Idade Média, Idade Moderna, Fim Do Antigo Regime

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Idade Média

> Vai de 476 d.C com a queda do Império Romano do Ocidente, até 1453 com a queda de Constantinopla e o
fim da Guerra dos 100 anos. É dividida em Alta Idade Média (séc V a XI) e Baixa Idade Média (séc XI a XV)

- Alta Idade Média (séc V a XI):

A Genesis Do Feudalismo

Ruralização da Europa Ocidental: Invasões bárbaras -> queda do Império Romano do Ocidente -> Insegurança e
desordem -> êxodo urbano -> retração da vida urbana e do comércio -> ruralização da Europa Ocidental,
fragmentada em vilas rurais isoladas voltadas para a economia agrícola de subsistência -> retrocesso cultural ->
Formação dos Reinos Barbaros Cristãos -> avanço do expansionismo islâmico na Europa Ocidental e
expansão e fortalecimento do poder da igreja católica

Formação dos Reinos Barbaros Cristãos (séculos V a VIII): Assimilação de elementos da cultura romana
pelos povos bárbaros (monarquia e conversão ao cristianismo; igreja católica como elemento unificador da
cultura medieval) -> Reino Franco (unificação + expansionismo territorial + aliança com Igreja Católica e
cristianização dos povos francos) -> Batalha dos Poitiers (732 d.C) impediu o avanço Islâmico na Europa
Ocidental (que já havia atingido a Peninsula Ibérica), consolidando o cristianismo na região -> Reino Franco
atinge eu apogeu com Carlos Magno (771 -814 d.C) através do Império Carolíngeo -> responsável por
consolidar as bases da órdem feudal;

Edificação e consolidação do feudalismo, o qual só veio a atingir seu apogeu entre os séculos IX e X. O
feudalismo se limitou à Europa Ocidental, entre os séculos IX e XI, havendo no Mundo Medieval outras
importantes civilizações como o Império Bizantino e o Império Árabe.

> O Império Carolíngio (Séc VIII a IX):

Seu sucessor deu início a Dinastia Carolíngea, que representou o apogeu do Reino Franco, conduzindo uma
experiência centralizadora contrária a tendência de descentralização política da Alta Idade Média,
promovendo uma expansão territorial que abrangeu quase toda a Europa Ocidental.

-> Uma das principais características do Império Carolíngio foi a aliança entre o Estado e a Igreja Católica, já
presente no Reino Franco, consolidada por Carlos Magno. Essa aliança beneficiava o rei na medida em que
este tinha sua autoridade legitimada pela Igreja Católica, devido ao seu carater unificador e sua grande
influência sobre os povos de todo o território . Já a Igreja era beneficiada através da conversão dos povos
dominados nas guerras de expansão promovidas pelo rei, na medida em que todos os domínios agregados
à autoridade do rei eram convertidos ao catolicismo, aumentando o número de fieis, o que ampliava sua
influência e poder. Assim, havia uma unificação político-religiosa no Império por uma unidade de poder
estabelecida pela conquista militar de territórios e da conversão das populações conquistadas ao
cristianismo. Assim, a expansão do império atrelada à expansão do catolicismo.

-> A Igreja também recebia grande lotes de terra em troca do apoio ao rei, cobrando dizimos sobre eles, o
que a levou a deter grande poder econômico, além de administrar o Estado Pontifício de Roma, onde
desenvolveu uma Monarquia Pontifical comandada pelo papa, com autoridade sobre toda Europa Ocidental,
sendo um período de grande expansão do cristianismo dentro da Europa.

-> A Igreja podia participar das decisões do governo, contribuindo na elaboração das Leis Capitulares, que
foi o 1° conjunto de leis escritas do Ocidente Medieval. Um exemplo dessa a aliança foi quando Carlos
Magno recebeu o título sagrado de Augusto e foi coroado imperador do novo Império Romano do Ocidente
pelo papa. Havia um estimulo da Igreja quanto ao retorno da antiga concepção de império romano, o que
era uma forma de garantir uma estrutura política forte para sustentar o seu poder.

-> O Império Carolíngio consolidou o caráter bélico e militarista da Alta Idade Média, sendo formado por
uma nobreza guerreira de origem germânica, que comandava exércitos militares particulares, promovendo
a defesa. O rei dependia do apoio dessas lideranças militares de modo a garantir a manutenção de sua
autoridade. Para isso, Carlos Magno promoveu a divisão administrativa do império em ducados, condados
e marcas, territórios concedidos à esses chefes militares junto à titulos de nobreza, em troca de fidelidade e
apoio militar, o que era necessário dada à autoridade que eles exerciam sobre seus guerreiros. Essa pratica
simbolizou os primórdios das relações de suserania e vassalagem que viriam a marcar a órdem feudal.

> Renascimento Carolíngio:

-> Foi um movimento de renovação cultural incentivado pelo imperador Carlos Magno, caracterizado pelo
estimulo à produção literária, às artes e à educação. Nesse sentido, houve a fundação de várias escolas,
dirigidas por pessoas que dominavam o conhecimento produzido pela cultura greco-romana, com o ensino
de gramática, retórica e aritmética. Isto levou à uma retomada e valorização da conservação de elementos
da cultura clássica, como pelo uso do latim clássico como forma de expressão escrita, assim como
reprodução e tradução de várias obras da Antiguidade greco-romana, como códigos jurídicos romanos e
bizantinos, obras clássicas da filosofia e da literatura. Parte desse estimulo se devia ao interesse da
monarquia e da Igreja na alfabetização da aristocracia para difundir dogmas do Cristianismo , pois grande
grande parte da população permanecia iletrada.
-> Foi nesse período que os escribas passaram a separar as palavras e frases por um sistema de pontuação, o
que representou um grande avanço no registro escrito. Muitos dos escribas que recopiavam milhares de
livros vindos de Roma eram quase analfabetos e não compreendiam o conteudo. Em obras importantes,
pintores e artesãos sucediam os escribas, decorando e pintando o que ficava em branco, formando
manuscritos copiados e ornamentados.

> Fim do Império Carolíngeo: No século IX, a estabilidade do Império foi interrompida por violentas novas
invasões dos povos vikings/normandos/hungaros, que fragilizaram o Império. Pelo Tratado de Verdun, o
Império foi dividido entre os sucessores de Carlos Magno, em uma porção porção ocidental, que viria a
constituir a França, uma porção central, e uma porção oriental que viriam a constituir os domínios alemães
do Sacro Império Germânico. Assim, houve a descentralização do poder monárquico, o que levou ao
fortalecimento das lideranças localizadas dos condes, duques e marqueses, dando início à ordem feudal.

> É na Alta Idade Média que se estabelece a atual noção de Oriente e Ocidente, na medida em que, até
então, todos os territórios ao redor do Mar Mediterrâneo, como Europa, Norte da Africa e Oriente Médio,
pertenciam ao Império Romano, carregando heranças e influências romanas e, com o surgimento do
Islamismo, esses territórios se dividem entre Ocidente cristão, através de Carlos Magno, e Oriente Islâmico
através de Maomé. A Europa Ocidental se desenvolveu mais afastada do mundo mediterrâneo.

> A órdem feudal tem suas raízes na fusão entre as tradições dos povos bárbaros e dos romanos do
ocidente, havendo uma assimilação cultural mútua entre eles, que levou a uma barbarização dos romanos
e a uma romanização dos bárbaros. Os bárbaros germânicos assimilaram o cristianismo e a monarquia dos
romanos. Já os romanos assimilaram a economia rural voltada à agricultura de subsistência, bem como o
direito consuetudinário dos povos germânicos. A fusão do latim vulgar dos romanos e das linguas dos povos
bárbaros deu origem as linguas neolatinas, como o francês (latim + franco); português (latim + Visigodos) e
italiano, o que faz desses povos integrantes da formação da identidade cultural do ocidente.

-> Elementos da Cultura Romana: O Colonato, forma de trabalho compulsório em que um camponês era
fixado a um lote de terra de modo permanente e hereditário, garantindo mão de obra permanente ao dono
do lote em troca de subsistência, o que originou a base das relações servis na Idade Média. As vilas, que
eram comunidades rurais autossuficientes voltadas à agricultura de subsistência, formadas a partir do êxodo
urbano romano durante a crise, definiram a base da autarquia do modo de produção feudal. O Cristianismo
foi a mais influente herança de Roma, responsável por promover a unidade cultural da Europa Medieval,
sendo a Igreja Católica a instituição romana que melhor sobreviveu à queda da Roma Ocidental, assimilando
maior parte dos invasores bárbaros, que se converteram à fé cristã.

-> Elementos Da Cultura Germânica: O Comitatus, baseado em uma relação de fidelidade e subordinação
de um guerreiro para com o seu chefe, criando laços de proteção recíprocos. O Beneficium era a concessão
de terras feita pelo rei a um chefe militar, em troca de apoio e fidelidade. Esses elementos se expressariam
no feudalismo através das relações feudo-vassálicas e pelo processo de enfeudação.

-> Durante a Idade Média o escravismo desapareceu como mão de obra na região onde se desenvolveu o
feudalismo, de modo que a escravidão continuou a existir em pequena intensidade através de muçulmanos
que escravizavam cristãos e cristãos que escravizavam muçulmanos. A principal forma de trabalho no
mundo feudal foi a servidão, forma de trabalho compulsória em que servos cultivavam produtos agricolas e
se submetiam aos senhores feudais em troca de terras para subsistência e proteção.

- O Feudalismo: Foi um estrutura socieconômica e política restrita ao Ocidente Europeu, entre os séculos
IX e XI, periodo da consolidação e apogeu do sistema feudal. Não se desenvolvou de maneira uniforme,
alcançando sua plenitude apenas nas regiões pertencentes ao Império Carolíngio na Europa Ocidental.

> Economia Feudal:

-> Era agrícola e fechada, com produção baseada na agricultura de subsistência, limitada às necessidades
locais, sendo autárquica e tendendo à autossuficiência, com produção destinada ao consumo imediato
pelos próprios habitantes, e não à acumulação de riquezas por meio da economia de mercado. A
produtividade agricola no feudo era extremamente baixa, devido ao uso de técnicas rudimentares e pela
ausência de estimulos de aumento à produção em razão do carater fechado da economia. Os produtos eram
negociados in natura, por meio de trocas, sem uso de dinheiro, o que tornava a economia desmonetizada,
mas não amonetária, pois o dinheiro ainda existia, apenas caindo em desuso.

-> O Mediterrâneo Ocidental estava dominado pelos árabes, enquanto o Mediterrêno Oriental estava
dominado pelos bizantinos, o que impossibilitava as práticas mercantis e o comércio à distância na Europa
Ocidental, fator contribuiu para o carater fechado e autárquico da economia feudal. Ainda havia um
pequeno comercio entre cidades.

- Politica Feudal:

-> O poder político no Mundo Feudal se dividia em 3 esferas: O poder universal, simbolizado por Deus,
intermediado pela igreja católica, comandada pelo Papa; o poder central, simbolizado pelos reis, cuja
autoridade havia se enfraquecido, sem estruturas de poder com um exército e um corpo burocrático; e o
poder local, representados pelos senhores feudais, que comandavam os feudos.

-> Os feudos eram domínios autossuficientes dominados por um nobre, constituindo as células do mundo
feudal, sendo habitado por servos e camponeses que cultivavam produtos agricolas em suas terras. Os
castelos eram a base do poder militar dos senhores feudais, simbolizando sua autoridade, formando
núcleos administrativos com tribunais e cortes, fragmentando o poder em pequenas unidades territoriais
(feudos), com economia isolada e grande autonomia. Assim, o poder político era descentralizado em torno
da liderança dos senhores feudais, sendo localizado e concentrado nos feudos (feudalização do poder).

> O Fortalecimento do Poder dos Senhores Feudais:

-> A nobreza feudal era responsável pela defesa militar e proteção do feudo, formando uma nobreza
militarizada de tradição guerreira, comandando pequenos exércitos particulares de cavaleiros armados . No
clima de insegurança causado pela novas invasões no século IX, as populações buscaram refúgio na proteção
oferecida pelos senhores feudais, subordinando-se a eles pelas relações servis de trabalho, abdicando de
sua liberdade em troca de segurança, passando a integrar a comunidade daquele feudo.

-> Assim, os senhores feudais exerciam controle e influência sobre um grande contingente de servos
subordinados diretamente a ele e não à autoridade distante do rei. Outro elemento que contribuiu para
fortalecer o poder da nobreza feudal foram as relações de suserania e vassalagem, que fez com que os
senhores feudais se consolidassem como lideranças locais que exerciam autoridade militar, administrativa e
jurídica sob o feudo, ampliando sua rede de poder pela subenfeudação.

> As Relações feudo-vassálicas:

-> A prática da enfeudação, baseada da doação de lotes de terras junto à títulos de nobreza pelos reis aos
chefes militares em troca de fidelidade e apoio militar, veio a ser institucionalizada durante o Feudalismo
através das relações de suserania e vassalagem, aliança formada por meio da doação de um lote de terras
por um rei a um nobre (enfeudação) ou por um nobre de hierarquia superior a um nobre de hierarquia
inferior (subenfeudação), sendo o doador o suserano, e o receptor o vassalo, estabelecendo laços de apoio
recíproco e obrigações mútuas de natureza militar.

-> O suserano deveria proteger seu vassalo e ser defendido por este, de modo que os vassalos tinham
obrigação de prestar serviço militar no exército do suserano, lutando em seu nome quando convocados,
garantindo a proteção dos domínios, além de auxiliarem financeiramente em eventuais despesas do
suserano. Embora o beneficio geralmente fosse um feudo, também poderia incluir cargos e direitos.
Suseranos e vassalos sempre pertenciam aos estamentos superiores, sendo dotados de títulos de nobreza.
Muitos senhores eram simultaneamente vassalos e suseranos, enquanto os reis eram apenas suseranos e os
cavaleiros apenas vassalos, por serem o grau mais baixo da hierarquia senhoril.

-> Por meio das relações de suserania e vassalagem, o rei suserano recebia apoio militar da nobreza feudal
que comandava pequenos exércitos, enquanto os nobres vassalos recebiam grandes lotes de terra,
concessão de caráter hereditário e inviolável. Assim, embora essa aliança, em sua elaboração, visasse o
fortalecimento do rei pelo apoio militar dos vassalos, o resultado foi o inverso, na medida em que o o apoio
do vassalo ao suserano era frouxo, pois ao ser empossado de seu feudo, ele não poderia perdê-lo (exceto
em casos de traição ou de extinção da linhagem), desfrutando de grande autonomia e exercendo suprema
autoridade militar, administrativa e jurídica sobre seu feudo.

-> Os senhores de terra buscavam fortalecer seu poder através da subenfeudação, doando territórios de
seus feudos a nobres hierarquicamente inferiores, aumentando o número de pessoas sobre sua influência e
incrementando o seu corpo militar, com uma ampla rede de vassalos sob sua autoridade. Essas relações
formavam redes de poder em que um nobre podia jurar vassalagem a mais de um suserano, o que gerava
conflitos em razão do cruzamento de autoridades nas redes de suserania e vassalagem.

-> Os reis medievais eram destituídos de poder político direto sobre o conjunto da população, pois a
autoridade real se estendia apenas até os seus vassalos diretos, enquanto os senhores feudais exerciam
autoridade sobre seus vassalos e servos, grupos que não deviam obediência ao rei. Assim, embora os reis
fossem membros da nobreza e grandes senhores de terra, comandantes de exércitos próprios, eles não
tinham influência e autoridade sobre a administração dos feudos e sobre os exércitos dos vassalos.

-> A Igreja contribuia para manter a coesão dessas alianças, conferindo-lhes um caráter sagrado através de
uma cerimônia religiosa que dava ao ato uma conotação de compromisso inviolável, sendo essas relações
altamente ritualizadas e simbólicas. A Cerimónia de Vassalagem era constituida pela homenagem, em que o
vassalo se ajoelha diante do suserano, reconhecendo sua superioridade; a investidura, na qual o suserano
tocava o vassalo pela espada, simbolizando a transferência do feudo, e o juramento de fidelidade, pelo qual
ambos estabeleciam compromissos de apoio mútuo. O beijo na boca e na espada selava a união.
- Sociedade Feudal:

> Sociedade estamental, fortemente hierarquizada e sem mobilidade social, fundamentada na origem e nas
funções de cada um. A igreja, na condição de ordenadora ideológica da sociedade feudal, justificava
ideológicamente a configuração social como advinda da vontade divina, que teria estabelecido 3 camadas,
cada qual com sua função específica: O clero responsável por orar pela salvação das almas; a nobreza
responsável por promover a defesa e lutar nas guerras; e os servos, que deveriam trabalhar e produzir o
necessário para o sustento do clero e da nobreza, em troca da “salvação divina” e proteção.

> A sociedade feudal era teocentrica, de modo que a Igreja Católica tinha uma enorme influência no mundo
feudal, sendo responsável pela produção cultural, como através de textos sagrados e arquitetura religiosa
(catedrais), e sendo responsável pela educação dos fieis, que eram em grande parte analfabetos, por meio
dos sermões. O mundo era interpretado através da perspectiva religiosa, de modo que a Igreja controlava o
pensamentos, as ideologias, as crenças e os comportamentos da sociedade.

> Clero: Se dividia em alto clero, com origens na nobreza, tão importantes quanto os senhores feudais, e
baixo clero, categoria subalterna na hierarquia da igreja, com origens modestas. Ingressar no estamento
eclesiástico era uma função aberta para todos que não fossem servos, sendo uma opção comum entre os
nobres não primogênitos que não podiam herdar terras do pai, ingressando diretamente no alto clero. Os
membros do alto clero administravam os feudos eclesiásticos, frutos de doações de terras de reis e nobres
em troca de apoio, sendo grandes proprietários de terra, explorando o trabalho servíl.

> Nobreza: A nobreza feudal era composta por descendentes de chefes militares e grandes proprietários de
terra. Se dividia em alta nobreza, formada pelos grandes senhores feudais (duques, marqueses e condes), e
baixa nobreza (viscondes, barões, cavaleiros), subordinada a outros senhores feudais, detentoras de feudos
menores e menos produtivos. Possuia hábitos guerreiros, sendo responsável pela defesa militar do feudo,
especialmente contra os inimigos da fé cristã, além da administração da justiça. As constantes guerras entre
os nobres os obrigavam a buscar proteção através de alianças de suserania e vassalagem. Quando não
estavam em atividades militares, seus periodos de ócio eram marcados por caçadas, festas e torneios.

-> A belicosidade era uma característica central da mentalidade da nobreza medieval, uma vez em que
refletia as inseguranças do período, bem como a intensa religiosidade que interpretava o mundo como um
confronto entre bem e o mal. A Cavalaria era uma instituição com grande influência no comportamento dos
nobres, sendo um código de conduta que adaptava a belicosidade da época à padrões de comportamentos
baseados em virtudes morais, como pela defesa dos mais fracos (mulheres e crianças) e da fé cristã, o que
contribuiu para amenizar os rudes costumes guerreiros da época. Teve grande influência na cultura da
época, inspirando as novelas de cavalaria em que os cavaleiros eram idealizados e retratados como heróis.
-> Para alcançar a condição de cavaleiro, o jovem era posto a serviço de um que já o fosse, servindo-lhe a
princípio como um pajem, se familiarizando com os valores da cavalaria, e depois como um escudeiro,
acompanhando o cavaleiro em torneios e batalhas, cuidando de suas armas e o auxiliando. Quando
considerado apto, ocorria a sagração do cavaleiro através da Cerimônia de Ordenação, que associava
elementos leigos a elementos religiosos, em que o cavaleiro que lhe serviu como padrinho conferia sua
benção através do toque da espada, o que era seguida por um juramento de fidelidade à fé cristã e ao seu
senhor. A existência da cavalaria contribuiu para amenizar os rudes costumes guerreiros da época. Na Baixa
Idade Média, as Cruzadas, e as guerras de Reconquista da Península Ibérica estimularam o surgimento de
ordens militares de cavaleiros, como a dos templários.

-> Os membros da nobreza se diferenciavam dos membros dos demais estamentos pelas roupas luxuosas,
de modo que a cor das roupas apontava a posição social e riqueza dos indivíduos, e pelos habitos
alimentares, de modo que os camponeses estavam associados ao consumo do pão, e os nobres ao consumo
da carne. O casamento possuia grande importância política, sendo um acordo entre duas famílias.

> Camponeses: Os servos podiam possuir bens, formar famílias e tinham direitos, porem não podiam ser
considerados trabalhadores livres, pois não podiam abandonar os domínios do feudo sem autorização,
sendo obrigados a pagar tributos. A crença de que seu papel era definido pela vontade divina os mantinham
alienados e passivos quanto a sua condição de exploração. Já os vilões eram camponeses livres que
trabalhavam nos mansos senhoris, incluindo artesãos e ferreiros, habitando pequenas vilas próximas do
castelo do senhor, podendo abandonar o feudo.

-> Tributações Servís: Como a economia feudal era desmonetizada, as obrigações servis para com os
senhores feudais eram pagas de outras formas. A corveia era o trabalho realizado pelos servos nas terras
senhoris 3 vezes por semana, como praticas agrícolas e construção de obras. A talha era o tributo
correspondente a parte da produção das glebas servis, como colheita ou animais de criação. As banalidades
correspondiam aos tributos cobrados pelo uso de instalações do feudo, como os moinhos. A capitação era
uma obrigação proporcional ao numero de familiares do servo. A mão morta era o tributo pago para que o
servo fosse reconhecido como o novo posseiro do lote após a morte do pai. Os servos também pagavam
tributos para serem julgados nos tribunais, além dos dízimos impostos pela Igreja (10% de sua produção).

> As terras do feudo se dividiam em: Manso senhoril, que correspondia à fortificação do senhor feudal
(castelos), com terras mais ferteis; manso servil, que eram terras cultivada pelos servos, que apenas tinham
posse útil sobre elas, sendo propriedade dos senhores; terras comunais, não voltadas a agricultura, onde era
praticado a caça e coleta.
> A Igreja na Idade Média:

-> A Igreja Católica na Alta Idade Média representava um poder universal que unificava todos os povos sob
uma única autoridade, sendo um elemento de coesão e órdem para o mundo feudal. Seu poder teve como
raizes o fato de ter se tornado a religião oficial do Estado no Baixo Império Romano; a conversão em massa
de bárbaros-germânicos a fé cristã; a aliança com a monarquia no Império Carolíngio.

-> Diante do cenário de insegurança, miséria e fome, seu carater consolador teve forte apelo entre grupos
marginalizados da Idade Média. A forte religiosidade da época levou a Igreja a ter uma gigantesca influência
social, atuando como instrumento de controle ideológico da população, exercendo um monopólio cultural,
sendo detentora quase exclusiva da cultura letrada e responsável pela educação, impondo a fé através de
dógmas, verdades absolutas que não podiam ser contestadas, moldando a mentalidade e os valores.

-> Através do teocentrismo do mundo feudal, realidade era interpretada e legitimada por meio de crenças
cristãs, sendo a explicação para todos os fenomenos atribuída à vontade divina, como a ordem social que
mantinha os privilégios do clero e da nobreza, bem como as guerras religiosas, como as Cruzadas, e as
violentas perseguições do Tribunal da Inquisição, compreendidas como a luta contra infieis e pecadores.

-> A Igreja foi a mais poderosa instituição medieval, não apenas por sua influência, mas também pelo fato
de ser a maior proprietária de terras do período, em razão de doações de extensos lotes de terras por
nobres e monarcas em busca de apoio e redenção, de modo que, durante o século X, ela detinha a posse
sobre cerca de 1/3 das terras cultiváveis na Europa. Nos feudos eclesiásticos eram impostoss dizimos sobre
a população, ampliando as riquezas da igreja.

-> A Igreja era hierarquizada, sendo o Papa a autoridade responsável por governar os Estados da Igreja. A
princípio, a escolha do papa não possuia regulamentação, podendo ser feita por bispos, por aclamação
popular ou pela imposição de autoridades, até que Código dos Cardeais regulamentou a eleição do Papa e
instituiu o celibato clerical, de modo a manter a propriedade da Igreja sobre as terras eclesiásticas,
impedindo que fossem herdadas pelos filhos bastardos dos bispos responsáveis por administra-las. Ela
condenava a usura e o acumulo de riquezas através do lucro, fazendo com que os mercadores e
comerciantes tivessem a obrigação moral de vender seus produtos pelo denominado Preço Justo, se
opondo a cobrança de juros pelo empréstimo.

-> As heresias foram movimentos de interpretações alternativas às escrituras e tradições cristãs, sendo os
hereges grupos cristãos que negavam a autoridade da igreja católica e os dogmas oficiais, como a Heresia
dos Valdenses, que rejeitavam a supremacia papal e seguiam somente a bíblia, e a Heresia dos Albigenses,
que defendia que a perfeição espiritual se dava através de encarnações sucessivas. Foram violentamente
reprimidas, tanto pela Inquisição quanto por guerras santas, como as Cruzadas.
-> As Mulheres na Fé da Sociedade Medieval: As relações de gênero no mundo medieval também eram
definidas a partir de uma perspectiva religiosa. As mulheres ora eram associadas ao pecado e à tentação,
como a Eva Bíblica, ora eram vistas com santidade e veneração, como pela figura de Maria. Por isso,
esperava-se que as mulheres aceitassem a autoridade masculina e do clero, sendo exigido que mantivessem
sua castidade enquanto solteiras e sua fidelidade enquanto casadas, uma vez em que em uma sociedade
onde as posições de poder eram hierarquizadas, a legitimidade dos filhos era de enorme importância
política. As mulheres pertencentes ao clero geralmente ocupavam posições subalternas aos homens. No
entanto, houve a presença histórica de mulheres capazes de subverter estas imposições e alcançar cargos
de poder e grande influência, como as abadessas e grandes senhoras no comando de mosteiros e feudos.

- O Império Árabe:

> Arábia Pré-Islâmica: Situava-se no Oriente Médio, sendo a Arábia desértica habitada pelos beduínos,
nômades guerreiros dedicados ao pastoreio e ao controle de rotas comerciais, enquanto outros grupos se
sedentarizaram nas áreas costeiras do Mar Vermelho, formando núcleos urbanos. Apesar de não haver
unidade política ou religiosa, pois eram politeístas e cada tribo adorava seus próprios deuses, todos os
árabes adoravam a Pedra Negra situada na Caaba, santuário da cidade de Meca, sendo este o elemento
unificador de todas as tribos, sendo Meca um centro religioso que atraia a peregrinação de toda península,
o que a tornou o principal centro comercial árabe. Os coraixitas constituíam a classe de comerciantes mais
abastada, sendo responsáveis pela guarda da Caaba, lucrando com a peregrinação em Meca.

> Islâmismo: O islamismo surgiu a partir de um sincretismo religioso entre cristianismo, judaismo e tradições
arabes, criado por Maomé, conseguindo grande adesão entre as camadas humildes, unificando as tribos e
os povos árabes. Pregava a crença monoteísta em Alá e a submissão total a ele, bem como a crença no
fatalismo, imortalidade da alma, juízo final, predestinação, aceitação da poligamia e escravidão. Exige a
peregrinação a Meca ao menos uma vez na vida, orar 5 vezes ao dia em direção a Meca, proíbe o consumo
de carne de porco e álcool. A pregação de Maomé atraiu a oposição dos coraixitas, que temiam que a o
monoteísmo islã eliminasse o caráter sagrado da Caaba e afastasse os peregrinos, o que levou a fuga de
Maomé e seus seguidores para Medina (Hegira), onde ele se tornou um líder espiritual e chefe guerreiro,
formando um exército que conquistou Meca, mantendo a sacralidade da Caaba e instituindo o Islamismo.

> Expansionismo Islâmico O expansionismo islâmico se deu através da Jihad (Guerra Santa), que é a luta
armada pela fé em prol da expansão do Islã, conceito utilizado para justificar a violência contra outros
grupos, iniciando o processo de expansionismo Islâmico, que atingiu o Norte da Africa, a Península Ibérica e
grande parte do Mediterrâneo, formando o grande Império Islâmico, que se extendia desde as fronteiras da
China e da Índia até a Península Ibérica. A religião islâmica também alcançou o sul do Saara, não pela Guerra
Santa expansionista, mas de forma pacifica pelo intercambio comercial e cultural.
-> O expansionismo ocorreu rapidamente em grande parte durante o século VIII, o que foi possível graças a
coesão vinda da unidade religiosa, pelo rápido crescimento demográfico em virtude da poligamia, bem
como pela legitimação ideológica da expansão atavés do conceito de Guerra Santa. Os islâmicos eram
tolerantes quanto à cultura e religião dos povos conquistados mediante sua submissão e pagamento de
impostos, o que favoreceu as relações comerciais com outros povos. Os árabes da Africa do Norte se
organizaram como potência marítima e dominaram o Mediterrêneo Ocidental, estabelecendo uma
talassocracia que impedia a navegação cristã, ao tempo em que os bizantinos dominavam o Oriental, o que
estimulou o isolamento da Europa Ocidental Cristã do feudalismo.

-> O Império Islâmico foi uma monarquia teocrática centralizada, cujo comando religioso, político e militar
era exercido por um califa dotado de poderes absolutos. Após a morte de Maomé, o Império Árabe, apesar
de unido pela fé comum, se dividiu em diferentes unidades políticas (califados), geralmente rivais, com
interpretações divergentes acerca dos ensinamentos islâmicos, como os sunitas e os xiitas, dando origem a
facções políticas religiosas, o que enfraqueceu o poder político e militar do Império.

> A Reconquista: Foi um conjunto de batalhas multisseculares em que as comunidades cristãs da Espanha
reconquistaram os territórios perdidos para os muçulmanos, que dominaram a Península Ibérica por
séculos, levando ao surgimento de uma sociedade multicultural, fundindo tradições de vários povos.

> Oriente e Ocidente no Mundo Medieval: Até o século V a Península Itálica, o Norte da Africa e o Oriente
Médio integravam o Império Romano, compartilhando tradições comuns. Já na Idade Média, por volta do
século XVIII, houve uma nitida divisão entre Ocidente, onde se estabeleceram os reinos cristãos, com línguas
germânicas e neolatinas; e Oriente, que incluia o Império Bizantino e o Oriente Médio, onde houve o
expansionismo arabe-islâmico. Essas civilizações compartilhavam um passado greco-romano comum que se
refletia nas artes, na filosofia e no caráter monoteísta de suas religiões, todas influenciadas pela tradição
judaico-cristã. Elas mantiveram contatos comerciais, tendo o Mediterrâneo como eixo. A unidade do
Império Romano deu lugar a um mediterrâneo dividido entre civilizações, impérios e fés diferentes.

> Entre os Séculos IX e XI, novas ondas migratórias atingiram a Europa Ocidental, como magiares/hungaros
na França; os vikings/ normandos vindos da Escandinávia que realizaram uma rápida e violenta expansão em
diversas áreas litorâneas da Europa, no norte da França e o sul da Inglaterra. Essas invasões contribuiram
para o maior isolamento das comunidades feudais, até que os invasores eventualmente se sedentarizaram e
se converteram ao cristianismo, se integrando ao mundo medieval cristão. Outro grupo invasor foi o dos
sarracenos, árabes de religião islâmica fixados no norte da Africa, que se expandiram em direção a Europa e
ao Império bizantino, através de uma série de ataques que estimualram a interiorização. Ao fim
- Baixa Idade Média (XI a XIV)

> Crise do Século XI: A partir do século XI, com o fim das invasões e guerras a partir da integração dos
invasores ao mundo feudal, houve a chegada de novos povos a Europa e uma grande queda na mortalidade,
o que causou um surto demográfico, levando ao esgotamento da autossuficiência produtiva do modelo
feudal, que não se adaptou ao aumento da população, já que produtividade feudal era baixa e as tecnicas
empregadas eram rudimentares, tornando a produção insuficiente para todos, gerando fome nos feudos.

-> Diante da necessidade de aumentar a produtividade agricola, surgiram inovações técnicas tais como o
sistema trienal (rotatividade de plantio) e o arado, assim como a ampliação da área destinada à plantação,
através da derrubada de florestas, no processo de Expansão Agrícola. Nos feudos que não se adaptaram a
expansão agricola, os habitantes foram marginalizados, havendo um êxodo rural em massa através da
expulsão e fuga de servos, formando grupos marginais não assimiláveis pela órdem feudal que migraram
para as cidades, gerando tensões sociais.

> As Cruzadas:

-> Foi um conjunto de expedições militares cristãs ao Oriente, entre 1096 e 1270, com o objetivo de
recuperar Jerusalém dos muçulmanos e conter a expansão islâmica, tendo como causa imediata o bloqueio
à peregrinação dos cristãos à Terra Santa pelos muçulmanos turcos.

-> Para a Igreja Romana, a conquista dos locais santos pelas Cruzadas era um instrumento de expansão do
cristianismo, o que incluia o combate a heresia dos Albigenses. Além disso, buscava por meio das Cruzadas
reunificar a Igreja do Império Bizantino com a de Roma, após na Cisma do Oriente, ao auxiliar os bizantinos
na defesa contra o avanço dos muçulmanos turcos sobre seus territórios.

-> As cidades comerciais italianas de Veneza, Pisa e Gênova, viam nas Cruzadas um instrumento de
reabertura do Mediterrâneo, cujas rotas haviam sido dominadas pelos muçulmanos, além de almejar
conquistar entrepostos comerciais na rival Constantinopla.

-> Os nobres prejudicados pela crise da órdem feudal viam nas Cruzadas um meio de conquistar novas
terras e acumular riquezas através da pilhagem de cidades muçulmanas, sendo fundamentais para a
montagem dessas expedições, formadas principalmente por cavaleiros sem terra e antigos servos
marginalizados pela estagnação da ordem feudal.

-> As Cruzadas também tinham como função aliviar as tensões sociais causadas pelos excedentes
populacionais que formaram massas de miseráveis nas cidades após o surto demográfico, visando
realocando-os para o Oriente Próximo, obtendo grande adesão entre grupos marginalizados, como na
fracassada Cruzada dos Mendigos que antecedeu a dos Nobres.
-> Os reis que participavam das cruzadas buscavam alcançar prestigio e autoridade através dos combates. A
canonização do Rei Luis IX após perecer durante a oitava cruzada é uma expressão do fortalecimento da
instituição monárquica para além da consolidação pessoal dos reis em razão das cruzadas.

-> Foi anunciada durante o Concilio de Clermont por Papa Urbano II, que persuadiu a população a participar
sob a promessa de salvação divina e de que as familia dos participantes ficariam sob proteção da Paz de
Deus. Assim, as Cruzadas ofereciam privilégios espirituais e materiais aos participantes. Havia uma
motivação religiosa autêntica de resgate da Terra Santa, devido a intensa religiosidade da época.

-> A 1° Cruzada foi a Cruzada dos Nobres, organizada por senhores feudais, que conquistou Jerusalém e
fundou um Estado cristão (Reino Latino de Jerusalém), estabelecendo feudos para os nobres que
participaram do conflito. Os muçulmanos reconquistaram o local posteriormente.

-> A 3° Cruzada foi a Cruzada dos Reis, que contou com a participação dos monarcas da França, Inglaterra e
do Sacro Império Alemão, culminando no estabelecimento de acordos burocráticos com os muçulmanos,
que permitiram o retorno da peregrinação cristã à Terra Santa.

-> A 4° Cruzada foi a Cruzada Comercial, liderada por comerciantes italianos de Veneza com interesses
mercantis de conquistar os portos da rival comercial Constantinopla, invandindo-a por um curto período,
até o território ser recuperado pelos bizantinos. Ainda assim, os italianos instalaram entrepostos comerciais
na cidade, monopolizando a distribuição de produtos orientais no Mediterrâneo, tornando a Itália a maior
potência comercial do mediterrâneo e levando ao declínio mercantil de Constantinopla.

-> Paralelamente às Cruzadas contra o Oriente, a partir do século X, teve inicio as Cruzadas do Ocidente,
expedições com o objetivo de expulsar os muçulmanos de territórios europeus, como a Península Ibérica,
que havia sido invadida pelos muçulmanos no ano 711, com exceção das Astúrias, onde se formaram os
pequenos reinos cristãos de Leão, Castela, Aragão e Navarra. Reunidos, iniciaram a Guerra de Reconquista.
A Guerra de Reconquista na Itália visava reconquistar territórios invadidos por muçulmanos, como a Sicília, a
Córsega e a Sardenha, bem como por fim ao bloqueio comercial arabe no Mediterrâneo.

-> O contato entre cristãos e muçulmanos, inicialmente bélico, gradualmente assumiu um caráter mercantil
e resultou na reabertura do Mediterrâneo para os europeus, através de um acordo comercial com os
muçulmanos. As trocas foram ampliadas e diversificadas, facilitando o reatamento das relações entre
Ocidente e Oriente.
> Consequências das Cruzadas:

->A reabertura do Mediterrâneo Ocidental ao comércio europeu foi a principal consequência das Cruzadas,
de modo que as rotas das expedições militares tornaram-se rotas comerciais, intensificando as relações
comerciais entre Europa Ocidental e oriente, dinamizando a economia europeia, reestabelecendo a
circulação de moedas. As relações com o Oriente envolveram trocas comerciais culturais, como o interesse
dos consumidores europeus por especiarias e tecidos de seda, e pelo acesso à ciencia árabe (medicina).

-> A prosperidade das cidades comerciais italianas Genova e Veneza, que monopolizaram o comércio de
produtos orientais no Mediterrâneo, através de entrepostos comerciais (fondacos) em Constantinopla, por
meio dos quais redistribuiam produtos do Oriente na Europa. O contato dos italianos com o Império
Bizantino através de Constantinopla os bizantinos levou à um maior acesso à cultura clássica que era
preservada no local, influenciando o Renascimento.

-> Intensificou o Renascimento Urbano/Comercial e fortaleceu a classe mercantil, o que acelerou o


enfraquecimento da ordem feudal com o maior declínio do poder da nobreza e da servidão como forma de
trabalho. Além disso, as Cruzadas fortaleceram a instituição monárquica, em razão do prestigio adquirido
pelos reis que participaram. A maior prejudicada pelas Cruzadas foi a Igreja, uma vez em que seus objetivos
não foram alcançados, na medida em que Jerusalem não foi recuperada de modo definitivo e a tolerância
entre cristãos e mulçumanos forticou-se através das trocas comerciais.

> O Renascimento Urbano/Comercial (Século XI):

-> A reabertura do mar Mediterrâneo ao comércio cristão com as Cruzadas e a intensificação das relações
mercantis com o Oriente, levaram á reativação do comércio na Europa feudal, através da popularização do
consumo de produtos orientais como seda e especiarias, e pelo domínio mercantil exercido pelas cidades
italianas de Genova e Veneza. O Mediterrâneo voltou a ser a via principal das atividades mercantis, a
moeda voltou a ser usada em transações comerciais. O Renascimento Agricola aumentou a produtividade
agricola, gerando mais excedentes comerciais, de modo que o comércio passou a absorver grande parte
das massas camponesas marginalizadas da nova órdem feudal, pela venda de excedentes agrícolas.

-> O Renascimento Urbano teve início com o surto demográfico e êxodo rural em massa de camponeses dos
feudos durante a Crise do Século XI. O Renascimento Comercial intensificou esse processo, na medida em
que as cidades funcionavam como polos comerciais. Assim, o comércio estimulou a reorganização da
população em povoados, que gradualmente formaram as cidades. As cidades nunca deixaram de existir na
Alta Idade Média, apenas entrando em declínio. A vida urbana passou a ser expressão da liberdade em
contraponto à servidão da vida rural nos feudos. Assim, a sociedade feudal passou a ter maior mobilidade
social ao longo da Baixa Idade Média.
> Rotas Comerciais: Com a expansão do comércio, surgiram rotas comerciais que ligavam importantes polos
comerciais. As mais importantes foram: Rota de Champagne, que ligava Itália ao norte da Europa, tendo
como ponto de confluência a região do Flandres, importante polo produtor de tecidos, transportando
produtos orientais e artigos de luxo vindos da Itália e, no sentido inverso, levando os tecidos flamengos do
Flandres para venderem no comercio com o Oriente; Rota do Mediterrâneo, que ligava os portos de
Alexandria e Constantinopla às cidades de Genova e Veneza, transportando produtos orientais; e a Rota do
Mar do Norte, que ligava o Flandres ao norte da Europa

> Feiras: As feiras eram mercados temporários (6 a 7 semanas) que surgiam nos pontos de cruzamentos das
rotas comercias ou próximas aos castelos de senhores feudais. Além de pontos de comércio, elas atuavam
como centro de operações financeiras através das casas cambiais (que deram origem ao primeiros bancos),
onde era feita a troca da moeda dos comerciantes pela moeda oficial da feira, uma vez em que crescimento
da circulação monetária ocorreu de forma rápida e desordenada, levando o valor a variar conforme sua
disponibilidade. Quando as feiras eram realizadas nas terras dos senhores feudais, eles cobravam diversos
impostos dos mercadores. A principal feira era a de Champagne.

> Burgos:

-> Ao longo das rotas comerciais multiplicavam-se núcleos urbanos chamados de burgos, centros de
comércio formados a partir da confluência de rotas/feiras ou a partir de pontos de comércio nos muros de
um castelo, onde os comerciantes tinham a proteção do senhor feudal. Assim, os burgos começaram como
fortificações que protegiam os comerciantes em torno de um castelo, crescendo e formando cidades. Nos
burgos surgiu uma nova classe social ligada ao comércio e às finanças, que passou a ser conhecida como
burguesia, que se fortaleceu com a expansão do comércio.

-> Os burgos situavam-se dentro dos feudos, nas proximidades das muralhas dos castelos feudais,
submetendo-se a tutela e autoridade do senhor daquele feudo em troca de proteção, devendo pagar
impostos a ele. Os burgos eram cercados por uma grande muralha que servia para proteção e cobrança de
impostos, a qual se tornou um obstáculo espacial que limitava o crescimento dos feudos, levando ao
progressivo estreitamento das ruas e a verticalização da arquitetura, com edifícios com mais de um
pavimento. As ruas estreitas mal ventiladas e sombreadas e a ausência de saneamento basico, com esgoto a
céu aberto, conferiu um aspecto insalubre ao burgos/cidades medievais, que diante da população cada vez
mais numerosa, favoreceu a eclosão de epidemias (pestes). Além da muralha que cercava o núcleo urbano
(burgo), havia uma segunda muralha que cercava o castelo que ficava no centro. As cidades feudais tinham
como destaque a Igreja, catedral monumental que simbolizava a prosperidade dos burgos, de modo que os
burgueses financiavam sua construção para rivalizar com as de outros burgos em termos de beleza.
-> As cidades da Baixa Idade Média eram espaços de troca e encontro, sendo permeáveis ao mundo exterior
e interdependentes entre si, diferentemente do carater isolado e fechado dos feudos da Alta Idade Média,
que refletiam a busca por proteção diante do clima de insegurança do período

-> O abastecimento dos burgos com produtos de primeira necessidade era garantido pela agricultura dos
campos comunais vizinhos, de modo que a agricultura deixou de ser voltada para a subsistência e passou a
ser voltada para a geração de excendentes. Essas terras eram cultivadas por arrendatários livres, sendo
incorporadas administrativamente aos núcleos urbanos.

-> A atividade econômica dos burgos era concentrada nas mãos de burgueses e artesãos. Os burgueses
eram comerciantes que vendiam produtos orientais e excedentes agrícolas, visando o acumulo de capital
pelo lucro. O fato de estarem desatrelados da estrutura estamental da sociedade feudal resultou em uma
maior chance de mobilidade social, o que levou a fuga em massa de servos dos feudos para as cidades, em
buscas de melhores condições de vida e autonomia através do comércio.

-> A expansão do comércio causou a ascensão social da burguesia, que passou a compor a elite econômica
da sociedade, assim como alguns artesãos, de modo que a terra deixou de ser a única forma de riqueza e o
poder economico desbancou a origem estamental como meio de prestigio social, influência e poder. Assim,
a sociedade da Baixa Idade Média era diversificada, com maior mobilidade social, havendo a coexistência de
classes de estamentos feudais e novas classes como os burgueses e artesãos.

-> Os burgos estavam submetidos à autoridade de um senhor, temporal ou clerical. Embora o controle dos
senhores feudais sobre os burgos fosse, a princípio, conveniente ao comerciantes, que buscavam proteção,
ele eventualmente se tornou um entrave para a expansão da economia mercantil burguesa, em razão da
excessiva cobrança de tributos para a realização do comércio no interior do feudo, incluido pedágios para
circulação de mercadorias entre os feudos, o que reduzia os lucros. Outro obstáculo para o desenvolvimento
mercantil era a e diversidade de moedas, leis, pesos, que variavam de feudo para feudo. Assim, de modo a
viabilizar a expansão da economia mercantil, fazia-se necessário a unificação do mercado através da
padronização das moedas e dos pesos, bem como pela criação de uma legislação, dando fim ao direito
consuetudinário da época, e a redução dos impostos.

-> Com o crescimento do comércio e o enriquecimento dos comerciantes, a burguesia adquiriu condições
para se emancipar da tutela do senhor feudal e obter sua autonomia administrativa e judiciária, de modo a
expandir seus negócios. Nesse sentido, surgiu o movimento comunal, que visava a libertação das cidades
em relação ao senhor feudal, subordinando-se apenas a autoridade do rei. As cidades onde os senhores
concordaram com a emancipação, através do documento da carta de franquia, mediante compensação
financeira, ficaram conhecidas como Cidades Francas. Nas cidades onde os nobres se recusaram a aceitar
tais reivindicações, eclodiram revoltas.
-> Em muitas comunas que conquistaram a autonomia, a burguesia passou a ter ampla influência política, ,
sendo os burgos administrados por um assembleia que definia leis/impostos e elegia os representantes que
governariam a cidade, o que simbolizou a retomada do exercício da cidadania urbana, ainda que restrita à
uma minoria. No Sacro Império, as cidades alemãs conseguiram autonomia e tornaram-se cidades livres,
ainda que não soberanas, enquanto na Itália, que não possuia um poder centralizado, os núcleos subtraídos
da autoridade feudal formaram grandes cidades-estados, como Veneza, Genova e Florença.

-> Com a emancipação dos burgos em relação a nobreza feudal, essas cidades se subordianaram apenas a
autoridade do rei, processo que se fez parte do apoio da burguesia a centralização do poder real, pois
somente o poder centralizador do rei seria capaz de impor as reformas almejadas pelos burgueses, como a
unificação do mercado, bem como enfraqueceria o poder da nobreza feudal. Assim, houve o surgimento
das Monarquias Nacionais, que viriam a formam os Estados Modernos absolutistas no fim da Idade Média.

-> Corporações de Ofício: Associação que profissionais de uma mesma atividade, principalmente artesãos,
controlado a quantidade, qualidade e o preço dos produtos, incluindo assistência financeira aos membros,
assegurando igualdade de condições, regulando a concorrência entre seus membros. Eram ricas e tinham
funções civicas como financiar a construção de estradas e contribuir para a segurança das cidades, tendo
grande influência no governo das cidades, além de possuirem extensões religiosas chamadas confrarias.

-> Guildas/Hansas: Associação de comerciantes que visava proteger os interesses mercantis de seus
membros contra a concorrência, monopolizando a venda de certos produtos, dominando o comércio de
determinadas regiões ou controlando rotas comerciais. A mais poderosa foi a Liga Hanseática, aliança
marítimo-militar que reuniu 90 cidades germânicas, com forte domínio nos mares Báltico e do Norte, o que
era feito pela presença de uma frota de guerra naval.

.-> A existência das Guildas e Corporações de Ofício evidencía o espirito coletivista nas atividades comerciais
dentro de um mesmo burgo, distante do individualismo e da livre concorrência que viria a predominar nas
relações comerciais durante o capitalismo, o que se devia ao fato de que a concorrência ocorrer entre os
diferentes burgos e não em seu âmbito interno.

> O artesanato tradicional se baseava em um sistema doméstico de produção, sendo o mestre artesão
responsável por realizar todas as etapas da produção, com o auxílio de oficiais, que geralmente eram
membros de sua família, assim como de aprendizes. O artesanato tradicional perdeu sua importância diante
do advento das manufaturas, sistema de produção em que varios trabalhadores eram reúnidos em um
único estabelecimento, havendo a divisão de tarefas e a especialização do trabalho, o que impulsionava a
produtividade. A partir do século XIII, os antigo mestres artesãos começaram a concentrar o poder e o
capital em suas mãos, se transformando em empresários, passando a se dedicar somente a atividades
gerenciais, o que evidenciou a dissociação entre o capital e o trabalho.
> Características Gerais da Baixa Idade Média: Foi um período marcado por um grande dinamismo
econômico, social e cultural. No campo econômico, houve a transição feudo-capitalista, pela reativação do
comércio, que estimulou um forte espirito de lucro entre os habitantes, originando uma rica economia de
mercado, levando ao declínio da órdem feudal. No campo social, houve o surgimento de novas classes
sociais desatreladas dos estamentos feudais, como a burguesia e os artesãos, havendo maior mobilidade
social, consolidando práticas de trabalho livres e assalariadas, alem da expansão dos núcleos urbanos
através do burgos. No campo político, a ascensão econômica da burguesia lhe conferiu grande influência
política, levando a um gradual declínio da autoridade dos senhores feudais e progressivo aumento de
poderes do monarca. No campo cultural, o mundo europeu foi marcado pelas trocas culturais com o
Oriente, havendo grande circulação e compartilhamento de saberes estrangeiros através das navegações.

> Choque de Valores: Na Baixa Idade Média havia o confronto entre valores de uma nova ordem
socioeconômica e os valores tradicionais de uma antiga estrutura estamental: De um lado haviam os ideais
burgueses de valorização do lucro e busca de ascensão social. Do outro lado estavam os ideais do clero e da
nobreza, que condenavam o enriquecimento da burguesia, com membros que viviam vidas luxuosas e
desfrutavam de elevado status nas cidades. Para o clero, a humildade, a resignação e a pobreza, esperadas
de um terceiro estamento, eram sagradas, considerando as atividades da burguesia pecaminosas e
avarentas, pois contrariaavam o ideal cristão do justo preço, pelo qual o valor de uma mercadoria deveria
ser determinado pelo trabalho necessário e matérias primas envolvidas para produzi-lo, condenando o lucro
e os juros, classificado como usura pela Igreja.

> Cultura na Baixa Idade Média:

-> As cidades medievais, voltadas para a produção manufatureira e tocas comerciais, se tornaram locais de
diálogo, circulação de conhecimentos e produção cultural, estimulando o desenvolvimento do pensamento
lógico, havendo uma dicotomia entre fé e razão, com a coexistência da racionalidade e da religiosidade,
como através do pensamento escolástico. Nesse período surgiram as primeiras universidades, um dos
maiores legados da Idade Media, onde os intelectuais difundiam conhecimentos científicos.

-> Com as necessidades da nova economia de mercado, houve uma progressiva alfabetização nos burgos. O
grande aumento da quantidade de letrados estimulou o declínio do monopólio cultural e intelectual do
clero, que perdeu parte de sua influência social e poder. Assim, houve a ampliação de obras literárias laicas,
sem cunho religioso, como dicionários, códigos jurídicos e romances e novelas de cavalaria. A descoberta do
papel, mais barato e facil de se obter do que o pergaminho, aliada ao surgimento de técnicas de impressão,
contribuiu para a difusão dos hábitos de leitura na sociedade. A economia de mercado também estimulou
saberes como contabilidade e matemática, que eram fonte de lucros em potêncial.
-> Com a nova organização econômica e social, houve uma maior exigência de conhecimentos jurídicos e
administrativos, estimulando a criação de uma legislação, com leis baseadas nas tradições capitulares
carolíngias, códigos bizantinos e romanos, porém atualizados sob a influencia da religiosidade cristã. Assim,
o clero continuou a desempenhar um papel de destaque no campo jurídico, pois as leis deveriam estar de
acordo aos dogmas da Igreja.

-> Nesse período houveram grandes invenções, como a descoberta da pólvora, que ganhou aplicação militar
e revolucionou a capacidade bélica; o avanço da cartografia (mapas e cartas náuticas) e a invenção da
bussola, fatores que contribuiram para as grandes navegações da Idade moderna.

> A interação com o tempo na Alta e na Baixa Idade Média: A nova mentalidade medieval burguesa se
refletiu na questão do tempo. Enquanto na Alta Idade Media o tempo era visto como algo sagrado,
associado a Deus, como visto na contagem dos anos a partir do Cristo, e pela marcação dos dias pelos sinos
da igreja, constituindo o “tempo divino”. Na Baixa Idade Média, com o surgimento dos relógios mecânicos,
houve o desenvolvimento de uma concepção mais organizado e exata acerca do tempo, que se tornou
sinônimo de dinheiro, sendo calculado o tempo de trabalho, que estabelecia a remuneração, o tempo de
produção, que estabelecia lucros, assim como o tempo das viagens, constituindo o “ tempo do trabalho”.

> As Universidades:

-> Surgiram no século XII a partir das Corporações de Mestres e Alunos, sendo espaços de produção de
conhecimento cientifico, criando saberes fundados na lógica e na observação da natureza, enfraquecendo o
monopólio intelectual da Igreja, estimulando uma perspectiva de mundo mais crítica e científica, que viria a
ter grande influência na Idade Moderna através do Renascimento cientifico. Os saberes medievais ficaram
conhecidos como artes liberais ou filosofia natural. O latim sobreviveu como língua de ciência.

-> As universidades foram patrocinadas por reis e principes, que valorizavam o conhecimento cientifico. A
Igreja eventualmente fundou suas próprias universidades, de modo a manter influência sobre o pensamento
da época, temendo que o avanço da racionalidade estimulasse questionamentos quanto a doutrina cristã.

-> A formação básica era dividida em áreas de estudo que refletiam as necessidades do mundo moderno: O
trivium, composto pela gramática, retórica e lógica, e o quatrivium, voltado para a aritmética, geometria,
astronomia e música. Após a formação básica haviam especializações como direito, medicina e teologia. Os
conhecimentos da medicina se apoiaram em uma ampla base de informações adquiridas com os árabes.
> Filosofia na Idade Média:

-> Filosofia Patrística (século IV a VIII): Corrente filosófica dos primeiros séculos da era cristã, desenvolvida
por filósofos padres da Igreja Católica, sendo Santo Agostinho de Hipona seu principal representante. Foi
inspirada na filosofia grega de Platão. Oferecia uma argumentação lógica para a defesa da existência de um
Deus, defendendo a fusão da fé e da razão para chegar à verdade, com prevalecimento da fé sobre a razão,
sendo a razão um meio para alcançar a fé. Santo Agostinho defendia que a salvação da alma do homem
dependia exclusivamente da vontade divina, sendo a fé a guia exclusiva para a salvação.

-> Filosofia Escolástica (século IX a XV): Corrente filosófica que buscava conciliar razão e fé através da lógica
Aristotélica, baseada no método da dialética, tentando responder as dúvidas religiosas e facilitar a
compreensão dos problemas teológicos pelo uso da razão. Teve São Tomás de Aquino como principal
representante, que em sua obra Suma Teológica, defende que o homem dipõe de livre arbitrio, sendo sua
salvação determinada por suas próprias escolhas e boas ações, e não apenas da vontade divina. O método
escolástico consistia na leitura crítica de obras selecionadas, comparando-a com documentos e textos a ela
relacionada, estabelecendo as discordâncias entre elas, formulando os dois lados da argumentação,
buscando um acordo livre de contradições.

> A Igreja na Baixa Idade Média:

-> Na Baixa Idade Média, a Igreja entrou em declínio junto ao declínio do feudalismo, por motivos como: O
fortalecimento do poder dos monarcas, que passaram a desafiar a autoridade papal, sobrepondo o poder
temporal dos reis sobre o poder espiritual da Igreja, como nos casos da Questão das Investiduras/Querela
do Sacro Império, e no Cativeiro de Avignon na França; a desmoralização do clero em razão de praticas
mercadológicas como a venda de indulgências e a simonia (comércio de coisas sagradas como sacramentos
e relíquias), de modo a ampliar seu capital diante da expansão monetária da época, perdendo influência; o
perda do monopólio intelectual sobre a sociedade diante dos avanços da época, como o fortalecimento do
pensamento racional, da expansão da alfabetização e o surgimento das universidades.

-> Tribunal da Inquisição: Diante do enfraquecimento da autoridade da Igreja, ela elaborou um instrumento
repressor em substituição ao da excomunhão, que já não intimidava seus opositores, criando a Inquisição no
século XIII, tribunal eclesiástico que investigava casos de heresias, aliando a aplicação de pena espiritual da
excomunhão pela Igreja, a uma pena fisica aplicada pela autoridade secular do Estado, que geralmente era
morte na fogueira. Deste modo, o papel repressivo da Inquisição somente produzia efeitos quando
associado com a ação executora do Estado, ou seja, os réus eram executados pelo poder laico, embora
fosse a condenação espiritual que levasse a isso. Os métodos de interrogação da Inquisição envolviam
tortura.
-> Ordens Mendicantes: Diante da desmoralização do alto clero através de luxos e práticas mercadológicas
que contrariavam os valores cristãos de abnegação do mundo material e humildade, as ordens mendicantes,
congregações cujo os membros viviam em estrita pobreza, mantidss por esmolas dos fiéis, surgiram no
intuito de moralizar o corpo eclesiástico. Os principais foram os Franciscanos (Itália), com simplicidade de
pensamento teológico, e os Dominicanos (França) fanáticos com princípios cristãos doutrinários.

> Estilo Românico e Gótico: As catedrais e Igrejas foram os pilares da arquitetura na Idade Média. As
semelhanças entre os edifícios religiosos evidenciaram a grande unidade cultural do continente europeu.

-> Estilo Românico: Estilo predominante nas Igrejas da Alta Idade Média, com uma arquitetura que refletia
a grande insegurança da época, sendo marcada por construções de baixa estatura, sem ornamentação ou
técnicas arquitetônicas avançadas, paredes grossas e maciças, janelas estreitas e pouco numerosas que
deixavam o interior imerso em penumbra. A escuridão dos edifícios românicos favorecia a introspecção, o
contato sagrado e o transe. Suas pinturas e esculturas possuíam composições simples, cuja função era a
clareza da transmissão das ideias centrais da fé para o fiel medieval, geralmente iletrado, valorizando a
expressão das ideias sagradas em detrimento das proporções.

-> Estilo Gótico: Predominante nas Catedrais da Baixa Idade Média, com uma arquitetura que refletia a
prosperidade advinda do renascimento comercial. Se caracterizava pela verticalidade das construções, com
elevada altura; grandes dimensões e portões altos; presença de arcos ogivais de influência clássica, interior
ornamentado e ricamente decorado, dotado de esculturas religiosas em pedra, que evidenciavam a pujança
dos burgos, arquitetura mais desenvolvida que incorporava conhecimentos de geometria e engenharia;
altas janelas com vitrais coloridos, que reproduziam cenas bíblicas, garantindo uma boa iluminação natural
interior. A luz que invadia os enormes vitrais buscava o êxtase e a elevação espiritual. A boa iluminação fez
delas centros de leitura e estudo, como no pensamento escolástico. As obras de arte góticas possuíam
riqueza de detalhes e valorizava a observação e representação lógica da realidade natural, através da
proporção, já prenunciando as mudanças estilísticas do Renascimento cultural.

-> As construções góticas denotavam forte caráter religioso e buscavam expressar o poder da instituição
católica, com altas torres que simbolizavam a autoridade da Igreja sobre a sociedade medieval, bem como
a prosperidade dos burgos, que competiam entre si para terem a mais bonita, sendo tanto uma fonte de
orgulho cívico quanto um reflexo do crescimento das cidades. As catedrais não eram apenas o local de culto
e cerimonias religiosas, englobando atividades como reuniões das comunas, guildas e corporações de ofício,
chegando a sediar festas e até feiras. No interior das catedrais refletiam-se as formas de estratificação
social, havendo espaços mais próximos ao altar reservados aos estamentos superiores enquanto as classes
menos privilegiadas ficavam distantes do altar. Só eram enterrados dentro das igrejas os membros do clero
e da nobreza. Eram estruturadas em forma de cruz.
- As Monarquias Nacionais: O Início da Organização dos Estados Modernos

> A formação das monarquias nacionais surgiu de um processo de gradual de acumulação de poderes
políticos e administrativos pelos reis a partir do século XIII, substituindo a descentralização feudal pela
centralização do poder monarquico, que culminaria no absolutismo do Estado Moderno. A formação dessas
monarquias ocorreu sob uma luta de interesses, que aliou o rei e a burguesia contra a nobreza e a Igreja.

> Aliança Entre Burguesia e Monarquia:

-> O apoio da burguesia à centralização do poder real se devia a necessidade de centralizar o poder para
unificar os tributos, as moedas, os pesos, as medidas, as leis e a própria língua, obstáculos ao
desenvolvimento do comércio que só poderiam ser removidos por um poder que submetesse a nobreza e
exercesse autoridade em regiões bem maiores que a de um simples feudo, pondo fim a diversidade regional
e política feudal, com os vários feudos e seus poderes locais, que prejudicava o comércio.

-> A aliança entre burguesia e monarquia teve suas raizes na luta pela independência das cidades, em que
os burgueses forneciam aos reis os capitais necessários para formar exércitos mercenários permanentes
para lutar contra os senhores feudais e centralizar o poder. A comunhão de interesses com reis europeus
que queriam promover a centralização política como forma de reforçar sua autoridade sobrepondo-se à
nobreza e limitando o poder da Igreja, consolidou a aliança entre burguesia e reis, pela qual o rei adotava
medidas favoráveis às atividades mercantís, promovendo o enriquecimento da burguesia e,
consequentemente, ampliando a arrecadação de tributos que forneciam recursos para ampliar o exército
real e o seu corpo de funcionários, fortalecendo o seu poder.

> Subordinação na Nobreza ao Poder Real:

-> O enfraquecimento na nobreza feudal teve início com a Crise do Século XI, quando o esgotamento da
autossuficiência produtiva feudal estimulou a expulsão e fuga em massa de servos rumo às cidades, o que se
intensificou com o avanço do renascimento comercial e urbano, e reduziu o numero de pessoas sob a órbita
de influência dos senhores feudais. Com a substituição da agricultura pelo comércio como principal
atividade econômica, muitos senhores feudais não acompanharam a expansão monetária que levou ao
enriquecimento da burguesia, a qual suplantou a nobreza em termos de poder econômico. Assim, embora a
nobreza permanecesse superior a burguesia no plano social, ela perdeu poder econômico e influência
política, o que se agravou com a emancipação de vários burgos da tutela dos senhores locais.

-> Os grandes senhores feudais, muitos dos quais eram monarcas, passaram a acumular capitais através da
cobrança de impostos aos comerciantes, e pela venda de cartas de franquias para os burgos, aumentando
suas fontes de renda e garantindo proteção aos burgueses contra saques, livrando-os da tutela de senhores
locais. Esses grandes senhores tinham recursos para ampliar seus exércitos e ter acesso a armas de fogo, o
que lhes conferiu grande superioridade militar e bélica sobre os demais nobres, cuja cavalaria e castelos se
tornaram vulneráveis, subjugando-os a sua autoridade pelo uso da força, levando ao monopólio do poder
desses grandes senhores sobre faixas de terras cada vez maiores, havendo uma progressiva subordinação
da nobreza feudal à autoridade de grandes senhores ou monarcas.

-> Ao subjugar a nobreza feudal através de sua superioridade militar e bélica, o grande senhor feudal ou
monarca passou a ter autoridade sobre esses grupos de nobres e suas terras. Assim, houve a formação das
sociedades de cortes, formadas por grupos de nobres que viviam juntos subordinados à autoridade de um
monarca ou grande senhor feudal com superioridade militar, tanto através de imposição pelo uso da força
quanto pela busca de manter seus privilégios ameaçados com a perda de poder militar. Esse cenário marcou
a configuração das monarquias nacionais, que através da expansão do exército real e superioridade bélica
das armas de fogo, submeteram os poderes locais da nobreza à sua autoridade.

> Características das Monarquias Nacionais: Com a centralização política, os monarcas estabeleceram a
delimitação do território sobre o qual iriam exercer sua autoridade e influência, submetendo os poderes
locais da nobreza à sua autoridade. Essa área era submetida à redes permanentes de cobrança de
impostos, arrecadando recursos financeiros usados para fortalecer o exército nacional e ampliar o corpo
administrativo real, composto por funcionários que cobravam os tributos e garantiam a segurança. O
exército nacional garantia a manutenção da autoridade real, simbolizando o poder dos reis pelo monopólio
da força pelo Estado. Os soldados eram disciplinados, remunerados e controlados pelos reis, garantindo a
defesa do território contra inimigos externos e impondo a autoridade do rei. No território controlado pelos
reis houve a imposição de um idioma nacional comum e a unificação monetária, facilitando as trocas
comerciais e a arrecadação de impostos. Esses foi o molde das monarquias absolutistas que viriam a
governar o Estado Moderno após o fim da Idade Média.

> Monarquias Nacionais na França:

-> A decadência da monarquia na França chegou ao fim quando o rei Felipe Augusto ampliou o seu poder
real ao acumular capitais com a criação de impostos cobrados sobre todo o território, pela substituição as
obrigações feudais de vassalagem pelo pagamento em moeda, e venda de cartas de franquia aos burgos,
arrecadando recursos para financiar um exército nacional comandado por ele, bem como um corpo
administrativo de funcionários, como a rede de fiscais que faziam a cobrança dos impostos e garantiam a
segurança e liberdade dos comerciantes. Esses instrumentos consolidaram o poder de fato do rei.

-> O fato de que, até então, o maior senhor feudal da França era o rei da Inglaterra, levou Felipe Augusto a
tomar as terras do monarca inglês e iniciar um conflito com João Sem Terra, o que deu inicio a rivalidade
secular entre França e Inglaterra, que culminou na Guerra dos 100 Anos. A vitória da França no conflito e a
conquista de novas terras fortaleceu e legitimou o poder real francês. Luís IX prosseguiu com a centralização
do poder monárquico e unificação monetária na França, além de instituir a intervenção real sobre os
tribunais feudais por meio da justiça real, dando ao monarca poderes de modificar sentenças dos tribunais
feudais. Felipe IV ampliou o poder real aumentando os impostos nacionais e estendendo a cobrança de
impostos para o clero, o que levou ao episódio do Cativeiro de Avignon.

-> O Cativeiro de Avignon: Com a decadência da autoridade da Igreja, o rei da França Felipe IV buscou
ampliar a arrecadação de recursos pelo Estado pela taxação de impostos nos feudos eclesiásticos, o que não
foi aceito pelo papa, que buscava reafirmar a supremacia do poder da Igreja sobre o poder temporal. Assim,
o rei convocou a Assembleia dos Estados Gerais, que deu ao rei o papel de assumir simultaneamente as três
ordens que formavam a sociedade, com representantes do clero, nobreza e burguesia,, conseguindo que ela
confirmasse a total autonomia do soberano nos assuntos internos da França. Assim, ele depôs o papa de
Roma e impôs a escolha de um papa francês com papado sediado em Avignon, onde os papas eram dóceis
aos interesses dos monarcas, subordinando a Igreja ao poder do rei francês por setenta anos. No século XIV,
durante a Guerra dos 100 Anos, o papado foi restituído em Roma, abrindo uma cisão na Igreja (Cisma do
Ocidente) através da coexistência de dois papas que afirmavam ser legítimos, um em Roma e outro em
Avignon, cenário que persistiu por 50 anos e abalou irreversivelmente a autoridade papal, enfraquecendo o
poder da Igreja. Em 1417 foi reestabelecido um único papado com a sede tradicional em Roma.

> Monarquia Nacional na Inglaterra:

-> Magna Carta: Os conflitos entre a França de Felipe Augusto e a Inglaterra de João Sem Terra abalou as
finanças inglesas, forçando o rei a elevar os impostos, medida que provocou a Revolta dos Barões, pela qual
um conselho de nobres submeteu o monarca à Magna Carta. Esse documento impunha grandes restrições
ao poder e autoridade do rei, que não poderia criar ou elevar tributos sem a aprovação do Conselho de
Nobres, restringindo a capacidade financeira do rei em promover a centralização monárquica. Além disso,
estabelecia um regime de habeas corpus à nobreza inglesa, que não poderia ser submetido a uma pena sem
antes ser julgado por seus pares, impedindo o rei de usufruir livremente da Justiça Real, que em Estados
absolutistas foi uma mecanismo de intimidação e autoritarismo.

-> Assim, a monarquia nacional que se formou na Inglaterra foi diferente das demais, na medida em que o
rei tinha seu poder limitado pela Magna Carta, o que restringiu o processo de centralização monárquica e
preservou o poder tradicional da nobreza. O Conselho dos Nobres tornou-se o Parlamento, que era
bicameral, dividido em Câmara dos Lordes, formada por nobres com mandato permanente, e Câmara dos
Comuns, formada pelos membros da alta burguesia, com mandato temporário, sendo eletiva. Com o tempo,
o Parlamento foi deixando de ser somente um órgão controlador do poder real, tornando-se o órgão
legislativo da Inglaterra, em contraste a França e outros reinos que caminhavam em direção ao absolutismo.
. o exército do rei acabou servindo também aos interesses senhoriais, à nobreza, pois garantia a ordem
contra as rebeliões rurais e mantinha a maior parte dos privilégios feudais. No final da Idade Média, vários
reinos europeus fortaleceram sua autoridade e passaram a centralizar o poder.

> O Sacro Império Romano-Germânico: Após a fragmentação do Império Carolíngio, na porção oriental do
território, correspondente às terras alemãs, a Igreja buscou evitar a descentralização do poder e manter a
antiga estrututa de Império, baseada na aliança entre um Estado forte e a Igreja com poder universal,
impedindo a ascensão na nobreza ao poder. . Os bispos receberam poderes condais do monarca,
transformando-se em agentes da coroa. Em 962 Oto I recebeu o título de imperador dos romanos, dando
início ao Sacro Imperio Romano-Germânico, que perduraria até o século XIX.

- O Sacro Império Romano-Germânico:

> No Sacro Império os governantes só assumiam a dignidade imperial depois de pessoalmente coroados
pelo pontífice. A monarquia no Sacro Império era eletiva, sendo os imperadores escolhidos por uma
assembleia de nobres, de modo a restringir o autoritarismo real pela ausência de uma dinastia hereditária,
sendo os imperadores eleitos pertencentes à famílias distintas, de modo a se evitar uma continuidade
dinástica.O imperador tentou limitar o poder da nobreza guerreira e proprietária de terras, passando a
oferecer aos bispos o cargo de conde, consolidando uma elite cujo o poder não fosse hereditário, mantendo
a posse de terra como uma concessão do imperador.

> Querela/ Questão das Investiduras:

-> A nomeação dos bispos passou a ter importância crucial para o imperador, levando ao choque com o
papa no episódio da Querela, que foi um conflito entre o poder temporal do imperador e a autoridade papal
da Igreja. Os feudos eclesiásticos da Igreja e os lotes concedidos pelo imperador eram administrados por
bispos que convertiam-se em principes, exercendo um poder local não hereditário. Os bispos estavam
subordinados tanto à igreja quanto ao imperador, passando por uma cerimonia de investidura religiosa,
comandada pelo papa, e por uma cerimonia de investidura leiga, que simbolizava a posse do feudo perante
ao rei, de quem se tornavam vassalos.

-> Quando Henrique IV, de modo a fortalecer o seu poder, passou a indicar os bispos de sua confiança,
apenas com a investidura leiga, a autoridade papal foi desafiada, levando ele a ser excomungado pela Igreja.
A excomunhão era um importante instrumento para a autoridade pontifícia na Idade Média, condenando a
alma antecipadamente ao inferno, afastando a pessoa do convívio dos demais, de modo que quando
imposta aos monarcas, levava seus vassalos a quebrar a fidelidade jurada e este, que se via destituído de
seus poderes. Ao ser excomungado, Henrique IV submeteu-se a Humilhação de Canossa, sendo perdoado.
Assim que restituiu seus poderes, invadiu a Itália, expulsando o Papa e colocando em seu lugar um antipapa,
declarado de forma ilegítima. Diante disto, houve a eclosão de confrontos militares entre as duas forças, de
modo que o papa passou a agir como verdadeiro monarca na península Itálica, região sul do Sacro Império,
enquanto o imperador impôs sua influência sobre o Norte. Esse cenário provocou uma divisão entre
senhores feudais que se mantiveram fieis ao papa, e aqueles que se mantiveram fieis ao imperador.

-> A Concordata de Worms deu ao papa o controle das investiduras no sul do Império como na Itália, e ao
imperador as investiduras no Norte, como na Alemanha. Qualquer senhor local que rejeitasse uma dessas
autoridades poderia afirmar sua fidelidade ao imperador ou ao papa, o que levou à formando das facções
rivais representadas pelos guelfos, fieis ao papa, e pelos gibelinos, fieis ao imperador, de modo que, tanto o
papa quanto o imperador passaram a fazer concessões cada vez maiores aos poderes locais, o que
resultou na impossibilidade de exercerem um poder centralizado real nos territórios sob sua influência.
Mesmo com o fim do conflito, os guelfos e gibelinos continuaram a lutar entre si pelo controle da política
interna, o que levou à fragmentação do norte italiano em dezenas de unidades políticas.

- Portugal e Espanha: A centralização monárquica desses reinos se deu no contexto da Reconquista da


península ibérica, sob o domínio dos árabes desde o século VIII, consolidando-se o poder de reis guerreiros
legitimados pela igreja nos territórios reconquistados. Uma política de alianças e casamentos gerou a fusão
de diversos reinos cristãos, como o de Castela e Aragão, que deu origem a Espanha. Apenas em 1492 o
ultimo reduto árabe na península ibérica, o Reino de Granada, foi reconquistado. O reino de Portugal teve
suas fronteiras delimitadas em 1267, com o reconhecimento da autonomia lusitana sobre o Algarve,
mantendo sua autonomia diante da Espanha, desenvolvendo um forte setor mercantil, fortalecido durante a
Guerra dos Cem Anos, quando rotas comerciais terrestres tiveram que contornar a Península, o que levou a
prosperidade de cidades litorâneas como Lisboa e estimulou o surgimento de uma setor mercantil dinâmico.
Portugal desfrutava de grande autonomia e expansão comercial.

Filipe Augusto, ou Filipe II (1180-1223). Usando como pretexto a necessidade de combater os ingleses que
ocupavam o norte da França, Filipe Augusto iniciou a cobrança de impostos em todo o território francês,
seguida da montagem de um poderoso exército que garantiria o poder real e o domínio de um território
unifi cado. Tinha início, assim, a transformação da monarquia feudal, centrada nos feudos e comandada
pelos suseranos e vassalos locais, em Estado centralizado. Após derrotar os ingleses, Filipe II utilizou seu
poder armado para se impor à nobreza. Nomeou fi scais reais, que percorriam todo o reino cobrando
impostos e fazendo prevalecer as leis e a justiça real sobre as dos nobres locais. Aliado da burguesia, o rei
vendia Cartas de Franquia aos burgos que quisessem se libertar do controle dos senhores feudais e aceitar a
proteção real. e outro lado, para os senhores territoriais, a força monárquica acabava servindo para garantir
o poderio e os privilégios da nobreza, mantendo a ordem e a subordinação servil. Filipe Augusto organizou o
sistema de impostos e um exército permanente que conquistou domínios dos reis ingleses na França.

Luís IX, que reinou de 1226 a 1270, levou adiante o processo de centralização, organizando uma rede de
tribunais reais e instituindo uma moeda de circulação nacional. Participou da Sétima e da Oitava Cruzadas,
ambas fracassadas, falecendo na última delas. Após sua morte, foi canonizado pela Igreja como São Luís. No
governo de Luís IX, o poder real fortaleceu- -se ainda mais. Foi criada uma moeda padronizada para facilitar
o comércio, organizaram-se tribunais reais para uniformizar a justiça e ampliaram-se os domínios da Coroa

O reinado de Filipe IV, o Belo, de 1285 a 1314, deu continuidade ao empreendimento iniciado pelos
antecessores. Herdando um Estado já fortalecido, Filipe IV preocupou-se com sua legitimação. Em 1302,
criou a assembleia dos Estados Gerais sob o primado da soberania real. Essa assembleia era composta de
representantes do clero, da nobreza e comerciantes das cidades. ujo caráter era meramente consultivo, ou
seja, não tinha poder de tomar decisões ou criar leis. Além disso, não se reunia periodicamente: era
convocada conforme a vontade do monarca. Apoiado pela assembleia, Filipe IV aprovou a taxação sobre os
bens da Igreja. Teve início uma grave crise, envolvendo a participação do papa, que chegou até a ameaçar o
rei de excomunhão. Quando o papa morreu, em 1303, Filipe IV interferiu na escolha de seu sucessor. Impôs
o nome de um francês, que viria a ser o papa Clemente V, e forçou a transferência da sede da Igreja de
Roma para a cidade de Avignon, no sul da França. O episódio iniciou o período que foi denominado por
contemporâneos como cativeiro de Avignon. durante setenta anos os papas submeteram-se à autoridade
do rei da França, o que demonstra claramente o fortalecimento desses monarcas. A nomeação de outro
papa em Roma, no mesmo período, desencadeou o Cisma do Ocidente, com a divisão da autoridade
suprema da Igreja católica entre dois papas. Para a Igreja, tal situação só foi superada no início do século XV

Passar cativeiro de Avignon e Cisma do Ocidente para Monarquia Francesa e passar Questão das
Investiduras para Sacro Império.

Monarquia Inglesa:

Guilherme (1066-1087) quem dividiu o reino em condados, os shires, controlados pela nobreza e fi
scalizados por funcionários chamados sheriff. Em 1154 a dinastia normanda foi substituída pela
Plantageneta, cujo primeiro rei foi Henrique II, que reinou de 1154 a 1189. Para fortalecer seu poder, esses
monarcas estabeleceram a justiça real e o Common Law, conjunto de leis a ser aplicado em todo o território.
Sucessor de Henrique II, Ricardo I, ou Ricardo Coração de Leão (1189-1199), envolveu-se em guerras com a
França e na Terceira Cruzada, e sua ausência contribuiu para enfraquecer o poder real na Inglaterra.

A insatisfação da nobreza com o rei atingiu seu ponto culminante no reinado do sucessor de Ricardo, seu
irmão João Sem-Terra (1199-1216). João Sem-Terra ainda gerou descontentamento crescente entre a
população por causa da cobrança de impostos cada vez mais elevados. Tentou, além disso, taxar os bens da
Igreja. Enfrentou a revolta da nobreza, que acabou por lhe impor a Magna Carta (1215), segundo a qual o
monarca, a partir de então, só poderia criar novos impostos ou alterar leis com a aprovação do Grande
Conselho, órgão controlado por membros do clero e da nobreza. O poder real, desse modo, foi fortemente
limitado na Inglaterra, retardando o processo de centralização política. O Grande Conselho pode ser
considerado o embrião do atual Parlamento inglês.

O prolongamento da guerra dos 100 anos, aliado a rebeliões camponesas e à peste negra contribuíram para
enfraquecer a nobreza.

Monarquia de Portugal e Espanha:

a península Ibérica sofreu a invasão dos visigodos, no final do Império Romano, e dos árabes, no século VIII.
A formação dos Estados na região, durante a Baixa Idade Média, está estreitamente vinculada à Guerra de
Reconquista dos territórios tomados pelos muçulmanos (veja o mapa). A religião islâmica foi levada para a
península Ibérica, onde já existia o cristianismo, pela invasão árabe, iniciada em 711. Os cristãos só
conseguiram manter reinos independentes no norte da península, na região montanhosa das Astúrias. Dali
partiu o movimento da Reconquista, iniciado no século XI. Durante esse processo de Reconquista,
organizaram-se os reinos de Leão, Navarra, Castela e Aragão. Os dois últimos anexaram os demais reinos e,
em 1479, se uniram por meio do casamento de seus monarcas. Essa união real deu origem ao Estado
centralizado espanhol, que, no entanto, só se consolidou com a conquista de Granada, último reduto árabe
no sul da península, e a consequente expulsão dos mouros, em 1492.

> Revolução de Avis: Ao fim das Guerras de Reconquista, foram formados 5 reinos cristãos na Península
Ibérica, de modo que 4 deles se uniram na Espanha, como Castela, Aragão e Granada. O quinto era Portugal,
que evoluiu separadamente e manteve a sua autonomia, de modo que a burguesia desfrutava de ampla
autonomia, enquanto a nobreza era pouco influente, o que fez com que os esforços econômicos do país
fossem direcionados às praticas mercantis de interesse dos burqueses. A possibilidade de que o Rei de
Castela herdasse o trono colocava a autonomia lusitana em risco, uma vez em que este priorizava a
continuação das Guerras de Reconquista, ao contrário dos interesses da burguesia lusitana dedicada às
lucrativas atividades mercantis. Com isso, houve a eclosão da Revolução de Avis, que iniciou a a Dinastia de
Avis, liderada por D. João I, que centralizou o poder e atendeu aos interesses da burguesia, a qual formou
uma classe dominante voltada para o comercio e expansão marítima.

Formação das Monarquias Nacionais: Grandes e poderosos senhores feudais que gradativamente começam
a impor o seu poder sobre senhore feudais mais fracos, como por meio do uso da força de um exército
nacional, formado a partir dos recursos vindos da burguesia, que via na centralização monarquica uma
espécie de eliminar os entraves economicos oferecidos pelo sistema feudal. No inicio reis precisavam do
apoio do papa para legitimarem seus poderes e nesse periodo passaram a questionar esse poder do papa. A
formação da monarquia ibérica passa pela questão da Reconquista. Os fatores foram a crise do sistema
feudal, que diminuiu o poder da nobreza em detrimento ao poder da burguesia; o renascimento comercial e
urbano, que fortaleceu a burguesia; aliança entre rei e burguesia

Querella das Investiduras.

Monarquia Francesa: - Felipe Augusto – Unificação dos impostos e criação do exército nacional. Luis IX –
Unificação das moedas, tribunais reais, leis escritas, participou de 2 cruzadas, sedo canonizado. Felipe o Belo
– Cativeiro de Avignon, Cisma do Ocidente, confisco dos bens dos templários, confisco dos bens dos judeus
de modo a obter recursos.

Aguns traços do feudalismo persistiram após o seu fim, como na França, que no final do século XVIII, às
vesperas da Revolução Francesa, ainda possuia o regime de Servidão, ou a Russia, que só veio a abolir a
servidão do século XIX.

- Querra das duas Rosas enfraquece a nobreza britânica levando à centralização da monarquia britânica.

Crise do Século XIV –

- a Grande Fome: 1315 a 1317 – Causada pelo aumento da população, crise climática, diminuição da
produção, inflação no preço dos alimentos. Houve canimbalismo, saques, infanticidio, milhões de mortes.

A peste negra foi favorecida pelas rotas comerciais. Era causada por uma bactéria encontrada na pulga do
rato, condições precárias de higiene. O misticismo ganhou força naquele momento, de modo que os eventos
em questão passaram a ser vistos através de uma perspectiva religiosa, como sendo associado a castigos
divinos. Deste modo, surgiram as irmandades autoflagelantes, cristãos fanáticos que acreditavam que a
peste poderia ser contida com atos de autoflagelação. Houveram também atos de antissemitismo, uma vez
em que os judeus foram considerados os disseminadores da peste, de modo que os judeus foram
perseguidos, o que evidencia que as origens do antissemitismo são muito mais antigas do que o nazismo.
Houve também a intensificação da xenofobia, havendo uma rejeição a peregrinos e mercadores.

- Na Guerra dos 100 Anos – 1337/1453: Consolidação da monarquia francesa centralizada, modernização da
artilharia

- Jaqueries foram revoltas camponesas na França contra os senhores feudais em 1358. Houveram também
revoltas na Inglaterra, em 1381, lideradas por Wat-Tyler.

- A Crise do Século XIV: A crise foi iniciada por distúrbios climáticos provocadas pelas técnicas de
arroteamento de terras, baseadas em queimadas e desmatamentos, entre os séculos XI e XIII, o que levou a
grandes secas que culminaram na retração agrícola, e consequentemente na inflação dos preços dos
alimentose emuma grande fome que provocou milhares de mortes. Paralelamente, a Europa foi atingida
pela Peste Negra, vinda do oriente através de navios que faziam a Rota do Mediterrâneo, causada por
bactérias presentes na pulga hospedeira do rato-preto, que causava a peste bubônica, que levava a morte
da pessoa infectada em 3 dias, sendo o seu nome uma referencia as feridas escuras que afetavam os
infectados, dizimando cerca de 1/3 da população europeia, com a maior parte das vitimas estando
presentes nas cidades onde as condições de higiene eram precárias, facilitando a proliferação da doença.
Além disso, eclodiu a Guerra dos 100 Anos entre França e Inglaterra. Esse cenário levou a retração da mão
de obra e do comércio, causando a substituição da corveia por impostos em dinheiro e o recrudescimento
da jornada de trabalho, configurando um quadro de superexploração feudal, o que associado a grande
fome levou a eclosão de diversas revoltas dos servos contra os senhores feudais, chamadas de Jacqueries,
ameaçando a nobreza feudal através de invasão de castelos e assassinatos de senhores, que recorreram a
proteção do rei, que procedeu com uma violenta repressão, afirmando sua autoridade perante as elites
rurais . A crise foi agravada pela escassez de metais preciosos causada pela exaustão das minas,
prejudicando as praticas mercantis e a circulação monetária, o que prejudicou a forte relação comercial
entre Europa e Ásia, marcada até então por um grande fluxo de mercadorias entre Ocidente e Oriente,
como a seda e especiarias, o que foi agravado pela Guerra dos Cem Anos, que tornou as rotas terrestres que
ligavam o norte ao sul da Europa, que também sediava grandes feiras, inseguras, dificultando a circulação
de mercadorias, sendo a retração do comercio causada principalmente pela retração agrícola e peste negra.
A Crise do Século XIV encerrou o surto demográfico que vinha ocorrendo desde o século X.
- A Guerra dos 100 Anos (1337/1453):Foi uma guerra entre França e Inglaterra, fruto de rivalidades que
remontam as disputas por feudos franceses que pertenciam ao monarca inglês, e vieram a se agravar com a
disputa pela região do Flandres, grande polotêxtil manufatureiro, sujeito a suserania do rei da França, o que
contrastava com o fato de que quase toda matéria prima da região era inglesa, sendo submetida a tarifas
alfandegárias para entrar na região, encarecendo os produtos, o que levava a burguesia e os flamengos a
defenderem que os reis ingleses assumissem a suserania do condado, barateando as importações de lã, ao
tempo em que a Inglaterra via na região uma forma de expandir suas atividades comerciais. No entanto, a
disputa pela sucessão do trono francês foi a causa imediata para a eclosão do conflito, uma vez em que o
trono não possuía monarcas sucessores, sendo a monarquia do país regida pela Lei Sálica, que impedia
mulheres de ascender ao trono, o que levou Eduardo III, rei inglês e neto de Felipe IV por parte de mãe, a
alegar o direitosobre a coroa francesa, o que não foi aceito pelos franceses, dando início a guerra. O inicio
do conflito foi marcado pela larga vantagem inglesa, que possuía um exército pago e treinado, enquanto o
exército francês era organizado aos moldes feudais, sendo submetido a sucessivas derrotas, e pela peste
negra e pela eclosão de revoltas camponesas (Jacqueries) na França. O conflito foi intermediadopor longos
períodos de paz, sendo reiniciado quando Henrique V, monarca inglês, tomou Paris e passou a controlar
maior parte do território francês em 1420,por meio do Tratado de Troye, sob o nome de Carlos VI, de modo
que apenas a França Meridional ficou sobre o controle do legitimo soberano francês. A fase final da guerra
foi marcada pela atuação de Joana D’Arc, uma jovem de 17 anos, que em busca de libertar a França do
domínio inglês, liderou um pequeno exército, a frente do qual a jovem obteve alguns êxitos que
fortaleceram o nacionalismo francês, que se empenharam no combate enquanto os ingleses passavam por
falta de recursos para prosseguir com a guerra. Em 1453 os invasores se retiraram da França, de modo que
esta saiu vencedora da guerra, ainda que devastada pelo conflito, enquanto a Inglaterra teve suas finanças
exauridas.

* Cidades da Antiguidade Clássica e do mundo medieval se assemelharam pelo fato de que em ambos os
casos as cidades eram o centro de trocas comerciais, com exceção de Esparta, com vínculo entre a área
urbana e a área rural ao seu redor. Se diferenciavam pelo fato de as antigas serem mais dispersas, enquanto
a medieval era mais aglomerada e limitada por muralhas, além de que a cidade antiga era dominada por
aristocracias fundadas na posse de terra, enquanto a medieval era dominada por setores ligados ao
comércio. A integração da Europa Ocidental na Idade Média se dava a partir da identidade cristã.

Crise do Sistema Feudal:

A Grande Fome (1315-1317) Antes do ano 1000, a subalimentação na Europa era crônica. Do século XI ao
XIII, a farta produção agrícola reduziu muito a fome. Nesse período, a população aumentou. A exploração
predatória das novas terras contribuiu para o desgaste da fertilidade do solo, e o desmatamento intenso
provocou alterações ecológicas e climáticas. Períodos excessivamente chuvosos alternavam-se com outros
extremamente secos, o que, já no início do século XIV, fez diminuir a produção agrícola e encarecer os
produtos. Três anos de péssimas colheitas (1315-1317) produziram uma terrível fome coletiva que provocou
a morte de milhões de pessoas.

A peste Negra (1347/1350

A Peste Negra, como ficou conhecida na época, foi uma manifestação epidêmica de peste bubônica
transmitida pela pulga do rato. Acredita-se que tenha sido trazida do Oriente por um navio veneziano e dali
tenha se propagado por toda a Europa. A subnutrição causada pelas crises de fome, associada às precárias
condições de higiene nas cidades medievais contribuíram decisivamente para a disseminação da doença. O
auge da epidemia ocorreu entre os anos de 1347 e 1350. Estima-se que mais de 30% da população europeia.
Nos porões dos navios de comércio que vinham do Oriente, entre os anos de 1346 e 1352, chegavam
milhares de ratos. Esses roedores encontraram nas cidades europeias um ambiente favorável, pois estas
possuíam condições precárias de higiene. O esgoto corria a céu aberto e o lixo acumulava-se nas ruas.
Rapidamente, a população de ratos aumentou significativamente. Esses ratos estavam contaminados com a
bactéria Pasteurella Pestis. E as pulgas destes roedores transmitiam a bactéria aos homens através da
picada. Os ratos também morriam da doença e, quando isto acontecia, as pulgas passavam rapidamente
para os humanos para obterem seu alimento, o sangue. Após adquirir a doença, a pessoa começava a
apresentar vários sintomas: primeiro, apareciam nas axilas, virilhas e pescoço várias bolhas de pus e sangue.
Em seguida, vinham os vômitos e febre alta. Era questão de dias para os doentes morrerem, pois não havia
cura para a doença e a medicina era pouco desenvolvida. Vale lembrar que, para piorar a situação, a Igreja
católica opunha-se ao desenvolvimento cientíco e farmacológico. Os poucos que tentavam desenvolver
remédios eram perseguidos e condenados à morte, acusados de bruxaria. A doença foi identicada e
estudada séculos depois desta epidemia. Acreditava-se que somente os pecadores ou devedores da Igreja
seriam infectados pela doença, a peste dizimou um terço da população europeia. C

A Guerra dos Cem Anos (1337-1453) Por mais que não tenham sido cem anos de guerra contínua, a guerra
entre a Inglaterra e a França foi uma das transformações políticas mais significativas que ocorreram no
interior dos dois reinos. Foi uma guerra que ocorreu de maneira intermitente, durante um século, em que as
duas monarquias mantiveram-se em estado beligerante. A região de Flandres, no norte da França, rica em
manufaturas e pródiga em impostos, era desejada pela França que pretendia anexá-la aos seus domínios. Os
grandes mercadores e artesãos de Flandres não queriam submeter-se ao domínio francês e mantinham
fortes ligações com a Inglaterra, um dos principais fornecedores de lã para os teares desses mercadores e
artesãos
Outro fator importante dessa guerra foi a disputa por territórios na França. Os reis da Inglaterra eram
senhores de grandes feudos na França, o que os tornava vassalos do rei francês. No século XIV, o rei francês
não deveria ter em seu território um vassalo tão poderoso, bem como o monarca inglês não podia suportar
a humilhação de ser vassalo de outro rei. Ao mesmo tempo, havia uma acirrada luta pela sucessão do trono
francês. Em 1328, morrera o último descendente de Felipe IV, o Belo, sem deixar sucessor. Os grandes
nobres franceses tinham dois candidatos para o cargo: um nobre da família Valois, de nome Filipe, e
Eduardo III, rei da Inglaterra, neto de Filipe IV, por parte de mãe. Os nobres franceses escolheram o membro
da família Valois, que recebeu o nome de Filipe VI, escapando, portanto, do domínio inglês.3 O rei inglês não
acatou a decisão e partiu para a guerra com a França, em 1337. O palco do con-ito foi o território francês.
Numa primeira fase, as vitórias foram inglesas. A segunda fase foi marcada pela reação francesa graças ao
nacionalismo despertado por uma camponesa que conseguiu organizar um exército e derrotar em várias
ocasiões os ingleses: Joana D’Arc. Ao cair prisioneira dos ingleses e borguinhões, foi acusada de feitiçaria e
executada na fogueira. Morta, Joana D’Arc transformou-se em heroína, símbolo do patriotismo popular
francês. Imbuídos de novo espírito, os franceses continuaram a conquistar vitórias. Em 1453, os ingleses
foram denitivamente expulsos da França.

- Guerra dos Cem Anos suspendeu o fortalecimento do poder monárquico no país, ainda que
temporariamente. a monarquia francesa teve de fazer certas concessões aos nobres e passou por um
relativo enfraquecimento. A insatisfação da burguesia com as primeiras derrotas na guerra, a fome
generalizada no país e a peste negra difi cultaram a situação. Finalmente, eclodiram as rebeliões
camponesas, denominadas jacqueries. a mais importante delas ocorreu em 1358 e caracterizou-se pela
invasão de castelos e por assassinatos de senhores. Foram duramente reprimidas pelas forças da ordem,
encabeçadas pelo Estado e seus nobres.

As rebeliões camponesas A fome, a peste e as guerras geraram uma abrupta redução da população
europeia, o que também significou menos servos trabalhando nos feudos. Acostumada a novos hábitos de
consumo criados pelo comércio, no entanto, a nobreza feudal intensificou suas exigências sobre os servos
que reagiram: quem não se revoltou fugiu para as cidades. O ano de 1358 foi marcado pelo pipocar de
rebeliões camponesas na França semelhantes às rebeliões dos escravos romanos. Conhecidas como
jacqueries,

Em 1381 explodiu na Inglaterra uma revolta camponesa liderada por Wat Tyler, que exigia a abolição da
servidão. Não demorou muito para que essa sublevação fosse cruelmente reprimida pelos nobres.

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