Direitos Fundamentais

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DIREITOS FUNDAMENTAIS

SECÇÃO I – Os direitos fundamentais na CRP

1. O conceito dos direitos fundamentais


1.1. As dimensões/perspetivas dos direitos fundamentais

Perspetiva filosófica ou jusnaturalista: direitos naturais


Esta trata de identificar os direitos que são conaturais à qualidade do ser humano, independentemente dos
tempos e lugares, ou seja, são direitos de todos os homens, em todos os tempos e em todos os lugares. Estamos
perante direitos que pertencem a uma ordem moral e cultural e que, por isso, precedem e se impões ao próprio
Estado.

• Direito natural
• Origem: filosofia grega; cristianismo; movimento jusnaturalista e humanista
• “Direitos absolutos, imutáveis e intemporais, inerentes à qualidade humana”
• Fundamento: dignidade da pessoa humana e igualdade de todos.
• O conjunto de direitos fundamentais identificados segundo esta perspetiva vai constituir um limite (superior)
ao poder constituinte.

* Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789):

“o fim de toda a associação política é a conservação dos


direitos naturais e imprescritíveis”

Perspetiva universalista ou internacional: direitos humanos


Procura identificar aqueles direitos das pessoas num certo momento histórico, em todos os lugares ou, pelo
menos, em grandes regiões da comunidade internacional.

• Direitos Humanos
• Origem: 2a metade do século XX (II Guerra Mundial: proteção dos direitos humanos para além do Estado –
Nação)
• Fundamento: Proteção mínima conferida pelo Direito Internacional independente do Estado.
• Direitos do indivíduo e dos grupos e minorias étnicas, religiosas, políticas:

*Artigo 1º do Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos:

“Todos os povos têm o direito à autodeterminação. Em virtude


deste direito estabelecem livremente a sua condição política e, desse
modo, providenciam o seu desenvolvimento económico, social e
cultural.”

Sistema Universal

▪ Carta das Nações Unidas (1945)


▪ Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948)
▪ Pacto Internacional doa Direitos Cívicos e Políticos (1966)
▪ Pacto Internacional dos Direitos Económicos, Sociais e Culturais (1966)
▪ Também parte do International Bill of Rights: Convenção Relativa ao Estatuto dos Refugiados, 1951;
Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra as Mulheres, 1979; Convenção
sobre os Direitos da Criança, 1989 (...)

Sistemas Regionais

▪ Convenção Europeia para a salvaguarda dos Direitos do Humanos (1950,1953)


▪ Carta Social Europeia (1965)
▪ Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia (2000 - 2009)
▪ Convenção Americana dos Direitos do Homem (1948,1959,1978)
▪ Carta Africana dos Direitos dos Homens e dos Povos (1981,1986)
▪ Carta Árabe de Direitos Humanos (1994)

Perspetiva constitucional ou estadual: direitos fundamentais constitucionais ou fundamentais em


sentido estrito
O reconhecimento dos direitos faz-se na Constituição, ou seja, estão em causa os direitos dos homens num
determinado tempo e lugar, onde existe uma comunidade política organizada num Estado em concreto ou numa
comunidade de Estados.

• Direitos Fundamentais em sentido estrito


• Origem: Movimentos constitucionais do século XVIII e XIX. Exemplos:

- Constituição do Estado da Virgínia (1776);

- Constituição do Estado do Massachusetts (1778);

- Constituição Federal Norte – Americana (1787)

- Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789)

- Constituição Francesa (1791)

- Constituição Portuguesa (1822)

• Fundamento: Princípio da separação de poderes (ideia de limitação do poder do Estado jus positivista)

1.2. O conceito estrito de Direito Fundamental

O conceito de direitos fundamentais, em sentido estrito, abrange os direitos constitucionais do cidadão; ou dito
de outro modo, contém a posição jurídica fundamental do cidadão consagrada na Constituição do seu Estado. Em
rigor, para se poder falar em direitos fundamentais tem de se estar perante uma constituição de um Estado.

Dimensão constitucional positiva que inclui outras perspetivas:

- Perspetiva jusnaturalista: Artigos 1.º, 19.º (6) CRP;

- Perspetiva universalista: Artigos 8.º (1) e 216.º (1) e (2) CRP.

1.3. Os direitos fundamentais numa perspetiva multinível

Meados do século XX: assistiu-se ao fenómeno da consolidação da Constituição, nas suas funções de
conformação (unidade jurídica) e de integração (unidade política).

Internacionalização e europeização do DC: provocou uma “mudança de paradigma” no sentido de a proteção


dos direitos fundamentais deixar de ser responsabilidade exclusiva das constituições nacionais.

• Assistiu-se a uma “fragmentação do poder constituinte” na qual emergem “constituições internacionais


paralelas”;
• Os particulares podem tutelar os direitos, quer no plano internacional, quer no plano nacional.
• Passou a existir uma tríade de sistemas de proteção dos direitos e liberdades fundamentais: a) sistema
internacional universal e regional (CEDH); b) sistema de direito da EU; c) sistema constitucional nacional.
• Relações entre os níveis de proteção:
- Sistema constitucional nacional e DUE: princípio do primado + Artigo 8 (4) CRP
- Sistema constitucional nacional e CEDH: Artigos 1o e 46o CEDH
- CEDH e DUE: Artigo 6o (2) TUE e Parecer 2/13 do TJUE.
• Pluralismo Constitucional / “Transconstitucionalismo” /Constitucionalismo multinível

§ 2. A EVOLUÇÃO HISTÓRICO-VALORATIVA DOS DFS

1. Os direitos de 1ªgeração: Liberdades individuais e direitos de defesa


• Final do século XVIII: Revoluções liberais e primeiras Constituições Liberais
• Liberdade religiosa, liberdade de expressão, liberdade contratual de comércio e
indústria
• Direitos negativos ou de defesa: dever de abstenção do Estado
• Exigencia do atomismo: titularidade individual dos direitos → acentua a
dimensão subjetiva dos DF. Mercado funciona, automaticamente, sem
intervenção reguladora do Estado.
• Estado negativo ou Mínimo (Status Negativus)
2. Direitos fundamentais de 2.ª geração: direitos de participação política e liberdades
políticas.
• A partir do século XIX (para todos os homens) e século XX (todas as mulheres);
• Direitos de participação política/ direitos políticos (ex: direito de voto universal,
direito de ser eleito);
• Direitos Fundamentais como garantias de igualdade na construção Democrática
do Estado;
• Dimensão objetiva dos DF – a democracia torna-se uma conditio sine qua non
da própria liberdade dos cidadãos.
• Estado Ativo (Status Activus).
3. Direitos fundamentais de 3.ª geração: direitos a prestações e liberdades sociais
• Pós 2.º Guerra Mundial: Fim do Estado de Direito Liberal do século XVIII
• Direitos a prestações ou quota-parte (direitos através do Estado)
• Exigem comportamentos positivos por parte do Estado
• Reconhecimento de uma função social dos DF em geral
• Principio da igualdade material
• Aumento das liberdades: direito à greve, liberdade de escolha do trabalho,
liberdade sindical, direito ao trabalho.
• Estado Positivo (Status Positivus)
4. Direitos fundamentais de 4.ª geração
• Finais do século XX: Sociedade globalizada, de informação, de risco
• Direitos de solidariedade: protegem bens simultaneamente individuais e
comunitários (direito ao ambiente; direitos do consumidor)
• Novos direitos relativos à informação perante a Administração Pública:
transparência
• Novos direitos ligados à evolução científica e tecnológica: direitos à identidade
biológica; à identidade de género (mudar de género no registo covil); direito ao
esquecimento.
Segurança + Diversidade + Solidariedade
O sistema da Convenção Europeia dos Direitos Humanos
Artigo 1.º
Obrigação de respeitar os direitos humanos
As Altas Partes Contratantes reconhecem a qualquer pessoa dependente da sua
jurisdição os direitos liberdades definidos no título I da presente Convenção”
A interpretadação da CEDH
• Regra Geral: Convenção de Viena de 1969
• Objeto e propósito da Convenção:
“(...) a proteção e o desenvolvimento dos direitos humanos e das
liberdades fundamentais” (...) cuja preservação repousa
essencialmente (...) num regime político verdadeiramente
democrático.
• Interpretação dinâmica ou evolutiva: “um instrumento vivo... que deve ser
interpretado à luz das condições atuais”.

“[O] tribunal não pode evitar ser influenciado pelos desenvolvimentos aceites
como standards comuns dos membros do Conselho da Europa. [....]”

TEDH, Tyrer v Reino Unido,


para. 183.
Consenso Europeu
“ o mediador entre a interpretação dinâmica e a margem de apreciação.”

Exemplo: Unal Tekeli v. Turquia


• Doutrina da quarta instância
o Tribunal não é uma 4.ª instância de recurso dos tribunais nacionais
o Princípio da interpretação efetiva
“Não é sua função lidar com erros de facto ou jurídicos alegadamente cometidos
pelos tribunais nacionais, a não ser que, e na medida em que, estes violaram os
direitos e as liberdades protegidas pela Convenção” > García Ruiz c. Espanha (TEDH
n.º 30544/96, 1999, § 28)
• Princípio da subsidiariedade
“A responsabilidade de implementar e garantir o respeito pelos direitos e liberdades
da Convenção recai, primeiramente, sobre as autoridades nacionais. O mecanismo da
queixa para o Tribunal é, assim, subsidiário relativamente ao sistema nacional de
proteção de direitos humanos. Este carácter subsidiário retira-se dos artigos 13.º e
35.º (1) da Convenção.” > Kudla c. Polónia (TEDH n.º 30210/96, 2000, §52)
• Doutrina da margem de apreciação
Handyside c. Reino Unido (TEDH, n.º 5493/72, 1976 § 48 e 49)
“Por via do contacto direto e contínuo com as forças vitais dos seus países, as
autoridades nacionais estão, em princípio, numa melhor posição, que a do juiz
internacional, para dar uma opinião sobre a (...) “necessidade” de uma “restrição”
(...) Consequentemente, o artigo 10.º n.º 2 deixa aos Estados parte uma margem de
apreciação. Esta é reconhecida ao legislador nacional e às entidades judiciais, entre
outras, que são chamados a interpretar e a aplicar a lei.
Contudo, o artigo 10.º, n.º 2 não dá aos Estados partes um poder ilimitado de
apreciação. O Tribunal(...) é responsável por assegurar a observância dos
compromissos estaduais e é incentivado a decidir se uma restrição (...) é reconciliável
com a liberdade de expressão.

Assim, a margem de apreciação nacional anda de mãos dadas com um controlo


europeu. Tal controlo diz respeito ao objetivo prosseguido e à necessidade; abrange
não só a legislação, mas também a decisão que a aplica (...). O Tribunal deve decidir,
com base nos dados facilitados, se as razões avançadas pelas autoridades nacionais
para justificar a medida restritiva são relevantes e suficientes.

Ausência de “consenso europeu” – margem de apreciação aumenta


Existência de “consenso europeu” – margem de apreciação diminui

o Relação com o princípio da subsidiariedade e da proporcionalidade

• Princípio da proporcionalidade
o Restrições dos direitos previstos na Convenção
 Expressas: segundo parágrafo (n.º 2) dos arts. 8.º, 9.º, 10.º e 11.º da
CEDH
> “previstas na lei”
> “necessárias, numa sociedade democrática”
> salvaguardar: segurança pública, defesa da ordem, proteção da
saúde ou da moral...
 Implícitas: outros direitos protegidos, que não sejam absolutos
> direitos absolutos: art. 2.º (direito à vida) e 3.º (proibição da
tortura) da CEDH
o Cumprimento das obrigações positivas
o No âmbito do art. 14.º da CEDH (proibição da discriminação)
o Na interpretação do requisito “na estrita medida em que o exigir a situação”,
previsto no art. 15.º da CEDH (derrogação em caso de estado de necessidade).
• Equilíbrio justo
“ (...) inerente a toda a Convenção é a procura do equilíbrio justo entre as exigências
de interesse geral da comunidade e os requisitos relativos à proteção os direitos
fundamentais dos indivíduos”, Soering c. Reino Unido (queixa n.º 14038/88, 1989,
§89)
Relevante para:
• Aferir da proporcionalidade da interferência pelo Estado no âmbito de um
direito reconhecido pela Convenção/pelos Protocolos
• Determinar quando o Estado está sujeito a obrigações positivas implícitas
• Resolver conflitos entre direitos protegidos pela Convenção/pelos Protocolos

1) Tribunal singular, arts. 26.º, n.º 1 e 27.º CEDH


• Pode declarar a inadmissibilidade ou mandar arquivar queixa
• Caso não o faça > transmite-a para comité ou câmara
2) Comités (de 3 juízes), arts. 26.º, n.º 1 e 28.º CEDH
• Pode, por voto unânime, declarar a inadmissibilidade ou mandar arquivar queixa
• Pode, por voto unânime, declarar admissibilidade e decidir quanto ao fundo dos
processos que sejam objeto de jurisprudência bem firmada no Tribunal
3) Câmara (de 7 juízes), arts. 26.º, n.º 1. 29.º e 30.º CEDH
• Pode decidir sobre a admissibilidade e fundo da queixa, caso não tenha havido
decisão nos termos anteriores.
Nota: Câmara (Chamber)¹ Secção
4) Grande Câmara/Tribunal Pleno (17 juízes), arts. 26.º, n.º 1, 31.º CEDH
• Devolução da decisão pela Câmara, art. 30.º CEDH
• Devolução do assunto por uma das partes, art. 43.º CEDH
5) Assembleia plenária (46 juízes), arts. 25.º CEDH
• Configuração atual conferida po-ç3r:
o Protocolo n.º 11 (1998): extinsão da estrutura dual
o Protocolo n.º 14 (2010): administração eficaz da justiça
*remissão para reforma de TEDH e Protocolos n.º 11, 14, 15 e 16.
• O TEDH pode receber
o Queixas interestaduais, art. 33.º CEDH.
o Queixas individuais, art. 34.º CEDH.
O mecanismo de queixa individual perante o TEDH.
❖ Petição/ Queixa individual, art. 34.º CEDH
Condições de admissibilidade, arts. 34.º e 35.º
1. Legitimidade ativa, art. 34.º
a) Pessoas singulares: independentemente da nacionalidade, residência, estado civil
ou capacidade jurídica.
b) Pessoas coletivas: organizações não governamentais
c) Qualquer grupo de particulares

2. Legitimidade passiva, art. 34.º


vítima de violação, pelo Estado, de direitos previstos na CEDH/Protocolos.
As queixas são declaradas incompatíveis ratione personae (art. 35.º, n.º 3, a)), se, por
exemplo:
• requerente não tem qualidade para agir nos termos do art. 34.º da Convenção
• requerente não está em condições de demonstrar que é vítima da violação alegada
• a queixa for dirigida a um particular
• a queixa for dirigida a um Estado que não ratificou a Convenção ou Protocolo à
Convenção
3. Esgotamento das vias de recurso internas, art. 35.º, n.º 1, 1ª parte
- Finalidade da regra: oportunidade de prevenir ou remediar alegadas violações
da CEDH, codifica a presunção do artigo 13o CEDH.
- Aplicação da regra: flexibilidade; respeito pelas regras internas; existência de
várias vias de recurso, discussão da substância ao nível interno; existência e
adequação
das vias de recurso disponíveis; acessibilidade e efetividade dos recursos disponíveis.
- Ónus da prova: antes da comunicação da petição ao Estado o particular deve
fazer prova do preenchimento das condições de admissibilidade. Posteriormente,
cumpre ao Estado provar a não exaustão dos recursos
internos.
4. Prazo de 4 meses a contar da decisão interna definitiva, art. 35.º, n.º 1, 2ª parte
o Finalidade da regra:
a) Segurança jurídica (P.M. c. Rino Unido)
b) Prazo de reflexão suficiente (O’Loughlin e outros c. Reino Unido)
c) Facilitar fixação dos factos (Nee c. Irlanda)
o Prazo conta-se, a partir do dia seguinte àquele em que:
- Recorrente teve conhecimento suficiente da decisão interna definitiva (se
houver recurso efetivo)
- Ocorreram os atos ou medidas denunciadas ou requerente deles toma
conhecimento ou requerente sofre prejuízo ou recorrente toma conhecimento de
que o recurso não é efetivo (se não houver recurso efetivo)
5. Compatível com o disposto na Convenção ou Protocolos, não poder ser
manifestamente mal fundada ou ter carácter abusivo, art. 35.º, n.º 3, a)
o Compatibilidade: direitos que constam na Convenção e Protocolos
▪ Necessário definir termos (ex. aspetos da vida privada, art. 8.º CEDH)
> Pode apelar-se a documentos internacionais
▪ Ver se Estado fez reservas
o Manifestamente mal fundada: necessita de existir um exame prévio em relação
ao mérito (argumentos substantivos)
o Abusiva: ex. factos e documentos falsos, linguagem ofensiva, ameaças
6. Existência de um prejuízo significativo, art. 35.º, n.º 3, b)
Protocolo 14 .
o Finalidade da regra: garantir que a violação de um direito atinja um patamar
mínimo de gravidade.
o Apreciação da gravidade deve ter em conta elementos subjetivos e objetivos
o Prejuízos financeiros e não financeiros: importantes vs. não relevantes
o Cláusulas de salvaguarda: o respeito pelos DH e qualquer questão que não
tenha sido devidamente apreciada por um tribunal interno.
7. Queixa não pode ser anónima, art. 35.º, n.º 2, a)
8. Queixa não pode ser, no essencial, idêntica a uma anterior já examinada pelo TEDH
ou submetida a outra instância internacional, art. 35.º, n.º 2, b)
o Se partes, factos e fundamentos da nova queixa forem os mesmos
o outra instância internacional: ex. Comité dos Direitos Humanos (à luz do
Protocolo Adicional do PIDCP)

Força vinculativa das sentenças


Artigo 46.°
1. As Altas Partes Contratantes obrigam-se a respeitar as sentenças definitivas do
Tribunal nos litígios em que forem partes.

Artigos 42.° e 44.° CEDH

Pacta sunt servanda

Responsabilidade internacional do Estado


por factos internacionalmente ilícitos

❖ Em caso de violação da CEDH, a sentença pode implicar a adoção de medidas pela


Alta Parte Contratante para lhe pôr fim:
A) Medidas gerais: indicação do TEDH de medida de alcance geral (exemplo:
medidas legislativas).
B) Medidas individuais: obrigação de restitutio in integrum – o TEDH
pode indicar qual a medida individual a ser implementada pelo Estado naquele
caso concreto.
- Os acórdãos têm caracter declaratório e, por isso, esta referência é feita apenas a titulo
excecional (artigo 46.°, n.°1 CEDH) + Artigo 41.° reparação razoável

Execução das sentenças


2. A sentença definitiva do Tribunal será transmitida ao Comité de Ministros, o qual
velará pela sua execução.
3. Sempre que o Comité de Ministros considerar que a supervisão da execução de uma
sentença definitiva está a ser entravada por uma dificuldade de interpretação dessa
sentença, poderá dar conhecimento ao Tribunal a fim que o mesmo se pronuncie
sobre essa questão de interpretação. A decisão de submeter a questão à apreciação
do tribunal será́ tomada por maioria de dois terços dos seus membros titulares.
Força vinculativa e execução das sentenças
4. Sempre que o Comité de Ministros considerar que uma Alta Parte Contratante se
recusa a respeitar uma sentença definitiva num litigio em que esta seja parte, poderá,
após notificação dessa Parte e por decisão, tomada por maioria de dois terços dos
seus membros titulares, submeter à apreciação do Tribunal a questão sobre o
cumprimento, por essa Parte, da sua obrigação em conformidade com o n.º 1.
5. Se o Tribunal constatar que houve violação do nº 1, devolverá o assunto ao Comité de
Ministros para fine apreciação das medidas a tomar. Se o Tribunal constatar que não
houve violação do n.º 1, devolverá o assunto ao Comité de Ministros, o qual decidir-
se-á pela conclusão da sua apreciação.
Execução de sentenças do TEDH
❖ As sentenças proferidas pelo TEDH -> obrigação de fim, em princípio, há liberdade de
de meios para dar cumprimento à obrigação do artigo 46º n.º1 CEDH
❖ Supervisão da execução: cabe ao Comité de Ministros (composto pelos Ministros dos
Negócios Estrangeiros de cada Estado membro do Conselho da Europa) (artigo 46º
n.2 CEDH)
❖ O processo de execução é essencialmente dependente de pressão e Persuasão
política
❖ Exemplos de possíveis consequências da recusa de implementação de uma decisão:
publicação de uma lista dos casos pendentes no TEDH, em situações extremas a
exclusão do Conselho da Europa.

➢ Protocolo 14 (relativamente à execução de sentenças)


a) Extensão dos poderes de supervisão do Comité de Ministros às resoluções
amigáveis (artigo 39º CEDH)
b) Competência do TEDH para se pronunciar sobre uma questão de interpretação
que entrave a supervisão da sentença definitiva (Artigo 46º nº 3 CEDH)
c) Competência do TEDH para constatar que a Alta Parte Contratante se recusa a
cumprir com a sentença definitiva nos termos do n.1. (Artigo 46ºs nº 4 e
5CEDH)

⚠ O sistema de controlo da execução de


sentenças deixa de ser exclusivamente
político e passa a ser também judicial com
TEDH devolve o assunto intervenção do TEDH.
ao Comité de Ministros.
A reforma do sistema da CEDH
• Protocolos 11, 14, 15 e 16
- Judicialização definitiva do sistema da CEDH
- Eficácia do sistema e reforço da subsidiariedade

• Conferências de Alto Nível: Interlaken (2010); Izmir (2011); Brighton (2012); Oslo
(2014); Brussels (2015); Copenhagen (2018)

Protocolo 16 (opcional)
• Já entrou em vigor em 2018, mas não foi ratificado por Portugql
• Amplia a competência consultiva do TEDH: Pareceres Consultivos (artigo 47.° CEDH)

Artigo 1.º

1. As mais altas instâncias de uma Alta Parte Contratante, conforme especificado no


artigo 10, podem solicitar ao Tribunal que emita pareceres consultivos sobre
questões de princípio relativas à interpretação ou aplicação dos direitos e liberdades
definidos na Convenção ou nos seus protocolos.
2. O órgão jurisdicional requerente pode solicitar um parecer consultivo apenas no
contexto de um processo pendente perante ele.
3. O órgão jurisdicional requerente deve fundamentar o seu pedido e fornecer a base
jurídica e fatual pertinente relativa ao caso pendente.
Os direitos fundamentais na constituição portuguesa
• Artigos 24 – 79.° - Catalogo formal
• Art. 16 e 17

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