Direito Penal - Opção

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APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos

legal e anterioridade da lei penal.’


Ensina Capez que: o princípio da reserva legal reserva para o estrito
campo da lei a existência do crime e sua correspondente pena (não há
crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal),
e o da anterioridade, exige que a lei esteja em vigor no momento da prática
da infração penal (lei anterior e prévia cominação).

APLICAÇÃO DA LEI PENAL. Os efeitos provenientes do principio da legalidade são: irretroatividade


e taxatividade.
Vigência e revogação da lei penal
Assim como as demais leis, a lei penal também começa a vigorar na PRINCIPIO DA ANTERIORIDADE
data nela indicada, ou, na omissão, em 45 dias após a publicação, dentro O artigo Lodo Código Penal traduz o princípio da legalidade, conforme
do País, e em 3 meses no Exterior (art. 1º e seu § 1º da LICC). O espaço cuidamos anteriormente, e também o princípio da anterioridade (não há
de tempo compreendido entre a publicação da lei e sua entrada em vigor crime sem lei “anterior” que o defina, nem pena sem previa cominação
denomina-se vacatio legis (vacância da lei). legal). Por este princípio é totalmente necessário que haja uma lei em vigor
que regule o fato quando da prática do mesmo; a relação jurídica é definida
Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que pela lei vigente na data do fato.
outra a modifique ou revogue (art. 2º da LICC). Não há revoga-
Portanto, para que haja crime, é necessário que o fato que o constitui
ção pelo simples desuso da lei. A revogação total denomina-se seja cometido após a entrada em vigor da lei que o define como crime.
ab-rogação (abrogatio). A revogação parcial denomina-se der-
rogação (derogatio). PRINCIPIO DA IRRETROATIVIDADE E DA RETROATIVIDADE
BENIGNA DA LEI
A revogação é expressa quando a lei nova diz quais são os textos A Lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu (CF, artigo 5º,
revogados. A revogação é tácita quando a lei nova é incompatível com a lei XL).
anterior, ou quando regula inteiramente a matéria de que tratava a lei
anterior.
O texto constitucional consagra tais princípios como garantia dos
direitos individuais a que devem atender o Judiciário e o Legislativo ao
REVOGAÇAO
cuidarem da tutela penal.
− expressa
− tácita Somente a lei mais benigna, lex mitior, poderá retroagir. Toda e
− total (ab-rogação) qualquer outra Lei penal não retroagirá.
− parcial (derrogação)
Assim, a irretroatividade in pejus e a retroatividade in melius são
Irretroatividade da lei penal verdadeiras garantias constitucionais, e nem mesmo a res judicata (coisa
A lei penal não se aplica a fatos anteriores à sua vigência, sendo, julgada) impedirá a aplicação de preceito penal a fato passado quando for
portanto, irretroativa. Contudo, a lei poderá retroagir se for mais benéfica para beneficiar o réu.
para o réu.
PRINCIPIO DA TAXATIVIDADE
A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos As leis que definem os crimes devem ser precisas de modo a delimitar
fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada exatamente a conduta que objetivam punir. Não são aceitas leis vagas ou
em julgado (art. 2º, parágrafo único, do CP). imprecisas.

A lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu (art. 5º, XL, da O próprio princípio da legalidade ao estatuir que não há crime sem lei
CF). anterior que o defina, exigiu que a lei definisse (descrevesse) a conduta
delituosa em todos os seus elementos e circunstâncias, a fim de que
Ultratividade da lei temporária e excepcional somente no caso de integral correspondência pudesse o agente ser punido.
Algumas leis são editadas para vigorar apenas até certa data (leis
temporárias) ou enquanto durarem certas circunstâncias (leis Como tratado anteriormente, é permitido o uso de interpretação
excepcionais). analógica e de analogia em bonain partem.

Tais leis são ultra-ativas, pois, ainda que auto-revogadas, continuam a PRINCIPIO DA RESERVA LEGAL
ser aplicadas para os fatos ocorridos durante o período de sua vigência (art. Somente uma lei pode determinar o que é crime, ou seja, somente a lei
3º do CP). (lei federal) pode definir crimes e cominar penas, cabendo-nos aqui
mencionar a Medida Provisória, o Decreto-Lei e as Medidas de Segurança.
PRINCÍPIOS
Não sendo lei, a Medida Provisória,já que não nasce do Poder
PRINCIPIO DA LEGALIDADE Legislativo, não pode dispor sobre matéria penal, sob pena de invasão na
O princípio da legalidade tem significado político e jurídico: no primeiro competência de outro Poder. Todavia, há entendimento no sentido de se
caso é garantia constitucional dos direitos do homem e, no segundo, fixa o admitir que medida provisória veicuLe matéria penal, caso em que não terá
conteúdo das normas incriminadoras, não permitindo que o ilícito penal seja eficácia imediata, mas tão-somente após ser referendada pelo Poder
estabelecido genericamente sem definição prévia da conduta punível e Legislativo.
determinação da sanctio juris aplicável.
Com relação ao Decreto-Lei, foi amplamente discutido ao tempo da
Trata-se de princípio básico do Direito Penal. O mesmo reza: “não há Constituição Federal de 1967, se poderia o Presidente da República legislar
crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal” sobre matéria penal por meio de Decretos-lei, tendo predominado, no
— nullum crimen, nulla poena sinepraevia lege. (artigos 5º, XXXIX, da CF e Supremo Tribunal Federal, a tese afirmativa; contudo, a Constituição
l” do CP). Federal de 1988 aboliu o Decreto-Lei.

A maioria dos doutrinadores considera o principio da legalidade Com o advento da Lei n0 7.209/84, foi suprimido o inconstitucional
sinônimo do princípio da reserva legal. Já, para Fernando Capez, o artigo 75 do Código Penal que dispensava as Medidas de Segurança da
princípio da legalidade é gênero que compreende duas espécies: reserva obediência ao princípio da reserva legal. Diante de tal supressão,

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indiscutivelmente as Medidas de Segurança também estão submetidas ao agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença
principio da reserva legal. condena tória transitada em julgado.
PRINCIPIO DA ESPECIALIDADE Pelo enunciado desse artigo, a regra da irretroatividade da lei penal
O artigo 12 do Código Penal manda aplicar as regras gerais do mesmo sofre exceção, quando entra em vigor uma lei nova (posterior) mais benigna
codex aos fatos incriminados por lei especial se esta não dispuser de modo ou benéfica que deixa de considerar determinado fato como criminoso
diverso. Estamos diante do princípio da especialidade, segundo o qual, a lei (abalitio criminis), e retroage para beneficiar o réu. A lei nova se aplica, no
especial derroga a lei geral. que favorecer o agente, até mesmo já havendo condenação transitada em
julgado, ou seja, na relação de direito decidida por sentença condenatória
PRINCIPIOS DECORRENTES irrecorrível, como dispõe expressamente o parágrafo único, in fine, do art.
A doutrina tem reconhecido vários princípios que são decorrentes do 2º do Código Penal.
princípio da legalidade, quais sejam:
APLICAÇÃO
PRINCIPIO DA INTERVENÇÃO MINIMA Na aplicação prática do preceito contido na regra do art. 2º e seu
O Estado somente deve intervir nos casos de ataques muito graves parágrafo único, como prevê a Exposição de Motivos de 1940, da Parte
aos bens jurídicos importantes, deixando os demais à aplicação das Geral do Código Penal, podem ocorrer as seguintes hipóteses:
sanções extrapenais ou administrativas. “(A) um fato considerado crime, pela lei vigente ao tempo em que foi
praticado deixa de o ser por lei posterior;
PRINCIPIO DA PROPORCIONALIDADE (B) as duas leis, a anterior e a posterior, incriminam o fato, mas a
Tal princípio visa a exigir que haja uma proporção entre a ação última comina pena menos rigorosa, quanto à espécie ou à
praticada pelo agente e a sanção prevista para o tipo penal, como também duração;
exige, num aspecto prevencionista, um equilíbrio entre a prevenção geral e (C) ambas as leis incriminam o fato e cominam a mesma pena
a prevenção especial para o comportamento do agente que vai ser in abstrato, mas a atual é, por qualquer outra razão, mais
submetido à sanção penal. favorável que a anterior, como, por exemplo, se reconhece
uma atenuante estranha à lei antiga”.
PRINCIPIO DA HUMANIDADE
Na execução das sanções penais deve existir uma responsabilidade
De acordo com o art. 2º e seu parágrafo único, nos casos (A) e (B), a
social com relação ao sentenciado, visando sua recuperação e
lei posterior retroage, atingindo até mesmo a coisa julgada, ressalvados os
consequente reintegração social.
efeitos civis da condenação. E, no caso (C), a retroatividade da lei posterior
só se aplica aos fatos ainda não transitados em julgado. Assim, no caso de
PRINCIPIO DA CULPABILIDADE
sucessão de várias leis, prevalece sempre a mais benigna.
O nosso direito penal não abraça a responsabilidade objetiva, exige-se,
inicialmente, a presença do dolo ou da culpa na conduta do agente, sendo
Em suma, os problemas de conflito entre as normas são solucionado
indispensável que a pena seja imposta por sua própria ação e não por
pela máxima tempus regit actum, isto é, aplica-se a lei vigente ao tempo do
eventual desvio de caráter adquirido culpavelmente durante sua vida
crime. Se, porém, a nova lei beneficiar o réu, impõe-se a sua retroatividade.
pregressa (culpabilidade adquirida pela forma de vida).
CONFLITOS TEMPORAIS
OUTROS PRINCIPIOS
Os conflitos temporais entre uma lei nova e a anterior ocorrem quando
Temos ainda outros princípios consagrados entre os direitos e
uma nova lei entra em vigor ab-rogando ou derrogando a anterior, podendo,
garantias fundamentais previstos no artigo 5o da Constituição Federal. São
então, ocorrer as seguintes hipóteses:
eles: “ninguém será privado da sua liberdade ou de seus bens sem o
a) A lei nova deixa de considerar crime fato anteriormente tipificado
devido processo legal (inciso LIV);” “a lei não excluirá da apreciação do
como ilícito penal (abolitio criminis). Essa lei retroage para
Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito (inciso XXXV);” “aos litigantes,
beneficiar o acusado ou réu, mesmo que haja sentença penal
em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são
condenatória transitada em julgado e o processo-crime esteja na
assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela
fase de execução. Os efeitos penais da condenação desaparecem,
inerentes (inciso LV);” “ninguém será considerado culpado até o trânsito em
permanecendo os civis.
julgado de sentença penal condenatória (inciso LVII) - principio da
b) A lei nova considera crime fato anteriormente não incriminado
presunção do estado de inocência;”
(novatio legis incriminadora). Essa lei é irretroativa e só pode ser
“ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e
aplicada aos fatos ocorridos durante a sua vigência.
fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de
c) A lei nova agrava de qualquer modo o fato incriminado na lei
transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei (inciso
anterior (novatio legis in pejus). Essa lei não retroage. No conflito
LXI);”
entre uma lei mais benigna e a posterior mais severa, aplica-se a
“a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária
primeira.
(inciso LXV);” “ninguém será processado nem sentenciado senão pela
d) A lei -nova é em certos aspectos mais favorável do que a anterior
autoridade competente (inciso LIII);” “não haverá juízo ou tribunal de
(novatio legis in mellius). Essa lex mitior retroage para beneficiar o
exceção (inciso XXXVII)»
acusad9 ou réu.
A Constituição Federal assegura o princípio do juiz natural (juiz legal,
Em síntese, a lei penal retroagirá sempre que beneficiar o réu, em qual-
juiz constitucional), órgão abstratamente considerado, cujo poder
quer momento da persecução penal, mesmo depois de proferida sentença
jurisdicional emana da Constituição.
penal condenatória irrecorrível, alcançando assim não só os crimes e as
penas, mas também as medidas de segurança e o regime de execução
DA LEI PENAL NO TEMPO
penal.
REGRA LEGAL
LEI PROCESSUAL PENAL
O Código Penal procura solucionar as questões de direito intertem- O Código de Processo Penal regula o conflito de leis processuais no
poral, isto é, os problemas de aplicação da lei penal no tempo, tempo, dispondo in verbis:
em face da exceção da retroatividade benéfica, determinando
que: Art. 2º - A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo
da validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior.
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de
considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais Verifica-se, assim, por esse dispositivo, que a lei processual penal não
da sentença condenatória. segue os princípios referentes à aplicação da lei penal no tempo. A lei
Parágrafo único. A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o processual penal aplica-se desde logo. Decorrido o prazo da vacatio legis, a

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lei promulgada e publicada tem aplicação imediata, permanecendo válidos Normas penais em branco: São as normas que exigem, para a sua
os atos praticados sob a égide da lei anterior, salvo disposição expressa em aplicação, determinados complementos formados por outras normas
contrário. jurídicas ou por atos administrativos. Essas normas não vêm a serem
Na aplicação da lei processual, não se cogita se a lei nova é mais revogadas, como consequência da revogação total ou parcial de seus
benigna ou mais severa, se pode haver retroatividade em benefício do réu complementos. Isto porque elas permanecem em vigor não obstante a
ou não, porque a norma processual regula e disciplina os atos e atividades cessação dos complementos.
processuais e não o direito de punir.
A circunstância de que sem os complementos, as normas penais em
A norma processual provê apenas para o futuro, para os atos branco não são aplicadas, se refere só ao futuro. Os fatos cometidos
processuais ainda não realizados no momento em que entra em vigor e não quando eram aplicados, isto é, durante a sua vigência, continuam sendo
tem efeito retroativo. puníveis, porque a norma penal permanece, havendo cessado só os ele-
mentos ocasionais aos quais se refere a norma para aplicação da pena.
Frederico Marques, citando Carlos Maximiliano, escreve que a norma
processual penal que entra em vigor também se aplica imediatamente nas Por exemplo, na hipótese de crime contra a economia popular, quando
questões de competência, quer sejam reguladas por leis processuais, quer o agente transgride tabelas oficiais de preço, havendo alteração da tabela
disciplinadas pelas de organização judiciária. (do complemento), dispondo sobre novos valores de modo a liberar os
preços fixados anteriormente, o novo dispositivo complementar da norma
Ao depois, o mestre aduz que outra regra que não tem guarida em penal em branco incriminadora não retroagirá para beneficiar o agente.
direito processual intertemporal é a da aplicação da lei mais branda e
favorável ao réu, no caso de conflito de normas. E cita explicação de A solução doutrinária e jurisprudencial é no sentido de que a norma
Bertauld, segundo o qual se o acusado.está inocente, a lei nova ao que se penal em branco e a norma complementar têm caráter excepcional, não
presume deve oferecer-lhe amplas garantias para defender-se cabalmente, podendo a alteração posterior fazer com que o novo complemento retroaja
pois do contrário seria ilegítima. para favorecer.

Portanto, acrescenta Frederico Marques, se uma lei nova prejudicar os TEMPO DO CRIME
direitos da defesa, não será decorrência de preceitos sobre o conflito de O fato delituoso é praticado em determinado instante e esse é que de-
normas no tempo, a sua não aplicação. Tal lei será juridicamente ilegítima, termina o tempo do crime, isto é, quando a ação ou omissão (a conduta) foi
por inconstitucional, visto encontrar-se repelida pela disposição da Lei praticada, mesmo que outro seja o momento do resultado.
Basilar que assegura aos acusados ampla defesa, com todos os meios
essenciais a ela. Essa lei será inaplicável não só aos processos pendentes, Esse entendimento, fundado na denominada teoria da ação, que já era
como a todos os que se iniciarem após sua promulgação. E conclui, consagrada pela doutrina, para solucionar questões de direito intertemporal,
escrevendo que “a invocação da lei mais branda é, portanto, critério foi acolhido pelo Código Penal, nos seguintes termos:
inaplicável em matéria de conflito de normas processuais penais no
tempo”.98 Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou
omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.
LEI EXCEPCIONAL OU TEMPORÁRIA
As leis penais denominadas excepcionais ou temporárias são Esse dispositivo tem inteira aplicação para a fixação do tempo do crime
ultraativas, podendo ser aplicadas aos fatos praticados durante a sua e da lei aplicável.
vigência, mesmo depois de revogadas, dispondo o Código Penal.
A fixação do instante em que o crime foi praticado é importante para
Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período fins de aplicação da lei penal. Para determinar qual a lei que estava em
de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica - vigor no dia do crime, para se saber se o agente era na ocasião imputável
se ao fato praticado durante sua vigência. ou inimputável e para o exame de outras circunstâncias relacionadas com o
mesmo.
Lei excepcional: E a lei que tem por objetivo regular certas situações
transitórias, resultantes, geralmente, de crises sociais ou políticas. E a sua Teorias: Na determinação do tempo do crime, quando a ação (ou
vigência perdura enquanto continuarem as situações anormais que a omissão) e o resultado se separam cronologicamente, existem na doutrina
motivou, identificada no texto legal pela expressão “cessadas as três teorias:
circunstâncias que a determinaram”. a) da atividade (para essa teoria o tempo do crime é o do momento
da ação ou da omissão, isto da conduta). Fixa o tempo do crime,
Lei temporária: É a lei que tem duração prefixada pelo legislador, para no momento em que o agente executa a conduta criminosa;
vigorar dentro de certo período, identificada no seu texto pela expressão b) do efeito ou resultado (considera que o tempo do crime é o
“decorrido o período de sua duração”. momento do seu resultado);
c) mista ou da ubiquidade (entende que o tempo do crime é,
Essas leis são promulgadas para vigorar em situações ou condições indiferentemente, tanto a data da ação (conduta) como a data do
sociais anormais, diante de certas circunstâncias ou acontecimentos, nos seu resultado).
casos de calamidade pública, cataclismos, revoluções ou guerras, com O nosso Código Penal, na reforma da Parte Geral de 1984/85, optou
termo prefixado no seu texto. pela primeira, pela teoria da atividade, na determinação do momento do
crime. Assim, o art. 4g manda considerar como momento do crime o da
O conflito de leis no tempo pressupõe uma sucessã6 de leis penais e ação ou omissão.
rege-se pelo princípio da aplicação imediata (tempus regit actum). Todavia,
a lei penal mais benigna sempre retroage ou é ultra-ativa, manifestando-se, Por exemplo, se o agente atira na vítima e esta vem a morrer no
assim, conforme o caso, em retroatividade ou ultra-atividade. hospital um mês depois, o momento do crime é aquele em que houve a
ação de atirar (conduta) e não o dia do resultado (morte).
Lei retroativa: É a lei em vigor que rege fato antecedente à sua
vigência. Coerentes com essa teoria, aplica-se a lei vigente ao tempo da
conduta, salvo se a do tempo do resultado for mais benéfica.
Lei ultra-ativa: É a lei já extinta, mas contemporânea ao fato delituoso
praticado, — com rigorosa observância do postulado tempus regit actum —, Nos atos inflacionais: A imputabilidade é aferida ao tempo da conduta.
que se estende para o futuro os seus efeitos e o seu caráter é temporário Não se pode assim punir criminalmente o adolescente que, às vésperas de
ou excepcional. completar 18 anos, atira na vítima que vem a falecer depois de ele atingir a
maioridade penal.

Noções de Direito Penal 3 A Opção Certa Para a Sua Realização


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Mais tarde começaram a surgir questões relacionadas não só com a
Nos crimes habituais: Nesses crimes de conduta habitual aplica-se a responsabilidade dos Estados pelo descumprimento dos tratados e
nova lei, mesmo que mais severa, caso o agente continue reiterando a convenções de Direito internacional, mas também com referência à
conduta criminosa. responsabilidade das pessoas por ações não previstas no Direito
Nos crimes permanentes: Nesses crimes cuja execução tenha se internacional vigente.
iniciado na vigência de uma lei, prosseguindo sob a de outra, aplica-se à lei Ocorriam atos criminosos que sem infringir as normas de Direito
nova, ainda que mais severa, se esta tem início e vigência enquanto dura a internacional em sentido estrito, como, por exemplo, a pirataria, ocasionava
conduta ilícita. Isto porque, nos crimes permanentes, há uma persistente danos às relações entre os Estados. Esses atos exigiam ações
ofensa ao bem jurídico, pois a conduta continua sendo executada após a coordenadas dos Estados, a celebração de tratados e convenções e o
entrada em vigor da nova lei. estabelecimento de princípios de responsabilidade.

Nos crimes continuados: Nesses crimes tanto se considera momento Uma circunstância que influiu no surgimento da ideia de se criar um
da ação o do primeiro fato parcial quanto o do último. Assim, a lei em vigor Direito internacional penal foi também o aparecimento de quadrilhas
se aplica a toda série delitiva. Todavia, ocorrendo sucessão de leis, se internacionais que com frequência influíam na política de seus governos.
aplica à lei anterior, a do momento do fato parcial ou inicial, se for mais
favorável ao agente, no tocante ao crime e à pena. No final da Segunda Guerra Mundial, a justiça dos povos contra os
chefes do Terceiro Reich e dos criminosos de guerra japoneses, feita
Nas medidas de segurança: A aplicação da medida de segurança através do Tribunal Militar Internacional de Nuremberg e o de Tóquio,
detentiva ou ambulatorial é regida também pelo princípio da anterioridade deram um novo enfoque ao Direito internacional penal e ao conceito do
da lei. Surgindo, assim, após a prática do crime, medida de segurança delito internacional, principalmente, dos crimes contra a paz e a
prejudicial ao réu, ela não pode ser aplicada. humanidade.

DA LEI PENAL NO ESPAÇO A Organização das Nações Unidas (ONU), estabelecida pela Carta de
GENERALIDADES 24 de outubro de 1945, através da sua Assembleia Geral, aprovou o
Onde foi praticado o crime? Em que território? Nos crimes pratica- funcionamento desses tribunais e as normas de direito processual penal
dos à distância, quando a ação criminosa é iniciada num país e que foram aplicadas, procedentes tanto da legislação processual anglo-
a consumação ocorre noutro, qual a lei que deve ser aplicada? norte-americana e continental europeia como da socialista soviética.
Quem está sujeito à lei brasileira? Como é resolvida a questão
Com o desenvolvimento das relações internacionais, devido ao
do crime praticado por brasileiro no exterior? Quem pode ser ex-
fortalecimento dos países aliados, a ONU passou a celebrar uma série de
traditado, deportado ou expulso? E como se resolve o conflito tratados de Direito internacional penal e incluiu entre os crimes de categoria
das leis penais no espaço? internacional o apartheid, ecocídio, biocídio, terrorismo, contrabando, tráfico
de drogas, o crime organizado e a lavagem de dinheiro.
O Estado nacional tem as suas próprias leis, editadas para serem
aplicadas onde exerce a sua soberania, mas há casos em que um Conceito
comportamento criminoso interessa a mais de um Estado, quando, então, Direito Internacional Penal, termo introduzido no léxico jurídico por
se discute o problema da eficácia da lei penal no espaço. Jeremias Bentham, em 1802, é um conjunto de normas que emanam da
comunidade de Estados, para coibir as violações do direito internacional.
No Brasil, o nosso Código Penal disciplina as questões referentes à
aplicação da lei penal no espaço nos arts. 5º ao 9º, prevendo algumas No decorrer dos anos, muitas foram às discussões sobre a
hipóteses. denominação exata desse ramo do direito e as limitações de sua
competência. Na fase moderna dos estudos e da aplicação do Direito
A matéria diz respeito ao chamado Direito Penal Internacional, que, Público Internacional, o Direito internacional penal distinguiu-se do Direito
apesar do nome, é Direito Público interno do país, ainda que em relações penal internacional, direito interno de um povo, consolidou-se e tomou
com o Direito estrangeiro, como adverte Manzini. espaço nas legislações penais de todo o mundo, tratando dos crimes que
atentam contra a Humanidade e que ferem diretamente os princípios do ser
Observe-se, outrossim, que o Direita Penal Internacional se distingue humano.
do Direito Internacional Penal. O primeiro compreende os crimes previstos
nos respectivos ordenamentos jurídicos internos de cada Estado, que têm Nos tribunais supranacionais, vem sendo aplicado nos processos e
implicações internacionais, e o segundo é constituído pelos fatos de julgamentos dos crimes de guerra e os que ferem diretamente os princípios
estrutura puramente internacionais, submetidos às normas que emanam da do ser humano.
comunidade de Estados.
Segundo Karpets, penalista russo, o Direito internacional penal é um
sistema de normas formadas como resultado da cooperação entre Estados
DIREITO INTERNACIONAL PENAL
soberanos e órgãos e organizações internacionais e tem como objetivo de-
A ideia de criar um Direito Penal lnterestatal, denominado por alguns
fender a paz, a segurança dos povos e a ordem jurídica internacional, tanto
autores de Direito Internacional Penal, surgiu entre os séculos XIX e XX.
dos crimes internacionais mais graves dirigidos contra a paz e a
Inicialmente se entendia que esse Direito era um conjunto de normas que
humanidade, como dos delitos de caráter internacional previstos nos
regulavam as questões da aplicação da lei penal no espaço.
tratados e convenções internacionais e em outro ato jurídico de índole
internacional reprimidos com rigor com estes regulamentos e convenções
Depois, alguns Estados procuraram estender a aplicação das leis
especiais e de acordos celebrados entre Estados segundo as normas do
penais internas a outros Estados, por crimes cometidos fora das suas
Direito Penal nacional.
fronteiras, mas que atentavam contra os seus interesses, o que provocou
resistência e desacordos entre os Estados. Nos tratados e convenções internacionais os atos legislativos de
caráter penal aprovados e ratificados devem incluir-se na legislação penal
A antiga doutrina do Direito Internacional já reconhecia determinadas nacional. Se estes atos não se incorporarem na legislação nacional, os
categorias de crimes de caráter internacional e assinalava o dever Estados a aplicam, apoiando-se rios referidos acordos celebrados em
internacional que tinham todos os Estados de punir os delinquentes. Mas algum órgão internacional ou por outras vias oficiais.
não estabelecia limites precisos entre a responsabilidade política
internacional dos Estados e a responsabilidade penal internacional das A realidade da vida demonstra que estão aparecendo cada vez mais
pessoas envolvidas em crimes e formulava os princípios da normas de Direito Penal com caráter internacional, em virtude da
responsabilidade penal internacional sem exatidão. necessidade de disciplinar determinado grupo de relações e interesses
sociais e colocá-los sob proteção do Direito Penal.

Noções de Direito Penal 4 A Opção Certa Para a Sua Realização


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Fontes das nações, no caminho da paz, da civilização e de combate à impunidade.
As fontes do Direito internacional penal são os tratados, as convenções Composto por 18 juíze5~e um promotor-chefe, com mandatos de nove
e os precedentes internacionais. anos, esse tribunal se destina a julgar acusados de genocídio, de crimes de
guerra e de crimes contra a Humanidade.
Para combater os crimes contra a paz e a humanidade existem fontes O problema maior enfrentado pela nova corte internacional, e que pode
específicas, como o Regulamento do Tribunal de Nuremberg e o de Tóquio, retirar-lhe, substancialmente, a eficácia, é o fato de não contar com a
este último elaborado com base no primeiro. A fonte primária para elaborar participação dos Estados Unidos, nem da Rússia nem da China, embora 65
esse Regulamento foi a Declaração dos governos dos Estados Unidos, da países já tenham ratificado sua fundação.
Inglaterra e da União Soviética, de 2 de novembro de 1943, sobre a
responsabilidade dos nazistas alemães, pelos crimes que cometeram. Essa Por outro lado, em 1999, com a intervenção militar da Otan na
declaração foi ratificada na Conferência de Paz e na Conferência de Iugoslávia, na questão da Província de Kosovo, não obstante, sem a
Postsdam. aprovação do Conselho de Segurança da ONU, introduziu-se um novo
paradigma para a intervenção militar das democracias do Ocidente — a
Para P. Romashkin, outro autor russo, considera-se também como ação armada em nome não de um interesse, mas de um princípio
fonte do Direito internacional penal o Código de Direito Privado humanitário, ou seja, a punição dos regimes que se engajam em operações
Internacional, denominado de Bustamante, em homenagem ao seu autor. de genocídio contra minorias raciais ou religiosas em seus próprios
territórios.
O Código de Bustamante (Sanchez de), acrescentamos, foi aprovado
pela Convenção de Havana, de 1928, e ratificada tão-somente pelo Brasil O Brasil, pela Emenda Constitucional nº 45, de 8.12.2004, declara no
(junho de 1939) e por alguns Estados da América Central e do Sul. No §3º, do art. 5º, da Constituição Federal, que os tratados e convenções
capítulo 1, do livro III, sobre a rubrica Direito Penal Internacional, dispõe no internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa
~Jt. 302 sobre os crimes praticados em Estados contratantes e a do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos
competência para puni-los. respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais e, no
§4º, do mesmo artigo, declara que se submete à jurisdição de Tribunal
Tribunais Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão.
A Organização das Nações Unidas (ONU) tem seis órgãos principais,
entre os quais a Corte Internacional de Justiça (CIJ), localizada em Haia, na DIREITO PENAL INTERNACIONAL
Holanda, composta por 15 juízes eleitos para um período de nove anos Os crimes do tipo comum compreendidos nas legislações nacionais
pela Assembleia-Geral do Conselho de Segurança, podendo ser reeleitos não s&o crimes internacionais ou crimes de caráter internacional, ainda que
para igual período. sejam cometidos em território de vários Estados ou contra cidadãos
estrangeiros e, portanto, não estão submetidos à ação do Direito
Essa Corte é o principal órgão judicial das Nações Unidas e conta com internacional penal.
Órgãos subsidiários, como o Tribunal Administrativo e os Tribunais penais
ad hoc, constituídos para julgar as pessoas tidas como responsáveis por Quando presos, os autores desses crimes são processados e julgados
violações graves de direito humanitário internacional. segundo a legislação penal nacional ou segundo os tratados e convenções
celebrados sobre a matéria. E podem ser entregues, segundo as leis inter-
Entre esses tribunais, o Tribunal Penal Internacional para a antiga nas, aos Estados dos quais sejam súditos, para o devido processo legal.
Iugoslávia (ICTY) foi criado em 23 de fevereiro de 1993, por meio de uma
resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas, para apurar e Conceito
julgar os crimes de genocídio, de guerra e contra a humanidade, cometidos Direito penal internacional é o conjunto de normas de direito penal
no território da ex-Iugoslávia a partir de 1991. nacional, dispondo sobre a aplicação da lei penal no espaço, visando à
tutela de interesses que não são exclusivos de um único país.
Esse tribunal é formado por 14 magistrados e dividido em três câmaras
de primeira instância, com três juízes cada uma, e uma câmara de recurso, Trata-se aqui, como pondera Aníbal Bruno, de Direito público interno
com circo juizes. de um país, ainda que em relações com o Direito estrangeiro.

O Tribunal Penal Internacional das Nações Unidas conta com o apoio Apesar da denominação de Direito penal internacional é um Direito
dos países signatários do Acordo de Paz de Dayton, Ohio, Estados Unidos, penal interno consagrado em leis próprias de cada país, podendo ser
de 1995, que encerrou a guerra na Bósnia, e das forças da Organização do resultantes de tratados internacionais, mas tornadas de Direito interno pela
Tratado do Atlântico Norte (Otan), para executar as suas decisões. promulgação no país.
Princípios
Em 1990, a Assembleia-Geral da ONU aprovou a elaboração de um Na doutrina, os princípios propostos para a solução do problema da
projeto de estatuto para um Tribunal Penal Internacional (TPI) permanente. aplicação, alcance e eficácia da lei penal no espaço são cinco:
Em 1998, em Roma, a Conferência de Ministros Plenipotenciários aprovou a) princípio da territorialidade da lei penal;
o Estatuto do TPI por 120 votos favoráveis, 7 contrários e 21 abstenções. b) princípio da nacionalidade (ou da personalidade):
Mas há em todo o mundo uma grande campanha coordenada por centenas c) princípio real (ou de defesa);
de entidades ligadas à luta pelos direitos humanos para levar os países a d) princípio da competência universal (da justiça cosmopolita ou da
ratificarem esse diploma. justiça penal mundial);
e) princípio da representação (ou da bandeira).
A nova Corte Internacional prevê a designação de um Procurador
independente, com direito a iniciativa própria de investigação e processo, Princípio da Territorialidade: A lei penal se aplica a todos os crimes
capaz de atuar até mesmo nos chamados “conflitos internos”, respeitando a praticados dentro do território nacional, qualquer que seja a nacionalidade
complementaridade da legislação de cada país, quando os Estados do agente ou da vítima. Este princípio se baseia na soberania dos Estados.
deixarem de levar à justiça os autores de crimes de guerra, genocídio e
contra a humanidade, como o de extermínio, esterilização, escravidão, Princípio da Nacionalidade: A lei do país a que o indivíduo pertence é a
tortura, estupro, apartheid e outros. que deve aplicar-se. A lei penal segue o nacional onde quer que ele se
encontre. Esse princípio funda-se no vínculo de dependência ou de
Seja como for, mesmo impregnada de utópico idealismo, a ideia de fidelidade que continua a prender o indivíduo ao seu país e o mantém sob o
criação de um Tribunal Penal Internacional permanente, consignada no domínio das suas leis.
Estatuto de Roma, em 17 de julho de 1998 e transformada em realidade no
dia 10 de abril de 2002, por meio de cerimônias solenes ocorridas na sede Princípio Real: A lei penal aplicável é a da nacionalidade do bem
de ONU, em Nova York, e na capital italiana, significa um avanço histórico jurídico ameaçado ou lesado pelo crime, qualquer que seja o lugar em que

Noções de Direito Penal 5 A Opção Certa Para a Sua Realização


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este se pratique ou a nacionalidade do agente. O princípio se baseia na achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço
necessidade de proteger os interesses nacionais, de acordo com a aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.
legislação do país atacado, sem tomar em consideração o lugar em que se
cometeu o crime. Em resumo, o Estado brasileiro exerce a sua soberania no espaço que
Princípio da CompetêncIa Universal: Cada Estado, como membro da constitui seu território e em outros lugares nos quais o direito internacional
comunidade internacional, deve aplicar a sua lei penal ao delinquente que consente na atuação de suas leis. O território do Estado brasileiro abrange,
se encontre em seu território, qualquer que seja a sua nacionalidade e o portanto, todos os lugares sobre os quais se exerce a sua soberania e
lugar de execução do crime. Representa um ideal no Direito Penal, o da jurisdição. Vide ainda os arts. 88 a 91 do Código de Processo Penal.
extraterritonalidade absoluta da lei penal. Mas, uma decorrência prática ou
parcial desse princípio são os julgamentos dos crimes de guerra ou contra a LUGAR DO CRIME
humanidade por tribunais internacionais. O lugar do crime pode ser o mesmo onde se inicia e se consuma o cri-
me, mas pode ocorrer que os atos iniciais de execução sejam praticados
Princípio da Representação: A lei penal aplicada é a da nacionalidade, em determinado lugar e o crime venha a ser consumado em outro, como
da bandeira do meio de transporte privado em que ocorreu o crime. Esse nos crimes praticados à distância.
princípio do pavilhão é subsidiário ou de substituição.
O fato assume importância quando os espaços estão sujeitos a
Código Penal: O nosso estatuto repressivo acolhe, como princípio diversas soberanias nacionais, com seus próprios regimes jurídicos penais.
geral, o da territorialidade, com as ressalvas do art. 5º (convenções, Para solucionar este problema, diretamente vinculado aos da aplicação da
tratados e regras de direito internacional). A regra é a de que se aplica a lei lei penal no espaço, existem na doutrina algumas teorias antigas, da
brasileira aos crimes cometidos no território nacional, mas o Código Penal década de 1800 e do início do século XX, das quais, pela sua importância,
dispõe também no art. 7º sobre alguns casos especiais de destacamos as seguintes:
extraterritorialidade penal. Assim, o princípio da nacionalidade é adotado no
art. 7º, II, “b’; e o da representação, no art. 7º, II, “c”. Por isso diz-se que o Teoria da atividade: Para a teoria da atividade ou da ação
Brasil adota o princípio da territorialidade temperada. (Tätigkeitstheorie, Handlungstheorie) lugar do crime é aquele onde o agente
executou a ação ou a omissão causadora do evento (omissão, nos crimes
TERRITORIALIDADE comissivos impróprios ou comissivos por omissão, em que e possível o
Os princípios doutrinários sobre a aplicação da lei penal no espaço são distanciamento entre a abstenção da atitude e o resultado). Numa palavra,
adotados de forma parcial ou conjugados pelos códigos penais modernos, lugar do crime é o da atividade do agente, onde tiver sido executada a
como o fez o estatuto penal brasileiro. conduta delituosa.

O nosso Código Penal impõe o princípio da territorialidade, como regra Teoria do resultado: Para a teoria do resultado ou do efeito
e expressão da soberania nacional, nos seguintes termos: (Erfolgstheorie), o crime se considera cometido no lugar em que produziu o
Art. 4º -Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados resultado típico. O que importa é o último momento da ação executiva, isto
e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. é, o da consumação.

O Código Penal, porém, abriu várias exceções ao princípio da Teoria da ubiquidade: A teoria pura da ubiquidade (reine
territorialidade. A primeira delas está expressa no próprio artigo ao Ubiquitätstheorie), denominada também de teoria da unidade ou da
ressalvar a obediência ao estipulado em convenções, tratados e regras de equivalência dos lugares, considera local do crime tanto aquele onde teve
direito internacional. O legislador pátrio permitiu e reconheceu, assim, em lugar a manifestação da vontade e de onde se desenvolveu a atividade
determinados casos, a validez da lei de outro Estado. delituosa, como aquele em que se produziu o resultado a consumação do
crime. Essa teoria é resultante da combinação da teoria da atividade e da
O Estatuto Penal criou um temperamento à impenetrabilidade do direito teoria do efeito.
interno ou à exclusividade da ordem jurídica do Estado sobre o seu
território, permitindo e reconhecendo, em determinados casos, a validez da Código Penal: Quanto aos crimes à distância ou de trânsito, segundo a
lei de outro Estado. Exposição de Motivos da Parte Geral original de 1940 (nº 10), o nosso
estatuto repressivo adotou à teoria pura da ubiquidade, dispondo nos
E em atenção à convivência internacional, e sob a condição de seguintes termos:
reciprocidade, que o território do Estado se torna penetrável pelo exercício
de i soberania alheia, permitindo em alguns casos a intraterritorialidade, isto Art. 6º- Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação
é, a aplicação da lei penal estrangeira aos crimes cometidos no Brasil. ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria
produzir-se o resultado.
Em princípio, a aplicação da lei brasileira está circunscrita ao crime co-
metido no território nacional. Para fins penais, o conceito de território não é De acordo com esse dispositivo, basta a realização de uma conduta
geográfico ou natural, mas jurídico. ilícita em território brasileiro para que a ela se aplique a lei brasileira, ainda
Território nacional é aquele espaço em que o Estado exerce a sua que se verifique o restante da conduta no exterior. E a cláusula “ou deveria
soberania, tendo mais amplo que o conceito material que importa apenas produzir-se o resultado” diz respeito à tentativa.
limites geográficos.
INTRA E EXTRATERRITORIALIDADE
Segundo Manzini, entende-se como território nacional todo espaço A lei brasileira é obrigatória para todos os habitantes do país, sejam
terrestre, marítimo ou aéreo, sujeitos à soberania do Estado, quer seja brasileiros ou estrangeiros, domiciliados ou em trânsito pelo território
compreendido entre os limites que o separam dos Estados vizinhos ou do nacional, segundo o princípio da territorialidade adotado como regra geral
mar livre, quer esteja destacado do corpo territorial principal, ou não”. pelo nosso ordenamento jurídico.
E integram o território nacional, por extensão ou ampliação, às
embarcações e aeronaves, nos termos dos §§ 1º e 2º, do art. 5º, jn verbis: lntraterritorialidade: Todavia, esse princípio, o da territorialidade, sofre
§1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território algumas exceções. O Código Penal no art. 5º ressalva a possibilidade de
nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a renúncia de jurisdição do Estado, mediante convenções, tratados ou regras
serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as de direito internacional, quanto ao crime total ou parcialmente praticado no
aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade território brasileiro.
privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente
ou em alto-mar. O Brasil adota, assim, o princípio da territorialidade temperada. Isto é,
§2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo há casos em que a lei penal brasileira é aplicada também aos crimes
de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, cometidos no exterior (extraterritorialidade, art. 7º) e outros em que a lei

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penal estrangeira é aplicável no Brasil (intraterritorialidade, com base na Extrjterritorialidade: A extraterritorialidade é a aplicação da lei brasileira
ressalva do art. 5º). aos crimes cometidos no exterior. O art. 7º dispõe a respeito, da
A intraterritorialidade é, assim, a aplicação da lei penal estrangeira aos extraterritorialidade, prevendo uma série de casos em que a aplicação da
crimes cometidos no Brasil. lei brasileira é extensível a crimes praticados fora do Brasil.
O Brasil é signatário dos principais pactos internacionais sobre direitos
humanos, entre os quais o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos Nesses casos, da aplicação extensível da lei brasileira aos crimes
adotados na legislação interna por força do Decreto nº 591, de 6.7.1992, e praticados no exterior a extraterritorialidade pode verificar-se de maneira
a Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de San José da incondicionada ou condicionada.
Costa Rica), ao qual o Brasil aderiu por força do Decreto nº 678, de
6.7.1992. Extraterritorialidade incondicionada: Aplica-se a lei penal brasileira sem
Os pactos que o Brasil ratifica, por meio de Decretos Legislativos, qualquer condição aos crimes previstos no art. 7º, I, com exceção do último
passam a vigorar como lei interna. (“d”), ainda que o agente tenha sido absolvido ou condenado no estrangeiro
(art. 7º, § 1º, “a”, “b” e “c”), com fundamento no princípio real ou de defesa,
Mais que isto, por força do art. 5º, § 2º, da Constituição Federal, o rol determinando o legislador pátrio o seguinte:
daquela é completado pelos direitos e garantias fundamentais previstos nos
tratados e convenções internacionais. Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:
I— os crimes:
Consequentemente, entre nós, por vontade constitucional, os direitos e a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;
garantias fundamentais proclamados nas convenções ratificadas pelo Brasil b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal,
têm status de norma constitucional. de Estado, de Território, de Município, de empresa pública,
sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída
No atual estágio devolução das relações entre os povos é crescente a
pelo Poder Público;
preocupação com o respeito às regras do direito Internacional. A medida
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço;
em que os Estados assumem compromissos mútuos em convenções
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no
internacionais, que diminuem a competência discricionária de cada
Brasil;
contratante, eles restringem sua soberania e isto constitui uma tendência do
constitucionalismo contemporâneo, que aponta a prevalência da
Extraterritorialidade condicionada: Quando a aplicação da lei penal
perspectiva monista internacionalista para a regência da relação entre
brasileira aos crimes praticados no estrangeiro é subsidiária, ficando
direito interno e Direito Internacional (Pedro BohomoItz de Abreu Dallari,
condicionada a algumas condições, por exemplo, que o agente entre no
“Recepção pelo direito interno das normas de direito internacional público
território nacional.
— o parágrafo 2º do artigo 5º da Constituição Brasileira de 1988”, trabalho
acadêmico).
Os crimes sujeitos à extraterritorialidade condicionada estão previstos
Hoje, a primazia do Direito Internacional é clara e se evidencia, no art. 72,II, e vinculados aos requisitos dos §§ 2º e 3º do mesmo artigo, in
segundo Max Soresen, “por la regia bien estabelecida de que um Estado no verbis:
puede invocar las d’sposciones de su derecho interno para disculpar ia falta II— os crimes:
de cumprimiento de sus obligaciones internacionales, o para escapar a ias a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir (de
consecuèncías de ella”. acordo com a competência universal);
b) praticados por brasileiros (princípio da personalidade);
Segundo esse autor, “El Estado es libre para dejar encargado a sus tri- c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes
bunaies dei cumpiimiento de sus obilgaciones internacionaies dentro de su ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí
territorio [...]. Pera, [...] todo conflito entre ei derecho internacional y ei não julgados (princípio da representação).
derecho interno que queda producir un incumprimiento de una obilgación
internacional, impllca Ia responsabiiidad dei Estado. Como coroiario, ia §1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira,
norme de derecho interno que sea contraria aí derecho internacional es ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro (este rigorismo é
considerada por los tribunaíes internacionales, desde ei punto de vista de amenizado pelo art. 8~ que evita o bis in idem e prevê a detração).
su sistema, como si no existiese”. § 2º- Nos casos do inciso lI, a aplicação da lei brasileira depende do
concurso das seguintes condições:
Ao assentar que a proteção dos direitos humanos constitui “objetivo a) entrar o agente no território nacional;
prioritário das Nações Unidas” e “preocupação legítima da comunidade b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;
internacional” a Conferência reafirmou o dito de Norberto Bobbio de que os c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira
sujeitos daqueles não são os Estados ou os cidadãos de algum Estado, autoriza a extradição;
mas todos os homens, como verdadeiros “cidadãos do mundo”. d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí
cumprido a pena;
Por isto mesmo, “os direitos humanos não são mais matéria de
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro
exclusiva competência das jurisdições nacionais” e “sua observância é
motivo, não estar extinta a punibilldade, segundo a lei mais
exigência universal consensualmente acordada pelos Estados na
favorável.
Conferência Mundial, e ainda mais cogente para países como o Brasil, que
aderiram voluntariamente às grandes convenções existentes nessa esfera”.
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por
Do Supremo Tribunal Federal não há posição recente quanto ao status estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições
dos tratados internacionais em face do direito interno. Mas julgados antigos previstas no parágrafo anterior (princípio da competência real):
já consagravam o primado do Direito Internacional, afirmando a a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
impossibiIidade de revogação de um tratado por lei posterior ou da b) houve requisição do Ministro da Justiça.
aplicação de lei posterior contrária àquele.
Na hipótese de crime praticado por brasileiro no exterior, o processo e
A norma internacional tem sua forma própria de revogação, a denúncia, julgamento competem à autoridade judiciária brasileira e o foro competente
só podendo ser alterada por outra norma de categoria igual ou superior, é o da Capital do Estado, onde por último residia o acusado (CP, art. 7º, II,
internacional, e não por lei interna. E o que tem sustentado o Juiz Antonio b, c/c o art. 88, do CPP).
Carlos Malheiros, em diversos votos, com o apoio da doutrina de Haroldo
Valladão e do Ministro Philadelpho Azevedo, para sustentar a PENA CUMPRIDA NO ESTRANGEIRO
inconstitucionalidade da prisão de depositário de bem por força do que A lei brasileira admite eficácia à sentença penal estrangeira e as penas
dispõe a Convenção Americana de Direitos Humanos (v.g. 1º TAC-SP, HC cumpridas no exterior têm repercussão no nosso direito penal, para efeito
674.380-2, j. em 14.2.1996). de atenuação ou detração, nos casos em que o agente será punido

Noções de Direito Penal 7 A Opção Certa Para a Sua Realização


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segundo a nossa lei, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro A teoria moderna sobre a correlação entre crime e pena originou-se
(CP, art. 7º, § 1º). O Código Penal dispõe a respeito a seguinte regra: dos trabalhos de Cesare Beccaria, criminologista italiano que, em sua obra
Dei delitti e delle pene (1764; Dos delitos e das penas), criticou duramente
A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo os sistemas penais de sua época, que concediam tratamento distinto ao
mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada quando idênticas. culpado, segundo a classe social a que pertencesse. Em consequência,
Beccaria propôs um direito penal baseado em princípios como os de que a
E a detração penal é expressa nos seguintes termos: justiça penal deve ser pública e as provas claras e racionais, eliminando-se
a tortura; todos os cidadãos devem ser iguais perante a lei penal; o critério
Computam-se, na pena privativa de liberdade e na medida de para medir a gravidade dos delitos tem que ser o dano social produzido por
segurança, o tempo de prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro, o de cada indivíduo, sem se considerar critérios morais como o pecado, ou a
prisão administrativa e o de internação em qualquer dos estabelecimentos posição social da pessoa ofendida; é necessário haver uma rigorosa
referidos no artigo anterior. proporcionalidade entre os delitos e as penas; deve-se abolir a pena de
morte por ser injusta, desnecessária e de pequena eficácia.
Portanto, a atenuação da pena cumprida no estrangeiro é obrigatória,
quando se tratar de pena qualitativamente diferente, ficando o quantum da O conceito de crime evoluiu ao longo da história. A princípio,
redução à discricionariedade do juiz. Se a pena for da mesma espécie à considerava-se crime toda ação contrária aos costumes, crenças e
pena imposta no Brasil, será descontado o tempo de prisão que o conde- tradições, mesmo que não estivesse definida em lei. A punição era vista
nado cumpriu fora do país (detração), evitando-se o bis in idem ou como uma forma de vingança exercida por algum membro da família ou do
duplicidade de repressão. clã do ofendido, passando depois a ser privativa da autoridade tribal, uma
vez que a vingança privada conduzia à destruição da solidariedade grupal.
EFICACIA DA SENTENÇA ESTRANGEIRA As penas, muito severas no começo - morte ou banimento - passaram a ser
O nosso estatuto repressivo reconhece certos efeitos da sentença proporcionais à ofensa, com a criação da chamada pena de talião (olho por
penal estrangeira, em relação aos crimes cometidos no exterior, estatuindo olho, dente por dente).
O seguinte:
Durante milênios, confundiu-se o direito de punir com a vingança,
Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira justificando a tortura e as penas bárbaras, aceitas até mesmo pela igreja
produz na espécie as mesmas consequências, pode ser homologada na medieval. Só no século XVIII, graças a Beccaria, passou a prevalecer o
Brasil para: conceito de que o fundamento do direito de punir baseava-se na
I— obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros necessidade social de proteger o grupo contra o criminoso.
efeitos civis;
II— sujeitá-la a medida de segurança. O crime no direito penal brasileiro. No Brasil, as infrações penais
dividem-se em contravenções e crimes. Não há, na realidade, diferença de
Parágrafo único. A homologação depende: natureza entre ambos, residindo a distinção apenas na espécie de sanção
a) para os efeitos previstos no inciso 1, de pedido da parte cominada. O crime é punido com a pena de reclusão ou detenção,
interessada; cumulativa ou alternativa à pena de multa. A contravenção leva à pena de
b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição com prisão simples ou de multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente. A
o país de cuja autoridade judiciária emanou-a sentença ou, na falta distinção entre as penas privativas da liberdade (prisão simples, detenção e
de tratado, de requisição do Ministro da Justiça. reclusão) é mera questão de regime penitenciário, cujo rigor aumenta da
prisão simples para a detenção e a reclusão.
A nossa lei penal admite assim a eficácia da sentença estrangeira para
efeitos civis, da reparação do dano causado pelo crime, e também para Modalidades de crime. O crime chama-se doloso quando o agente quis
efeitos penais, no caso de aplicação de medida de segurança e no o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo; culposo, quando o resultado
reconhecimento da reincidência, como dispõe também o art. 63 do Estatuto decorre de imprudência, negligência ou imperícia. Crime preterdoloso é
repressivo. aquele em que a ação causa um resultado mais grave do que o pretendido
pelo agente.
Nos casos de extraterritorialidade condicionada, as sentenças penais
estrangeiras absolutórias impedem que o crime seja julgado também no Diz-se consumado o crime que reúne todos os elementos contidos em
Brasil. No entanto, se agente foi condenado no exterior, mas ainda não sua definição legal; tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma
cumpriu a pena, entrando no território brasileiro poderá ser processado pelo o delito por circunstâncias alheias à vontade do agente. A tentativa,
mesmo crime. entretanto, não se pune se o crime é impossível, isto é, não pode ser
consumado por ineficácia absoluta do meio empregado ou por
CRIME impropriedade do objeto.
O conceito de comportamento normal e de comportamento delituoso
Segundo a forma de execução, os crimes podem ser comissivos ou
varia segundo a cultura de cada país, tornando-se evidente que não se
omissivos, conforme sejam praticados mediante ação ou inação ou, ainda,
pode formular uma definição teórica imutável de crime.
comissivos por omissão, quando o agente pratica o delito abstendo-se,
consciente e voluntariamente, de intervir para evitá-lo. Conforme a atividade
Para a ciência do direito, crime é um fato antijurídico, tipificado como tal
do agente, os crimes são simples ou complexos, caso correspondam a um
na lei, que prescreve uma pena para quem violar o preceito da lei. Sob o
só fato ou à fusão de mais de um tipo legal de infração.
ângulo ontológico, é a ação ou omissão, imputável a uma pessoa, lesiva e
perigosa a interesse penalmente protegido em lei.
Crimes instantâneos são os que se completam em um só momento,
sem continuidade temporal. Crimes permanentes são os que causam uma
No Brasil, à semelhança de outros países, o princípio da reserva legal
situação danosa ou perigosa que se prolonga no tempo. Crimes
orienta o direito penal. Segundo ele, não há crime sem lei anterior que o
instantâneos de efeitos permanentes são os crimes em que a permanência
defina, assim como não há pena sem prévia cominação legal.
dos efeitos não depende do agente: caracterizam-se pela índole duradoura
de suas consequências. Chama-se continuado o crime resultante de
A criminologia é a ciência que estuda os fenômenos e as causas da
sucessivas infrações da mesma espécie, interligadas por um único motivo.
criminalidade, a personalidade do criminoso, sua conduta delituosa e o
Nos crimes habituais, por sua vez, a reiteração de certa ação constitui o
modo de ressocializá-lo. Diferentemente do direito penal, a criminologia
delito.
volta-se não para o enquadramento do crime mas para sua explicação. O
direito penal contemporâneo e a criminologia mantêm estreitas relações,
Relativamente uns aos outros, os crimes são sucessivos ou conexos
observando-se a influência cada vez maior desta, na medida que as
quando se sucedem, resultando de mais de uma ação ou omissão e
legislações penais aprofundam seu interesse pelo infrator.
Noções de Direito Penal 8 A Opção Certa Para a Sua Realização
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constituindo o que se chama concurso material, ou dependem ou se comportando uma forma qualificada, se ocorre por motivo torpe ou fútil,
explicam uns pelos outros. Nesse caso, podem ser considerados principais mediante paga ou recompensa ou com emprego de veneno, fogo,
e acessórios, como o furto e a recepção, respectivamente, porque o explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel ou mediante
segundo pressupõe a prática do primeiro. traição, emboscada e dissimulação ou recurso que dificulte ou torne
Com relação ao agente que o comete, o crime é individual, bilateral ou impossível a defesa da vítima; (2) o homicídio culposo; (3) o induzimento,
coletivo, conforme seja praticado por uma só pessoa ou, necessariamente, instigação ou auxílio a suicídio; (4) o infanticídio e o abortamento,
por duas, como no adultério, ou por várias, como no caso de formação de provocado pela própria gestante ou por terceiro.
quadrilha. Os crimes são ainda comuns ou especiais: comuns ou gerais são
os que podem ser praticados por qualquer pessoa indistintamente; os São crimes de lesão corporal simples ou grave, conforme as
especiais ou próprios só o podem ser por determinadas categorias de consequências, não apenas os que afetam a inteireza anatômica da pessoa
pessoas ou por alguém em situação peculiar, decorrente de função, estado, mas também os que prejudicam a normalidade fisiológica ou psíquica do
sexo, parentesco etc. Muitos dos crimes especiais vêm definidos fora do organismo humano. É, ainda, crime contra a pessoa a participação em rixa,
código penal, em leis também especiais. salvo se para separar os contendores. Também o são, capitulados sob o
título de periclitação da vida e da saúde, os crimes de perigo de contágio
Nos crimes materiais, também chamados crimes de danos ou de lesão, venéreo ou de moléstia grave; o de exposição da vida ou da saúde de
esta tem de se concretizar para sua configuração. Sem que se consume o outrem a perigo direto e iminente; o de abandono de incapaz ou de recém-
delito, com a violação de um bem jurídico protegido pela lei penal, não se nascido; o de omissão de socorro; e o de maus-tratos.
caracteriza o crime material. Para o crime formal ou crime de perigo basta a
prática do ato previsto, independentemente de suas consequências Protege-se a honra pessoal considerando-se crime a calúnia, a
danosas. difamação ou a injúria. Afetam a liberdade pessoal os crimes de
constrangimento ilegal, de ameaça, de sequestro, cárcere privado, bem
Crime privilegiado é aquele em que o legislador, após a descrição como os de divulgação de segredo e violação de domicílio, de
fundamental do crime, acrescenta ao tipo determinadas circunstâncias de correspondência ou de sigilo profissional.
natureza objetiva ou subjetiva que contribuem para a diminuição da pena. O
crime é qualificado quando o legislador, depois de descrever a figura típica Crimes contra o patrimônio. Entre os crimes contra o patrimônio
fundamental, agrega circunstâncias que aumentam a pena. Essas incluem-se o furto e suas formas qualificadas, se ocorre destruição, abuso
circunstâncias, chamadas elementos acidentais do crime, constituem as de confiança, fraude, escalada, destreza, emprego de chave falsa ou
agravantes ou atenuantes. concurso de duas ou mais pessoas. Se ocorre grave ameaça ou violência
contra a coisa ou pessoa, caracteriza-se a subtração como roubo; e, como
Crimes comuns são os que lesam bens jurídicos do cidadão, da família extorsão, o uso dos mesmos processos para obter vantagem indevida. São
ou da sociedade, enquanto os políticos atacam a segurança interna ou também crimes patrimoniais a usurpação, o dano intencional da
externa do estado ou a sua própria personalidade. A criminalidade pode, no propriedade alheia, a apropriação indébita e o estelionato ou obtenção de
entanto, ser excluída quando o fato é praticado em estado de necessidade, vantagem ilícita mediante fraude. O código enumera ainda como fraude
legítima defesa, estrito cumprimento do dever legal ou no exercício regular vários outros delitos contra o patrimônio que utilizam como meio o engano
do direito. A punibilidade que decorre da prática da infração pode ser ou embuste. Entre eles a duplicata simulada, a fraude no pagamento de
excepcionalmente condicionada, excluída ou extinta. Praticada a infração cheque e o crime de abuso de incapazes em que o agente se vale, em
consistente em instigar, induzir ou auxiliar alguém a suicidar-se, ela proveito próprio ou alheio, de necessidade, paixão ou inexperiência do
somente será punível se o suicídio se consumar ou, da tentativa do menor ou da alienação ou debilidade mental de outrem. É crime contra o
suicídio, resultar lesão corporal de natureza grave, ficando a punibilidade patrimônio o de receptação no crime de furto.
condicionada ao resultado.
A punibilidade pode também ser excluída, como nos crimes contra o Crimes contra a propriedade imaterial. Na moderna sociedade
patrimônio, quando os sujeitos ativo e passivo são, reciprocamente, pai e industrial, ocorreu uma proliferação de leis penais criadas para proteger a
filho ou marido e mulher. Há, por outro lado, a possibilidade de exclusão da propriedade imaterial. A concepção de propriedade e sua natureza vêm
punibilidade, não em tese, mas como faculdade judicial (perdão judicial). mudando com a própria evolução do capitalismo e de suas instituições,
passando a proteger a propriedade imaterial e intelectual. A violação de
Finalmente, mesmo não excluída, a punibilidade pode ser extinta em direito autoral, a usurpação de nome ou pseudônimo alheio, a violação de
razão de qualquer das causas previstas no código penal, como, por privilégios, invenção ou de direito de marca de indústria ou comércio, o uso
exemplo, pela morte do agente, pela anistia, graça ou indulto, retroatividade indevido de marca de indústria ou comércio, o uso indevido de armas,
da lei que não mais considera o fato como criminoso, renúncia do direito de brasões e distintivos públicos ou de marca, em produto ou artigo, com falsa
queixa ou perdão aceito nos crimes de ação privada, pela reabilitação, pela indicação de procedência, são alguns dos crimes contra a propriedade
retratação do agente nos casos em que a lei admite, pelo casamento do industrial. Sob a rubrica de crimes de concorrência desleal, enumera o
agente com a vítima em certos crimes contra os costumes, pelo código uma dúzia de práticas delituosas, cuja repressão visa a proteger a
ressarcimento dos danos no peculato culposo e, ainda, em algumas legítima atividade produtiva ou mercantil, livrando-a da competição
hipóteses previstas em leis especiais. desonesta.

Os crimes em espécie. O código penal brasileiro classifica as diversas Crimes contra a organização do trabalho. São considerados crimes,
figuras delituosas nele previstas segundo o critério da crescente não só para assegurar direitos e legítimos interesses particulares como
generalização do bem ou interesse jurídico que a lei pretende proteger. Os também para a proteção da própria ordem econômica: os atentados contra
crimes são agrupados a partir dos que afetam mais diretamente o indivíduo a liberdade de trabalho, de contrato de trabalho ou de associação
até aqueles em que a principal vítima é a própria administração pública. profissional, a paralisação do trabalho, seguida de violência ou perturbação
Além dessas infrações penais, outras há de especial importância, como a da ordem, ou quando aquele é de interesse coletivo, a invasão de
lei das contravenções penais e a que versa sobre os crimes hediondos. estabelecimento industrial, comercial ou agrícola, a sabotagem, a frustração
de direito e o aliciamento de trabalhadores, para emigração ou para o fim
A parte especial do Código Penal de 1940, que prevê os crimes de levá-los a outro local de território nacional.
comuns, desdobra-se em 11 títulos, referentes à proteção penal da pessoa,
patrimônio, propriedade imaterial, organização do trabalho, sentimento Crimes contra o sentimento religioso e contra o respeito aos mortos.
religioso e respeito aos mortos, costumes, família, incolumidade pública, Assim são considerados o ultraje a culto e o impedimento ou perturbação
paz pública, fé pública e administração pública. de cerimônias religiosas ou funerárias. Na mesma categoria se enfileiram a
violação de sepultura e a destruição, subtração, ocultação ou vilipêndio de
Crimes contra a pessoa. São os delitos que mais diretamente ferem a cadáver. O bem protegido com a cominação de penas a tais fatos não diz
pessoa humana, atingindo-a em sua vida, integridade física, honra ou respeito aos mortos, mas à reverência que os vivos tributam a eles.
liberdade. Os crimes contra a vida são: (1) o homicídio doloso,

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Crimes contra os costumes. Por costumes se entende o A lei das contravenções penais, de 3 de outubro de 1941, prevê
comportamento sexual aprovado pela moral comum e compatível com os contravenções contra a pessoa, o patrimônio, a incolumidade, a paz e a fé
interesses da sociedade. Punem-se, pois, o estupro, o atentado ao pudor, a públicas, a organização do trabalho, a polícia de costumes e a
posse sexual mediante fraude, a sedução, a corrupção de menores e o administração pública. São exemplos de contravenção: fabrico, comércio e
rapto. Se da violência empregada na prática de tais crimes resulta lesão porte de armas, sem licença da autoridade; exploração da credulidade
corporal grave, surgem formas qualificadas. A violência se presume se a pública; alarme falso; uso ilegítimo de uniforme ou distintivo; exploração de
vítima não é maior de 14 anos, se é alienada ou débil mental e o agente jogos ou de loteria não autorizada; mendicância por ociosidade ou cupidez;
conhecia essa circunstância, ou se não pode, por qualquer motivo, oferecer importunação ofensiva ao pudor; embriaguez pública e escandalosa;
resistência. São também contra os costumes os crimes de lenocínio e perturbação da tranquilidade alheia; omissão da comunicação de crime;
tráfico de mulheres ou o favorecimento da prostituição; o crime de recusa de moeda de curso legal; simulação da qualidade de funcionário
rufianismo e o ultraje público ao pudor, por meio de atos, objetos ou público; abuso na prática da aviação; exercício ilegal de profissão ou
escritos obscenos. atividade e outros.

Crimes contra a família. A bigamia, o adultério, bem como a simulação INFRAÇÕES PENAIS: CRIME E CONTRAVENÇÃO
de casamento e outras infrações a ele relativas; os crimes contra o estado INFRAÇÃO PENAL
de filiação ou contra a assistência familiar, tais como o abandono material Segundo o sistema adotado pelo Brasil, as infrações penais dividem-se
ou intelectual, quando se trate de filho em idade escolar e, ainda, os crimes em crimes ou delitos e contravenções (classificação bipartida). Crimes e
contra o pátrio poder, a tutela ou a curatela, como o induzimento à fuga de delitos são sinônimos; as contravenções penais constituem-se de infrações
menor ou a subtração de incapazes são todos considerados delitos contra a penais de menor potencial ofensivo e encontram-se na Lei das
instituição da família. Contravenções Penais (principalmente) e em legislação esparsa.

Crimes contra a incolumidade pública. Subdividem-se em três classes Vale lembrar que contravenção penal não é crime (ou delito) e vice-
os crimes contra a incolumidade pública: (1) crimes de perigo comum versa, todavia, ambos são infrações penais.
(incêndio, explosão, inundação, desabamento ou desmoronamento e
outros); (2) crimes contra a segurança dos meios de comunicação e CRIME (OU DELITO) E CONTRAVENÇÃO
transporte e outros serviços públicos (perigo de desastre ferroviário, Segundo a teoria naturalista ou causal, crime é um fato (ação ou
arremesso de projétil, interrupção ou perturbação de serviço telegráfico ou omissão) típico (contido no texto penal), antijurídico (contrário ao
telefônico, entre outros); e (3) crimes contra a saúde pública (epidemia, ordenamento jurídico) e culpável (punível).
omissão de notificação da doença, invólucro ou recipiente com falsa
identificação, exercício ilegal da medicina etc). Para a teoria finalista, crime é um fato típico e antijurídico; a
culpabilidade é apenas condição para a imposição de pena.
Crimes contra a paz pública. A incitação ao crime, a apologia do crime
ou criminoso e a associação em quadrilha ou bando são os delitos contra a A diferença entre crime e contravenção é quantitativa e não qualitativa.
paz pública. Nos dizeres de Nelson Hungria, por insuficiência das proposições
doutrinárias que tentam diferenciar qualitativamente o crime da
Crimes contra a fé pública. A moeda falsa, a falsificação de papéis contravenção faz com que se conclua: não há diferença intrínseca,
públicos e documentos, a falsidade ideológica ou material de atestados ou ontológica ou essencial entre eles. Não são categorias que se distinguem
certidões e seu uso são, entre outras fraudes, catalogadas como crimes pela sua natureza, mas realidades que se diversificam pela sua maior ou
contra a fé pública. menor gravidade. A questão reside na quantidade da infração, não em sua
substância.
Crimes contra a administração pública. Enumera, por último, o código
penal os delitos contra a própria atividade estatal, divindo-os em três CRIME OU DELITO
grupos: os praticados por funcionários, os praticados por particulares e os a) infração penal de maior potencial ofensivo (gravidade);
que afetam diretamente a administação da justiça. Entre os primeiros: o b) pena de detenção, reclusão, restritivas de direito e multa
peculato, a concussão, o excesso de exação, a corrupção passiva, a (quantitativa).
prevaricação, a condescendência criminosa, a advocacia administrativa, a
violência arbitrária e o abandono da função. Entre os segundos: a CONTRAVENÇÕES PENAIS
usurpação da função pública, a resistência, a desobediência, o desacato, a a) infração penal de menor potencial ofensivo (gravidade);
exploração de prestígio, a corrupção ativa, o contrabando e o descaminho. b) pena de prisão simples e multa (quantitativa).
Contra a administração da justiça são, entre outros, os crimes de
denunciação caluniosa, auto-acusação falsa, falso testemunho, facilitação SUJEITO ATIVO E SUJEITO PASSIVO
de fuga, evasão mediante violência, arrebatamento de preso e o patrocínio Sujeito ativo (ou agente) é quem pratica a infração penal (o fato).
infiel pelo advogado, bem como o patrocínio simultâneo ou sucessivo de Sujeito passivo é a pessoa ou entidade que sofre os efeitos da prática da
partes contrárias. ©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda. infração. Ë o titular do direito lesado (a vítima), podendo ser pessoa natural
ou jurídica ou ainda o Estado (crimes contra administração pública).
CONTRAVENÇÃO
Dirigir perigosamente, explorar a caridade, vadiar, participar de Somente o ser humano pode ser sujeito ativo de crime (em princípio).
associações secretas e explorar o jogo do bicho são alguns exemplos de Os menores de dezoito anos são penalmente inimputáveis. Estes ficam sob
contravenção. a proteção integral do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n0
8.069/90), e, quando ferem direitos juridicamente tutelados (crime ou
Pela lei brasileira, contravenção é a violação consciente e voluntária de contravenção penal), praticam atos infracionais.
preceito legal ou de direito de outrem, por ação ou omissão, que pode ser
punida alternativa ou cumulativamente com penas de prisão simples e Excepcionalmente, pessoas jurídicas podem ser sujeito ativo de crime,
multa. porém, atualmente, só ocorre quando se tratar de infrações contra o meio
ambiente, cometidas por decisão dos dirigentes, no interesse ou benefício
Há diversas teorias que procuram distinguir crime de contravenção. O das mesmas (Lei n.0 9.605/98; CF, artigos 225, § 3º e 173, § 5º).
direito brasileiro considera crime a infração que se pune com reclusão, ou
detenção, e multa, alternativa ou cumulativamente; e contravenção, a Porém, o conceito de culpa, no dizer de Maggiore, é estritamente
infração punida com prisão simples e multa, também alternativa ou pessoal: e a única, verdadeira e não fictícia personalidade é aquela do
cumulativamente. A natureza da pena é que distingue contravenção de homem, que tem um corpo e uma alma, há uma vontade, uma liberdade,
crime. uma responsabilidade, Todo o resto é senão metáfora e ficção.

Noções de Direito Penal 10 A Opção Certa Para a Sua Realização


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OBJETO JURIDICO E OBJETO MATERIAL O RESULTADO


Objeto jurídico é o bem ou o interesse tutelado pela norma penal. Não basta apenas a conduta para que tenhamos o crime, como já
Exemplo: na lesão corporal, o objeto jurídico é a integridade física ou vimos, é necessário ainda o segundo elemento do fato típico, qual seja, o
fisiopsíquica da pessoa; no furto, o objeto jurídico é o patrimônio; no resultado. Trata-se, pois, de elemento essencial do fato típico.
homicídio, é a preservação da vida. Segundo o conceito naturalístico, o resultado é a modificação sensível
Objeto material é a coisa sobre a qual recai a ação do agente. do mundo exterior, de modo que somente podemos falar em resultado
Exemplo: no roubo, o objeto material é a pessoa e a coisa alheia móvel (res quando ocorre uma modificação passível de captação pelos sentidos29.
furtivo). Exemplo: no homicídio, a morte da vítima é um resultado naturalístico.
CONCEITO DE CRIME
Crime pode ser conceituado sob três prismas: Para o conceito jurídico ou normativo, o resultado é a modificação
a) material: é a concepção da sociedade sobre o que pode e deve ser gerada no mundo jurídico, seja na forma de dano efetivo ou na de dano
proibido, mediante a aplicação da sanção penal. Portanto, é a potencial, ferindo interesse protegido pela norma penal. Sob esse ponto de
conduta que ofende um bem juridicamente tutelado, ameaçado de vista, toda conduta que fere um interesse juridicamente protegido causa um
pena; resultado. Exemplo: invasão de um domicílio, embora possa nada causar
b) formal: é a concepção do direito acerca do delito. Portanto, é a sob o ponto de vista naturalístico, provoca um resultado jurídico, que é ferir
conduta proibida por lei, sob ameaça de aplicação de pena, numa a inviolabilidade de domicílio do dono da casa.
visão legislativa do fenômeno
c) analítico: é a concepção da ciência do direito que não difere na Não se pode negar que o critério adotado pelo legislador é o jurídico,
essência do conceito formal. Portanto, é uma conduta típica, todavia, prevalece na doutrina o conceito naturalístico de resultado.
antijurídica e culpável, vale dizer, uma ação ou omissão ajustada a
um modelo legal de conduta proibida (tipicidade), contrária ao Assim, resultado é a modificação do mundo exterior provocada pelo
direito (antijuridicidade) e sujeita a um juízo de reprovação social comportamento humano voluntário.
incidente sobre o fato e seu autor. Neste conceito encontram-se as
maiores divergências doutrinárias. RELAÇÃO DE CAUSALIDADE
A relação de causalidade ou nexo de causalidade é o vínculo entre a
Noronha conceitua crime como a conduta humana que lesa ou expõe a ação ou a omissão (conduta) e o resultado decorrente destas, que somente
perigo um bem jurídico protegido pela lei penal. poderá ser atribuído a quem lhe der causa.

Contudo, a maioria dos doutrinadores define o crime como sendo um Na verdade, nexo causal só tem relevância nos crimes de resultado
fato típico e antijurídico. naturalístico (crimes materiais), pois, nos delitos em que se torna
impossível sua ocorrência (crimes de mera conduta) ou ainda naqueles em
Todavia, para a aplicação da pena é necessário que haja culpabilidade, que mesmo sendo possível é irrelevante (crimes formais), não há que se
que é a reprovação ao agente pela contradição entre a sua vontade e a falar em nexo causal e sim em nexo normativo entre o agente e a conduta.
vontade da lei.
Considera-se causa, toda ação ou omissão que contribuir para o
Já a punibilidade é consequência jurídica do delito. resultado, não fazendo distinção entre causa e condição. Para saber se um
antecedente foi causa do resultado, deve-se eliminá-la mentalmente, e
Assim, crime é toda ação ou omissão típica e antijurídica, porém, para verificar se o resultado, sem ela, teria acontecido. A esse procedimento dá-
que um fato seja punível é necessário que seja um fato típico, antijurídico e se o nome de procedimento hipotético de eliminação.
culpável.
Assim, nosso Código Penal adota a teoria da equivalência dos
FATO TIPICO antecedentes causais, também conhecida como teoria da conditio sine qua
Para que tenhamos um crime é necessária a existência de uma non, oriunda do pensamento de Stuart Mill.
conduta, seja ela positiva (ação) ou negativa (omissão) e que provoca em
regra um resultado (naturalístico ou jurídico). Ë ainda necessário que tal SUPERVENIËNCIA DE CAUSA RELATIVAMENTE INDEPENDENTE
conduta seja típica (definida por lei como infração penal) e antijurídica (ART. 13, § 1º, CP)
(contrário ao ordenamento jurídico). Vem a limitar o nexo de causalidade, quando uma nova causa, relativa-
mente independente, por si só produzir o resultado. Nesse caso, o agente
Assim, o fato típico compõe-se de vários elementos: conduta (ação ou só responde pelos fatos anteriores a que deu causa. Exemplo: “A” agride
omissão); resultado; nexo de causalidade entre o atuar do agente e o “B” produzindo-lhe lesões corporais. “B” encontra-se no hospital, cuidando
resultado; tipicidade, isto é, ajuste de conduta ao modelo legal. dos ferimentos, quando sobrevém um incêndio e ele vem a falecer. “A” só
responde por lesões corporais.
CONDUTA (AÇÃO OU OMISSÃO)
Conduta é a realização material da vontade humana mediante a prática Já a concausa absolutamente independente está afastada pela regra
de um ou mais atos. geral do Código Penal.

A conduta abrange tanto a ação como a omissão, sendo seus ITER CRIMINIS
elementos a vontade, a finalidade, a consciência e a exteriorização (não Ë o percurso, a trajetória do crime.
ocorre quando estiver apenas na mente).
São 4 (quatro) as fases do crime:
TIPICIDADE 1ª. cogitação: imaginação, idealização (ex.: esboço do plano
Ë a perfeita adequação entre o fato e a previsão legal. A tipicidade é criminoso);
indício de antijuridicidade, indício porque pode haver causa excludente de 2ª. atos preparatórios: é o preparo do necessário para a prática do cri-
antijuridicidade. me (ex.: compra da arma);
3ª. atos executórios: é o início da realização do fato típico (ex.: apertar
TIPO o gatilho da arma);
a descrição abstrata que expressa os elementos de comportamento 4ª. consumação: é a fase final do iter criminis. Conforme ensina
lesivo (infração penal). O fato que não se ajustar perfeitamente ao tipo não Francesco Antolisei, o conceito de consumação exprime a perfeita
é crime. conformidade do fato à hipótese abstrata delineada pelo legislador.

Existem os tipos dolosos e os tipos culposos. A cogitação e os atos preparatórios não são punidos, exceto quando o

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legislador, com os atos preparatórios, por exemplo, tipifica um crime (CP, Crime material é aquele em que é necessário além da ação, a
artigo 291). ocorrência do resultado naturalístico para que ocorra a sua consumação.
Exemplo: homicídio, estelionato.
A execução inicia-se com a realização do primeiro ato ilícito, ou seja, a AÇÃO + RESULTADO - CONSUMAÇÃO
ação ou omissão descrita no tipo (início de uma atividade típica).
CRIME FORMAL
A diferença entre atos preparatórios e atos de execução é que, nos Crime formal é aquele que se consuma com a simples ação,
primeiros, o agente pode não começar a praticar o crime, enquanto, nos independentemente da ocorrência do resultado naturalístico; basta a ação
outros, deve parar para desistir. do agente e a sua vontade de alcançar o resultado. Exemplo: a ameaça
CONSUMAÇÃO (ART. 14, I, CP) consuma-se no momento em que a vítima toma o conhecimento da
Diz-se que o crime é consumado quando o agente realizou todos os ameaça.
elementos de sua definição legal, ou seja, consuma-se o delito quando há a AÇÃO = CONSUMAÇÂO
realização da descrição do tipo penal na sua integralidade. O momento
consumativo dos crimes depende de sua natureza. CRIMES DE MERA CONDUTA
São aqueles em que a figura típica não contém mais que a descrição
Nos crimes materiais a consumação se dá com a ocorrência do da conduta, por não existir explicitamente qualquer referência ao resultado
resultado (naturalístico). Nos crimes formais e de mera conduta, com a (naturalístico). São também chamados de crimes de simples atividade.
prática da ação (jurídico ou normativo). Exemplo: crime de omissão de notificação de doença (CP, artigo 269).

EXAURIMENTO CRIMES COMUNS


Não há que se confundir consumação e exaurimento. O crime exaurido São aqueles que podem ser praticados por qualquer pessoa. A lei não
é aquele no qual o agente, após atingir o resultado consumativo, continua a exige requisito especial. Exemplo: homicídio, furto.
agredir o bem jurídico. Exemplo: no crime de concussão (CP, artigo 316), o
delito se consuma com a exigência de vantagem; o recebimento da CRIMES PRÓPRIOS
vantagem exigida é mero exaurimento. São aqueles que exigem do sujeito ativo determinada condição ou
qualidade, geralmente de ordem funcional, familiar, condição jurídica etc.
Trata-se do crime já consumado nos termos da lei, que tem Exemplo: advogado — patrocínio infiel; maternidade — infanticídio;
desdobramentos posteriores. Os desdobramentos não alteram o fato típico. funcionário público — peculato.

TENTATIVA (ART. 14, II, CP) CRIMES DE MÃO PRÓPRIA


Diz-se que o crime é tentado quando, iniciada a execução, o delito não São chamados crimes de atuação pessoal, aqueles em que todos os
se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. Considera-se elementos do tipo penal devem ser realizados pessoalmente pelo agente
iniciada a execução quando o agente começa a realizar o fato que a lei (ação personalíssima). Exemplo: falso testemunho (apenas, se admite o
define como crime. concurso de agentes na modalidade da participação).

São elementos da tentativa: início da execução, falta de consumação CRIMES HABITUAIS


por fato alheio à vontade do agente e dolo. São aqueles que exigem a habitualidade, e não se consumam a não
ser por reiteradas violações. Neste caso, a realização isolada da conduta
Inexiste tentativa no crime culposo (ausência de dolo); nas descrita no tipo penal não é considerada delituosa. Exemplo: manter casa
contravenções penais, por força do artigo 4o da Lei das Contravenções de prostituição, curandeirismo.
Penais, não é punível a tentativa; nos crimes omissivos próprios, é
inadmitida. CRIMES PERMANENTES
São aqueles em que a consumação de uma única ação ou omissão se
A tentativa é punida com a pena do crime, diminuída de um a dois prolonga no tempo. Embora já realizada, continua se renovando enquanto o
terços. Embora tenhamos algumas espécies de tentativa, não há distinção agente não cessar a situação ilícita. Exemplo: sequestro.
quanto à pena abstratamente cominada ao tipo; todavia, deve o juiz levar
em consideração a espécie da mesma no momento da dosimetria da pena. O agente encontra-se em permanente estado de flagrância e a
prescrição não flui enquanto durar a permanência.
ESPECIES DE TENTATIVA
a) Tentativa perfeita (ou acabada ou crime falho): nela o agente CRIMES INSTANTÂNEOS
realiza tudo o que for possível para a realização do delito, que São aqueles que se exaurem no momento em que são consumados,
não se consuma por circunstâncias alheias à sua vontade. sem continuidade no tempo. Exemplo: furto, homicídio.
Exemplo: ao atirar na vitima, a bala acaba sendo desviada por
ter outra pessoa empurrado o seu braço; CRIMES INSTANTÂNEOS DE EFEITOS PERMANENTES
b) Tentativa imperfeito (ou inacabada): nela o agente não realizou São aqueles em que o resultado da ação ou da omissão são
tudo o que era possível; a execução foi interrompida por irreversíveis, permanecendo no tempo. Assim, o crime consuma-se em um
circunstâncias alheias à sua vontade. Exemplo: a arma momento específico, mas seus efeitos se perpetuam no tempo. Exemplo:
apresenta defeito e não dispara; homicídio, sedução.
c) Tentativa branco (ou incruenta): a vítima não é atingida, nem
vem a sofrer ferimentos. Pode ser ainda: CRIMES COMPLEXOS
c.1) perfeita: quando o agente realiza a conduta integralmente, por São aqueles que contêm duas ou mais figuras típicas penais; ofendem
exemplo, erra todos os tiros; mais de um bem jurídico. Exemplo: latrocínio roubo + homicídio; Roubo =
c.2) imperfeito: é aquela que ocorre quando a execução é interrompi- furto + ameaça.
da sem que a vítima seja atingida. Exemplo: o agente é
desarmado após o primeiro disparo errado. CRIMES DE AÇÃO MULTIPLA
d) Tentativa cruenta: nesta, a vítima é atingida. Pode ocorrer São aqueles em que se encontram descritas no tipo duas ou mais
tentativa cruenta tanto na tentativa imperfeita (a vítima é ferida, e condutas, ou seja, encontram-se previstas alternativas de condutas, só
logo em seguida, o agente é desarmado) como na tentativa havendo necessidade da prática de uma para se realizar o delito. Exemplo:
perfeita (o agente descarrega arma na vítima, lesionando-a). induzimento, auxilio e instigação ao suicídio.

CLASSIFICAÇÃO DE ALGUNS CRIMES CRIMES UNISSUBJETIVOS


CRIME MATERIAL São aqueles nos quais a totalidade dos atos típicos pode ser praticada

Noções de Direito Penal 12 A Opção Certa Para a Sua Realização


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por um único agente. Exemplo: homicídio.
CRIMES DE DANO
CRIMES PLURISSUBJETI VOS São aqueles que exigem uma real lesão ao bem juridicamente
São aqueles em que a lei exige mais de um agente para que seja protegido para a sua consumação. Exemplos: homicídio, dano, etc.
consumado o delito; são também chamados de crimes de concurso
necessário. Exemplo: quadrilha ou bando; rixa. CRIMES DE PERIGO
Para que sejam consumados basta a simples possibilidade de causar
CRIMES COMISSIVOS dano. Exemplo: periclitação da vida ou saúde de outrem (CR artigo 132).
São aqueles em que há uma ação positiva (fazer). A ação viola um
preceito proibitivo. A maioria dos tipos penais são comissivos. Exemplo: São subdivididos em:
furto. a) crime de perigo concreto: ocorre quando a realização do tipo exige
CRIMES OMISSIVOS uma situação de perigo efetivo;
São os praticados pela abstenção (não fazer) de comportamento b) crime de perigo abstrato: ocorre quando a situação de perigo é
exigido pela norma. E o não fazer o que a lei manda abstrata;
c) crime de perigo individual: é aquele que atinge apenas uma pessoa
CRIMES OMISSIVOS PRÓPRIOS (ou CRIME OMISSIVO PURO) ou um número determinado de pessoas, por exemplo, perigo de
Tais crimes somente podem ser praticados mediante um não-fazer o contágio venéreo;
que a lei manda, como por exemplo, o crime de omissão de socorro (CP, d) crime de perigo comum ou coletivo: é aquele que somente se
artigo 135). Portanto, o omitente só praticará o crime se houver tipo consuma se for atingido um número indeterminado de pessoas, por
incriminador descrevendo a omissão como infração formal ou de mera exemplo, incêndio;
conduta.36 e) crime de perigo atual: é aquele que está acontecendo;
f) crime de perigo iminente: é aquele que está prestes a acontecer;
CRIMES OMISSIVOS IMPRÓPRIOS OU C0MISSIVOS POR g) crime de perigo futuro ou mediato: é aquele que pode advir da
OMISSÃO (ART. 13, § 2º, CP) conduta, por exemplo, porte de arma de fogo.
São aqueles em que o agente, por deixar de fazer o que estava obriga-
do por lei, produz o resultado. Exemplo: a mãe que deixa de alimentar seu CRIME ACESSÓRIO
filho em face de amamentação (CP, artigo 13, § 2º,”a” - obrigação de É aquele que depende de outro crime para existir. Como exemplo,
cuidado, proteção ou vigilância). podemos citar o crime de receptação (CP, artigo 180).

Estes crimes só podem ser praticados pela pessoa que tiver, por lei, o CRIME PRINCIPAL
dever de evitar o resultado, ou ainda, por aquela que se encontra na É aquele que existe independentemente de outros. Exemplo: furto.
denominada posição de garantidor (garante),que também possui o dever
legal, por força do artigo 13,5 20, “b”, do Código Penal. Como exemplo, CRIMES DE CONCURSO NECESSÁRIO OU PLURISSUBJETIVO
podemos citar o caso da enfermeira paga, ou aquela vizinha que São aqueles que exigem pluralidade de sujeitos ativos, por exemplo,
voluntariamente se ofereceu para cuidar do recém-nascido. Temos ainda, crime de rixa.
na alínea “c” do § 2º do artigo 13, o dever de agir e evitar o resultado
daquele que criou o risco da ocorrência do resultado. Como exemplo CRIME MULTITUDINÁRIO
clássico, citamos o nadador profissional que convida o banhista bisonho É aquele cometido por influência de multidão, por exemplo,
para uma travessia e não o socorre quando este está se afogando. linchamento.

CRIME PUTATIVO CRIME HEDIONDO (LEI Nº 8.072/90)


É o crime imaginário. O sujeito imagina estar praticando uma conduta São considerados hediondos os seguintes crimes, tentados ou
ilícita, porém, sua conduta é lícita. Como exemplo, podemos citar o caso da consumados: Homicídio, quando praticado em atividade típica de grupo de
mulher que ingere substância abortiva, supondo estar grávida. Neste caso extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado;
estamos diante de um delito putativo por erro de tipo, que é o crime latrocínio; extorsão qualificada pela morte; extorsão mediante sequestro e
impossível pela impropriedade absoluta do objeto. na forma qualificada; estupro; atentado violento ao pudor; epidemia com
resultado morte; falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de
CRIME FALHO OU TENTATIVA PERFEITA produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais.
É aquele em que o agente realiza todos os elementos do tipo, mas o
resultado acaba não acontecendo por circunstâncias alheias à sua vontade. Parágrafo único. Considera-se hediondo o crime de genocídio previsto
Ex.: o atirador descarrega todas as balas da arma sem atingir a vítima. nos artigos 1º, 2º e 3º da Lei nº 2.889, de 1956, tentado ou consumado.

CRIMES PROGRESSIVOS Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de


São aqueles que apresentam uma figura típica mais grave em que se entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de:
inclui outra menos grave, ou seja, o crime menos grave está contido no de I - Anistia, graça e indulto;
maior gravidade. Ex.: homicídio. Não é possível o crime de “matar alguém” II - Fiança e liberdade provisória.
sem que antes exista o de “ofender a integridade corporal ou a saúde de
outrem” (CP, artigos 121 e 129). Com relação à liberdade provisória e tráfico de drogas na Lei n.0 8.072/
90, há entendimento no sentido contrário:
Neste caso aplica-se princípio da consunção, respondendo o agente Admite-se, uma vez que o artigo 20, II, é inconstitucional (CF, artigo 5º,
apenas pelo crime de homicídio e não também pelo crime de lesão LXVI): TJSP, HC 113.259, 6ª Câmara, 28.08.91, Rel. Des. Luiz Betanho;
corporal. HC 105.484, RT671/323.

CRIMES DE RESPONSABILIDADE Em caso de condenação, se o acusado estiver preso em decorrência


São aqueles que são praticados por agentes que detêm poder político. de flagrante, prisão temporária ou preventiva, não se admite a apelação em
Exemplo: responsabilidade administrativa e penal de prefeitos e liberdade, em face da proibição de liberdade provisória. Se o acusado
vereadores. encontra-se solto, o juiz pode conceder, fundamentadamente, que o réu re-
CRIME A PRAZO corra em liberdade.
A consumação depende de um determinado lapso de tempo, por
exemplo, artigo 129,§ 1º, I, do Código Penal, (mais de 30 dias). Cabe prisão temporária por 30 (trinta) dias, prorrogáveis por mais 30
(trinta), se comprovada extrema necessidade.

Noções de Direito Penal 13 A Opção Certa Para a Sua Realização


APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
A pena deve ser cumprida integralmente em regime fechado.
Há várias ações, sendo cada uma um delito já consumado, mas que se
DELAÇÃO PREMIADA mostram unidas por uma homogeneidade circunstancial que as transforma,
O artigo 7º, da Lei n0 8.072/90, com nova redação dada pelo artigo 1º, § por ficção, em realização de um só crime em desenvolvimento continuado.
4º da Lei n0 9.269/96, acrescentou ao artigo 1º, §4º, segundo o qual, no
crime de extorsão mediante sequestro, caso o mesmo seja praticado em Será aplicada a pena de um só dos crimes se idênticas ou a do mais
concurso, e o concorrente denunciar o fato à autoridade, possibilitando a grave se diversas; aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois
liberação do sequestrado, será beneficiado com uma redução de pena que terços.
será de um a dois terços.
Trata-se de um benefício ao réu que visa à diminuição do tempo de
Não há necessidade de se indagar a motivação da informação remeti- condenação.
da, se arrependimento, remorso, medo, temor, ou qualquer outro, bastando
notícias a respeito do cativeiro e que elas alcancem sucesso. Foi instituída, Parágrafo único: nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes,
assim, a figura da delação no direito penal brasileiro. cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz,
CONCURSO DE CRIMES considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a
O concurso de crimes ocorre quando um agente pratica duas ou mais personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias,
infrações penais. aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se
diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único do artigo 70
Ternos três espécies de concurso de crimes: concurso formal, concurso e do artigo 75 do Código Penal.
material e crime continuado. Diz-se também concurso de penas.
DOLO
CONCURSO MATERIAL (ou REAL) (ART. 69 CP) Dolo é a vontade livre e consciente de realizar o comportamento típico,
Quando o agente, mediante duas ou mais ações ou omissões ou seja, quando o agente quer o resultado ou assume o risco de produzi-lo.
(idênticas ou não), acarreta dois ou mais resultados. Exemplo: furta o carro É, portanto, a intenção inequívoca de produzir o resultado. Crimes dolosos
e atropela, por imprudência, terceira pessoa. são os crimes intencionais.

VÁRIAS AÇÕES = VÁRIOS RESULTADOS Temos três teorias relacionadas ao dolo, quais sejam: teoria da
Aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que vontade, teoria da representação e teoria do assentimento.
haja incorrido o agente. No caso de aplicação cumulativa de penas de
reclusão e detenção, executa-se primeiro aquela (CR artigo 69, caput). Se Para a teoria da vontade o dolo consiste na vontade e na consciência
forem aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado cumprirá de praticar o fato típico. Para a teoria da representação, a essência do dolo
simultaneamente as que forem compatíveis entre si e sucessivamente as não estaria tanto na vontade, mas principalmente, na previsão do resultado.
demais (CP, artigo 69, § 2º). Já para a teoria do assentimento, o dolo consistiria no assentimento do
resultado, isto é, a previsão do resultado com a aceitação dos riscos de
Já, em se tratando de pena privativa de liberdade, não suspensa por produzi-lo.
um dos crimes, ou seja, caso seja fixada uma pena em regime fechado
(impossibilidade da concessão de sursis) e ao mesmo tempo outra, na O nosso Código Penal (CP, artigo 18,I), adotou a teoria da vontade e a
mesma sentença, em que será perfeitamente cabível a substituição da teoria do assentimento: diz-se o crime doloso quando o agente quis o
pena por pena restritiva de direitos, incabível será a aplicação do artigo 44 resultado (teoria da vontade) ou assumiu o risco de produzi-lo (teoria do
do CP (art.69,5 10); em contrapartida, este mesmo parágrafo estabelece a assentimento).
viabilidade de se cumular, quando do reconhecimento do concurso material,
uma pena privativa de liberdade, com suspensão condicional da pena Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato
(sursis) ou mesmo regime aberto (prisão domiciliar) com uma restritiva de previsto como crime senão quando o pratica dolosamente (CP, artigo 18,
direitos, isto é, tal parágrafo permite que o condenado cumpra as condições parágrafo único).
do sursis ao mesmo tempo em que efetua o pagamento da prestação
pecuniária. ELEMENTOS DO DOLO
Os elementos do dolo são: a consciência e a vontade.
Assim, as penas são somadas aritmeticamente.
ESPÉCIES DE DOLO
CONCURSO FORMAL (ou IDEAL) (ART. 70 CP) a) Dolo direto ou determinado: quando o agente visa a determinado
Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão (idênticas ou resultado. Exemplo: o agente atira com a intenção de matar.
não), acarreta dois ou mais resultados. Exemplo: o agente atira em “A” e b) Dolo indireto ou indeterminado: Quando o agente não visa a
mata “A” e “B”. resultado certo, determinado. O dolo indireto é subdividido em:
- UMA AÇÃO = VÁRIOS RESULTADOS b. 1) eventual: quando o agente não quer diretamente o resultado, mas
assume o risco de produzi-lo, ou seja, o agente prevê o resultado
Em se tratando de aplicação de pena, aplica-se a mais grave das de sua conduta e não deseja diretamente esse resultado, mas
penas cabíveis, ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em segue em frente na conduta assumindo a possibilidade de alcançar
qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, certo resultado ilícito;
cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes b.2) alternativo: quando a vontade do agente se dirige a um ou outro
resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo 69 do resultado. Exemplo: quando o agente dispara uma arma para ferir
Código Penal (concurso material). ou matar.
c) Dolo de dano: Quando o agente quer o dano ou assume o risco de
Assim, se dois crimes forem frutos de desígnios autônomos, há a produzi-lo (causar dano efetivo).
somatória de penas, e, em hipótese alguma a pena pode exceder aquela d) Dolo de perigo: Quando o agente quer ou assume o risco de
cabível no caso de concurso material (CP, artigo 70, parágrafo único) colocar a vítima em perigo. A conduta se orienta apenas para a
criação de um perigo. Exemplo: crime de perigo de contágio
CRIME CONTINUADO (ou CONTINUIDADE DELITIVA) (ART. 71 CP) venéreo (artigo 130 do Código Penal).
Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica e) Dolo específico: Quando existe a vontade de produzir um fim
dois ou mais crimes da mesma espécie, e, pelas condições de especial, específico. Exemplo: alteração de limites para o fim de
tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, de- apropriar-se.
vem os subsequentes serem havidos como continuação do pri- f) Dolo genérico: Quando há vontade de praticar o fato descrito no
tipo, ou seja, quando a intenção do agente se esgota na produção
meiro...
Noções de Direito Penal 14 A Opção Certa Para a Sua Realização
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do fato típico. É o dolo comum. CULPA CONSCIENTE E DOLO EVENTUAL
Na culpa consciente, embora seja o resultado previsto pelo agente,
CULPA este espera, sinceramente, que jamais irá ocorrer, confiando, destarte, na
Segundo Paulo José da Costa Júnior, a culpa é a prática voluntária de sua habilidade. Já, no dolo eventual, o agente também prevê o resultado
urna conduta, sem a devida atenção ou cuidado, da qual deflui um (embora não o deseja), contudo, dá seu assentimento ao resultado. Isto
resultado previsto na lei como crime, não desejado nem previsto, mas posto, tanto na culpa consciente como no dolo eventual o resultado é
previsível. previsível pelo agente, porém, no dolo eventual o agente diz: “tanto faz”,
A culpa consiste na prática não intencional do delito, faltando, porém, enquanto na culpa consciente supõe: “é possível, mas não vai acontecer de
ao agente, um dever de atenção, cuidado. Na culpa o agente produz o forma alguma”.
resultado por negligência, imprudência ou imperícia.
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ (ART.
MODALIDADES DE CULPA 15 CP)
a) negligência: a falta de atenção devida é a desatenção. Exemplo: Como estudado anteriormente, dá-se a tentativa quando o resultado
dirigir olhando para a calçada ao invés da rua; passear com não ocorre por circunstâncias alheias à vontade do agente. Contudo, o
cachorro bravio sem focinheira; próprio agente, após iniciada a execução, voluntariamente, pode desistir de
b) imprudência: quando existe a inobservância da cautela comum, prosseguir na mesma (desistência voluntária), ou ainda, pode evitar,
exigida em determinados atos. É a prática de ato perigoso. também voluntariamente, que o resultado ocorra (arrependimento eficaz).
Exemplo: dirigir em velocidade superior à permitida no local;
c) imperícia: é a inobservância dos cuidados específicos a que Na desistência voluntária o agente interrompe o processo de execução
deveria estar habilitado o agente por falta de aptidão, insuficiência que iniciara, porque assim o quis. Deve a desistência ser voluntária,
de conhecimentos técnicos ou teóricos. Exemplo: sair dirigindo embora não necessite ser espontânea, podendo ser provocada por temor,
sem estar devidamente habilitado. Alguns doutrinadores não vergonha, etc.
aceitam este exemplo como sendo imperícia.46
Se o crime for consumado, não há que falar em desistência voluntária.
Em geral os tipos culposos são abertos e, sendo assim, não descrevem
a conduta culposa, limitando-se a dizer: “se o crime é culposo, a pena será Assim, se o agente já realizou todo o processo de execução, mas
de.. impede que o resultado ocorra, estamos diante do arrependimento eficaz.

Para se saber se houve ou não culpa, necessariamente deverá se O arrependimento eficaz também deve ser voluntário, embora não
proceder a um juízo de valor, fazendo-se uma comparação entre a conduta necessite ser espontâneo.
do agente no caso concreto e a que um homem de prudência média teria
na mesma situação. A maioria dos doutrinadores entende ser tanto a desistência voluntária
como o arrependimento eficaz, causa de exclusão de punibilidade mas, se
ELEMENTOS DO CRIME CULPOSO os atos anteriores forem típicos, o agente responde por eles.
Os elementos do crime culposo são: conduta (sempre voluntária),
resultado involuntário, nexo causal, tipicidade, previsibilidade objetiva, Se o crime for consumado, não há que se falar em arrependimento
ausência de previsão (não existe esse elemento na culpa consciente), eficaz.
quebra do dever objetivo de cuidado (pela imprudência, imperícia ou
negligência). ARREPENDIMENTO POSTERIOR (ART. 16 CP)
Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa,
ESPÉCIES DE CULPA reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou
a) Culpa inconsciente: o agente não prevê o resultado, porém, este queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois
era previsível; terços.
b) Culpa consciente: o agente prevê o resultado, mas espera sincera-
mente que este não ocorra. Há no agente a representação da Para Celso Delmanto, trata-se de causa obrigatória de redução depena
possibilidade do resultado, mas ele a afasta, de pronto, por e não mera atenuante e, por isso, pode ocorrer redução de modo a pena
entender que a evitará e que sua habilidade impedirá o evento ficar abaixo do mínimo previsto e influir no cálculo da prescrição penal.52
lesivo previsto;
c) Culpa imprópria (ou por extensão, por equiparação ou por Já ensina Waléria G. Loma Garcia que o arrependimento posterior,
assimilação): é aquela em que o agente, por erro de tipo atendido seus requisitos, é uma causa obrigatória de redução depena, entre
inescusável, imagina praticar a conduta licitamente, ou seja, o determinados limites.53
agente supõe estar acobertado por uma das excludentes de
ilicitude ou antijuridicidade (legitima defesa, estado de O ato de reparar ou restituir precisa ser voluntário, embora possa não
necessidade, estrito cumprimento do dever legal ou exercício ser espontâneo.
regular do direito). Contudo, esse erro poderia ter sido evitado pelo
emprego de diligência mediana, e, assim, subsiste o Assim, os requisitos do arrependimento posterior são:
comportamento culposo; a) ausência de violência ou grave ameaça à pessoa;
d) culpa presumida: trata-se de uma forma de responsabilidade b) reparação do dano ou restituição da coisa (na sua integralidade e
objetiva e, portanto, não é prevista na legislação penal. Já o até o recebimento da denúncia ou queixa);
Código Penal de 1940, contrariamente, previa a punição por crime c) voluntariedade.
culposo quando o agente causasse o resultado apenas por ter
infringido uma disposição regulamentar, como, por exemplo, dirigir Caso a reparação do dano ou a restituição da coisa seja parcial, será
sem habilitação legal, ainda que não houvesse imprudência, considerada apenas como atenuante conforme preceitua o artigo 65,III, b,
negligência ou imperícia; do Código Penal.
e) culpa mediata ou indireta: nesta espécie de culpa, o agente
indiretamente produz o resultado; é o caso de uma pessoa que CRIME IMPOSSÍVEL (ART. 17 CP)
atropela uma criança e, em razão disso, o pai atravessa a rua para Tem-se crime impossível quando, por ineficácia absoluta do meio ou
prestar socorro e acaba atropelado por outro veículo. por absoluta impropriedade do objeto, torna-se impossível a consumação
do delito.
GRAUS DE CULPA
Temos três graus de culpa: culpa grave, culpa leve e culpa levíssima. O crime impossível é também chamado de tentativa inidônea ou
Não há compensação de culpas em Direito Penal. inadequada, tentativa impossível ou quase-crime.

Noções de Direito Penal 15 A Opção Certa Para a Sua Realização


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Ineficácia absoluta do meio: o meio empregado é absolutamente ESPÉCIES DE ERRO


ineficaz. Exemplos: disparar revólver sem munição (é meio absolutamente O erro de tipo pode ser:
inidôneo para matar alguém); já o revólver com balas velhas (pode ou não a) acidental: refere-se a dados acessórios ou secundários do crime.
disparar) é meio relativamente inidôneo e seu uso permite caracterizar a É irrelevante para o tipo penal; não beneficia o agente.
tentativa de crime. Exemplo: se o agente pretende furtar uma mala cheia de jóias e,
por erro, subtrai uma mala cheia de roupas, seu erro é acidental
Impropriedade absoluta do objeto: o objeto material do crime é já que, tanto faz subtrair jóias ou roupas, pois ambas as ações
absolutamente impróprio para que o crime se consume. Exemplos: caracterizam o crime de furto.
esfaquear cadáver; bater carteira de quem não possui dinheiro; práticas b) essencial: sempre afasta o dolo; refere-se a dados elementares
abortivas em mulheres não grávidas. do crime. Pode ser:
b.1) Erro essencial inevitável (ou invencível): afasta o dolo e a culpa.
O crime impossível está sempre ligado à tentativa, não sendo esta Nele o sujeito errou, porém, tomou todas as precauções
punida em face da impossibilidade de consumação da infração penal. exigíveis dentro dos limites em que se encontrava (CP, artigo 20,
Duas teorias existem a respeito de crime impossível: la parte);
a) teoria subjetiva: segundo ela, o que importa é a intenção do b.2) Erro essencial evitável (ou vencível): afasta o dolo, mas permite
agente, responsabilizando-o mesmo que o meio ou objeto sejam a punição a título de culpa caso o fato seja punível também na
ineficazes; modalidade da culpa. Neste caso, o sujeito, embora não agindo
b) teoria objetiva: entende ser impossível a tentativa apenas quando o com dolo, poderia ter evitado o erro se tivesse agido tomando os
meio ou objeto forem absolutamente impróprios para a cuidados objetivos necessários (CR artigo 20, última parte).
consumação. Esta teoria é a adotada pelo Código Penal. Assim, caso o sujeito, por ausência de cuidado, venha a matar uma
pessoa em vez de um animal, responderá por crime de homicídio culposo,
Porquanto, uma vez presente a figura do crime impossível, haverá já que é prevista tal figura delitiva. Contrariamente, se o sujeito
Isenção de pena, sendo portanto, uma exceção à regra da punibilidade da equivocadamente leva uma mala alheia supondo ser sua, não responderá
tentativa de crime. Torna-se o fato atípico. por crime algum,já que inexiste a figura culposa do crime de furto.

AGRAVAÇÃO PELO RESULTADO (ART. 19 CP) DESCRIMINANTES PUTATI VÁS (ART. 20, §1º, CP)
O artigo 19 do Código Penal visa a impedir a punição de alguém por Trata-se de erro de tipo permissivo, ou seja, erro sobre os requisitos
simples responsabilidade objetiva (ausência de dolo ou culpa). Para isso, fáticos de uma causa excludente de ilicitude. Neste caso, o agente supõe
determina que, pelo resultado que agrava especialmente a pena, só estar agindo amparado por uma das excludentes de ilicitude ou
responde o agente que o houver causado ao menos culposamente. Isto antijuridicidade (legítima defesa, estado de necessidade, estrito
posto, além do dolo e da culpa, temos uma outra forma de culpabilidade: o cumprimento do dever legal, exercício regular do direito).
preterdolo ou preterintenção.
Se o erro era inevitável, invencível, não há dolo nem culpa (CP, artigo
Assim, o crime qualificado pelo resultado também é denominado crime 20, §1º, 1ª parte).
preterdoloso, ou ainda preterintencional.
Se o erro era evitável, vencível, poderá haver punição a título de culpa
No dizer de Magalhães Noronha, há dois crimes na figura preterdolosa: (CP, artigo 20, § 1º, última parte).
o minusdelictum (o que o delinquentequeriapraticar), atribuível a título de Fernando Capez cita como exemplo: o sujeito está assistindo à
dolo, e o majus delictum (o que realmente se vem a verificar), imputado a televisão quando um primo brincalhão surge à sua frente disfarçado de
título de culpa. assaltante Imaginando uma situação de fato, na qual se apresenta uma
agressão iminente a direito próprio, o agente dispara contra o colateral,
Portanto, temos o crime preterdoloso quando o agente, por ação ou pensando estar em legítima defesa. A situação justificante só existe em sua
omissão, provoca, por culpa (negligência, imprudência ou imperícia), um cabeça; por isso diz-se legítima defesa imaginária ouputativa57.
resultado mais grave que o pretendido. Dolo no antecedente e culpa no
consequente. Exemplo: lesão corporal seguida de morte (CR artigo 129, § ERRO DETERMINADO POR TERCEIRO (ART. 20, § 2º, CP)
3º). Neste caso, o erro é causado por terceiro e, sendo assim, este
responderá pelo crime.
Neste caso, o agente é punido pela lesão corporal a título de dolo e
pela morte a título de culpa. Caso o terceiro tenha agido dolosamente, quer dizer intencionalmente,
responderá a título de dolo; se agiu culposamente, poderá responder a
ERRO DE TIPO (ART. 20 CP) título de culpa.
Ignorar é não saber; errar é saber mal (Paulo José da Costa Júnior).
Trata-se do erro (engano, desconhecimento) sobre elemento que constitua O provocado, ou seja, o sujeito que agiu pela provocação de terceiro,
o tipo (descrição legal do comportamento proibido) penal. Tal fato exclui o estará isento de pena caso o erro seja inevitável; se evitável, responderá a
dolo, mas permite a punição por culpa se houver previsão legal de conduta título de culpa por ter deixado de tomar os cuidados objetivos necessários.
culposa.
O erro pode ocorrer sobre os aspectos (elementos) objetivos, ERRO SOBRE A PESSOA (ART. 20, §3º, CP)
subjetivos e normativos do tipo. O erro versa sobre a pessoa: o agente atira em “A” por supor tratar-se
de “B”. Neste caso, não ocorre a isenção de pena e, para efeito de
Explicamos como exemplo a descrição do crime de furto: subtrair para qualificadoras, atenuantes, privilégios e agravantes, deve-se considerar a
si ou para outrem, coisa alheia móvel (CP, artigo 155). pessoa que o agente pretendia atingir e não a pessoa que foi vitimada.
a) elemento objetivo: subtrair coisa móvel;
b) elemento normativo: desconhecer o alcance de expressões ERRO SOBRE A ILICITUDE DO FATO OU ERRO DE PROIBIÇÃO
usadas, “coisa alheia móvel”; (ART. 21 CP)
c) elemento subjetivo: para si ou para outrem. Preceitua o artigo 21 do Código Penal: o desconhecimento da lei é
inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena;
Ainda, como elementos constitutivos do tipo legal do crime devem ser se evitável, poderá diminui-la de um sexto a um terço.
entendidos, além dos já supracitados, outros, quais sejam: as causas ou
circunstâncias que qualificam o crime ou aumentam a pena.56 Porquanto, o erro sobre a ilicitude do fato, advém de uma equivocada
compreensão da lei, levando o agente a pensar erroneamente que o fato é
permitido. Exemplo: eutanásia.

Noções de Direito Penal 16 A Opção Certa Para a Sua Realização


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todos os crimes, mas, no máximo, uma potencial lesão à ordem jurídica
Se o erro for inevitável, será causa de isenção de pena. Caso o erro penal posta. Vale lembrar que nem todo aquele que guarda gazua ou
seja evitável, ou seja, caso haja possibilidade do agente, em virtude das instrumentos próprios de furtos irá cometer um furto, como nem todo aquele
circunstâncias, ter a consciência da ilicitude, a pena será diminuída de um que planeja roubar um banco irá fazê-lo, ou nem todo aquele que, sob o
sexto a um terço. domínio momentâneo da raiva afirma: ”Vou te matar” irá, realmente, come-
ter o ilícito tipificado no art. 121 do CP.
O mero desconhecimento da lei não é causa de isenção de pena.
Cabe saber se essa impaciência do legislador constitui gravíssima o-
No caso de apropriação de coisa achada, é possível alegar erro de fensa ao Princípio tão consagrado da Presunção de Inocência ou apenas
proibição, em face do desconhecimento geral quanto à tipicidade de tal uma preocupação maior com a sociedade e punir aquele que apenas
conduta; ‘achado não é roubado”. guarda chaves falsas, ou aquele que tem sob sua guarda lista de sorteio
estrangeira.
ERRO NA EXECUÇÃO (ABERRATIO ICTUS) (ART. 73 CP)
Opera-se o erro na execução quando o agente, por inabilidade ou Outro princípio muito questionado é o princípio da insignificância penal
acidente, atinge pessoa diversa da pretendida. Neste caso, apesar do erro, ou da bagatela. Esse princípio tão controverso é aceito não só nas Contra-
não muda o interesse ou o bem protegido pela norma penal. Trata-se de venções Penais (TACrimSP, Acrim 687.341, 8a Câm., j. 31.10.1991) como
erro de pontaria. no de furto(RT 615/312, TaCrSP, Julgados 86/425) e, inclusive, no pecula-
to(RT 736/705).
Face ao erro de execução, o agente responde como se tivesse atingido Seguindo o conceito da ultima ratio do Direito Penal em que a sanção
a pessoa que tencionava atingir e, caso além da vítima equivocada, a penal só é aplicada quando não cabe mais nenhum tipo de sanção (civil,
pretendida também seja atingida, aplica-se a regra do concurso formal (CR administrativa), doutrinadores hão que defendem que não basta que a
artigo 70). conduta seja descrita em lei para ser crime; essa deve ter uma variante a
mais, qual seja, a efetiva lesão ao bem jurídico tutelado. Com isso, mere-
RESULTADO DIVERSO DO PRETENDIDO (ABERRATIO DELICTI) cem atipicidade, v.g. o furto de uma galinha para comer.
(ART. 74 CP)
Ocorre quando o agente, por inabilidade ou acidente, atinge bem Sabemos que a sociedade está em constante mudança. A lei, como
jurídico diverso do pretendido. Se é atingida apenas a coisa que não foi expressão de vontade indireta do povo, deve se adequar a essas mudan-
visada, o agente responde por culpa, na hipótese do delito admitir forma ças. Não podemos, no entanto, esperar que a lei seja mudada e é para isso
culposa. Caso também ocorra o resultado originariamente pretendido, que princípios como o da insignificância penal ou bagatela vêm. Vico
haverá concurso formal. Exemplo: o agente quer quebrar, com uma Mañas, em seu “O Princípio da Insignificância como Excludente no Direito
pedrada, uma vitrine e atinge a balconista. Penal” assim se posiciona a respeito da matéria:
“O princípio da insignificância surge justamente para evitar situa-
DA LEI DAS CONTRAVENÇÕES PENAIS ções dessa espécie, atuando como instrumento de interpretação
Rafael Diogo restritiva do tipo penal, com o significado sistemático e político-
O decreto-lei nº 3688, de 1941 tipifica alguns crimes que, por ser de criminal de expressão da regra constitucional do nullum crimen sine
menor potencial lesivo, o legislador decidiu denomina-los de “contraven- lege, que nada mais faz do que revelar a natureza subsidiária e frag-
ções penais”. mentária do direito penal”.

Louvável atitude do legislador em apenar mais brandamente aquele Com o sistema penitenciário há muito falido é questão primordial pen-
que tem uma maior possibilidade de ressocialização, tem a lei algumas sar em substitutos para a pena de prisão. As penas restritivas de direito
incoerências, que merecem ser estudadas mais a fundo. (chamadas, erroneamente, de penal alternativas) e a transação penal
surgiram com esse intuito. Interpretando o princípio da bagatela, deve haver
Reza o art. 4º da já citada lei que “não é punível a tentativa”. Ora, como uma grande desproporcionalidade entre a efetiva lesão ao patrimônio e a
fato tipificado e antijurídico, não consistir a lei apenas de crimes culposos pena cominada.
ou omissivos próprios, unisubsistentes ou habituais não há um motivo
aparente porquê o crime tentado não é punível. Segundo o grande mestre Há no crime de furto, art. 155 §2º a figura do Furto de pequeno valor,
Aníbal Bruno, “a tentativa é a figura truncada de um crime. Deve possuir ou furto privilegiado. Reza tal dispositivo que “se o criminoso é primário, e é
tudo o que caracteriza o crime, menos a consumação”. Ainda conforme o de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão
ilustre autor, são elementos da tentativa: Ação que penetrou na fase de pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a
execução do crime; interrupção dessa fase executiva por circunstância pena de multa.”. Conforme a jurisprudência dominante(JTACrSP 57/397-
alheia ‘a vontade do agente e, por fim, dolo em relação ao crime total. 398, 76/340, RT 462/460) e doutrinadores como E. Magalhães Noronha, a
expressão “pequeno valor” é aquela que não ultrapassa 1 salário mínimo à
Outro ponto da Lei de Contravenções Penais é a constante impaciência época do fato.
do legislador. Chamamos de “impaciência” quando o legislador tipifica um
crime que por si só não o constituiria. Ocorre quando é tipificado meros atos Com a máxima vênia do grande juspenalista, não nos parece razoável
preparatórios. Ainda nos dizeres de Aníbal Bruno “O crime define-se mate- definir um valor pois, como sabemos, um mesmo valor tem pesos diferentes
rialmente como a lesão ou ameaça a um bem jurídico tutelado pela lei para diferentes pessoas, v.g., 1 salário mínimo para um grande empresário
penal. Todo ato para penetrar nesta zona de ilicitude e ser punível como é um valor ínfimo, mas para um operário da construção civil ou uma empre-
crime precisa pelo menos constituir-se um perigo direito para o bem penal- gada doméstica, tal valor representa, no mais das vezes, todo seu ganho
mente tutelado, e esse é o momento que assinala o começo da execução. mensal.
O ato que ainda não constitui esse ataque direto ao objeto da proteção
penal é simples ato preparatório.” Para nós esse dispositivo do art. 155 norteia o princípio da insignificân-
cia penal.
Podemos notar a impaciência do legislador nos arts. 24, 25 e 54, quais
sejam, Instrumento de Emprego usual na prática de furto, posse não justifi- Como operadores do direito, devemos estar sempre atentos às muta-
cada de instrumento de emprego usual na prática de furto e exibir ou ter ções diárias da sociedade e, por um critério antes de razoabilidade do que
sob sua guarda lista de sorteio de loteria estrangeira. doutrinário não devemos apenar da mesma forma aquele que furtou uma
refeição para matar a fome e de seus familiares.
Sob pena de voltarmos à época Ditatorial, a Constituição Federal, em
seu art. 5º, LVII, consagra o Princípio da Presunção de Inocência. Sob uma O mesmo princípio deverá ser levado em conta na maioria dos disposi-
visão rígida, não poderia o legislador tipificar meros atos preparatórios, pois tivos previstos da Lei de Execução Penal pois, no mais das vezes, não
não há, aí, um perigo à sociedade ou ao Estado, sujeito passivo mediato de ocorre uma efetiva lesão ao bem jurídico tutelado.

Noções de Direito Penal 17 A Opção Certa Para a Sua Realização


APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
IMPUTABILIDADE PENAL código Penal de 1830, em seu art. 2 referia: São irresponsáveis os loucos
que não tiverem intervalos lúcidos. Já o código Penal de 1890 referia:
Prof. Dr. José Américo Seixas Silva
"Art.27. Não são Criminosos:
1. HISTÓRICO 3º - Os que imbecilidade nativa ou enfraquecimento senil, forem abso-
A história da Psicopatologia Forense está relacionada a evolução dos lutamente incapazes de Imputação.
transtornos Mentais através dos tempos. Na Grécia antiga atribuía-se ao 4º - Os que se acharem em estado de completo privação de sentidos e
poder da possessão pelas divindades a etiologia dos transtornos Mentais. de Inteligência no ato de cometer o crime".
De acordo com os atos e as palavras proferidas pelos enfermos considerar-
se-ia boa ou má a divindade encarnada. Foram justamente os Gregos que Contudo o mais famoso e influente julgamento na história das defini-
elaboraram a primeira tipologia dos Transtornos Mentais, denominando-os, ções legais da anormalidade mental foi o de Daniel M’Naghten, ocorrido em
em conformidade com os sintomas apresentados, da seguinte forma: 1843. Daniel foi acusado do assassinato de secretário de então Primeiro
Demoníacos, Energúmenos e Possuídos. Na Roma antiga, o delinquente Ministro, Sir Robert Peel (Daniel pretendia assassinar o próprio Peel).
considerado louco era tratado com brandura porque se julgava moralmente M’Naghten alegou um extremo e complexo conjunto de ideias delirantes de
inaceitável acrescentar nova punição à imposta ao sofredor pela própria conteúdo paranoides, um dos quais era perseguido por Peel. O Argumento
loucura. Alienação era visto como um castigo divino. Cabia aos legisladores da defesa dizia que ele perdera o "controle", tornando-se incapaz de resistir
tratamento desta questão. A principio ninguém deveria ser punido duas a seus delírios. A sua absolvição levou a uma enorme controvérsia e vários
vezes pelo mesmo crime, consequentemente criaram uma nomenclatura anos mais tarde ao estabelecimento pelos juizes da Câmara dos Lordes do
para qualificar os alienados: que constitui o "teste M’Naghten", conjunto de princípios amplamente
usados pelos tribunais, tanto na Grã-Bretanha como nos EUA. A parte
1. Furiosos: manifestava-se com ideias extravagantes, excessos de principal diz o seguinte: "Para estabelecer uma defesa com base na loucura
violência e com intervalos lúcidos; é preciso estar comprovado que no momento de cometer o ato o acusado
2. Mentecaptos: transtornos continuo, sem períodos de acalmia ou agia sob tal falha da razão, resultante de doença mental, ignorando portan-
lucidez; to a natureza e a qualidade do ato que praticava; ou, caso a conhecesse,
3. Dementes: quando os transtornos afetavam gravemente as facul- ignorava ser errado o que fazia". Os tribunais britânicos não aceitavam o
dades Mentais; ponto de vista romano de que a loucura era punição suficiente. Em vez
4. Insanos: correspondendo aos doentes empobrecidos intelectual- disso, o acusado era considerado "culpado, mas louco", expressão introdu-
mente. zida em 1883, e mantido em custódia sob severa vigilância.

Na Idade Média ocorreu um retrocesso em todas as áreas do saber, 2. CONCEITO


voltando a prevalecer as ideias mistico-religiosas, acreditava-se que os A Imputabilidade é um conceito essencialmente jurídico, contudo suas
Transtornos Mentais eram consequências da intervenção de divindades ou bases estão condicionadas à saúde mental e a normalidade psíquica.
a influência do sobrenatural. A alienação deixou de ser considerada como Representa a condição de quem tem a capacidade de realizar um ato com
castigo divino, passando a ser compreendida como possessão demoníaca pleno discernimento e com a vivência de direcionar seus atos. Isto quer
e, consequentemente sucedeu-se para as mãos dos religiosos o tratamento dizer que a Imputabilidade está condicionada a quem adquiriu e mantém
destas questões. Os portadores destes transtornos eram frequentemente pelo menos duas funções psíquicas intactas: juízo de realidade e volição. O
queimados nas fogueiras ou jogados ao mar. A crença geral, era que, se juízo de realidade é conceituado como a capacidade de definir valores ou
estava castigando o demônio encarnado no corpo das suas vitimas. atributos que damos aos objetos, expressando-se através do pensamento.
A volição corresponde a atividade psíquica de direcionamento para atos
Na Renascença começaram surgir interesses pela observação do voluntários, denominada por Jasper de consciência do arbítrio. A vivência
comportamento anormal, visto agora como doença e não em resultado da de escolha e decisão define a vontade ou as ações do arbítrio. Naturalmen-
possessão de demônios ou bruxas. Com Paulo Zachias começa surgir os te que nesta atividade psíquica intervém uma série de outras funções
esboços da Psicopatologia Forense. É justamente com Zachias que surgi- psíquicas, como a percepção, o pensamento, o humor e os sentimentos.
ram os fundamentos de que alguns criminosos, eram na verdade portado- Um ato somente é considerado voluntário quando é praticado com previsão
res de patologia orgânico cerebral. Admitindo, na verdade, que o homem e consciência da finalidade. Para Miguel Chalub "a consciência da ilicitude
criminoso era um doente, surge a Psicopatologia Forense como uma disci- da conduta decorre da percepção do sistema legal, da força coercitiva
plina médica. interna, do sistema axiológico pessoal, do nível de informação e do padrão
sócio cultural".
O Nascimento da Psicopatologia
Até então estes estudos estavam centralizados no Campo da Medicina 3. LEGISLAÇÃO
Legal, até que, há quase dois séculos, o médico francês Philippe Pinel 3.1 - Código Penal
resolve desafiar as autoridades da época e libertar os alienados de seus Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desen-
grilhões. Pinel foi o primeiro médico a demonstrar que os Loucos eram na volvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou
verdade doentes e como tal deveriam ser tratados pela Medicina. Foi da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter criminoso do fato
também o primeiro a questionar o problema da Periculosidade dos Loucos. ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
A partir de Pinel e seus discípulos, marcadamente Esquirol, que a medicina Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o
assumiu a loucura e desta forma fundou uma nova disciplina médica: A agente, em virtude de perturbação da saúde mental ou por desenvolvi-
Psiquiatria. Esta transição para a Psicopatologia forense não ocorreu de mento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de
forma pacífica. De certa forma houve oposição. Na França um nobre advo- entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
gado Reynold manifestou-se desta forma: os médicos não devem ser entendimento.
chamados para opinarem se o criminoso é ou não louco, pois eles exami- Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal:
nam sempre com o preconceito do conhecimento médico, e tendem a I - A emoção e paixão
considerar todos doentes. O filósofo Kant também pronunciou-se desta II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de
forma: "não é necessário ser médico para determinar se uma pessoa é efeitos análogos.
alienada Mental, basta um pouco de bom senso". Com a evolução das Parágrafo 1o. - É isento de pena o agente que, por embriaguez comple-
ciências, criou-se a certeza de que havia uma origem doentia nos Transtor- ta, proveniente de caso fortuito ou de força maior, era, ao tempo da ação ou
nos Mentais. A partir de então sentiram, os juristas, frente de um determi- da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito de fato ou de
nado fato patológico, ou apuração da existência real do Transtorno Mental, determinar-se de acordo com esse entendimento.
a contingência de recorrerem aos médicos. Para Krafft Ebing, neste mo- Parágrafo 2o. A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agen-
mento, em que se recorreu aos médicos para avaliação científica do Estado te, por embriaguez, proveniente de casos fortuito ou de força maior, não
Mental do indivíduo criminoso, surgiu a Psicopatologia Forense. possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender
o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendi-
No Brasil não demoraram de chegar as ideias surgidas na Europa. O mento.

Noções de Direito Penal 18 A Opção Certa Para a Sua Realização


APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
3.2 - Lei 6368/76 A emoção e paixão não exclui a imputabilidade penal, de acordo com o
Art. 19 - É isento de pena o agente que, em razão de dependência ou código penal em vigor, salvo em algumas circunstâncias especiais como:
sob efeito de substância entorpecente ou que determine dependência física a - existência de violenta emoção decorrente deste mesmo ato;
ou psíquica proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da b - ato injusto da vítima;
ação ou omissão, qualquer que tenha sido a infração penal praticada, c - que o ato ilícito seja praticado logo em seguida a provocação.
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-
se de acordo com esse entendimento. 2. - Agonia
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de 1/3 (um terço) a 2/3 A agonia corresponde aos últimos momentos da vida, isto é período de
(dois terços) se, por qualquer das circunstancias previstas neste artigo, o transição entre a vida e a morte. A fase agônica difere de pessoa para
agente não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade pessoa. Alguns podem ter uma agonia curta e outros relativamente longa.
de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com Na agonia distingue-se três fases:
esse entendimento. a. fase da melhoria - neste período o paciente tem uma sensação de
melhora geral, inclusive quanto ao quadro mental; esta melhora é
3.3 - Estatuto da Criança e do Adolescente ( lei 8.069/90) somente aparente. É muito comum a revelação: melhorou para
Art. 98 - As medidas de proteção à criança e ao adolescente são apli- morrer.
cáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta lei forem ameaçados ou b. fase agônica propriamente dita - nesta fase existe um debilitamen-
violados: to geral do organismo. As funções psíquicas e orgânicas vão de-
I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado; saparecendo.
II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável; c) fase final - as funções sensitivas e psíquicas vão desaparecendo e
III - em razão de sua conduta. sobrevêm a morte.
Art. 101 - Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 98, a au-
toridade competente poderá determinar, dentre outras, as seguintes medi- A importância médico legal da agonia está relacionada mais a capaci-
das: dade civil do que propriamente a imputabilidade. Justamente porque os
I- encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de pacientes no período da agonia não cometem ilícitos penais. Contudo neste
responsabilidade; período encontra-se afetada sua capacidade civil e os atos destes devem
II - orientação, apoio e acompanhamentos temporários; ser analisados de acordo com seu estado mental. Neste período é frequen-
III - matricula e frequência obrigatória em estabelecimento oficial de te ser forjado doação e testamentos. A perícia, nestes casos, é quase
ensino fundamental; sempre retrospectiva o que representa uma dificuldade para o perito.
IV - inclusão em programa comunitário ou oficial de auxilio à família,
à criança e ao adolescente; 4.1.3 - Embriaguez
V - requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em A embriaguez ou alcoolismo agudo é uma sindrome de intoxicação pe-
regime hospitalar ou ambulatorial; lo álcool ou por substâncias de efeitos análogos. Substâncias inebriantes
VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxilio, orienta- podem alterar o psiquismo e provocar o estado de embriaguez, contudo em
ção e tratamento a alcoólatras e toxicônomos; face a alta incidência da Embriaguez provocada pelo álcool etílico passa-
VII - abrigo em entidade; remos utilizar a palavra com sinônimo de Alcoolismo agudo. A Organização
VIII - colocação em família substituta. Mundial de Saúde definiu a embriaguez como toda forma de ingestão de
álcool que excede ao consumo tradicional, aos hábitos sociais da comuni-
Art. 104 - São penalmente inimputáveis os menores de 18 (dezoito) dade considerada, quaisquer que sejam os fatores etiológicos responsáveis
anos, sujeitos às medidas previstas nesta lei. e qualquer que seja a origem desses fatores, como: a hereditariedade, a
constituição física ou as influências fisiopatológicas e metabólicas adquiri-
Art. 112 - Verificada a prática de ato infracional, a autoridade compe- das. A Associação Britânica de Medicina conceitua a embriaguez como a
tente poderá aplicar ao adolescente as seguintes medidas: condição do indivíduo que está de tal forma influenciado pelo álcool, que
I - advertência; perdeu o governo de suas faculdades, a ponto de tornar-se incapaz de
II - obrigação de reparar o dano; executar com cautela e prudência o trabalho a que se dedica no momento.
III - prestação de serviços à comunidade; A ação imediata do álcool no SNC é depressora, aparecendo seus efeitos
IV - liberdade assistida; primeiramente nos centros mais elevados. Como a função desses centros
V - inserção em regime de semiliberdade; é, em grande parte, de inibição e controle dos inferiores, quando sua ação
VI - internação em estabelecimento educacional; inibitória é reduzida o comportamento do indivíduo fica mais instintivo, mais
VI - qualquer uma das previstas no art. 100, I e VI. primitivo e mais expontâneo. A liberação temporária das inibições causa
uma experiência subjetiva de maior autoconfiança, injustificada já que a
4. MODIFICADORES eficiência das funções psíquicas mais elevadas ficam reduzidas. Dose de 4
4.1 - Acidentais gramas de álcool por litro de sangue dificultam a compreensão, diminui a
4.1.1 - Emoção e Paixão capacidade de atenção e a censura moral começa a ser afetada na maioria
Para Ottolenghi a emoção é um estado agudo de excitação psíquica e das pessoas, contudo subjetivamente ocorre o contrário, a maior parte
a paixão é um estado emocional crônico. Para Ribot a paixão é uma emo- mantém uma certa euforia e a impressão de uma melhor capacidade de
ção prolongada e intelectualizada. Para Heuyer a paixão seria "uma emo- ação. A embriaguez está diretamente relacionada à quantidade de álcool
ção poderosa e contínua que domina a razão e dirige os atos". Pellegrini ingerida, ao tempo da ingestão, à tolerância individual e outros fatores. No
definiu a paixão como "um estado afetivo, de maior ou menor continuidade, organismo humano o álcool é oxidado, ou seja metabolizado numa veloci-
particularmente intenso e concentrado num determinado objeto; tais são o dade de 0,2 gramas por quilo de peso por hora. Isto significa que uma
amor, o ódio, o ciúme, o fanatismo político e religioso, a avareza , a ambi- garrafa de cerveja (20 gramas) leva 90 minutos para ser metabolizado por
ção etc.". Para Delay a emoção é ao mesmo tempo a manifestação exterior, uma pessoa de 70 kg. A embriaguez deve ocorrer quando a quantidade de
o comportamento, a expressão e a experiência interior, a maneira de ser álcool ingerido é maior do que a velocidade de sua metabolização. A em-
especial, um estado afetivo, uma afeição. Para López Ibor o sentimento é briaguez tem um curso distinto nos indivíduos e no mesmo indivíduo, se-
algo mais constante que a emoção. Podemos falar em uma emoção de gundo as diversas características internas e externas. Temos de distinguir
terror e um sentimento amoroso. A emoção seria algo agudo, súbito e também uma embriaguez normal de uma embriaguez anormal ou patológi-
passageiro, enquanto o sentimento algo mais permanente. Para o mesmo ca.
autor a emoção produz sempre uma reação imediata com uma correlação A embriaguez simples ou normal é uma reação ordinária que oscila
fisiológica. A paixão seria um sentimento não correspondido, cujo rejeição dentro de certos limites em face ao excesso alcóolico agudo e geralmente
conduz a atitude de possessão. Na paixão há, por parte do indivíduo, a cursa da seguinte forma:
ideia de que é arrastado, desempenhado um papel passivo. Desta forma a. Embriaguez eufórica, excitação alcóolica ou fase de hipomania: a
fala-se de paixão quando um sentimento alcança uma intensidade muito ingestão não demasiadamente rápida leva a um estado de anima-
forte e o sujeito representa um papel passivo. ção e euforia, os pensamentos tornam-se mais fluidos, algumas i-

Noções de Direito Penal 19 A Opção Certa Para a Sua Realização


APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
nibições desaparecem, torna-se presente um sentimento de poder, A lei seca, que prevê maior rigor contra o motorista que ingerir bebidas
força, e de confiança. A capacidade de compreensão diminui, a alcoólicas, foi sancionada, no dia 19 de junho de 2008.
observação torna-se imprecisa, a atenção e a memória ficam com-
prometidas. A lei torna ilegal dirigir com concentração a partir de dois decigramas
b. Embriaguez disfórica ou fase da irritabilidade: existe uma acentua- de álcool por litro de sangue. A punição para quem descumprir a lei prevê
ção dos sintomas, o tom de voz aumenta, o humor torna-se irrita- suspensão da carteira de habilitação por um ano, além de multa de R$ 955
do, as preocupações são eliminadas. O pensamento com fugas de e retenção do veículo.
ideias frequentes, a conversação torna-se desconexa, insegura,
perdendo o domínio da palavra e da ação. Os freios para ação fi- A suspensão por um ano do direito de dirigir é feita a partir de 0,1 mg
cam comprometidos, bem como os conceitos morais conduzindo a de álcool por litro de ar expelido no exame do bafômetro (ou 2 dg de álcool
atos agressivos e frequentemente contra a lei. Escândalos podem por litro de sangue). Acima de 0,3 mg/l de álcool no ar expelido (ou 6 dg por
acontecer nesta fase. Desaparecem os mais elevados sentimentos litro de sangue), a punição inclui também a detenção do motorista (de seis
morais. Nesta fase ainda pode ocorrer dificuldade da coordenação meses a três anos).
motora, do equilíbrio e gagueira.
c. Embriaguez depressiva: nesta o humor torna-se depressivo, os 4.1.4 - Farmacodependência
movimentos lentificados, o curso do pensamento também torna-se O consumo de drogas é tão antigo como a existência do homem. Sua
lentificado, a voz pastosa, há um comprometimento da coordena- origem está, certamente ligada ao desejo de busca do prazer, alterando o
ção motora, do equilíbrio e da marcha. As alterações da atenção, estado da consciência. A partir de 1941 começou a restrição ao uso de
da compreensão, da memória são mais evidentes. As alterações substancias químicas, devidos aos efeitos adversos para o indivíduo e a
da consciência também são mais evidentes, e o paciente torna-se sociedade. O controle infelizmente fez crescer o comércio clandestino das
sonolento, podendo evoluir para o coma a depender da quantidade drogas. Houve então a necessidade de produzir uma legislação forte para
de álcool ingerida. combater seus efeitos. No Brasil a legislação atual distingue três figuras: o
Certamente, a personalidade tem uma influência marcante na forma da traficante, o dependente e o usuário ou experimentador. O traficante é
embriaguez e nem sempre é necessário que todos os indivíduos apresen- punido severamente. O usuário principiante no uso de substancias entorpe-
tem esta mesma sequência. centes não poderá ser considerado dependente. A importância médico legal
recai sobre os grupo dos dependentes. Estes ficam sujeitos a medidas
A Embriaguez anormal ou patológica ocorre em função do indivíduo especiais, que visam sua recuperação. A perícia de dependência de dro-
não apresentar um quadro ordinário de embriaguez como foi descrito gas, realizada por psiquiatra, é que indicará se existe ou não dependência.
anteriormente. Distingue-se da embriaguez normal pelo fato do indivíduo, Na definição de dependência distinguimos três fatores:
mesmo com pequenas quantidades de bebida alcóolica ingeridas apresen- 1. Compulsão a usar a droga - a compulsão corresponde ao desejo
tar um estado de ânimo excitado, desinibição excessiva, descargas agres- irresistível de usar a droga. O indivíduo apresenta um desejo in-
sivas graves e ações que contrariam sua personalidade, embora para o controlável para usar a substancia. E uma característica psicológi-
observador suas ações pareçam coordenadas e inteligíveis, apresentando ca que pode existir independente do tipo de substancia utilizada
o paciente comprometimento grave da memória. Em regra geral, são pes- 1. Tolerância - é a necessidade de aumentar a quantidade de subs-
soas com alguma anormalidade e, particularmente, pessoas portadoras de tancia utilizada para obter os mesmos efeitos anteriores. O indiví-
disfunções cerebrais. Embora mais raramente, pessoas normais podem duo
apresentar este tipo de reação. Tem importância especial os portadores de 2. Abstinência
lesões cerebrais, aos que se aconselham plena abstinência. Na prática
podemos distinguir três formas de embriaguez patológica: 4.1.5 - Transtornos da Consciência
a. Com distúrbios predominantes da conduta Transtorno da Consciência: esta condição transitória também modifica
b. Com distúrbios predominantes da sensopercepção a imputabilidade do indivíduo. Pode estar incluída no contexto dos transtor-
c. Com distúrbios predominantes do pensamento. nos mentais. A consciência aqui tem que ser entendida como um estado
É necessário enfatizar que a embriaguez patológica constituiu-se re- que somos capazes de perceber o mundo externo (consciência objetiva) e
quisito biológico da irresponsabilidade penal e deverá ser incluída no capi- nós mesmos (autoconsciência) e não como a totalidade da vida psíquica
tulo da perturbação da atividade mental, tendo em vista que estes pacientes algumas condições da patologia da vida psíquica, e particularmente na
apresentam em verdade transtorno da consciência. Epilepsia, podem ocorrer estados de automatismo psicomotores devido a
Necessário considerar também a questão da intolerância ao álcool, que estreitamentos do campo da consciência, bem como turvações da consci-
se constitui no fato do indivíduo apresentar sintomas de embriaguez com ência. Estes estados anormais da consciência podem conduzir a atos
pequenas quantidades de bebida alcóolica, sendo contudo os sintomas ilícitos com amnésia subsequente. Os transtornos mentais orgânicos consti-
característicos de uma embriaguez normal. A embriaguez patológica pode tuem a origem predominante dos transtornos da consciência.
ocorrer com pequenas ou doses maiores de bebidas alcóolicas, porém o
que a caracteriza são os sintomas que fogem à conceituação da embria- Os quadros de alteração da consciência podem conduzir a ilícitos pe-
guez normal. nais e particularmente o homicídio, cujas características são próprias deste
estado. Estas são evidentes porque o autor não tem percebe, pelo própria
TABELA I. - Graus de embriaguez e níveis de alcoolemia. patologia, que a vítima foi abatida, deferindo uma serie de golpes desne-
cessários.
GRAUS DE EMBRIAGUEZ QUANTIDADE DE ÁLCOOL NO
SANGUE
NÃO ACIDENTAIS
SINAIS SUB-CLÍNICOS 0.40 a 0.80 g de álcool/litros de BIOLÓGICOS
sangue IDADE
A idade é requisito biológico importante na consideração da Imputabili-
EMBRIAGUEZ CLÍNICA LEVE 0.80 a 2,00 g de álcool/litros de dade Penal. Não podemos esquecer que o homem é ser vivo que nasce
sangue com maior grau de imaturidade e que mais tempo necessita para adquirir a
maturidade neurológica e emocional. A infância e a adolescência são
EMBRIAGUEZ MODERADA 2.00 a 3,00g de álcool/litros de consideradas etapas de preparação para a vida adulta, enquanto a velhice
sangue é sua desintegração. A adolescência termina quando o indivíduo se con-
vence de que não é mais um mero aprendiz da vida mas que tem uma
COMA ALCOÓLICO 4,00 a 5,00 g de álcool/litros de identidade formada, está definido profissionalmente e está apto a associar-
sangue se com outros pessoas em condições de igualdade. Com uma identidade
formada o jovem entra na fase adulta. Adquire, então, a Imputabilidade
DOSE MORTAL Acima de 5,00 g de álcool/litros de
Penal. Esta fase prolonga-se até à velhice quando novamente em vistas ao
sangue
declínio global das funções físicas, intelectuais e emocionais, juridicamente

Noções de Direito Penal 20 A Opção Certa Para a Sua Realização


APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
tem modificada sua Imputabilidade. Conceitualmente as modificações da I. Período pré-moral
Imputabilidade em relação à idade são definidas aos 18 e aos 70 anos de o Estagio 1. O comportamento moral é em grande parte qualificado
idade. Contudo nem sempre esta idade corresponde, na realidade, à matu- com base na fuga ao castigo.
ridade e à senilidade. Do ponto de vista biológico, por exemplo, algumas o Estágio 2. Cada pessoa procura o máximo de vantagem para si
funções entram em declínio ainda em plena maturidade. A acuidade visual, mesma, em grande parte sem levar em conta as vantagens para
auditiva e tátil, a força muscular diminuem progressivamente em torno dos os outros.
25 anos; alguns escores médios, nos teste de inteligência reduzem a partir I. Período de conformidade convencional com as regras
dos 30 anos; a potencialidade para a gravidez tende a reduzir em torno dos o Estágio 3. Os indivíduos conformam-se e adaptam-se aos outros.
35 anos. Por outro lado algumas manifestações da personalidade tendem a o Estágio 4. Há respeito e obediência à autoridade, tal como a social
solidificar-se após os 40 anos, consequentemente os limites da adolescên- e religiosa.
cia e da velhice não são fixos e variam de acordo com fatores constitucio- I. Período de Autonomia - A moralidade dos princípios aceitos
nais, psicológicos, sociais, geográficos, econômicos e culturais. o Estágio 5. O primado dos acordos, dos deveres individuais, dos
princípios e leis democráticas derivadas e aceitos.
Sabemos que é raro uma "carreira" criminal ter início em idade avança- o Estágio 6. O pleno desenvolvimento de uma moralidade de princí-
da. Quando isto ocorre está relacionado, quase sempre, a uma alteração pios individuais e universais que podem transcender os dos siste-
psicopatológica consequente ao surgimento de uma enfermidade mental. mas legais vigentes (por exemplo, o conceito de uma "ordem mili-
Ruth Cavan, citado por Sykes, tem concluído que uma atividade criminal tar ilegal", tal como atirar em mulheres e crianças).
começa na infância, alcança seu florescimento na adolescência e declina
com a idade. As estatísticas criminais apontam a faixa etária de 15 a 17 Num estudo posterior realizado por Kohlberg, (1964), citado também
anos como o período do primeiro envolvimento com a justiça, embora os por Feldman juizes que classificavam o depoimento de prisioneiros acerca
estudos da história dos delinquentes têm mostrado o aparecimento de da moralidade do comportamento delinquente concordavam que eles se
comportamentos anti-sociais anteriores. Herly estudando 187 delinquentes enquadravam nos estágios 1 e 2 da sequência de Kohlberg. Estudos poste-
apontou que os primeiros atos delituosos ocorreram entre 1 a 5 anos de riores, utilizando grupo controle, indicaram que a diferença estatística não
idade. Friedlander descreveu que a maioria dos delinquentes tem caráter era significativa quando se comparava o nível de desenvolvimento moral
anti-social, e que os primeiros sinais de conduta anti-social aparecem entre entre grupos de delinquentes e não delinquentes.
os 7 e 9 anos de idade. Tolan, estudando a idade de risco de aparecimento
dos primeiros sinais de delinquência, concluiu que quanto mais cedo ocor- Morgan em 1975, desenvolveu a teoria da carência materna, segundo
rem o as primeiras atitudes anti-sociais pior é o prognóstico e que a idade é a qual "por mais intoleráveis que sejam as condições no lar de uma criança,
um componente importante no entendimento do envolvimento social em julga-se que a completa separação tem efeitos ainda mais intoleráveis".
crimes graves na idade adulta. Para Anna Freud os desejos sexuais e Segundo Bowlby é essencial para a saúde mental que a criança sinta uma
agressivos outrora reprimidos vêm a tona e são concretizados desenrolan- relação calorosa, íntima e contínua com a mãe (ou substituta), na qual
do a sua ação fora da família, em um horizonte maior. Que esta atuação encontre satisfação e alegria". Segundo ainda este autor "a separação da
desenvolve-se em um plano inofensivo, idealista, associal ou mesmo crimi- mãe e a rejeição paterna são, reunidas, as responsáveis, pela maioria dos
noso; dependerá acima de tudo dos novos objetos aos quais o adolescente casos mais intratáveis (de delinquência), inclusive dos psicopatas constitu-
se ligar. Em geral as aspirações do líder do grupo de adolescentes ou da cionais e deficientes morais".
gangue são adotadas com entusiasmo e sem críticas. Greenbaum em
recente estudo associou o prognóstico social de delinquentes juvenis ao Gilberto Velho estudando a questão, discorda do modo de encarar a
uso de bebidas alcóolicas. Rivara estudando a prevenção da violência delinquência a partir de uma perspectiva médica, preocupada apenas em
concluiu que o comportamento anti-social tem início na infância e na ado- distinguir o normal do patológico. Dentro desta perspectiva certas pessoas
lescência e entre os fatores de risco descreve : origem de pais pobres, apresentariam características de comportamento "anormais", sintomas ou
desordens de conduta na infância não tratados, estresse social e fracasso expressão de desequilíbrio. Existiriam males controláveis e males incontro-
escolar; sugere o autor uma intervenção sistemática com programas de láveis, havendo pois desviantes "incuráveis e outros passíveis de recupera-
prevenção secundária e terciária de tratamento. Do ponto de vista epidemi- ção. Enfim, o mal estaria localizado no indivíduo. Do ponto de vista da
ológico as pesquisas indicam uma incidência de situações familiares anor- Antropologia Social, não existiriam desviantes em si mesmos, mas sim,
mais ( no sentido de norma social) nos distúrbios de conduta do adolescen- uma relação entre atores que acusam outros atores de estarem consciente
te. Rutter em 1976 chegou a conclusão que as dificuldades psicológicas ou inconscientemente quebrando, com seu mal comportamento, limites e
durante a adolescência estão associadas a diversos índices de patologia valores de determinada situação sócio cultural. Os grupos sociais criam o
familiar, citando entre elas o desentendimento parenteral crônico, a doença desvio, ao estabelecer as regras, cuja infração, constitui desvio. O desvio é
mental parental e a instabilidade emocional dos pais. uma consequência da aplicação de regras e sanções, ao transgressor. O
desviante seria aquele a quem, tal marca, foi aplicada com sucesso. O
As estatísticas da criminalidade juvenil no mundo Ocidental assume ca- comportamento desviante não seria uma questão de "inadaptação sociocul-
racterísticas de quase uma epidemia, motivando preocupações de toda tural", mas um problema político, obviamente vinculado a uma problemática
sociedade. Por exemplo Rosemberg, considera que os EUA possuem a de identidade. Para Gilberto Velho o "desviante é um indivíduo que não
maior taxa de homicídios entre jovens de 15 a 24 anos e sugere uma está fora de sua cultura, mas, que faz uma "leitura divergente. " Ele poderá
reviravolta nos métodos de tratamento do delinquente juvenil. estar sozinho, ou fazer parte de uma minoria organizada. Ele não será
sempre um desviante. Existem áreas de comportamento em que agirá
Muitas teorias tem procurado explicar este comportamento, Piaget, ci- como qualquer cidadão "normal." Mas, em outras áreas, divergirá com seu
tado por descreveu que a capacidade para agir adaptativamente, está comportamento, dos valores dominantes".
ligada à aquisição de um conhecimento do mundo, dividindo a questão em
três estágios. Durante o primeiro que ele chamou pré-operacional, as ações O modelo sociológico é um dos modelos fundamentais para compreen-
são internalizadas como pensamentos e tendem a precedê-las. Neste são da delinquência ou do comportamento desviante. Contudo, sua utiliza-
período a criança é essencialmente egocêntrica e os outros são vistos ção para apreender um caso particular corre o risco de minimizar todo o
girando em torno do seu EU. No segunda Etapa a criança é capaz de ter significado da história individual.
raciocínio operacional, sendo denominado de estágio das operações con-
cretas. No terceiro momento que tem início na adolescência, adquire a O comportamento agressivo é tão característico do homem que jamais
capacidade de executar operações cognitivas formais, tais como comparar poderia ter atingido sua atual dominância no planeta, nem mesmo sobrevi-
possíveis relacionamentos e eventos. Para Piaget, na primeira fase, as vido, se não estivesse provido desta característica. Por outro lado, enfren-
regras são impostas; no segundo, as crianças percebem que são capazes tamos um paradoxo, de que estas mesmas características que tem levado
de inventar e modificar as regras; e no terceiro estágio percebem o primado o homem ao extraordinário êxito, também sejam as que tem mais probabili-
das regras abstratas sobre a situação em particular. dade de destruí-lo. Seu impulso implacável para dominar todo obstáculo
Já a teoria de Kohlberg definiu seis estágios no desenvolvimento moral não se detém diante do seu próximo. Nenhum outro animal, além do Ho-
do homem: mem, tem prazer positivo no exercício da crueldade contra outro da mesma

Noções de Direito Penal 21 A Opção Certa Para a Sua Realização


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espécie. O fato mais sombrio é que, somos a mais cruel e implacável das uma forma contínua, que vai desde a sonolência a letargia e uma forma
espécies que pisou sobre a Terra, e, embora possamos ficar indignados descontinua, representada por crises de narcolepsia. A hipersonia, com
quando lemos ou ouvimos notícias sobre atrocidades cometidas pelo ho- frequência, sobrevem em processos orgânicos cerebrais.
mem contra o próprio homem, sabemos intimamente que cada um de nós
abriga dentro de si os mesmos impulsos selvagens que levam ao assassí- Sonambulismo - o sonambulismo significa andar durante o sono. O so-
nio, à tortura e à guerra. (Storr) nambulismo é um fenômeno patológico, consequente as epilepsia e dos
transtornos histéricos. O sonambulismo corresponde a uma alteração de
Sexo consciência ocorrida durante o sono. O indivíduo passa do sono à atividade
As diferenças entre os sexos são tão evidentes que não podem ser sonambúlica, sem solução de continuidade.
desconsideradas. Do ponto de vista físico os homens são superiores em
altura, peso e massa muscular. O cérebro do homem é mais pesado tanto Hipnotismo - é uma modalidade de sono artificial induzido psicologica-
em valores absoluto como relativo. Recentemente comprovou-se a superio- mente. O hipnotismo fundamenta-se na sugestionabilidade.
ridade também em números de neurônios no sexo masculino. O Metabo-
lismo basal nas mulheres é usualmente mais baixo que o dos homens. Aplicações Médico legais - Em tese a sugestão hipnótica não modifica
a imputabilidade penal. Contrariamente o sonambulismo modifica a imputa-
Por outro lado a maturidade é alcançada primeiro pelo sexo feminino. bilidade penal e a capacidade civil, pela exclusiva alteração da consciência.
As meninas apresentam superioridade na capacidade verbal e na discrimi-
nação de cores, enquanto os meninos nas capacidades mecânicas. Até os SOCIAIS
quatorze anos as meninas demonstram um desempenho intelectual superi- CIVILIZAÇÃO
or aos meninos. Os homens apresentam um nível de agressividade superi- A civilização tem influencia na avaliação da imputabilidade. A civiliza-
or as mulheres em praticamente todas as faixas etárias. As estatísticas ção é fator importante para recebimento dos estímulos necessários para o
relacionadas a criminalidade apontam que os homens comentem mais atos pleno desenvolvimento mental do indivíduo. Os costumes, crenças e
ilícitos na proporção de 10 para 1. Por outro lado existem situações em que princípios que regem uma determinada cultura afetam os valores
são vivenciadas pelo sexo feminino; não podemos ocultar o aumento da individuais. Um ato lícito para um grupo social pode não ser concebido da
ansiedade que ocorrem no período pre-menstrual e o estado puerperal. mesma forma por outro grupo. As diferenças culturais afetam as relações
Nestas circunstancias podemos relacionar o comprometimento secundário pessoais. Em nosso meio os silvícolas não poderiam ter o mesmo
de algumas funções cognitivas, isto não quer dizer que durante estes tratamento penal que os civilizados, por que lhes faltam a educação com
período exista uma incapacidade de entender o caráter ilícito de seus atos. estímulos socioculturais dos valores estabelecidos para a nossa civilização.
A tendência no mundo moderno, com a emancipação das mulheres e Desta forma no código em vigor são considerados como portadores de
eliminar estas diferenças e considerar igualdade para os dois sexos. desenvolvimento mental incompleto, não tendo, pois, inteira capacidade de
entender o caráter ilícito dos atos praticados. Alguns autores tem
Sono questionado a diferença entre o homem que vive numa cidade grande e o
sono é um processo biológico normal essencial a manutenção do equi- habitante da área rural. Contudo com os avanços nas telecomunicações,
líbrio biopsicossocial do indivíduo. Por muito tempo foi considerado um quando a informação chega, ao mesmo tempo, em todas regiões do
processo uniforme. Com o advento da Eletroencefalografia o sono passou planeta, colocamos em dúvida esta questão. Reservamos considerar
ser melhor estudado, e foi possível entender o sono como uma sequência apenas aqueles casos em que existe uma cultura com valores diferentes,
de estágios estruturados. O conjunto de estágios de sono, ciclo e tempo de com acontece em algumas tribos indígenas.
vigília durante a noite denominou-se de arquitetura do sono. A vigília é a
fase de relaxamento, com o indivíduo desperto, que precede o sono; Cor- Associação
responde ao período de espera do adormecer. Os dois tipos de sono princi- Chamamos de associação uma reunião de pessoas com interesses ou
pais são REM ("rapid eye movements") e NREM (não REM) que se alter- fins comuns, existindo uma interação entre seus membros e uma estrutura
nam em ciclos. O sono NREM pode ser dividido em quatro grupos diferen- estável. Diferente da multidão a qual compreende um grupamento
tes: estágio I; estagio II; estágio III e estágio IV. Antes do início do sono heterogêneo de indivíduos, os quais tem em comum apenas a proximidade
propriamente dito existe um estágio de sonolência denominado estágio I, no uns dos outros. Frequente a ação de indivíduos associados na pratica
qual existe um desaparecimento do ritmo alfa do EEG. Neste estágio u criminosa. Diariamente estamos em contato com a notícia de crimes
EEG é de baixa voltagem e frequência mista acompanhado de movimentos cometidos por grupos de indivíduos estruturados. A imputabilidade penal
oculares. No estágio II detectam-se fusos de sono e complexo K (ondas modifica-se dentro do grupo. A rigor todos indivíduos podem ter sua
lentas negativas, de elementos polifásicos. Após 10 a 30 minutos, as ondas capacidade de entendimento e autodeterminação alterada em função da
lentas( delta) passam dominar o traçado, ocupando mais de 20%, caracteri- ação do grupo. Contudo sabemos que alguns tipos de personalidade são
zando o estágio III. A quantidade destas ondas aumenta passando ocupar a mais influenciáveis pela ação do grupo. Por exemplo o tipo de
metade do traçado eletroencefalográfico caracterizando o estágio IV. Após personalidade dependente que pode agir em função do grupo, por
um período de 65 a 120 minutos, do início do estágio II do sono NREM, tem subordinação de suas própria vontade àquelas dos outros dos quais
início o estágio REM. O estágio de sono REM caracteriza-se por uma depende. Estes indivíduos, por sua capacidade limitada de tomar decisões
atividade do EEG com traçado de baixa voltagem e de frequência variável, cotidianas, geralmente sofrem uma influencia direta do grupo.
semelhante a ao estágio I do sono NREM, acompanhado de movimentos
oculares rápidos e atonia da musculatura. Quando acordado no estágio Psicopatológicos
REM, a maioria dos indivíduos (cerca de 90%) relatam seus sonhos. O Transtornos Mentais
estágio I ocupa 5 a 10% do tempo de sono; o estágio II ocupa 50% do O código penal brasileiro utiliza a expressão doença mental.
período de sono; o estágio III e IV somados ocupam 20% e o estágio REM Corresponde ao conceito de loucura ou alienação mental, apesar de estar
ocupa em torno dos 20% restante. Cada sequência de sono NREM e REM em desuso entre os psiquiatras, o termo ainda é utilizado como atualidade
forma o ciclo do sono. Cada ciclo de sono leva entre 90 e 120 minutos e na área jurídica. A tendência é qualificar como transtornos patológicos da
repete 4 a 6 vezes durante a noite. atividade mental: infere-se do pressuposto que anteriormente havia uma
atividade mental normal. Neste conceito estão incluídos os transtornos
Insônia - a insônia é o distúrbio mais comum do sono. A insônia é a mentais psicóticos de um modo geral e os estados demenciais. As psicoses
percepção pela pessoa de que o sono é insuficiente, perturbado ou não correspondem a perda do juízo de realidade. Os estados demenciais
reparador. Se o paciente julga que não dormiu bem, ele tem insônia, mes- referem-se a um declínio da atividade intelectual em função de lesão ou
mo que alguém o veja dormir a noite inteira. A insônia aparece em quase doença orgânico-cerebral, ocorrendo concomitantemente desordens na
todos os transtornos psiquiátricos, sendo considerado uma alteração se- vida afetiva e moral. Esta decadência da vida psíquica pode ser confundida,
cundária. em alguns casos, com o retardo mental que é de natureza congênita.

Hipersonia - condição de sono exagerado, que não represente estados O que importa para avaliação de imputabilidade é o quadro sindromico;
de estupor, coma ou sono tóxico ou medicamentoso. Podemos distinguir o diagnóstico etiológico tem apenas uma importância secundária. Desta

Noções de Direito Penal 22 A Opção Certa Para a Sua Realização


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forma consideramos que um transtorno psicótico sempre conduz a (conivência), mas sem nenhuma participação, também não constitui ilícito
Inimputabilidade, independente da etiologia da psicose. O que importa é se penal (RT 425/284).
o transtorno é atual e concomitante a pratica delituosa.
Por outro lado, porém, é crime fazer publicamente apologia de fato
No capitulo da psicopatologia especial abordaremos o problema criminoso ou de autor de crime (art. 287 do CP).
específico de cada transtorno mental, suas relações com as atividades
ilícitas. Diferença entre co-autoria e participação
O concurso de pessoas pode dar-se por co-autoria ou por participação.
Psicológicos O co-autor é igual a um autor, exercendo papel determinante na prática do
Os requisitos compreendem alterações do discernimento e da vontade. crime. O partícipe, ao contrário, exerce função acessória, dependente do
Não basta o diagnóstico nosológico do transtorno mental, é preciso, na autor ou co-autor.
avaliação do Inimputabilidade do enfermo mental, que sendo portador de Sobre co-autores e partícipes há várias teorias.
determinado transtorno mental, seja ao tempo da prática ilícita, inteiramente A teoria subjetiva-causal entende que autor é todo aquele que concorre
incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo para o resultado (conceito amplo de autor). Nessa teoria, propriamente,
com este entendimento. Isto quer dizer claramente que não basta que o todos são autores ou co-autores, embora possa haver um tratamento
indivíduos seja doente mental; mas é preciso que, sendo considerado diferenciado para co-autores secundários (ou partícipes).
doente mental, no memento da prática ilícita, apresente incapacidade de
entender ou de determinar-se. Isto é, se o paciente é capaz de entender o A teoria formal-objetiva entende que autor é só aquele que realiza a
caráter ilícitos de seus atos, é preciso saber se sua vontade não estava ação descrita no tipo (conceito restrito de autor). Partícipe seria o que
afetada de forma a ser inteiramente incapaz de determinar-se. realiza ação acessória, contribuindo com alguma atividade extratípica para
o resultado comum.

CONCURSO DE PESSOAS A teoria do domínio do fato (de inspiração finalista, elaborada por
Welzel) considera que, em princípio, autor é o que realiza a ação descrita
no tipo. Mas também faz parte do conceito de autor o comando do curso
Há concurso de pessoas quando dois ou mais indivíduos concorrem
dos acontecimentos, ou o domínio finalístico do fato.
para a prática de um mesmo crime.
Assim, tanto é autor o executor material do fato, como o autor
O concurso é geralmente eventual, mas existe também o concurso
intelectual, que organizou e dirigiu a prática do crime.
necessário, em que o crime só se configura com pluralidade de agentes,
como no crime de quadrilha ou bando.
E partícipes, para a teoria do domínio do fato, seriam aqueles que
realizam ação diversa da descrita no tipo, ou que não tenham o domínio
A teoria monista considera que no concurso de pessoas há um só
finalístico do fato, embora concorram de algum modo para o resultado.
crime; a teoria pluralista, que há vários crimes, e a teoria dualística, que há
um crime em relação aos autores e outro crime em relação aos partícipes.
Requisitos do concurso de pessoas
Os requisitos do concurso de pessoas são os seguintes: 1º) pluralidade
A Reforma Penal de 1984 adotou a teoria monista, equiparando
de agentes (e de condutas); 2º) relevância causal das várias condutas com
autores e partícipes: quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide
o resultado; 3º) identidade de crime; 4º) vínculo subjetivo entre os agentes.
nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade (art. 29 do
CP).
Vínculo objetivo entre os agentes
Para a caracterização da co-autoria deve existir uma cooperação
Mas o Código Penal deu um tratamento especial à participação de
consciente recíproca, expressa ou tácita, entre os agentes, resultante de
menor importância, aproximando-se da teoria dualística. Para o Código
acordo prévio ou de um entendimento repentino, surgido durante a
Penal, portanto, autores e partícipes são iguais. Salvo no caso de
execução. A vontade de contribuir para o resultado comum deve ser
participação de menor importância, em que a pena se reduz de um sexto a
bilateral.
um terço.
“Não há co-autoria na colaboração unilateral” (Welzel, Derecho Penal
Alemán, Santiago, Editorial Jurídico, 1976, p. 155). “Não basta um
A forma mais comum de participação é a cumplicidade, que consiste
consentimento unilateral, devendo todos atuar em cooperação consciente e
numa atividade extratípica acessória, de auxílio ou colaboração com o
desejada” (Jescheck, Tratado de Derecho Penal, v. 11/941, Barcelona,
autor, como no fornecimento de uma viatura, no empréstimo consciente de
Bosch, 1981).
uma arma para o fim delituoso, ou na vigilância dos arredores.
Na participação, ao contrário, a cooperação pode ser unilateral, ou
Outra forma de participação é a instigação, que consiste no
seja, pode ser exercida sem que o autor principal consinta ou saiba do
convencimento de outrem à prática do crime.
auxilio prestado.
A co-autoria e a participação podem ocorrer até a consumação do
Exemplo clássico de participação unilateral é o da empregada que
crime. Após a consumação não há mais concurso de agentes, podendo,
deixa aberta de propósito a porta da casa do patrão, para facilitar a ação do
contudo, existir outro delito autônomo, como o favorecimento real (art. 349
ladrão, que sabe estar rondando a área.
do CP).
Como ensina Heleno Fragoso, “do ponto de vista subjetivo, a
A pena é graduada na medida da culpabilidade de cada agente. Se
participação requer vontade livre e consciente de cooperar na ação
algum das concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á
delituosa de outrem. Não se exige o prévio concerto, bastando que o
aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até a metade na
partícipe tenha consciência de contribuir para o crime. A consciência da
hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave (art. 29, § 2º, do CP).
cooperação pode faltar no autor, como no exemplo do criado que deixa
aberta a porta para facilitar o ladrão, que desconhece o auxílio. Como se
A simples ciência de que um crime será cometido, sem aviso à
percebe, o conteúdo subjetivo do comportamento do partícipe é diferente
autoridade (salvo no caso de obrigação legal), não constitui crme
do que se exige para o autor e bastaria isso para justificar a distinção que a
(JTACrimSP 72/23 1 e RJTJESP 92/426).
doutrina realiza’! (Comentários ao Código Penal, Nélson Hungria/Heleno
Fragoso, Rio, Forense, 1983, p. 516).
Excetua-se, por exemplo, o art. 320 do Código Penal, em que existe a
obrigação de providências ou de aviso à autoridade competente.
Jescheck, da mesma forma, esclarece que na participação “o autor
sequer necessita conhecer a cooperação prestada (a chamada
Aprovar a prática de um crime, ou estar de acordo com ele
Noções de Direito Penal 23 A Opção Certa Para a Sua Realização
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cumplicidade oculta)” (ob. cit., p. 962). A participação, ao contrário, parece possível, especialmente na forma
de instigação. Como bem ensina Stratenwerth, “não há dúvida de que se
A maioria dos autores nacionais, porém, tem ensinamento diverso. A pode instigar a um delito de omissão” (Derecho Penal, p. 317).
opinião predominante não procura estabelecer neste ponto uma fronteira
entre co-autoria e participação. Tanto num caso como noutro, não há Todavia, o concurso de pessoas em crime omissivo é tema de pouca
necessidade de acordo, bastando a consciência unilateral do co-autor ou do frequência na prática e de muita dúvida na doutrina.
partícipe de contribuir para o fato de outrem.
Para uns não há co-autoria nem participação na omissão (Welzel,
Comunicação de circunstâncias Fragoso). Para outros ambas as formas são possíveis (Jescheck). E para
Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter outros, ainda, não há co-autoria, mas pode haver participação
pessoal, salvo quando elementares do crime (art. 30 do CP). (Stratenwerth, Bacigalupo).

Circunstâncias ou condições de caráter pessoal são dados subjetivos, Autoria mediata


como os motivos ou as relações com a vítima, bem como atributos Chama-se autoria mediata aquela em que o autor de um crime não o
particulares do agente, como o estado civil ou a profissão. executa pessoalmente, mas através de um terceiro não culpável.
Elementares são os dados que constam do tipo, e cuja ausência desfaz Esse terceiro não culpável, utilizado pelo autor mediato, pode ser um
a tipicidade ou muda a capitulação do crime. menor inimputável ou alguém sob coação irresistível. Ou alguém que nem
saiba estar participando de um crime, como, por exemplo, uma enfermeira
É necessário que o co-autor ou partícipe tenha conhecimento da que ministra veneno a um paciente, por ordem do médico, pensando tratar-
elementar, para que esta se comunique. se de medicamento.

No peculato, por exemplo, a condição de funcionário público, de um Nestes casos, não há concurso de agentes. Só há um agente, o autor
dos participantes, comunica-se aos demais, se cientes desta condição, vez mediato.
que a mesma é elementar do crime. Assim, embora não sejam funcionários Autoria colateral
públicos, respondem os participantes pelo crime de peculato. Mas, se Dá-se a autoria colateral quando dois ou mais agentes procuram
ignoravam a condição do parceiro, responderão apenas por furto ou causar o mesmo resultado ilícito, sem que haja, porém, cooperação entre
apropriação indébita, conforme o caso. eles, agindo cada um por conta própria. A convergência de ações para o
resultado comum ocorre por coincidência e não por ajuste prévio ou
As circunstâncias objetivas se comunicam, desde que conhecidas cooperação consciente.
pelos participantes.
A e B, por exemplo, ambos de tocaia, sem saber um do outro, atiram
Comunicação de circunstâncias e infanticídio em C para matá-lo, acertam o alvo e a morte da vítima vem a ocorrer.
Há divergência na comunicabilidade das circunstâncias pessoais no
crime de infanticídio: matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio A decisão vai depender do que a perícia e as demais provas indicarem.
filho, durante o parto ou logo após (art. 123 do CP).
Se a morte ocorreu pela soma dos ferimentos causados pelo tiro de A e
Uma corrente entende que as circunstâncias da qualidade de mãe e do pelo tiro de B, ambos responderão por homicídio consumado.
estado puerperal comunicam-se ao co-autor ou partícipe, por serem
elementares do crime, respondendo todos, portanto, por infanticídio. Se a morte ocorreu tão-somente pelo tiro de A, responderá este por
homicídio consumado, e B por tentativa de homicídio.
Outro ensinamento entende que a comunicação da circunstância
pessoal privilegiadora só ocorre em relação ao partícipe e não ao co-autor. Se, porém, ficar demonstrado que C já estava morto pelo tiro de A,
Porque o co-autor realiza o núcleo do tipo do art. 121 —matar alguém —, quando o tiro de B o atingiu, responderá somente A por homicídio
devendo, portanto, responder por homicídio. consumado, militando a ocorrência de crime impossível em relação a B.

Concurso de pessoas em crime culposo Finalmente, se pela prova dos autos não for possível estabelecer qual
Pode haver co-autoria em crime culposo, como no caso de dois dos tiros causou a morte, estaremos diante de um caso de autoria incerta,
médicos imperitos realizando juntos uma operação. que examinaremos no item seguinte.

Outro exemplo, clássico, é o de dois operários que juntos lançam uma Autoria incerta
tábua do alto de um prédio, ferindo um transeunte. Dá-se a autoria incerta quando há dois ou mais agentes, não se
sabendo qual deles, com a sua ação, causou o resultado.
Entende a doutrina que no crime culposo não pode haver partícipe, vez
que a colaboração consciente para o resultado só existe no crime doloso. Nesta matéria pode haver dois tipos de incerteza: quando há ajuste ou
Entretanto, parece que é perfeitamente possível alguém instigar ou induzir cooperação consciente entre os participantes e quando não há ajuste ou
outrem à prática de ato imprudente ou negligente (não assim em relação à cooperação entre os participantes.
imperícia).
Existindo ajuste entre os autores do crime, todos combinados e
Culpas concorrentes resolvidos a praticar o fato, não há propriamente autoria incerta, mesmo
A culpa concorrente (ou concorrência de causas) ocorre quando não há não se sabendo qual deles desferiu o golpe, pois todos serão autores ou
conjugação consciente de atos culposos, respondendo cada um por sua partícipes. Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas
própria culpa, como na colisão de veículos em que ambos os motoristas penas a este cominadas (art. 29 do CP).
agiram com culpa.
Concurso de pessoas e crime por omissão Ainda que não haja ajuste prévio, a solução é a mesma, pois a co-
Na essência, a co-autoria é uma divisão de tarefas para a obtenção de autoria ou a participação ocorre não só no ajuste prévio, mas também na
um resultado comum. Assim, não parece possível a caracterização da co- adesão ou cooperação consciente, independentemente de acordo anterior.
autoria em crime omissivo, porque a tarefa de nada fazer não comporta
divisão de trabalho, sendo cada omissão completa e autônoma por si. Na hipótese, portanto, de ajuste ou cooperação consciente, não se
deve falar, no rigor da técnica, de autoria incerta, vez que todos, com
Na confluência de duas ou mais omissões, cada um responderá, certeza, são autores ou partícipes.
isoladamente, pela sua própria omissão.
Por outro lado, quando não existir nenhum ajuste ou cooperação entre

Noções de Direito Penal 24 A Opção Certa Para a Sua Realização


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os criminosos, agindo cada um por sua conta (autoria colateral), é que oficialidade – exercida obrigatoriamente por um órgão do poder público
poderá ocorrer a chamada autoria incerta, ou seja, aquela em que não se (Ministério Público); b) indisponibilidade – O MP não pode desistir da
sabe qual dos agentes causou o resultado. ação penal; c) divisibilidade – a ação penal pode ser desmembrada; d)
intranscedência – a ação penal, em regra, atinge apenas o agente crimi-
Por isso é que já se decidiu que “tão-só nos casos de co-autoria noso, não atingindo mais ninguém; e) obrigatoriedade – o MP, em regra, é
colateral é que se pode admitir a autoria incerta” (RT 521/343). obrigado a oferecer a denúncia.

Neste caso (de autoria colateral e incerta), se não se puder atribuir com Ação penal pública – inicia se com o oferecimento da denúncia feita pe-
certeza a morte de C ao tiro de A ou ao tiro de B não se poderá condenar lo Ministério Público, quando houver indícios suficientes de autoria e
nenhum dos dois por homicídio consumado, respondendo ambos, porém, materialidade. A denúncia deverá conter: a) exposição do fato criminoso
por tentativa de homicídio, conforme a prova existente em relação a cada com todas as circunstâncias; b) a qualificação do acusado ou dados pelos
um. quais ele possa ser identificado; c) classificação do crime; d) rol de teste-
Em resumo, autoria colateral é a de agentes não ligados entre si, que munhas.
agem, porém, de modo paralelo, objetivando o mesmo fim, sem saber um
do outro. Na ação penal pública condicionada à representação deve conter o
A autoria incerta, no sentido técnico, é só a autoria incerta colateral, ou pedido/autorização do ofendido ou de seu representante legal que declara-
seja, quando não se apura qual dos agentes independentes causou o rá o desejo de que a persecução penal prossiga. O pedido pode ser verbal
resultado. ou oral.

Se houve ajuste ou cooperação consciente entre os agentes, não se A denúncia que não contenha a exposição do fato criminoso deverá ser
deve falar em autoria incerta, pois todos serão co-autores ou partícipes. rejeitada pelo juiz.

Delação premiada A Falta de assinatura do Ministério Público na denúncia acarreta


No crime de extorsão mediante sequestro, o co-autor que denunciar o sua nulidade.
fato à autoridade, facilitando a libertação do sequestrado, terá a pena Nessas ações o juiz pode decretar de ofício a prescrição.
reduzida de um a dois terços (art. 159, § 4º, do CP). Nos crimes complexos, se houver um fato apurável por ação pública
e outro por ação privada, caberá, para as duas hipóteses, ação pública com
O mesmo benefício se estende ao partícipe e ao associado no caso de a denúncia a cargo do MP.
crime hediondo, prática de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas -o0o-
afins ou terrorismo, na hipótese de bando ou quadrilha (art. 288 do CP),
conforme Lei 8.072/90, arts. 7º e 8º parágrafo único.
DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
E a Lei 9.034/95, de forma mais ampla, de modo a abranger toda e
qualquer espécie de crime vinculado a quadrilha ou bando (organização
Anterioridade da Lei
criminosa), reduz também a pena, de um a dois terços, quando a
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem
colaboração espontânea do agente levar ao esclarecimento de infrações
prévia cominação legal. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
penais e sua autoria.
Lei penal no tempo
Pela Lei 9.807, de 13.7.99, que, entre outros fins, dispõe sobre a
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de
proteção de acusados ou condenados que voluntariamente prestem efetiva
considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais
colaboração à investigação policial e ao processo criminal, poderá o juiz
da sentença condenatória. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
conceder o perdão judicial e a consequente extinção da punibilidade ao
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o a-
acusado que, sendo primário, tenha colaborado efetiva e voluntariamente
gente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença
com a investigação e o processo criminal, desde que dessa colaboração
condenatória transitada em julgado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
resulte a identificação dos demais co-autores ou participes da ação
11.7.1984)
criminosa, a localização da vítima com a sua integridade física preservada,
a recuperação total ou parcial do produto do crime. Nessas circunstâncias,
Lei excepcional ou temporária (Incluído pela Lei nº 7.209, de
o indiciado ou acusado que colaborar voluntariamente com a investigação
11.7.1984)
policial e o processo criminal, no caso de condenação, terá pena reduzida
Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de
de um a dois terços. Serão aplicadas em benefício do colaborador, na
sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se
prisão ou fora dela, medidas especiais de segurança e proteção à sua
ao fato praticado durante sua vigência. (Redação dada pela Lei nº 7.209,
integridade física, considerando ameaça ou coação eventual ou efetiva.
de 1984)
Estando ele sob prisão temporária, preventiva ou em decorrência de
flagrante delito, ou no caso de cumprimento da pena em regime fechado,
Tempo do crime
será custodiado em dependência separada dos demais presos, podendo o
Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omis-
juiz determinar medidas especiais que proporcionem sua segurança em
são, ainda que outro seja o momento do resultado.(Redação dada pela Lei
relação aos demais.
nº 7.209, de 1984)
AÇÃO PENAL PUBLICA E PRIVADA
Para o processo penal brasileiro, a ação penal divide-se em: ação pe- Territorialidade
nal pública ( incondicionada e condicionada) e a ação penal privada (propri- Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados
amente dita, subsidiária da pública e personalíssima). Este estudo abordará e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional.
apenas a ação penal pública. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do territó-
Ação penal pública tem como titular exclusivo o Ministério Público- rio nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública
MP (promotor e procurador de justiça). Ela inicia-se com a DENÚNCIA ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como
as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade
São condições genéricas de qualquer ação: a) possibilidade jurídica privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente
do pedido (é necessário que o fato narrado na denúncia constitua fato ou em alto-mar. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)
típico; b) interesse de agir (tem que haver justa causa); c) legitimidade da § 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo
ação (deve ser proposta pelo Ministério Público). de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, a-
chando-se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço
São os princípios mais importantes que regem a ação penal pública: a) aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Bra-

Noções de Direito Penal 25 A Opção Certa Para a Sua Realização


APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
sil.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) da; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição com
Lugar do crime (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) o país de cuja autoridade judiciária emanou a sentença, ou, na fal-
Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a a- ta de tratado, de requisição do Ministro da Justiça. (Incluído pela
ção ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
deveria produzir-se o resultado.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)
Contagem de prazo (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Extraterritorialidade (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangei- dias, os meses e os anos pelo calendário comum. (Redação dada pela Lei
ro: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) nº 7.209, de 11.7.1984)
I - os crimes: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; (Incluído Frações não computáveis da pena (Redação dada pela Lei nº 7.209,
pela Lei nº 7.209, de 1984) de 11.7.1984)
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restri-
de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, socie- tivas de direitos, as frações de dia, e, na pena de multa, as frações de
dade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Po- cruzeiro. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
der Público; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; (In- Legislação especial (Incluída pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
cluído pela Lei nº 7.209, de 1984) Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incrimina-
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Bra- dos por lei especial, se esta não dispuser de modo diverso. (Redação dada
sil; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
II - os crimes: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; (In- CRIME
cluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
b) praticados por brasileiro; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
TÍTULO II
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes
DO CRIME
ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí
não sejam julgados. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
Relação de causalidade (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira,
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é
ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro.(Incluído pela Lei nº
imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão
7.209, de 1984)
sem a qual o resultado não teria ocorrido. (Redação dada pela Lei nº 7.209,
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do
de 11.7.1984)
concurso das seguintes condições: (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
a) entrar o agente no território nacional; (Incluído pela Lei nº 7.209, de
Superveniência de causa independente (Incluído pela Lei nº 7.209,
1984)
de 11.7.1984)
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; (Incluído
§ 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a
pela Lei nº 7.209, de 1984)
imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores,
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira au-
entretanto, imputam-se a quem os praticou. (Incluído pela Lei nº 7.209, de
toriza a extradição; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
11.7.1984)
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cum-
prido a pena; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
Relevância da omissão (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro moti-
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e
vo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável.
podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a
(Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
quem:(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; (Incluído
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estran-
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
geiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;
parágrafo anterior: (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
a) não foi pedida ou foi negada a extradição; (Incluído pela Lei nº
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do
7.209, de 1984)
resultado. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
b) houve requisição do Ministro da Justiça. (Incluído pela Lei nº 7.209,
de 1984)
Art. 14 - Diz-se o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
Pena cumprida no estrangeiro (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
Crime consumado (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no
I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua de-
Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando
finição legal; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
idênticas. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Tentativa (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Eficácia de sentença estrangeira (Redação dada pela Lei nº 7.209,
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circuns-
de 11.7.1984)
tâncias alheias à vontade do agente. (Incluído pela Lei nº 7.209, de
Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira
11.7.1984)
produz na espécie as mesmas consequências, pode ser homologada no
Brasil para: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Pena de tentativa (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros
Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa
efeitos civis; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois
II - sujeitá-lo a medida de segurança.(Incluído pela Lei nº 7.209, de
terços.(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
11.7.1984)
Parágrafo único - A homologação depende: (Incluído pela Lei nº
Desistência voluntária e arrependimento eficaz (Redação dada pela
7.209, de 11.7.1984)
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte interessa-
Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na exe-
Noções de Direito Penal 26 A Opção Certa Para a Sua Realização
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cução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já diência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é
praticados.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) punível o autor da coação ou da ordem.(Redação dada pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984)
Arrependimento posterior (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984) Exclusão de ilicitude (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pes- Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: (Redação dada
soa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a I - em estado de necessidade; (Incluído pela Lei nº 7.209, de
dois terços. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 11.7.1984)
II - em legítima defesa;(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Crime impossível (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de
Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do direito.(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o
crime.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Excesso punível (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo,
Art. 18 - Diz-se o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de responderá pelo excesso doloso ou culposo.(Incluído pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984) 11.7.1984)

Crime doloso (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Estado de necessidade


I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de pro- Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato
duzi-lo;(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia
de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circuns-
Crime culposo (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) tâncias, não era razoável exigir-se. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, 11.7.1984)
negligência ou imperícia. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal
Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser de enfrentar o perigo. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente. § 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a
(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) pena poderá ser reduzida de um a dois terços. (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
Agravação pelo resultado (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984) Legítima defesa
Art. 19 - Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente
o agente que o houver causado ao menos culposamente.(Redação dada dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) seu ou de outrem.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Erro sobre elementos do tipo (Redação dada pela Lei nº 7.209, de IMPUTABILIDADE
11.7.1984)
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui
TÍTULO III
o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. (Reda-
DA IMPUTABILIDADE PENAL
ção dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Inimputáveis
Descriminantes putativas (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desen-
§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas cir-
volvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da
cunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação
omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de
legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é
determinar-se de acordo com esse entendimento. (Redação dada pela Lei
punível como crime culposo.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de
nº 7.209, de 11.7.1984)
11.7.1984)
Redução de pena
Erro determinado por terceiro (Incluído pela Lei nº 7.209, de
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o
11.7.1984)
agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimen-
§ 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro. (Redação
to mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendi-
mento.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Erro sobre a pessoa (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Menores de dezoito anos
§ 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não i-
Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputá-
senta de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades
veis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial.
da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
crime. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Emoção e paixão
Erro sobre a ilicitude do fato (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal: (Redação dada pela Lei
11.7.1984)
nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitu-
I - a emoção ou a paixão; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
de do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de
11.7.1984)
um sexto a um terço. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se
Embriaguez
omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas
II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de
circunstâncias, ter ou atingir essa consciência. (Redação dada pela Lei nº
efeitos análogos.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
7.209, de 11.7.1984)
§ 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, prove-
niente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omis-
Coação irresistível e obediência hierárquica (Redação dada pela Lei
são, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de deter-
nº 7.209, de 11.7.1984)
minar-se de acordo com esse entendimento.(Redação dada pela Lei nº
Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obe-
7.209, de 11.7.1984)
Noções de Direito Penal 27 A Opção Certa Para a Sua Realização
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§ 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por dano que causou, ou à devolução do produto do ilícito praticado, com os
embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força maior, não possuía, ao acréscimos legais. (Incluído pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003)
tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimen- Regras do regime fechado
to.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Art. 34 - O condenado será submetido, no início do cumprimento da
pena, a exame criminológico de classificação para individualização da
CONCURSO DE PESSOAS execução. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 1º - O condenado fica sujeito a trabalho no período diurno e a isola-
mento durante o repouso noturno. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
TÍTULO IV
11.7.1984)
DO CONCURSO DE PESSOAS
§ 2º - O trabalho será em comum dentro do estabelecimento, na con-
Regras comuns às penas privativas de liberdade
formidade das aptidões ou ocupações anteriores do condenado, desde que
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas
compatíveis com a execução da pena.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de
penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redação dada
11.7.1984)
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 3º - O trabalho externo é admissível, no regime fechado, em serviços
§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser di-
ou obras públicas. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
minuída de um sexto a um terço. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984) Regras do regime semi-aberto
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, Art. 35 - Aplica-se a norma do art. 34 deste Código, caput, ao conde-
ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na nado que inicie o cumprimento da pena em regime semi-aberto. (Redação
hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave. (Redação dada pela dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 1º - O condenado fica sujeito a trabalho em comum durante o período
Circunstâncias incomunicáveis diurno, em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar. (Redação
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de cará- dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
ter pessoal, salvo quando elementares do crime. (Redação dada pela Lei nº § 2º - O trabalho externo é admissível, bem como a frequência a cursos
7.209, de 11.7.1984) supletivos profissionalizantes, de instrução de segundo grau ou superior.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Casos de impunibilidade
Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo dis- Regras do regime aberto
posição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, Art. 36 - O regime aberto baseia-se na autodisciplina e senso de res-
pelo menos, a ser tentado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) ponsabilidade do condenado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
ESPÉCIES DE PENA. APLICAÇÃO DA PENA. § 1º - O condenado deverá, fora do estabelecimento e sem vigilância,
trabalhar, frequentar curso ou exercer outra atividade autorizada, permane-
CAPÍTULO I cendo recolhido durante o período noturno e nos dias de folga. (Redação
DAS ESPÉCIES DE PENA dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 32 - As penas são: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 2º - O condenado será transferido do regime aberto, se praticar fato
I - privativas de liberdade; definido como crime doloso, se frustrar os fins da execução ou se, podendo,
II - restritivas de direitos; não pagar a multa cumulativamente aplicada. (Redação dada pela Lei nº
III - de multa. 7.209, de 11.7.1984)
SEÇÃO I
DAS PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE Regime especial
Reclusão e detenção Art. 37 - As mulheres cumprem pena em estabelecimento próprio, ob-
Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, servando-se os deveres e direitos inerentes à sua condição pessoal, bem
semi-aberto ou aberto. A de detenção, em regime semi-aberto, ou aberto, como, no que couber, o disposto neste Capítulo. (Redação dada pela Lei nº
salvo necessidade de transferência a regime fechado. (Redação dada pela 7.209, de 11.7.1984)
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 1º - Considera-se: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Direitos do preso
a) regime fechado a execução da pena em estabelecimento de segu- Art. 38 - O preso conserva todos os direitos não atingidos pela perda
rança máxima ou média; da liberdade, impondo-se a todas as autoridades o respeito à sua integrida-
b) regime semi-aberto a execução da pena em colônia agrícola, in- de física e moral. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
dustrial ou estabelecimento similar;
c) regime aberto a execução da pena em casa de albergado ou esta- Trabalho do preso
belecimento adequado. Art. 39 - O trabalho do preso será sempre remunerado, sendo-lhe ga-
rantidos os benefícios da Previdência Social. (Redação dada pela Lei nº
§ 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em 7.209, de 11.7.1984)
forma progressiva, segundo o mérito do condenado, observados os seguin-
tes critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência a regime mais Legislação especial
rigoroso: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Art. 40 - A legislação especial regulará a matéria prevista nos arts. 38 e
a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a 39 deste Código, bem como especificará os deveres e direitos do preso, os
cumpri-la em regime fechado; critérios para revogação e transferência dos regimes e estabelecerá as
b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) infrações disciplinares e correspondentes sanções. (Redação dada pela Lei
anos e não exceda a 8 (oito), poderá, desde o princípio, cumpri-la nº 7.209, de 11.7.1984)
em regime semi-aberto;
Superveniência de doença mental
c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4
Art. 41 - O condenado a quem sobrevém doença mental deve ser reco-
(quatro) anos, poderá, desde o início, cumpri-la em regime aberto.
lhido a hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, a outro
estabelecimento adequado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
§ 3º - A determinação do regime inicial de cumprimento da pena far-se-
11.7.1984)
á com observância dos critérios previstos no art. 59 deste Código. (Reda-
ção dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Detração
§ 4o O condenado por crime contra a administração pública terá a pro- Art. 42 - Computam-se, na pena privativa de liberdade e na medida de
gressão de regime do cumprimento da pena condicionada à reparação do segurança, o tempo de prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro, o de

Noções de Direito Penal 28 A Opção Certa Para a Sua Realização


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prisão administrativa e o de internação em qualquer dos estabelecimentos Prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas
referidos no artigo anterior. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Art. 46. A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas
é aplicável às condenações superiores a seis meses de privação da liber-
SEÇÃO II dade. (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998)
DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS § 1o A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas
Penas restritivas de direitos consiste na atribuição de tarefas gratuitas ao condenado. (Incluído pela Lei
Art. 43. As penas restritivas de direitos são: (Redação dada pela Lei nº nº 9.714, de 1998)
9.714, de 1998) § 2o A prestação de serviço à comunidade dar-se-á em entidades as-
I – prestação pecuniária; (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998) sistenciais, hospitais, escolas, orfanatos e outros estabelecimentos congê-
II – perda de bens e valores; (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998) neres, em programas comunitários ou estatais. (Incluído pela Lei nº 9.714,
III – (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998) de 1998)
IV – prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas; (Inclu- § 3o As tarefas a que se refere o § 1o serão atribuídas conforme as ap-
ído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984 , renumerado com alteração tidões do condenado, devendo ser cumpridas à razão de uma hora de
pela Lei nº 9.714, de 25.11.1998) tarefa por dia de condenação, fixadas de modo a não prejudicar a jornada
V – interdição temporária de direitos; (Incluído pela Lei nº 7.209, de normal de trabalho. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998)
11.7.1984 , renumerado com alteração pela Lei nº 9.714, de § 4o Se a pena substituída for superior a um ano, é facultado ao conde-
25.11.1998) nado cumprir a pena substitutiva em menor tempo (art. 55), nunca inferior à
VI – limitação de fim de semana. (Incluído pela Lei nº 7.209, de metade da pena privativa de liberdade fixada. (Incluído pela Lei nº 9.714, de
11.7.1984 , renumerado com alteração pela Lei nº 9.714, de 1998)
25.11.1998) Interdição temporária de direitos (Redação dada pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984)
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as Art. 47 - As penas de interdição temporária de direitos são: (Redação
privativas de liberdade, quando: (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998) dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o I - proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública, bem
crime não for cometido com violência ou grave ameaça à pessoa como de mandato eletivo; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo; 11.7.1984)
(Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998) II - proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que depen-
II – o réu não for reincidente em crime doloso; (Redação dada pela Lei dam de habilitação especial, de licença ou autorização do poder
nº 9.714, de 1998) público; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personali- III - suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veículo.
dade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias in- (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
dicarem que essa substituição seja suficiente. (Redação dada pela IV – proibição de frequentar determinados lugares. (Incluído pela Lei nº
Lei nº 9.714, de 1998) 9.714, de 1998)
§ 1o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998)
§ 2o Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser Limitação de fim de semana
feita por multa ou por uma pena restritiva de direitos; se superior a um ano, Art. 48 - A limitação de fim de semana consiste na obrigação de per-
a pena privativa de liberdade pode ser substituída por uma pena restritiva manecer, aos sábados e domingos, por 5 (cinco) horas diárias, em casa de
de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos. (Incluído pela Lei nº albergado ou outro estabelecimento adequado. (Redação dada pela Lei nº
9.714, de 1998) 7.209, de 11.7.1984)
§ 3o Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substitui- Parágrafo único - Durante a permanência poderão ser ministrados ao
ção, desde que, em face de condenação anterior, a medida seja socialmen- condenado cursos e palestras ou atribuídas atividades educati-
te recomendável e a reincidência não se tenha operado em virtude da vas.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
prática do mesmo crime. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998)
§ 4o A pena restritiva de direitos converte-se em privativa de liberdade SEÇÃO III
quando ocorrer o descumprimento injustificado da restrição imposta. No DA PENA DE MULTA
cálculo da pena privativa de liberdade a executar será deduzido o tempo Multa
cumprido da pena restritiva de direitos, respeitado o saldo mínimo de trinta Art. 49 - A pena de multa consiste no pagamento ao fundo penitenciário
dias de detenção ou reclusão. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998) da quantia fixada na sentença e calculada em dias-multa. Será, no mínimo,
§ 5o Sobrevindo condenação a pena privativa de liberdade, por outro de 10 (dez) e, no máximo, de 360 (trezentos e sessenta) dias-
crime, o juiz da execução penal decidirá sobre a conversão, podendo deixar multa. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
de aplicá-la se for possível ao condenado cumprir a pena substitutiva § 1º - O valor do dia-multa será fixado pelo juiz não podendo ser inferior
anterior. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998) a um trigésimo do maior salário mínimo mensal vigente ao tempo do fato,
nem superior a 5 (cinco) vezes esse salário. (Redação dada pela Lei nº
Conversão das penas restritivas de direitos 7.209, de 11.7.1984)
Art. 45. Na aplicação da substituição prevista no artigo anterior, proce- § 2º - O valor da multa será atualizado, quando da execução, pelos ín-
der-se-á na forma deste e dos arts. 46, 47 e 48. (Redação dada pela Lei nº dices de correção monetária. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
9.714, de 1998) 11.7.1984)
§ 1o A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à víti-
ma, a seus dependentes ou a entidade pública ou privada com destinação Pagamento da multa
social, de importância fixada pelo juiz, não inferior a 1 (um) salário mínimo Art. 50 - A multa deve ser paga dentro de 10 (dez) dias depois de tran-
nem superior a 360 (trezentos e sessenta) salários mínimos. O valor pago sitada em julgado a sentença. A requerimento do condenado e conforme as
será deduzido do montante de eventual condenação em ação de reparação circunstâncias, o juiz pode permitir que o pagamento se realize em parcelas
civil, se coincidentes os beneficiários. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998) mensais. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 2o No caso do parágrafo anterior, se houver aceitação do beneficiário, § 1º - A cobrança da multa pode efetuar-se mediante desconto no ven-
a prestação pecuniária pode consistir em prestação de outra natureza. cimento ou salário do condenado quando: (Redação dada pela Lei nº 7.209,
(Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998) de 11.7.1984)
§ 3o A perda de bens e valores pertencentes aos condenados dar-se-á, a) aplicada isoladamente;
ressalvada a legislação especial, em favor do Fundo Penitenciário Nacional, b) aplicada cumulativamente com pena restritiva de direitos;
e seu valor terá como teto – o que for maior – o montante do prejuízo c) concedida a suspensão condicional da pena.
causado ou do provento obtido pelo agente ou por terceiro, em consequên- § 2º - O desconto não deve incidir sobre os recursos indispensáveis ao
cia da prática do crime. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998) sustento do condenado e de sua família.(Redação dada pela Lei nº 7.209,
§ 4o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998) de 11.7.1984)

Noções de Direito Penal 29 A Opção Certa Para a Sua Realização


APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Conversão da Multa e revogação (Redação dada pela Lei nº 7.209, de § 1º - A multa pode ser aumentada até o triplo, se o juiz considerar que,
11.7.1984) em virtude da situação econômica do réu, é ineficaz, embora aplicada no
Modo de conversão. máximo. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 51 - Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será
considerada dívida de valor, aplicando-se-lhes as normas da legislação Multa substitutiva
relativa à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às § 2º - A pena privativa de liberdade aplicada, não superior a 6 (seis)
causas interruptivas e suspensivas da prescrição. (Redação dada pela Lei meses, pode ser substituída pela de multa, observados os critérios dos
nº 9.268, de 1º.4.1996) incisos II e III do art. 44 deste Código.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de
§ 1º - e § 2º -(Revogado pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) 11.7.1984)
Circunstâncias agravantes
Suspensão da execução da multa Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não
Art. 52 - É suspensa a execução da pena de multa, se sobrevém ao constituem ou qualificam o crime:(Redação dada pela Lei nº 7.209, de
condenado doença mental. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 11.7.1984)
I - a reincidência; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
CAPÍTULO II II - ter o agente cometido o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209,
DA COMINAÇÃO DAS PENAS de 11.7.1984)
Penas privativas de liberdade a) por motivo fútil ou torpe;
Art. 53 - As penas privativas de liberdade têm seus limites estabeleci- b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade
dos na sanção correspondente a cada tipo legal de crime. (Redação dada ou vantagem de outro crime;
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro re-
curso que dificultou ou tornou impossível a defesa do ofendido;
Penas restritivas de direitos d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio in-
Art. 54 - As penas restritivas de direitos são aplicáveis, independente- sidioso ou cruel, ou de que podia resultar perigo comum;
mente de cominação na parte especial, em substituição à pena privativa de e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge;
liberdade, fixada em quantidade inferior a 1 (um) ano, ou nos crimes culpo- f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas,
sos. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) de coabitação ou de hospitalidade, ou com violência contra a mulher na
forma da lei específica; (Incluído pela Lei nº 11.340, de 2006)
Art. 55. As penas restritivas de direitos referidas nos incisos III, IV, V e g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício,
VI do art. 43 terão a mesma duração da pena privativa de liberdade substi- ministério ou profissão;
tuída, ressalvado o disposto no § 4o do art. 46. (Redação dada pela Lei nº h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher
9.714, de 1998) grávida; (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade;
Art. 56 - As penas de interdição, previstas nos incisos I e II do art. 47 j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calami-
deste Código, aplicam-se para todo o crime cometido no exercício de dade pública, ou de desgraça particular do ofendido;
profissão, atividade, ofício, cargo ou função, sempre que houver violação l) em estado de embriaguez preordenada.
dos deveres que lhes são inerentes. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984) Agravantes no caso de concurso de pessoas
Art. 62 - A pena será ainda agravada em relação ao agente que: (Re-
Art. 57 - A pena de interdição, prevista no inciso III do art. 47 deste Có- dação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
digo, aplica-se aos crimes culposos de trânsito. (Redação dada pela Lei nº I - promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade
7.209, de 11.7.1984) dos demais agentes; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
Pena de multa II - coage ou induz outrem à execução material do crime; (Redação
Art. 58 - A multa, prevista em cada tipo legal de crime, tem os limites fi- dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
xados no art. 49 e seus parágrafos deste Código.(Redação dada pela Lei nº III - instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua auto-
7.209, de 11.7.1984) ridade ou não-punível em virtude de condição ou qualidade pesso-
Parágrafo único - A multa prevista no parágrafo único do art. 44 e no § al; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
2º do art. 60 deste Código aplica-se independentemente de cominação na IV - executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa de
parte especial. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) recompensa.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

CAPÍTULO III Reincidência


DA APLICAÇÃO DA PENA Art. 63 - Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime,
Fixação da pena depois de transitar em julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, o
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à condu- tenha condenado por crime anterior. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
ta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e 11.7.1984)
consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabele- Art. 64 - Para efeito de reincidência: (Redação dada pela Lei nº 7.209,
cerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção de 11.7.1984)
do crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) I - não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cumpri-
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas;(Redação dada pela Lei mento ou extinção da pena e a infração posterior tiver decorrido
nº 7.209, de 11.7.1984) período de tempo superior a 5 (cinco) anos, computado o período
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos; (Re- de prova da suspensão ou do livramento condicional, se não ocor-
dação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) rer revogação; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade; II - não se consideram os crimes militares próprios e políticos. (Reda-
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) ção dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra Circunstâncias atenuantes
espécie de pena, se cabível. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena: (Redação
11.7.1984) dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior
Critérios especiais da pena de multa de 70 (setenta) anos, na data da sentença; (Redação dada pela Lei
Art. 60 - Na fixação da pena de multa o juiz deve atender, principalmen- nº 7.209, de 11.7.1984)
te, à situação econômica do réu. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de II - o desconhecimento da lei; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984) 11.7.1984)

Noções de Direito Penal 30 A Opção Certa Para a Sua Realização


APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
III - ter o agente: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo,
a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral; observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste
b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo a- Código.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
pós o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as consequências, ou ter, an-
tes do julgamento, reparado o dano; Multas no concurso de crimes
c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumpri- Art. 72 - No concurso de crimes, as penas de multa são aplicadas dis-
mento de ordem de autoridade superior, ou sob a influência de vio- tinta e integralmente. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
lenta emoção, provocada por ato injusto da vítima;
d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do Erro na execução
crime; Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução,
e) cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se não o o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa
provocou. diversa, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela, aten-
dendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste Código. No caso de ser
Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a
relevante, anterior ou posterior ao crime, embora não prevista expressa- regra do art. 70 deste Código.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de
mente em lei. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 11.7.1984)

Concurso de circunstâncias agravantes e atenuantes Resultado diverso do pretendido


Art. 67 - No concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve apro- Art. 74 - Fora dos casos do artigo anterior, quando, por acidente ou er-
ximar-se do limite indicado pelas circunstâncias preponderantes, entenden- ro na execução do crime, sobrevém resultado diverso do pretendido, o
do-se como tais as que resultam dos motivos determinantes do crime, da agente responde por culpa, se o fato é previsto como crime culposo; se
personalidade do agente e da reincidência. (Redação dada pela Lei nº ocorre também o resultado pretendido, aplica-se a regra do art. 70 deste
7.209, de 11.7.1984) Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Limite das penas
Cálculo da pena Art. 75 - O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade
Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 não pode ser superior a 30 (trinta) anos. (Redação dada pela Lei nº 7.209,
deste Código; em seguida serão consideradas as circunstâncias atenuantes de 11.7.1984)
e agravantes; por último, as causas de diminuição e de aumento. (Redação § 1º - Quando o agente for condenado a penas privativas de liberdade
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) cuja soma seja superior a 30 (trinta) anos, devem elas ser unificadas para
Parágrafo único - No concurso de causas de aumento ou de diminuição atender ao limite máximo deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
previstas na parte especial, pode o juiz limitar-se a um só aumento ou a 11.7.1984)
uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a causa que mais aumente ou § 2º - Sobrevindo condenação por fato posterior ao início do cumpri-
diminua.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) mento da pena, far-se-á nova unificação, desprezando-se, para esse fim, o
período de pena já cumprido.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de
Concurso material 11.7.1984)
Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão,
pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente Concurso de infrações
as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplica- Art. 76 - No concurso de infrações, executar-se-á primeiramente a pena
ção cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro mais grave. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
aquela. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada CAPÍTULO IV
pena privativa de liberdade, não suspensa, por um dos crimes, para os DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA
demais será incabível a substituição de que trata o art. 44 deste Código. Requisitos da suspensão da pena
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Art. 77 - A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2
§ 2º - Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o condena- (dois) anos, poderá ser suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde
do cumprirá simultaneamente as que forem compatíveis entre si e sucessi- que: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
vamente as demais. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) I - o condenado não seja reincidente em crime doloso; (Redação da-
da pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Concurso formal II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade
Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica do agente, bem como os motivos e as circunstâncias autorizem a
dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas concessão do benefício;(Redação dada pela Lei nº 7.209, de
cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer 11.7.1984)
caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulati- III - Não seja indicada ou cabível a substituição prevista no art. 44 des-
vamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam te Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior.(Redação § 1º - A condenação anterior a pena de multa não impede a concessão
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) do benefício.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela § 2o A execução da pena privativa de liberdade, não superior a quatro
regra do art. 69 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de anos, poderá ser suspensa, por quatro a seis anos, desde que o condenado
11.7.1984) seja maior de setenta anos de idade, ou razões de saúde justifiquem a
suspensão. (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998)
Crime continuado
Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, Art. 78 - Durante o prazo da suspensão, o condenado ficará sujeito à
pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de observação e ao cumprimento das condições estabelecidas pelo ju-
tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os sub- iz. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
sequentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena § 1º - No primeiro ano do prazo, deverá o condenado prestar serviços à
de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumenta- comunidade (art. 46) ou submeter-se à limitação de fim de semana (art. 48).
da, em qualquer caso, de um sexto a dois terços. (Redação dada pela Lei (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
nº 7.209, de 11.7.1984) § 2° Se o condenado houver reparado o dano, salvo impossibilidade de
Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, come- fazê-lo, e se as circunstâncias do art. 59 deste Código lhe forem inteiramen-
tidos com violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando te favoráveis, o juiz poderá substituir a exigência do parágrafo anterior
a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do pelas seguintes condições, aplicadas cumulativamente: (Redação dada
agente, bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996)

Noções de Direito Penal 31 A Opção Certa Para a Sua Realização


APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
a) proibição de frequentar determinados lugares; (Redação dada pela Soma de penas
Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Art. 84 - As penas que correspondem a infrações diversas devem so-
b) proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização mar-se para efeito do livramento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
do juiz; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 11.7.1984)
c) comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para
informar e justificar suas atividades. (Redação dada pela Lei nº Especificações das condições
7.209, de 11.7.1984) Art. 85 - A sentença especificará as condições a que fica subordinado o
livramento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 79 - A sentença poderá especificar outras condições a que fica su-
bordinada a suspensão, desde que adequadas ao fato e à situação pessoal Revogação do livramento
do condenado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Art. 86 - Revoga-se o livramento, se o liberado vem a ser condenado a
pena privativa de liberdade, em sentença irrecorrível: (Redação dada pela
Art. 80 - A suspensão não se estende às penas restritivas de direitos Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
nem à multa. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) I - por crime cometido durante a vigência do benefício; (Redação da-
da pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Revogação obrigatória II - por crime anterior, observado o disposto no art. 84 deste Código.
Art. 81 - A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o benefici- (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
ário: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - é condenado, em sentença irrecorrível, por crime doloso; (Redação Revogação facultativa
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Art. 87 - O juiz poderá, também, revogar o livramento, se o liberado
II - frustra, embora solvente, a execução de pena de multa ou não efe- deixar de cumprir qualquer das obrigações constantes da sentença, ou for
tua, sem motivo justificado, a reparação do dano; (Redação dada pela Lei irrecorrivelmente condenado, por crime ou contravenção, a pena que não
nº 7.209, de 11.7.1984) seja privativa de liberdade.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
III - descumpre a condição do § 1º do art. 78 deste Código. (Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Efeitos da revogação
Art. 88 - Revogado o livramento, não poderá ser novamente concedido,
Revogação facultativa e, salvo quando a revogação resulta de condenação por outro crime anteri-
§ 1º - A suspensão poderá ser revogada se o condenado descumpre or àquele benefício, não se desconta na pena o tempo em que esteve solto
qualquer outra condição imposta ou é irrecorrivelmente condenado, por o condenado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
crime culposo ou por contravenção, a pena privativa de liberdade ou restri-
tiva de direitos. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Extinção
Art. 89 - O juiz não poderá declarar extinta a pena, enquanto não pas-
Prorrogação do período de prova
sar em julgado a sentença em processo a que responde o liberado, por
§ 2º - Se o beneficiário está sendo processado por outro crime ou con-
crime cometido na vigência do livramento.(Redação dada pela Lei nº 7.209,
travenção, considera-se prorrogado o prazo da suspensão até o julgamento
de 11.7.1984)
definitivo. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 3º - Quando facultativa a revogação, o juiz pode, ao invés de decretá-
Art. 90 - Se até o seu término o livramento não é revogado, considera-
la, prorrogar o período de prova até o máximo, se este não foi o fixa-
se extinta a pena privativa de liberdade. (Redação dada pela Lei nº 7.209,
do. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
de 11.7.1984)
Cumprimento das condições
Art. 82 - Expirado o prazo sem que tenha havido revogação, considera- CAPÍTULO VI
se extinta a pena privativa de liberdade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO
de 11.7.1984) Efeitos genéricos e específicos
Art. 91 - São efeitos da condenação: (Redação dada pela Lei nº 7.209,
CAPÍTULO V de 11.7.1984)
DO LIVRAMENTO CONDICIONAL I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime;
Requisitos do livramento condicional (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a II - a perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de
pena privativa de liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que: terceiro de boa-fé: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo
I - cumprida mais de um terço da pena se o condenado não for reinci- fabrico, alienação, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito;
dente em crime doloso e tiver bons antecedentes; (Redação dada b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) proveito auferido pelo agente com a prática do fato criminoso.
II - cumprida mais da metade se o condenado for reincidente em crime
doloso; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Art. 92 - São também efeitos da condenação:(Redação dada pela Lei
III - comprovado comportamento satisfatório durante a execução da nº 7.209, de 11.7.1984)
pena, bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído e aptidão I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo: (Redação
para prover à própria subsistência mediante trabalho honesto; dada pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996)
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou
IV - tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo, o dano superior a um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou
causado pela infração; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de violação de dever para com a Administração Pública; (Incluído pela
11.7.1984) Lei nº 9.268, de 1º.4.1996)
V - cumprido mais de dois terços da pena, nos casos de condenação b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior
por crime hediondo, prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecen- a 4 (quatro) anos nos demais casos. (Incluído pela Lei nº 9.268, de
tes e drogas afins, e terrorismo, se o apenado não for reincidente 1º.4.1996)
específico em crimes dessa natureza. (Incluído pela Lei nº 8.072, II - a incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela,
de 25.7.1990) nos crimes dolosos, sujeitos à pena de reclusão, cometidos contra
Parágrafo único - Para o condenado por crime doloso, cometido com filho, tutelado ou curatelado; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
violência ou grave ameaça à pessoa, a concessão do livramento ficará 11.7.1984)
também subordinada à constatação de condições pessoais que façam III - a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para
presumir que o liberado não voltará a delinquir. (Redação dada pela Lei nº a prática de crime doloso. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
7.209, de 11.7.1984) 11.7.1984)

Noções de Direito Penal 32 A Opção Certa Para a Sua Realização


APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Parágrafo único - Os efeitos de que trata este artigo não são automáti- (um) ano, pratica fato indicativo de persistência de sua periculosidade.
cos, devendo ser motivadamente declarados na sentença. (Redação dada (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 4º - Em qualquer fase do tratamento ambulatorial, poderá o juiz de-
terminar a internação do agente, se essa providência for necessária para
CAPÍTULO VII fins curativos. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
DA REABILITAÇÃO
Reabilitação Substituição da pena por medida de segurança para o semi-
Art. 93 - A reabilitação alcança quaisquer penas aplicadas em sentença imputável
definitiva, assegurando ao condenado o sigilo dos registros sobre o seu Art. 98 - Na hipótese do parágrafo único do art. 26 deste Código e ne-
processo e condenação. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) cessitando o condenado de especial tratamento curativo, a pena privativa
Parágrafo único - A reabilitação poderá, também, atingir os efeitos da de liberdade pode ser substituída pela internação, ou tratamento ambulato-
condenação, previstos no art. 92 deste Código, vedada reintegração na rial, pelo prazo mínimo de 1 (um) a 3 (três) anos, nos termos do artigo
situação anterior, nos casos dos incisos I e II do mesmo artigo. (Redação anterior e respectivos §§ 1º a 4º. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 11.7.1984)
Art. 94 - A reabilitação poderá ser requerida, decorridos 2 (dois) anos
do dia em que for extinta, de qualquer modo, a pena ou terminar sua exe- Direitos do internado
cução, computando-se o período de prova da suspensão e o do livramento Art. 99 - O internado será recolhido a estabelecimento dotado de carac-
condicional, se não sobrevier revogação, desde que o condenado: (Reda- terísticas hospitalares e será submetido a tratamento. (Redação dada pela
ção dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - tenha tido domicílio no País no prazo acima referido; (Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
II - tenha dado, durante esse tempo, demonstração efetiva e constante EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE
de bom comportamento público e privado; (Redação dada pela Lei
nº 7.209, de 11.7.1984)
Extinção da punibilidade
III - tenha ressarcido o dano causado pelo crime ou demonstre a abso-
Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: (Redação dada pela Lei nº 7.209,
luta impossibilidade de o fazer, até o dia do pedido, ou exiba do-
de 11.7.1984)
cumento que comprove a renúncia da vítima ou novação da dívi-
I- pela morte do agente;
da. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
II - pela anistia, graça ou indulto;
Parágrafo único - Negada a reabilitação, poderá ser requerida, a qual-
III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como
quer tempo, desde que o pedido seja instruído com novos elementos com-
criminoso;
probatórios dos requisitos necessários. (Redação dada pela Lei nº 7.209,
IV - pela prescrição, decadência ou perempção;
de 11.7.1984)
V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos
crimes de ação privada;
Art. 95 - A reabilitação será revogada, de ofício ou a requerimento do
VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite;
Ministério Público, se o reabilitado for condenado, como reincidente, por
VII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
decisão definitiva, a pena que não seja de multa. (Redação dada pela Lei
VIII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
nº 7.209, de 11.7.1984)
IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.

Art. 108 - A extinção da punibilidade de crime que é pressuposto, ele-


DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA mento constitutivo ou circunstância agravante de outro não se estende a
este. Nos crimes conexos, a extinção da punibilidade de um deles não
Espécies de medidas de segurança impede, quanto aos outros, a agravação da pena resultante da conexão.
Art. 96. As medidas de segurança são: (Redação dada pela Lei nº (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
7.209, de 11.7.1984)
I - Internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à Prescrição antes de transitar em julgado a sentença
falta, em outro estabelecimento adequado; (Redação dada pela Lei Art. 109 - A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final,
nº 7.209, de 11.7.1984) salvo o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 110 deste Código, regula-se pelo
II - sujeição a tratamento ambulatorial. (Redação dada pela Lei nº máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, verificando-se:
7.209, de 11.7.1984) (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Parágrafo único - Extinta a punibilidade, não se impõe medida de segu- I - em vinte anos, se o máximo da pena é superior a doze;
rança nem subsiste a que tenha sido imposta. (Redação dada pela Lei nº II - em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior a oito anos e
7.209, de 11.7.1984) não excede a doze;
III - em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro anos e
Imposição da medida de segurança para inimputável não excede a oito;
Art. 97 - Se o agente for inimputável, o juiz determinará sua internação IV - em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois anos e não
(art. 26). Se, todavia, o fato previsto como crime for punível com detenção, excede a quatro;
poderá o juiz submetê-lo a tratamento ambulatorial. (Redação dada pela Lei V - em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um ano ou, sendo
nº 7.209, de 11.7.1984) superior, não excede a dois;
VI - em dois anos, se o máximo da pena é inferior a um ano.
Prazo
§ 1º - A internação, ou tratamento ambulatorial, será por tempo inde- Prescrição das penas restritivas de direito
terminado, perdurando enquanto não for averiguada, mediante perícia Parágrafo único - Aplicam-se às penas restritivas de direito os mesmos
médica, a cessação de periculosidade. O prazo mínimo deverá ser de 1 prazos previstos para as privativas de liberdade. (Redação dada pela Lei nº
(um) a 3 (três) anos. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 7.209, de 11.7.1984)
Perícia médica
§ 2º - A perícia médica realizar-se-á ao termo do prazo mínimo fixado e Prescrição depois de transitar em julgado sentença final condena-
deverá ser repetida de ano em ano, ou a qualquer tempo, se o determinar o tória
juiz da execução. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Art. 110 - A prescrição depois de transitar em julgado a sentença con-
denatória regula-se pela pena aplicada e verifica-se nos prazos fixados no
Desinternação ou liberação condicional artigo anterior, os quais se aumentam de um terço, se o condenado é
§ 3º - A desinternação, ou a liberação, será sempre condicional deven- reincidente. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
do ser restabelecida a situação anterior se o agente, antes do decurso de 1

Noções de Direito Penal 33 A Opção Certa Para a Sua Realização


APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
§ 1º - A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em II - pela pronúncia; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
julgado para a acusação, ou depois de improvido seu recurso, regula-se III - pela decisão confirmatória da pronúncia; (Redação dada pela Lei
pela pena aplicada. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 2º - A prescrição, de que trata o parágrafo anterior, pode ter por ter- IV - pela publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis;
mo inicial data anterior à do recebimento da denúncia ou da quei- (Redação dada pela Lei nº 11.596, de 2007).
xa. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) V - pelo início ou continuação do cumprimento da pena; (Redação da-
da pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996)
Termo inicial da prescrição antes de transitar em julgado a sen- VI - pela reincidência. (Redação dada pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996)
tença final § 1º - Excetuados os casos dos incisos V e VI deste artigo, a interrup-
Art. 111 - A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, ção da prescrição produz efeitos relativamente a todos os autores do crime.
começa a correr: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Nos crimes conexos, que sejam objeto do mesmo processo, estende-se
I - do dia em que o crime se consumou; (Redação dada pela Lei nº aos demais a interrupção relativa a qualquer deles. (Redação dada pela
7.209, de 11.7.1984) Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
II - no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa; § 2º - Interrompida a prescrição, salvo a hipótese do inciso V deste arti-
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) go, todo o prazo começa a correr, novamente, do dia da interrupção.
III - nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanência; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
IV - nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de assentamento Art. 118 - As penas mais leves prescrevem com as mais graves. (Re-
do registro civil, da data em que o fato se tornou conhecido. (Re- dação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
dação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Rehabilitação
Termo inicial da prescrição após a sentença condenatória irrecor- Art. 119 - No caso de concurso de crimes, a extinção da punibilidade
rível incidirá sobre a pena de cada um, isoladamente. (Redação dada pela Lei
Art. 112 - No caso do art. 110 deste Código, a prescrição começa a cor- nº 7.209, de 11.7.1984)
rer: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - do dia em que transita em julgado a sentença condenatória, para a Perdão judicial
acusação, ou a que revoga a suspensão condicional da pena ou o Art. 120 - A sentença que conceder perdão judicial não será considera-
livramento condicional; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de da para efeitos de reincidência. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984) 11.7.1984)
II - do dia em que se interrompe a execução, salvo quando o tempo da
interrupção deva computar-se na pena. (Redação dada pela Lei nº CRIMES CONTRA A PESSOA, O PATRIMÔNIO, A FÉ PÚ-
7.209, de 11.7.1984)
BLICA E A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.
Prescrição no caso de evasão do condenado ou de revogação do
livramento condicional TÍTULO I
Art. 113 - No caso de evadir-se o condenado ou de revogar-se o livra- DOS CRIMES CONTRA A PESSOA
mento condicional, a prescrição é regulada pelo tempo que resta da pena. CAPÍTULO I
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) DOS CRIMES CONTRA A VIDA
Homicídio simples
Prescrição da multa Art 121. Matar alguem:
Art. 114 - A prescrição da pena de multa ocorrerá: (Redação dada pela Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
Lei nº 9.268, de 1º.4.1996)
Caso de diminuição de pena
I - em 2 (dois) anos, quando a multa for a única cominada ou aplica-
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor
da; (Incluído pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996)
social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a
II - no mesmo prazo estabelecido para prescrição da pena privativa de
injusta provocação da vítima, ou juiz pode reduzir a pena de um sexto a um
liberdade, quando a multa for alternativa ou cumulativamente co-
terço.
minada ou cumulativamente aplicada. (Incluído pela Lei nº 9.268,
de 1º.4.1996) Homicídio qualificado
§ 2° Se o homicídio é cometido:
Redução dos prazos de prescrição I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo
Art. 115 - São reduzidos de metade os prazos de prescrição quando o torpe;
criminoso era, ao tempo do crime, menor de 21 (vinte e um) anos, ou, na II - por motivo futil;
data da sentença, maior de 70 (setenta) anos.(Redação dada pela Lei nº III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro
7.209, de 11.7.1984) meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro re-
Causas impeditivas da prescrição curso que dificulte ou torne impossivel a defesa do ofendido;
Art. 116 - Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vanta-
não corre: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) gem de outro crime:
I - enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que de- Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
penda o reconhecimento da existência do crime; (Redação dada
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Homicídio culposo
II - enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro.(Redação dada pe- § 3º Se o homicídio é culposo: (Vide Lei nº 4.611, de 1965)
la Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Pena - detenção, de um a três anos.
Parágrafo único - Depois de passada em julgado a sentença condena-
tória, a prescrição não corre durante o tempo em que o condenado está Aumento de pena
preso por outro motivo. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o
crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício,
Causas interruptivas da prescrição ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura
Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se: (Redação dada pela Lei diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em fla-
nº 7.209, de 11.7.1984) grante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço)
I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa; (Redação dada pela se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de
Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 60 (sessenta) anos. (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)

Noções de Direito Penal 34 A Opção Certa Para a Sua Realização


APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar Pena - reclusão, de dois a oito anos.
a pena, se as consequências da infração atingirem o próprio agente de Lesão corporal seguida de morte
forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. (Incluído pela § 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não
Lei nº 6.416, de 24.5.1977) quís o resultado, nem assumiu o risco de produzí-lo:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio
Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio Diminuição de pena
para que o faça: § 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor
Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou re- social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a
clusão, de um a três anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um
de natureza grave. terço.
Parágrafo único - A pena é duplicada:
Substituição da pena
Aumento de pena § 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena
I - se o crime é praticado por motivo egoístico; de detenção pela de multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis:
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capa- I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior;
cidade de resistência. II - se as lesões são recíprocas.

Infanticídio Lesão corporal culposa


Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, § 6° Se a lesão é culposa: (Vide Lei nº 4.611, de 1965)
durante o parto ou logo após: Pena - detenção, de dois meses a um ano.
Pena - detenção, de dois a seis anos.
Aumento de pena
Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento § 7º - Aumenta-se a pena de um terço, se ocorrer qualquer das hipóte-
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho ses do art. 121, § 4º. (Redação dada pela Lei nº 8.069, de 1990)
provoque: § 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121. (Reda-
Pena - detenção, de um a três anos. ção dada pela Lei nº 8.069, de 1990)

Aborto provocado por terceiro Violência Doméstica (Incluído pela Lei nº 10.886, de 2004)
Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante: § 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão,
Pena - reclusão, de três a dez anos. cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou,
ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante: ou de hospitalidade: (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006)
Pena - reclusão, de um a quatro anos. Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. (Redação dada pe-
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não la Lei nº 11.340, de 2006)
é maior de quatorze anos, ou é alienada ou debil mental, ou se o consenti- § 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as circunstân-
mento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência cias são as indicadas no § 9o deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um
terço). (Incluído pela Lei nº 10.886, de 2004)
Forma qualificada § 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada de um
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumen- terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de deficiência.
tadas de um terço, se, em consequência do aborto ou dos meios emprega- (Incluído pela Lei nº 11.340, de 2006)
dos para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e
são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte. CAPÍTULO III
DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: Perigo de contágio venéreo
Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato
Aborto necessário libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que sabe ou deve saber que
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante; está contaminado:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro § 1º - Se é intenção do agente transmitir a moléstia:
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consen- Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
timento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal. § 2º - Somente se procede mediante representação.

CAPÍTULO II Perigo de contágio de moléstia grave


DAS LESÕES CORPORAIS Art. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia grave de
Lesão corporal que está contaminado, ato capaz de produzir o contágio:
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Pena - detenção, de três meses a um ano.
Perigo para a vida ou saúde de outrem
Lesão corporal de natureza grave Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente:
§ 1º Se resulta: Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias; mais grave.
II - perigo de vida; Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a um terço se a ex-
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função; posição da vida ou da saúde de outrem a perigo decorre do transporte de
IV - aceleração de parto: pessoas para a prestação de serviços em estabelecimentos de qualquer
Pena - reclusão, de um a cinco anos. natureza, em desacordo com as normas legais. (Incluído pela Lei nº 9.777,
§ 2° Se resulta: de 29.12.1998)
I - Incapacidade permanente para o trabalho;
II - enfermidade incuravel; Abandono de incapaz
III perda ou inutilização do membro, sentido ou função; Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigi-
IV - deformidade permanente; lância ou autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos
V - aborto: riscos resultantes do abandono:

Noções de Direito Penal 35 A Opção Certa Para a Sua Realização


APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Pena - detenção, de seis meses a três anos. II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do
§ 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de natureza grave: art. 141;
Pena - reclusão, de um a cinco anos. III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi ab-
§ 2º - Se resulta a morte: solvido por sentença irrecorrível.
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. Difamação
Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputa-
Aumento de pena ção:
§ 3º - As penas cominadas neste artigo aumentam-se de um terço: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
I - se o abandono ocorre em lugar ermo;
II - se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, tutor ou Exceção da verdade
curador da vítima. Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite se o ofen-
III - se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos (Incluído pela Lei nº dido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas fun-
10.741, de 2003) ções.

Exposição ou abandono de recém-nascido Injúria


Art. 134 - Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar desonra Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:
própria: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. § 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena:
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a
Pena - detenção, de um a três anos. injúria;
§ 2º - Se resulta a morte: II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.
Pena - detenção, de dois a seis anos. § 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua
natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes:
Omissão de socorro Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena cor-
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem respondente à violência.
risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou § 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça,
ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de
casos, o socorro da autoridade pública: deficiência: (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Pena - reclusão de um a três anos e multa. (Incluído pela Lei nº 9.459,
Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão re- de 1997)
sulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte.
Disposições comuns
Maus-tratos Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um ter-
Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autori- ço, se qualquer dos crimes é cometido:
dade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo es-
custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer trangeiro;
sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios II - contra funcionário público, em razão de suas funções;
de correção ou disciplina: III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulga-
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa. ção da calúnia, da difamação ou da injúria.
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de defici-
Pena - reclusão, de um a quatro anos. ência, exceto no caso de injúria. (Incluído pela Lei nº 10.741, de
§ 2º - Se resulta a morte: 2003)
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. Parágrafo único - Se o crime é cometido mediante paga ou promessa
§ 3º - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado contra de recompensa, aplica-se a pena em dobro.
pessoa menor de 14 (catorze) anos. (Incluído pela Lei nº 8.069, de 1990)
Exclusão do crime
CAPÍTULO IV
Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível:
DA RIXA
I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou
Rixa
por seu procurador;
Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os contendores:
II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, sal-
Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa.
vo quando inequívoca a intenção de injuriar ou difamar;
Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal de natureza grave,
III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreci-
aplica-se, pelo fato da participação na rixa, a pena de detenção, de seis
ação ou informação que preste no cumprimento de dever do ofício.
meses a dois anos.
Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, responde pela injúria ou pe-
la difamação quem lhe dá publicidade.
CRIMES CONTRA A HONRA. CRIMES CONTRA A
FÉ PÚBLICA. CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO Retratação
EM GERAL (PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente
PÚBLICO OU POR PARTICULAR). da calúnia ou da difamação, fica isento de pena.

Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, difa-


Calúnia mação ou injúria, quem se julga ofendido pode pedir explicações em juízo.
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido co- Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá satisfatórias,
mo crime: responde pela ofensa.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede
propala ou divulga. mediante queixa, salvo quando, no caso do art. 140, § 2º, da violência
§ 2º - É punível a calúnia contra os mortos. resulta lesão corporal.
Exceção da verdade Parágrafo único - Procede-se mediante requisição do Ministro da Justi-
§ 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo: ça, no caso do n.º I do art. 141, e mediante representação do ofendido, no
I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido caso do n.º II do mesmo artigo.
não foi condenado por sentença irrecorrível;

Noções de Direito Penal 36 A Opção Certa Para a Sua Realização


APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
CAPÍTULO VI SEÇÃO II
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DO DOMICÍLIO
SEÇÃO I Violação de domicílio
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou
Constrangimento ilegal contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou
Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, em suas dependências:
ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda: § 1º - Se o crime é cometido durante a noite, ou em lugar ermo, ou com
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. o emprego de violência ou de arma, ou por duas ou mais pessoas:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da pena correspon-
Aumento de pena dente à violência.
§ 1º - As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro, quando, para § 2º - Aumenta-se a pena de um terço, se o fato é cometido por funcio-
a execução do crime, se reúnem mais de três pessoas, ou há emprego de nário público, fora dos casos legais, ou com inobservância das formalidades
armas. estabelecidas em lei, ou com abuso do poder.
§ 2º - Além das penas cominadas, aplicam-se as correspondentes à vi- § 3º - Não constitui crime a entrada ou permanência em casa alheia ou
olência. em suas dependências:
§ 3º - Não se compreendem na disposição deste artigo: I - durante o dia, com observância das formalidades legais, para efe-
I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do paciente tuar prisão ou outra diligência;
ou de seu representante legal, se justificada por iminente perigo de II - a qualquer hora do dia ou da noite, quando algum crime está sen-
vida; do ali praticado ou na iminência de o ser.
II - a coação exercida para impedir suicídio.
§ 4º - A expressão "casa" compreende:
Ameaça I - qualquer compartimento habitado;
Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer II - aposento ocupado de habitação coletiva;
outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave: III - compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profis-
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. são ou atividade.
Parágrafo único - Somente se procede mediante representação.
§ 5º - Não se compreendem na expressão "casa":
I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habitação coletiva, en-
Sequestro e cárcere privado quanto aberta, salvo a restrição do n.º II do parágrafo anterior;
Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante sequestro ou cár- II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero.
cere privado:
Pena - reclusão, de um a três anos. SEÇÃO III
§ 1º - A pena é de reclusão, de dois a cinco anos: DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DE CORRESPONDÊNCIA
I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro Violação de correspondência
do agente ou maior de 60 (sessenta) anos; (Redação dada pela Lei Art. 151 - Devassar indevidamente o conteúdo de correspondência fe-
nº 11.106, de 2005) chada, dirigida a outrem:
II - se o crime é praticado mediante internação da vítima em casa de Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
saúde ou hospital;
III - se a privação da liberdade dura mais de quinze dias. Sonegação ou destruição de correspondência
IV - se o crime é praticado contra menor de 18 (dezoito) anos; (Incluído § 1º - Na mesma pena incorre:
pela Lei nº 11.106, de 2005) I - quem se apossa indevidamente de correspondência alheia, embora
V - se o crime é praticado com fins libidinosos. (Incluído pela Lei nº não fechada e, no todo ou em parte, a sonega ou destrói;
11.106, de 2005) Violação de comunicação telegráfica, radioelétrica ou telefônica
§ 2º - Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou da natureza da II - quem indevidamente divulga, transmite a outrem ou utiliza abusi-
detenção, grave sofrimento físico ou moral: vamente comunicação telegráfica ou radioelétrica dirigida a tercei-
Pena - reclusão, de dois a oito anos. ro, ou conversação telefônica entre outras pessoas;
III - quem impede a comunicação ou a conversação referidas no núme-
ro anterior;
Redução a condição análoga à de escravo IV - quem instala ou utiliza estação ou aparelho radioelétrico, sem ob-
Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer sub- servância de disposição legal.
metendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a § 2º - As penas aumentam-se de metade, se há dano para outrem.
condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, § 3º - Se o agente comete o crime, com abuso de função em serviço
sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou prepos- postal, telegráfico, radioelétrico ou telefônico:
to: (Redação dada pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003) Pena - detenção, de um a três anos.
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena correspon- § 4º - Somente se procede mediante representação, salvo nos casos
dente à violência. (Redação dada pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003) do § 1º, IV, e do § 3º.
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela Lei nº 10.803, de
11.12.2003) Correspondência comercial
I – cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalha- Art. 152 - Abusar da condição de sócio ou empregado de estabeleci-
dor, com o fim de retê-lo no local de trabalho; (Incluído pela Lei nº 10.803, mento comercial ou industrial para, no todo ou em parte, desviar, sonegar,
de 11.12.2003) subtrair ou suprimir correspondência, ou revelar a estranho seu conteúdo:
II – mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou se apodera de Pena - detenção, de três meses a dois anos.
documentos ou objetos pessoais do trabalhador, com o fim de retê-lo no Parágrafo único - Somente se procede mediante representação.
local de trabalho. (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)
§ 2o A pena é aumentada de metade, se o crime é cometido: (Incluído SEÇÃO IV
pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003) DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DOS SEGREDOS
I – contra criança ou adolescente; (Incluído pela Lei nº 10.803, de Divulgação de segredo
11.12.2003) Art. 153 - Divulgar alguém, sem justa causa, conteúdo de documento
II – por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem. particular ou de correspondência confidencial, de que é destinatário ou
(Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003) detentor, e cuja divulgação possa produzir dano a outrem:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.

Noções de Direito Penal 37 A Opção Certa Para a Sua Realização


APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
§ 1º Somente se procede mediante representação. (Parágrafo único V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liber-
renumerado pela Lei nº 9.983, de 2000) dade. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)
§ 1o-A. Divulgar, sem justa causa, informações sigilosas ou reservadas, § 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão,
assim definidas em lei, contidas ou não nos sistemas de informações ou de sete a quinze anos, além da multa; se resulta morte, a reclusão é de
banco de dados da Administração Pública: (Incluído pela Lei nº 9.983, de vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa. (Redação dada pela Lei nº 9.426,
2000) de 1996)
Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. (Incluído pela Extorsão
Lei nº 9.983, de 2000) Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e
§ 2o Quando resultar prejuízo para a Administração Pública, a ação pe- com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômi-
nal será incondicionada. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) ca, a fazer, tolerar que se faça ou deixar fazer alguma coisa:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
Violação do segredo profissional § 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com em-
Art. 154 - Revelar alguém, sem justa causa, segredo, de que tem ciên- prego de arma, aumenta-se a pena de um terço até metade.
cia em razão de função, ministério, ofício ou profissão, e cuja revelação § 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no §
possa produzir dano a outrem: 3º do artigo anterior. Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. § 3o Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da víti-
Parágrafo único - Somente se procede mediante representação. ma, e essa condição é necessária para a obtenção da vantagem econômi-
ca, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se
TÍTULO II resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art.
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 159, §§ 2o e 3o, respectivamente. (Incluído pela Lei nº 11.923, de 2009)
CAPÍTULO I
DO FURTO Extorsão mediante sequestro
Furto Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para ou-
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: trem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate: Vide Lei nº
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 8.072, de 25.7.90
§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o Pena - reclusão, de oito a quinze anos.. (Redação dada pela Lei nº
repouso noturno. 8.072, de 25.7.1990)
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o § 1o Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o se-
juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a questrado é menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos, ou se o
dois terços, ou aplicar somente a pena de multa. crime é cometido por bando ou quadrilha. Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
que tenha valor econômico. Pena - reclusão, de doze a vinte anos. (Redação dada pela Lei nº
8.072, de 25.7.1990)
Furto qualificado § 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Vide Lei nº
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é 8.072, de 25.7.90
cometido: Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos. (Redação dada
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)
coisa; § 3º - Se resulta a morte: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destre- Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos. (Redação dada pela
za; Lei nº 8.072, de 25.7.1990)
III - com emprego de chave falsa; § 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denun-
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas. ciar à autoridade, facilitando a libertação do sequestrado, terá sua pena
§ 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de reduzida de um a dois terços. (Redação dada pela Lei nº 9.269, de 1996)
veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para
o exterior. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996) Extorsão indireta
Art. 160 - Exigir ou receber, como garantia de dívida, abusando da si-
Furto de coisa comum tuação de alguém, documento que pode dar causa a procedimento criminal
Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, para si ou para contra a vítima ou contra terceiro:
outrem, a quem legitimamente a detém, a coisa comum:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
§ 1º - Somente se procede mediante representação.
§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor CAPÍTULO III
não excede a quota a que tem direito o agente. DA USURPAÇÃO

CAPÍTULO II Alteração de limites


DO ROUBO E DA EXTORSÃO Art. 161 - Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou qualquer outro sinal
Roubo indicativo de linha divisória, para apropriar-se, no todo ou em parte, de
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante coisa imóvel alheia:
grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
meio, reduzido à impossibilidade de resistência: § 1º - Na mesma pena incorre quem:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, Usurpação de águas
emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a I - desvia ou represa, em proveito próprio ou de outrem, águas alheias;
impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.
§ 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade: Esbulho possessório
I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma; II - invade, com violência a pessoa ou grave ameaça, ou mediante con-
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas; curso de mais de duas pessoas, terreno ou edifício alheio, para o fim de
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente esbulho possessório.
conhece tal circunstância. § 2º - Se o agente usa de violência, incorre também na pena a esta
IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transpor- cominada.
tado para outro Estado ou para o exterior; (Incluído pela Lei nº § 3º - Se a propriedade é particular, e não há emprego de violência,
9.426, de 1996) somente se procede mediante queixa.

Noções de Direito Penal 38 A Opção Certa Para a Sua Realização


APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Supressão ou alteração de marca em animais tegrado despesas contábeis ou custos relativos à venda de produtos ou à
Art. 162 - Suprimir ou alterar, indevidamente, em gado ou rebanho a- prestação de serviços; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
lheio, marca ou sinal indicativo de propriedade: III - pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas cotas ou
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. valores já tiverem sido reembolsados à empresa pela previdência social.
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
CAPÍTULO IV § 2o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara,
DO DANO confessa e efetua o pagamento das contribuições, importâncias ou valores
e presta as informações devidas à previdência social, na forma definida em
Dano lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal. (Incluído pela Lei nº
Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia: 9.983, de 2000)
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. § 3o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a
de multa se o agente for primário e de bons antecedentes, desde que:
Dano qualificado (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Parágrafo único - Se o crime é cometido: I – tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes de oferecida
I - com violência à pessoa ou grave ameaça; a denúncia, o pagamento da contribuição social previdenciária, in-
II - com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o fato não clusive acessórios; ou (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
constitui crime mais grave II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual
III - contra o patrimônio da União, Estado, Município, empresa conces- ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, administra-
sionária de serviços públicos ou sociedade de economia mista; tivamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas exe-
(Redação dada pela Lei nº 5.346, de 3.11.1967) cuções fiscais. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
IV - por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima:
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa, além da pena Apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito ou força da na-
correspondente à violência. tureza
Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu poder por
Introdução ou abandono de animais em propriedade alheia erro, caso fortuito ou força da natureza:
Art. 164 - Introduzir ou deixar animais em propriedade alheia, sem con- Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
sentimento de quem de direito, desde que o fato resulte prejuízo: Parágrafo único - Na mesma pena incorre:
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, ou multa. Apropriação de tesouro
I - quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria, no todo ou em
Dano em coisa de valor artístico, arqueológico ou histórico parte, da quota a que tem direito o proprietário do prédio;
Art. 165 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tombada pela autorida-
de competente em virtude de valor artístico, arqueológico ou histórico: Apropriação de coisa achada
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcial-
mente, deixando de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-
Alteração de local especialmente protegido la à autoridade competente, dentro no prazo de quinze dias.
Art. 166 - Alterar, sem licença da autoridade competente, o aspecto de Art. 170 - Nos crimes previstos neste Capítulo, aplica-se o disposto no
local especialmente protegido por lei: art. 155, § 2º.
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
CAPÍTULO VI
Ação penal DO ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES
Art. 167 - Nos casos do art. 163, do inciso IV do seu parágrafo e do art. Estelionato
164, somente se procede mediante queixa. Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo
alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou
CAPÍTULO V qualquer outro meio fraudulento:
DA APROPRIAÇÃO INDÉBITA Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
Apropriação indébita § 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o prejuízo, o juiz
Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a pode aplicar a pena conforme o disposto no art. 155, § 2º.
detenção: § 2º - Nas mesmas penas incorre quem:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Disposição de coisa alheia como própria
Aumento de pena I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em garantia coi-
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o agente recebeu a sa alheia como própria;
coisa:
I - em depósito necessário; Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria
II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante, II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa própria
testamenteiro ou depositário judicial; inalienável, gravada de ônus ou litigiosa, ou imóvel que prometeu vender a
III - em razão de ofício, emprego ou profissão. terceiro, mediante pagamento em prestações, silenciando sobre qualquer
dessas circunstâncias;
Apropriação indébita previdenciária (Incluído pela Lei nº 9.983, de
2000) Defraudação de penhor
Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as contribuições re- III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor ou por
colhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional: (Incluí- outro modo, a garantia pignoratícia, quando tem a posse do objeto empe-
do pela Lei nº 9.983, de 2000) nhado;
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Incluído pela
Lei nº 9.983, de 2000) Fraude na entrega de coisa
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem deixar de: (Incluído pela Lei nº IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa que deve
9.983, de 2000) entregar a alguém;
I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância destinada
Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro
à previdência social que tenha sido descontada de pagamento efetuado a
V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o
segurados, a terceiros ou arrecadada do público; (Incluído pela Lei nº
próprio corpo ou a saúde, ou agrava as consequências da lesão ou doença,
9.983, de 2000)
com o intuito de haver indenização ou valor de seguro;
II – recolher contribuições devidas à previdência social que tenham in-
Fraude no pagamento por meio de cheque

Noções de Direito Penal 39 A Opção Certa Para a Sua Realização


APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sa- de, ações por ela emitidas, salvo quando a lei o permite;
cado, ou lhe frustra o pagamento. IV - o diretor ou o gerente que, como garantia de crédito social, em pe-
§ 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido em de- nhor ou em caução ações da própria sociedade;
trimento de entidade de direito público ou de instituto de economia popular, VI - o diretor ou o gerente que, na falta de balanço, em desacordo com
assistência social ou beneficência. este, ou mediante balanço falso, distribui lucros ou dividendos fictí-
cios;
Duplicata simulada VII - o diretor, o gerente ou o fiscal que, por interposta pessoa, ou con-
Art. 172 - Emitir fatura, duplicata ou nota de venda que não correspon- luiado com acionista, consegue a aprovação de conta ou parecer;
da à mercadoria vendida, em quantidade ou qualidade, ou ao serviço VIII liquidante, nos casos dos ns. I, II, III, IV, V e VII;
prestado. (Redação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990) IX - o representante da sociedade anônima estrangeira, autorizada a
Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Redação da- funcionar no País, que pratica os atos mencionados nos ns. I e II,
da pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990) ou dá falsa informação ao Governo.
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrerá aquêle que falsificar ou
adulterar a escrituração do Livro de Registro de Duplicatas. (Incluído pela § 2º - Incorre na pena de detenção, de seis meses a dois anos, e multa,
Lei nº 5.474. de 1968) o acionista que, a fim de obter vantagem para si ou para outrem, negocia o
voto nas deliberações de assembleia geral.
Abuso de incapazes
Art. 173 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, de necessidade, pai- Emissão irregular de conhecimento de depósito ou "warrant"
xão ou inexperiência de menor, ou da alienação ou debilidade mental de Art. 178 - Emitir conhecimento de depósito ou warrant, em desacordo
outrem, induzindo qualquer deles à prática de ato suscetível de produzir com disposição legal:
efeito jurídico, em prejuízo próprio ou de terceiro: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
Fraude à execução
Induzimento à especulação Art. 179 - Fraudar execução, alienando, desviando, destruindo ou dani-
Art. 174 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, da inexperiência ou da ficando bens, ou simulando dívidas:
simplicidade ou inferioridade mental de outrem, induzindo-o à prática de Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
jogo ou aposta, ou à especulação com títulos ou mercadorias, sabendo ou Parágrafo único - Somente se procede mediante queixa.
devendo saber que a operação é ruinosa:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. CAPÍTULO VII
DA RECEPTAÇÃO
Fraude no comércio Receptação
Art. 175 - Enganar, no exercício de atividade comercial, o adquirente ou Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em provei-
consumidor: to próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para
I - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria falsificada ou que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: (Redação dada pela
deteriorada; Lei nº 9.426, de 1996)
II - entregando uma mercadoria por outra: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. (Redação dada pela Lei
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. nº 9.426, de 1996)
§ 1º - Alterar em obra que lhe é encomendada a qualidade ou o peso
de metal ou substituir, no mesmo caso, pedra verdadeira por falsa ou por Receptação qualificada (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
outra de menor valor; vender pedra falsa por verdadeira; vender, como § 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito,
precioso, metal de ou outra qualidade: desmontar, montar, remontar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial
§ 2º - É aplicável o disposto no art. 155, § 2º. ou industrial, coisa que deve saber ser produto de crime: (Redação dada
pela Lei nº 9.426, de 1996)
Outras fraudes Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa. (Redação dada pela Lei
Art. 176 - Tomar refeição em restaurante, alojar-se em hotel ou utilizar- nº 9.426, de 1996)
se de meio de transporte sem dispor de recursos para efetuar o pagamento: § 2º - Equipara-se à atividade comercial, para efeito do parágrafo ante-
Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa. rior, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino, inclusive o exer-
Parágrafo único - Somente se procede mediante representação, e o ju- cício em residência. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
iz pode, conforme as circunstâncias, deixar de aplicar a pena. § 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela despro-
porção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece, deve
Fraudes e abusos na fundação ou administração de sociedade por presumir-se obtida por meio criminoso: (Redação dada pela Lei nº 9.426, de
ações 1996)
Art. 177 - Promover a fundação de sociedade por ações, fazendo, em Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas as penas.
prospecto ou em comunicação ao público ou à assembleia, afirmação falsa (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
sobre a constituição da sociedade, ou ocultando fraudulentamente fato a § 4º - A receptação é punível, ainda que desconhecido ou isento de
ela relativo: pena o autor do crime de que proveio a coisa. (Redação dada pela Lei nº
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, se o fato não constitui 9.426, de 1996)
crime contra a economia popular. § 5º - Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, pode o juiz, tendo
§ 1º - Incorrem na mesma pena, se o fato não constitui crime contra a em consideração as circunstâncias, deixar de aplicar a pena. Na recepta-
economia popular: (Vide Lei nº 1.521, de 1951) ção dolosa aplica-se o disposto no § 2º do art. 155. (Incluído pela Lei nº
I - o diretor, o gerente ou o fiscal de sociedade por ações, que, em 9.426, de 1996)
prospecto, relatório, parecer, balanço ou comunicação ao público § 6º - Tratando-se de bens e instalações do patrimônio da União, Esta-
ou à assembleia, faz afirmação falsa sobre as condições econômi- do, Município, empresa concessionária de serviços públicos ou sociedade
cas da sociedade, ou oculta fraudulentamente, no todo ou em par- de economia mista, a pena prevista no caput deste artigo aplica-se em
te, fato a elas relativo; dobro. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)
II - o diretor, o gerente ou o fiscal que promove, por qualquer artifício,
falsa cotação das ações ou de outros títulos da sociedade; CAPÍTULO VIII
III - o diretor ou o gerente que toma empréstimo à sociedade ou usa, DISPOSIÇÕES GERAIS
em proveito próprio ou de terceiro, dos bens ou haveres sociais, Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos
sem prévia autorização da assembleia geral; neste título, em prejuízo:
IV - o diretor ou o gerente que compra ou vende, por conta da socieda- I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;

Noções de Direito Penal 40 A Opção Certa Para a Sua Realização


APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegí- TÍTULO X
timo, seja civil ou natural. DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA
Art. 182 - Somente se procede mediante representação, se o crime CAPÍTULO I
previsto neste título é cometido em prejuízo: DA MOEDA FALSA
I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado; Moeda Falsa
II - de irmão, legítimo ou ilegítimo; Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metálica ou
III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita. papel-moeda de curso legal no país ou no estrangeiro:
Pena - reclusão, de três a doze anos, e multa.
Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores: § 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou alheia,
I- se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja importa ou exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda ou
emprego de grave ameaça ou violência à pessoa; introduz na circulação moeda falsa.
II - ao estranho que participa do crime. § 2º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, moeda falsa
III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior ou alterada, a restitui à circulação, depois de conhecer a falsidade, é punido
a 60 (sessenta) anos. (Incluído pela Lei nº 10.741, de 2003) com detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
§ 3º - É punido com reclusão, de três a quinze anos, e multa, o funcio-
TÍTULO III nário público ou diretor, gerente, ou fiscal de banco de emissão que fabrica,
DOS CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE IMATERIAL emite ou autoriza a fabricação ou emissão:
I - de moeda com título ou peso inferior ao determinado em lei;
CAPÍTULO I II - de papel-moeda em quantidade superior à autorizada.
DOS CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE INTELECTUAL § 4º - Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circular moeda,
Violação de direito autoral cuja circulação não estava ainda autorizada.
Art. 184. Violar direitos de autor e os que lhe são conexos: (Redação
dada pela Lei nº 10.695, de 1º.7.2003) Crimes assimilados ao de moeda falsa
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa. (Redação Art. 290 - Formar cédula, nota ou bilhete representativo de moeda com
dada pela Lei nº 10.695, de 1º.7.2003) fragmentos de cédulas, notas ou bilhetes verdadeiros; suprimir, em nota,
§ 1o Se a violação consistir em reprodução total ou parcial, com intuito cédula ou bilhete recolhidos, para o fim de restituí-los à circulação, sinal
de lucro direto ou indireto, por qualquer meio ou processo, de obra intelec- indicativo de sua inutilização; restituir à circulação cédula, nota ou bilhete
tual, interpretação, execução ou fonograma, sem autorização expressa do em tais condições, ou já recolhidos para o fim de inutilização:
autor, do artista intérprete ou executante, do produtor, conforme o caso, ou Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
de quem os represente: (Redação dada pela Lei nº 10.695, de 1º.7.2003) Parágrafo único - O máximo da reclusão é elevado a doze anos e mul-
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Redação ta, se o crime é cometido por funcionário que trabalha na repartição onde o
dada pela Lei nº 10.695, de 1º.7.2003) dinheiro se achava recolhido, ou nela tem fácil ingresso, em razão do
§ 2o Na mesma pena do § 1o incorre quem, com o intuito de lucro cargo.(Vide Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
direto ou indireto, distribui, vende, expõe à venda, aluga, introduz no País,
adquire, oculta, tem em depósito, original ou cópia de obra intelectual ou Petrechos para falsificação de moeda
fonograma reproduzido com violação do direito de autor, do direito de Art. 291 - Fabricar, adquirir, fornecer, a título oneroso ou gratuito, pos-
artista intérprete ou executante ou do direito do produtor de fonograma, ou, suir ou guardar maquinismo, aparelho, instrumento ou qualquer objeto
ainda, aluga original ou cópia de obra intelectual ou fonograma, sem a especialmente destinado à falsificação de moeda:
expressa autorização dos titulares dos direitos ou de quem os represente. Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
(Redação dada pela Lei nº 10.695, de 1º.7.2003)
§ 3o Se a violação consistir no oferecimento ao público, mediante Emissão de título ao portador sem permissão legal
cabo, fibra ótica, satélite, ondas ou qualquer outro sistema que permita ao Art. 292 - Emitir, sem permissão legal, nota, bilhete, ficha, vale ou título
usuário realizar a seleção da obra ou produção para recebê-la em um que contenha promessa de pagamento em dinheiro ao portador ou a que
tempo e lugar previamente determinados por quem formula a demanda, falte indicação do nome da pessoa a quem deva ser pago:
com intuito de lucro, direto ou indireto, sem autorização expressa, conforme Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
o caso, do autor, do artista intérprete ou executante, do produtor de fono- Parágrafo único - Quem recebe ou utiliza como dinheiro qualquer dos
grama, ou de quem os represente: (Redação dada pela Lei nº 10.695, de documentos referidos neste artigo incorre na pena de detenção, de quinze
1º.7.2003) dias a três meses, ou multa.
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Incluído pela
CAPÍTULO II
Lei nº 10.695, de 1º.7.2003)
DA FALSIDADE DE TÍTULOS E OUTROS PAPÉIS PÚBLICOS
§ 4o O disposto nos §§ 1o, 2o e 3o não se aplica quando se tratar de ex-
Falsificação de papéis públicos
ceção ou limitação ao direito de autor ou os que lhe são conexos, em
Art. 293 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os:
conformidade com o previsto na Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998,
I – selo destinado a controle tributário, papel selado ou qualquer papel
nem a cópia de obra intelectual ou fonograma, em um só exemplar, para
de emissão legal destinado à arrecadação de tributo; (Redação
uso privado do copista, sem intuito de lucro direto ou indireto. (Incluído pela
dada pela Lei nº 11.035, de 2004)
Lei nº 10.695, de 1º.7.2003)
II - papel de crédito público que não seja moeda de curso legal;
III - vale postal;
Usurpação de nome ou pseudônimo alheio
IV - cautela de penhor, caderneta de depósito de caixa econômica ou
Art. 185 - (Revogado pela Lei nº 10.695, de 1º.7.2003)
de outro estabelecimento mantido por entidade de direito público;
Art. 186. Procede-se mediante: (Redação dada pela Lei nº 10.695, de
V - talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro documento relativo a
1º.7.2003)
arrecadação de rendas públicas ou a depósito ou caução por que o
I – queixa, nos crimes previstos no caput do art. 184; (Incluído pela
poder público seja responsável;
Lei nº 10.695, de 1º.7.2003)
VI - bilhete, passe ou conhecimento de empresa de transporte adminis-
II – ação penal pública incondicionada, nos crimes previstos nos §§
trada pela União, por Estado ou por Município:
1o e 2o do art. 184; (Incluído pela Lei nº 10.695, de 1º.7.2003)
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
III – ação penal pública incondicionada, nos crimes cometidos em
§ 1o Incorre na mesma pena quem: (Redação dada pela Lei nº 11.035,
desfavor de entidades de direito público, autarquia, empresa pú-
de 2004)
blica, sociedade de economia mista ou fundação instituída pelo
I – usa, guarda, possui ou detém qualquer dos papéis falsificados a
Poder Público; (Incluído pela Lei nº 10.695, de 1º.7.2003)
que se refere este artigo; (Incluído pela Lei nº 11.035, de 2004)
IV – ação penal pública condicionada à representação, nos crimes
II – importa, exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda,
previstos no § 3o do art. 184. (Incluído pela Lei nº 10.695, de
fornece ou restitui à circulação selo falsificado destinado a controle
1º.7.2003)
tributário; (Incluído pela Lei nº 11.035, de 2004)
Noções de Direito Penal 41 A Opção Certa Para a Sua Realização
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
III – importa, exporta, adquire, vende, expõe à venda, mantém em de- declaração falsa ou diversa da que deveria ter sido escrita; (Incluí-
pósito, guarda, troca, cede, empresta, fornece, porta ou, de qual- do pela Lei nº 9.983, de 2000)
quer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de a- III – em documento contábil ou em qualquer outro documento relacio-
tividade comercial ou industrial, produto ou mercadoria: (Incluído nado com as obrigações da empresa perante a previdência social,
pela Lei nº 11.035, de 2004) declaração falsa ou diversa da que deveria ter constado. (Incluído
a) em que tenha sido aplicado selo que se destine a controle tributá- pela Lei nº 9.983, de 2000)
rio, falsificado; (Incluído pela Lei nº 11.035, de 2004)
b) sem selo oficial, nos casos em que a legislação tributária determina § 4o Nas mesmas penas incorre quem omite, nos documentos mencio-
a obrigatoriedade de sua aplicação. (Incluído pela Lei nº 11.035, de nados no § 3o, nome do segurado e seus dados pessoais, a remuneração,
2004) a vigência do contrato de trabalho ou de prestação de serviços.(Incluído
§ 2º - Suprimir, em qualquer desses papéis, quando legítimos, com o pela Lei nº 9.983, de 2000)
fim de torná-los novamente utilizáveis, carimbo ou sinal indicativo de sua
inutilização: Falsificação de documento particular
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Art. 298 - Falsificar, no todo ou em parte, documento particular ou alte-
§ 3º - Incorre na mesma pena quem usa, depois de alterado, qualquer rar documento particular verdadeiro:
dos papéis a que se refere o parágrafo anterior. Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
§ 4º - Quem usa ou restitui à circulação, embora recibo de boa-fé,
qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem este artigo Falsidade ideológica
e o seu § 2º, depois de conhecer a falsidade ou alteração, incorre na pena Art. 299 - Omitir, em documento público ou particular, declaração que
de detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou
§ 5o Equipara-se a atividade comercial, para os fins do inciso III do § 1o, diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obri-
qualquer forma de comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercido gação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante:
em vias, praças ou outros logradouros públicos e em residências. (Incluído Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é públi-
pela Lei nº 11.035, de 2004) co, e reclusão de um a três anos, e multa, se o documento é particular.
Parágrafo único - Se o agente é funcionário público, e comete o crime
Petrechos de falsificação prevalecendo-se do cargo, ou se a falsificação ou alteração é de assenta-
Art. 294 - Fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou guardar objeto especi- mento de registro civil, aumenta-se a pena de sexta parte.
almente destinado à falsificação de qualquer dos papéis referidos no artigo
anterior: Falso reconhecimento de firma ou letra
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. Art. 300 - Reconhecer, como verdadeira, no exercício de função públi-
ca, firma ou letra que o não seja:
Art. 295 - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevale- Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é públi-
cendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte. co; e de um a três anos, e multa, se o documento é particular.

CAPÍTULO III Certidão ou atestado ideologicamente falso


DA FALSIDADE DOCUMENTAL Art. 301 - Atestar ou certificar falsamente, em razão de função pública,
Falsificação do selo ou sinal público fato ou circunstância que habilite alguém a obter cargo público, isenção de
Art. 296 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os: ônus ou de serviço de caráter público, ou qualquer outra vantagem:
I - selo público destinado a autenticar atos oficiais da União, de Esta- Pena - detenção, de dois meses a um ano.
do ou de Município;
II - selo ou sinal atribuído por lei a entidade de direito público, ou a au- Falsidade material de atestado ou certidão
toridade, ou sinal público de tabelião: § 1º - Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou certidão, ou alterar o
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. teor de certidão ou de atestado verdadeiro, para prova de fato ou circuns-
§ 1º - Incorre nas mesmas penas: tância que habilite alguém a obter cargo público, isenção de ônus ou de
I - quem faz uso do selo ou sinal falsificado; serviço de caráter público, ou qualquer outra vantagem:
II - quem utiliza indevidamente o selo ou sinal verdadeiro em prejuízo Pena - detenção, de três meses a dois anos.
de outrem ou em proveito próprio ou alheio. § 2º - Se o crime é praticado com o fim de lucro, aplica-se, além da pe-
III - quem altera, falsifica ou faz uso indevido de marcas, logotipos, si- na privativa de liberdade, a de multa.
glas ou quaisquer outros símbolos utilizados ou identificadores de
órgãos ou entidades da Administração Pública. (Incluído pela Lei Falsidade de atestado médico
nº 9.983, de 2000) Art. 302 - Dar o médico, no exercício da sua profissão, atestado falso:
§ 2º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime preva- Pena - detenção, de um mês a um ano.
lecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte. Parágrafo único - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se
também multa.
Falsificação de documento público
Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar Reprodução ou adulteração de selo ou peça filatélica
documento público verdadeiro: Art. 303 - Reproduzir ou alterar selo ou peça filatélica que tenha valor
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. para coleção, salvo quando a reprodução ou a alteração está visivelmente
§ 1º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecen- anotada na face ou no verso do selo ou peça:
do-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte. Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
§ 2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a documento público o e- Parágrafo único - Na mesma pena incorre quem, para fins de comércio,
manado de entidade paraestatal, o título ao portador ou transmissível por faz uso do selo ou peça filatélica.
endosso, as ações de sociedade comercial, os livros mercantis e o testa-
mento particular. Uso de documento falso
§ 3o Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir: (Incluído Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a
pela Lei nº 9.983, de 2000) que se referem os arts. 297 a 302:
I – na folha de pagamento ou em documento de informações que seja Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.
destinado a fazer prova perante a previdência social, pessoa que
não possua a qualidade de segurado obrigatório;(Incluído pela Lei Supressão de documento
nº 9.983, de 2000) Art. 305 - Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício próprio ou de ou-
II – na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado ou em trem, ou em prejuízo alheio, documento público ou particular verdadeiro, de
documento que deva produzir efeito perante a previdência social, que não podia dispor:

Noções de Direito Penal 42 A Opção Certa Para a Sua Realização


APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa, se o documento é públi- § 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não
co, e reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é particular. tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que
seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que
CAPÍTULO IV lhe proporciona a qualidade de funcionário.
DE OUTRAS FALSIDADES
Falsificação do sinal empregado no contraste de metal precioso Peculato culposo
ou na fiscalização alfandegária, ou para outros fins § 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem:
Art. 306 - Falsificar, fabricando-o ou alterando-o, marca ou sinal em- Pena - detenção, de três meses a um ano.
pregado pelo poder público no contraste de metal precioso ou na fiscaliza- § 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede
ção alfandegária, ou usar marca ou sinal dessa natureza, falsificado por à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de
outrem: metade a pena imposta.
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
Parágrafo único - Se a marca ou sinal falsificado é o que usa a autori- Peculato mediante erro de outrem
dade pública para o fim de fiscalização sanitária, ou para autenticar ou Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercí-
encerrar determinados objetos, ou comprovar o cumprimento de formalida- cio do cargo, recebeu por erro de outrem:
de legal: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Pena - reclusão ou detenção, de um a três anos, e multa.
Inserção de dados falsos em sistema de informações (Incluído pela
Falsa identidade Lei nº 9.983, de 2000)
Art. 307 - Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade para obter Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de
vantagem, em proveito próprio ou alheio, ou para causar dano a outrem: dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, se o fato não informatizados ou bancos de dados da Administração Pública com o fim de
constitui elemento de crime mais grave. obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano:
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000))
Art. 308 - Usar, como próprio, passaporte, título de eleitor, caderneta Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Incluído pela
de reservista ou qualquer documento de identidade alheia ou ceder a Lei nº 9.983, de 2000)
outrem, para que dele se utilize, documento dessa natureza, próprio ou de
terceiro: Modificação ou alteração não autorizada de sistema de informa-
Pena - detenção, de quatro meses a dois anos, e multa, se o fato não ções (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
constitui elemento de crime mais grave. Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de informações
ou programa de informática sem autorização ou solicitação de autoridade
Fraude de lei sobre estrangeiro competente: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Art. 309 - Usar o estrangeiro, para entrar ou permanecer no território Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa. (Incluído
nacional, nome que não é o seu: pela Lei nº 9.983, de 2000)
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até a metade
Parágrafo único - Atribuir a estrangeiro falsa qualidade para promover- se da modificação ou alteração resulta dano para a Administração Pública
lhe a entrada em território nacional: (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996) ou para o administrado.(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. (Incluído pela Lei nº
9.426, de 1996) Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento
Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem a
Art. 310 - Prestar-se a figurar como proprietário ou possuidor de ação, guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente:
título ou valor pertencente a estrangeiro, nos casos em que a este é vedada Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não constitui crime
por lei a propriedade ou a posse de tais bens: (Redação dada pela Lei nº mais grave.
9.426, de 1996)
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. (Redação dada Emprego irregular de verbas ou rendas públicas
pela Lei nº 9.426, de 1996) Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da esta-
belecida em lei:
Adulteração de sinal identificador de veículo automotor (Redação Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
Art. 311 - Adulterar ou remarcar número de chassi ou qualquer sinal i- Concussão
dentificador de veículo automotor, de seu componente ou equipamento: Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda
(Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)) que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa. (Redação dada pela Lei indevida:
nº 9.426, de 1996) Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
§ 1º - Se o agente comete o crime no exercício da função pública ou
em razão dela, a pena é aumentada de um terço. (Incluído pela Lei nº Excesso de exação
9.426, de 1996) § 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou
§ 2º - Incorre nas mesmas penas o funcionário público que contribui pa- deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio
ra o licenciamento ou registro do veículo remarcado ou adulterado, forne- vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza: (Redação dada pela Lei nº
cendo indevidamente material ou informação oficial. (Incluído pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)
9.426, de 1996) Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação dada pe-
la Lei nº 8.137, de 27.12.1990)
TÍTULO XI § 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA recebeu indevidamente para recolher aos cofres públicos:
CAPÍTULO I Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO
CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL Corrupção passiva
Peculato Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indire-
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qual- tamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão
quer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:
do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003)

Noções de Direito Penal 43 A Opção Certa Para a Sua Realização


APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em consequência da van- § 2o Se da ação ou omissão resulta dano à Administração Pública ou a
tagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato outrem: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
de ofício ou o pratica infringindo dever funcional. Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. (Incluído pela Lei
§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofí- nº 9.983, de 2000)
cio, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de
outrem: Violação do sigilo de proposta de concorrência
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de concorrência pública, ou
proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo:
Facilitação de contrabando ou descaminho Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa.
Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de con-
trabando ou descaminho (art. 334): Funcionário público
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação dada pe- Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais,
la Lei nº 8.137, de 27.12.1990) quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, em-
prego ou função pública.
Prevaricação § 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego
Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa presta-
ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou dora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade
sentimento pessoal: típica da Administração Pública. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. § 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos
crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão
Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público, de ou de função de direção ou assessoramento de órgão da administração
cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho telefônico, de direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituí-
rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o da pelo poder público. (Incluído pela Lei nº 6.799, de 1980)
ambiente externo: (Incluído pela Lei nº 11.466, de 2007).
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. CAPÍTULO II
DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A ADMINIS-
Condescendência criminosa TRAÇÃO EM GERAL
Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar su- Usurpação de função pública
bordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte Art. 328 - Usurpar o exercício de função pública:
competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente: Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. Parágrafo único - Se do fato o agente aufere vantagem:
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
Advocacia administrativa
Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante Resistência
a administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário: Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ame-
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. aça a funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe esteja pres-
Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo: tando auxílio:
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da multa. Pena - detenção, de dois meses a dois anos.
§ 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa:
Violência arbitrária Pena - reclusão, de um a três anos.
Art. 322 - Praticar violência, no exercício de função ou a pretexto de § 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das corres-
exercê-la: pondentes à violência.
Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da pena correspon-
dente à violência. Desobediência
Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário público:
Abandono de função Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa.
Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos permitidos em lei:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. Desacato
§ 1º - Se do fato resulta prejuízo público: Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da função ou em
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. razão dela:
§ 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de fronteira: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
Tráfico de Influência (Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995)
Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, van-
Art. 324 - Entrar no exercício de função pública antes de satisfeitas as tagem ou promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por
exigências legais, ou continuar a exercê-la, sem autorização, depois de funcionário público no exercício da função: (Redação dada pela Lei nº
saber oficialmente que foi exonerado, removido, substituído ou suspenso: 9.127, de 1995)
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Redação dada
pela Lei nº 9.127, de 1995)
Violação de sigilo funcional Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, se o agente alega
Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que de- ou insinua que a vantagem é também destinada ao funcionário. (Redação
va permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação: dada pela Lei nº 9.127, de 1995)
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato não
constitui crime mais grave. Corrupção ativa
§ 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: (Incluído pela Lei nº Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário públi-
9.983, de 2000) co, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício:
I – permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e empréstimo Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada
de senha ou qualquer outra forma, o acesso de pessoas não auto- pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003)
rizadas a sistemas de informações ou banco de dados da Adminis- Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se, em razão da
tração Pública; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou omite ato de ofício, ou o
II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. (Incluído pela Lei nº pratica infringindo dever funcional.
9.983, de 2000)

Noções de Direito Penal 44 A Opção Certa Para a Sua Realização


APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Contrabando ou descaminho Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Incluído pela
Art. 334 Importar ou exportar mercadoria proibida ou iludir, no todo ou Lei nº 9.983, de 2000)
em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela § 1o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara e
saída ou pelo consumo de mercadoria: confessa as contribuições, importâncias ou valores e presta as informações
Pena - reclusão, de um a quatro anos. devidas à previdência social, na forma definida em lei ou regulamento,
§ 1º - Incorre na mesma pena quem: (Redação dada pela Lei nº 4.729, antes do início da ação fiscal. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
de 14.7.1965) § 2o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a
a) pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos em lei; de multa se o agente for primário e de bons antecedentes, desde que:
(Redação dada pela Lei nº 4.729, de 14.7.1965) (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
b) pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando ou desca- I – (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
minho; (Redação dada pela Lei nº 4.729, de 14.7.1965) II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual
c) vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer for- ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, administra-
ma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade tivamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas exe-
comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira que cuções fiscais. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
introduziu clandestinamente no País ou importou fraudulentamente § 3o Se o empregador não é pessoa jurídica e sua folha de pagamento
ou que sabe ser produto de introdução clandestina no território na- mensal não ultrapassa R$ 1.510,00 (um mil, quinhentos e dez reais), o juiz
cional ou de importação fraudulenta por parte de outrem; (Incluído poderá reduzir a pena de um terço até a metade ou aplicar apenas a de
pela Lei nº 4.729, de 14.7.1965) multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
d) adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercí- § 4o O valor a que se refere o parágrafo anterior será reajustado nas
cio de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência mesmas datas e nos mesmos índices do reajuste dos benefícios da previ-
estrangeira, desacompanhada de documentação legal, ou acom- dência social. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
panhada de documentos que sabe serem falsos. (Incluído pela Lei
nº 4.729, de 14.7.1965) CAPÍTULO II-A
§ 2º - Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste arti- (Incluído pela Lei nº 10.467, de 11.6.2002)
go, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino de mercadorias
estrangeiras, inclusive o exercido em residências. (Redação dada pela Lei DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A ADMINIS-
nº 4.729, de 14.7.1965) TRAÇÃO PÚBLICA ESTRANGEIRA
§ 3º - A pena aplica-se em dobro, se o crime de contrabando ou des- Corrupção ativa em transação comercial internacional
caminho é praticado em transporte aéreo. (Incluído pela Lei nº 4.729, de Art. 337-B. Prometer, oferecer ou dar, direta ou indiretamente, vanta-
14.7.1965) gem indevida a funcionário público estrangeiro, ou a terceira pessoa, para
determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício relacionado à transa-
Impedimento, perturbação ou fraude de concorrência ção comercial internacional: (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002)
Art. 335 - Impedir, perturbar ou fraudar concorrência pública ou venda Pena – reclusão, de 1 (um) a 8 (oito) anos, e multa. (Incluído pela Lei
em hasta pública, promovida pela administração federal, estadual ou muni- nº 10467, de 11.6.2002)
cipal, ou por entidade paraestatal; afastar ou procurar afastar concorrente Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/3 (um terço), se, em razão
ou licitante, por meio de violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento da vantagem ou promessa, o funcionário público estrangeiro retarda ou
de vantagem: omite o ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional. (Incluído pela
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, além da pena Lei nº 10467, de 11.6.2002)
correspondente à violência.
Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem se abstém de concor- Tráfico de influência em transação comercial internacional (Incluí-
rer ou licitar, em razão da vantagem oferecida. do pela Lei nº 10467, de 11.6.2002)
Art. 337-C. Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, di-
Inutilização de edital ou de sinal reta ou indiretamente, vantagem ou promessa de vantagem a pretexto de
Art. 336 - Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou conspurcar edital influir em ato praticado por funcionário público estrangeiro no exercício de
afixado por ordem de funcionário público; violar ou inutilizar selo ou sinal suas funções, relacionado a transação comercial internacional: (Incluído
empregado, por determinação legal ou por ordem de funcionário público, pela Lei nº 10467, de 11.6.2002)
para identificar ou cerrar qualquer objeto: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Incluído pela
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. Lei nº 10467, de 11.6.2002)
Parágrafo único. A pena é aumentada da metade, se o agente alega ou
Subtração ou inutilização de livro ou documento insinua que a vantagem é também destinada a funcionário estrangeiro.
Art. 337 - Subtrair, ou inutilizar, total ou parcialmente, livro oficial, pro- (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002)
cesso ou documento confiado à custódia de funcionário, em razão de ofício,
ou de particular em serviço público: Funcionário público estrangeiro (Incluído pela Lei nº 10467, de
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, se o fato não constitui crime 11.6.2002)
mais grave. Art. 337-D. Considera-se funcionário público estrangeiro, para os efei-
tos penais, quem, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, exerce
Sonegação de contribuição previdenciária (Incluído pela Lei nº cargo, emprego ou função pública em entidades estatais ou em representa-
9.983, de 2000) ções diplomáticas de país estrangeiro. (Incluído pela Lei nº 10467, de
Art. 337-A. Suprimir ou reduzir contribuição social previdenciária e 11.6.2002)
qualquer acessório, mediante as seguintes condutas: (Incluído pela Lei nº Parágrafo único. Equipara-se a funcionário público estrangeiro quem
9.983, de 2000) exerce cargo, emprego ou função em empresas controladas, diretamente
I – omitir de folha de pagamento da empresa ou de documento de in- ou indiretamente, pelo Poder Público de país estrangeiro ou em organiza-
formações previsto pela legislação previdenciária segurados empregado, ções públicas internacionais. (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002)
empresário, trabalhador avulso ou trabalhador autônomo ou a este equipa-
rado que lhe prestem serviços; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
II – deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da contabilidade DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA
da empresa as quantias descontadas dos segurados ou as devidas pelo
empregador ou pelo tomador de serviços; (Incluído pela Lei nº 9.983, de
Reingresso de estrangeiro expulso
2000)
Art. 338 - Reingressar no território nacional o estrangeiro que dele foi
III – omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros auferidos, remune-
expulso:
rações pagas ou creditadas e demais fatos geradores de contribuições
Pena - reclusão, de um a quatro anos, sem prejuízo de nova expulsão
sociais previdenciárias: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
após o cumprimento da pena.

Noções de Direito Penal 45 A Opção Certa Para a Sua Realização


APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Denunciação caluniosa Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
Art. 339. Dar causa à instauração de investigação policial, de processo Parágrafo único - Se a inovação se destina a produzir efeito em pro-
judicial, instauração de investigação administrativa, inquérito civil ou ação cesso penal, ainda que não iniciado, as penas aplicam-se em dobro.
de improbidade administrativa contra alguém, imputando-lhe crime de que o
sabe inocente: (Redação dada pela Lei nº 10.028, de 2000) Favorecimento pessoal
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. Art. 348 - Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade pública autor de
§ 1º - A pena é aumentada de sexta parte, se o agente se serve de a- crime a que é cominada pena de reclusão:
nonimato ou de nome suposto. Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
§ 2º - A pena é diminuída de metade, se a imputação é de prática de § 1º - Se ao crime não é cominada pena de reclusão:
contravenção. Pena - detenção, de quinze dias a três meses, e multa.
§ 2º - Se quem presta o auxílio é ascendente, descendente, cônjuge ou
Comunicação falsa de crime ou de contravenção irmão do criminoso, fica isento de pena.
Art. 340 - Provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrên-
cia de crime ou de contravenção que sabe não se ter verificado: Favorecimento real
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Art. 349 - Prestar a criminoso, fora dos casos de co-autoria ou de re-
ceptação, auxílio destinado a tornar seguro o proveito do crime:
Auto-acusação falsa Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
Art. 341 - Acusar-se, perante a autoridade, de crime inexistente ou pra-
ticado por outrem: Exercício arbitrário ou abuso de poder
Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa. Art. 350 - Ordenar ou executar medida privativa de liberdade individual,
sem as formalidades legais ou com abuso de poder:
Falso testemunho ou falsa perícia Pena - detenção, de um mês a um ano.
Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como tes- Parágrafo único - Na mesma pena incorre o funcionário que:
temunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou I - ilegalmente recebe e recolhe alguém a prisão, ou a estabelecimen-
administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral: (Redação dada pela to destinado a execução de pena privativa de liberdade ou de me-
Lei nº 10.268, de 28.8.2001) dida de segurança;
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. II - prolonga a execução de pena ou de medida de segurança, deixan-
§ 1o As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o crime é pra- do de expedir em tempo oportuno ou de executar imediatamente a
ticado mediante suborno ou se cometido com o fim de obter prova destina- ordem de liberdade;
da a produzir efeito em processo penal, ou em processo civil em que for III - submete pessoa que está sob sua guarda ou custódia a vexame
parte entidade da administração pública direta ou indireta.(Redação dada ou a constrangimento não autorizado em lei;
pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) IV - efetua, com abuso de poder, qualquer diligência.
§ 2o O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo em
que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou declara a verdade.(Redação Fuga de pessoa presa ou submetida a medida de segurança
dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) Art. 351 - Promover ou facilitar a fuga de pessoa legalmente presa ou
submetida a medida de segurança detentiva:
Art. 343. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer outra vanta- Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
gem a testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete, para fazer § 1º - Se o crime é praticado a mão armada, ou por mais de uma pes-
afirmação falsa, negar ou calar a verdade em depoimento, perícia, cálculos, soa, ou mediante arrombamento, a pena é de reclusão, de dois a seis anos.
tradução ou interpretação: (Redação dada pela Lei nº 10.268, de § 2º - Se há emprego de violência contra pessoa, aplica-se também a
28.8.2001) pena correspondente à violência.
Pena - reclusão, de três a quatro anos, e multa.(Redação dada pela Lei § 3º - A pena é de reclusão, de um a quatro anos, se o crime é pratica-
nº 10.268, de 28.8.2001) do por pessoa sob cuja custódia ou guarda está o preso ou o internado.
Parágrafo único. As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o § 4º - No caso de culpa do funcionário incumbido da custódia ou guar-
crime é cometido com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em da, aplica-se a pena de detenção, de três meses a um ano, ou multa.
processo penal ou em processo civil em que for parte entidade da adminis-
tração pública direta ou indireta. (Redação dada pela Lei nº 10.268, de Evasão mediante violência contra a pessoa
28.8.2001) Art. 352 - Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o indivíduo submeti-
do a medida de segurança detentiva, usando de violência contra a pessoa:
Coação no curso do processo Pena - detenção, de três meses a um ano, além da pena correspon-
Art. 344 - Usar de violência ou grave ameaça, com o fim de favorecer dente à violência.
interesse próprio ou alheio, contra autoridade, parte, ou qualquer outra
pessoa que funciona ou é chamada a intervir em processo judicial, policial Arrebatamento de preso
ou administrativo, ou em juízo arbitral: Art. 353 - Arrebatar preso, a fim de maltratá-lo, do poder de quem o te-
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, além da pena corres- nha sob custódia ou guarda:
pondente à violência. Pena - reclusão, de um a quatro anos, além da pena correspondente à
violência.
Exercício arbitrário das próprias razões
Motim de presos
Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão,
Art. 354 - Amotinarem-se presos, perturbando a ordem ou disciplina da
embora legítima, salvo quando a lei o permite:
prisão:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da pena
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da pena correspon-
correspondente à violência.
dente à violência.
Parágrafo único - Se não há emprego de violência, somente se proce-
de mediante queixa. Patrocínio infiel
Art. 346 - Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa própria, que se acha Art. 355 - Trair, na qualidade de advogado ou procurador, o dever pro-
em poder de terceiro por determinação judicial ou convenção: fissional, prejudicando interesse, cujo patrocínio, em juízo, lhe é confiado:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa.
Fraude processual Patrocínio simultâneo ou tergiversação
Art. 347 - Inovar artificiosamente, na pendência de processo civil ou Parágrafo único - Incorre na pena deste artigo o advogado ou procura-
administrativo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de dor judicial que defende na mesma causa, simultânea ou sucessivamente,
induzir a erro o juiz ou o perito: partes contrárias.

Noções de Direito Penal 46 A Opção Certa Para a Sua Realização


APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Sonegação de papel ou objeto de valor probatório Prestação de garantia graciosa (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
Art. 356 - Inutilizar, total ou parcialmente, ou deixar de restituir autos, Art. 359-E. Prestar garantia em operação de crédito sem que tenha si-
documento ou objeto de valor probatório, que recebeu na qualidade de do constituída contragarantia em valor igual ou superior ao valor da garantia
advogado ou procurador: prestada, na forma da lei: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
Pena - detenção, de seis a três anos, e multa. Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. (Incluído pela Lei nº
10.028, de 2000)
Exploração de prestígio
Art. 357 - Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra utilidade, a Não cancelamento de restos a pagar (Incluído pela Lei nº 10.028, de
pretexto de influir em juiz, jurado, órgão do Ministério Público, funcionário 2000)
de justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha: Art. 359-F. Deixar de ordenar, de autorizar ou de promover o cancela-
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. mento do montante de restos a pagar inscrito em valor superior ao permiti-
Parágrafo único - As penas aumentam-se de um terço, se o agente a- do em lei: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
lega ou insinua que o dinheiro ou utilidade também se destina a qualquer Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. (Incluído pela Lei
das pessoas referidas neste artigo. nº 10.028, de 2000)

Violência ou fraude em arrematação judicial Aumento de despesa total com pessoal no último ano do mandato
Art. 358 - Impedir, perturbar ou fraudar arrematação judicial; afastar ou ou legislatura (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
procurar afastar concorrente ou licitante, por meio de violência, grave Art. 359-G. Ordenar, autorizar ou executar ato que acarrete aumento
ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem: de despesa total com pessoal, nos cento e oitenta dias anteriores ao final
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa, além da pena cor- do mandato ou da legislatura: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000))
respondente à violência. Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído pela Lei nº
10.028, de 2000)
Desobediência a decisão judicial sobre perda ou suspensão de di-
reito Oferta pública ou colocação de títulos no mercado (Incluído pela
Art. 359 - Exercer função, atividade, direito, autoridade ou múnus, de Lei nº 10.028, de 2000)
que foi suspenso ou privado por decisão judicial: Art. 359-H. Ordenar, autorizar ou promover a oferta pública ou a colo-
Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa. cação no mercado financeiro de títulos da dívida pública sem que tenham
sido criados por lei ou sem que estejam registrados em sistema centraliza-
CAPÍTULO IV do de liquidação e de custódia: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
DOS CRIMES CONTRA AS FINANÇAS PÚBLICAS Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído pela Lei nº
(Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) 10.028, de 2000)

Contratação de operação de crédito


Art. 359-A. Ordenar, autorizar ou realizar operação de crédito, interno CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA
ou externo, sem prévia autorização legislativa: (Incluído pela Lei nº 10.028,
de 2000)
LEI Nº 8.137, DE 27 DE DEZEMBRO DE 1990.
Pena – reclusão, de 1 (um) a 2 (dois) anos. (Incluído pela Lei nº
10.028, de 2000)
Parágrafo único. Incide na mesma pena quem ordena, autoriza ou rea- Define crimes contra a ordem tributária, econômica e contra as rela-
liza operação de crédito, interno ou externo: (Incluído pela Lei nº 10.028, de ções de consumo, e dá outras providências.
2000)
I – com inobservância de limite, condição ou montante estabelecido CAPÍTULO I
em lei ou em resolução do Senado Federal; (Incluído pela Lei nº Dos Crimes Contra a Ordem Tributária
10.028, de 2000) Seção I
II – quando o montante da dívida consolidada ultrapassa o limite má- Dos crimes praticados por particulares
ximo autorizado por lei. (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) Art. 1° Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tri-
buto, ou contribuição social e qualquer acessório, mediante as seguintes
Inscrição de despesas não empenhadas em restos a pagar (Incluí- condutas: (Vide Lei nº 9.964, de 10.4.2000)
do pela Lei nº 10.028, de 2000) I - omitir informação, ou prestar declaração falsa às autoridades fa-
Art. 359-B. Ordenar ou autorizar a inscrição em restos a pagar, de des- zendárias;
pesa que não tenha sido previamente empenhada ou que exceda limite II - fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos, ou
estabelecido em lei: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) omitindo operação de qualquer natureza, em documento ou livro
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. (Incluído pela Lei exigido pela lei fiscal;
nº 10.028, de 2000) III - falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda, ou
qualquer outro documento relativo à operação tributável;
Assunção de obrigação no último ano do mandato ou legislatura IV - elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar documento que saiba
(Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) ou deva saber falso ou inexato;
Art. 359-C. Ordenar ou autorizar a assunção de obrigação, nos dois úl- V - negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório, nota fiscal ou do-
timos quadrimestres do último ano do mandato ou legislatura, cuja despesa cumento equivalente, relativa a venda de mercadoria ou prestação
não possa ser paga no mesmo exercício financeiro ou, caso reste parcela a de serviço, efetivamente realizada, ou fornecê-la em desacordo
ser paga no exercício seguinte, que não tenha contrapartida suficiente de com a legislação.
disponibilidade de caixa: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) Pena - reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.(Incluído pela Lei nº Parágrafo único. A falta de atendimento da exigência da autoridade, no
10.028, de 2000) prazo de 10 (dez) dias, que poderá ser convertido em horas em razão da
maior ou menor complexidade da matéria ou da dificuldade quanto ao
Ordenação de despesa não autorizada (Incluído pela Lei nº 10.028, atendimento da exigência, caracteriza a infração prevista no inciso V.
de 2000)
Art. 359-D. Ordenar despesa não autorizada por lei: (Incluído pela Lei Art. 2° Constitui crime da mesma natureza: (Vide Lei nº 9.964, de
nº 10.028, de 2000) 10.4.2000)
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído pela Lei nº I- fazer declaração falsa ou omitir declaração sobre rendas, bens
10.028, de 2000) ou fatos, ou empregar outra fraude, para eximir-se, total ou par-
cialmente, de pagamento de tributo;

Noções de Direito Penal 47 A Opção Certa Para a Sua Realização


APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
II - deixar de recolher, no prazo legal, valor de tributo ou de contribu- Art. 5° Constitui crime da mesma natureza:
ição social, descontado ou cobrado, na qualidade de sujeito pas- I - exigir exclusividade de propaganda, transmissão ou difusão de pu-
sivo de obrigação e que deveria recolher aos cofres públicos; blicidade, em detrimento de concorrência;
III - exigir, pagar ou receber, para si ou para o contribuinte beneficiá- II - subordinar a venda de bem ou a utilização de serviço à aquisição
rio, qualquer percentagem sobre a parcela dedutível ou deduzida de outro bem, ou ao uso de determinado serviço;
de imposto ou de contribuição como incentivo fiscal; III - sujeitar a venda de bem ou a utilização de serviço à aquisição de
IV - deixar de aplicar, ou aplicar em desacordo com o estatuído, in- quantidade arbitrariamente determinada;
centivo fiscal ou parcelas de imposto liberadas por órgão ou en- IV - recusar-se, sem justa causa, o diretor, administrador, ou gerente
tidade de desenvolvimento; de empresa a prestar à autoridade competente ou prestá-la de
V - utilizar ou divulgar programa de processamento de dados que modo inexato, informando sobre o custo de produção ou preço de
permita ao sujeito passivo da obrigação tributária possuir infor- venda.
mação contábil diversa daquela que é, por lei, fornecida à Fa- Pena - detenção, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, ou multa.
zenda Pública. Parágrafo único. A falta de atendimento da exigência da autoridade, no
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. prazo de 10 (dez) dias, que poderá ser convertido em horas em razão da
maior ou menor complexidade da matéria ou da dificuldade quanto ao
Seção II atendimento da exigência, caracteriza a infração prevista no inciso IV.
Dos crimes praticados por funcionários públicos
Art. 3° Constitui crime funcional contra a ordem tributária, além dos Art. 6° Constitui crime da mesma natureza:
previstos no Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código I - vender ou oferecer à venda mercadoria, ou contratar ou oferecer
Penal (Título XI, Capítulo I): serviço, por preço superior ao oficialmente tabelado, ao regime le-
I - extraviar livro oficial, processo fiscal ou qualquer documento, de gal de controle;
que tenha a guarda em razão da função; sonegá-lo, ou inutilizá-lo, II - aplicar fórmula de reajustamento de preços ou indexação de con-
total ou parcialmente, acarretando pagamento indevido ou inexato trato proibida, ou diversa daquela que for legalmente estabelecida,
de tributo ou contribuição social; ou fixada por autoridade competente;
II - exigir, solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indire- III - exigir, cobrar ou receber qualquer vantagem ou importância adicio-
tamente, ainda que fora da função ou antes de iniciar seu exercí- nal de preço tabelado, congelado, administrado, fixado ou contro-
cio, mas em razão dela, vantagem indevida; ou aceitar promessa lado pelo Poder Público, inclusive por meio da adoção ou de au-
de tal vantagem, para deixar de lançar ou cobrar tributo ou contri- mento de taxa ou outro percentual, incidente sobre qualquer con-
buição social, ou cobrá-los parcialmente. Pena - reclusão, de 3 tratação. Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, ou multa.
(três) a 8 (oito) anos, e multa.
III - patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a Art. 7° Constitui crime contra as relações de consumo:
administração fazendária, valendo-se da qualidade de funcionário I- favorecer ou preferir, sem justa causa, comprador ou freguês,
público. Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. ressalvados os sistemas de entrega ao consumo por intermédio
de distribuidores ou revendedores;
CAPÍTULO II II - vender ou expor à venda mercadoria cuja embalagem, tipo, es-
Dos crimes Contra a Economia e as Relações de Consumo pecificação, peso ou composição esteja em desacordo com as
Art. 4° Constitui crime contra a ordem econômica: prescrições legais, ou que não corresponda à respectiva classifi-
I- abusar do poder econômico, dominando o mercado ou eliminan- cação oficial;
do, total ou parcialmente, a concorrência mediante: III - misturar gêneros e mercadorias de espécies diferentes, para
a) ajuste ou acordo de empresas; vendê-los ou expô-los à venda como puros; misturar gêneros e
b) aquisição de acervos de empresas ou cotas, ações, títulos ou di- mercadorias de qualidades desiguais para vendê-los ou expô-los
reitos; à venda por preço estabelecido para os demais mais alto custo;
c) coalizão, incorporação, fusão ou integração de empresas; IV - fraudar preços por meio de:
d) concentração de ações, títulos, cotas, ou direitos em poder de a) alteração, sem modificação essencial ou de qualidade, de ele-
empresa, empresas coligadas ou controladas, ou pessoas físi- mentos tais como denominação, sinal externo, marca, embala-
cas; gem, especificação técnica, descrição, volume, peso, pintura ou
e) cessação parcial ou total das atividades da empresa; acabamento de bem ou serviço;
f) impedimento à constituição, funcionamento ou desenvolvimento b) divisão em partes de bem ou serviço, habitualmente oferecido à
de empresa concorrente. venda em conjunto;
II - formar acordo, convênio, ajuste ou aliança entre ofertantes, vi- c) junção de bens ou serviços, comumente oferecidos à venda em
sando: separado;
a) à fixação artificial de preços ou quantidades vendidas ou produ- d) aviso de inclusão de insumo não empregado na produção do
zidas; bem ou na prestação dos serviços;
b) ao controle regionalizado do mercado por empresa ou grupo de V - elevar o valor cobrado nas vendas a prazo de bens ou serviços,
empresas; mediante a exigência de comissão ou de taxa de juros ilegais;
c) ao controle, em detrimento da concorrência, de rede de distribui- VI - sonegar insumos ou bens, recusando-se a vendê-los a quem
ção ou de fornecedores. pretenda comprá-los nas condições publicamente ofertadas, ou
III - discriminar preços de bens ou de prestação de serviços por ajus- retê-los para o fim de especulação;
tes ou acordo de grupo econômico, com o fim de estabelecer VII - induzir o consumidor ou usuário a erro, por via de indicação ou
monopólio, ou de eliminar, total ou parcialmente, a concorrência; afirmação falsa ou enganosa sobre a natureza, qualidade do
IV - açambarcar, sonegar, destruir ou inutilizar bens de produção ou bem ou serviço, utilizando-se de qualquer meio, inclusive a vei-
de consumo, com o fim de estabelecer monopólio ou de eliminar, culação ou divulgação publicitária;
total ou parcialmente, a concorrência; VIII - destruir, inutilizar ou danificar matéria-prima ou mercadoria, com
V - provocar oscilação de preços em detrimento de empresa concor- o fim de provocar alta de preço, em proveito próprio ou de tercei-
rente ou vendedor de matéria-prima, mediante ajuste ou acordo, ros;
ou por outro meio fraudulento; IX - vender, ter em depósito para vender ou expor à venda ou, de
VI - vender mercadorias abaixo do preço de custo, com o fim de im- qualquer forma, entregar matéria-prima ou mercadoria, em con-
pedir a concorrência; dições impróprias ao consumo;
VII - elevar sem justa causa o preço de bem ou serviço, valendo-se Pena - detenção, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, ou multa.
de posição dominante no mercado. (Redação dada pela Lei nº Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II, III e IX pune-se a moda-
8.884, de 11.6.1994) lidade culposa, reduzindo-se a pena e a detenção de 1/3 (um terço) ou a de
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, ou multa. multa à quinta parte.

Noções de Direito Penal 48 A Opção Certa Para a Sua Realização


APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
CAPÍTULO III Art. 21. O art. 318 do Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940
Das Multas Código Penal, quanto à fixação da pena, passa a ter a seguinte redação:
Art. 8° Nos crimes definidos nos arts. 1° a 3° desta lei, a pena de multa "Art. 318. ............................................................
será fixada entre 10 (dez) e 360 (trezentos e sessenta) dias-multa, confor- Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa".
me seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime.
Parágrafo único. O dia-multa será fixado pelo juiz em valor não inferior Art. 22. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
a 14 (quatorze) nem superior a 200 (duzentos) Bônus do Tesouro Nacional
BTN. Art. 23. Revogam-se as disposições em contrário e, em especial, o art.
279 do Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal.
Art. 9° A pena de detenção ou reclusão poderá ser convertida em multa
de valor equivalente a:
I - 200.000 (duzentos mil) até 5.000.000 (cinco milhões) de BTN, nos CRIMES CONTRA A ORDEM ECONÔMICA
crimes definidos no art. 4°;
II - 5.000 (cinco mil) até 200.000 (duzentos mil) BTN, nos crimes defi-
LEI No 7.492, DE 16 DE JUNHO DE 1986.
nidos nos arts. 5° e 6°;
III - 50.000 (cinquenta mil) até 1.000.000 (um milhão de BTN), nos cri-
mes definidos no art. 7°. Art. 1º Considera-se instituição financeira, para efeito desta lei, a pes-
soa jurídica de direito público ou privado, que tenha como atividade princi-
Art. 10. Caso o juiz, considerado o ganho ilícito e a situação econômica pal ou acessória, cumulativamente ou não, a captação, intermediação ou
do réu, verifique a insuficiência ou excessiva onerosidade das penas pecu- aplicação de recursos financeiros (Vetado) de terceiros, em moeda nacional
niárias previstas nesta lei, poderá diminuí-las até a décima parte ou elevá- ou estrangeira, ou a custódia, emissão, distribuição, negociação, intermedi-
las ao décuplo. ação ou administração de valores mobiliários.
Parágrafo único. Equipara-se à instituição financeira:
CAPÍTULO IV I - a pessoa jurídica que capte ou administre seguros, câmbio, con-
Das Disposições Gerais sórcio, capitalização ou qualquer tipo de poupança, ou recursos de
Art. 11. Quem, de qualquer modo, inclusive por meio de pessoa jurídi- terceiros;
ca, concorre para os crimes definidos nesta lei, incide nas penas a estes II - a pessoa natural que exerça quaisquer das atividades referidas
cominadas, na medida de sua culpabilidade. neste artigo, ainda que de forma eventual.
Parágrafo único. Quando a venda ao consumidor for efetuada por sis-
tema de entrega ao consumo ou por intermédio de outro em que o preço ao DOS CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL
consumidor é estabelecido ou sugerido pelo fabricante ou concedente, o Art. 2º Imprimir, reproduzir ou, de qualquer modo, fabricar ou pôr em
ato por este praticado não alcança o distribuidor ou revendedor. circulação, sem autorização escrita da sociedade emissora, certificado,
cautela ou outro documento representativo de título ou valor mobiliário:
Art. 12. São circunstâncias que podem agravar de 1/3 (um terço) até a Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.
metade as penas previstas nos arts. 1°, 2° e 4° a 7°: Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem imprime, fabrica, divul-
I - ocasionar grave dano à coletividade; ga, distribui ou faz distribuir prospecto ou material de propaganda relativo
II - ser o crime cometido por servidor público no exercício de suas fun- aos papéis referidos neste artigo.
ções;
III - ser o crime praticado em relação à prestação de serviços ou ao Art. 3º Divulgar informação falsa ou prejudicialmente incompleta sobre
comércio de bens essenciais à vida ou à saúde. instituição financeira:
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Art. 13. (Vetado).
Art. 15. Os crimes previstos nesta lei são de ação penal pública, apli- Art. 4º Gerir fraudulentamente instituição financeira:
cando-se-lhes o disposto no art. 100 do Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de Pena - Reclusão, de 3 (três) a 12 (doze) anos, e multa.
dezembro de 1940 - Código Penal. Parágrafo único. Se a gestão é temerária:
Art. 16. Qualquer pessoa poderá provocar a iniciativa do Ministério Pú- Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.
blico nos crimes descritos nesta lei, fornecendo-lhe por escrito informações
sobre o fato e a autoria, bem como indicando o tempo, o lugar e os elemen- Art. 5º Apropriar-se, quaisquer das pessoas mencionadas no art. 25
tos de convicção. desta lei, de dinheiro, título, valor ou qualquer outro bem móvel de que tem
Parágrafo único. Nos crimes previstos nesta Lei, cometidos em quadri- a posse, ou desviá-lo em proveito próprio ou alheio:
lha ou co-autoria, o co-autor ou partícipe que através de confissão espontâ- Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
nea revelar à autoridade policial ou judicial toda a trama delituosa terá a sua Parágrafo único. Incorre na mesma pena qualquer das pessoas men-
pena reduzida de um a dois terços. (Parágrafo incluído pela Lei nº 9.080, de cionadas no art. 25 desta lei, que negociar direito, título ou qualquer outro
19.7.1995) bem móvel ou imóvel de que tem a posse, sem autorização de quem de
Art. 17. Compete ao Departamento Nacional de Abastecimento e Pre- direito.
ços, quando e se necessário, providenciar a desapropriação de estoques, a
fim de evitar crise no mercado ou colapso no abastecimento. Art. 6º Induzir ou manter em erro, sócio, investidor ou repartição pública
competente, relativamente a operação ou situação financeira, sonegando-
Art. 19. O caput do art. 172 do Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de dezembro lhe informação ou prestando-a falsamente:
de 1940 - Código Penal, passa a ter a seguinte redação: Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
"Art. 172. Emitir fatura, duplicata ou nota de venda que não correspon-
da à mercadoria vendida, em quantidade ou qualidade, ou ao serviço Art. 7º Emitir, oferecer ou negociar, de qualquer modo, títulos ou valo-
prestado. res mobiliários:
Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa". I - falsos ou falsificados;
II - sem registro prévio de emissão junto à autoridade competente, em
Art. 20. O § 1° do art. 316 do Decreto-Lei n° 2 848, de 7 de dezembro condições divergentes das constantes do registro ou irregularmen-
de 1940 Código Penal, passa a ter a seguinte redação: te registrados;
"Art. 316. ............................................................ III - sem lastro ou garantia suficientes, nos termos da legislação;
§ 1° Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou IV - sem autorização prévia da autoridade competente, quando legal-
deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio mente exigida:
vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza; Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa".

Noções de Direito Penal 49 A Opção Certa Para a Sua Realização


APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Art. 8º Exigir, em desacordo com a legislação (Vetado), juro, comissão Art. 19. Obter, mediante fraude, financiamento em instituição financeira:
ou qualquer tipo de remuneração sobre operação de crédito ou de seguro, Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
administração de fundo mútuo ou fiscal ou de consórcio, serviço de correta- Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é
gem ou distribuição de títulos ou valores mobiliários: cometido em detrimento de instituição financeira oficial ou por ela credenci-
Pena - Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. ada para o repasse de financiamento.

Art. 9º Fraudar a fiscalização ou o investidor, inserindo ou fazendo inse- Art. 20. Aplicar, em finalidade diversa da prevista em lei ou contrato, re-
rir, em documento comprobatório de investimento em títulos ou valores cursos provenientes de financiamento concedido por instituição financeira
mobiliários, declaração falsa ou diversa da que dele deveria constar: oficial ou por instituição credenciada para repassá-lo:
Pena - Reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Art. 10. Fazer inserir elemento falso ou omitir elemento exigido pela le-
gislação, em demonstrativos contábeis de instituição financeira, seguradora Art. 21. Atribuir-se, ou atribuir a terceiro, falsa identidade, para realiza-
ou instituição integrante do sistema de distribuição de títulos de valores ção de operação de câmbio:
mobiliários: Pena - Detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Pena - Reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa. Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, para o mesmo fim, so-
nega informação que devia prestar ou presta informação falsa.
Art. 11. Manter ou movimentar recurso ou valor paralelamente à conta-
bilidade exigida pela legislação: Art. 22. Efetuar operação de câmbio não autorizada, com o fim de pro-
Pena - Reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa. mover evasão de divisas do País:
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Art. 12. Deixar, o ex-administrador de instituição financeira, de apresen- Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, a qualquer título, pro-
tar, ao interventor, liquidante, ou síndico, nos prazos e condições estabele- move, sem autorização legal, a saída de moeda ou divisa para o exterior,
cidas em lei as informações, declarações ou documentos de sua responsa- ou nele mantiver depósitos não declarados à repartição federal competente.
bilidade:
Pena - Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Art. 23. Omitir, retardar ou praticar, o funcionário público, contra dispo-
Art. 13. Desviar (Vetado) bem alcançado pela indisponibilidade legal sição expressa de lei, ato de ofício necessário ao regular funcionamento do
resultante de intervenção, liquidação extrajudicial ou falência de instituição sistema financeiro nacional, bem como a preservação dos interesses e
financeira. valores da ordem econômico-financeira:
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. Pena - Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. Na mesma pena incorra o interventor, o liquidante ou
o síndico que se apropriar de bem abrangido pelo caput deste artigo, ou Art. 24. (VETADO).
desviá-lo em proveito próprio ou alheio. DA APLICAÇÃO E DO PROCEDIMENTO CRIMINAL
Art. 25. São penalmente responsáveis, nos termos desta lei, o contro-
Art. 14. Apresentar, em liquidação extrajudicial, ou em falência de insti- lador e os administradores de instituição financeira, assim considerados os
tuição financeira, declaração de crédito ou reclamação falsa, ou juntar a diretores, gerentes (Vetado).
elas título falso ou simulado: § 1º Equiparam-se aos administradores de instituição financeira (Veta-
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa. do) o interventor, o liquidante ou o síndico.
Parágrafo único. Na mesma pena incorre o ex-administrador ou falido § 2º Nos crimes previstos nesta Lei, cometidos em quadrilha ou co-
que reconhecer, como verdadeiro, crédito que não o seja. autoria, o co-autor ou partícipe que através de confissão espontânea reve-
lar à autoridade policial ou judicial toda a trama delituosa terá a sua pena
Art. 15. Manifestar-se falsamente o interventor, o liquidante ou o síndi- reduzida de um a dois terços. (Incluído pela Lei nº 9.080, de 19.7.1995)
co, (Vetado) à respeito de assunto relativo a intervenção, liquidação extra-
judicial ou falência de instituição financeira: Art. 26. A ação penal, nos crimes previstos nesta lei, será promovida
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa. pelo Ministério Público Federal, perante a Justiça Federal.
Parágrafo único. Sem prejuízo do disposto no art. 268 do Código de
Art. 16. Fazer operar, sem a devida autorização, ou com autorização Processo Penal, aprovado pelo Decreto-lei nº 3.689, de 3 de outubro de
obtida mediante declaração (Vetado) falsa, instituição financeira, inclusive 1941, será admitida a assistência da Comissão de Valores Mobiliários -
de distribuição de valores mobiliários ou de câmbio: CVM, quando o crime tiver sido praticado no âmbito de atividade sujeita à
Pena - Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. disciplina e à fiscalização dessa Autarquia, e do Banco Central do Brasil
quando, fora daquela hipótese, houver sido cometido na órbita de atividade
Art. 17. Tomar ou receber, qualquer das pessoas mencionadas no art. sujeita à sua disciplina e fiscalização.
25 desta lei, direta ou indiretamente, empréstimo ou adiantamento, ou Art. 27. Quando a denúncia não for intentada no prazo legal, o ofendido
deferi-lo a controlador, a administrador, a membro de conselho estatutário, poderá representar ao Procurador-Geral da República, para que este a
aos respectivos cônjuges, aos ascendentes ou descendentes, a parentes ofereça, designe outro órgão do Ministério Público para oferecê-la ou
na linha colateral até o 2º grau, consanguíneos ou afins, ou a sociedade determine o arquivamento das peças de informação recebidas.
cujo controle seja por ela exercido, direta ou indiretamente, ou por qualquer
dessas pessoas: Art. 28. Quando, no exercício de suas atribuições legais, o Banco Cen-
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. tral do Brasil ou a Comissão de Valores Mobiliários - CVM, verificar a ocor-
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem: rência de crime previsto nesta lei, disso deverá informar ao Ministério
I - em nome próprio, como controlador ou na condição de administra- Público Federal, enviando-lhe os documentos necessários à comprovação
dor da sociedade, conceder ou receber adiantamento de honorá- do fato.
rios, remuneração, salário ou qualquer outro pagamento, nas con- Parágrafo único. A conduta de que trata este artigo será observada pe-
dições referidas neste artigo; lo interventor, liquidante ou síndico que, no curso de intervenção, liquidação
II - de forma disfarçada, promover a distribuição ou receber lucros de extrajudicial ou falência, verificar a ocorrência de crime de que trata esta lei.
instituição financeira.
Art. 29. O órgão do Ministério Público Federal, sempre que julgar ne-
Art. 18. Violar sigilo de operação ou de serviço prestado por instituição cessário, poderá requisitar, a qualquer autoridade, informação, documento
financeira ou integrante do sistema de distribuição de títulos mobiliários de ou diligência, relativa à prova dos crimes previstos nesta lei.
que tenha conhecimento, em razão de ofício: Parágrafo único O sigilo dos serviços e operações financeiras não pode
Pena - Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. ser invocado como óbice ao atendimento da requisição prevista no caput
deste artigo.

Noções de Direito Penal 50 A Opção Certa Para a Sua Realização


APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Art. 30. Sem prejuízo do disposto no art. 312 do Código de Processo
Penal, aprovado pelo Decreto-lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941, a CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO TEÓRICO-METODOLÓGICA
prisão preventiva do acusado da prática de crime previsto nesta lei poderá Há uma grande preocupação, hodiernamente, em proteger o sistema
ser decretada em razão da magnitude da lesão causada (VETADO). financeiro nacional. Pois, os crimes cometidos contra ele atingem, muitas
das vezes, diretamente a economia nacional. Portanto, o sistema financeiro
Art. 31. Nos crimes previstos nesta lei e punidos com pena de reclusão, é um bem jurídico importantíssimo que mereceu a proteção penal nos
o réu não poderá prestar fiança, nem apelar antes de ser recolhido à prisão, termos da Lei 7.492, de 16 de junho de 1986, que é uma norma especial. A
ainda que primário e de bons antecedentes, se estiver configurada situação legislação penal, até então, era falha em punir os crimes financeiros. Princi-
que autoriza a prisão preventiva. palmente porque os tipos penais, no Código Penal Brasileiro, nos quais se
enquadravam esses crimes, não eram muito precisos. Naturalmente, a Lei
Art. 32. (VETADO). especial tem maior abrangência para punir tais crimes.
§ 1º (VETADO).
§ 2º (VETADO). O Sistema Financeiro Nacional é regulado pela Lei 4.595, de 31 de-
§ 3º (VETADO). zembro de 1964, recepcionada pela Constituição de 1988. O art. 1º da
citada lei preceitua que: "Art. 1º. O Sistema Financeiro nacional, estruturado
Art. 33. Na fixação da pena de multa relativa aos crimes previstos nesta e regulado pela presente Lei, será constituído:
lei, o limite a que se refere o § 1º do art. 49 do Código Penal, aprovado pelo "I – do Conselho Monetário Nacional,
Decreto-lei nº 2.848, de 7 de dezembro de.1940, pode ser estendido até o II – do Banco Central do Brasil,
décuplo, se verificada a situação nele cogitada. III – do Banco do Brasil S.A,
IV – do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico;
Art. 34. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. V – das demais instituições financeiras públicas e privadas."

Art. 35. Revogam-se as disposições em contrário. Além do mais, compreende-se inserido no SFN, consoante art. 17, da
Brasília, 16 de junho de 1986; 165º da Independência 98º da República. mesma Lei, as instituições financeiras, as sociedades e fundos de investi-
mento preceituada nos arts. 49 e 50 da Lei 4.728/65 e, também, as outras
empresas, as quais dependem de autorização do Banco Central para
funcionar (art. 49, I e II, da Lei 4.728/65). Acrescente-se ao rol a Comissão
DO SUJEITO ATIVO NOS CRIMES CONTRA O SISTEMA FI-
de Valores Mobiliários, conforme arts. 8 e 9, da Lei 6.385/76.
NANCEIRO NACIONAL
Texto extraído do Jus Navigandi Portanto, depreende-se que buscaremos o conceito de Sistema Finan-
http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=2655 ceiro Nacional na Lei federal 4.595/64. Ela nos dará os contornos dos
crimes contra o SFN.
Reginaldo Gonçalves Gomes
analista judiciário do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais, espe- Os tipos penais previstos na Lei federal 7.492/86, quando realizados,
cialista em Ciências Penais Penais pela Fundação Escola Ministério Público lesam o sistema financeiro nacional que deve ser entendido no sentido
de Minas Gerais, licenciado em Letras pela UFMG amplo de mercado financeiro, mercado de capitais, inseridos aí os seguros,
o câmbio, os consórcios, a capitalização ou qualquer outro tipo de poupan-
RESUMO ça que englobe a área do Direito Econômico.
Como consequência do Princípio da Reserva Legal ou Princípio da Le-
galidade, insculpido no inciso XXXIX do art. 5º da Constituição da República Desse modo, o objetivo da realização desta pesquisa é a análise do su-
Federativa do Brasil e no art. 1º da Código Penal Brasileiro, é necessário jeito ativo na Lei 7.492/86, bem como, abordar a temática da responsabili-
que existam bens jurídicos ou valores socialmente relevantes, subsumidos dade penal da pessoa jurídica. Pretende-se, ao final, apontar a qualidade
nas normas incriminadoras como objeto de proteção do tipo penal. jurídica dos sujeitos ativos responsáveis penalmente pelos crimes contra o
Desse modo, a Lei 7.492, de 16 de junho de 1986, norma especial, foi sistema financeiro.
criada para a proteção do sistema financeiro. Os crimes contra o sistema
financeiro mereceram atenção maior do legislador, pois a legislação penal O tema proposto trata da análise dos aspectos jurídicos do sujeito ativo
era falha em punir os crimes financeiros. Mormente, os crimes até, então, na Lei 7.492/86, que define os Crimes Contra o Sistema Financeiro. A
cometidos eram enquadrados nos tipos penais do Código Penal Brasileiro. pesquisa cinge-se no estudo dos efeitos da qualidade atribuída ao sujeito
Naturalmente, a Lei especial n.º 7.492/86 tem maior abrangência para punir ativo na Lei supracitada. Abordaremos, outrossim, a responsabilidade penal
tais crimes. da pessoa jurídica -- Societas delinquere non potest. Tema que tem susci-
tado muita reflexão dos penalistas brasileiros. Ressalte-se que é mister
O estudo proposto tem como tema o sujeito ativo na Lei 7.492/86 que perquirir acerca da prisão preventiva do acusado de crime definidos nesta
define os crimes contra o sistema financeiro nacional. Assim, investigare- Lei.
mos a qualidade jurídica do sujeito ativo para que possamos afirmar, se os Portanto, esta pesquisa limitar-se-á à análise da qualidade jurídica do
crimes instituídos pela lei em comento é comum ou próprio. sujeito ativo nos artigos 19, 20 e 21 da Lei 7.492/86, pois, entendemos que
os delitos estatuídos nestes artigos não ofendem a ordem econômica, bem
Assim, entendemos que o art. 25 da Lei 7.492/86 limitou a responsabi- jurídico tutelado pela norma federal.
lidade penal, apenas, aos Controladores, administradores, o interventor, o
liquidante ou o síndico de instituição financeira. Portanto, O sujeito ativo dos Por conseguinte, é mister compreender a qualidade jurídica do sujeito
artigos 19, 20 e 21, em tese, não responde pelos crimes contra o sistema ativo na estrutura da Lei 7.492/86, bem como, o brocardo jurídico Societas
financeiro nacional (Lei 7.492/86), cujo bem jurídico protegido é o sistema delinquere non potest.
financeiro nacional.
E, também, analisar, se os tipos penais da Lei 7.492/86 são comuns ou
Faz-se mister, outrossim, estudar a responsabilidade penal da pessoa especiais à luz das proposições já aceitas pelos diversos doutrinadores
jurídica para se entender porque esta não pode praticar os crimes preconi- brasileiros e estrangeiros e, também, jurisprudências dos Tribunais Fede-
zados na Lei 7.492/86. Ainda, discorreremos sobre a prisão preventiva, a rais.
suspensão condicional do processo e a ação penal.
O estudo não termina por aí, pois, é pertinente avaliar os pressupostos
Por conseguinte, para que possamos fazer uma análise crítica da qua- da prisão preventiva em cotejo com o art. 30, da Lei 7.492/86, já que ela
lidade jurídica do sujeito ativo da lei em comento, buscaremos subsídios no inova no art. acima citado.
Código Penal e leis federais especiais. Enfim, busca-se inserir o estudo da Ainda, deter-se-á na análise da qualidade jurídica do sujeito ativo nos
lei 7.492/86 no ordenamento jurídico como um todo. artigos 19, 20 e 21, da Lei 7.492/86.

Noções de Direito Penal 51 A Opção Certa Para a Sua Realização


APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Por fim, para se chegar a alguma conclusão nesta pesquisa, serão rea- dissociada do ordenamento jurídico como um todo. É mister interpretar o
lizados estudos do sujeito ativo no Código Penal Brasileiro, na Lei 1.079, de tipo penal, os elementos do tipo em consonância com sistema jurídico no
10 de abril de 1950; Lei 4.898, de 9 de dezembro de 1965; Lei 7.106, de 28 qual a Lei está inserta.
de junho de 1983; Decreto-lei 201, de 27 de fevereiro de 1967; Lei 8.137,
de 27 de dezembro de 1990; Lei 4.737, de 15 de julho de 1965 (Código Entendemos que a Lei 7.492/86 cria os tipos penais dos crimes contra
Eleitoral); Lei 8.713, de 30 de setembro de 1993; Lei 9.100, de 29 de se- o sistema financeiro nacional e limita a sua imputação àqueles agentes
tembro de 1995; Lei 9.504, de 30 de setembro de 1997 e Lei 2.889, de 1º nominados no art. 25. Entendemos que o art. 25 limita a aplicação da Lei,
de outubro de 1956. pois, estabelece que somente os controladores, administradores, diretores,
gerentes, interventores, liquidantes e síndicos de instituição financeira
Assim, pretende-se com esta pesquisa saber se, realmente, a punibili- responderão pelos crimes preconizados pela Lei.
dade dos acusados de crimes contra o sistema financeiro, dentre aqueles
do rol dos arts. 19, 20 e 21, nos termos da Lei 7.492/86, corresponde aos Assim, o sujeito ativo nos artigos 19, 20 e 21 não tem a qualidade jurí-
ditames da política criminal tendentes ao Direito Penal Mínimo. dica a que se refere o artigo 25. Portanto, faz-nos crer que tais sujeitos
ativos não respondem pelos crimes contra o sistema financeiro. A conduta
A importância do presente projeto assenta-se na necessidade de anali- desses sujeitos ativos pode ser reprovável com fulcro em outros diplomas
sar o tipo penal e um de seus elementos objetivos: o sujeito ativo, indagan- repressivos, tal como, o Código Penal ou, mesmo, constituir uma conduta
do sobre a real qualificação jurídica do sujeito ativo nos crimes contra o antijurídica, todavia, não elevado à categoria de um delito (fato típico,
sistema financeiro (Lei 7.492/86). Sabemos que o tipo penal especial é antijurídico e culpável), mas, sim, um ilícito civil. Mormente, o artigo 20 se
aquele em que a lei limita atuação do sujeito ativo. Assim, atribuindo ao enquadra perfeitamente nesse caso.
sujeito ativo uma qualidade jurídica, tal como, funcionário público, se ele
não for funcionário, o tipo penal não estará preenchido. Desse modo, Ressalte-se, ainda, que há polêmica no que tange à responsabilidade
estaremos diante de um crime próprio. Ex. o crime de peculato, art. 312, do penal da pessoa jurídica. Não poderia uma instituição financeira responder
Código Penal Brasileiro, só pode ser cometido por funcionário público. Se o pelos ilícitos cometidos em seu nome, como pessoa jurídica.
agente não for funcionário público, ele não responderá por crime de pecula-
to, mas, por crime de furto, art. 155 do C.P.B. A Lei 7.492/86 possui 35 artigos, organizados em três tópicos: O pri-
meiro, conceitua, para fins penais, instituição financeira, inclusive, por
A doutrina disponível, em geral, não aborda o tema sob esse prisma, equiparação, conforme art. 1º, parágrafo único; o segundo, trata "Dos
deixando uma lacuna na compreensão da Lei 7.492/86. Daí se depreende crimes contra o sistema financeiro nacional", arts. 2º a 24, e o último cuida
que a abordagem desta pesquisa será dogmática. "Da aplicação do procedimento criminal, arts. 25 a 35. Entretanto, dois
desses artigos foram vetados, perfazendo um total de 33 dispositivos.
Por outro lado, os Tribunais Federais têm julgado os crimes contra o
sistema financeiro, sem atentar à situação do sujeito ativo, na citada Lei. Estão sob análise os seguintes artigos:
"Art. 19. Obter, mediante fraude, financiamento em instituição financeira:
No que se concerne à prisão preventiva na Lei 7.492/86, entendemos Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
que ela tem caráter facultativo, portanto, é medida excepcional, como bem Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é
salienta, o Professor Dr. Sérgio de Souza Araújo: cometido em detrimento de instituição financeira oficial ou por ela credenci-
"A prisão preventiva, como ato de coerção processual antecedente à ada para o repasse de financiamento.
decisão condenatória, é medida excepcional que deixou de ser obrigatória
para se converter em facultativa, adequada apenas e tão-somente às Art. 20. Aplicar, em finalidade diversa da prevista em lei ou contrato, re-
hipóteses precisamente fixadas em lei. Por sua condição de antecipado cursos provenientes de financiamento concedido por instituição financeira
comprometimento ao jus libertatis e o status dignitatis do cidadão, não pode oficial ou por instituição credenciada para repassá-lo:
merecer aplicação senão quando absolutamente indispensável e indubita- Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
velmente imperiosa à garantia da ordem pública, à conveniência da instru-
ção criminal e à segurança da aplicação da lei penal. Art. 21. Atribuir-se, ou atribuir a terceiro, falsa identidade, para realiza-
ção de operação de câmbio:
Continuo e continuarei sempre mantendo esse ponto de vista, insistin- Pena - Detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
do na observação de que não mais obrigatória, como antes, e repisando, Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, para o mesmo fim, so-
acórdão após acórdão, voto após voto, que esse sentimento de repúdio e nega informação que devia prestar ou presta informação falsa".
redobrada cautela não é só nosso, mas de todo o mundo, em que diaria-
mente combatida como medida cautelatória de aplicação corrente apenas Faremos uma interpretação dos artigos supracitados à luz do art. 25:
em razão da maior gravidade dos delitos, sendo considerada entre os "Art. 25. São penalmente responsáveis, nos termos desta lei, o controlador
doutrinadores com "aspereza iníqua" (Luchini) e "mal necessário" (Garrot), e os administradores de instituição financeira, assim considerados os
admitindo quase todos sua decretação quando reclamada por necessidade diretores, gerentes (Vetado).
irresistível ou absoluta conveniência de ordem social (Bozzani e R. Casa- § 1º. Equiparam-se aos administradores de instituição financeira (Veta-
rat)."(1) do) o interventor, o liquidante ou o síndico.
§ 2º. Nos crimes previstos nesta Lei, cometidos em quadrilha ou co-
Com relação à responsabilidade penal da pessoa jurídica, a doutrina autoria, o co-autor ou partícipe que através de confissão espontânea reve-
majoritária não admite que ela responda por crime, embora já existam lar à autoridade policial ou judicial toda trama delituosa terá sua pena
fortes posicionamentos em contrário, entretanto, ainda são minoritários. reduzida de 1 (um) a 2/3 (dois terços).
Assim, os autores, que defendem a primeira corrente, consideram que é
consagrado a responsabilidade penal subjetiva em nosso ordenamento Portanto, o que se almeja responder é se o sujeito ativo dos artigos 19,
jurídico; inclusive, imperando o princípio nullum crimen sine culpa. Mormen- 20 e 21 responde pelos crimes contra o sistema financeiro nacional, Lei
te, "a Constituição da República não realiza qualquer referência expressa à 7.492/86, cujo bem jurídico protegido é o sistema financeiro nacional. E,
responsabilidade das pessoas jurídicas, no âmbito penal".(2) ainda, se pode a pessoa jurídica ser sujeito de crimes contra o sistema
financeiro.
Analisaremos, porém, à luz da doutrina hodierna a capacidade penal
da pessoa jurídica na Lei 7.492/86. Na doutrina, não encontramos divergências com relação a qualidade
jurídica do sujeito ativo e com relação a responsabilidade penal da pessoa
Por conseguinte, Todos os estudos, empreendidos, até o momento, jurídica, há, também, uma quase unanimidade. Assim, posiciona-se a
dos crimes contra o sistema financeiro têm feito uma abordagem individua- eminente penalista Sheila Jorge Selim de Sales(3)
da, não se levando em conta a interpretação do sujeito ativo sob o prisma "As qualidades referidas ao agente pela lei penal nos tipos legais da
da doutrina. É interessante acentuar que a Lei especial 7.492/86 não está Parte Especial são de ordem natural e jurídica";

Noções de Direito Penal 52 A Opção Certa Para a Sua Realização


APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
"Referida ao sujeito ativo uma qualidade, o intérprete ou o aplicador da 3) A interpretação teleológica busca compreender o alcance e conte-
lei há de considerá-la, no momento em que se opera a reconstrução do fato údo da lei em função dos propósitos que presumidamente quise-
histórico, no juízo de tipicidade"; ram lograr com a sanção da norma. Através da explicitação da ra-
"A constituição federal não realiza qualquer referência expressa à res- tio legis, pode-se chegar à vontade do legislador, levando-se em
ponsabilidade das pessoas jurídicas, no âmbito penal". conta os fins colimados. Somente, assim, é que se pode realizar
uma construção racional que levará a pronunciar de uma determi-
Desse modo, a teoria referente à parte especial do Código Penal, tam- nada maneira entre várias possíveis, estabelecendo um certo liame
bém, aplica-se à legislação especial. Além do mais, está expresso no art. à finalidade almejada.
12, do Código Penal, que: "As regras gerais deste Código aplicam-se aos
fatos incriminados por lei especial, se esta não dispuser de modo diverso." Com relação às técnicas e instrumentos, em consonância com os ensi-
namentos de Lakatos; Marconi, utilizamos as seguintes(6)
Assim, se o crimes da Lei 7.492/86 forem próprios, os sujeitos ativos
nos 19, 20 e 21 não podem responder pelos crimes contra o sistema finan- Documentação indireta
ceiro, pois, o art. 25 limitou a responsabilidade penal, somente, às pessoas, Utilizamos a pesquisa documental e a bibliográfica.
ali, elencadas.
- Pesquisa documental (ou de fontes primárias)
Por conseguinte, pessoa jurídica não pode ser sujeito ativo de crimes São aqueles documentos de primeira mão, provenientes dos próprios
porque afronta o princípio básico nullum crimen sine culpa. Desse modo, órgãos que realizaram as observações. Englobam todos os materiais, ainda
não pode haver responsabilidade sem culpa. A pessoa jurídica, em nosso não elaborados, escritos ou não, que podem servir como fonte de informa-
sistema jurídico, poderá, apenas, sofrer sanção administrativa ou civil. ção para a pesquisa científica. Podem ser encontrados em arquivos públi-
Todavia, a Lei que define os crimes contra o sistema financeiro nem sequer cos ou particulares, assim como em estatísticas compiladas por órgãos
previu sanção civil ou administrativa para as instituições financeiras que oficiais e particulares.
participarem de crimes contra o sistema financeiro.
- Pesquisa bibliográfica
Outro aspecto da Lei a ser comentado é o art. 30 que dispõe sobre a Trata-se do levantamento de toda a bibliografia já publicada, em forma
prisão preventiva. Esta, para ser decretada, tem de ter perfeita simetria com de livros, revistas, publicações avulsas e imprensa escrita. Sua finalidade é
o art. 312, do C.P.P.B. Tem de haver indícios de autoria e materialidade do colocar o pesquisador em contato direto com tudo aquilo que foi escrito
crime, portanto. sobre determinado assunto, com o objetivo de permitir ao cientista "o esfor-
ço paralelo na análise de suas pesquisas ou manipulação de suas informa-
Por fim, os crimes estatuídos na Lei 7.492/86 são próprios porque exi- ções."
gem uma qualidade jurídica do sujeito ativo;
Alfim, esta pesquisa abrange consultas às várias doutrinas brasileiras e
E, ainda, os tipos penais na Lei 7.492/86 são especiais porquanto exi- estrangeiras e jurisprudências disponíveis, mormente, às várias leis penais
gem uma qualidade jurídica do sujeito ativo; correlacionadas ao tema proposto nesta pesquisa.

Entendemos que o ordenamento jurídico brasileiro não acolheu a tese No primeiro capítulo, introduzimos o tema e suas nuances. No segun-
da responsabilidade penal da pessoa jurídica; do, trataremos do tema societas delinquere non potest. No terceiro, discor-
reremos sobre o bem jurídico. No quarto, analisaremos o conceito de
Finalmente, não vislumbramos um rigor técnico-legislativo na feitura da instituição financeira, sujeito ativo e discorreremos sobre a qualidade jurídi-
Lei 7.492/86, por isso, advêm muitas dúvidas com relação a sua interpreta- ca do sujeito ativo, os tipos penais comuns e próprios em cotejo com o
ção. Com o estudo do tipo penal e do sujeito ativo, pode-se aclarar o real Código Penal e Leis penais especiais, sujeito unissubjetivo e plurissubjeti-
alcance da Lei 7.492/86. vo, concurso de pessoas, sujeito ativo na Lei 7.492/86, o sujeito ativo nos
artigos 19, 20 e 21, a ação penal, suspensão condicional do processo (art.
Para realizar a presente pesquisa, utilizamos, conforme Lakatos; Mar- 89, Lei 9.099/95), penas substitutivas e, finalmente, a prisão preventiva.
coni, o método hipotético-dedutivo.(4)
As conclusões serão apresentadas no quinto capítulo.
Este método se inicia pela percepção de uma lacuna nos conhecimen-
tos acerca da qual formula hipótese(s) e, pelo processo de inferência dedu- CAPÍTULO 2 - SOCIETAS DELINQUERE NON POTEST
tiva, testa a predição da ocorrência de fenômenos abrangidos pela hipóte- 2.1. Princípio da societas delinquere non potest
se. No caso desta pesquisa há uma hipótese básica. Discute-se muito, hoje, se é possível impor uma sanção penal à pessoa
jurídica, relegando a segundo plano o princípio da Societas delinquere non
Empregamos, ainda, como método de procedimento, o método exegé- potest.
tico, conforme Enrique Herrera.(5)
O momento é bastante oportuno para tal discussão, pois, moderna-
Este método analisa o problema limitando-se ao estudo e à análise de mente, é muito grande o número de pessoas que criam uma pessoa jurídica
disposições que regem uma situação. Entende-se que a investigação para delinquir. Desse modo, pensam que podem sair ilesos de uma conde-
jurídica se reduz a perquirir pela vontade do legislador no momento em que nação, ou mesmo, se acobertam com o manto da pessoa jurídica para se
a norma foi sancionada. Teoricamente, nada impede que se considerem a eximir de qualquer punição.
doutrina e a jurisprudência para aclarar o real alcance da norma.
Para atingir o fim desejado através desse método, utilizam-se distintos É, por isso, que há muitos juristas que defendem a imposição de san-
procedimentos, tal como a interpretação: 1) gramatical; 2) lógica; 3) teleoló- ção penal à pessoa jurídica.
gica. Por outro lado, aqueles que defendem que não é possível punir penal-
1) Entende-se como gramatical, a análise do significado das várias mente uma pessoa jurídica têm argumentos contundentes, pois, amparam-
acepções dos vocábulos, procurando descobrir qual deve ou pode se na exegese da própria Constituição de 1988 e do Código Penal Brasilei-
ser o sentido de uma frase, dispositivo ou norma, ro.
2) A lógica consiste em procurar descobrir o sentido e o alcance de
expressões de direito, estudando as normas em si, ou em conjun- 2.2. Posição doutrinária
to, por meio do raciocínio dedutivo, obter a interpretação correta. Acentua o eminente penalista Francisco de Assis Betti:
Pode-se recorrer a elementos extrínsecos à própria norma, como "Nos países cujos sistemas penais seguem princípios de direito conti-
seus antecedentes legislativos, fundamentos dos projetos, notas nental europeu rege o princípio societas delinquere non potest, não sendo
ou comentários do intérprete, doutrinas. Enfim, tudo que pode acla- admitida a punição das pessoas jurídicas ou das associações despersonali-
rar, em um contexto racional, à interpretação da lei. zadas, a não ser por sanções administrativas" (7)

Noções de Direito Penal 53 A Opção Certa Para a Sua Realização


APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Portanto, não podemos cogitar de responsabilidade penal da pessoa No sistema penal português, a responsabilidade penal da pessoa jurí-
jurídica em nosso sistema jurídico, pois, o direito penal assenta-se no dica não é clara, está implícita na lei. Preceitua o art. 11 do Código Penal
princípio da culpabilidade. O nosso sistema jurídico não acolheu a respon- Português de 82: "Salvo disposições em contrário, só as pessoas singula-
sabilidade objetiva ou qualquer espécie de responsabilidade pelo resultado. res são susceptíveis de responsabilidade criminal".(13)
Vige, assim, o princípio da culpabilidade que requer a subjetividade da
responsabilidade penal.(8) O professor Francisco de Assis Betti assevera que existe a responsabi-
lidade penal das pessoas coletivas no sistema português, em lei especial
Assim, quando se refere à responsabilidade penal, esta será sempre a (14)
subjetiva. Por isso, afirma-se que será sempre uma pessoa, o sujeito ativo
de um ilícito penal, nunca uma pessoa jurídica que é uma ficção de direito. Algumas legislações estrangeiras, realmente, acolhem a responsabili-
Esta não pode agir sem que uma pessoa o faça em seu nome. dade criminal das pessoas coletivas, todavia, não deixa claro como será
impingido uma sanção penal a elas.
Desse modo, aqueles que afirmam que a pessoa jurídica não tem ca-
pacidade penal filiam-se à teoria da ficção, tendo como principal expoente No Direito Penal Brasileiro, depara-se com a Lei 9.605, de 12 de feve-
Savigny. reiro de 1998, que trata dos crimes ambientais, que preceitua em seu art.
3º, parágrafo único que as pessoas jurídicas respondem administrativa, civil
A discussão acerca da natureza da pessoa jurídica está longe de aca- e penalmente e, não excluindo a responsabilidade de qualquer pessoa que
bar. É certo que a lei é que atribui capacidade de exercer direitos e contrair participe do ilícito; o art 4º dispõe sobre a desconsideração da pessoa
obrigações.(9) Desse modo, não se pode dizer que a pessoa jurídica se jurídica.
equivale ao homem, apenas tem alguma capacidade semelhante à da
pessoa natural. Obviamente, não deriva de tal capacidade existência visível Note-se que a própria lei 9.605/98 preceitua que as pessoas jurídicas
ou mesmo pessoa natural ou física. responderão penalmente "nos casos em que a infração seja cometida por
decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegia-
A pessoa jurídica, sempre, existirá através da criação do legislador. do, no interesse ou benefício da sua entidade."
Como já foi dito, é um ente, uma ficção jurídica que existe para o atingir os
interesses coletivos. Assim, há uma certa ambiguidade na redação desta lei. Todavia, não
há de se falar em imputação criminal diretamente à pessoa jurídica. Ocorre
Dificilmente, poderá se imputar uma sanção penal a um ser inanimado, que, na verdade, o legislador restringiu a responsabilidade da pessoa
tal é a pessoa jurídica; pois, aquela sempre pressupõe privação ou restrição jurídica, respondendo ela, apenas, civil e administrativamente. Desse modo,
de liberdade; perda de bens; prestação social alternativa, suspensão ou o legislador estabeleceu um liame jurídico entre a pessoa coletiva e seu
interdição de direitos. representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse
ou benefício da sua entidade.
Por conseguinte, a partir do conceito de pena, não se pressupõe que Ele apenas estabeleceu uma relação mais estreita entre a pessoa jurí-
uma pessoa criada pela ficção jurídica possa ser destinatário dela. Pois, dica e aqueles que a administram.
pena é uma sanção do Direito Penal imposta pelo Estado ao infrator da
lei.(10) O parágrafo único da Lei em comento não acrescenta nada. Pois,
sempre que uma pessoa jurídica estiver envolvida em crime, haverá por
Assim, pode-se afirmar que uma pessoa jurídica, ficção que é, não detrás dela uma pessoa física que a administra, controla. Enfim, a pessoa
conseguiria sentir como um ser humano, e, consequentemente, entenda jurídica serve somente como meio para o cometimento do ilícito penal.
que a pena infligida seja uma retribuição pelo ilícito cometido. Desse modo,
não venha a delinquir mais, por causa, do sofrimento imposto pelo Estado. Veremos que o capítulo II que trata da aplicação da pena não impingiu
nenhuma sanção penal às pessoas jurídicas, somente sanção administrati-
Naturalmente, embora se negue a imputabilidade criminal à pessoa ju- va.
rídica, pode ela sofrer sanção civil e administrativa, inclusive ser extinta Observe-se que as penas impostas no arts. 11, 21, 22, 23 e 24, da
quando o seu objeto for ilícito. Nesse sentido, preceitua o art. 21, do Código mesma Lei, são administrativas. Além do mais, estas estão no Capítulo II,
Civil: que trata da Aplicação da Pena,
"Art. 21. Termina a existência da pessoa jurídica:
III – pela sua dissolução em virtude de ato do Governo, que lhe casse a Impende salientar que as penas de perda de bens, multa, restritivas de
autorização para funcionar, quando a pessoa jurídica incorra em atos direitos e prestação de serviços à comunidade são administrativas.
opostos as seus fins ou nocivos ao bem público".
No que tange à imputação penal à pessoa física, note-se que o legisla-
Nesse sentido dispõe o Decreto-lei n.º 9.085/46.(11) dor colocou no Capítulo V, dando o seguinte título: Dos crimes contra o
Tal sanção é de natureza civil ou mesmo administrativa; neste caso, o meio ambiente. Assim, aqui, tem-se o crime cometido pelo homem não a
fim a que foi criada a pessoa jurídica é ilícito. pessoa jurídica. As penas nesse capítulo variam de detenção à reclusão.

Vale ressaltar aqui que toda teoria criada em torno da pessoa jurídica Por conseguinte, não foi intenção do legislador impor sanção penal às
aplica-se no direito civil e, inclusive, no direito administrativo. Por outro lado, pessoas coletivas. Pois, não poderia aplicar-lhes a pena de detenção ou
o escopo do direito penal é o "homem". Pois, somente este pode agir ou reclusão.
não agir (omitir).
Cumpre, outrossim, salientar o ensinamento do penalista Francisco
Existem doutrinadores que admitem a capacidade penal da pessoa ju- Munoz Conde(15) "Do que foi até agora exposto se depreende que só a
rídica, embasado na teoria da realidade das instituições jurídicas ou da pessoa humana, considerada individualmente, pode ser sujeito de uma
realidade jurídica. Fala-se que essa teoria é a mais aceita hodiernamente. ação penalmente relevante."
Realmente, pode ser no âmbito do direito civil. Segundo a teoria da realida-
de, tanto as pessoas jurídicas quanto as pessoas físicas são criadas pelo O Direito Penal "regula as relações do indivíduo com a sociedade."(16)
Direito que lhes confere personalidade.(12) Assim, ambas podem ser Assim, ao cometer um delito a pessoa física fica exposta ao jus puniendi do
sujeitos ativos de um crime, e por conseguinte, sofre a sanção penal. Estado. Da punição do Estado, sempre, advirá uma sanção penal, caso se
prove autoria e materialidade do crime.
Acrescente-se, ainda, que no Direito Penal anglo-americano, cujo sis-
tema é o da "Common Law", que consiste em analisar os "Precedent Ca- Portanto, a sanção penal não é impingida aleatoriamente. Haverá um
ses" para interpretar o caso concreto, vige a responsabilidade penal da processo antecedendo toda punição do Estado. Desse modo, existirá para
pessoa jurídica. o Estado a "pretensão punitiva" contra aquele que pratica a conduta proibi-

Noções de Direito Penal 54 A Opção Certa Para a Sua Realização


APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
da. Todavia, ao mesmo tempo que surge a pretensão punitiva para o Esta- Em relação ao art. 18, II, é a doutrina é que vai definir o que é impru-
do, este, também, tutela o jus libertatis do autor do crime. Há uma relação dência, negligência e imperícia.
complexa entre Estado e autor do crime.(17)
A doutrina define culpa como sendo "a inobservância do dever objetivo
Desse modo, há por um lado os interesses do autor do crime e por ou- de cuidado manifestada numa conduta produtora de um resultado não
tro os interesses do Estado, os quais são interesses da sociedade repre- querido, objetivamente previsível."(24)
sentada pelo Estado. Na verdade, as partes (autor do crime, juiz-estado,
promotor representante do jus puniendi do Estado) vão construir o provi- Ademais, para responsabilizar penalmente um agente, é necessário,
mento final do dado pelo Juiz (sentença condenatória ou absolutória). também, levar em consideração o artigo 20, § 1º, 2º e 3º; 21, parágrafo
único em cotejo com as terias sobre dolo e culpa já apresentadas.
Por conseguinte, à luz da moderna teoria do processo penal, não se
admite uma pessoa jurídica, ente inanimado, coisa ou mesmo um animal Assim, depreende-se dos artigos analisados que para realizar o tipo
participasse de um processo penal, compondo uma lide penal em perfeita penal, na parte especial do Código Penal, é mister ser uma pessoa.
simetria entre as partes. Pois, o escopo do processo é preparar o provimen-
to jurisdicional, exigindo, desse modo, para atingir seu fim "a participação As normas contidas no Código Penal em relação ao crime doloso e
dos destinatários da sentença em sua própria formação".(18) culposo são de observância obrigatória no momento da adequação do fato
típico.
Dificilmente, a pessoa jurídica poderia ser parte no processo penal,
pois, não tem vontade própria para percorrer os vários estágios do proces- Por isso, não de cogitar da responsabilidade penal das pessoas jurídi-
so até o atingimento do provimento jurisdicional. cas por não terem elas capacidade de ação.

Já ensinava, há muitas décadas, Clóvis Bevilaqua que as pessoas jurí- As normas contidas no Código Penal acerca da responsabilidade penal
dicas não têm vida, "não tem existência biológica das pessoas natu- é harmoniosa. Elas se autocompletam na aplicação da pena.
rais."(19)
Harmonizando com os artigos estudados, também, há de se observar o
Assim, os ensinamentos de direito civil, de há muito tempo, ainda re- art. 59, para a fixação da pena.
verberam na doutrina penal de hoje.
O art. 59 estabelece os limites em que o juiz fixará a pena do autor do
Por fim, vige no Direito Penal moderno, o caráter pessoal do ilícito pe- ilícito penal.
nal, o princípio da culpabilidade, o princípio da personalidade da sanção O primeiro critério para fixar a pena é o da culpabilidade. Assim, para
penal e sua individualização conforme nossa Constituição da República que o agente responda penalmente, é necessário que haja culpabilida-
Federativa do Brasil.(20) de.(25)

Por conseguinte, a questão das sanções impingidas à pessoa jurídica Além do mais, na reconstrução do "fato histórico", o juiz há de inquirir
não deve ser tratada no âmbito do Direito Penal, pois, há outros meios de acerca do dolo e culpa do agente.(26) Todavia, mesmo havendo dolo, o
puni-la sem desprezar os postulados da responsabilidade subjetiva. agente não responde pelo crime, quando estiver amparado pelas excluden-
tes de antijuridicidade. (27)
2.3. O Código Penal Brasileiro
A legislação brasileira não acolheu a responsabilidade penal das pes- Assim, pergunta-se como as pessoas jurídicas poderiam ser responsá-
soas jurídicas. Analisando-se o Código Penal Brasileiro no que se concerne veis penalmente sem que tenham dolo ou culpa. Portanto, nosso sistema
ao crime e a pena, concluímos que aquele não faz qualquer alusão à san- jurídico nem sequer cogita da responsabilidade penal desses entes por ser
ção penal das pessoas jurídicas. inconcebível como o modelo jurídico vigente no Brasil.

Mormente, os artigos 18, inciso I, II e parágrafo único; 19; 20, § 1º, 2º e Além do mais, os artigos 1º ao 4º da Lei 7.210, de 11 de julho de 1984,
3º; 21, parágrafo único que tratam da imputabilidade penal. Ademais cite-se de execução penal, dá nos uma ideia de que o objetivo da execução penal
o artigo 59 que trata da pena. é a reeducação e a reinserção do preso na sociedade.(28)
Assim, estabelece o art. 18, I, do Código Penal: Por isso, dificilmente, poder-se-ia harmonizar os dispositivos do Código
"Art. 18: Diz-se o crime: Penal e da Lei de execução penal para imputar responsabilidade penal à
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de pessoa jurídica.
produzi-lo.
II - Culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudên- Por conseguinte, o melhor a se fazer é deixar a responsabilidade das
cia, negligência ou imperícia. pessoa jurídicas no âmbito civil e administrativo. Pois, o direito penal mo-
Parágrafo único. Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser derno repugna a responsabilidade objetiva que, em última análise, em se
punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente." admitindo a responsabilidade penal das pessoas jurídicas, estar-se-ia
acolhendo a responsabilidade objetiva.
Desse modo, para se punir o agente de um crime, é necessário que ele
tenha consciência e vontade para realizar o tipo penal.(21) 2.4. A Constituição da República Federativa do Brasil e a respon-
sabilidade das Pessoas Jurídicas no Direito Penal
A primeira parte do art. 18, inciso I, "doloso, quando o agente quis o re- Dispõem o art. 173, § 5º e 225, § 3º, da Constituição da República Fe-
sultado", traduz-se na vontade do agente em realizar a conduta proibida, derativa do Brasil:
isto é, há um ato volitivo para cometer o crime. "Art. 173, § 5º: A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos di-
rigentes da pessoa jurídica, estabelecerá a responsabilidade desta, sujei-
A segunda parte, "ou assumiu o risco de produzi-lo", diz que o agente tando-se às punições compatíveis com sua natureza, nos atos praticados
não quer realizar o tipo penal, quer algo diferente, todavia, assume o risco contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular."
de produzir o resultado perpetrado pelo tipo penal. "Art. 225, § 3º: As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio
ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções
Conforme Julio Fabbrini Mirabete, a primeira parte do art. 18, I, há dolo penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os
direto e na segunda parte, há dolo eventual.(22) danos causados."

Com salienta o eminente penalista Cézar Roberto Bitencourt: "O dolo é Discutem os doutrinadores, se, a partir, dos artigos 173, § 5º e 225, §
constituído por dois elementos: o cognitivo e o volitivo."(23) 3º, passou-se a admitir a responsabilidade penal das pessoas jurídicas. São
muitos os que respondem positivamente. Todavia, entende-se que não

Noções de Direito Penal 55 A Opção Certa Para a Sua Realização


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pode haver responsabilidade penal às pessoas jurídicas, pois, se se admi- ção da República Federativa do Brasil não fazem referência à responsabili-
tisse tal situação, estar-se-ia ferindo o princípio da culpabilidade o qual está dade penal delas. Todavia, o art. 225, § 3º, da Constituição de 1988 é
implícito na Constituição da República. Inferindo-o, também, através do ambíguo ao se referir à criminalização da pessoa jurídica. Porém, a melhor
princípio da personalidade da pena, insculpido no art. 5, XLV, da Carta exegese tem mostrado que o art. em comento, embora eivado de imperfei-
Magna. ção jurídica, não se acolhe a responsabilidade penal das pessoas jurídicas.
Ademais, as normas constitucionais têm de ser interpretadas harmoni- Ocorre que ele discrimina sanção penal à pessoa física e sanção civil e
camente com o todo. De acordo com a exegese de outros artigos da Cons- administrativa às pessoas jurídicas.(33)
tituição que tratam da matéria penal, depreende-se que somente o homem
tem capacidade penal. É importante asseverar que os delitos só podem cometidos por seres
humanas, portanto, os delitos são condutas humanas.(34)
Além dos o art. 5º, XLVIII preceitua que a pena será cumprida em esta-
belecimento distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo E, ainda, poderíamos, imputando responsabilidade penal à pessoa jurí-
do apenado; art. 5º, LXII – a prisão de qualquer pessoa e o local onde se dica, irromper com o princípio nullum crimen sine culpa que é fulcro do
encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família Direito Penal Brasileiro.(35)
do preso ou à pessoa por ele indicada.
Não resta dúvida que a solução à responsabilidade de pessoas jurídi-
Não se admite pena privativa de liberdade de liberdade das pessoas ju- cas, no sistema penal brasileiro, está afeta ao direito civil e administrativo,
rídicas nem sequer no âmbito do Direito Econômico. (29) como já ocorre nas diversas legislações especiais. Pois, somente encon-
tramos, em nosso ordenamento, sanções civis e administrativas às pessoas
Ademais, através de uma análise minuciosa das leis especiais que tra- jurídicas.
tam dos crimes contra a ordem econômica, não se vislumbrou, em momen-
to algum, a responsabilidade penal da pessoa jurídica. As várias sanções Urge, na verdade, efetivar a aplicação das sanções civis e administrati-
mencionadas nessas leis são civis ou administrativas. vas às pessoas jurídicas que através de seu de controladores e administra-
dores cometam ilícitos. Assim, as pessoas jurídicas, associações responde-
Portanto, observe-se que as seguintes leis não fazem nenhuma alusão riam com o capital social constituidor das mesmas. E, as pessoa físicas, na
à responsabilidade penal da pessoa jurídica de modo a comprometer o medida de sua culpabilidade responderiam, também, civil, administrativa e
ordenamento brasileiro: a) Lei 7.492, de 16 de junho de 1986; b) Lei 8.078, penalmente.
de 11 de setembro de 1990; c)Lei 8.137, de 27 de dezembro de 1990; e )
Lei 9.069, de 29 de junho de 1995; f) Lei 9.613, de 3 de março de 1998; g) CAPÍTULO 3. BEM JURÍDICO
Lei 4.357, de 16 de junho de 1964; h) Lei 4.729, de 14 de julho de 1965; i) 3.1. Bem Jurídico
Lei 7.505, de 2 de julho de 1986; j) Lei 8.884, de 11 de junho de 1994; l) Lei A finalidade do Direito Penal é a proteção de um bem jurídico. Tal bem
9.605, de 12 de fevereiro de 1998. jurídico vai ter certa relevância na medida que a sociedade lhe dá um certo
valor. Assim, Ney Moura Teles enumera alguns desses bens jurídicos: "São
Desse modo, não há crime praticado pela pessoa jurídica, pois, ela não bens jurídicos a vida, a liberdade, a propriedade, o casamento, a família, a
responde penalmente. honra, a saúde, enfim, todos os valores importantes para a sociedade."(36)
Acrescente-se que a teoria da desconsideração da pessoa jurídica foi
desenvolvida pelos tribunais americanos e alemães porque, muitas da A proteção de certos bens jurídicos pelo Direito Penal ocorre porque a
vezes, não se conseguia encontrar os responsáveis pela sociedade, pois, sociedade os considera de maior valor. Entretanto, a proteção desse bem
era muito fácil ocultar o verdadeiro proprietário dos bens.(30) Entretanto, é pelo Direito Penal servirá como uma prevenção geral. Apenas, inibirá
óbvio que não podemos transportar tal teoria para o Direito Penal, pois, os aquele que quiser lesionar tal bem. Pois, bem, o Direito Penal irá dizer,
bens jurídicos protegidos por ambos são completamente díspares. aquele que lesionar tal bem, terá uma pena tal. Portanto, quem se adequar
ao tipo penal que protege um determinado bem jurídico, estará incorrendo
A discussão em torno da responsabilidade penal das pessoas jurídicas em um ilícito penal.
sempre foi muito inflamada, no Brasil. Havia doutrinadores adeptos e con-
trários a essa ideia. Todavia, no Brasil, não há notícias de nossos Tribunais, Acentua Ney Moura Teles que:
de que alguma pessoa jurídica tenha sido responsabilizada penalmente. "A tarefa imediata do Direito Penal é, portanto, de natureza eminente-
mente jurídica e, como tal, resume-se à proteção de bens jurídicos. Nisso,
Convém lembrar que no campo da responsabilidade penal internacio- aliás, está empenhado todo o ordenamento jurídico. E aqui entremostra-se
nal não foi tão pacífico. o caráter subsidiário do ordenamento penal: onde a proteção de outros
ramos do direito possa estar ausente, falhar ou revelar-se insuficiente, se a
O professor Carlos Augusto Canêdo Gonçalves da Silva, em brilhante lesão ou exposição a perigo do bem jurídico tutelado apresentar certa
tese de doutorado expõe a experiências da justiça penal internacional, gravidade, até aí deve estender-se o manto da proteção penal, como última
externalizada pelo julgamento da Alemanha e do Japão por crimes de ratio regum. Não além disso."(37)
Guerra (2º guerra mundial). Assim, assevera o ilustre professor que o
Tribunal de Nuremberg pecou em não ter observado "o princípio da legali- Alguns doutrinadores entendem que o Direito Penal não se presta para
dade e da irretroativadade da lei penal mais grave." Por fim, ao examinar o acabar com a criminalidade, apenas, contribui para isso, nada mais, nada
sujeito ativo do crime de genocídio, Carlos Augusto Canêdo Gonçalves menos.
Silva conclui afirmando que: "Só a pessoa física poderá ser sujeito ativo do
crime de genocídio.(31) O Direito Penal terá de ser usado como o último esforço para se prote-
ger um bem jurídico. Assim, para se erigir lesão a certo bem jurídico, é
O ilustre penalista José Cirilo de Vargas é contundente ao comentar o mister que tal bem jurídico seja realmente importante para a sociedade e
rompimento do princípio da legalidade e da Societas delinquere non potest que a atuação da pessoa seja realmente perigoso a determinado bem
pelo Tribunal de Nuremberg.(32) jurídico.(38)
Portanto, pode-se afirmar que outros ramos do direito pode proteger o
Portanto, os argumentos dos doutrinadores são vários, entretanto, os bem jurídico, como exemplo, o direito civil, administrativo, etc.
mais contundentes são do princípio da culpabilidade, da individualização da Naturalmente, a proteção do bem jurídico pelo Direito Penal implica em
pena. Assim, em nosso sistema penal, a sanção penal está intimamente observar os princípios de direito penal, tais como, o princípio da culpabili-
ligada à conduta do homem. dade, da pena, do injusto pessoal.
Não se pode erigir à proteção do Direito Penal os bens jurídicos esco-
2.5. Considerações finais lhidos aleatoriamente. Desse modo, não se pode transformar a sociedade
Vimos que a posição doutrinária majoritária é contrário à responsabili- em uma sociedade do Direito Penal, sendo que tudo está sob a proteção do
dade penal das pessoas jurídicas. Também, o Código Penal e a Constitui- Direito Penal.

Noções de Direito Penal 56 A Opção Certa Para a Sua Realização


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Assevera Francisco de Assis Toledo que "Mesmo em relação aos bens VIII - o funcionamento das cooperativas de crédito e os requisitos para
jurídico-penalmente protegidos, restringe o direito penal sua tutela a certas que possam ter condições de operacionalidade e estruturação
espécies e formas de lesão, real ou potencial."(39) próprias das instituições financeiras.
§ 1º. A autorização a que se referem os incisos I e II será inegociável e
Ressalte-se que, modernamente, o bem jurídico só pode merecer a intransferível, permitida a transmissão do controle da pessoa jurídica titular,
proteção penal, se houver uma estreita relação com os princípios constitu- e concedida sem ônus, na forma da lei do sistema financeiro nacional, a
cionais vigentes. pessoa jurídica cujos diretores tenham capacidade técnica e reputação
ilibada, e que comprove capacidade econômica compatível com o empre-
A princípios fundamentais constitucionais delineiam, de certa maneira, endimento.
o alcance da norma penal para a proteção do bem jurídico. Nesse sentido § 2º. Os recursos financeiros relativos a programas e projetos de cará-
ter regional, de responsabilidade da União, serão depositados em suas
A criminalização de uma conduta deve guardar estreita correlação com instituições regionais de crédito e por elas aplicados.
os valores socialmente aceitos ou mesmo tendo como base o padrão médio § 3º. As taxas de juros reais, nelas incluídas comissões e quaisquer ou-
de comportamento. Deve haver um consenso da maioria para que essa ou tras remunerações direta ou indiretamente referidas à concessão de crédi-
aquela conduta seja criminalizada. to, não poderão ser superiores a doze por cento ao ano; a cobrança acima
deste limite será conceituada como crime de usura, punido, em todas as
Nesse ponto, a Carta Magna criminalizou diversas condutas por já ha- suas modalidades, nos termos que a lei determinar."
ver um consenso geral e, naturalmente, por serem bens jurídicos de subida Ainda, a Lei Federal 4.595/64 dispõe sobre a Política e as Instituições
relevância na sociedade.(40) monetárias, bancárias e creditícias, além de criar o Conselho Monetário
Desse modo, para se elevar a lesão a um bem jurídico a delito, há de Nacional (CMN), diploma legal recepcionado pela atual Constituição.
haver uma consonância com os valores sociais.(41)
Afirma José Afonso da Silva que:
A liberdade é o bem jurídico mais importante em nosso ordenamento "O sistema financeiro nacional será regulado em lei complementar. Fica
jurídico. Os mecanismos de proteção desse bem está insculpido na Consti- valendo, como tal, pelo princípio da recepção, a Lei 4.595/64, que precisa-
tuição da República no art. 5º, LXI, LXV, LXV, LXVI, etc., sendo cláusula mente instituiu o sistema financeiro nacional. Não é, portanto, a Constitui-
pétrea. A violação da liberdade tem de seguir os ditames constitucionais, ção que o está instituindo. Ela está constitucionalizando alguns princípios
senão estará eivada de nulidades. do sistema. Aquela lei vale, por conseguinte, como se lei complementar
fosse."(44)
Por conseguinte, o Direito Penal só deve tutelar bens jurídicos os quais
outros ramos do direito não são bastante persuasivos. A tutela penal é Assim, o art. 1º da Lei 4.595/64 dispõe: O Sistema Financeiro nacional,
ultima ratio, pois, estaremos lidando com a liberdade do indivíduo.(42) estruturado e regulado pela presente Lei, será constituído:
"I – do Conselho Monetário Nacional,
3.2. Bem Jurídico e Sistema Financeiro Nacional II – do Banco Central do Brasil,
Sem dúvidas, o Bem Jurídico tutelado pela Lei n.º 7.492/86 é o sistema III – do Banco do Brasil S.A,
financeiro nacional. Portanto, o problema que se afigura aí, é a delimitação IV – do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico;
da extensão do sistema financeiro nacional. V – das demais instituições financeiras públicas e privadas.
Primeiramente, é mister compreender no que consiste o sistema finan-
ceiro nacional. A Constituição da República possui o Capítulo IX, "Do Por conseguinte, a lesão a essas instituições poderá subsumir aos ti-
Sistema Financeiro Nacional", do Título VII, "Do Ordem Econômica Finan- pos penais previstos na Lei 7.492/86 que define os crimes contra o sistema
ceira", art. 192, com redação dada pela EC n.º 13 (DOU de 22/8/96) estabe- financeiro. Sobreleve-se que há de se observar os princípios de direito
lece as nuanças do SFN. Há outros dispositivos constitucionais que tratam penal amplamente aceito pelos doutrinadores e aplicados pelos Tribunais.
do assunto, também, tais como, art. 21, VIII e IX; 22, VI e VII; 43, § 2º, I e II;
48, II, XIII e XIV, 52, VI, VII e VIII; 163, 164, 165, 172 e 173.(43) Esclarece o eminente professor Francisco Betti que "todo delito eco-
"Art. 192. O sistema financeiro nacional, estruturado de forma a promo- nômico terá como bem jurídico protegido algum aspecto concreto do orde-
ver o desenvolvimento equilibrado do País e a servir aos interesses da namento público econômico."(45)
coletividade, será regulado em lei complementar, que disporá, inclusive,
sobre: CAPÍTULO 4. A LEI 7.492/86
I- a autorização para o funcionamento das instituições financeiras, 4.1. Conceito de Instituição financeira
assegurado às instituições bancárias oficiais e privadas acesso a O conceito de instituição financeira, em sentido estrito, será extraído da
todos os instrumentos do mercado financeiro bancário, sendo Lei federal 4.595/64 e pela Lei 7.492/86, aquela é subsidiária da última.
vedada a essas instituições a participação em atividades não
previstas na autorização de que trata este inciso; Não obstante, o artigo 1º da Lei 7.492/86 amplia o conceito de institui-
II - autorização e funcionamento dos estabelecimentos de seguro, ção financeira, trazendo a esse conceito categoria de autores que não
resseguro, previdência e capitalização, bem como do órgão ofi- exercem propriamente atividade de mercado de capitais, mas lucram de
cial fiscalizador. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº forma ilícita atuando na área, In verbis:
13, de 1996). Art. 1º Considera-se instituição financeira, para efeito desta lei, a pes-
III - as condições para a participação do capital estrangeiro nas insti- soa jurídica de direito público ou privado, que tenha como atividade princi-
tuições a que se referem os incisos anteriores, tendo em vista, pal ou acessória, cumulativamente ou não, a captação, intermediação ou
especialmente: aplicação de recursos financeiros (Vetado) de terceiros, em moeda nacional
a) os interesses nacionais; ou estrangeira, ou a custódia, emissão, distribuição, negociação, intermedi-
b) os acordos internacionais; ação ou administração de valores mobiliários.
IV - a organização, o funcionamento e as atribuições do Banco Cen- Parágrafo único. Equipara-se à instituição financeira:
tral e demais instituições financeiras públicas e privadas; I - a pessoa jurídica que capte ou administre seguros, câmbio, con-
V - os requisitos para a designação de membros da diretoria do sórcio, capitalização ou qualquer tipo de poupança, ou recursos de
Banco Central e demais instituições financeiras, bem como seus terceiros;
impedimentos após o exercício do cargo; II - a pessoa natural que exerça quaisquer das atividades referidas
VI - a criação de fundo ou seguro, com o objetivo de proteger a eco- neste artigo, ainda que de forma eventual.
nomia popular, garantindo créditos, aplicações e depósitos até
determinado valor, vedada a participação de recursos da União; Tal conceito é amplíssimo, segundo Francisco de Assis Betti. (46)
VII - os critérios restritivos da transferência de poupança de regiões
com renda inferior à média nacional para outras de maior desen- O moderno Direito Penal da culpabilidade rejeita a responsabilidade
volvimento; penal objetiva, portanto, o crime há se ser analisado "alguns elementos

Noções de Direito Penal 57 A Opção Certa Para a Sua Realização


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psíquicos, ou anímicos – a previsibilidade e a voluntariedade – como condi- Desse modo, a realização do tipo penal só ocorrerá através da conduta
ção da aplicação da pena criminal – nullum crimen sine culpa.(47) de um homem, não poderia ser de outra maneira.

Assim, não se pode imputar um crime a um agente sem antes examinar É assim que afirma a penalista Sheila Jorge Selim de Sales:
sua vontade em aderir à ação ou omissão.(48) "Os tipos penais são, pois, juízos de valor realizados pelo legislador
sobre determinados comportamentos do homem, trazidos de maneira
Além do mais, nos crimes contra o sistema financeira, há de se avaliar factícia para o nosso sistema de leis, quando considerados contrários à
se a conduta do agente lesa diretamente o bem jurídico que, no caso em ordem social que o Direito quer proteger.
tela, é o sistema financeira nacional. Se não houver lesão a esse bem
jurídico, não haverá crimes contra o sistema financeiro. Assim, por ser o sujeito ativo indissociável do fato incriminado, o legis-
lador, em geral, não faz a ele qualquer referência: o tipo penal não diz
4.2 Conceito de sujeito ativo "aquele que matar alguém", mas, sim, "matar alguém".(56)
Segundo o magistério de Basileu Garcia, "sujeito ativo do delito, ou a-
gente, é quem o pratica. Só o homem, individualmente ou associado, pode Ocorrerá que algumas vezes o legislador inserirá nos tipos penais "de-
sê-lo."(49) terminada condição ou qualidade do sujeito ativo. Estes são chamados
crimes especiais ou próprios, como, por exemplo, o infanticídio."(57)
Ainda, Mirabete ensina que:
"sujeito ativo do crime é aquele que pratica a conduta descrita na lei, ou Ainda, encontraremos como exemplo dessa qualidade ou condição do
seja, o fato típico. Só o homem, isoladamente ou associado a outros (co- sujeito ativo, no Código Penal: o art. 312, Peculato, o funcionário público;
autoria ou participação), pode ser sujeito do crime, embora na Antiguidade art. 302, o médico; art. 356, advogado ou procurador; art. 359 A, gestor
e na Idade Média ocorressem muitos processos contra animais. A capaci- público; art. 354, presos, detentos; art. 313- A, funcionário autorizado, art.
dade geral para praticar crime existe em todos os homens. "Capaz de ação 177 § 1º, Inciso I a VII, o diretor ou gerente.
em sentido jurídico – afirma Wessels – é toda pessoa natural independen-
temente de sua idade ou de seu estado psíquico, portanto também os Tais atributos descrevem o tipo penal, portanto, em não se encontran-
doentes mentais."(50) do-os, não haverá o crime perpetrado pelo tipo penal. Todavia, poderá
haver outro crime.
Assim, sujeito ativo é aquele que realiza o fato descrito no tipo penal.
Será sempre uma conduta humana a perpetrar o tipo penal. Todavia, os tipos penais, em geral, são comuns, pois, não se requer
uma qualidade ou condição especial do sujeito ativo para o cometimento do
Cézar Roberto Bitencourt ensina que: ilícito.
"o sujeito ativo é quem pratica o fato descrito como crime na norma pe-
nal incriminadora. Para ser considerado sujeito ativo de um crime é preciso 4.4. A Qualidade do sujeito ativo
executar total ou parcialmente a figura descritiva de um crime. O Direito Os delitos, em regra, podem ser cometidos por qualquer pessoa, toda-
positivo tem utilizado uma variada terminologia para definir o sujeito ativo via, alguns tipos penais requerem alguma condição ou qualidade do agente
do crime, alterando segundo o diploma legal e, particularmente, segundo a no momento do cometimento do ilícito.
fase procedimental. O Código Penal, utiliza agente (art.14, II), condenado
(art. 34) e réu (art. 44, II) para definir o sujeito ativo do crime; o Código de A qualidade ou condição pode ser de "fato ou jurídica". Ainda, a quali-
Processo Penal, por sua vez, utiliza indiciado (art. 5º, § 1º, b), acusado (art. dade ou condição de fato pode ser "natural ou social"(58)
185), réu (art. 188) e querelado (art. 51)."(51) Para José de Cirilo Vargas, "relativamente à qualificação do agente,
A ilustre penalista Sheila Jorge Selim de Sales além de conceituar su- pode ela ser natural (ou social) e jurídica (ou profissional)."(59)
jeito ativo faz uma distinção entre este e autor.
Ainda, assevera Heleno Cláudio Fragoso que "a qualidade do agente
Acentua ela que "o sujeito ativo é, portanto, o sujeito que pratica o fato exigida pela lei deve ser presente no momento da ação e o agente deve ter
descrito na norma penal incriminadora."(52) consciência da mesma. O erro a respeito é essencial."(60)
Por conseguinte, afirma a penalista que:
"Em todos os tipos penais vive um sujeito ativo. Por outro lado, a penalista Sheila Jorge Selim de Sales divide as quali-
Este é o ser humano, a pessoa natural. dades do sujeito ativo, apenas, em "natural e jurídica".(61)

No Direito Penal brasileiro, em que a imposição de uma sanção penal 4.5. Qualidade natural
assenta-se sobre o princípio da culpabilidade, apesar de não se cingir A qualidade natural advém de uma característica do ser humano ou
apenas a esta condição, sujeito ativo, como leciona Bento de Faria, é mesmo pode ser inerente a ele, tais como, o sexo, o parentesco, à naciona-
"...todo o ser humano de existência real, isto é, a pessoa individual, porque lidade, a condição biológica ou biopsicológica. Tais qualidade naturais
a vontade conceituada pelo direito penal, como capacidade ou faculdade de fogem ao controle do ser humano.
querer, somente existe na pessoa física."(53)
Essas qualidades naturais aparecem no Código Penal, nos seguintes
Portanto, o sujeito ativo é aquele que se subsume ao tipo penal, da artigos:
norma incriminadora. "Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o
parto ou logo após" (infanticídio), art. 123; "Aborto provocado pela gestante
4.3. Sujeito ativo no tipo penal da Parte Especial do Código Penal ou com seu consentimento", art. 124; "perigo de contágio venéreo, art. 130
O Sujeito ativo, em geral, não vem explícito no Código Penal. A norma e "perigo de contágio de moléstia grave", art. 131, (somente quem sabe que
incriminadora é dirigida àquele que realiza o tipo penal. Assim, o sujeito está contaminado e tem o dolo de contaminar outrem); "Exposição ou
ativo integra o tipo penal. abandono de recém-nascido, art. 134, ( a mãe que deu a luz ilicitamente ou
o pai adulterino ou incestuoso); "estupro", art. 213, "posse sexual mediante
Segundo a Professora Sheila Jorge Selim de Sales, "o sujeito ativo é, fraude, art. 215 e "sedução", art. 217 (só o homem pode cometer); "parto
pois, elemento do tipo penal." Ainda, citando Mariano Jimenez Huerta que suposto", art. 242, 1º parte; (62) "o rapto para fim de casamento, arts. 219 e
"o sujeito ativo, ao lado do bem jurídico tutelado e da conduta, são os 220, c/c art. 221, (somente o homem);(63)
requisitos mais elementares e comuns dos tipos penais."(54)
4.6. Qualidade jurídica
Ensina o penalista Heleno Cláudio Fragoso que "tipo é a descrição do A qualidade jurídica está agregada ao agente da conduta ilícita, poden-
comportamento proibido, compreendendo o conjunto das características do ser extraída de vários ramos do direito.
objetivas e subjetivas do fato punível. (...) a descrição legal de um fato que Assim, Afonso Reis, citado por Sheila Jorge Selim de Sales, "por cuali-
a lei proíbe."(55) ficación jurídica entiéndese aquella connotación personal que tien relevan-

Noções de Direito Penal 58 A Opção Certa Para a Sua Realização


APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
cia en cualquier area del derecho. Esta cualificación puede ser de derecho certas condutas lesivas a bem jurídicos relevantes em leis especiais. Toda-
público o de derecho privado."(64) via, há, sempre, de observar se tais tipos são comuns ou próprios, como
ocorre no Código Penal.
Segundo Fragoso, È o que ocorre na Lei N.º 8.137, de 27 de Dezembro De 1990, que
"Carnelutti apresenta ampla enumeração das qualidades e situações define crimes contra a ordem tributária, econômica e contra as rela-
jurídicas relativas ao agente nos crime próprios, mostrando que podem ções de consumo, e dá outras providências.
provir de diversos ramos do direito, como o constitucional (cidadão); o Ela divide os crimes em: Crimes praticados por particulares e Cri-
processual (juiz, procurador, testemunha, perito); o administrativo (oficial ou mes praticados por funcionários públicos, o primeiro é crime comun,
agente de polícia, funcionário do serviço postal, pessoa que exerce profis- o segundo é crime próprio.
são sanitária); o privado (cônjuge, tutor, curador, proprietário, co-herdeiro, Assim, são crimes comuns os que podem ser cometidos por qual-
condômino, depositário, sócio, etc."(65) quer pessoa, de acordo com Lei 8137/90:
Nos tipos penais, as qualidades ou condições jurídicas agregadas ao Art. 1° Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tri-
sujeito ativo aparecem nos seguintes artigos na Parte Especial do Código buto, ou contribuição social e qualquer acessório, mediante as seguintes
Penal, segundo a ilustre penalista Sheila Jorge Selim de Sales(66) Art. 52; condutas:
Art. 154; Art. 156; Art. 171, § 2º, II; Art. 171, § 2º, III; Art. 171, § 2º, IV; Art. I - omitir informação, ou prestar declaração falsa às autoridades fa-
172; Art. 175; Art. 177, I, II, VII; Art. 177, III, IV, V e VI; Art. 177, VIII; Art. zendárias;
177, IX; Art. 200; Art. 201; Art. 205; Art. 235; Art. 235, § 1º; Art. 240; Art. II - fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos, ou
244; Art. 245; Art. 246; Art. 276; Art. 283, 2ª parte; Art. 300; Art. 30; Art. omitindo operação de qualquer natureza, em documento ou livro
302; Art, 309 e art. 338; exigido pela lei fiscal;
III - falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda, ou
Art. 311; Art. 312 a 326; Art. 342; Art. 352; Art. 354, caput; art. 355, qualquer outro documento relativo à operação tributável;
parágrafo único e art. 356; Art. 359. IV - elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar documento que saiba
Há, ainda, na Parte Especial do Código Penal, como exemplo, os se- ou deva saber falso ou inexato;
guintes artigos: V - negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório, nota fiscal ou do-
Art. 359-A (contratação de operação de crédito); art. 359-B (inscrição cumento equivalente, relativa a venda de mercadoria ou prestação
de despesas não empenhadas em restos a pagar); art. 359-C (assunção de de serviço, efetivamente realizada, ou fornecê-la em desacordo
obrigação no último ano do mandato o legislatura); art. 359-D (ordenação com a legislação.
de despesa não autorizada); art. 359-F (não cancelamento de restos a Pena - reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
pagar); art. 359-G (aumento de despesa total com pessoal no último ano do Parágrafo único. A falta de atendimento da exigência da autoridade, no
mandato ou legislatura): Os sujeitos agentes poderão ser o Presidente da prazo de 10 (dez) dias, que poderá ser convertido em horas em razão da
República, Ministros de Estado, Presidente do Supremo Tribunal Federal, maior ou menor complexidade da matéria ou da dificuldade quanto ao
Procurador Geral da República, Prefeitos, Governadores, enfim, todos os atendimento da exigência, caracteriza a infração prevista no inciso V.
gestores de órgãos públicos que tenham por dever gerir dinheiros públicos.
Art. 2° Constitui crime da mesma natureza:
Art. 359-E (prestação de garantia graciosa) e art. 359-H (oferta pública I - fazer declaração falsa ou omitir declaração sobre rendas, bens ou
ou colocação de títulos no mercado): Os sujeitos ativos poderão ser Presi- fatos, ou empregar outra fraude, para eximir-se, total ou parcial-
dente, Prefeitos, Governadores, Presidentes e Diretores de bancos oficiais. mente, de pagamento de tributo;
4.7. Tipos penais comuns e especiais II - deixar de recolher, no prazo legal, valor de tributo ou de contribui-
Os tipos penais podem ser comuns ou especiais. Quando o tipo penal ção social, descontado ou cobrado, na qualidade de sujeito passivo
for comun, diz-se que o crime é comum e quando o tipo penal for especial, de obrigação e que deveria recolher aos cofres públicos;
o crime é próprio. III - exigir, pagar ou receber, para si ou para o contribuinte beneficiário,
qualquer percentagem sobre a parcela dedutível ou deduzida de
Nos crime comuns, o sujeito ativo poderá ser qualquer pessoa e nos imposto ou de contribuição como incentivo fiscal;
crimes próprios, o sujeito ativo apresentará uma qualidade natural ou IV - deixar de aplicar, ou aplicar em desacordo com o estatuído, incen-
jurídica que lhe é peculiar.(67) tivo fiscal ou parcelas de imposto liberadas por órgão ou entidade
de desenvolvimento;
Ainda, nos tipos penais especiais, a lei penal limita a atuação do sujeito V - utilizar ou divulgar programa de processamento de dados que
ativo, atribuindo-lhe uma qualidade especial. permita ao sujeito passivo da obrigação tributária possuir informa-
ção contábil diversa daquela que é, por lei, fornecida à Fazenda
Segundo a professora Sheila Jorge Selim de Sales, Pública.
"`as vezes a descrição do fato sancionado contém uma qualidade ex- Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
plícita referente ao sujeito ativo, que estar presente no agente ao tempo da São crimes próprios, cometidos por funcionário público, os seguintes:
prática do fato típico.
"A qualidade do sujeito ativo faz emergir uma categoria específica na Art. 3° Constitui crime funcional contra a ordem tributária, além dos
classificação doutrinária dos tipos penais: os denominados próprios, espe- previstos no Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código
ciais, exclusivos ou particulares. Penal (Título XI, Capítulo I):
(...) Portanto, são tipos penais especiais ou próprios todos aqueles que I - extraviar livro oficial, processo fiscal ou qualquer documento, de
contêm uma exigência legal de qualidade ou condição singular do sujeito que tenha a guarda em razão da função; sonegá-lo, ou inutilizá-lo,
ativo, essencial para a realização da figura delitiva."(68) total ou parcialmente, acarretando pagamento indevido ou inexato
de tributo ou contribuição social;
Ainda segundo a eminente penalista, tal qualidade pode ser direta ou II - exigir, solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indire-
indireta. Na bigamia, art. 235, requer a qualidade de casado; peculato, art. tamente, ainda que fora da função ou antes de iniciar seu exercí-
312, requer a qualidade funcionário público. Tais qualidades são diretas. cio, mas em razão dela, vantagem indevida; ou aceitar promessa
de tal vantagem, para deixar de lançar ou cobrar tributo ou contri-
Qualidades indiretas são apreendidas nos seguintes artigos: Parto su- buição social, ou cobrá-los parcialmente. Pena - reclusão, de 3
posto, art. 242, 1ª parte, somente a mulher pode simular tal situação; auto- (três) a 8 (oito) anos, e multa.
aborto, art. 124, 1ª parte, somente a gestante será agente; infanticídio, art. III - patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a
123; entrega de filho menor à pessoa inidônea, art. 245.(69) administração fazendária, valendo-se da qualidade de funcionário
público. Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
4.8. Tipo penal e leis penais especiais
Outrossim, nas leis penais especiais, haverá tipos penais comuns ou Ainda, os tipos penais dos artigos 4º, 5º, 6º e 7º, da referida lei, são
especiais. Por vezes, o legislador entende por bem tipificar penalmente comuns. Tais crimes podem ser praticados por qualquer pessoa.

Noções de Direito Penal 59 A Opção Certa Para a Sua Realização


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Também, encontraremos a qualidade do sujeito ativo na Lei 4.737, de O crime, em geral, é cometido por uma só pessoa. Os tipos penais u-
15 de julho de 1965 (Código Eleitoral): Juiz, Art. 291; autoridade policial, art. nissubjetivos são os mais comuns. Todavia, pode ocorrer de o crime ser
298; servidor público, art. 300; qualquer autoridade, art. 305; mesários, art. cometido por mais de duas pessoas o que se chama concurso eventual.
307, 308; eleitor, art. 309; membro da mesa receptora, art. 310; juiz e Assim, teremos o concurso de pessoas conforme preceitua o art. 29, do
membros da junta eleitoral, art. 313 e 314; escrutinadores, art. 318; eleitor, Código Penal, In Verbis:
art. 319 e 320; funcionário dos correios, art. 338; diretor ou funcionário, art. "Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a
341; funcionário público, art. 352. este cominadas, na medida de sua culpabilidade."

Na Lei 7.492, de 16 de junho de 1996, a qualidade jurídica de Diretor, Para se verificar o concurso de pessoas, há os seguintes requisitos(73)
gerente, liquidante, interventor ou síndico configurará o tipo penal nos a) pluralidade de agentes e de condutas;
crimes contra o sistema financeiro nacional. b) relevância causal de cada conduta;
c) liame subjetivo entre os agentes;
4.9. Qualidade do sujeito ativo e leis penais especiais d) identidade de infração penal.
A qualidade jurídica do sujeito ativo, em muitas leis especiais, exerce
fundamental importância. Tendo, portanto, de ser levado em conta a condi- É importante ressaltar que o agente tem de aderir à vontade do outro.
ção de fato ou jurídica do sujeito ativo no momento da ação ou omissão. Os dois agentes têm de ter vontade de praticar o mesmo crime. Essa
unidade de desígnios é importante para caracterizar o concurso de pesso-
O tipo penal, nessas leis especiais, atribui responsabilidade penal ao as.
sujeito ativo que tem alguma peculiaridade, uma qualidade jurídica. Ocorre
o mesmo nos crimes de responsabilidade de agente público. Nesses tipos O tipo penal, às vezes, pode ser realizado por pessoa que desconhece
penais, a lei especifica a quem é dirigida a norma. o fato como sendo ilícito, isto é, um agente utiliza uma certa pessoa, sem
que ela o saiba, para praticar um crime. Nesse caso, tal pessoa não res-
Verifica-se, portanto, que se pessoa diversa prática o fato descrito na ponde pelo crime induzido por terceiro. Pode ocorrer, também, que o agen-
norma penal, senão àquela com a qualidade requerida pelo tipo penal, o te obtenha ajuda no cometimento de um crime. Assim, a pessoa que auxilia
crime seria outro ou mesmo a ação ou omissão do agente seria irrelevan- não pratica o crime diretamente, apenas, tem uma participação.(74)
te.(70) Assim, as pessoas que concorrem para o crime respondem "na medida
de sua culpabilidade".
Desse modo, tais leis especiais são de suma importância ao ordena-
mento jurídico. Dentre muitas, podemos citar as seguintes: Lei No 7.492, de Nos crimes próprios, as circunstâncias pessoais podem se comunicar,
16 de Junho de 1986; Decreto-Lei N.º 201, de 27 de Fevereiro de 1967; se forem elementares do crime. Esta é a regra do art. 30 do Código Penal:
Lei N.º de 1.079, de 10 de Abril de 1950; Lei N.º 4.898, de 9 de Dezem- "Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal,
bro de 1965; Lei N.º de 7.106, 28 de Junho de 1983; Lei N.º 8.137, de 27 salvo quando elementares do crime."
de Dezembro de 1990; Lei N.º 8.429, de 2 de Junho de 1992; Lei N.º
9.504, de 30 de Setembro de 1997; Decreto-Lei N.º 1.001, de 21 de Outu- Nos crimes preconizados pela Lei 7.492/86, nota-se que a condição ju-
bro de 1969 – Código Penal Militar: rídica de Diretor, Gerente, interventor, liquidante ou síndico pode comuni-
car-se àquele que com estes cometerem crimes contra o sistema financei-
5.0. Tipos unissubjetivos e plurissubjetivos ro. Assim, responderão como se tivesse a qualidade jurídica requerida pela
Os tipos penais unissubjetivos são aqueles praticados por um só sujei- lei.
to. Nada obsta que a conduta do tipo penal seja praticada por duas ou mais
pessoas, aí, então, teremos o concurso de pessoas. Naturalmente, os agentes envolvidos no crime têm de ter ciência e von-
tade para realização do tipo penal.
Segundo a penalista Sheila Jorge Sales de Selim,
"nos tipos penais unissubjetivos, o concurso de agentes é, sempre, e- Ensina a professora Sheila Jorge Selim Sales(75)
ventual. Como ensina Aníbal Bruno, "no concurso eventual, há apenas uma "Ressaltamos, todavia, que a comunicabilidade desta circunstância
maneira particular de realizar o fato delituoso, a concorrência de vários pressupõe o seu efetivo conhecimento por parte de todos aqueles que
autores, que poderia deixar de existir e o crime resultar do mesmo mo- concorrem para a realização do tipo penal mencionado."
do."(71)
É muito comum nos crimes contra o sistema financeiro haver pluralida-
Os tipos penais praticados por um só agente constitui a regra geral no de de agentes, pois, essa espécie de crime, por ser muito complexo, sem-
Código Penal e nas leis especiais. O exemplo mais comum é o art. 121, pre exige duas ou mais pessoas para realizá-lo.
"matar alguém" (crime de homicídio).
Ocorre, ainda, que as pessoas jurídicas são usadas para a realização
Os tipos penais plurissubjetivos requerem dois ou mais agentes para de crimes contra os sistema financeiro. Nesses casos, sem sombra de
realizar o tipo penal. A vontade dos agentes tem de ser dirigida para um dúvida, pessoas físicas que a administram agem em seu nome. Portanto,
mesmo fim, isto é, para a realização do mesmo tipo penal. Alguns autores serão essas pessoas autores dos crimes, agindo em concurso eventual.
se referem a esses crimes como sendo de concurso necessário.
Nesse sentido, afirma o penalista Cláudio Heleno Fragoso(76)
Geralmente, o Código Penal e as leis especiais trazem no tipo penal a "A pessoa jurídica, que pode ser sujeito passivo de crime, não pode ser
pluralidade de agentes que podem cometer o crimes. autor (pois é incapaz de ação e de culpa), independentemente das pessoas
físicas que agem em seu nome. Estas serão os autores do crime, quando
A penalista Sheila Jorge Selim de Sales traz os seguintes exemplos de agirem em representação, por conta ou em benefício de pessoa jurídica,
tipo penal plurissubjetivos(72) segundo as regras gerais da responsabilidade penal."
1.rixa, art. 137;
2.esbulho possessório, art. 161, § 1º, II; 5.2. Sujeito ativo na Lei 7.492/86
3.paralisação de trabalho de interesse coletivo, art. 201; Somente, o homem pode ser sujeito ativo, pois, o delito é uma ação
4.quadrilha ou bando, art. 288; humana.
5.motim de presos, art. 354. Assim é que estabelece o art. 25 da Lei 7.492/86:
"Art. 25. São penalmente responsáveis, nos termos desta lei, o contro-
5.1. Concurso de pessoas lador e os administradores de instituição financeira, assim considerados os
O estudo do concurso de pessoas é muito complexo e árduo. Portanto, diretores, gerentes (Vetado).
abordaremos sucintamente o tema, sempre, em cotejo com a lei n.º §1º. Equiparam-se aos administradores de instituição financeira (Veta-
7.492/86. do) o interventor, o liquidante ou o síndico."

Noções de Direito Penal 60 A Opção Certa Para a Sua Realização


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Ressalte-se que preponderou o princípio nullum crimen sine culpa. Por- Uma outra questão que surge é a interpretação do dispositivo supraci-
tanto, a responsabilidade subjetiva é a que vigora no art. 25. Naturalmente, tado à luz da teoria da culpabilidade. Pois, nosso sistema jurídica rejeita
que a responsabilidade penal somente será imputada àqueles que partici- qualquer responsabilidade penal objetiva. Toda responsabilidade penal, em
parem efetivamente do fato delituoso. nosso sistema, é subjetiva. Vige, pois, o princípio nullem crimen sine culpa.

Na maioria dos artigos da Lei em comento, o sujeito ativo é reconheci- Assim, o dispositivo estaria consagrando o princípio da responsabilida-
do de imediato, tais como os artigos 5º, 12, 13, parágrafo único, 15, 17 e de subjetiva na lei 7.492/86.
23. Entretanto, nos artigos 2º, 3º, 6º, 7º, 8º, 9º, 11, 14, 16, 18, 22, o sujeito
ativo é inferido a partir da descrição do tipo, pois, somente, quem tem uma Corroborando essa tese, Cezar Roberto Bitencourt sustenta que a res-
determinada qualidade ou condição jurídica poderá realizar tais tipos pe- ponsabilidade penal dos controladores e administradores de instituição
nais. financeira somente poderá ser a responsabilidade subjetiva, pois é a que
melhor traduz os ditames da Constituição da República Federativa do Brasil
Assim, a técnica-legislativa usada causa uma certa dubiedade, pois, e o Código Penal.(79)
aponta em alguns tipos penais o sujeito ativo e em outros não.
Também, penalista Francisco de Assis Betti afirma que somente o ho-
Naturalmente, o art. 25 traz todo esclarecimento a quem destinará a mem pode cometer delito, portanto; a responsabilidade só pode ser subjeti-
norma penal, isto é, somente controladores, administradores (Diretores, va.(80)
gerentes), interventor, liquidante, interventor poderão realizar os tipos
penais na Lei 7.492/86. Por conseguinte, observamos que a interpretação do art. 25, da Lei
7.492/86 encontra consenso entre os dois autores acima citados. A análise
No Código Penal, o tipo penal é comum ou próprio. Quando o tipo é cinge-se, apenas, sob o prisma da responsabilidade subjetiva dos agentes
próprio, este vem expresso com as seguintes expressões: Código Penal- indicados no art. 25.
Parte Especial - Título XI, Dos crimes contra a administração pública,
Capítulo I, Dos crimes praticados por funcionários público contra a adminis- Ainda, há uma outra interpretação do art. 25 que corrobora as afirma-
tração em geral: artigos 312 ao 326. Assim, os tipos penais dos arts. 312 a ções ora exposta e acrescenta. Assim, o eminente Professor Rodolfo Tigre
326 só podem ser realizados por funcionário público. Maia defende que a enumeração do art. 25 não restringe a responsabilida-
de penal às pessoas ali mencionada, trata-se de presunção iuris tan-
Ainda, o tipo penal do art. 177, § 1º, I, II, III, IV, V, VI, VII, VIII, IX, só tum.(81)
pode ser realizado por diretor, gerente ou fiscal. È crime próprio.
Note-se que o eminente penalista Rodolfo Tigre Maia afirma que os
No que tange às leis especiais, não é diferente a técnica-legislativa. crimes estatuídos na Lei 7.492/86 são comuns e próprios. Ora o tipo penal
Haja vista, a Lei n.º 8.137, de 27 de dezembro de 1990, que define crimes se apresenta como comum, ora ele se apresenta como próprio.
contra a ordem tributária, econômica e contra as relações de consumo.
Código Penal Brasileiro. 6ª ed.. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001 em Sem sombra de dúvidas, teria razão o eminente penalista, se não hou-
que define crime comum no CAPÍTULO I, Dos Crimes Contra a Ordem vesse o art. 25 que limitou a responsabilidade penal ao controlador e admi-
Tributária, Seção I, Dos crimes praticados por particulares e crime próprio nistradores. Portanto, tornou todos os tipos penais próprios, por disposição
na Seção II, Dos crimes praticados por funcionários públicos. expressa.

Cite-se, também, o Decreto-Lei N.º 1.001, de 21 de Outubro de 1969, E, assim, entende o professor Francisco Assis Betti:
Código Penal Militar, dentre muitas outras leis especiais. "[...] Os crimes da Lei 7.492/86, como se observa, são próprios porque
exigem capacidade especial de seu autor, consubstanciada no poder de
Desse modo, não resta dúvida quanto a quem cabe a responsabilidade realizar ou determinar a realização do ilícito."(82)
penal nessas leis especiais.
O interventor, liquidante e o síndico têm responsabilidade semelhante
No entanto, não foi usada a mesma técnica-legislativa na lei 7.492/86 aos diretores e gerentes, por disposição expressa do parágrafo 1º, art. 25.
que usa vários tipos penais diferentes.
O conceito de controlador e administradores ainda é bastante discutí-
Ocorre que ao Interpretar o artigo 25, da lei 7.492/86, chega-se a con- vel. Mormente, porque não há, na lei, uma definição clara da função dessas
clusão que ele limita a responsabilidade penal de modo que não deixa pessoas.(83)
pairar qualquer dúvida quem pode realizar o tipo penal.
Entendemos que o art. 25, da Lei 7.492/86, ao nomear os agentes que
Temos de interpretar o dispositivo, ora em comento, restritivamente, is- poderiam a vir responder pelos delitos contra o sistema financeiro, referiu-
to é, se o art. 25 diz que são responsáveis penais, nos termos da lei, ape- se ao controlador erroneamente, pois o conceito que encontramos de
nas, o controlador, administrador, liquidante, síndico ou interventor. É claro controlador é aquele do art. 116, da Lei 6.404/76 que preceitua: "Entende-
que o dispositivo abarcou toda lei, portanto, todos os crimes estatuídos por se por acionista controlador a pessoa, natural ou jurídica, ou o grupo de
esta lei é próprio. pessoas vinculadas por acordo de voto, ou sob controle comum, que: [...]."

Ensina o pranteado Carlos Maximiliano que quanto às leis penais: Bem, com relação à pessoa natural, é óbvio que ela pode ser sujeito a-
"A exegese deve ser criteriosa, discreta, prudente; estrita, porém não tivo de delito, conforme discorrido anteriormente. Todavia, a pessoa jurídica
restritiva. Deve dar precisamente o que o texto exprime, porém tudo o que não poderia ser apenada e muito menos um grupo de pessoas indistinta-
no mesmo se compreende; nada de mais, nem de menos. Em uma palavra, mente.
será declarativa, na acepção moderna do vocábulo."(77)
Como já foi dito, somente a pessoa física pode ser sujeito ativo dos
Portanto, a lei estabelece que quando os agentes de ilícito penal tive- crimes estatuídos na Lei 7.492/86, pois o delito é uma ação humana. O
rem a qualidade jurídica indicada no art. 25 serão processados por crimes sujeito ativo é aquele que pratica o fato descrito no tipo penal. É o homem,
contra o sistema financeiro. Se não tiverem essa qualidade não poderão ser a pessoa natural, somente.
processados por crime contra o sistema financeiro, mas, sim outro crime.
Portanto, temos de afastar essa interpretação, pois, o acionista contro-
Nesse sentido, Cláudio Heleno Fragoso assevera que "a qualidade do lador não será sempre pessoa natural, conforme a Lei 6.404/76.
agente exigida pela lei deve ser presente no momento da ação e o agente
deve ter consciência da mesma. O erro a respeito é essencial."(78) Então, o controlador aludido na Lei 7.492/86 carece de conceito tanto
no Direito penal quando no Direito Comercial e Trabalhista.

Noções de Direito Penal 61 A Opção Certa Para a Sua Realização


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Com relação aos administradores, pode-se depreender seu conceito a verdadeiros especialista do crimes, agindo de forma programada e organi-
partir do art. 145, da Lei 6.404/76 e ainda os arts. 146, 147 e 148 que zada. Somente pessoas que conhecem a dinâmica das instituições finan-
delineiam os requisitos e impedimentos dos administradores. ceiras poderiam detectar as diversas fraudes que ocorrem. É surpreenden-
temente fácil a esses agentes maquiar as diversas operações no sistema
Também, no que tange aos diretores, a Lei 6.404/76 faz menção nos financeiro através de duplicatas simuladas, empréstimos fictícios para cobrir
arts. 143 e 144 e nas normas a administradores, arts. 145, 146 e 147. rombos de caixa, notas fiscais frias, balanços que não correspondem à
realidade dos negócios.(86)
Entende-se que tanto o administrador quanto o diretor detém poderes
que podem ser usados para a prática de delitos estatuídos na Lei 7.492/86. Assim, entendemos que tais crimes só podem ser combatidos por e-
quipes especializadas em sistema financeiro mormente em mercado de
Não há conceito de gerente aludido no art. 25 no Direito civil. Todavia, capitais, além das especializações em Ciências Contábeis e Ciências da
o Direito do Trabalho nos dá uma luz. Para o Direito do Trabalho, o gerente Computação.
exerce uma cargo de confiança. Cargo de confiança é aquele da alta hie-
rarquia da empresa, delegado a empregado que desfruta de total confiança Um outro aspecto que se emerge da Lei 7.49286 é a interpretação do
do empregador na administração de seus bens. O gerente tem amplo poder art. 17 que preceitua:
de deliberação, substituindo, por vezes, o empregador e representando-o "Tomar ou receber, qualquer das pessoas mencionadas no art. 25 des-
nas relações externas. Os diretores e gerente não estão adstritos a horários ta lei, direta ou indiretamente, empréstimo ou adiantamento, ou deferi-lo a
e não têm estabilidade no cargo.(84) controlador, a administrador, a membro de conselho estatutário, aos res-
pectivos cônjuges, aos ascendentes ou descendentes, a parentes na linha
O diretor, também, pode ser aquele empregado de confiança do em- colateral até o 2º grau, consanguíneos ou afins, ou a sociedade cujo contro-
pregador, embora, com gozando de mais autonomia e poderes que o le seja por ela exercido, direta ou indiretamente, ou por qualquer dessas
gerente. pessoas:"
Observe-se que o diretor ou gerente quando empregados de uma em-
presa será regido pela Consolidação das Leis do Trabalho – CLT. Convém Naturalmente, o gerente ou diretor de instituição financeira não poderá
ressaltar que os diretores e gerentes exercem cargos de gestão, portanto, se valer de seu cargo para deferir empréstimo ou adiantamento a controla-
não são empregados comuns. Eles não recebem horas extras e nem estão dor, a administrador, a membro de conselho estatutário, aos respectivos
sujeitos a horários prefixados, por exemplo. cônjuges, aos ascendentes ou descendentes, a parentes na linha colateral
até o 2º grau, consanguíneos ou afins, ou a sociedade cujo controle seja
Inclusive, preceitua o art. 224, § 2º, da C.L.T que diretores e gerentes por ela exercido, direta ou indiretamente.
não fazem jus ao horário de 6 horas diárias em estabelecimento bancário.
Pois, eles exercem cargo de confiança, portanto, tanto podem trabalhar 6 Não importa se o gerente tem poderes para autorizar uma pequena
horas diárias quanto mais do que isso. quantia ou uma quantia vultosa. A lei proíbe, simplesmente, esse tipo de
Existem nos estabelecimentos bancários e instituições financeiras pri- conduta para resguardar a instituição de alguma fraude. Parece-nos que o
vados, plano de cargos e salários que traça a função de cada cargo. Por- gerente aludido é somente aquele trabalha com a carteira de empréstimos.
tanto, buscaremos o grau de responsabilidade de gerentes e diretores a Pois, há numerosas operações bancárias as quais requerem a atuação de
partir desse plano. Além do mais, o próprio contrato de trabalho já traça as um gerente.
funções que os gerentes ou diretores exercerão.
5.3.O sujeito ativo dos artigos 19, 20 e 21
As funções de gerentes nas instituições bancárias são escalonadas. Assim, preceituam os artigos 19., 20 e 21:
Cada gerente responde por uma determinada área (tais como, marketing, "Art. 19. Obter, mediante fraude, financiamento em instituição financei-
empréstimos, câmbio, consórcios, etc.). Existe, na verdade, uma delimita- ra:
ção do que um gerente pode fazer ou não. Temos por exemplo, o gerente Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
que pode autorizar empréstimo até CR$15000,00(quinze mil reais); geren- Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é
tes que podem autorizar mais. E os diretores de banco que poderão autori- cometido em detrimento de instituição financeira oficial ou por ela credenci-
zar a partir de uma determinada quantia, sendo que esta quantia é natural- ada para o repasse de financiamento.
mente muito vultosa para que um gerente possa autorizar.
Art. 20. Aplicar, em finalidade diversa da prevista em lei ou contrato, re-
Portanto, veja que tanto o gerente que autoriza um empréstimo da cursos provenientes de financiamento concedido por instituição financeira
quantia de CR$15000, 00(quinze mil reais) quanto o diretor que autoriza um oficial ou por instituição credenciada para repassá-lo:
empréstimo de uma quantia maior poderão incorrer em crimes contra o Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
sistema financeiro, se, é claro, houver a vontade, a intenção de lesar o
sistema financeiro como um todo. Art. 21. Atribuir-se, ou atribuir a terceiro, falsa identidade, para realiza-
ção de operação de câmbio:
É mister ressaltar que o diretor ou gerente só respondem pelos crimes Pena - Detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
contra o sistema financeiro quando tenham tido alguma participação, não Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, para o mesmo fim, so-
bastando o fato de apenas serem diretores ou gerentes para realizar o tipo nega informação que devia prestar ou presta informação falsa."
penal.
Os delitos descritos nos artigos 19, 20 e 21 da Lei 7.492/86 fogem à
Nesse sentido, a jurisprudência do Tribunal Regional Federal da 3ª re- sistemática da lei. Todos os tipos penais, exceto os dos artigos 19, 20 e 21,
gião dessa lei descrevem condutas que podem ser realizadas por agentes que
"Crime contra o Sistema Financeiro. de alguma forma estão ligadas às instituições financeiras, tais como, o
Inadmissibilidade da responsabilidade objetiva. controlador, administrador, diretor, gerente, interventor, liquidante e síndico;
Tratando-se de crime contra o Sistema Financeiro, não basta somente portanto, as condutas descritas nesses artigos não podem ser realizadas
o fato do acusado ocupar cargo de direção, faz-se necessário que o mesmo por esses agentes.
tenha tido alguma participação na conduta delitiva, caso contrário, estaria Assim, esses tipos penais se destinam a terceiros. Eis, aí, o contra-
atribuindo a responsabilidade objetiva, tão repudiada no Direito Penal. senso. Os tipos penais dessa lei são próprios, não podem ser realizados
Ordem concedida para trancar a ação penal." (85) por pessoas estranhas ao art. 25 que preceitua:
"São penalmente responsáveis, nos termos desta lei, o controlador e os
Os crimes contra o sistema financeiro, em geral, não são cometidos por administradores de instituição financeira, assim considerados os diretores,
um só agente, pois, são crimes altamente planejados, exigindo muitas das gerentes (Vetado).
vezes um esquema de verdadeiro crime organizado. É muito comum ocor- §1º. Equiparam-se aos administradores de instituição financeira (Veta-
rer o concurso de agentes nesses tipos de crimes. Esses agentes são do) o interventor, o liquidante ou o síndico."

Noções de Direito Penal 62 A Opção Certa Para a Sua Realização


APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
As condutas descritas nos arts. 19 e 21 constituem crimes de outra na- A conduta tipificada no art. 20 não passa de uma relação entre institui-
tureza. O diploma repressivo adotado poderá ser qualquer outro, menos a ção financeira e cliente. Toda instituição financeira ao fazer um contrato de
Lei 7.492/86 que tipifica delitos próprios aos agentes com a qualidade financiamento se cerca de todas as garantias para se proteger uma eventu-
jurídica requerida no art. 25. al falta de pagamento ou mesmo que o financiamento seja usado de modo
não estipulado no contrato. Assim, pode-se estipular nas cláusulas contra-
Em tese, a primeira conduta poderia ser aquela tipificada no artigo 171, tuais, em caso de rompimento de contrato ou desvio da finalidade prevista
do Código Penal (Estelionato) e a segunda, também, poderia configurar o no contrato, indenização, reparação de danos, enfim, quaisquer meios de
crime do art. 307, do Código Penal (Falsa identidade). reparação de dano que não seja ilícita ou onerosa para o contratante.

Naturalmente, somente no caso concreto, poder-se-ia fazer uma análi- Ocorre que se uma pessoa realizar o tipo penal do art. 20, da Lei
se mais acurada e aí adequar o caso concreto à norma. Nesse caso, o juiz 7.492/86 seria apenado tão severamente quanto a personagem, Antônio,
deverá ficar atento aos fatos que descrevem a conduta do agente que do Mercado de Veneza, de William Shakespeare. Antônio é fiador de Bis-
cometeu um ilícito para que possa através da melhor exegese adequá-los à sâncio em contrato comercial em que este faz com Shylock, o judeu. Esti-
norma. Pois, não se pode admitir, no moderno Direito Penal, encaixar o tipo pulam que caso Bissâncio não tenha condições de pagar o que deve,
penal no caso concreto, mas sim, a partir de uma análise acurada do caso Shylock retiraria um libra de carne de Antônio. E, Bissâncio acaba não
concreto, se subsumi-lo ao tipo penal. Se se proceder como no primeiro, podendo pagar o que deve. Então, o conflito vai parar na justiça que análise
estaríamos afirmando que todas as pessoas são iguais quando realizam o caso concreto e decide.(89)
uma conduta proibida, esquecendo de considerar os fatos sociais, as
circunstâncias nas quais houve o delito. Todos esses aspectos da ação Vê-se que a questão da interpretação é algo que transcende a letra da
humana deverão ser analisados no momento do desvalor da ação para que lei. Nossos excelsos pretórios não podem ficar adstrito à letra morta da lei e
assim possamos buscar uma norma que melhor descreva aquela ação do muito menos aos Acórdãos ou Jurisprudência de Tribunal superior. Há se
agente, sem nos atentar contra os princípios constitucionais de defesa do fazer toda uma exegese em busca do real alcance da norma.
cidadão, mormente os da proporcionalidade e legalidade.
O eminente Carlos Maximiliano faz uma brilhante observação:
O art. 20 é o mais preocupante da Lei 7.492/86. Imagine-se que do "Em virtude da lei do menor esforço e também para assegurarem os
simples fato de fazer um empréstimo e deliberadamente usá-lo para um fim advogados o êxito e os juízes inferiores a manutenção das suas sentenças,
que não constava do contrato, a pessoa poderá realizar a conduta descrita do que muitos se vangloriam, preferem, causídicos e magistrados, às
no art. em comento; estando sujeito a uma pena de 2 a 6 anos de reclusão exposições sistemática de doutrina jurídica os repositórios de jurisprudên-
e multa. cia. Basta a consulta rápida a um índice alfabético para ficar um caso
liquidado, com as razões na aparência documentadas cientificamente. Por
É um rigor excessivo com aquele cidadão que toma um empréstimo, isso, os repertórios de decisões em resumo, simples compilações, obtêm
mas, em determinado momento, julga mais conveniente usá-lo de outra esplêndido êxito de livraria.
forma.
Há verdadeiro fanatismo pelos acórdãos: dentre os frequentadores dos
Pode-se até se concluir que houve uma quebra de contrato por não ter pretórios, são muitos os que se rebelam contra uma doutrina; ao passo que
usado o objeto do contrato para um fim determinado. Então em se havendo rareiam os que ousam discutir um julgado, salvo por dever de ofício, quan-
tal quebra, pode-se culminar multa. Assim, o Direito Civil serve perfeitamen- do pleiteiam a reforma do mesmo. Citado um aresto, a parte contrária não
te para esses casos. se atreve a atacá-lo de frente; prefere ladeá-lo, procurar convencer de que
se não aplica à hipótese em apreço, versara sobre caso diferente.
Portanto, invocar preceitos do Direito Penal para amparar uma tipifica- [...] Quando a lei é nova, ainda os seus aplicadores atendem à teoria,
ção de condutas, tal como o de "aplicar, em finalidade diversa da prevista compulsam tratados, apelam para o Direito comparado; desde, porém, que
em lei ou contrato, recursos provenientes de financiamento concedido por aparecem decisões a propósito da norma recente, volta a maioria ao traba-
instituição financeira oficial ou por instituição credenciada para repassá-lo" lho semelhante à consulta a dicionários. "Copiam-se, imitam-se, contam-se
não é o melhor caminho para se resolver certos problemas sociais os quais os precedentes; mas de pesá-los não se cuida". Desprezam-se os trabalhos
poderiam ser deixados para o Direito Civil. diretos sobre os textos; prefere-se a palavra dos profetas às tábuas da
lei."(90)
Ensina Maurício Antônio Ribeiro Lopes:
"Foi observado por Roxin, citado por Nilo Batista, que a utilização do di- Por conseguinte, afirmamos que os tipos penais dos artigos 19, 20 e
reito penal onde bastem outros procedimentos mais suaves para preservar 21, da Lei 7.492/86 não constituem crimes contra o sistema financeiro por
e reinstaurar a ordem jurídica não dispõe da legitimação da necessidade não se vislumbrar a condição ou qualidade jurídica expressa no tipo do art.
social e perturba a paz jurídica, produzindo efeitos que afinal contrariam os 25.
objetivos do Direito."(87)
5.4. A Ação penal
E, ainda, afirma o mesmo autor que: Segundo Mirabete a ação é penal é a "atuação correspondente ao di-
"Tem-se entendido, ainda, que o Direito Penal deve ser a ratio extrema, reito à jurisdição que se exercita perante os órgãos da Justiça Criminal", ou
um remédio último, cuja presença só se legitima quando os demais ramos "o direito de pedir o ao Estado-Juiz a aplicação do Direito Penal Objetivo",
do Direito se revelaram incapazes de dar a devida tutela a bens relevância ou, ainda, o direito de invocar-se o Poder Judiciário para aplicar o direito
para a própria existência do homem e da sociedade. penal objetivo."(91)

Como ensina Munoz Conde sua intervenção apenas se dá quando fra- O sujeito ativo da ação penal é o Estado que exerce o jus puniendi.
cassam as demais barreiras protetoras do bem jurídico predispostas por Todavia, há bens jurídicos que são muito sensíveis para se proteger, nes-
outros ramos do Direito. ses casos o Estado outorga o direito de exercer a ação penal ao ofendido.
Exemplo disso, encontramos nos artigos 138 a 140 do Código Penal (cri-
Como ensina Maurach, não se justifica aplicar um recurso mais grave mes contra a honra).
quando se obtém o mesmo resultado através de um sistema mais suave.
Trata-se, ademais disso, de simplesmente conferir atualidade ao teor do art. Em regra, a ação penal é pública, isto é, o exercício do direito da ação
8º da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, e seguir penal é do Estado que atua através do Ministério Público. Porém, sendo o
as lições seculares de Beccaria."(88) exercício desse direito outorgado ao ofendido, a própria lei vai preceituar. É
o que reza o art. 100, do Código Penal: "A ação penal é pública, salvo
Portanto, podemos afirmar que, no que tange ao tipo penal do art. 20, o quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido."
Direito Civil poderia ser fonte para resolução das questões que envolvam os Segundo Sheila Jorge Selim Sales "ao determinar-se a ação penal, no
contratos de financiamento. Código penal, o legislador tem em vista o objeto jurídico tutelado nos tipos

Noções de Direito Penal 63 A Opção Certa Para a Sua Realização


APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
penais, bem como, algumas vezes, razões de conveniência ou oportunida- II- o réu não for reincidente em crime doloso;
de prática."(92) III- a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personali-
dade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias in-
O eminente processualista Sérgio Luiz de Souza Araújo ensina que "é dicarem que essa substituição seja suficiente."
por meio da ação penal que o Estado deduz em juízo a sua pretensão
punitiva. Esta é o instrumento para fazer atuar o Direito Penal objetivo. A Isso não quer dizer o sujeito ativo desses crimes tenha direito subjetivo
ação penal pertence ao Estado."(93) de imediato à substituição da penas, mas, há de se fazer o exame das
condições objetivas que obstem o deferimento do pedido. Pois, com fulcro
A competência da Justiça Federal está insculpida no art. 109, VI, da no art. 96, IX, da Constituição da República, todas as decisões têm de ser
Constituição da República Federal do Brasil. Em se tratando de lei especial, fundamentadas.
a competência da Justiça Federal deverá vir expressa no dispositivo de lei
para que se sobreponha à justiça comum. Em todos os crimes estatuídos pela Lei 7.492/6, em tese, cabe a subs-
tituição da pena de prisão por restritivas de direitos.
É o que ocorre no art. 26, da Lei 7.49286 que preceitua: "A ação penal,
nos crimes previstos nesta Lei, será promovida pelo Ministério Público Comentando sobre os crimes hediondos e penas substitutivas, Luiz
Federal, perante a Justiça Federal." Flávio Gomes assevera que:
"Em Direito Penal, desde o Iluminismo, o que não está expressamente
O legislador assim procedeu para que a repressão aos crimes contra o proibido, em princípio, é permitido. Nenhuma lei no nosso país proíbe as
sistema financeiro fosse homogêneo e efetivo. penas substitutivas nos crimes hediondos. Logo, não resta a menor dúvida
Como decorrência do art. 26, da Lei 7.492/86 e art. 100, do Código Pe- de que em tese, conforme a pena aplicada e desde que o crime não seja
nal, O Ministério Público Federal é o órgão encarregado de propor a ação violento, cabe a substituição da pena de prisão por penas restritivas de
penal nos crimes contra o sistema financeiro. Todos os crimes da lei em direitos nos citados delitos, tal como é o caso, por exemplo, do delito de
comento são de ação incondicionada. Portanto, O Ministério Público Fede- tráfico de drogas, falsificação de alimentos, tentativa de falsificação de
ral será sempre o dominus litis. remédios etc.
[...] Dizer, no entanto, que, pela pena aplicada (concreta) haja possibili-
Ensina o eminente professor Rodolfo Tigre Maia: dade de substituição da prisão não significa que o juiz deva concedê-la em
"O Ministério Público é uma instituição nacional, de caráter permanen- todos os casos: além do requisito objetivo da pena (que não pode ser
te, indispensável à função jurisdicional, subordinada aos princípios de superior a quatro anos), urge o exame criterioso dos demais requisitos
unidade, indivisibilidade e independência funcional, e compreendendo o legais subjetivos: circunstâncias judiciais favoráveis e, em princípio, não ser
Ministério Público da União e o dos Estados. No dizer de Mirabete, "o reincidente em crime doloso. O que nos parece, data vênia, flagrantemente
Ministério Público é o dono (dominus litis) da ação penal pública. (...) É um desarrazoável é a recusa peremptória e arbitrária de verificação do cabi-
órgão uno e indivisível e, assim, seus membros podem ser substituídos no mento ou não da pena substitutiva nos crimes mencionados com a simples
processo, por razões de serviço, sem que haja solução de continuidade. O alusão à gravidade do delito em abstrato. Com base nessa simples referên-
Ministério Público promove a ação penal pública desde a peça inicial (de- cia à gravidade da infração, ad exemplum, vários acórdãos no país vinham
núncia) até os termos finais, em primeira e demais instâncias. Acompanha- impondo ‘‘automático’’ regime mais severo nos delitos de roubo.
a, está presente a todos os atos, fiscaliza a sequência dos atos processu- [...] Por força do art. 12 do CP as regras gerais do Código aplicam-se
ais; zela e vela pela observância da lei até a decisão final."(94) às leis especiais, salvo quando essas dispõem de modo contrário."(96)

5.5. Suspensão condicional do processo - Art. 89, da Lei 9.099/95 - Observe-se que se aplicadas todas as normas referentes à suspensão
e penas substitutivas condicional do processo ou à substituição da pena de prisão por restritivas
A suspensão condicional do processo foi introduzida pelo art. 89, da Lei de direito. Chegamos à conclusão que, em se preenchendo todos os requi-
9.099, de 26 de setembro de 1995. sitos legais, o agente que venha a praticar delitos contra o sistema financei-
ro, em tese, não irá para prisão.
Preceitua o art. 89: "Nos crimes em que a pena mínima cominada for
igual ou inferior a um ano, abrangidas dou não por esta Lei, o Ministério 5.6. Prisão preventiva
Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, O art. 30, da Lei 7.492/86 preceitua que:
por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado "Sem prejuízo do disposto no art. 312 do Código de Processo Penal,
ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisi- aprovado pelo Decreto-lei n.º 3.689, de 3 de outubro de 1941, a prisão
tos que autorizariam a suspensão condicional da pena (art. 77 do CP)" preventiva do acusado da prática de crime previsto nesta lei poderá ser
decretada em razão da magnitude da lesão causada (VETADO)."
A suspensão condicional do processo constitui direito subjetivo do ar- Além das hipóteses do art. 312 do Código de Processo Penal(97) para
guido ao benefício legal, desde que preenchidos os requisitos legais.(95) a decretação da preventiva, o art. 30, da lei em comento, estabeleceu mais:
a magnitude da lesão ao sistema financeiro.
Assim, por força do art. 12 do Código Penal, aplica-se o art. 89, da Lei
9.099/95 à Lei 7.492/86. Aos crimes em que a pena cominada seja igual ou O art. 30 deve ser interpretado à luz do art. 312, do CPP que estabele-
inferior a um ano, deverá ser proposta a suspensão condicional do proces- ce ser indispensável os pressupostos da materialidade e a autoria do ilícito
so. Isso será feito quando o Ministério Público oferecer a denúncia. Não para que se possa aventar a possibilidade da decretação da preventiva.
oferecida a proposta pelo Ministério Público, o arguido poderá solicitá-la ao
Juiz. Vale, aqui, perguntar: Se a "magnitude da lesão causada" é fundamen-
Os crimes cuja pena cominada igual ou inferior a um ano na Lei to estanque à decretação da prisão cautelar?
7.492/86 são os seguintes: Art. 8º, 9º, 10, 11, 12, 16, 18, 21, 23, O professor Rodolfo Tigre Maia pondera que a exegese do art. 30 deve
Além do direito à suspensão condicional do processo do sujeito ativo ser restritiva e a decretação tem de seguir os ditames do art. 312 da
nos crimes contra o sistema financeiro, este tem o direito a pena substituti- CPC.(98)
va de prisão por penas restritivas de direitos nos crimes contra o sistema
financeiro. A decretação da prisão preventiva não pode ser determinada ao alve-
drio da órgão jurisdicional. È mister que se faça uma análise acurada dos
Reza o Código Penal: fatos. Pois, a status libertatis do ser humano é a regra a ser seguida.
"Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as
privativas de liberdade, quando: É essa a exegese do art. 5º, LXI, da Constituição da República que
I- aplicada pena privativa de liberdade não superior a 4 (quatro) anos preceitua: "que ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem
e o crime não for cometido com violência ou grave ameaça à pes- escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente, salvo nos
soa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo: casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definido em lei"

Noções de Direito Penal 64 A Opção Certa Para a Sua Realização


APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Na opinião do eminente professor Dr. Sérgio Luiz de Souza Araújo, a Parágrafo único. Equipara-se à instituição financeira:
decretação da prisão preventiva é medida excepcional, sendo sempre I - a pessoa jurídica que capte ou administre seguros, câmbio, con-
facultativa, devendo o órgão jurisdicional decretá-la, somente, em último sórcio, capitalização ou qualquer tipo de poupança, ou recursos de
caso.(99) terceiros;
II - a pessoa natural que exerça quaisquer das atividades referidas
Por fim, não vislumbramos possibilidade de decretação da preventiva neste artigo, ainda que de forma eventual.
nos crimes contra o sistema financeiro, tendo como pressuposto apenas a
"magnitude da lesão causada". DOS CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL
Art. 2º Imprimir, reproduzir ou, de qualquer modo, fabricar ou pôr em
Além do mais, o fato de somente ter realizado o tipo penal não autoriza
circulação, sem autorização escrita da sociedade emissora, certificado,
o Estado-Juiz a decretar a preventiva, pois, há de se analisar outros requisi-
cautela ou outro documento representativo de título ou valor mobiliário:
tos. (100)
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem imprime, fabrica, divul-
CAPÍTULO 5. CONCLUSÕES
ga, distribui ou faz distribuir prospecto ou material de propaganda relativo
1. A qualidade ou condição jurídica do sujeito ativo na Lei 7.492/86
aos papéis referidos neste artigo.
deve ser observada no momento do desvalor da ação.
Art. 3º Divulgar informação falsa ou prejudicialmente incompleta sobre
2. Os tipos penais são especiais, pois exigem uma certa qualidade ju-
instituição financeira:
rídica do sujeito ativo no momento da ação ou omissão. Portanto,
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
os delitos perpetrados pela Lei 7.492/86 são todos próprios.
3. O art. 25, da Lei 7.492/86 limita a responsabilidade penal ao con-
Art. 4º Gerir fraudulentamente instituição financeira:
trolador, administrador, diretor, gerente, interventor, liquidante e
Pena - Reclusão, de 3 (três) a 12 (doze) anos, e multa.
síndico. O agente que praticar os delitos estatuídos na lei supra ci-
Parágrafo único. Se a gestão é temerária:
tada deverá estar investido em uma dessas funções. Em não se
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.
exercendo uma dessas funções, o delito não corresponderá àque-
les descritos nos tipos penais da lei.
Art. 5º Apropriar-se, quaisquer das pessoas mencionadas no art. 25
4. As condutas descritas nos artigos 19, 20 e 21, em tese, não visam
desta lei, de dinheiro, título, valor ou qualquer outro bem móvel de que tem
a proteger o bem jurídico protegido pela Lei 7.492/86 que é o sis-
a posse, ou desviá-lo em proveito próprio ou alheio:
tema financeiro nacional.
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
5. Os tipos penais descritos nos artigos 19 e 21 representam outros
Parágrafo único. Incorre na mesma pena qualquer das pessoas men-
delitos, menos os contra o sistema financeiro.
cionadas no art. 25 desta lei, que negociar direito, título ou qualquer outro
6. O Direito civil é o ramo do Direito mais apropriado para a proteção
bem móvel ou imóvel de que tem a posse, sem autorização de quem de
do bem jurídico protegido pelo tipo penal descrito no art. 20, da Lei
direito.
7.492/86. Pois, parece-nos que o bem jurídico protegido pelo cita-
do artigo é o patrimônio das instituições financeiras.
Art. 6º Induzir ou manter em erro, sócio, investidor ou repartição pública
7. A Constituição da República e o Código Penal não fazem menção
competente, relativamente a operação ou situação financeira, sonegando-
à responsabilidade penal das Pessoas Jurídicas. Todavia, a Cons-
lhe informação ou prestando-a falsamente:
tituição da República abre caminho para que se possa responsabi-
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
lizar a Pessoa Jurídica civil e administrativamente Portanto, não se
pode imputar a elas um delito.
Art. 7º Emitir, oferecer ou negociar, de qualquer modo, títulos ou valo-
8. A Lei 7.492/86, também, não imputa às Pessoas Jurídicas respon-
res mobiliários:
sabilidade penal e nem civil ou administrativa. Todavia, na maioria
I - falsos ou falsificados;
das leis especiais, a Pessoa Jurídica responde civil e administrati-
II - sem registro prévio de emissão junto à autoridade competente, em
vamente. Portanto, seria de melhor técnica que as instituições fi-
condições divergentes das constantes do registro ou irregularmen-
nanceiras e bancárias respondessem civil e administrativamente
te registrados;
quando envolvidas em crimes contra o sistema financeiro.
III - sem lastro ou garantia suficientes, nos termos da legislação;
9. A Lei 7.492/86 está eivada de imperfeições, pois, ao mesmo tempo
IV - sem autorização prévia da autoridade competente, quando legal-
que limita a responsabilidade penal aos agentes do art. 25, ela a-
mente exigida:
tribui qualidade jurídica ao sujeito ativo no próprio tipo penal.
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.
10. A decretação da prisão preventiva nos crimes contra o sistema fi-
nanceiro tem de obedecer aos ditames do art. 312 do Código de
Art. 8º Exigir, em desacordo com a legislação (Vetado), juro, comissão
Processo Penal.
ou qualquer tipo de remuneração sobre operação de crédito ou de seguro,
11. É mister que haja um grupo de especialistas composto por servido-
administração de fundo mútuo ou fiscal ou de consórcio, serviço de correta-
res da Polícia Federal, Banco Central do Brasil e Comissão de Va-
gem ou distribuição de títulos ou valores mobiliários:
lores Mobiliários, COAF - Conselho de Controle das Atividades Fi-
Pena - Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
nanceiras – do Ministério da Fazenda e um membro do Ministério
Público Federal para combater eficazmente os crimes contra o sis-
Art. 9º Fraudar a fiscalização ou o investidor, inserindo ou fazendo inse-
tema financeiro. Ademais, não se pode deixar somente para o
rir, em documento comprobatório de investimento em títulos ou valores
COAF a apuração de atividades financeiras ilícitas, pois, este é um
mobiliários, declaração falsa ou diversa da que dele deveria constar:
órgão meramente político que não contribui, atuando isoladamente,
Pena - Reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
para a efetiva apuração dos crimes contra o sistema financeiro.
Art. 10. Fazer inserir elemento falso ou omitir elemento exigido pela le-
ANEXO I
gislação, em demonstrativos contábeis de instituição financeira, seguradora
LEI No 7.492, DE 16 DE JUNHO DE 1986. ou instituição integrante do sistema de distribuição de títulos de valores
mobiliários:
Define os crimes contra o sistema financeiro nacional, e dá outras Pena - Reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
providências.
Art. 1º Considera-se instituição financeira, para efeito desta lei, a pes- Art. 11. Manter ou movimentar recurso ou valor paralelamente à conta-
soa jurídica de direito público ou privado, que tenha como atividade princi- bilidade exigida pela legislação:
pal ou acessória, cumulativamente ou não, a captação, intermediação ou Pena - Reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
aplicação de recursos financeiros (Vetado) de terceiros, em moeda nacional
ou estrangeira, ou a custódia, emissão, distribuição, negociação, intermedi- Art. 12. Deixar, o ex-administrador de instituição financeira, de apresen-
ação ou administração de valores mobiliários. tar, ao interventor, liquidante, ou síndico, nos prazos e condições estabele-

Noções de Direito Penal 65 A Opção Certa Para a Sua Realização


APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
cidas em lei as informações, declarações ou documentos de sua responsa-
bilidade: Art. 23. Omitir, retardar ou praticar, o funcionário público, contra dispo-
Pena - Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. sição expressa de lei, ato de ofício necessário ao regular funcionamento do
sistema financeiro nacional, bem como a preservação dos interesses e
Art. 13. Desviar (Vetado) bem alcançado pela indisponibilidade legal valores da ordem econômico-financeira:
resultante de intervenção, liquidação extrajudicial ou falência de instituição Pena - Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
financeira.
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. Art. 24. (VETADO).
Parágrafo único. Na mesma pena incorra o interventor, o liquidante ou
o síndico que se apropriar de bem abrangido pelo caput deste artigo, ou DA APLICAÇÃO E DO PROCEDIMENTO CRIMINAL
desviá-lo em proveito próprio ou alheio. Art. 25. São penalmente responsáveis, nos termos desta lei, o contro-
lador e os administradores de instituição financeira, assim considerados os
Art. 14. Apresentar, em liquidação extrajudicial, ou em falência de insti- diretores, gerentes (Vetado).
tuição financeira, declaração de crédito ou reclamação falsa, ou juntar a §1º. Equiparam-se aos administradores de instituição financeira (Veta-
elas título falso ou simulado: do) o interventor, o liquidante ou o síndico.
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa. § 2º. Nos crimes previstos nesta Lei, cometidos em quadrilha ou co-
Parágrafo único. Na mesma pena incorre o ex-administrador ou falido autoria, o co-autor ou partícipe que através de confissão espontânea reve-
que reconhecer, como verdadeiro, crédito que não o seja. lar à autoridade policial ou judicial toda trama delituosa terá sua pena
reduzida de 1 (um) a 2/3(dois terços).
Art. 15. Manifestar-se falsamente o interventor, o liquidante ou o síndi-
co, (Vetado) à respeito de assunto relativo a intervenção, liquidação extra- Art. 26. A ação penal, nos crimes previstos nesta lei, será promovida
judicial ou falência de instituição financeira: pelo Ministério Público Federal, perante a Justiça Federal.
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.
Parágrafo único. Sem prejuízo do disposto no art. 268 do Código de
Art. 16. Fazer operar, sem a devida autorização, ou com autorização Processo Penal, aprovado pelo Decreto-lei n.º 3.689, de 3 de outubro de
obtida mediante declaração (Vetado) falsa, instituição financeira, inclusive 1941, será admitida a assistência da Comissão de Valores Mobiliários -
de distribuição de valores mobiliários ou de câmbio: CVM, quando o crime tiver sido praticado no âmbito de atividade sujeita à
Pena - Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. disciplina e à fiscalização dessa Autarquia, e do Banco Central do Brasil
quando, fora daquela hipótese, houver sido cometido na órbita de atividade
Art. 17. Tomar ou receber, qualquer das pessoas mencionadas no art. sujeita à sua disciplina e fiscalização.
25 desta lei, direta ou indiretamente, empréstimo ou adiantamento, ou
deferi-lo a controlador, a administrador, a membro de conselho estatutário, Art. 27. Quando a denúncia não for intentada no prazo legal, o ofendido
aos respectivos cônjuges, aos ascendentes ou descendentes, a parentes poderá representar ao Procurador-Geral da República, para que este a
na linha colateral até o 2º grau, consanguíneos ou afins, ou a sociedade ofereça, designe outro órgão do Ministério Público para oferecê-la ou
cujo controle seja por ela exercido, direta ou indiretamente, ou por qualquer determine o arquivamento das peças de informação recebidas.
dessas pessoas:
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. Art. 28. Quando, no exercício de suas atribuições legais, o Banco Cen-
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem: tral do Brasil ou a Comissão de Valores Mobiliários - CVM, verificar a ocor-
I - em nome próprio, como controlador ou na condição de administra- rência de crime previsto nesta lei, disso deverá informar ao Ministério
dor da sociedade, conceder ou receber adiantamento de honorá- Público Federal, enviando-lhe os documentos necessários à comprovação
rios, remuneração, salário ou qualquer outro pagamento, nas con- do fato.
dições referidas neste artigo; Parágrafo único. A conduta de que trata este artigo será observada pe-
II - de forma disfarçada, promover a distribuição ou receber lucros de lo interventor, liquidante ou síndico que, no curso de intervenção, liquidação
instituição financeira. extrajudicial ou falência, verificar a ocorrência de crime de que trata esta lei.

Art. 18. Violar sigilo de operação ou de serviço prestado por instituição Art. 29. O órgão do Ministério Público Federal, sempre que julgar ne-
financeira ou integrante do sistema de distribuição de títulos mobiliários de cessário, poderá requisitar, a qualquer autoridade, informação, documento
que tenha conhecimento, em razão de ofício: ou diligência, relativa à prova dos crimes previstos nesta lei.
Pena - Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Parágrafo único O sigilo dos serviços e operações financeiras não pode
ser invocado como óbice ao atendimento da requisição prevista no caput
Art. 19. Obter, mediante fraude, financiamento em instituição financeira: deste artigo.
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é Art. 30. Sem prejuízo do disposto no art. 312 do Código de Processo
cometido em detrimento de instituição financeira oficial ou por ela credenci- Penal, aprovado pelo Decreto-lei n.º 3.689, de 3 de outubro de 1941, a
ada para o repasse de financiamento. prisão preventiva do acusado da prática de crime previsto nesta lei poderá
ser decretada em razão da magnitude da lesão causada (VETADO).
Art. 20. Aplicar, em finalidade diversa da prevista em lei ou contrato, re-
cursos provenientes de financiamento concedido por instituição financeira Art. 31. Nos crimes previstos nesta lei e punidos com pena de reclusão,
oficial ou por instituição credenciada para repassá-lo: o réu não poderá prestar fiança, nem apelar antes de ser recolhido à prisão,
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. ainda que primário e de bons antecedentes, se estiver configurada situação
que autoriza a prisão preventiva.
Art. 21. Atribuir-se, ou atribuir a terceiro, falsa identidade, para realiza-
ção de operação de câmbio: Art. 32. (VETADO).
Pena - Detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. § 1º (VETADO).
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, para o mesmo fim, so- § 2º (VETADO).
nega informação que devia prestar ou presta informação falsa. § 3º (VETADO).
Art. 22. Efetuar operação de câmbio não autorizada, com o fim de pro-
mover evasão de divisas do País: Art. 33. Na fixação da pena de multa relativa aos crimes previstos nesta
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. lei, o limite a que se refere o § 1º do art. 49 do Código Penal, aprovado pelo
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, a qualquer título, pro- Decreto-lei n.º 2.848, de 7 de dezembro de.1940, pode ser estendido até o
move, sem autorização legal, a saída de moeda ou divisa para o exterior, décuplo, se verificada a situação nele cogitada.
ou nele mantiver depósitos não declarados à repartição federal competente. Art. 34. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.

Noções de Direito Penal 66 A Opção Certa Para a Sua Realização


APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
ANEXO II qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos
LEI No 7.492, DE 16 DE JUNHO DE 1986, define os crimes contra o siste- Municípios, de Território, de empresa incorporada ao patrimônio público ou
ma financeiro nacional, e dá outras providências: de entidade para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concor-
Art. 23, funcionário público; ra com mais de cinquenta por cento do patrimônio ou da receita anual,
Art. 25. São penalmente responsáveis, nos termos desta lei, o contro- serão punidos na forma desta lei;
lador e os administradores de instituição financeira, assim considerados os
diretores, gerentes (Vetado). LEI N.º 9.504, DE 30 DE SETEMBRO DE 1997, estabelece normas pa-
§1º. Equiparam-se aos administradores de instituição financeira (Veta- ra as eleições (ver art. 90, § 1):
do) o interventor, o liquidante ou o síndico; Art. 90. Aos crimes definidos nesta Lei, aplica-se o disposto nos arts.
287 e 355 a 364, da Lei n.º 4.737, de 15 de julho de 1965 – Código Eleito-
DECRETO-LEI N.º 201, DE 27 DE FEVEREIRO DE 1967, dispõe sobre ral.
a responsabilidade dos Prefeitos e Vereadores, e dá outras providências: § 1º Para os efeitos desta Lei, respondem penalmente pelos partidos e
Art. 1º São crimes de responsabilidade dos Prefeitos Municipal, sujeitos coligações os seus representantes legais;
ao julgamento do Poder Judiciário, independentemente do pronunciamento
da Câmara dos Vereadores: DECRETO-LEI N.º 1.001, DE 21 DE OUTUBRO DE 1969 – Código
Penal Militar:
LEI N.º 1.079, DE 10 DE ABRIL DE 1950, define os crimes de respon- Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de paz:
sabilidade e regula o respectivo processo de julgamento: I - os crimes de que trata êste Código, quando definidos de modo di-
Art. 2º Os crimes definidos nesta lei, ainda quando simplesmente ten- verso na lei penal comum, ou nela não previstos, qualquer que seja
tados, são passíveis da pena de perda do cargo, com inabilitação, até cinco o agente, salvo disposição especial;
anos, para o exercício de qualquer função pública, imposta pelo Senado II - os crimes previstos neste Código, embora também o sejam com
Federal nos processos contra o Presidente da República ou Ministros de igual definição na lei penal comum, quando praticados:
Estado, contra os Ministros do Supremo Tribunal Federal ou contra o Pro- a) por militar em situação de atividade ou assemelhado, contra militar
curador Geral da República; na mesma situação ou assemelhado;
b) por militar em situação de atividade ou assemelhado, em lugar su-
Art. 4º São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da Repú- jeito à administração militar, contra militar da reserva, ou reforma-
blica que atentarem contra a Constituição Federal, e, especialmente, con- do, ou assemelhado, ou civil;
tra...; c) por militar em serviço, em comissão de natureza militar, ou em
formatura, ainda que fora do lugar sujeito a administração militar
Art. 13. São crimes de responsabilidade dos Ministros de Estado; contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil;
d) por militar durante o período de manobras ou exercício, contra mili-
Art. 39. São crimes de responsabilidade dos Ministros do Supremo Tri- tar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil;
bunal Federal; e) por militar em situação de atividade, ou assemelhado, contra o pa-
trimônio sob a administração militar, ou a ordem administrativa mili-
Art. 40. São crimes de responsabilidade do Procurador Geral da Repú- tar;
blica; f) por militar em situação de atividade ou assemelhado que, embora
não estando em serviço, use armamento de propriedade militar ou
Art. 74. Constituem crimes de responsabilidade dos governadores dos qualquer material bélico, sob guarda, fiscalização ou administração
Estados ou dos seus Secretários, quando por eles praticados, os atos militar, para a prática de ato ilegal;
definidos como crimes nesta lei; III - os crimes praticados por militar da reserva, ou reformado, ou por
civil, contra as instituições militares, considerando-se como tais
LEI N.º 4.898, DE 9 DE DEZEMBRO DE 1965, regula o Direito de Re- não só os compreendidos no inciso I, como os do inciso II, nos se-
presentação e o processo de Responsabilidade Administrativa Civil e Penal, guintes casos:
nos casos de abuso de autoridade: a) contra o patrimônio sob a administração militar, ou contra a ordem
Art. 1º O direito de representação e o processo de responsabilidade administrativa militar;
administrativa civil e penal, contra as autoridades que, no exercício de suas b) em lugar sujeito à administração militar contra militar em situação
funções, cometerem abusos, são regulados pela presente lei; de atividade ou assemelhado, ou contra funcionário de Ministério
militar ou da Justiça Militar, no exercício de função inerente ao seu
LEI N.º 7.106, DE 28 DE JUNHO DE 1983, define os crimes de respon- cargo;
sabilidade do Governador do Distrito Federal, dos Governadores dos Terri- c) contra militar em formatura, ou durante o período de prontidão, vi-
tórios Federais e de seus respectivos Secretários, e dá outras providências. gilância, observação, exploração, exercício, acampamento, acan-
Art. 1º - São crimes de responsabilidade do Governador do Distrito Fe- tonamento ou manobras;
deral ou de seus Secretários, quando por eles praticados, os definidos na d) ainda que fora do lugar sujeito à administração militar, contra mili-
Lei n.º 1.079, de 10 de abril de 1950, ou ainda quando simplesmente tenta- tar em função de natureza militar, ou no desempenho de serviço de
dos; vigilância, garantia e preservação da ordem pública, administrativa
ou judiciária, quando legalmente requisitado para aquêle fim, ou
LEI N.º 8.137, DE 27 DE DEZEMBRO DE 1990, define crimes contra a em obediência a determinação legal superior.
ordem tributária, econômica e contra as relações de consumo, e dá outras
providências: Crimes militares em tempo de guerra
CAPÍTULO I Art. 10. Consideram-se crimes militares, em tempo de guerra:
Dos Crimes Contra a Ordem Tributária I - os especialmente previstos neste Código para o tempo de guerra;
Seção II II - os crimes militares previstos para o tempo de paz;
Dos crimes praticados por funcionários públicos III - os crimes previstos neste Código, embora também o sejam com
Art. 3° Constitui crime funcional contra a ordem tributária, além dos igual definição na lei penal comum ou especial, quando praticados,
previstos no DECRETO-LEI N° 2.848, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1940 - qualquer que seja o agente:
Código Penal (Título XI, Capítulo I); a) em território nacional, ou estrangeiro, militarmente ocupado;
LEI N.º 8.429, DE 2 DE JUNHO DE 1992, dispõe sobre as sanções a- b) em qualquer lugar, se comprometem ou podem comprometer a
plicáveis aos agente públicos nos casos de enriquecimento ilícito no exercí- preparação, a eficiência ou as operações militares ou, de qualquer
cio de mandato, cargo, emprego ou função na administração pública direta, outra forma, atentam contra a segurança externa do País ou po-
indireta ou fundacional e dá outras providências: dem expô-la a perigo;
Art. 1° Os atos de improbidade praticados por qualquer agente público, IV - os crimes definidos na lei penal comum ou especial, embora não
servidor ou não, contra a administração direta, indireta ou fundacional de previstos neste Código, quando praticados em zona de efetivas

Noções de Direito Penal 67 A Opção Certa Para a Sua Realização


APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
operações militares ou em território estrangeiro, militarmente ocu- 2 SALES, Sheila Jorge Selim de. Do Sujeito Ativo na Parte Especial do Códi-
pado. go Penal. Belo Horizonte: Livraria Del Rey Editora, 1993, 143 p.
3 SALES, Sheila Jorge Selim de. Do Sujeito Ativo na Parte Especial do Códi-
go Penal. Belo Horizonte: Livraria Del Rey Editora, 1993, 143-145 p.
Militares estrangeiros 4 LAKATOS, Eva Maria, MARCONI, Moreira de Andrade. Metodologia Cientí-
Art. 11. Os militares estrangeiros, quando em comissão ou estágio nas fica. São Paulo: Atlas, 2000, 71 p.
fôrças armadas, ficam sujeitos à lei penal militar brasileira, ressalvado o 5 HERRERA, Enrique. Práctica metodológica de la investigación jurídica. Bu-
disposto em tratados ou convenções internacionais. enos Aires: Astrea, 1998, 9 p.
6 LAKATOS, Eva Maria, MARCONI, Moreira de Andrade. Metodologia do tra-
Equiparação a militar da ativa balho Científico: procedimentos básicos, pesquisa bibliográfica, projeto e
Art. 12. O militar da reserva ou reformado, empregado na administra- relatório, publicações e trabalhos científicos. São Paulo: Atlas, 1992, 107 p.
ção militar, equipara-se ao militar em situação de atividade, para o efeito da 7 BETTI, Francisco de Assis. Aspectos dos Crimes Contra o Sistema Finan-
aplicação da lei penal militar. ceiro no Brasil: leis 7.492/86 e 9.613/98. Belo Horizonte. Livraria Del Rey
Editora, 2000, 28 p.
Militar da reserva ou reformado 8 BATISTA, Nilo. Introdução crítica ao direito penal brasileiro. 4ª edição. Rio
Art. 13. O militar da reserva, ou reformado, conserva as responsabili- de Janeiro: Revan, janeiro de 2001, 104/105 p.
dades e prerrogativas do pôsto ou graduação, para o efeito da aplicação da 9 BRASILEIRO, Repertório Enciclopédico do Direito. Carvalho Santos, Volu-
lei penal militar, quando pratica ou contra êle é praticado crime militar. me XXXVII. Rio de Janeiro: Editora Borsoi, Rua Licínio Cardoso, 55, Benfi-
ca, 1966, 137 p.
Defeito de incorporação 10 JESUS, Damásio E. de. Direito Penal. Parte Geral. 19ª ed. Vol. 1. São Pau-
Art. 14. O defeito do ato de incorporação não exclui a aplicação da lei lo: Editora Saraiva, 1995, 457 p.
11 RODRIGUES, Sílvio. Direito Civil. Parte Geral. São Paulo: Editora Saraiva,
penal militar, salvo se alegado ou conhecido antes da prática do crime.
1994, 75 p.
Dedico este trabalho 12 FIÚZA, César. Direito Civil – Curso completo. 2ª tiragem, revisada, atuali-
A Deus, pela oportunidade de estar aqui, ajudando e sendo ajuda- zada e ampliada. Belo Horizonte: Del Rey, 2000, 77 p.
do pelos que me querem bem e orando pelos que não me vêem com 13 SALES, Sheila Jorge Selim de. Op. cit., 31 p.
bons olhos. 14 BETTI, Francisco de Assis. Aspectos dos Crimes Contra o Sistema Finan-
ceiro no Brasil: leis 7.492/86 e 9.613/98. Belo Horizonte. Livraria Del Rey
Aos meus irmãos e amigos que realmente acreditam em meu po- Editora, 2000, 29-30 p.
tencial.
15 MUNOZ CONDE, Francisco. Teoria geral do delito. Tradução e notas de
Juarez Tavares e Luiz Regis Prado. Porto Alegre: Fabris, 1988, p. 15.
16 JESUS, Damásio E. de. Direito Penal. Parte Geral. 19ª ed. Vol. 1. São Pau-
Aos meus amigos especiais, Carlos André e Sérgio Brasil, os lo: Editora Saraiva, 1995, 5 p.
quais tanto estimo e respeito e com os quais aprendo a cada dia. 17 ARAÚJO, Sérgio Luiz Souza. Teoria geral do processo penal. Belo Horizon-
te: Mandamentos, 1999, 25 p.
Ao meu pai que, de sua maneira, moldou-me o caráter, (In memo- 18 ARAÚJO, Sérgio Luiz de Souza. Op. cit., 154 p.
rian). 19 BEVILAQUA, Clovis. Código Civil dos Estados Unidos do Brasil comentado.
Undécima edição atualizada por Achilles Beviláqua e Isaias Beviláqua. Vo-
À minha mãe, pela força e dedicação. lume I. Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves, Editora Paulo de Azevedo
Ltda., 1956, 169 -178 p.
20 SALES, Sheila Jorge Selim de. Op. cit., p. 34.
Em especial, à minha querida noiva, Elaine, pessoa sublime, que 21 BITENCOURT, Cézar Roberto. Teoria geral do delito. São Paulo: Editora
tem me esteado e incentivado ao longo dos anos. Revista dos Tribunais, 1997, 92 p.
22 MIRABETE, Júlio Fabbrini. Manual de direito penal. Parte Geral, artigos 1ª
Agradeço a 120 do C.P 15ª edição. São Paulo: Atlas, 1999, 141 p.
Especialmente ao meu mestre e orientador, Túlio Lima Vianna, que 23 BITENCOURT, Cézar Roberto. Teoria geral do delito. São Paulo: Editora
com atenção, educação, competência e amizade tornou a tarefa mais Revista dos Tribunais, 1997, 92 p.
amena e de possível execução.
24 BITENCOURT, Cézar Roberto. Op. cit., 1997, 104 p.
25 MUNOZ CONDE, Francisco. Teoria geral do delito. Tradução e notas de
Juarez Tavares e Luiz Regis Prado. Porto Alegre: Fabris, 1988, 130-131 p.
Ao Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais, que ao investir em 26 SALES, Sheila Jorge Selim de. Op. cit., 38 p.
meu aprimoramento profissional, aumenta a minha responsabilidade 27 MIRABETE, Júlio Fabbrini. Manual de direito penal. Parte Geral, artigos 1ª
para melhoria dos serviços prestados à comunidade mineira. a 120 do C.P, 15ª edição. São Paulo: Atlas, 1999, 175 p.
28 ALBERGARIA, Jason. Comentários à lei de execução penal. Rio de Janei-
À Fundação Escola do Ministério Público que, ao oferecer o Curso ro: Aide Editora, 1987, 9 p.
de Ciências Penais aos operadores do direito de Minas Gerais, está 29 CRETELLA JÚNIOR, José. Comentários à Constituição Brasileira de 1988,
influenciando diretamente na qualidade da prestação jurídica à comu- artigos 170 a 232. 1ª edição. Rio de Janeiro: Forense Universitária, Biblio-
teca jurídica, 1993, 4038-4045 p.
nidade. 30 RODRIGUES, Sílvio. Direito Civil. Parte Geral. São Paulo: Editora Saraiva,
1994, 73-75 p.
Aos ilustres, competentes e educados professores da Fundação 31 SILVA, Carlos Augusto Canêdo Gonçalves da. O genocídio como crime in-
Escola do Ministério Público aos quais enfatizo o meu respeito, admi- ternacional. Belo Horizonte: Del Rey, 1998, 55 e 65, 180-181 p.
ração e amizade. Torno ao meu caminho com a memória dos mestres 32 VARGAS, José Cirilo de. Introdução ao estudo do crimes em espécie. Belo
à frente da turma, espelhos de conduta e reflexão para os meus pas- Horizonte: Livraria Del Rey Editora, 1993, 180 p.
sos vindouros. 33 CRETELLA JÚNIOR, José. Comentários à Constituição Brasileira de 1988,
artigos 170 a 232. 1ª edição. Rio de Janeiro: Forense Universitária, Biblio-
teca jurídica, 1993, 4044-4045 p.
Aos colegas do Curso de Especialização em Ciências Penais, ano 34 ZAFFARONI, Eugenio Raúl; PIERANGELI, José Henrique. Manual de direi-
2000, o meu reconhecimento pelo valor e respeito ao ser humano e as to penal brasileiro. Parte Geral. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais,
desculpas no que possa ter falhado. 1997, 390 p.
"In the interpretation of a provision of an Act, a construction that 35 ZAFFARONI, Eugenio Raúl; PIERANGELI, José Henrique. Manual de direi-
would promote the purpose or object underlying the Act (whether that to penal brasileiro. Parte Geral. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais,
purpose or object is expressly stated in the Act or not) shall be pre- 1997, 390 p.
36. TELES, Ney Moura. Direito Penal: parte geral I, artigos 1º a 31 do Código
ferred to a construction that would not promote that purpose or ob-
ject."(101) Penal: princípios constitucionais, teoria da lei penal, teoria geral do crime.
2ª edição. São Paulo: Atlas, 1998,. 33 p.
37 TELES, Ney Moura. Direito Penal: parte geral I, artigos 1º a 31 do Código
NOTAS Penal: princípios constitucionais, teoria da lei penal, teoria geral do crime.
2ª ed. São Paulo: Atlas, 1998, 34 p.
1 ARAÚJO, Sérgio Luiz de Souza. Teoria geral do processo penal. Belo Hori- 38 MUNOZ CONDE, Francisco. Teoria geral do delito. Tradução e notas de
zonte: Mandamentos, 1999, 396 p. Juarez Tavares e Luiz Regis Prado. Porto Alegre: Fabris, 1988, 50-51 p.

Noções de Direito Penal 68 A Opção Certa Para a Sua Realização


APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Acentua Munhoz Conde que: "Todo tipo de delito está orientado no sentido que: "O bem jurídico protegido pelos delitos econômicos é a ordem pública
de colocação em perigo ou lesão de um bem jurídico. Este não é nada mais econômica. Todo delito econômico terá como bem jurídico protegido algum
do que o valor, o qual a lei quer proteger de ações que possam lesá-lo. Es- aspecto concreto do ordenamento público econômico. As infrações dessa
se valor é uma qualidade positiva que o legislador atribui a determinados natureza causam danos a bens e interesses supra-individuais que se ex-
interesses. A qualidade de bem jurídico, portanto, é algo que a lei cria e pressam no funcionamento e consumo de riqueza. Na mesma linha de ra-
não alguma coisa que lhe seja preexistente. É lógico que se espera, de a- ciocínio, leciona Heleno Cláudio Fragoso: "um direito penal econômico é,
cordo como o princípio da intervenção mínima, que o legislador só utilize o portanto, o que se refere a fatos que lesam ou expõem a perigo uma de-
Direito Penal para proteger bens jurídicos verdadeiramente importantes e terminada ordem econômica." Deduz-se, portanto, desses ensinamentos
tipifique aqueles comportamentos verdadeiramente lesivos ou perigosos que os bens merecedores de proteção pelo Direito Penal estão insertos nas
para esses bens jurídicos. Mas isto é um desideratum que nem sempre é Constituições de cada país. Nesse sentido, expressa Luiz Luisi: "Ao incor-
cumprido. Daí a necessidade de Ter sempre presente uma atitude crítica porar os princípios do Estado liberal e do Estado social, e ao conciliá-los,
tanto frente aos bens jurídicos protegidos quanto à forma de protegê-los as Constituições modernas renovam, de um lado, as garantias individuais,
penalmente." mas introduzem uma série de normas destinadas a tornar concretas, ou se-
39 VARGAS, José Cirilo de. Introdução ao estudo do crimes em espécie. Belo ja, "reais", a liberdade e a igualdade dos cidadãos, tutelando valores de in-
Horizonte: Livraria Del Rey Editora, 1993, 32 p. "Nem todos os bens, con- teresse geral como os pertinentes ao trabalho, à saúde, à assistência soci-
tudo, são bens jurídicos: nesta categoria inscreve-se apenas o que está al, à atividade econômica, ao meio ambiente, à educação, à cultura, etc.
amparado pela ordem jurídica. Historicamente, os bens de natureza patri- (...)." Nessa perspectiva, o delito econômico queda-se reduzido aos fatos
monial precederam aos demais. Nesse sentido, tudo o que pode integrar-se que atentam contra a determinação ou formação dos preços, aos delitos
ao patrimônio da pessoa ou do Estado é um bem e, como tal, recebe a tu- monetários, ao contrabando e aos delitos fiscais."
tela do Direito. Mas, evidentemente, não foram apenas os bens patrimoni- 46 BETTI, Francisco de Assis. Op. cit., 70-71 p. Segundo o penalista, o emi-
ais que se erigiram em bem jurídico. O ordenamento jurídico envolve, ain- nente Manoel Pedro Pimentel critica veementemente esse art. 1º:
da, outros bens inestimáveis do ponto de vista econômico, ou insusceptí- "É amplíssimo o conceito de instituição financeira fixado pelo art. 1º da Lei
veis de se traduzirem por um valor pecuniário. Assim, não recebendo, em- 7.492/86, acrescido ainda mais com as disposições contidas nos incisos I e
bora, valoração financeira, são objeto da proteção jurídica e, mais precisa- II do parágrafo único deste Artigo, que equipara à instituição financeira a
mente, da proteção penal, a vida, a honra, a liberdade individual, etc..." pessoa jurídica que capte ou administre seguros, câmbio, consórcio, capita-
40 PRADO, Luiz Regis. Bem jurídico-penal e Constituição. 2ª edição, revista e lização ou qualquer tipo de poupança, ou recursos de terceiros, bem como
atualizada. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1997, 80-82 p.: "O a pessoa natural que exerça quaisquer atividades referidas no artigo, ainda
poder Legiferante, com a criação dos tipos penais, faz uma opção que re- que de forma eventual. Sabemos que a amplitude do conceito de instituição
flete o espírito de sua época. A noção de injusto depende de uma decisão financeira se deveu, em grande parte, à casuística acumulada pelo Banco
valorativa e normativa do órgão próprio. O delito vem a ser, assim, uma Central, através de sucessivas experiências como as mais diversas entida-
magnitude de valoração (Wertungsgrösse). A experiência axiológica em des que lidavam como recursos de terceiros ou com títulos ou valores mo-
que se funda a lei penal pode ser problemática sendo certo que, em uma biliários. Em sentido estrito, as instituições financeiras públicas ou privadas
"sociedade aberta e pluralista, as profundas divergências de opinião acerca estão enumeradas no art. 1º da Lei 4.595/64, que dispõe:
das normas sociais devem ser aceitas não só como uma questão inevitá- Art. 1º. O Sistema Financeiro Nacional, estruturado e regulado pela presen-
vel, mas também como legítima expressão da livre discussão dos proble- te lei, será constituído:
mas sociais. Por isso, é incompatível criminalizar uma conduta que se opo- I- do Conselho Monetário Nacional;
nha à concepção da maioria ou ao padrão médio de comportamento. A es- II- do Banco Central da República do Brasil;
tigmatização de um comportamento como delituoso deve limitar-se à viola- III- do Banco do Brasil S/A;
ção daquelas normas sociais em relação às quais existe um consenso pra- IV- do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico;
ticamente ilimitado e com as quais, no mínimo, em geral, é possível as V- das demais instituições financeiras públicas e privadas.
pessoas se conformarem". A propósito, o legislador constituinte de 1988 fez Segundo Aloysio Lopes Pontes, em seu livro Instituições Financeiras Priva-
várias indicações criminalizadoras, ainda que excepcionais, ou relativas a das, seria esta a lista: "a) Sociedades de Financiamentos e Investimentos;
deveres protetivos específicos. Assim, à guisa de exemplificação, "a lei pu- b) Fundos de Investimentos; c) Bancos de Investimentos; d) Sociedades de
nirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamen- Crédito Imobiliário, e) Cooperativas de Crédito; f) Associações de Poupan-
tais" (art. 5º, XLI, da CF); "a prática do racismo constitui crime inafiançável ça; g) Bolsas de valores; h) Empresas Corretoras; e, i) Empresas Distribui-
e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei" (art. 5º, XLII, doras.
da CF); "a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou A redação do art. 1º da Lei que examinamos ampliou, para os efeitos pe-
anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, nais, essa conceituação, como vimos, incluindo "a pessoa jurídica que cap-
o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo te ou administre seguros, câmbio, consórcio, capitalização ou qualquer tipo
os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem" de poupança, ou recursos de terceiros", acrescentando, mais, "a pessoa
(art. 5º, XLIII, da CF); "constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de natural que exerça qualquer das atividades referidas neste artigo, ainda
grupos armados, civis e militares, contra a ordem constitucional e o Estado que de forma eventual." Esse acréscimo – ainda que de forma eventual – é
Democrático"(art. 5º, XLIV, da CF); "a lei regulará a individualização da pe- extraordinariamente amplo, e certamente criará dificuldades de interpreta-
na e adotará, entre outras, as seguintes: a) privação ou restrição de liber- ção, quando se cuidar da responsabilidade penal estruturada nos termos
dade; b) perda de bens; c) multa; d) prestação social alternativa; e) sus- do art. 25 e seu parágrafo único desta mesma lei.
pensão ou interdição de direitos" (art. 5º, XLVI, da CF), entre outros (art. 5º, Quanto aos riscos que advirão para as pessoas naturais que, de forma e-
XLV, XLVII, XLVIII, XLIX; art. 225, § 3º, 227, § 4º, da CF). O motivo dessa ventual, exerçam qualquer das atividades referidas neste artigo, vamos re-
constitucionalização é a relevância dada ao bem que se quer proteger e a cordar o que disse Paulo Salvador Frontini, em artigo publicado pela Revis-
necessidade de se utilizar do instrumento sancionatório criminal." ta de Direito Mercantil: "Percebe-se, ademais, que os delitos de maior re-
41 PRADO, Luiz Regis. Op. cit., 84-85 p. Ensina Regis Prado: "A Constituição, percussão econômica, nos grandes centros, se sucedem através de uma
sobretudo em uma sociedade democrática, há de ser o ponto jurídico- sucessão encadeada de atos camuflados como ou em meio a atividades
político e referência primeiro em tema de injusto penal – reduzido às mar- empresariais; e em sua execução interferem inúmeros intermediários, agin-
gens da estrita necessidade – como afirmação do indispensável liame ma- do geralmente de boa-fé. A má fé existe apenas naqueles poucos situados
terial entre o bem jurídico e os valores constitucionais, amplamente consi- à cúpula do negócio, pessoas que pouco aparecem, que não se fazem ver,
derados." que dão ordens a serem executadas por terceiros. É a realidade dos gran-
42 PRADO, Luiz Regis. Op. cit., 92-93 p. Nesse sentido, assevera Regis Pra- des organismos, das estruturas administrativas requintadas, que se pro-
do: "Essa instância é conexa ao requisito de necessidade de proteção cri- nunciam através de agentes e prepostos, em tom impessoal, distante e i-
minal do bem. Não bastando que um bem possua suficiente relevância so- nacessível."
cial para vir a ser tutelado penalmente. É preciso que não sejam suficientes Poderão, assim, ser alcançados os intermediários de boa-fé, ficando a sal-
para sua adequada tutela outros meios de defesa menos lesivos. Do ex- vo os verdadeiros mentores, responsáveis pelos atos ilícitos"
posto ressai que a ingerência penal deve ficar adstrita aos bens de maior 47 TOLEDO, Francisco de Assis. Princípios básicos de direito penal: de acor-
relevo, sendo as infrações de menor teor ofensivo sancionadas, por exem- do com a Lei n.º 7.209, de 11/7/1984 e com a Constituição Federal de
plo, administrativamente. A lei penal, advirta-se, atua não como limite da li- 1988. 5º edição. São Paulo: Saraiva, 1994, 219 p.
berdade pessoal, mas sim como seu garante." 48 TOLEDO, Francisco de Assis. Op. cit., 1994, 227 p. Ensina Assis Toledo:
43 MAIA, Rodolfo Tigre. Dos Crimes Contra o Sistema Financeiro Nacional. "Tomemos, por exemplo, uma tentativa de homicídio, com ferimentos no
Anotações à Lei Federal n.º 7.492/86. 1ª edição. São Paulo: Malheiros Edi- corpo da vítima. Exteriormente, nada, absolutamente nada, distingue esta
tores LTDA, 1996, 17 p. tentativa de homicídio de um crime de lesões corporais. O que faz este fe-
44 Silva, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 14º ed., re- rimento deixar de ser uma simples lesão para transformar-se em um fato
vista e atualizada nos termos da Reforma Constitucional. São Paulo: Ma- muito mais grave (a tentativa de homicídio) é tão somente a intenção de
lheiros Editores, 1997, 755 p. matar que dirigiu a ação criminosa do agente. Se retirarmos da ação essa
45 BETTI, Francisco de Assis. Op. cit., 65-66 p. Acentua o ilustre penalista intencionalidade, o objetivo de matar, cairemos em um beco sem saída,

Noções de Direito Penal 69 A Opção Certa Para a Sua Realização


APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
pois não restará mais qualquer distinção possível entre a lesão corporal e a lidade." (...) "A lei penal atribui relevância à qualidade ou condição pessoal
tentativa de homicídio." do agente em casos diversos. Nos crimes próprios identificamos eficácia
49 GARCIA, Basileu. Instituições de Direito Penal. 4ª ed., Vol. I, tomo II, 30ª ti- constitutiva. Aqui a configuração do tipo depende da qualificação do agen-
ragem, revista e atualizada. São Paulo: Max Limonad, Editor de Livros de te, o que se verifica quando a prática do fato por pessoa diversa seria pe-
Direito, 1966, 214 p. nalmente indiferente ou daria lugar a outro crime. A qualificação do agente
50 MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de direito penal. Parte Geral, artigos 1ª tem eficácia impeditiva, quando exclui a punibilidade, constituindo causa
a 120 do C.P 15ª edição. São Paulo: Atlas, 1999, 122 p. pessoal de exclusão de pena. Assim, a relação de parentesco nos crimes
51 BITENCOURT, Cézar Roberto. Teoria geral do delito. São Paulo: Editora patrimoniais não violentos (art. 181 CP) e no favorecimento pessoal (art.
Revista dos Tribunais, 1997, 192 p. 348 CP). A eficácia é modificativa, quando influi na pena, aumentando-a ou
52 SALES, Sheila Jorge Selim de. Op. cit., 21-23 p. Ensina a ilustre penalista diminuindo-a (ex.: arts. 226, 227, § 1º, 228 § 1º, etc.). Crimes próprios são
que "na doutrina tem-se utilizado como sinônimos a expressão "sujeito ati- todos aqueles em que se apresetam como elementos constitutivos qualida-
vo" e o vocábulo "autor". A utilização da expressão e do vocábulo aludidos des, estados, condições e situações do sujeito ativo, de forma explícita ou
como sinônimos, parece-nos, sem dúvida, temerária, uma vez que, do pon- implícita."
to de vista estritamente técnico, não se correspondem. Evidentemente não 68 SALES, Sheila Jorge Selim de. Op. cit., 105 p.
pretendemos afirmar que as duas noções aludidas sejam antagônicas ou 69 SALES, Sheila Jorge Selim de. Op. cit., 107 p.
substancialmente diversas. Todavia, é necessário reconhecer que a noção 70 FRAGOSO, Heleno Cláudio. Lições de Direito Penal. Parte Geral. 1ª ed.
de "sujeito ativo", do ponto de vista estritamente jurídico, precede à noção São Paulo: Livraria e Editora José Bushatsky Ltda., 1976, 292 p.
de "autor". Como componente técnico do tipo penal de Parte Especial, o 71 SALES, Sheila Jorge Selim de. Op. cit., 123 p.
"sujeito ativo" trata-se de elemento que se insere no desvalor de ação do 72 SALES, Sheila Jorge Selim de. Op. cit., 126-127 p.
fato tipificado, integrando, ao mesmo tempo, a estrutura objetiva do tipo 73 Greco, Rogério. Concurso de pessoas. Belo Horizonte: Mandamentos,
penal. O "sujeito ativo", pois, é o suporte legal, o dado técnico objetivo", so- 2000, 21 p.
bre o qual se constrói a noção de "autor", quer adotem legislações as teori- 74 FRAGOSO, Heleno Cláudio. Lições de direito penal: parte geral. 15ª edição
as mínima, limitada ou máxima da acessoriedade, ou, ainda, a teoria da hi- revisada por Fernando Fragoso. Rio de Janeiro: Forense, 1994, 251 p. Se-
peracessoriedade. Note-se, pois, que enquanto a noção de "sujeito ativo" é gundo Fragoso: "Um só fato criminoso pode ser praticado por uma plurali-
atinente à apreciação do fato incriminado, em sua imóvel tipicidade, a no- dade de pessoas em diversas situações. A ação delituosa pode ser execu-
ção de autor não pode ser elaborada prescindindo-se da consideração de tada, por exemplo, por duas pessoas, em conjunto (Tício e Caio desfecham
outros dados, que fogem aos estreitos confins do tipo penal. Com efeito, golpes de punhal sobre o inimigo Mévio, matando-o), Pode também a ação
este último trata-se de conceito jurídico que se extrai da apreciação viva, delituosa ser realizada através de terceiro que desconhece o plano crimi-
concreta e dinâmica do fato histórico que se faz objeto do juízo de adequa- noso, atuando como instrumento ou longa manus do agente, como no caso
ção típica e, posteriormente, do juízo de ilicitude. O "autor" age ou omite no do médico que, subornado pelo herdeiro, para matar o paciente, determina
fato histórico, tratando-se de conceito a ser auferido e aplicado apenas co- à enfermeira que lhe dê injeção, cujo conteúdo verdadeiro ela desconhece,
mo referência a um determinado fato concreto e não a um fato descrito de e que, em realidade, é letal. Pode, ainda, a ação delituosa ser praticada
forma geral e abstrata, como, na realidade, o é aquele previsto no modelo com a participação secundária de outras pessoas que incitam ou aconse-
legal. A noção de "autor, pois, pressupõe a noção de "sujeito ativo". Assim, lham, ou mediante o auxílio de outros que proporcionam os meios ou ensi-
mesmo se as duas noções não se apresentam como antagônicas, não nos nam a utilizá-lo, ou mesmo prometem posterior refúgio e encobrimento."
é possível fugir à constatação de que todo "autor" existe, num momento an- 75 SALES, Sheila Jorge Selim de. Op. cit., 117 p.
terior, no tipo penal legal de Parte Especial como "sujeito ativo". A qualida- 76 FRAGOSO, Heleno Cláudio. Lições de direito penal: parte geral. 15ª edição
de de "autor", pois, pressupõe a presença de dados jurídicos não postula- revisada por Fernando Fragoso. Rio de Janeiro: Forense, 1994, 253 p.
dos pela noção de "sujeito ativo". Parece-nos, tendo em vista o exposto, 77 MAXIMILIANO, Carlos. Hermenêutica e aplicação do direito. Rio de Janei-
que o estudo individuado do "sujeito ativo", como elemento objetivo da es- ro: Forense, 1994, 324 p.
trutura típica, impõe como conveniente e oportuno capítulo que deve ante- 78 FRAGOSO, Heleno Cláudio. Lições de direito penal: parte geral. 15ª edição
ceder àquele pertinente ao estudo do "autor", na ciência penal. Uma elabo- revisada por Fernando Fragoso. Rio de Janeiro: Forense, 1994, 292 p.
ração doutrinária assim orientada, a nosso ver, não possui relevância me- 79 BITENCOURT, Cezar Roberto. Manual de Direito Penal: parte geral. 4ª edi-
ramente acadêmica; sem dúvida, dela podem advir importantes conse- ção, revista e ampliada e atualizada pelas Leis 9.099/95, 9.268/96 e
quências de ordem pública. Note-se que, tendo em vista uma peculiar con- 9.271/96, do livro Lições de Direito Penal. São Paulo: Editora Revista dos
dição do sujeito ativo ou uma qualidade que lhe é agregada no tipo penal Tribunais, 1997, 196-197 p. Portanto, ensina o eminente penalista que: "o
de Parte Especial, torna-se possível extrair regras gerais para o concurso art. 25 da Lei 7.492/86, que define os crimes contra o sistema financeiro
de pessoas, visualizando-se as possíveis hipóteses em que o mesmo po- nacional, regula a responsabilidade penal nos seguintes termos: "São pe-
derá se dar no "caso penal". Por seu turno, a utilização do vocábulo "autor" nalmente responsáveis, nos termos desta Lei, o controlador e os adminis-
deveria ficar adstrita, em nossa ciência, ao capítulo atinente ao "concurso tradores de instituição financeira, assim considerados os diretores, geren-
de pessoas." tes (vetado)". Seguindo a orientação até aqui traçada, sustentamos que a
53 SALES, Sheila Jorge Selim de. Op. cit., 17 p. previsão do art. 25 da Lei 7.492/86 deve ser interpretada à luz da vigente
54 SALES, Sheila Jorge Selim de. Op. cit., 55 p. Constituição Federal e do Código Penal. Em outros termos, a responsabili-
55 FRAGOSO, Heleno Cláudio. Lições de Direito Penal. Parte Geral. 1ª ed. dade penal dos controladores e administradores de instituição financeira
São Paulo: Livraria e Editora José Bushatsky Ltda., 1976, 167 p. será única e exclusivamente a responsabilidade subjetiva, e não pelo sim-
56 SALES, Sheila Jorge Selim de. Op. cit., 56 p. ples fato de ostentarem a condição de controlador o administrador, como
57 BITENCOURT, Cezar Roberto. Manual de Direito Penal: parte geral. 4ª edi- pode parecer à primeira vista. Entendimento contrário importará em reco-
ção, revista e ampliada e atualizada pelas Leis 9.099/95, 9.268/96 e nhecer a responsabilidade objetiva, vedada pelo texto constitucional e pelo
9.271/96, do livro Lições de Direito Penal. São Paulo: Editora Revista dos moderno Direito Penal da culpabilidade. Mantém-se em plena vigência o
Tribunais, 1997, 192 p. dogma secular nulla poena sine culpa, consagrada na expressão de Feuer-
58 FRAGOSO, Heleno Cláudio. Lições de Direito Penal – Parte Geral. 1ª ed. bach, tornando-se inadmissível a responsabilidade objetiva. A culpabilidade
São Paulo: Livraria e Editora José Bushatsky Ltda., 1976, 292 p. jurídico-penal constitui-se dos seguintes elementos: imputabilidade, consci-
59 VARGAS, José Cirilo de. Introdução ao estudo do crimes em espécie. Belo ência da ilicitude e exigibilidade de conduta diversa. A imputabilidade é a
Horizonte: Livraria Del Rey Editora, 1993, 185 p. capacidade de culpa, cujos pressupostos biopsicológicos somente a pes-
60 FRAGOSO, Heleno Cláudio. Op. cit., 1976, p. 292. soa humana pode ser portadora. A consciência da ilicitude, ainda que po-
61 SALES, Sheila Jorge Selim de. Op. cit., 60 p. tencial, não é suscetível de ser possuída por um ente moral, como a pes-
62 Nesse sentido, SALES, Sheila Jorge Selim de. Op. cit., 60-61 p. soa jurídica, que não tem como motivar-se pela norma. Seria paradoxal
63 VARGAS, José Cirilo de. Introdução ao estudo do crimes em espécie. Belo formar-se um juízo de censura moral em razão do "comportamento" de uma
Horizonte: Livraria Del Rey Editora, 1993, 185 p. empresa comercial, por exemplo. Ou então, como exigir-se conduta diversa
64 SALES, Sheila Jorge Selim de. Op. cit., 61 p. ou mesmo a liberdade de vontade de uma entidade que é dirigida por ter-
65 FRAGOSO, Heleno Cláudio. Lições de Direito Penal – Parte Geral. 1ª ed. ceiros? Por isso, a previsão do art. 25 da Lei 7.492/86 não se afasta dos
São Paulo: Livraria e Editora José Bushatsky Ltda., 1976, 292 p. princípios fundamentais do Direito Penal da culpabilidade, em geral, e do
66 SALES, Sheila Jorge Selim de. Op. cit., p. 63-66. disposto no art. 12 do Código Penal, em particular, que estabelece a subsi-
67 FRAGOSO, Heleno Cláudio. Lições de Direito Penal – Parte Geral. 1ª ed. diariedade a todas as leis extravagantes. Com efeito, a responsabilidade
São Paulo: Livraria e Editora José Bushatsky Ltda., 1976, 291-293 p. Ensi- penal dos controladores ou administradores será sempre possível, desde
na Fragoso que "os crimes que podem ser praticados por qualquer pessoa, que devidamente individualizada e orientada subjetivamente, e não decor-
chamam-se comuns (delicta communia). Os que só por determinadas pes- re, pelo simples fato, de ocuparem a posição de controlador ou administra-
soas podem ser cometidos chamam-se especiais ou próprios (delicta pro- dor, sem haverem tido qualquer participação pessoal na realização dos fa-
pria). Nestes últimos, a qualidade ou condição pessoal do agente constitui tos "qualificados de delituosos".
fundamento da ilicitude ou fator de particular reprovabilidade da ação, pela 80 BETTI, Francisco de Assis. Aspectos dos Crimes Contra o Sistema Finan-
transgressão de especiais deveres, funcionando como agravante da punibi- ceiro no Brasil: leis 7.492/86 e 9.613/98. Belo Horizonte. Livraria Del Rey

Noções de Direito Penal 70 A Opção Certa Para a Sua Realização


APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Editora, 2000, 73-74 p. "Por ser o delito uma ação humana, o sujeito ativo de por Ações alude a diretores (arts. 143 e 144, da Lei 6.404/76) e a admi-
só pode ser o homem. O legislador não descuidou desse princípio, estabe- nistradores (arts. 145 e 1444, do mesmo diploma). Não irrompe simples a
lecendo no art. 25 da Lei 7.492/86: caracterização jurídico-penal da figura do gerente. Pensem-se nos bancos
Art. 25. São penalmente responsáveis, nos termos desta lei, o controlador e comerciais.
os administradores de instituição financeira, assim considerados os direto- Não parece, entretanto, que tenha sido intenção da Lei 7.492/86 abranger
res, gerentes. no conceito de ‘gerente’ esses numerosíssimos funcionários bancários.
Parágrafo único – Equiparam-se aos administradores de instituição finan- Se assim fosse, tornar-se-ia inviável, para a instituição financeira, o cum-
ceira o interventor, o liquidante ou o síndico. primento da norma do art. 17 da Lei 7.492, que proíbe deferir empréstimo
Este dispositivo resultou do texto final da Lei votada pelo Congresso Nacio- ou adiantamento, direta ou indiretamente, a administrador, aos cônjuges,
nal, após o veto presidencial, pois originariamente incluía a expressão "e aos ascendentes e descendentes, a parentes na linha colateral até o se-
membros de conselhos estatutários", abrangida pelo veto contido na Men- gundo grau, consanguíneos ou afins, ou a sociedade cujo controle seja por
sagem n. 252, "porque, de abrangência extraordinária, institui uma espécie ela exercido, direta ou indiretamente, ou por qualquer dessas pessoas.
de responsabilidade solidária, inadmissível em matéria penal." As relações dos impedidos de transacionar com as instituições financeiras,
Imperou, assim, o princípio da responsabilidade subjetiva, consagrada no neste caso, poderiam atingir a casa de centenas de milhares de pessoas fí-
brocardo nullum crimen sine culpa. O dispositivo não deu à pessoa jurídica sicas e jurídicas, tornando inadmissível a proibição da lei. Ademais, quando
a condição de ser sujeito ativo de crime. a lei situou os ‘gerentes’ entre os ‘diretores’ e os ‘membros de conselhos
Convém salientar, entretanto, que a responsabilidade penal somente recai- estatutários’, indicou, para os gerentes, desenho diferente do que decorre-
rá sobre os administradores que tiverem participação efetiva no fato delitu- ria de se supor que a cominação da lei alcançasse todos esses funcioná-
oso. Como lembra Manoel Pedro Pimentel, a Lei 4.729/65 (Crimes de So- rios, que as instituições financeiras denominam gerentes.
negação Fiscal) observou técnica mais apurada na definição da responsa- A interpretação lógica e sistemática da Lei 7.492 leva a crer que seu art. 25
bilidade penal dos administradores, estatuindo, em seu art. 6º : chamou gerentes apenas a determinadas pessoas, de posição equivalente,
"Quando se tratar de pessoa jurídica, a responsabilidade penal pelas infra- em certas instituições financeiras, às que ocupam em outras os ‘diretores’.
ções previstas nesta lei será de todos os que, direta ou indiretamente liga- De fato, instituições financeiras estrangeiras, com agências em nosso país,
dos à mesma, de modo permanente ou eventual, tenham praticado ou con- não possuem, frequentemente, no Brasil, diretores, mas somente gerentes.
corrido para a prática da sonegação fiscal." A mais alta responsabilidade administrativa no Brasil, nesses casos, cabe a
Nota-se aqui a preocupação do legislador em referir-se à responsabilidade funcionários que têm a denominação de ‘gerentes’, mas que possuem res-
subjetiva, "colocando a relação necessária entre a ligação à pessoa jurídica ponsabilidade administrativa equivalente à dos diretores das instituições fi-
e a prática ou concurso para prática da infração penal". Nesse sentido, têm nanceiras.
se manifestado os nossos Tribunais: Ademais, em hipóteses nas quais instituições financeiras tomem a forma de
"Concurso de agentes. Co-autoria. Pessoa jurídica. Responsabilidade pe- sociedade limitada, sua direção será exercida por sócios-gerentes, que de-
nal. verão receber, da lei, tratamento idêntico ao que couber a ‘diretores’.
A responsabilidade penal é pessoal. Imprescindível a responsabilidade sub- Todas essas considerações convergem para a conclusão de que ‘geren-
jetiva. Repelida a responsabilidade objetiva. Tais princípios são válidos tes’, na Lei 7.492, não são os funcionários competentes para atos específi-
também quando a conduta é praticada por sócio de pessoa jurídica. Não cos de ‘gerência’, recebam ou não funcionalmente essa denominação de
respondem criminalmente, porém, pelo só fato de serem integrantes da en- ‘gerentes’, mas sim os gerentes de instituição financeira de estabelecimen-
tidade. Indispensável o sócio participar do fato delituoso. Caso contrário, to no Brasil responsáveis por toda a administração da instituição no país,
Ter-se-á a odiosa responsabilidade por fato de terceiro. Ser sócio não é ou sócios-gerentes de instituições financeiras que funcionem ou venham a
crime. A denúncia, por isso, deve imputar conduta de cada sócio, de modo funcionar em regime de sociedade limitada."
a que o comportamento seja identificado, ensejando possibilidade de exer- 84 MAXIMILIANUS, Cláudio Américo Fuhrer; MAXIMILIANO, RobertoErnesto-
cício do direito pleno de defesa." Fuhrer. Resumo de Direito do Trabalho. 5ª ed. São Paulo: Malheiros Edito-
81 MAIA, Rodolfo Tigre. Dos Crimes Contra o Sistema Financeiro Nacional, 1ª res LTDA, 2001, 53 p.
ed., São Paulo: Malheiros Editores LTDA, 1996. 144 p. Ensina o eminente 85 BRASIL. Tribunal Regional Federal da 3ª Região. Ementa do HC n.º
penalista "Ainda que numerus clausus, e com repercussão, como veremos, 200.03.00.031753-4/SP, 1ª Turma, relator desembargador Roberto Had-
no momento da propositura da ação penal, deve ser entendido, apenas, dad. j. 14.11.00, DJU 27.03.01, v.u., p. 298. Disponível em «http:
como um mero indicativo, sem valor absoluto em matéria de imputação, de www.ibccrim.com.br jurispru34.htm». Acesso em 4 de junho de 2001.
que se o tipo penal tiver por pressuposto uma atuação ou uma qualidade 86 BETTI, Francisco de Assis. Aspectos dos Crimes Contra o Sistema Finan-
característica de pessoa jurídica serão os indicados aqueles que, no âmbito ceiro no Brasil: leis 7.492/86 e 9.613/98. Belo Horizonte. Livraria Del Rey
da instituição financeira, responderão pela prática do ilícito, se o mesmo Editora, 2000, 76-77 p. "os crimes praticados no âmbito das organizações
não contiver disposição expressa sobre a matéria de autoria. Trata-se de empresariais exigem, na maioria das vezes, conhecimento técnico especia-
presunção juris tantum, porque a própria lei contém dispositivos que são lizado para sua descoberta. Os atos são bastante simulados, imperceptí-
próprios de sujeitos ativos não indicados no dispositivo (v.g. arts. 14 e 23) e veis aos não afeitos aos negócios envolvidos. Duplicatas simuladas, em-
porque a matéria subordina-se às normas gerais vigentes no Código Penal préstimos fictícios para cobrir rombos de caixa, notas fiscais frias para pos-
acerca do concurso de agentes (art. 29 do CP). sibilitar desvios de numerário, maquiamento de balanços para projetar uma
A razão fundamental do relativismo do dispositivo, todavia, deflui da rejei- imagem falsa dos negócios sociais etc. No que se refere ao Sistema Finan-
ção de qualquer responsabilidade penal objetivamente fixada. Em primeiro ceiro Nacional, compete aos técnicos do Banco Central do Brasil ou da
lugar, não pode existir responsabilidade penal sem culpa: ‘a culpabilidade, Comissão de Valores Mobiliários da fiscalização das atividades das empre-
como fundamento da pena, projeta o sistema penal numa perspectiva etici- sas que operam no setor, informando ao Ministério Público Federal a ocor-
zante, no centro da qual está o homem, como sujeito de responsabilidade rência de crimes previstos na Lei 7.492/86, enviando-lhe os documentos
moral, entendido, pois, em sua característica capacidade de auto- necessários à comprovação dos fatos. Trata-se de disposição expressa do
determinação, para o ‘mal’ e para o ‘bem’. Em segundo lugar, não pode art. 28. Dessa lei, e a sua inobservância constituirá crime definido no art.
subsistir uma imputação que não derive de uma conduta humana típica: 319 do Código Penal (prevaricação). Trata-se de infidelidade ao dever de
[...]." ofício, à função exercida. Mister, todavia, que o agente aja por interesse ou
82 BETTI, Francisco de Assis. Aspectos dos Crimes Contra o Sistema Finan- sentimentos próprios. Uma falha da Lei 7.492/86 é a não especialização
ceiro no Brasil: leis 7.492/86 e 9.613/98. Belo Horizonte. Livraria Del Rey desse delito, cominando para ele uma pena compatível com a importância
Editora, 2000, 75 p. dos bens objeto de sua proteção. A participação dessas duas Autarquias
83 BETTI, Francisco de Assis. Aspectos dos Crimes Contra o Sistema Finan- na prevenção dos delitos contra o sistema financeiro nacional é de suma
ceiro no Brasil: leis 7.492/86 e 9.613/98. Belo Horizonte. Livraria Del Rey importância. Seus auditores são técnicos especializados, e usa informa-
Editora, 2000, 74-75 p. ções darão ao Ministério Público Federal condições de ingresso imediato
O autor, em seu livro, cita as seguintes considerações de Sérgio Marcos de no juízo penal, evitando a instauração de inquéritos policiais, que atrasam a
Morais Pitombos: apuração desses crimes, inclusive porque a Polícia Federal não possui em
"Supõe-se que o controlador, a que se refere, seja o acionista controlador seus quadros especialistas em questões de mercado de capitais e, ficam
(art. 116, da Lei 6.404/76), pessoa, ou grupo de pessoas, ‘vinculadas por sempre na dependência do assessoramento dos profissionais do Banco
acordo de voto, ou sob controle comum’, com poder de eleger a maioria Central do Brasil ou da Comissão de Valores Mobiliários. Por isso, deve-se
dos administradores e de gerir a companhia. dar mais ênfase à participação dessas autarquias no combate aos crimes
O administrador, também, terá o seu conceito buscado na lei, que dispõe financeiros."
sobre as sociedades por ações. Surgem qual eventuais agentes, então, os 87 LOPES, Maurício Antônio Ribeiro. Princípio da insignificância no direito pe-
componentes do conselho d administração e da diretoria e ainda do conse- nal: análise à luz da Lei 9.099/95, Juizados especiais penais e da jurispru-
lho fiscal (arts. 138, 145 e 165, da Lei 6.404/76). dência atual. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1997, 65 p.
Gerente é quem administra ou dirige um estabelecimento em nome e por 88 LOPES, Maurício Antônio Ribeiro. Op. cit., 64-65 p.
conta do empresário. Quando sócio do estabelecimento comercial, chama- 89 LIMA, Alberto Jorge Correia de Barros. Shakespeare, Von Ihering e a inter-
se sócio-gerente, quando não, denomina-se contratado. A Lei de Socieda- pretação do Contrato. Texto elaborado em agosto de 2000. Disponível em

Noções de Direito Penal 71 A Opção Certa Para a Sua Realização


APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
«http: www. jusnavigandi.com.br/contratos.htm». Acesso em 4 de junho de Antônio e Shylock o assinaram, o título foi reconhecido pelas leis locais,
2001. "Dispõe-te, assim, para cortar a carne. Mas não derrames sangue, necessário pois seu cumprimento. Não há como deixar de ver a visão for-
nem amputes senão o peso justo de uma libra, nem mais nem menos; pois malista do pensador alemão, apegado, sobremaneira, aos cânones legais,
se retirares mais ou menos do que isso, o suficiente para deixá-la mais pe- ao estabelecido. Shakespeare, embora não enfrentando diretamente a
sada ou leve na proporção, embora, da vigésima parte de um pobre escró- questão, por não está afeito às discussões acadêmicas, manteve válido o
pulo; ou, ainda, se a balança pender um fio, apenas, de cabelo, por isso a título, considerando até as convenções da época, contudo, em mais uma
vida perdes, ficando os teus bens todos confiscados..." (William Shakespe- demonstração de que estava a frente de seu tempo, atingiu a solução mais
are, O Mercador de Veneza, In Comédias, trad. Carlos Alberto Nunes, Bra- justa, utilizando-se da interpretação do negócio, realizada por Pórcia e foi
sília, Editora Universidade de Brasília/ Melhoramentos, 1982, p. 262, pala- além. O magistral escritor inglês percebeu a questão do conteúdo contratu-
vras de PÓRCIA). al e firmou posição no seu escrito determinando a condenação do avarento
I. Gerações muito à frente da nossa, por certo, discutirão acerca das implica- Shylock.
ções jurídicas do contrato celebrado entre Shylock e Antônio. Este se res- IV. Carlos Maximiliano afirma que "interpretar uma expressão do Direito não é
ponsabilizou como fiador de um empréstimo feito a Bissâncio, firmando simplesmente tornar claro o respectivo dizer, abstratamente falando; é so-
que, caso não pagasse os Ducados até o vencimento da dívida, Shylock bretudo, revelar o sentido apropriado para a vida real, e conducente a uma
poderia cortar uma libra de sua carne de qualquer parte do corpo. Vencida decisão reta" (7). Nesse sentido o artigo 5º da Lei de Introdução ao Código
a dívida, pretendendo o credor a execução do pactuado, Pórcia, magistrado Civil Brasileiro expressa que "na aplicação da lei o juiz atenderá aos fins
veneziano, surge para apreciar a questão. Esse, entre outros enredos, i- sociais a que ela se destina e as exigências do bem comum".
mortalizaram "O Mercador de Veneza", mais uma, dentre as grandes obras Não há como negar que tais exigências atuais da moderna hermenêutica,
de William Shakespeare. embora ausente os rigores científicos e aspectos técnico-conceituais, foram
II. É voz comum na doutrina que, quando duas ou mais vontades ajustam-se, percebidas por Shakespeare, que inicialmente valeu-se da interpretação
em determinado momento e mediante modo estabelecido, surge o conceito meramente literal (gramatical ou filológica), quando Pórcia afirma que na le-
de contrato. É bem verdade ser tal definição ainda ingênua, todavia, de tra pertencente a Shylock plenamente válida, em consonância com as leis
maneira geral podemos dizer que o contrato é a manifestação ajustada da de Veneza, apenas está registrada uma libra de carne, nem mais, nem me-
vontade humana, conforme as prescrições da lei e com escopo de adquirir, nos, e nenhuma gota de sangue poderá ser derramada, vez que somente
resguardar, transferir, conservar, modificar ou extinguir direitos, ou como está garantido no título uma única libra de carne.
bem sintetizou Caio Mário: é "o acordo de vontades com a finalidade de Pórcia não se socorreu apenas da interpretação gramatical. A linguagem,
produzir efeitos jurídicos" (1). no dizer de Reale, só pode ser entendida de maneira estrutural, em corre-
No direito privado fala-se da liberdade das partes para a realização dos lação com as estruturas e mutações sociais (8). O juiz shakespeariano va-
contratos, ou melhor, da chamada liberdade de contratar (2) assente em leu-se em conjunto da interpretação teleológica. Porém, visualizou não o
quatro momentos distintos, segundo o escólio do professor Caio Mário (3). fim, o qual Ihering reduzia a uma forma de interesse, mas antes, o sentido
Primeiro, na vontade de resolver atendendo os interesses e conveniências do valor reconhecido racionalmente enquanto motivo determinante da ação
das partes envolvidas. Ninguém é obrigado, em regra, a contratar, se bem (9). Como afirma Reale, "os valores não se explicam segundo nexos de
que no Estado contemporâneo, nos moldes de sua organização, marcado causalidade" (10) e tal interpretação conduz ao juiz a missão de, na aplica-
pelo intervencionismo estatal, existem mais e mais situações onde o indiví- ção da norma, "vencer os óbices criados por leis prenhes de individualis-
duo vê-se compelido a contratar em favor de uma pretensa destinação so- mos" (11), atendendo às exigências do bem comum, objetivando a justiça,
cial. A segunda implicação é a da escolha com quem se pretende o ajuste que no caso respeitou, mesmo naquele tempo, o valor supremo da digni-
e o tipo de negócio a realizar. O indivíduo é livre para contratar com quem dade da pessoa humana. Com um subterfúgio é verdade, mas subterfúgio
entender necessário. O poder individual aqui também não é absoluto, eis que foi utilizado para segurança jurídica daquela coletividade, apegada ás
que a opção quanto à pessoa nem sempre pode ser feita (ex.: monopólios formas e ao exagero da autonomia da vontade e não a subterfúgios para
públicos, contratos de adesão). O terceiro momento é o da fixação do con- retirar o direito de Shylock que inexistia. Isto é que não percebeu Ihering,
teúdo do negócio. As partes firmam o que deve conter o ajuste, conforme que o direito pertencia ao ser humano, a sua incolumidade física e psíqui-
seus interesses. Todavia, tal fixação está cada vez mais limitada. Por der- ca, não à avareza, que é característica daqueles que entendem negócio, li-
radeiro, uma vez concluído o contrato, passa a constituir fonte formal do di- berdade de contratar e forma, acima dos valores consignados ao homem
reito, autorizando qualquer das partes a reclamar seu cumprimento perante enquanto homem.
o Judiciário. Shakespeare, de fato, estava à frente de seu tempo e, no dizer de Joseph
Entretanto, a liberdade de contratar, nos moldes tradicionais do direito pri- Kohler, a cena forense do Mercador de Veneza encerra "a quintessência do
vado, encontra limitação, modernamente, na ideia de ordem pública, vez caráter e da formação do direito. Contém uma sabedoria jurídica mais pro-
que o interesse individual não pode prevalecer sobre o interesse social, o funda que a encerrada em dez volumes das pandetas, e proporciona uma
da coletividade. Não podem pois os princípios assentes na ordem pública visão mais penetrante que todas as obras sobre a história do direito, de
verem- se afrontados por convenção entre particulares. Nesse aspecto o Savigny a Ihering" (12)."
artigo 6º do Código Civil Francês é expresso: "Não se pode derrogar, por 90 MAXIMILIANO, Carlos. Op. cit., 1994, 181-182 p.
convenções particulares, as leis que interessam a ordem pública e aos 91 MIRABETE, Júlio Fabbrini. Processo Penal. São Paulo: 8ª edição, revisada
bons costumes". Pontes de Miranda, lecionando sobre o que ele chama de e atualizada, Editora Altas, 1998, 104 p.
"auto-regramento" da vontade, comentando exatamente a respeito das limi- 92 SALES, Sheila Jorge Selim de. Op. cit., 93 p.
tações acerca da vontade do homem, afirma que "no direito como processo 93 ARAÚJO. Sérgio Luiz de Souza. Op. cit., 319 p.
social de adaptação, o regramento jurídico veda alguns atos humanos (atos 94 MAIA. Rodolfo Tigre. Op. cit., 153 p.
ilícitos absolutos e relativos)..." (4) 95 JUNIOR, Joel Dias Figueira; LOPES, Maurício Antonio Ribeiro. Comentá-
Se por um lado é permitido aos homens poder considerável para dispor li- rios à lei dos juizados especiais cíveis e criminais. São Paulo: Editora Re-
vremente de sua vontade, o direito positivo limita a ação livre de cada um, vista do Tribunais, 1995, 390 p.
sem o que a vida coletiva estaria perturbada (5). 96 GOMES, Luiz Flávio. Crimes hediondos e penas substitutivas. «htpp: www.
Desta forma, no berço do próprio direito privado, em tempos onde é preva- jusnavigandi.com.br/ artigo crimes hediondos_arquivos\PENAL125.HTM.
lecente o interesse social, aumentando a extensão e intensidade das nor- Acesso em 10 de maio de 2001.
mas de ordem pública, o Estado interfere cada vez mais, seja impondo a 97 BRASILEIRO, Código de Processo penal. "Art. 312. A prisão preventiva
contratação, instituindo cláusulas coercitivas, ou mesmo concedendo ao ju- poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômi-
iz a faculdade de rever o pactuado. Obviamente que hoje observamos a ca, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação
diminuição da interferência estatal com o fenômeno da globalização, mas da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficien-
esse é outro assunto. te de autoria."
III. Pois bem, concedido a Pórcia o direito de rever o pactuado, enxergou o 98 MAIA, Rodolfo Tigre. Op. cit., 168 p. "Cabe discutir, apenas, se a "magnitu-
magistrado que aquele pacto era válido tendo em conta que o título obede- de da lesão" constituiria um fundamento autônomo à decretação da custó-
ceu sua forma e a autonomia da vontade imperava. Na comunidade nin- dia cautelar, ao lado dos outros três fundamentos constantes do ordena-
guém duvidava da validade do título, inclusive o próprio Antônio, embora mento processual (periculum in mora) ou se, ao contrário, deveria ser tal si-
todos achassem injusto. Mas, hoje sabemos que a fixação do conteúdo do tuação reconhecida como hábil a justificar a prisão provisória apenas quan-
negócio infringia a lei penal. O homicídio, crime por excelência, no dizer de do associada a um dos outros fundamentos tradicionais. Tendo em vista a
Hungria (6), inclusive em sua forma tentada, era previsto como tal pelas leis excepcionalidade que deve revestir a prisão cautelar estamos que a exege-
de Veneza. Desta forma, aquele que faz acordo no intuito de retirar uma li- se deste artigo deverá ser restritiva, sendo o prejuízo causado, por maior
bra, aproximadamente um quilograma, de carne no corpo de um homem, que seja, insuficiente por si mesmo de ensejar a decretação da prisão pre-
ainda que o consinta a "vítima", estar a realizar uma conduta delituosa se ventiva, o que parece Ter sido a mens legis ao não alterar a redação do ci-
põe início a execução. No mínimo reside, no caso, o dolo eventual. tado art. 312 e, sim, determinar que se fosse considerado quando do sope-
O que não vislumbrou Von Ihering na sua crítica ao problema (In A Luta Pe- samento da magnitude da lesão. Por outro lado, como se sabe, o funda-
lo Direito, 4a Edição, Rio de Janeiro, Ed. Rio, 1983), foi a questão atinente à mento de garantia da ordem pública, além das características que já enun-
justiça. Para ele o direito restringia-se a mera forma. Houve um contrato, ciamos, pode ser alegado para "acautelar o meio social e a própria credibi-

Noções de Direito Penal 72 A Opção Certa Para a Sua Realização


APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
lidade da justiça em face da gravidade do crime e de sua repercussão." FRAGOSO, Heleno Cláudio. Lições de direito penal: parte geral. 15ª edição re-
99 ARAÚJO, Sérgio Luiz de Souza. Op. cit., 396 p. "A prisão preventiva, como visada por Fernando Fragoso. Rio de Janeiro: Forense, 1994.
ato de coerção processual antecedente à decisão condenatória, é medida GARCIA, Basileu. Instituições de Direito Penal. Vol. I, tomo II, 4ª ed., 30ª tira-
excepcional que deixou de ser obrigatória para se converter em facultativa, gem, revista e atualizada. São Paulo: Max Limonad, Editor de Livros de Direito, 1966.
adequada apenas e tão-somente às hipóteses precisamente fixadas em lei. GOMES, Luiz Flávio. Crimes hediondos e penas substitutivas. «htpp: www. jus-
Por sua condição de antecipado comprometimento ao jus libertatis e o sta- navigandi.com.br/ artigo crimes hediondos_arquivos\PENAL125.HTM. Acesso em 10
tus dignitatis do cidadão, não pode merecer aplicação senão quando abso- de maio de 2001.
lutamente indispensável e indubitavelmente imperiosa à garantia da ordem Greco, Rogério. Concurso de pessoas. Belo Horizonte: Mandamentos, 2000.
pública, à conveniência da instrução criminal e à segurança da aplicação HERRERA, Enrique. Práctica metodológica de la investigación jurídica. Buenos
da lei penal. Continuo e continuarei sempre mantendo esse ponto de vista, Aires: Astrea, 1998.
insistindo na observação de que não mais obrigatória, como antes, e repi- JESUS, Damásio E. de. Direito Penal. Parte Geral. Volume I, 19ª edição. São
sando, acórdão após acórdão, voto após voto, que esse sentimento de re- Paulo: Editora Saraiva, 1995.
púdio e redobrada cautela não é só nosso, mas de todo o mundo, em que JUNIOR, Joel Dias Figueira; LOPES, Maurício Antonio Ribeiro. Comentários à
diariamente combatida como medida cautelatória de aplicação corrente a- lei dos juizados especiais cíveis e criminais. São Paulo: Editora Revista do Tribunais,
penas em razão da maior gravidade dos delitos, sendo considerada entre 1995.
os doutrinadores com "aspereza iníqua" (Luchini) e "mal necessário" (Gar- LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Moreira de Andrade. Metodologia Científica.
rot), admitindo quase todos sua decretação quando reclamada por neces- São Paulo: Atlas, 2000.
sidade irresistível ou absoluta conveniência de ordem social (Bozzani e R. LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Moreira de Andrade. Metodologia do trabalho
Casarat)." Científico: procedimentos básicos, pesquisa bibliográfica, projeto e relatório, publica-
100 TAVAREZ, Juarez. Teoria do injusto penal. Belo Horizote: Del Rey, 2000, ções e trabalhos científicos. São Paulo: Atlas, 1992.
163 p. Ensina o eminente penalista que "[...] o segundo fundamento decor- LIMA, Alberto Jorge Correia de Barros. Shakespeare, Von Ihering e a interpreta-
re do princípio da presunção de inocência, hoje positivado no art. 5º, LVII ção do Contrato. Texto elaborado em agosto de 2000. Disponível em «http: www.
da Constituição. Se se presume que toda ação, embora criminosa, não jusnavigandi.com.br/contratos.htm». Acesso em 4 de junho de 2001.
possa ser atribuída com esta qualificação a alguém, antes que se verifi- LOPES, Maurício Antônio Ribeiro. Princípio da insignificância no direito penal:
quem todas as possibilidades de sua exclusão, isto implica não apenas análise à luz da Lei 9.099/95, Juizados especiais penais e da jurisprudência atual.
uma alteração na estrutura e na interpretação das normas processuais pe- São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1997.
nais, mas igualmente das normas penais. Em virtude disso, não se pode MAIA, Rodolfo Tigre. Dos Crimes Contra o Sistema Financeiro Nacional. 1ª edi-
considerar indiciado o injusto pelo simples fato da realização do tipo, antes ção. São Paulo: Malheiros Editores LTDA, 1996.
que se esgote em favor do sujeito a análise das normas que possam auto- MAXIMILIANO, Carlos. Hermenêutica e aplicação do direito. Rio de Janeiro: Fo-
rizar sua conduta. Está claro que deve haver um método para se proceder rense, 1994.
a essa análise, o qual pode perfeitamente identificar-se com aquele propos- MAXIMILIANUS, Cláudio Américo Fuhrer; MAXIMILIANO, Roberto Ernesto Fu-
to tradicionalmente pela doutrina, ou seja, examinando-se, numa primeira hrer. Resumo de Direito do Trabalho. 5ª edição. São Paulo: Malheiros Editores LTDA,
etapa os elementos do tipo de depois os elementos da antijuridicidade..." 2001.
101 BARNES, Jeffrey W.Statutory Interpretation, Law Reform And Sampford´s MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de direito penal. 15ª edição. São Paulo: A-
Theory Of The Disorder Of Law - Part Two. «Http:// www. tlas, 1999.
law.anu.edu.an/publications/flr/vol23n01/federallawreviewjeffreywba». A- MIRABETE, Julio Fabbrini. Processo Penal. 8ª edição, revisada e atualizada.
cesso em 20 de abril de 2001. São Paulo: Editora Altas, 1998.
Na interpretação de uma disposição de lei, deve-se preferir a interpretação MUNOZ CONDE, Francisco. Teoria geral do delito. Tradução e notas de Juarez
que defenda a intenção ou objeto subjacente à lei (estando essa intenção Tavares e Luiz Regis Prado. Porto Alegre: Fabris, 1988.
ou objeto expressamente declarado na lei ou não) à aquela que não defen- PRADO, Luiz Regis. Bem jurídico-penal e Constituição. 2ª edição, revista e atua-
da a intenção ou objeto. (tradução livre nossa) lizada. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1997.
RODRIGUES, Sílvio. Direito Civil. Parte Geral. São Paulo: Editora Saraiva,
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BATISTA, Nilo. Introdução crítica ao direito penal brasileiro. 4ª edição. Rio de 1997.
Janeiro: Revan, janeiro de 2001. TAVAREZ, Juarez. Teoria do injusto penal. Belo Horizote: Del Rey, 2000.
BETTI, Francisco de Assis. Aspectos dos Crimes Contra o Sistema Financeiro TELES, Ney Moura. Direito Penal: parte geral I, arts. 1º a 31 do Código Penal:
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BEVILAQUA, Clovis. Código Civil dos Estados Unidos do Brasil comentado. Un- Paulo: Atlas, 1998.
décima edição atualizada por Achilles Bevilaqua e Isaias Bevilaqua. Volume I. Rio de TOLEDO, Francisco de Assis. Princípios básicos de direito penal: de acordo
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BITENCOURT, Cezar Roberto. Manual de Direito Penal: parte geral. 4ª edição, São Paulo: Saraiva, 1994.
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BITENCOURT, Cézar Roberto. Teoria geral do delito. São Paulo: Editora Revis- ZAFFARONI, Eugenio Raúl; PIERANGELI, José Henrique. Manual de Penal di-
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BRASIL. Tribunal Regional Federal da 3ª Região. Ementa do HC n.º
200.03.00.031753-4/SP, 1ª Turma, relator desembargador Roberto Haddad. j.
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GOMES, Reginaldo Gonçalves. Do sujeito ativo nos crimes contra o Sistema Fi-
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<http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=2655>. Acesso em: 22 jun. 2009.
2001.
BRASILEIRO, Repertório Enciclopédico do Direito. Por J. M. de Carvalho San-
tos, coadjuvado por José de Aguiar Dias e Sady Cardoso de Gusmão. Colaboradores CRIMES HEDIONDOS
efetivos: Orozimbo Nonato, Leopoldo Braga, José da Silva Pacheco, Hermano Duval,
Martinho Garcez Neto, João de Oliveira Filho, Guilherme Haddad, Themistocles
Brandão Cavalcanti e Francisco Pereira de Bulhões Carvalho, Volume XXXVII. Rio LEI Nº 8.072, DE 25 DE JULHO DE 1990.
de Janeiro: Editora Borsoi, Rua Licínio Cardoso, 55, Benfica, 1966. Art. 1o São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipifi-
CRETELLA JÚNIOR, José. Comentários à Constituição Brasileira de 1988, arti- cados no Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal,
gos 170 a 232. 1ª edição. Rio de Janeiro: Forense Universitária, (Biblioteca jurídica), consumados ou tentados: (Redação dada pela Lei nº 8.930, de 1994) (Vide
1993. Lei nº 7.210, de 1984)
FIÚZA, César. Direito Civil. Curso completo. 2ª tiragem, revisada, atualizada e I - homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo
ampliada. Belo Horizonte: Del Rey, 2000. de extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualifica-
FRAGOSO, Heleno Cláudio. Lições de Direito Penal. Parte geral. 1ª edição. São
do (art. 121, § 2o, I, II, III, IV e V); (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de
Paulo: Livraria e Editora José Bushatsky Ltda., 1976.
1994)

Noções de Direito Penal 73 A Opção Certa Para a Sua Realização


APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
II - latrocínio (art. 157, § 3o, in fine); (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, Pena - reclusão, de oito a doze anos.
de 1994) Parágrafo único. ........................................................
III - extorsão qualificada pela morte (art. 158, § 2o); (Inciso incluído pela Pena - reclusão, de doze a vinte e cinco anos.
Lei nº 8.930, de 1994) ........................................................................
IV - extorsão mediante seqüestro e na forma qualificada (art. 159, ca- Art. 267. ...............................................................
put, e §§ lo, 2o e 3o); (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 1994) Pena - reclusão, de dez a quinze anos.
V - estupro (art. 213, caput e §§ 1o e 2o); (Redação dada pela Lei nº ........................................................................
12.015, de 2009) Art. 270. ...............................................................
VI - estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1o, 2o, 3o e 4o); (Re- Pena - reclusão, de dez a quinze anos.
dação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) ......................................................................."
VII - epidemia com resultado morte (art. 267, § 1o). (Inciso incluído pela Art. 7º Ao art. 159 do Código Penal fica acrescido o seguinte parágrafo:
Lei nº 8.930, de 1994) "Art. 159. ..............................................................
VII-A – (VETADO) (Inciso incluído pela Lei nº 9.695, de 1998) ........................................................................
VII-B - falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto § 4º Se o crime é cometido por quadrilha ou bando, o co-autor que de-
destinado a fins terapêuticos ou medicinais (art. 273, caput e § 1o, § 1o-A e nunciá-lo à autoridade, facilitando a libertação do seqüestrado, terá sua
§ 1o-B, com a redação dada pela Lei no 9.677, de 2 de julho de 1998). pena reduzida de um a dois terços."
(Inciso incluído pela Lei nº 9.695, de 1998) Art. 8º Será de três a seis anos de reclusão a pena prevista no art. 288
Parágrafo único. Considera-se também hediondo o crime de genocídio do Código Penal, quando se tratar de crimes hediondos, prática da tortura,
previsto nos arts. 1o, 2o e 3o da Lei no 2.889, de 1o de outubro de 1956, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins ou terrorismo.
tentado ou consumado. (Parágrafo incluído pela Lei nº 8.930, de 1994) Parágrafo único. O participante e o associado que denunciar à autori-
Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de en- dade o bando ou quadrilha, possibilitando seu desmantelamento, terá a
torpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de: pena reduzida de um a dois terços.
I - anistia, graça e indulto; Art. 9º As penas fixadas no art. 6º para os crimes capitulados nos arts.
II - fiança. (Redação dada pela Lei nº 11.464, de 2007) 157, § 3º, 158, § 2º, 159, caput e seus §§ 1º, 2º e 3º, 213, caput e sua
§ 1o A pena por crime previsto neste artigo será cumprida inicialmente combinação com o art. 223, caput e parágrafo único, 214 e sua combinação
em regime fechado. (Redação dada pela Lei nº 11.464, de 2007) com o art. 223, caput e parágrafo único, todos do Código Penal, são acres-
§ 2o A progressão de regime, no caso dos condenados aos crimes cidas de metade, respeitado o limite superior de trinta anos de reclusão,
previstos neste artigo, dar-se-á após o cumprimento de 2/5 (dois quintos) estando a vítima em qualquer das hipóteses referidas no art. 224 também
da pena, se o apenado for primário, e de 3/5 (três quintos), se reincidente. do Código Penal.
(Redação dada pela Lei nº 11.464, de 2007) Art. 10. O art. 35 da Lei nº 6.368, de 21 de outubro de 1976, passa a
§ 3o Em caso de sentença condenatória, o juiz decidirá fundamenta- vigorar acrescido de parágrafo único, com a seguinte redação:
damente se o réu poderá apelar em liberdade. (Redação dada pela Lei nº "Art. 35. ................................................................
11.464, de 2007) Parágrafo único. Os prazos procedimentais deste capítulo serão conta-
§ 4o A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei no 7.960, de 21 de dos em dobro quando se tratar dos crimes previstos nos arts. 12, 13 e 14."
dezembro de 1989, nos crimes previstos neste artigo, terá o prazo de 30 Art. 11. (Vetado).
(trinta) dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprova- Art. 12. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
da necessidade. (Incluído pela Lei nº 11.464, de 2007) Art. 13. Revogam-se as disposições em contrário.
Art. 3º A União manterá estabelecimentos penais, de segurança máxi-
ma, destinados ao cumprimento de penas impostas a condenados de alta ABUSO DE AUTORIDADE
periculosidade, cuja permanência em presídios estaduais ponha em risco a
ordem ou incolumidade pública. LEI Nº 4.898, DE 9 DE DEZEMBRO DE 1965.
Art. 4º (Vetado). Regula o Direito de Representação e o processo de Responsabilidade
Art. 5º Ao art. 83 do Código Penal é acrescido o seguinte inciso: Administrativa Civil e Penal, nos casos de abuso de autoridade.
"Art. 83. .............................................................. Art. 1º O direito de representação e o processo de responsabilidade
........................................................................ administrativa civil e penal, contra as autoridades que, no exercício de suas
V - cumprido mais de dois terços da pena, nos casos de condenação funções, cometerem abusos, são regulados pela presente lei.
por crime hediondo, prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e Art. 2º O direito de representação será exercido por meio de petição:
drogas afins, e terrorismo, se o apenado não for reincidente específico em a) dirigida à autoridade superior que tiver competência legal para apli-
crimes dessa natureza." car, à autoridade civil ou militar culpada, a respectiva sanção;
Art. 6º Os arts. 157, § 3º; 159, caput e seus §§ 1º, 2º e 3º; 213; 214; b) dirigida ao órgão do Ministério Público que tiver competência para i-
223, caput e seu parágrafo único; 267, caput e 270; caput, todos do Código niciar processo-crime contra a autoridade culpada.
Penal, passam a vigorar com a seguinte redação: Parágrafo único. A representação será feita em duas vias e conterá a
"Art. 157. ............................................................. exposição do fato constitutivo do abuso de autoridade, com todas as suas
§ 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, circunstâncias, a qualificação do acusado e o rol de testemunhas, no máxi-
de cinco a quinze anos, além da multa; se resulta morte, a reclusão é de mo de três, se as houver.
vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa. Art. 3º. Constitui abuso de autoridade qualquer atentado:
........................................................................ a) à liberdade de locomoção;
Art. 159. ............................................................... b) à inviolabilidade do domicílio;
Pena - reclusão, de oito a quinze anos. c) ao sigilo da correspondência;
§ 1º ................................................................. d) à liberdade de consciência e de crença;
Pena - reclusão, de doze a vinte anos. e) ao livre exercício do culto religioso;
§ 2º ................................................................. f) à liberdade de associação;
Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos. g) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício do voto;
§ 3º ................................................................. h) ao direito de reunião;
Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos. i) à incolumidade física do indivíduo;
........................................................................ j) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício profissional.
Art. 213. ............................................................... (Incluído pela Lei nº 6.657,de 05/06/79)
Pena - reclusão, de seis a dez anos. Art. 4º Constitui também abuso de autoridade:
Art. 214. ............................................................... a) ordenar ou executar medida privativa da liberdade individual, sem as
Pena - reclusão, de seis a dez anos. formalidades legais ou com abuso de poder;
........................................................................ b) submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a vexame ou a cons-
Art. 223. ............................................................... trangimento não autorizado em lei;

Noções de Direito Penal 74 A Opção Certa Para a Sua Realização


APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
c) deixar de comunicar, imediatamente, ao juiz competente a prisão ou fato narrado constitua abuso de autoridade, e requererá ao Juiz a sua
detenção de qualquer pessoa; citação, e, bem assim, a designação de audiência de instrução e julgamen-
d) deixar o Juiz de ordenar o relaxamento de prisão ou detenção ilegal to.
que lhe seja comunicada; § 1º A denúncia do Ministério Público será apresentada em duas vias.
e) levar à prisão e nela deter quem quer que se proponha a prestar fi- Art. 14. Se a ato ou fato constitutivo do abuso de autoridade houver
ança, permitida em lei; deixado vestígios o ofendido ou o acusado poderá:
f) cobrar o carcereiro ou agente de autoridade policial carceragem, cus- a) promover a comprovação da existência de tais vestígios, por meio de
tas, emolumentos ou qualquer outra despesa, desde que a cobrança não duas testemunhas qualificadas;
tenha apoio em lei, quer quanto à espécie quer quanto ao seu valor; b) requerer ao Juiz, até setenta e duas horas antes da audiência de
g) recusar o carcereiro ou agente de autoridade policial recibo de im- instrução e julgamento, a designação de um perito para fazer as verifica-
portância recebida a título de carceragem, custas, emolumentos ou de ções necessárias.
qualquer outra despesa; § 1º O perito ou as testemunhas farão o seu relatório e prestarão seus
h) o ato lesivo da honra ou do patrimônio de pessoa natural ou jurídica, depoimentos verbalmente, ou o apresentarão por escrito, querendo, na
quando praticado com abuso ou desvio de poder ou sem competência audiência de instrução e julgamento.
legal; § 2º No caso previsto na letra a deste artigo a representação poderá
i) prolongar a execução de prisão temporária, de pena ou de medida de conter a indicação de mais duas testemunhas.
segurança, deixando de expedir em tempo oportuno ou de cumprir imedia- Art. 15. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a de-
tamente ordem de liberdade. (Incluído pela Lei nº 7.960, de 21/12/89) núncia requerer o arquivamento da representação, o Juiz, no caso de
Art. 5º Considera-se autoridade, para os efeitos desta lei, quem exerce considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa da represen-
cargo, emprego ou função pública, de natureza civil, ou militar, ainda que tação ao Procurador-Geral e este oferecerá a denúncia, ou designará outro
transitoriamente e sem remuneração. órgão do Ministério Público para oferecê-la ou insistirá no arquivamento, ao
Art. 6º O abuso de autoridade sujeitará o seu autor à sanção adminis- qual só então deverá o Juiz atender.
trativa civil e penal. Art. 16. Se o órgão do Ministério Público não oferecer a denúncia no
§ 1º A sanção administrativa será aplicada de acordo com a gravidade prazo fixado nesta lei, será admitida ação privada. O órgão do Ministério
do abuso cometido e consistirá em: Público poderá, porém, aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia
a) advertência; substitutiva e intervir em todos os termos do processo, interpor recursos e,
b) repreensão; a todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como
c) suspensão do cargo, função ou posto por prazo de cinco a cento e parte principal.
oitenta dias, com perda de vencimentos e vantagens; Art. 17. Recebidos os autos, o Juiz, dentro do prazo de quarenta e oito
d) destituição de função; horas, proferirá despacho, recebendo ou rejeitando a denúncia.
e) demissão; § 1º No despacho em que receber a denúncia, o Juiz designará, desde
f) demissão, a bem do serviço público. logo, dia e hora para a audiência de instrução e julgamento, que deverá ser
§ 2º A sanção civil, caso não seja possível fixar o valor do dano, consis- realizada, improrrogavelmente. dentro de cinco dias.
tirá no pagamento de uma indenização de quinhentos a dez mil cruzeiros. § 2º A citação do réu para se ver processar, até julgamento final e para
§ 3º A sanção penal será aplicada de acordo com as regras dos artigos comparecer à audiência de instrução e julgamento, será feita por mandado
42 a 56 do Código Penal e consistirá em: sucinto que, será acompanhado da segunda via da representação e da
a) multa de cem a cinco mil cruzeiros; denúncia.
b) detenção por dez dias a seis meses; Art. 18. As testemunhas de acusação e defesa poderão ser apresenta-
c) perda do cargo e a inabilitação para o exercício de qualquer outra da em juízo, independentemente de intimação.
função pública por prazo até três anos. Parágrafo único. Não serão deferidos pedidos de precatória para a au-
§ 4º As penas previstas no parágrafo anterior poderão ser aplicadas diência ou a intimação de testemunhas ou, salvo o caso previsto no artigo
autônoma ou cumulativamente. 14, letra "b", requerimentos para a realização de diligências, perícias ou
§ 5º Quando o abuso for cometido por agente de autoridade policial, ci- exames, a não ser que o Juiz, em despacho motivado, considere indispen-
vil ou militar, de qualquer categoria, poderá ser cominada a pena autônoma sáveis tais providências.
ou acessória, de não poder o acusado exercer funções de natureza policial Art. 19. A hora marcada, o Juiz mandará que o porteiro dos auditórios
ou militar no município da culpa, por prazo de um a cinco anos. ou o oficial de justiça declare aberta a audiência, apregoando em seguida o
art. 7º recebida a representação em que for solicitada a aplicação de réu, as testemunhas, o perito, o representante do Ministério Público ou o
sanção administrativa, a autoridade civil ou militar competente determinará advogado que tenha subscrito a queixa e o advogado ou defensor do réu.
a instauração de inquérito para apurar o fato. Parágrafo único. A audiência somente deixará de realizar-se se ausen-
§ 1º O inquérito administrativo obedecerá às normas estabelecidas nas te o Juiz.
leis municipais, estaduais ou federais, civis ou militares, que estabeleçam o Art. 20. Se até meia hora depois da hora marcada o Juiz não houver
respectivo processo. comparecido, os presentes poderão retirar-se, devendo o ocorrido constar
§ 2º não existindo no município no Estado ou na legislação militar nor- do livro de termos de audiência.
mas reguladoras do inquérito administrativo serão aplicadas supletivamen- Art. 21. A audiência de instrução e julgamento será pública, se contra-
te, as disposições dos arts. 219 a 225 da Lei nº 1.711, de 28 de outubro de riamente não dispuser o Juiz, e realizar-se-á em dia útil, entre dez (10) e
1952 (Estatuto dos Funcionários Públicos Civis da União). dezoito (18) horas, na sede do Juízo ou, excepcionalmente, no local que o
§ 3º O processo administrativo não poderá ser sobrestado para o fim Juiz designar.
de aguardar a decisão da ação penal ou civil. Art. 22. Aberta a audiência o Juiz fará a qualificação e o interrogatório
Art. 8º A sanção aplicada será anotada na ficha funcional da autoridade do réu, se estiver presente.
civil ou militar. Parágrafo único. Não comparecendo o réu nem seu advogado, o Juiz
Art. 9º Simultaneamente com a representação dirigida à autoridade nomeará imediatamente defensor para funcionar na audiência e nos ulterio-
administrativa ou independentemente dela, poderá ser promovida pela res termos do processo.
vítima do abuso, a responsabilidade civil ou penal ou ambas, da autoridade Art. 23. Depois de ouvidas as testemunhas e o perito, o Juiz dará a pa-
culpada. lavra sucessivamente, ao Ministério Público ou ao advogado que houver
Art. 10. Vetado subscrito a queixa e ao advogado ou defensor do réu, pelo prazo de quinze
Art. 11. À ação civil serão aplicáveis as normas do Código de Processo minutos para cada um, prorrogável por mais dez (10), a critério do Juiz.
Civil. Art. 24. Encerrado o debate, o Juiz proferirá imediatamente a sentença.
Art. 12. A ação penal será iniciada, independentemente de inquérito po- Art. 25. Do ocorrido na audiência o escrivão lavrará no livro próprio, di-
licial ou justificação por denúncia do Ministério Público, instruída com a tado pelo Juiz, termo que conterá, em resumo, os depoimentos e as alega-
representação da vítima do abuso. ções da acusação e da defesa, os requerimentos e, por extenso, os despa-
Art. 13. Apresentada ao Ministério Público a representação da vítima, chos e a sentença.
aquele, no prazo de quarenta e oito horas, denunciará o réu, desde que o

Noções de Direito Penal 75 A Opção Certa Para a Sua Realização


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Art. 26. Subscreverão o termo o Juiz, o representante do Ministério Pú- crimes culposos.
blico ou o advogado que houver subscrito a queixa, o advogado ou defen- Art. 11. A suspensão de atividades será aplicada quando estas não es-
sor do réu e o escrivão. tiverem obedecendo às prescrições legais.
Art. 27. Nas comarcas onde os meios de transporte forem difíceis e não Art. 12. A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à
permitirem a observância dos prazos fixados nesta lei, o juiz poderá aumen- vítima ou à entidade pública ou privada com fim social, de importância,
tá-las, sempre motivadamente, até o dobro. fixada pelo juiz, não inferior a um salário mínimo nem superior a trezentos e
Art. 28. Nos casos omissos, serão aplicáveis as normas do Código de sessenta salários mínimos. O valor pago será deduzido do montante de
Processo Penal, sempre que compatíveis com o sistema de instrução e eventual reparação civil a que for condenado o infrator.
julgamento regulado por esta lei. Art. 13. O recolhimento domiciliar baseia-se na autodisciplina e senso
Parágrafo único. Das decisões, despachos e sentenças, caberão os re- de responsabilidade do condenado, que deverá, sem vigilância, trabalhar,
cursos e apelações previstas no Código de Processo Penal. freqüentar curso ou exercer atividade autorizada, permanecendo recolhido
Art. 29. Revogam-se as disposições em contrário. nos dias e horários de folga em residência ou em qualquer local destinado a
sua moradia habitual, conforme estabelecido na sentença condenatória.
Art. 14. São circunstâncias que atenuam a pena:
CRIMES AMBIENTAIS. I - baixo grau de instrução ou escolaridade do agente;
II - arrependimento do infrator, manifestado pela espontânea reparação
do dano, ou limitação significativa da degradação ambiental causada;
LEI Nº 9.605, DE 12 DE FEVEREIRO DE 1998. III - comunicação prévia pelo agente do perigo iminente de degradação
Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condu- ambiental;
tas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências. IV - colaboração com os agentes encarregados da vigilância e do con-
CAPÍTULO I trole ambiental.
DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 15. São circunstâncias que agravam a pena, quando não constitu-
Art. 1º (VETADO) em ou qualificam o crime:
Art. 2º Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes I - reincidência nos crimes de natureza ambiental;
previstos nesta Lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida da sua II - ter o agente cometido a infração:
culpabilidade, bem como o diretor, o administrador, o membro de conselho a) para obter vantagem pecuniária;
e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de b) coagindo outrem para a execução material da infração;
pessoa jurídica, que, sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar de c) afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a saúde pública ou
impedir a sua prática, quando podia agir para evitá-la. o meio ambiente;
Art. 3º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, ci- d) concorrendo para danos à propriedade alheia;
vil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infra- e) atingindo áreas de unidades de conservação ou áreas sujeitas, por
ção seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou ato do Poder Público, a regime especial de uso;
de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade. f) atingindo áreas urbanas ou quaisquer assentamentos humanos;
Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a g) em período de defeso à fauna;
das pessoas físicas, autoras, co-autoras ou partícipes do mesmo fato. h) em domingos ou feriados;
Art. 4º Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua i) à noite;
personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à j) em épocas de seca ou inundações;
qualidade do meio ambiente. l) no interior do espaço territorial especialmente protegido;
Art. 5º (VETADO) m) com o emprego de métodos cruéis para abate ou captura de ani-
CAPÍTULO II mais;
DA APLICAÇÃO DA PENA n) mediante fraude ou abuso de confiança;
Art. 6º Para imposição e gradação da penalidade, a autoridade compe- o) mediante abuso do direito de licença, permissão ou autorização am-
tente observará: biental;
I - a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e suas p) no interesse de pessoa jurídica mantida, total ou parcialmente, por
conseqüências para a saúde pública e para o meio ambiente; verbas públicas ou beneficiada por incentivos fiscais;
II - os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da legislação de q) atingindo espécies ameaçadas, listadas em relatórios oficiais das au-
interesse ambiental; toridades competentes;
III - a situação econômica do infrator, no caso de multa. r) facilitada por funcionário público no exercício de suas funções.
Art. 7º As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as Art. 16. Nos crimes previstos nesta Lei, a suspensão condicional da
privativas de liberdade quando: pena pode ser aplicada nos casos de condenação a pena privativa de
I - tratar-se de crime culposo ou for aplicada a pena privativa de liber- liberdade não superior a três anos.
dade inferior a quatro anos; Art. 17. A verificação da reparação a que se refere o § 2º do art. 78 do
II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalida- Código Penal será feita mediante laudo de reparação do dano ambiental, e
de do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias do crime as condições a serem impostas pelo juiz deverão relacionar-se com a
indicarem que a substituição seja suficiente para efeitos de reprovação e proteção ao meio ambiente.
prevenção do crime. Art. 18. A multa será calculada segundo os critérios do Código Penal;
Parágrafo único. As penas restritivas de direitos a que se refere este ar- se revelar-se ineficaz, ainda que aplicada no valor máximo, poderá ser
tigo terão a mesma duração da pena privativa de liberdade substituída. aumentada até três vezes, tendo em vista o valor da vantagem econômica
Art. 8º As penas restritivas de direito são: auferida.
I - prestação de serviços à comunidade; Art. 19. A perícia de constatação do dano ambiental, sempre que pos-
II - interdição temporária de direitos; sível, fixará o montante do prejuízo causado para efeitos de prestação de
III - suspensão parcial ou total de atividades; fiança e cálculo de multa.
IV - prestação pecuniária; Parágrafo único. A perícia produzida no inquérito civil ou no juízo cível
V - recolhimento domiciliar. poderá ser aproveitada no processo penal, instaurando-se o contraditório.
Art. 9º A prestação de serviços à comunidade consiste na atribuição ao Art. 20. A sentença penal condenatória, sempre que possível, fixará o
condenado de tarefas gratuitas junto a parques e jardins públicos e unida- valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, conside-
des de conservação, e, no caso de dano da coisa particular, pública ou rando os prejuízos sofridos pelo ofendido ou pelo meio ambiente.
tombada, na restauração desta, se possível. Parágrafo único. Transitada em julgado a sentença condenatória, a e-
Art. 10. As penas de interdição temporária de direito são a proibição de xecução poderá efetuar-se pelo valor fixado nos termos do caput, sem
o condenado contratar com o Poder Público, de receber incentivos fiscais prejuízo da liquidação para apuração do dano efetivamente sofrido.
ou quaisquer outros benefícios, bem como de participar de licitações, pelo Art. 21. As penas aplicáveis isolada, cumulativa ou alternativamente às
prazo de cinco anos, no caso de crimes dolosos, e de três anos, no de pessoas jurídicas, de acordo com o disposto no art. 3º, são:

Noções de Direito Penal 76 A Opção Certa Para a Sua Realização


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I - multa; acusado tomado as providências necessárias à reparação integral do dano.
II - restritivas de direitos; CAPÍTULO V
III - prestação de serviços à comunidade. DOS CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE
Art. 22. As penas restritivas de direitos da pessoa jurídica são: Seção I
I - suspensão parcial ou total de atividades; Dos Crimes contra a Fauna
II - interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade; Art. 29. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna
III - proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele obter silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou
subsídios, subvenções ou doações. autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida:
§ 1º A suspensão de atividades será aplicada quando estas não estive- Pena - detenção de seis meses a um ano, e multa.
rem obedecendo às disposições legais ou regulamentares, relativas à § 1º Incorre nas mesmas penas:
proteção do meio ambiente. I - quem impede a procriação da fauna, sem licença, autorização ou em
§ 2º A interdição será aplicada quando o estabelecimento, obra ou ati- desacordo com a obtida;
vidade estiver funcionando sem a devida autorização, ou em desacordo II - quem modifica, danifica ou destrói ninho, abrigo ou criadouro natu-
com a concedida, ou com violação de disposição legal ou regulamentar. ral;
§ 3º A proibição de contratar com o Poder Público e dele obter subsí- III - quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, tem em
dios, subvenções ou doações não poderá exceder o prazo de dez anos. cativeiro ou depósito, utiliza ou transporta ovos, larvas ou espécimes da
Art. 23. A prestação de serviços à comunidade pela pessoa jurídica fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, bem como produtos e objetos
consistirá em: dela oriundos, provenientes de criadouros não autorizados ou sem a devida
I - custeio de programas e de projetos ambientais; permissão, licença ou autorização da autoridade competente.
II - execução de obras de recuperação de áreas degradadas; § 2º No caso de guarda doméstica de espécie silvestre não considera-
III - manutenção de espaços públicos; da ameaçada de extinção, pode o juiz, considerando as circunstâncias,
IV - contribuições a entidades ambientais ou culturais públicas. deixar de aplicar a pena.
Art. 24. A pessoa jurídica constituída ou utilizada, preponderantemente, § 3° São espécimes da fauna silvestre todos aqueles pertencentes às
com o fim de permitir, facilitar ou ocultar a prática de crime definido nesta espécies nativas, migratórias e quaisquer outras, aquáticas ou terrestres,
Lei terá decretada sua liquidação forçada, seu patrimônio será considerado que tenham todo ou parte de seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites
instrumento do crime e como tal perdido em favor do Fundo Penitenciário do território brasileiro, ou águas jurisdicionais brasileiras.
Nacional. § 4º A pena é aumentada de metade, se o crime é praticado:
CAPÍTULO III I - contra espécie rara ou considerada ameaçada de extinção, ainda
DA APREENSÃO DO PRODUTO E DO INSTRUMENTO DE INFRAÇÃO que somente no local da infração;
ADMINISTRATIVA OU DE CRIME II - em período proibido à caça;
Art. 25. Verificada a infração, serão apreendidos seus produtos e ins- III - durante a noite;
trumentos, lavrando-se os respectivos autos. IV - com abuso de licença;
§ 1º Os animais serão libertados em seu habitat ou entregues a jardins V - em unidade de conservação;
zoológicos, fundações ou entidades assemelhadas, desde que fiquem sob VI - com emprego de métodos ou instrumentos capazes de provocar
a responsabilidade de técnicos habilitados. destruição em massa.
§ 2º Tratando-se de produtos perecíveis ou madeiras, serão estes ava- § 5º A pena é aumentada até o triplo, se o crime decorre do exercício
liados e doados a instituições científicas, hospitalares, penais e outras com de caça profissional.
fins beneficentes. § 6º As disposições deste artigo não se aplicam aos atos de pesca.
§ 3° Os produtos e subprodutos da fauna não perecíveis serão destruí- Art. 30. Exportar para o exterior peles e couros de anfíbios e répteis em
dos ou doados a instituições científicas, culturais ou educacionais. bruto, sem a autorização da autoridade ambiental competente:
§ 4º Os instrumentos utilizados na prática da infração serão vendidos, Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
garantida a sua descaracterização por meio da reciclagem. Art. 31. Introduzir espécime animal no País, sem parecer técnico oficial
CAPÍTULO IV favorável e licença expedida por autoridade competente:
DA AÇÃO E DO PROCESSO PENAL Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Art. 26. Nas infrações penais previstas nesta Lei, a ação penal é públi- Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais sil-
ca incondicionada. vestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos:
Parágrafo único. (VETADO) Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Art. 27. Nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, a proposta § 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou
de aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multa, prevista no art. cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando
76 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, somente poderá ser formu- existirem recursos alternativos.
lada desde que tenha havido a prévia composição do dano ambiental, de § 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do
que trata o art. 74 da mesma lei, salvo em caso de comprovada impossibili- animal.
dade. Art. 33. Provocar, pela emissão de efluentes ou carreamento de mate-
Art. 28. As disposições do art. 89 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro riais, o perecimento de espécimes da fauna aquática existentes em rios,
de 1995, aplicam-se aos crimes de menor potencial ofensivo definidos lagos, açudes, lagoas, baías ou águas jurisdicionais brasileiras:
nesta Lei, com as seguintes modificações: Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas cumulativa-
I - a declaração de extinção de punibilidade, de que trata o § 5° do arti- mente.
go referido no caput, dependerá de laudo de constatação de reparação do Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas:
dano ambiental, ressalvada a impossibilidade prevista no inciso I do § 1° do I - quem causa degradação em viveiros, açudes ou estações de aqüi-
mesmo artigo; cultura de domínio público;
II - na hipótese de o laudo de constatação comprovar não ter sido com- II - quem explora campos naturais de invertebrados aquáticos e algas,
pleta a reparação, o prazo de suspensão do processo será prorrogado, até sem licença, permissão ou autorização da autoridade competente;
o período máximo previsto no artigo referido no caput, acrescido de mais III - quem fundeia embarcações ou lança detritos de qualquer natureza
um ano, com suspensão do prazo da prescrição; sobre bancos de moluscos ou corais, devidamente demarcados em carta
III - no período de prorrogação, não se aplicarão as condições dos inci- náutica.
sos II, III e IV do § 1° do artigo mencionado no caput; Art. 34. Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em lugares
IV - findo o prazo de prorrogação, proceder-se-á à lavratura de novo interditados por órgão competente:
laudo de constatação de reparação do dano ambiental, podendo, conforme Pena - detenção de um ano a três anos ou multa, ou ambas as penas
seu resultado, ser novamente prorrogado o período de suspensão, até o cumulativamente.
máximo previsto no inciso II deste artigo, observado o disposto no inciso III; Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem:
V - esgotado o prazo máximo de prorrogação, a declaração de extinção I - pesca espécies que devam ser preservadas ou espécimes com ta-
de punibilidade dependerá de laudo de constatação que comprove ter o manhos inferiores aos permitidos;

Noções de Direito Penal 77 A Opção Certa Para a Sua Realização


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II - pesca quantidades superiores às permitidas, ou mediante a utiliza- Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de detenção de seis
ção de aparelhos, petrechos, técnicas e métodos não permitidos; meses a um ano, e multa.
III - transporta, comercializa, beneficia ou industrializa espécimes pro- Art. 42. Fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam pro-
venientes da coleta, apanha e pesca proibidas. vocar incêndios nas florestas e demais formas de vegetação, em áreas
Art. 35. Pescar mediante a utilização de: urbanas ou qualquer tipo de assentamento humano:
I - explosivos ou substâncias que, em contato com a água, produzam Pena - detenção de um a três anos ou multa, ou ambas as penas cu-
efeito semelhante; mulativamente.
II - substâncias tóxicas, ou outro meio proibido pela autoridade compe- Art. 43. (VETADO)
tente: Art. 44. Extrair de florestas de domínio público ou consideradas de pre-
Pena - reclusão de um ano a cinco anos. servação permanente, sem prévia autorização, pedra, areia, cal ou qual-
Art. 36. Para os efeitos desta Lei, considera-se pesca todo ato tendente quer espécie de minerais:
a retirar, extrair, coletar, apanhar, apreender ou capturar espécimes dos Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
grupos dos peixes, crustáceos, moluscos e vegetais hidróbios, suscetíveis Art. 45. Cortar ou transformar em carvão madeira de lei, assim classifi-
ou não de aproveitamento econômico, ressalvadas as espécies ameaçadas cada por ato do Poder Público, para fins industriais, energéticos ou para
de extinção, constantes nas listas oficiais da fauna e da flora. qualquer outra exploração, econômica ou não, em desacordo com as
Art. 37. Não é crime o abate de animal, quando realizado: determinações legais:
I - em estado de necessidade, para saciar a fome do agente ou de sua Pena - reclusão, de um a dois anos, e multa.
família; Art. 46. Receber ou adquirir, para fins comerciais ou industriais, madei-
II - para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação predatória ou ra, lenha, carvão e outros produtos de origem vegetal, sem exigir a exibição
destruidora de animais, desde que legal e expressamente autorizado pela de licença do vendedor, outorgada pela autoridade competente, e sem
autoridade competente; munir-se da via que deverá acompanhar o produto até final beneficiamento:
III – (VETADO) Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
IV - por ser nocivo o animal, desde que assim caracterizado pelo órgão Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende, expõe à
competente. venda, tem em depósito, transporta ou guarda madeira, lenha, carvão e
Seção II outros produtos de origem vegetal, sem licença válida para todo o tempo da
Dos Crimes contra a Flora viagem ou do armazenamento, outorgada pela autoridade competente.
Art. 38. Destruir ou danificar floresta considerada de preservação per- Art. 47. (VETADO)
manente, mesmo que em formação, ou utilizá-la com infringência das Art. 48. Impedir ou dificultar a regeneração natural de florestas e de-
normas de proteção: mais formas de vegetação:
Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas cu- Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
mulativamente. Art. 49. Destruir, danificar, lesar ou maltratar, por qualquer modo ou
Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena será reduzida à meta- meio, plantas de ornamentação de logradouros públicos ou em propriedade
de. privada alheia:
Art. 38-A. Destruir ou danificar vegetação primária ou secundária, em Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, ou ambas as pe-
estágio avançado ou médio de regeneração, do Bioma Mata Atlântica, ou nas cumulativamente.
utilizá-la com infringência das normas de proteção: (Incluído pela Lei nº Parágrafo único. No crime culposo, a pena é de um a seis meses, ou
11.428, de 2006). multa.
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, ou multa, ou ambas as pe- Art. 50. Destruir ou danificar florestas nativas ou plantadas ou vegeta-
nas cumulativamente. (Incluído pela Lei nº 11.428, de 2006). ção fixadora de dunas, protetora de mangues, objeto de especial preserva-
Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena será reduzida à meta- ção:
de. (Incluído pela Lei nº 11.428, de 2006). Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Art. 39. Cortar árvores em floresta considerada de preservação perma- Art. 50-A. Desmatar, explorar economicamente ou degradar floresta,
nente, sem permissão da autoridade competente: plantada ou nativa, em terras de domínio público ou devolutas, sem autori-
Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas cu- zação do órgão competente: (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006)
mulativamente. Pena - reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos e multa. (Incluído pela Lei
Art. 40. Causar dano direto ou indireto às Unidades de Conservação e nº 11.284, de 2006)
às áreas de que trata o art. 27 do Decreto nº 99.274, de 6 de junho de § 1o Não é crime a conduta praticada quando necessária à subsistên-
1990, independentemente de sua localização: cia imediata pessoal do agente ou de sua família. (Incluído pela Lei nº
Pena - reclusão, de um a cinco anos. 11.284, de 2006)
§ 1o Entende-se por Unidades de Conservação de Proteção Integral as § 2o Se a área explorada for superior a 1.000 ha (mil hectares), a pena
Estações Ecológicas, as Reservas Biológicas, os Parques Nacionais, os será aumentada de 1 (um) ano por milhar de hectare. (Incluído pela Lei nº
Monumentos Naturais e os Refúgios de Vida Silvestre. (Redação dada pela 11.284, de 2006)
Lei nº 9.985, de 18.7.2000) Art. 51. Comercializar motosserra ou utilizá-la em florestas e nas de-
§ 2o A ocorrência de dano afetando espécies ameaçadas de extinção mais formas de vegetação, sem licença ou registro da autoridade compe-
no interior das Unidades de Conservação de Proteção Integral será consi- tente:
derada circunstância agravante para a fixação da pena. (Redação dada Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
pela Lei nº 9.985, de 18.7.2000) Art. 52. Penetrar em Unidades de Conservação conduzindo substân-
§ 3º Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade. cias ou instrumentos próprios para caça ou para exploração de produtos ou
Art. 40-A. (VETADO) (Artigo inluído pela Lei nº 9.985, de 18.7.2000) subprodutos florestais, sem licença da autoridade competente:
§ 1o Entende-se por Unidades de Conservação de Uso Sustentável as Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
Áreas de Proteção Ambiental, as Áreas de Relevante Interesse Ecológico, Art. 53. Nos crimes previstos nesta Seção, a pena é aumentada de um
as Florestas Nacionais, as Reservas Extrativistas, as Reservas de Fauna, sexto a um terço se:
as Reservas de Desenvolvimento Sustentável e as Reservas Particulares I - do fato resulta a diminuição de águas naturais, a erosão do solo ou a
do Patrimônio Natural. (Parágrafo inluído pela Lei nº 9.985, de 18.7.2000) modificação do regime climático;
§ 2o A ocorrência de dano afetando espécies ameaçadas de extinção II - o crime é cometido:
no interior das Unidades de Conservação de Uso Sustentável será conside- a) no período de queda das sementes;
rada circunstância agravante para a fixação da pena. (Parágrafo inluído b) no período de formação de vegetações;
pela Lei nº 9.985, de 18.7.2000) c) contra espécies raras ou ameaçadas de extinção, ainda que a ame-
§ 3o Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade. (Parágrafo aça ocorra somente no local da infração;
inluído pela Lei nº 9.985, de 18.7.2000) d) em época de seca ou inundação;
Art. 41. Provocar incêndio em mata ou floresta: e) durante a noite, em domingo ou feriado.
Pena - reclusão, de dois a quatro anos, e multa. Seção III

Noções de Direito Penal 78 A Opção Certa Para a Sua Realização


APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Da Poluição e outros Crimes Ambientais I - bem especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão
Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resul- judicial;
tem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a II - arquivo, registro, museu, biblioteca, pinacoteca, instalação científica
mortandade de animais ou a destruição significativa da flora: ou similar protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
§ 1º Se o crime é culposo: Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena é de seis meses a um
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. ano de detenção, sem prejuízo da multa.
§ 2º Se o crime: Art. 63. Alterar o aspecto ou estrutura de edificação ou local especial-
I - tornar uma área, urbana ou rural, imprópria para a ocupação huma- mente protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial, em razão de
na; seu valor paisagístico, ecológico, turístico, artístico, histórico, cultural,
II - causar poluição atmosférica que provoque a retirada, ainda que religioso, arqueológico, etnográfico ou monumental, sem autorização da
momentânea, dos habitantes das áreas afetadas, ou que cause danos autoridade competente ou em desacordo com a concedida:
diretos à saúde da população; Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
III - causar poluição hídrica que torne necessária a interrupção do a- Art. 64. Promover construção em solo não edificável, ou no seu entor-
bastecimento público de água de uma comunidade; no, assim considerado em razão de seu valor paisagístico, ecológico,
IV - dificultar ou impedir o uso público das praias; artístico, turístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico, etnográfico ou
V - ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, ou monumental, sem autorização da autoridade competente ou em desacordo
detritos, óleos ou substâncias oleosas, em desacordo com as exigências com a concedida:
estabelecidas em leis ou regulamentos: Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
Pena - reclusão, de um a cinco anos. Art. 65. Pichar ou por outro meio conspurcar edificação ou monumento
§ 3º Incorre nas mesmas penas previstas no parágrafo anterior quem urbano: (Redação dada pela Lei nº 12.408, de 2011)
deixar de adotar, quando assim o exigir a autoridade competente, medidas Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. (Redação
de precaução em caso de risco de dano ambiental grave ou irreversível. dada pela Lei nº 12.408, de 2011)
Art. 55. Executar pesquisa, lavra ou extração de recursos minerais sem § 1o Se o ato for realizado em monumento ou coisa tombada em virtu-
a competente autorização, permissão, concessão ou licença, ou em desa- de do seu valor artístico, arqueológico ou histórico, a pena é de 6 (seis)
cordo com a obtida: meses a 1 (um) ano de detenção e multa. (Renumerado do parágrafo único
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. pela Lei nº 12.408, de 2011)
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem deixa de recuperar § 2o Não constitui crime a prática de grafite realizada com o objetivo de
a área pesquisada ou explorada, nos termos da autorização, permissão, valorizar o patrimônio público ou privado mediante manifestação artística,
licença, concessão ou determinação do órgão competente. desde que consentida pelo proprietário e, quando couber, pelo locatário ou
Art. 56. Produzir, processar, embalar, importar, exportar, comercializar, arrendatário do bem privado e, no caso de bem público, com a autorização
fornecer, transportar, armazenar, guardar, ter em depósito ou usar produto do órgão competente e a observância das posturas municipais e das nor-
ou substância tóxica, perigosa ou nociva à saúde humana ou ao meio mas editadas pelos órgãos governamentais responsáveis pela preservação
ambiente, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou nos e conservação do patrimônio histórico e artístico nacional. (Incluído pela Lei
seus regulamentos: nº 12.408, de 2011)
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Seção V
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem: (Redação dada pela Lei nº Dos Crimes contra a Administração Ambiental
12.305, de 2010) Art. 66. Fazer o funcionário público afirmação falsa ou enganosa, omitir
I - abandona os produtos ou substâncias referidos no caput ou os utili- a verdade, sonegar informações ou dados técnico-científicos em procedi-
za em desacordo com as normas ambientais ou de segurança; (Incluído mentos de autorização ou de licenciamento ambiental:
pela Lei nº 12.305, de 2010) Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
II - manipula, acondiciona, armazena, coleta, transporta, reutiliza, reci- Art. 67. Conceder o funcionário público licença, autorização ou permis-
cla ou dá destinação final a resíduos perigosos de forma diversa da estabe- são em desacordo com as normas ambientais, para as atividades, obras ou
lecida em lei ou regulamento. (Incluído pela Lei nº 12.305, de 2010) serviços cuja realização depende de ato autorizativo do Poder Público:
§ 2º Se o produto ou a substância for nuclear ou radioativa, a pena é Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
aumentada de um sexto a um terço. Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de três meses a um
§ 3º Se o crime é culposo: ano de detenção, sem prejuízo da multa.
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. Art. 68. Deixar, aquele que tiver o dever legal ou contratual de fazê-lo,
Art. 57. (VETADO) de cumprir obrigação de relevante interesse ambiental:
Art. 58. Nos crimes dolosos previstos nesta Seção, as penas serão Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
aumentadas: Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de três meses a um
I - de um sexto a um terço, se resulta dano irreversível à flora ou ao ano, sem prejuízo da multa.
meio ambiente em geral; Art. 69. Obstar ou dificultar a ação fiscalizadora do Poder Público no
II - de um terço até a metade, se resulta lesão corporal de natureza trato de questões ambientais:
grave em outrem; Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
III - até o dobro, se resultar a morte de outrem. Art. 69-A. Elaborar ou apresentar, no licenciamento, concessão florestal
Parágrafo único. As penalidades previstas neste artigo somente serão ou qualquer outro procedimento administrativo, estudo, laudo ou relatório
aplicadas se do fato não resultar crime mais grave. ambiental total ou parcialmente falso ou enganoso, inclusive por omissão:
Art. 59. (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006)
Art. 60. Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar, em Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. (Incluído pela Lei
qualquer parte do território nacional, estabelecimentos, obras ou serviços nº 11.284, de 2006)
potencialmente poluidores, sem licença ou autorização dos órgãos ambien- § 1o Se o crime é culposo: (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006)
tais competentes, ou contrariando as normas legais e regulamentares Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.(Incluído pela Lei nº 11.284,
pertinentes: de 2006)
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa, ou ambas as penas § 2o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se há
cumulativamente. dano significativo ao meio ambiente, em decorrência do uso da informação
Art. 61. Disseminar doença ou praga ou espécies que possam causar falsa, incompleta ou enganosa. (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006)
dano à agricultura, à pecuária, à fauna, à flora ou aos ecossistemas: CAPÍTULO VI
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. DA INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA
Seção IV Art. 70. Considera-se infração administrativa ambiental toda ação ou
Dos Crimes contra o Ordenamento Urbano e o Patrimônio Cultural omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e
Art. 62. Destruir, inutilizar ou deteriorar: recuperação do meio ambiente.

Noções de Direito Penal 79 A Opção Certa Para a Sua Realização


APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
§ 1º São autoridades competentes para lavrar auto de infração ambien- ambiental serão revertidos ao Fundo Nacional do Meio Ambiente, criado
tal e instaurar processo administrativo os funcionários de órgãos ambientais pela Lei nº 7.797, de 10 de julho de 1989, Fundo Naval, criado pelo Decreto
integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente - SISNAMA, designados nº 20.923, de 8 de janeiro de 1932, fundos estaduais ou municipais de meio
para as atividades de fiscalização, bem como os agentes das Capitanias ambiente, ou correlatos, conforme dispuser o órgão arrecadador.
dos Portos, do Ministério da Marinha. Art. 74. A multa terá por base a unidade, hectare, metro cúbico, quilo-
§ 2º Qualquer pessoa, constatando infração ambiental, poderá dirigir grama ou outra medida pertinente, de acordo com o objeto jurídico lesado.
representação às autoridades relacionadas no parágrafo anterior, para Art. 75. O valor da multa de que trata este Capítulo será fixado no regu-
efeito do exercício do seu poder de polícia. lamento desta Lei e corrigido periodicamente, com base nos índices estabe-
§ 3º A autoridade ambiental que tiver conhecimento de infração ambi- lecidos na legislação pertinente, sendo o mínimo de R$ 50,00 (cinqüenta
ental é obrigada a promover a sua apuração imediata, mediante processo reais) e o máximo de R$ 50.000.000,00 (cinqüenta milhões de reais).
administrativo próprio, sob pena de co-responsabilidade. Art. 76. O pagamento de multa imposta pelos Estados, Municípios, Dis-
§ 4º As infrações ambientais são apuradas em processo administrativo trito Federal ou Territórios substitui a multa federal na mesma hipótese de
próprio, assegurado o direito de ampla defesa e o contraditório, observadas incidência.
as disposições desta Lei. CAPÍTULO VII
Art. 71. O processo administrativo para apuração de infração ambiental DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL PARA A PRESERVAÇÃO DO MEIO
deve observar os seguintes prazos máximos: AMBIENTE
I - vinte dias para o infrator oferecer defesa ou impugnação contra o au- Art. 77. Resguardados a soberania nacional, a ordem pública e os bons
to de infração, contados da data da ciência da autuação; costumes, o Governo brasileiro prestará, no que concerne ao meio ambien-
II - trinta dias para a autoridade competente julgar o auto de infração, te, a necessária cooperação a outro país, sem qualquer ônus, quando
contados da data da sua lavratura, apresentada ou não a defesa ou impug- solicitado para:
nação; I - produção de prova;
III - vinte dias para o infrator recorrer da decisão condenatória à instân- II - exame de objetos e lugares;
cia superior do Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, ou à III - informações sobre pessoas e coisas;
Diretoria de Portos e Costas, do Ministério da Marinha, de acordo com o IV - presença temporária da pessoa presa, cujas declarações tenham
tipo de autuação; relevância para a decisão de uma causa;
IV – cinco dias para o pagamento de multa, contados da data do rece- V - outras formas de assistência permitidas pela legislação em vigor ou
bimento da notificação. pelos tratados de que o Brasil seja parte.
Art. 72. As infrações administrativas são punidas com as seguintes § 1° A solicitação de que trata este artigo será dirigida ao Ministério da
sanções, observado o disposto no art. 6º: Justiça, que a remeterá, quando necessário, ao órgão judiciário competente
I - advertência; para decidir a seu respeito, ou a encaminhará à autoridade capaz de aten-
II - multa simples; dê-la.
III - multa diária; § 2º A solicitação deverá conter:
IV - apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e flora, I - o nome e a qualificação da autoridade solicitante;
instrumentos, petrechos, equipamentos ou veículos de qualquer natureza II - o objeto e o motivo de sua formulação;
utilizados na infração; III - a descrição sumária do procedimento em curso no país solicitante;
V - destruição ou inutilização do produto; IV - a especificação da assistência solicitada;
VI - suspensão de venda e fabricação do produto; V - a documentação indispensável ao seu esclarecimento, quando for o
VII - embargo de obra ou atividade; caso.
VIII - demolição de obra; Art. 78. Para a consecução dos fins visados nesta Lei e especialmente
IX - suspensão parcial ou total de atividades; para a reciprocidade da cooperação internacional, deve ser mantido siste-
X – (VETADO) ma de comunicações apto a facilitar o intercâmbio rápido e seguro de
XI - restritiva de direitos. informações com órgãos de outros países.
§ 1º Se o infrator cometer, simultaneamente, duas ou mais infrações, CAPÍTULO VIII
ser-lhe-ão aplicadas, cumulativamente, as sanções a elas cominadas. DISPOSIÇÕES FINAIS
§ 2º A advertência será aplicada pela inobservância das disposições Art. 79. Aplicam-se subsidiariamente a esta Lei as disposições do Có-
desta Lei e da legislação em vigor, ou de preceitos regulamentares, sem digo Penal e do Código de Processo Penal.
prejuízo das demais sanções previstas neste artigo. Art. 79-A. Para o cumprimento do disposto nesta Lei, os órgãos ambi-
§ 3º A multa simples será aplicada sempre que o agente, por negligên- entais integrantes do SISNAMA, responsáveis pela execução de programas
cia ou dolo: e projetos e pelo controle e fiscalização dos estabelecimentos e das ativi-
I - advertido por irregularidades que tenham sido praticadas, deixar de dades suscetíveis de degradarem a qualidade ambiental, ficam autorizados
saná-las, no prazo assinalado por órgão competente do SISNAMA ou pela a celebrar, com força de título executivo extrajudicial, termo de compromis-
Capitania dos Portos, do Ministério da Marinha; so com pessoas físicas ou jurídicas responsáveis pela construção, instala-
II - opuser embaraço à fiscalização dos órgãos do SISNAMA ou da Ca- ção, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizado-
pitania dos Portos, do Ministério da Marinha. res de recursos ambientais, considerados efetiva ou potencialmente polui-
§ 4° A multa simples pode ser convertida em serviços de preservação, dores. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.163-41, de 23.8.2001)
melhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente. § 1o O termo de compromisso a que se refere este artigo destinar-se-á,
§ 5º A multa diária será aplicada sempre que o cometimento da infra- exclusivamente, a permitir que as pessoas físicas e jurídicas mencionadas
ção se prolongar no tempo. no caput possam promover as necessárias correções de suas atividades,
§ 6º A apreensão e destruição referidas nos incisos IV e V do caput o- para o atendimento das exigências impostas pelas autoridades ambientais
bedecerão ao disposto no art. 25 desta Lei. competentes, sendo obrigatório que o respectivo instrumento disponha
§ 7º As sanções indicadas nos incisos VI a IX do caput serão aplicadas sobre: (Incluído pela Medida Provisória nº 2.163-41, de 23.8.2001)
quando o produto, a obra, a atividade ou o estabelecimento não estiverem I - o nome, a qualificação e o endereço das partes compromissadas e
obedecendo às prescrições legais ou regulamentares. dos respectivos representantes legais; (Incluído pela Medida Provisória nº
§ 8º As sanções restritivas de direito são: 2.163-41, de 23.8.2001)
I - suspensão de registro, licença ou autorização; II - o prazo de vigência do compromisso, que, em função da complexi-
II - cancelamento de registro, licença ou autorização; dade das obrigações nele fixadas, poderá variar entre o mínimo de noventa
III - perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais; dias e o máximo de três anos, com possibilidade de prorrogação por igual
IV - perda ou suspensão da participação em linhas de financiamento período; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.163-41, de 23.8.2001)
em estabelecimentos oficiais de crédito; III - a descrição detalhada de seu objeto, o valor do investimento pre-
V - proibição de contratar com a Administração Pública, pelo período de visto e o cronograma físico de execução e de implantação das obras e
até três anos. serviços exigidos, com metas trimestrais a serem atingidas; (Incluído pela
Art. 73. Os valores arrecadados em pagamento de multas por infração Medida Provisória nº 2.163-41, de 23.8.2001)

Noções de Direito Penal 80 A Opção Certa Para a Sua Realização


APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
IV - as multas que podem ser aplicadas à pessoa física ou jurídica 04) Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia
compromissada e os casos de rescisão, em decorrência do não- cominação legal, este é um princípio da:
cumprimento das obrigações nele pactuadas; (Incluído pela Medida Provi- a) impessoalidade
sória nº 2.163-41, de 23.8.2001) b) legalidade
V - o valor da multa de que trata o inciso IV não poderá ser superior ao c) moralidade
valor do investimento previsto; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.163-41, d) reserva legal
de 23.8.2001)
VI - o foro competente para dirimir litígios entre as partes. (Incluído pela 05) São elementos da Infração Penal:
Medida Provisória nº 2.163-41, de 23.8.2001)
a) o fato típico, antijuridico e culpável
§ 2o No tocante aos empreendimentos em curso até o dia 30 de março
de 1998, envolvendo construção, instalação, ampliação e funcionamento de
b) o fato antijuridico e culpável
estabelecimentos e atividades utilizadores de recursos ambientais, conside- c) o fato típico e antijuridico
rados efetiva ou potencialmente poluidores, a assinatura do termo de d) n.d.a.
compromisso deverá ser requerida pelas pessoas físicas e jurídicas inte-
ressadas, até o dia 31 de dezembro de 1998, mediante requerimento 06) Não há crime quando o agente pratica o fato:
escrito protocolizado junto aos órgãos competentes do SISNAMA, devendo a) em estado de necessidade
ser firmado pelo dirigente máximo do estabelecimento. (Incluído pela Medi- b) em legítima defesa
da Provisória nº 2.163-41, de 23.8.2001) c) em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito
§ 3o Da data da protocolização do requerimento previsto no § 2o e en- d) todas as alternativas estão corretas
quanto perdurar a vigência do correspondente termo de compromisso,
ficarão suspensas, em relação aos fatos que deram causa à celebração do 07) Quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por
instrumento, a aplicação de sanções administrativas contra a pessoa física sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio,
ou jurídica que o houver firmado. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.163- cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se, considera-
41, de 23.8.2001) se:
§ 4o A celebração do termo de compromisso de que trata este artigo a) estado de necessidade
não impede a execução de eventuais multas aplicadas antes da protocoli- b) legitima defesa
zação do requerimento. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.163-41, de c) estrito cumprimento de um dever legal
23.8.2001) d) exercício regular de um direito
§ 5o Considera-se rescindido de pleno direito o termo de compromisso,
quando descumprida qualquer de suas cláusulas, ressalvado o caso fortuito 08) Quem usando moderadamente do meios necessários, repele injusta
ou de força maior. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.163-41, de agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem, está praticando:
23.8.2001) a) crime doloso
§ 6o O termo de compromisso deverá ser firmado em até noventa dias, b) contravenção penal
contados da protocolização do requerimento. (Incluído pela Medida Provisó- c) legítima defesa
ria nº 2.163-41, de 23.8.2001) d) exercício regular de um direito
§ 7o O requerimento de celebração do termo de compromisso deverá
conter as informações necessárias à verificação da sua viabilidade técnica 09) Quando o agente quer o resultado de um crime ou assume risco de
e jurídica, sob pena de indeferimento do plano. (Incluído pela Medida produzi-lo, comete:
Provisória nº 2.163-41, de 23.8.2001) a) crime doloso
§ 8o Sob pena de ineficácia, os termos de compromisso deverão ser b) crime culposo
publicados no órgão oficial competente, mediante extrato. (Incluído pela c) crime preterdoloso
Medida Provisória nº 2.163-41, de 23.8.2001) d) contravenção penal
Art. 80. O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo de noventa
dias a contar de sua publicação. 10) Se uma pessoa dirigir um veículo em rua movimentada com excesso de
Art. 81. (VETADO) velocidade, ele estará cometendo um crime culposo, por agir com:
Art. 82. Revogam-se as disposições em contrário. a) negligência
b) imprudência
c) imperícia
PROVA SIMULADA d) dolo específico
01) A embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos 11) Um Funcionário Público solicitou a um acusado vantagem indevida para o
análogos: Promotor retardar o andamento de seu processo até a prescrição. O que
a) excluem a imputabilidade penal ocorreu neste caso?
b) não excluem a imputabilidade penal a) corrupção ativa
c) é causa de diminuição de pena b) corrupção passiva
d) considera-se como a inimputabilidade
c) exploração de prestigio
02) A infração penal a que a lei comina pena de reclusão ou de detenção,
d) prevaricação
quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente, com a pena de e) n.d.a.
multa, denomina-se:
12) Um acusado por crime de falso testemunho veio a arrepender-se no
a) contravenção penal
curso do processo, declarando a verdade antes de ser proferida a sen-
b) crime tença. Neste caso:
c) infração dolosa a) o crime deixa de existir, como se o agente nada tivesse praticado, e não
d) n.d.a. há pena a ser aplicada
b) o crime existe, mas não se julga o mérito e o processo é arquivado
03) A infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão sim-
ples ou de multa, ou ambas, alternativas ou cumulativamente:
c) o crime não chegou a existir pela falta de elemento subjetivo e o acusado
é absolvido
a) contravenção penal
d) o crime existe, mas deixa de ser punível, declarando-se extinta a punibili-
b) crime dade do réu
c) infração culposa e) n.d. a.
d) n.d.a.

Noções de Direito Penal 81 A Opção Certa Para a Sua Realização


APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
13) O particular que ofende funcionário público fora da repartição pública, 23) Qual o tipo de ação penal para o crime de subtração ou inutilização de
mas se referindo ao exercício de suas funções, pratica o crime de: livro ou documento?
a) desacato a) ação penal pública condicionada
b) resistência b) ação penal pública incondicionada
c) desobediência c) ação penal pública privada
d) injúria contra funcionário público d) n.d.a..

14) Um funcionário público que revelar à parte fato que deveria permanecer 24) Quem oferece ou promete vantagem indevida a funcionário público, para
em segredo, pratica crime contra: determina-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício, comete o crime
a) a administração da justiça de:
b) a fé pública a) corrupção passiva
c) incolumidade pública b) sonegação
d) a administração pública c) corrupção ativa
d) n.d.a.
15) Uma pessoa que humilha funcionário público, no exercício de suas
funções, pratica: 25) Entre os crimes praticados por particular contra a administração em geral
a) desobediência não se encontra:
b) resistência a) o de resistência
c) desacato b) o de desobediência
d) injúria c) o de desacato
d) n.d.a.
16) O crime de resistência configura-se:
a) quando o particular se opõe, de qualquer forma, à execução do ato legal 26) A pessoa que, perante o Oficial de Justiça em exercício da função e no
b) quando o particular se opõe à execução do ato legal, mediante violência cumprimento de mandado judicial, destrata-o, dele escarnecendo e ras-
ou ameaça ao funcionário competente para executa-lo ga-lhe o mandado, junto ao rosto, incorre:
c) quando o particular impede a execução de ato do funcionário competente a) em simples sanção administrativa
para executa-lo, mediante fraude b) em delito de desobediência
d) quando o particular impede a execução do ato do funcionário competente c) em crime de desacato
para executa-lo, mediante informações falsas d) n.d.a.

17) A retratação, no crime de falsa perícia: 27) Depondo como testemunha no processo criminal, sobre fatos de que teve
a) torna impunível o fato, se ocorre antes da sentença conhecimento, a pessoa que cala a verdade, apesar de inquirida pelo
b) torna impunível o fato, se ocorre após a sentença magistrado, comete:
c) torna impunível o fato, se ocorre antes do interrogatório a) silêncio culposo
d) torna impunível o fato, se ocorre após o interrogatório b) falsidade testemunhal
c) perjúrio
18) Solicitar ou receber dinheiro, a pretexto de influir o juiz, jurado ou promo- d) n.d.a.
tor de justiça, constitui crime de:
a) corrupção 28) Uma pessoa encarregada de levar ao Dr.Delegado de Policia documento
b) concussão apreendido nos autos, para ser submetido a perícia, destruiu o documen-
c) exploração de prestígio to, quando percebeu que incriminava um conhecido. Sua conduta:
d) usurpação de função pública a) tipifica o delito de inutilização de livro ou documento
b) constitui ato atentatório à dignidade da justiça
19) Quem é o sujeito ativo do crime de tráfico de influência? c) representa mera irregularidade administrativa
a) só o Juiz d) n.d.a.
b) só o Oficial de Justiça
c) só o Escrevente 29) Vítima que, chamada a depor em juízo, mente e prejudica o réu, comete
d) n.d.a. o crime de:
a) condescendência criminosa
20) Quem é o sujeito passivo do crime de tráfico de influência? b) falso testemunho
a) qualquer pessoa c) falso testemunho, mas apenas se o depoimento influir na decisão da
causa
b) o Juiz
d) n.d.a.
c) o Estado
d) n.d.a..
30) Deixar o juiz de ordenar o relaxamento de prisão ou detenção ilegal que
lhe seja comunicada, é crime de:
21) O crime de falso testemunho é capitulado como: a) abuso de poder
a) crime contra os costumes b) abuso de autoridade
b) crime contra o patrimônio c) concussão
c) crime contra a administração da Justiça d) peculato
d) n.d.a.
31) Constitui abuso de autoridade qualquer atentado:
22) O crime de falsa perícia é apenado com: a) à liberdade de locomoção
a) multa b) à inviolabilidade de domicilio
b) detenção c) ao direito de reunião
c) reclusão e multa d) todas as alternativas estão corretas
d) n.d.a.

Noções de Direito Penal 82 A Opção Certa Para a Sua Realização


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32) Omitir informações, ou prestar declaração falsa à autoridade fazendária, (B) fixada nos limites legais entre 2 a 6 anos de reclusão e multa.
constitui crime: (C) fixada nos limites legais entre 1 a 5 anos de reclusão e multa.
a) sonegação fiscal (D) aumentada da metade.
b) evasão fiscal (E) extinta, caso repare o dano antes da sentença condenatória.
c) contra a ordem tributaria
d) descaminho 42. Tomando como base o crime de peculato, analise as afirmações:
I. Estão previstas no crime de peculato as condutas de apropriar-se, desvi-
33) Fazer declaração falsa ou omitir declaração sobre rendas. Bens ou fatos, ar ou subtrair dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel.
ou empregar outra fraude, para eximir-se, total ou parcialmente, de pa- II. Especificamente quanto ao peculato culposo, é admissível a reparação
gamento de tributo, constitui crime de: do dano antes ou depois da sentença.
a) sonegação fiscal III. O dinheiro proveniente da prática do crime de peculato deve ser usado
b) evasão fiscal em proveito próprio.
c) contra a ordem tributaria Está correto somente o contido em
d) descaminho (A) I. (B) II.
(C) I e II. (D) I e III. (E) II e III.
34) Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante ou
logo após o parto: 43. A resistência qualificada consiste
a) infanticídio (A) na oposição do agente ao ato legal mediante violência.
b) homicídio (B) na oposição do agente ao ato legal, causando considerável prejuízo à
c) parricídio vítima.
d) aborto (C) na oposição do agente ao ato legal mediante o emprego da violência ou
ameaça.
35) Ofender a integridade física de outrem, constitui crime de: (D) na vontade exteriorizada do agente de empregar violência ou usar de
ameaça contra o funcionário competente para executar o ato legal, ou a-
a) infanticídio
inda, a quem lhe esteja prestando auxílio.
b) homicídio (E) na não execução do ato legal diante da resistência do agente.
c) lesões corporais
d) perigo de vida 44. Quanto ao crime de denunciação caluniosa, pode-se afirmar:
I. Não configura delito a solicitação à polícia que investigue determinado
36) Adquirir, guardar ou trazer consigo, para uso próprio, substância crime, fornecendo-lhe elementos de que dispõe, inclusive quanto à auto-
entorpecente ou que determine dependência física ou psíquica, sem ria.
autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, II. A conduta típica é provocar, dar causa à ação da autoridade policial pela
terá pena de: comunicação de ocorrência de crime ou de contravenção que não se veri-
a) um ano de detenção ficou.
b) internação em manicômio III. O tipo penal apresenta causa de aumento de pena caso a denunciação
c) seis meses a dois anos de detenção e pagamento de 20 a 50 dias multa caluniosa seja praticada contra funcionário público.
d) dois anos de reclusão e pagamento de 100 dias-multa Quanto às afirmações, está correto o contido apenas em
(A) I. (B) II.
37) Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave (C) I e II. (D) I e III. (E) II e III.
ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havé-la, por qualquer meio,
reduzido à possibilidade de resistência, é considerado crime de: 45. Receber dinheiro, iludindo o interessado, a pretexto de influir na nota a ser
a) sonegação fiscal atribuída, para certo candidato, por Desembargador membro da banca de
b) furto concurso público, para ingresso na carreira da Magistratura no Estado de
c) roubo São Paulo,
(A) tipifica o crime de corrupção ativa.
d) descaminho
(B) tipifica o crime de exploração de prestígio.
(C) tipifica o crime de concussão.
38) A pena do roubo será aumentada de um terço até a metade quando:
(D) tipifica o crime de corrupção passiva.
a) a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma (E) não é fato que recebe punição de acordo com o Código Penal Brasileiro.
b) se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado
para outro Estado ou para o exterior 46. A ação incriminada no art. 293 do Código Penal é a de falsificar papéis
c) e o agente mantém a vitima em seu poder, restringindo sua liberdade públicos. Diante dessa afirmativa, pergunta-se: como, nos termos da lei,
d) todas as alternativas aumentam a pena em um terço até a metade essa falsificação pode ser feita?
(A) A falsificação somente pode ser feita tendo como objeto os papéis públi-
39) Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção, é cos, uma vez que tanto no art. 293 do CP quanto em qualquer outro arti-
crime de: go de lei que trate sobre a matéria, não há previsão legal para a hipótese
a) apropriação indébita de falsificação de documento particular.
b) evasão fiscal (B) Pela fabricação ou alteração do papel público.
c) contra a ordem tributaria (C) Exclusivamente por meio da imitação fraudulenta do papel público.
d) descaminho (D) Exclusivamente por meio da contrafação do papel público.
(E) Exclusivamente por meio da modificação do papel público.
40) Adquirir, receber ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe
ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa fé, a adquira, re- 47. Assinale a alternativa que exemplifica o crime de desacato.
ceba ou oculte, constitui crime de: (A) “X”, de forma muito humilhante, diz a seu vizinho, funcionário público,
a) receptação culposa durante um churrasco entre amigos, que ele é a pessoa mais preguiçosa
b) receptação dolosa , e lenta que já conheceu.
c) estelionato (B) “X” descumpre a ordem dada pelo juiz em audiência e continua fotogra-
d) fraude fando a vítima do crime sob julgamento.
(C) “X”, ao deparar-se no fórum com a escrevente “Z”, dirige a ela as seguin-
41. O funcionário público que for condenado por falsificar documento particu- tes palavras: que coisa mais linda, até parece um anjo!
lar terá sua pena (D) “X”, ao ter seu veículo apreendido pelo Delegado de Polícia “Z”, gesticula
(A) aumentada da sexta parte. a ele de forma obscena utilizando o dedo médio da mão.

Noções de Direito Penal 83 A Opção Certa Para a Sua Realização


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(E) “X”, que assiste a uma partida de vôlei, zomba de um dos jogadores: B) Conforme a regra geral, as condições e circunstâncias de caráter pessoal
Vejam como o nosso promotor público enfeita a quadra, até parece uma do agente, subjetivas, não se comunicam entre co-autores e partícipes,
borboleta! respondendo cada um individualmente, de acordo com elas.
C) No desvio subjetivo de conduta há verdadeira quebra da teoria monista
48. A pena da testemunha que receber suborno para calar a verdade em respondendo os partícipes conforme a intensidade volitiva e atuação no
juízo crime praticado pelo autor.
(A) será aumentada de 1/2. D) O Código Penal brasileiro prevê expressamente a possibilidade da auto-
(B) será aumentada de 2/3. ria mediata nos casos de ocorrência de erro determinado por terceiro, co-
(C) será de reclusão de 1 a 4 anos e multa. ação moral irresistível e obediência hierárquica.
(D) não será aplicada na hipótese de a testemunha declarar a verdade no
processo em que se apura o crime de falso testemunho. 54. Com relação às penas, assinale a afirmativa CORRETA.
(E) não será aplicada na hipótese da retratação da testemunha, antes da A) A perda de cargo, função pública ou mandato eletivo, quando aplicada
sentença, no processo em que ocorreu o ilícito. pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, é efeito
específico da condenação penal destinado exclusivamente aos crimes
49. Aquele que exercer atividade de que foi suspenso por decisão judicial funcionais.
(A) pratica o crime de desobediência. B) A prestação pecuniária não pode ser fixada em valor inferior a um salário
(B) pratica o crime de desobediência a decisão judicial sobre perda ou sus- mínimo somente se destinando à vitima ou seus dependentes nos casos
pensão de direito. de comprovado dano material e pode ter o valor pago deduzido do mon-
(C) pratica o crime desacato. tante de eventual condenação em ação de reparação cível.
(D) pratica o crime de corrupção ativa. C) A suspensão condicional da pena pode ser concedida ao reincidente em
(E) não pratica crime. crime doloso apenado com pena de multa isolada ou em substituição à
pena privativa de liberdade.
50. O crime de exploração de prestígio D) Pode ser substituída a pena privativa de liberdade pela pena restritiva de
I. tem como condutas previstas no “caput” do art. 357 do Código Penal os direito ao crime culposo independentemente do quantum de pena aplica-
verbos solicitar ou receber; do, exceto no concurso com outros crimes culposos e em sendo o agente
II. somente pode ser praticado por funcionário público; reincidente.
III. consiste, em uma de suas modalidades, na solicitação de dinheiro ou
qualquer outra utilidade a pretexto de influir em determinado elenco de
pessoas indicado pela lei. 55. Quanto à imputabilidade penal, assinale a afirmativa CORRETA.
Está correto o contido apenas em A) A embriaguez preordenada só agravará a pena quando completa, reve-
(A) I e II. (B) I e III. lando maior censurabilidade da conduta já que o agente coloca o estado
(C) II e III. (D) I. (E) III. de embriaguez como primeiro momento da execução do crime.
B) A emoção e a paixão, mesmo quando causarem completa privação dos
51. Com relação à lei penal no tempo e no espaço, assinale a afirmativa sentidos e da inteligência, não excluem a culpabilidade, exceto se forem
CORRETA. estados emocionais patológicos.
A) Apesar de pela a abolitio criminis se deixar de considerar determinado C) Em todos os casos de inimputabilidade, se aplica a medida de segurança
fato crime, inclusive alcançando o dispositivo fatos pretéritos objetivamen- de internação, podendo, entretanto, ser apenas reduzida a pena ou apli-
te julgados, têm-se extintos apenas os efeitos penais das sentenças con- cada medida de segurança de tratamento ambulatorial aos casos de se-
denatórias, permanecendo, contudo, os efeitos civis. mi-imputabilidade.
B) Não ficam sujeitos à lei brasileira os crimes cometidos no estrangeiro D) O critério normativo é exceção no sistema brasileiro que, em regra,
contra a administração pública, por quem está a seu serviço. trabalha com o critério biológico para aferição da imputabilidade penal.
C) Os crimes que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir,
cometidos por brasileiros no estrangeiro, ficam sujeitos à lei brasileira 56. Com relação aos crimes contra o patrimônio, assinale a alternativa IN-
sempre que for o fato punível também no país em que foi praticado, não CORRETA.
podendo a pena cumprida no estrangeiro atenuar a pena imposta no Bra- A) No estelionato mediante emissão de cheque sem fundo, o pagamento do
sil. título antes do recebimento da denúncia, segundo orientação do Supre-
D) Para os crimes permanentes, vigoram as regras da ultra-atividade mesmo mo Tribunal Federal, extingue a punibilidade.
ante a superveniência de lei mais severa no decorrer da execução do de- B) Para que se consume o crime de abuso de incapazes, é necessário
lito. apenas que o sujeito passivo pratique ato suscetível de produzir efeito ju-
rídico, em prejuízo próprio ou de terceiro, sendo irrelevante a consuma-
ção da lesão efetiva.
52. Com relação aos crimes contra a administração Pública, assinale a C) Responde o agente por um único latrocínio ainda que de seu roubo
afirmativa INCORRETA. resulte a morte de mais de uma vítima, sendo a pluralidade de vítimas
A) Configura a concussão a exigência feita por funcionário público para si, circunstância avaliada apenas na dosimetria da pena.
de vantagem indevida, não importando que esteja ele afastado da função D) Responde por receptação dolosa o agente que encomenda o furto de
pública que exerça, desde que dela se valha. determinada obra de arte, pois adquire em proveito próprio coisa que sa-
B) Funcionário público que, mantendo vítima em erro, apropria-se de quantia be ser produto de crime.
de dinheiro que lhe foi entregue no exercício de sua função, comete o
crime de peculato mediante erro de outrem, inserido no art. 313 do Códi- 57. Com relação aos elementos subjetivos do tipo penal, assinale a alternati-
go Penal. va INCORRETA.
C) No crime de peculato culposo, a reparação do dano precedente à senten- A) A culpa imprópria se refere à hipótese de ocorrência da discriminante
ça irrecorrível é causa de extinção da punibilidade. putativa do erro evitável pelas circunstâncias.
D) Para a configuração do crime de corrupção passiva, não é imprescindível B) A distinção entre dolo eventual e culpa consciente reside na aceitação do
a concomitante ocorrência do delito de corrupção ativa, não sendo o cri- resultado que, embora previsto subjetivamente em ambos os casos, so-
me necessariamente bilateral. mente ocorre na hipótese dolosa.
C) É conhecido como dolo direto de primeiro grau aquele relacionado aos
53. Considerando o concurso de pessoas, assinale a afirmativa INCORRE- fins propostos e aos meios escolhidos pelo agente para a prática de deli-
TA. to.
A) A participação está condicionada à eficácia causal e à consciência de D) No crime culposo, a conduta ativa ou omissiva manifestada pelo sujeito
participação em ação comum e, por ser acessória, só é punível se o cri- ativo é penalmente irrelevante sempre se dirigindo a fins lícitos e somente
me chega a ser ao menos tentado, ressalvadas as disposições expressas faz surgir a responsabilidade criminal quando dá causa a resultado lesivo
em contrário. desejado por inobservância de dever objetivo de cuidado.

Noções de Direito Penal 84 A Opção Certa Para a Sua Realização


APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
58. Quanto aos crimes contra as pessoas, as seguintes alternativas estão ___________________________________
corretas, EXCETO
A) a mãe que, em estado puerperal, logo após o parto, na enfermaria do ___________________________________
hospital, mata filho de outra pessoa pensando ser o próprio, responde por ___________________________________
infanticídio e não por homicídio.
B) o agente que provoca várias lesões corporais, de natureza grave e gra- ___________________________________
víssima, contra a mesma vítima em um mesmo contexto fático responde ___________________________________
por crime continuado.
C) para a ocorrência do crime de induzimento, instigação ou auxílio ao _______________________________________________________
suicídio, será indispensável que a vítima seja determinada e tenha capa-
cidade de discernimento.
_______________________________________________________
D) todas as pessoas, mulheres ou homens, que se enquadram às situações _______________________________________________________
emanadas do tipo, podem ser vítimas dos crimes de violência doméstica,
podendo as penas ser aumentadas de 1/3 se o crime for cometido contra _______________________________________________________
pessoa portadora de deficiência. _______________________________________________________
_______________________________________________________
59. Considerando o conceito e a evolução dogmática da teoria do crime, é
_______________________________________________________
CORRETO afirmar
A) que, exercendo a tipicidade, conforme a teoria da ratio essendi, função _______________________________________________________
incidiária da ilicitude, pode-se falar em causas justificantes legais, mas
não em causas supralegais, por ferirem estas o princípio da legalidade. _______________________________________________________
B) que, para a teoria diferenciadora, adotada por nosso Código Penal, o _______________________________________________________
estado de necessidade é justificante, afastando a ilicitude do fato típico
praticado pelo agente. _______________________________________________________
C) que, para a teoria social da ação, a ação é concebida como o exercício _______________________________________________________
de uma atividade final dirigida concretamente a fato juridicamente rele-
vante. _______________________________________________________
D) que são elementos da culpabilidade normativa pura a imputabilidade, a
consciência potencial da ilicitude e a exigibilidade de conduta diversa.
_______________________________________________________
_______________________________________________________

60. Agente fiscal que solicita de contribuinte vantagem para deixar de lançar _______________________________________________________
contribuição social devida comete _______________________________________________________
a) crime de prevaricação.
b) crime de corrupção passiva. _______________________________________________________
c) crime de excesso de exação.
_______________________________________________________
d) crime contra a ordem tributária.
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RESPOSTAS _______________________________________________________
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01. B 11. C 21. C 31. D 41. C 51. A
02. B 12. D 22. C 32. C 42. C 52. B _______________________________________________________
03. A 13. A 23. B 33. C 43. E 53. C _______________________________________________________
04. D 14. D 24. C 34. A 44. A 54. C
05. C 15. C 25. D 35. C 45. B 55. B _______________________________________________________
06. D 16. B 26. C 36. C 46. B 56. D
_______________________________________________________
07. A 17. A 27. D 37. C 47. D 57. D
08. C 18. C 28. A 38. D 48. E 58. B _______________________________________________________
09. A 19. D 29. D 39. A 49. B 59. D
10. B 20. C 30. B 40. B 50. B 60. D _______________________________________________________
_______________________________________________________
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BIBLIOGRAFIA _______________________________________________________

DIREITO PENAL _______________________________________________________


• Direito Penal – E. Magalhães Noronha – Editora Saraiva, SP _______________________________________________________
• Direito Penal – Luiz Carlos Rocha – EDIPRO – Edições Profissionais
Ltda, SP _______________________________________________________
• Resumo Jurídico de Direito Penal – Parte Geral – Carla Rahal Benedetti – _______________________________________________________
V. 3 –Quartier Latin
• Resumo de Direito Penal – Maximilianus Cláudio Américo Fuhrer e _______________________________________________________
Maximiliano Roberto Ernesto Fuhrer – Coleção Resumos – Malheiros _______________________________________________________
Editores – SP
• Rodolpho Priebe Pedde Junior – Resumo de Direito Penal _______________________________________________________
Resumo de Direito Penal - DIREITO PENAL – GERAL P/ POLÍCIA FEDERAL
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- PAULO CESAR
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Noções de Direito Penal 85 A Opção Certa Para a Sua Realização


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Noções de Direito Penal 86 A Opção Certa Para a Sua Realização

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