Relatório Provisório PIBID para Dia 02-07
Relatório Provisório PIBID para Dia 02-07
Relatório Provisório PIBID para Dia 02-07
Coordenadoras:
Jurema Brites, Maria Clara Mocellin
Supervisor:
Gilmar Nunes Corrêa
Alunos bolsistas:
Denise Medeiros Figueiredo dos Santos, Izabel Cristina Lorenzen Pippi, Marcelo
Lazzaron, Rosangela dos Santos Menezes, Vinícius Gomes Perdigão
LISTA DE ANEXOS
2. MAPA DA ESCOLA
3. MAPA DE LOCALIZAÇÃO
SUMÁRIO
Introdução.................................................................................................... 4
1 Constituição da escola............................................................................ 5
1.1 Histórico da escola............................................................................... 5
1.2 Infraestrutura........................................................................................ 6
1.3 Recursos Humanos............................................................................. 6
1.3.1 Equipe Diretiva................................................................................ 6
1.3.2 Coordenação pedagógica.............................................................. 7
1.3.3 Serviço de orientação educacional.............................................. 7
1.3.4 Educadora especial........................................................................ 7
1.3.5 Corpo docente e discente.............................................................. 7
1.3.6 Funcionários................................................................................... 7
2 Relações interpessoais....................................................................... 7
2.1 Aluno/escola......................................................................................... 7
2.2 Aluno/direção......................................................................................... 7
2.3 Aluno/professor..................................................................................... 8
2.4 Expectativas do aluno em relação a escola........................................ 9
2.5 Professor/escola................................................................................... 10
2.6 Aluno/aluno........................................................................................... 11
2.6.1 Relações de gênero......................................................................... 12
2.6.2 Desvios.............................................................................................. 13
INTRODUÇÃO
Compreender a escola não é uma tarefa fácil por vários motivos, entre eles o
fato da escola ser um ambiente heterogêneo, de diferentes realidades
socioeconômicas e interesses, configurando complexas relações entre a escola e as
políticas públicas, a escola e os alunos e os alunos entre si. Outra razão é a de que
cada escola possui uma identidade cultural que a caracteriza. Este trabalho se
dedicará a conhecer através da cartografia, enquanto um mapeamento não só do
espaço físico da escola, mas dos fluxos humanos que vão caracterizar a
comunidade escolar. Por sua inspiração etnográfica, este trabalho se dedicará
especialmente em compreender as relações entre os alunos, professor e escola e os
alunos e a escola.
As informações e relatos aqui reunidos são produto das observações realizadas
entre os dias 21 de abril e 5 de junho de 2014 por seis alunos do curso de
Licenciatura em Ciências Sociais da Universidade Federal de Santa Maria nos três
períodos letivos, supervisionados e orientados na escola pelo professor Gilmar
Nunes Corrêa e coordenados pelas professoras Jurema Brites e Maria Clara
Moccelin, vinculados ao PIBID¹.
A escola situa-se na Avenida Presidente Vargas, nº 805. Antes de se tornar a
escola Estadual de Ensino Médio Cilon Rosa o que se tinha era a Escola Artesanal
Dr. Cilon Rosa que foi criada no dia 26 de Agosto de 1946 e funcionava no mesmo
prédio da escola Manoel Ribas, onde eram oferecidos cursos de corte e costura com
duração de dois anos para mulheres. Em 1957, a escola passou a se chamar Escola
industrial Cilon Rosa, quando foi instalado o curso de Aprendizagem Industrial. Foi
somente em 1971, em um pavilhão situado na Avenida Presidente Vargas que a
escola passou a ser a Escola Estadual de Ensino Médio Cilon Rosa, permanecendo
até hoje neste mesmo endereço.
Quanto ao seu aspecto físico, a Escola Cilon Rosa, destaca-se por sua
construção “tradicional” e funciona nos três turnos. A coordenação, supervisão e
direção situam-se no segundo andar da escola. Descendo as escadas chega-se ao
pátio com um amplo espaço e bem arborizado, um bar e a zeladoria, a qual não
tinha ninguém em todas as vezes em que fui a escola, há banheiros nos dois
andares.
As aulas de Educação Física são feitas no ginásio ao lado da escola.
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1 Constituição da escola
1.1 Histórico da Escola
1.2 INFRA-ESTRUTURA
A escola possui:
26 salas de aula;
Uma biblioteca;
Um sala de informática;
Um laboratório de química;
Um laboratório de biologia;
Um salão Nobre
Duas salas para aulas de ginástica;
Uma quadra para atividades de Educação Física;
Duas salas com multimídia;
Uma sala de reunião para os Professores;
2 RELAÇÕES INTERPESSOAIS
2.1 Aluno/direção
As observações começaram a partir dos corredores da escola, onde foi
possível verificar a dinâmica empregada pelos supervisores e vice direção na
tomada de decisões referentes ao comportamento dos alunos. No turno da manhã
constatamos que a sala da vice direção é sempre cheia, alunos com algum tipo de
problema, seja de comportamento ou de saúde, cabendo a vice diretora da manhã e
sua auxiliar, assumirem a resolução das diferentes problemáticas da escola,
percebemos essa dedicação em ambas. No período da tarde isso é menos
recorrente, assim como no período da noite. Questões disciplinares não aparentam
ser as maiores dificuldades, somente a questão de volta do recreio por vezes é um
pouco lenta e morosa no critério das monitoras e da vice diretora, que chamam a
atenção dos alunos de forma objetiva, na maioria das vezes chamando pelo nome
com um tapinha nas costas e um “voltem para sala”, “terminou o recreio”, “o que
vocês estão fazendo aqui” sem ser ríspida. Conversamos com alguns alunos e
notamos que eles sentem falta de um grêmio estudantil para dar apoio e promover
diferentes pontos de interação, como campeonatos de futebol e outros esportes e
também para ter uma representação entre o corpo docente da escola. Os alunos
demonstram grande respeito e uma camaradagem com a vice diretora e liberdade
de falar sobre assuntos diversos. Dentro dos grupinhos, alguns se tornam uma
espécie de porta voz dos demais quando levam a vice direção seus pedidos e
reclamações, como à falta de professores o que leva algumas turmas a ficarem pelo
pátio durante o horário de aula. Nesta situação, se for antes do recreio a vice
diretora adianta as fichas de merenda aos alunos, para que os mesmos se
desloquem ao refeitório antes, para evitar a formação de longas filas no horário do
lanche, algo comum durante os recreios.
2.2 Aluno/professor
Observar a relação aluno/professor em qualquer ambiente escolar é uma tarefa
bastante desafiadora, podemos dizer que o desafio é igualmente proporcional ao
nível de complexidade e riqueza que essa relação pode nos revelar, a relação
aluno/professor e professor/aluno é abundantemente perpassada por valores,
costumes, simbolismos, hierarquias e historicidade. Na Escola Cilon Rosa após o
período de observações, podemos concluir que de maneira geral os estudantes tem
um bom relacionamento com a maioria dos professores, no turno da tarde essa
relação, haja visto que os alunos são de faixa etária menor, é discretamente pautada
pela hierarquia onde o professor é autoridade, contudo não deixa de empregar
traços amistosos, de espontaneidade e afeto. No turno da manhã, que atende as
turmas de 2º e 3ºs anos, o ambiente também é harmonioso, porém há um
sentimento maior de igualdade entre professor e aluno, sendo que os professores
com menos frequência tem de fazer valer sua autoridade, isto garante um clima
maior de colaboração, portanto mais propício ao processo ensino/ aprendizagem.
Casos de indisciplina não são frequentes nem graves. A grande maioria dos alunos
diz que gostam de seus professores que os respeitam e são respeitados por estes,
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se referem a estes como “legais”, outros mais enérgicos ou que tenham menos
empatia pelos alunos, são considerados “chatos”. Os alunos que tem algum
problema de indisciplina são encaminhados ao setor de vice direção de turno e ali
são tomadas as medidas cabíveis, já os casos em que os estudantes tem algum
problema pontual e relevante em relação a algum professor são resolvidos pelo
setor de supervisão escolar. Não percebemos nenhuma especificidade de área do
currículo no sentido da preferência pelos professores, qualquer professor seja ele de
qualquer disciplina pode conquistar a simpatia pode conquistar a simpatia dos
alunos basta que seja comprometido com o trabalho, mas não excessivamente, que
estabeleça um diálogo ou mais que isso, que seja capaz de ouvir seus alunos e que
suas aulas sejam descontraídas. A queixa comum e recorrente dos professores
sobre os alunos é a falta de comprometimento com os estudos, não menos comum é
a queixa de sobrecarga de horários e turmas, o que impede uma maior integração
com os alunos e impossibilita uma dedicação mais efetiva em sua práxis.
2.4 Professor/escola
Os profissionais da educação, servidores do Estado do RS, especialmente os
da área das Ciências Humanas e em particular aqueles da disciplina de Sociologia
que geralmente ministram uma hora/aula semanal, estão muito assoberbados de
trabalho. São muitas turmas, muitos alunos e pouco tempo de interação com os
educandos. Assim, a cada final de trimestre, é um tormento dar conta de todas as
exigências burocráticas.
O professor é a "bola da vez"; a exemplo do que ocorreu nos anos 1990, onde
para justificar a política de privatizações vigente, os funcionários públicos em geral
foram tratados - generalizadamente por governos e mídia - como relapsos.
Há propagação de uma cultura que vincula a educação, exclusivamente, ao
professor. Sabemos que são muitas as variáveis que influenciam diretamente no
rendimento escolar: situação sócio-econômica da família, quantidade de alunos por
turma, número de turmas, quantidade de horas/aula semanais, valorização
profissional (carreira, jornada de trabalho, salário e formação continuada do
educador).
Com exceções, os professores não estabelecem vínculos de identidade e
afetividade com a(s) escola(s) onde trabalha(m); pois com 40 h./semanais,
geralmente lecionam em mais de um estabelecimento e o contato com a escola
resume-se aos períodos de aula e reuniões; mal conhecem os colegas.
Pouco contato com os educandos e com os colegas educadores são a tônica
diária. Como fazer uma educação interdisciplinar sem que haja uma interação
constante e significativa?
Os programas governamentais - e são muitos, quase que cada governante
faz uma experiência na educação - invariavelmente não interagem com os anseios
dos profissionais de educação, estes nunca são consultados na elaboração destas
políticas, a eles cabe a consecução, recebendo pronto o que deve ser feito.
Quando organizados protestam contra a falta de valorização da educação,
contra o processo de empobrecimento e perda de status da profissão, as
manifestações políticas são tensionadas pelo meio social que geralmente não é
simpático as reivindicações, vendo-as simplesmente como corporativas.
Assim, paradoxalmente, a satisfação de lecionar coabita com o sofrimento causado
pela excesso de carga horária, pela desvalorização profissional e a perda de si
mesmo.
2.5 Aluno/aluno - Linguagens juvenis e sociabilidade
A dimensão experimentada pelos alunos dentro da escola, suas ações e reações
nas relações entre uns e outros, delineará o que chamaremos de comportamento,
entendido enquanto o produto de valores apreendidos durante a vida, na família e na
comunidade em que os indivíduos estão inseridos até então.
A pluralidade e a heterogeneidade são elementos centrais para se entender a
escola. Os pontos de tensão e a diferença são a referência da identidade jovem.
Dentro desse contexto, a Escola Estadual Cilon Rosa torna-se um bom exemplo
para evidenciar isso, por ser uma escola localizada no centro da cidade, que recebe
aproximadamente 1300 alunos de diversos bairros da cidade. O próprio Programa
Político Pedagógico explicita essa peculiaridade “...favorece as relações
interpessoais entre alunos de segmentos sociais bastante diferentes”. Podemos
também procurar identificar isso através de um levantamento através de
questionário realizado pela escola que, ainda no segundo semestre deste ano,
compartilhará os resultados a nosso pedido.
Notamos diferenças entre grupos em determinados territórios e como as
interações se dão no âmbito da escola, com seus grupinhos e seus casaizinhos.
Nessas observações notamos que as mesmas pessoas frequentam os mesmos
lugares. Os colegas compartilham gostos semelhantes, vestem-se de forma
parecida, usam um determinado tipo de cabelo. É necessário acrescentar que os
alunos usam com muita frequência o celular e os fones de ouvido corriqueiramente.
Observamos alunos no Facebook e ouvindo músicas pelos corredores.
mas em geral nas redondezas da escola, não dentro. O grupo 2 assinalou que havia
acontecido uma entre duas garotas, mas que os “caras” brigam mais. Uma moça
que tomou a voz pelo grupo nesse momento, ao meu questionamento sobre os
motivo das brigas, disse que qualquer “diferença” ou um momento em que alguns se
“estranhassem”, por inúmeros motivos, gerava a briga. Sobre as brigas o grupo 3 me
contou, através de uma moça no colo e um rapaz alto e atlético, aparentando mais
que seus 15 anos, uma história de uma suposta montagem, numa espécie de
gozação, que se espalhou via Facebook. A moça com uma colega de turma tem um
namorado que comprou a briga, estabelecendo um clima de tensão com direito a
agressão verbal mútua entre o namorado e o suposto criador da montagem. Por fim,
o rapaz acusado negou a autoria da montagem e assim se resolveram. O grupo 4
em relação a brigas disseram nunca ter visto, uma lembrou: “só na outra escola”. O
grupo 5 destacaram os rapazes protagonizando essa linguagem por motivos de
roubo de boné, celular, droga, em geral nas redondezas da escola. Por outro lado
“as gurias quando brigam é por causa de macho hahaha”. Não foi registrado
nenhuma informação no grupo 6 sobre este tópico. Uma moça, aqui grupo 7,
apareceu querendo me contar algo quando me afasta do jovem do grupo 6. Me
chamou num canto separado dos demais para conversarmos. Então expliquei a ela
sobre a minha pesquisa. Sobre brigas elas disse que não aconteciam
frequentemente, mas que roubos de boné andavam “gerando socos”. O grupo 9 em
relação a brigas afirmou veementemente não ter brigas na escola.
Constatamos que a escola possui pixações de vários tipos e em vários
lugares diferentes (pode ser observada nos anexos) Foi perguntado pelo mesmo
método anterior como eles compreendiam a pixação. O grupo 1 a maioria se
manifestou de forma negativa, enquanto a um desrespeito a propriedade privada:
“Não gostaria que minha casa fosse pixada.” Apenas o “vagabundo” “curtia”,
defendendo como um tipo de arte (Ver em relato dia 28). O grupo 2, ao tocar na
pixação alguns olharam e dizendo que “esse sabe bem” referindo-se a jovem
branco, com um boné preto com alguma “tag” bordada em branco, de aparência
magricela e tímido ali, meio que na “periferia” da roda de conversa. Alguém mais no
centro da roda se manifestou dizendo que pixação não é arte mas que grafitti é. Mas
que dentro de protestos, outros afirmaram, era aceitável como meio de expressão
coletivo. O grupo 3 sobre pixação acionou o discurso “politicamente correto” de
apologia ao grafite e condenação da pixação. Uma das outras moças relacionou
fortemente as gangues da cidade com pixadores, disse que conhecia uma moça que
ela conhecia que pixava. O grupo 4 em relação a pixação primeiramente foi
acionado o discurso grafitti sobre pixação, mas a moça mais interessante abordou a
pixação enquanto uma forma de expressão, arte e uma espécie de protesto. O grupo
5 em relação a pixação foi unânime: “falta do que fazer. O jovem do grupo 6
enquanto algo que é uma forma de expressão e que ela é válida em contextos como
as marchas. A moça do grupo 7 que havia me chamado para conversar separado
queria falar sobre sua especificamente sobre pixação. Disse que tinha sido pixadora,
que na época ela andava numa época turbulenta, mas que quando ela estava com a
galera ela se sentia “grandona”, livre, ao invés de “estar em casa brigando com a
mãe”. Disse que já tinha passado na Tv e que tinha achado lindo, mas que hoje ela
se arrepende muito dessa atitude pois “não gostaria que a parede de casa fosse
pixada.”. Ela destacou também a importância de ter começado a namorar com o de
ter parado de pixar. O jovem do grupo 8 participou pouco da conversa do grupo 2,
mas os colegas sinalizando um possível envolvimento com pixação fez com que,
durante o intervalo, separado de grupos, tivéssemos uma conversa com ele. Um
rapaz de poucas palavras, traduziu as suas motivações para pixação como
liberdade, a adrenalina e a diversão de subir nos prédios. O rapaz do 3º ano, grupo
9, resumiu em “pixação é aquilo, o que tu não pode falar, vou ali risco a ideia do
cara”, é sobre liberdade de expressão.
Bibliografia:
MAPA DE LOCALIZAÇÃO