão Estática e Dinâmica

Pressão estática Pressão estática e pressão dinâmica

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Pressão Estática e Dinâmica

Pressão estática e pressão dinâmica

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Caudal, Velocidade, Volume

▪ O Caudal é igual ao produto da área da secção pela velocidade média do escoamento

volume de água escoado por unidade de tempo

𝑉
𝑄 = 𝑈. 𝑆 (m3/s) 𝑄= (m3/s)
∆𝑡
▪ A Velocidade média com que a água se escoa nos componentes do sistema de rega é dada por,
𝑄
𝑈 = 𝑆 (m/s)

▪ O Volume transportado num dado intervalo de tempo é dado por:

𝑉 = 𝑄. ∆𝑡 (m3/s)

Exercício 3. Se uma conduta gravítica transporta um caudal constante

de 1.5 L/s, qual o volume de água transportado ao final de 16 h?

20
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Equação da Continuidade (conservação da massa)
▪ Em qualquer ponto, o produto da velocidade de escoamento pela área do tubo é constante e,
por isso, nas secções de menor área da conduta, a velocidade de escoamento é maior.

𝑄 = 𝑈. 𝑆

𝑄 𝑄
𝑈2 𝑆1 𝑈1
𝐴2
𝑈1 . ∆𝑡
𝑈2 . ∆𝑡
U-Velocidade média e S-área da secção

▪ Equação da continuidade (conservação da massa)

Q2
▪ Q entra = Q sai
▪ Q1 = Q2
▪ Q=U.S
▪ U1 S1 = U2 S2
2
▪ S = π R2 =𝜋 𝐷
4

Q1
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Componentes da energia de uma partícula

Energia de uma partícula (Joule) Energia por unidade de peso (m)

▪ Potencial de posição ▪ Cota topográfica

𝑚 .𝑔 .𝑍 𝑚 .𝑔 .𝑍
𝑍 . 𝑃𝑒𝑠𝑜 = =𝑍 𝑍
𝑝𝑒𝑠𝑜 𝑚 .𝑔
▪ Potencial de pressão ▪ Altura piezométrica
𝑃 .𝑉 𝑃 .𝑉 𝑃 𝑃
𝑃.V = =
𝑝𝑒𝑠𝑜 𝜌 .𝑉 .𝑔 𝛾 𝛾
▪ Cinética ▪ Altura cinética
1 𝑚 . 𝑈 2 1 𝑚 . 𝑈 2 𝑈2 𝑈2
1
𝑚 . 𝑈2 2 =2 =
2 𝑝𝑒𝑠𝑜 𝑚 .𝑔 2𝑔 2𝑔

cota piezométrica

𝑃𝐴 𝑈𝐴2
Carga hidráulica em A: 𝐻𝐴 = 𝑍𝐴 + +
𝛾 2𝑔
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Componentes da energia de uma partícula

cota piezométrica

𝑃𝐴 𝑈𝐴2
Carga hidráulica em A: 𝐻𝐴 = 𝑍𝐴 + +
𝛾 2𝑔
𝑃𝐴
Cota piezométrica em A: ℎ𝐴 = 𝑍𝐴 +
𝛾

Linha de Energia: apresenta em cada ponto a carga hidráulica associada ao escoamento;

Linha Piezométrica: apresenta em cada ponto a cota piezométrica associada ao escoamento.

Em sistemas de abastecimento de água:

𝑈2
𝑈 ≈ 1 𝑚/𝑠 → 2𝑔 ≈ 0.05 𝑚

Linha piezometria ≈ Linha de energia

mas, passando ao caso mais geral!
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Componentes da energia de uma partícula

𝑈2 𝑝 𝑈2
𝑝 2𝑔 𝛾 + 2𝑔
𝛾
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Teorema de Bernoulli
Durante um escoamento, se não houver variação de energia durante o seu trajeto, a energia total
em duas secções permanece constante.

Teorema de Bernoulli aplicado a um líquido perfeito em movimento permanente entre

as secções A e B.
𝑃𝐴 𝑈2 𝑃𝐵 𝑈𝐵2
𝑍𝐴 + + 𝐴
= 𝑍𝐵 + +
𝛾 2𝑔 𝛾 2𝑔

O Teorema de Bernoulli aplicado a líquidos reais, e considerando as perdas de energia,

∆𝑯−𝑨→𝑩 , entre as duas secções fica,

𝑃𝐴 𝑈2 𝑃𝐵 𝑈𝐵2
𝑍𝐴 + + 𝐴 − ∆𝑯−
𝑨→𝑩 = 𝑍𝐵 +
+
𝛾 2𝑔 𝛾 2𝑔
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Teorema de Bernoulli (equação local e equação global)

Teorema de Bernoulli
(Conservação de Energia)
𝐻𝐴 − 𝐻𝐵 = ∆𝐻−
𝐴−𝐵
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Teorema de Bernoulli
▪ Qual o sentido do escoamento? [L.E. descendente no sentido do escoamento]
▪ Teorema de Bernoulli : Equação de “Balanço de Energia”
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Teorema de Bernoulli

Válvula fechada – escoamento nulo – gradiente hidráulico nulo

Perda de carga localizada à saída do reservatório

Perda de carga localizada na válvula

Válvula aberta – gradiente hidráulico correspondente à perda de carga

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Exercício – Teorema de Bernoulli
Recorrendo ao teorema de Bernoulli e para o sistema hidráulico apresentado na figura, determine
a. A pressão estática na secção A;
b. A pressão dinâmica na secção A para o caudal 1;
c. A pressão dinâmica na secção A para o caudal 2.

Dados adicionais:
▪ Perdas de carga para o caudal 1 até A: 15 m;
▪ Perdas de carga para o caudal 2 até A: 32 m.
420 m
Pressão estática

R1

𝑃𝐴 𝑈𝐴2
𝐻𝐴 = 𝑍𝐴 + +
𝛾 2𝑔 R2
𝐻𝐴 ≈ ℎ𝐴 320 m
𝑃𝐴
ℎ𝐴 = 𝑍𝐴 +
𝛾 A
ATÉ A P R Ó X I M A A U L A