Revista Reumato 19 21
Revista Reumato 19 21
Revista Reumato 19 21
C A P I T A L REUMATO
#19
PROCEDIMENTOS
ESTÉTICOS
HUMANIDADES
MÉDICAS
ABORDAGEM
MULTIPROFISSIONAL
ANTI-C1Q
1
C A P I T A L REUMATO
PALAVRA DA EDITORA
ÍNDICE 02
Palavra
da Editora DRA. ISADORA
JOCHIMS
03
Editora da Revista Capital
Mensagem
Reumato 2021/2022
da Presidente
04
A 19ª Edição da Revista Capital Reumato vem de cara nova para exaltar a
Aconteceu
produção do Festival ATUARTE promovida pela Sociedade de Reumatologia de
Brasília. A capa realizada pela geriatra Flávia Navi na Oficina de Arte “Angústia
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ou medo: como dar forma ao que não sabemos” me remete ao caminho
A vez e a voz
do especialista incerto que vivemos. A poesia, produzida pela neurologista Eline Barbosa a
partir da Roda de Terapia Comunitária Integrativa, nos lembra que a vida é
14 para quem tem coragem de pagar impostos.
Humanidades Na interface entre ciência e arte, o ATUARTE tem como objetivo
Médicas dar suporte emocional e estimular a ação criativa das pessoas
diagnosticadas com doenças reumáticas, familiares e profissionais de
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saúde. Outros trabalhos serão apresentados no nosso congresso anual
Ponto de vista
ATUAR nos dias 22 e 23 de outubro. Não percam!
CAPA
Nesta edição, para atualização científica, apresentamos artigos com os temas:
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O DESCONHECIDO procedimentos estéticos em doenças reumáticas, escrito pela dermatologista
Reumato na
COLAGEM REALIZADA prática Mariana Costa, anti C1q, pelo reumatologista Fabiano de Almeida Brito, e o
PELA GERIATRA FLÁVIA cuidado multiprofissional na reumatologia, por Amanda Terra.
NAVI NA OFICINA DE ARTE 28 Na coluna Humanidades médicas, publicamos a experiência de um
“ANGÚSTIA OU MEDO: Rheuma News grupo da Universidade Federal de Tucumã, Argentina, que promove
COMO DAR FORMA AO discussões e conexões em humanidades. Também trazemos o ponto de
QUE NÃO SABEMOS” DO 30 vista do Dr. Leopoldo Santos Neto sobre o futuro da ciência.
FESTIVAL ATUARTE Reumato
nada Aproveitem a revista que foi construída com muito cuidado e carinho.
Básico
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MENSAGEM DA PRESIDENTE
A gestão 2021/22 da Sociedade de Reumatologia de Brasília (SRB) sente-se honrada em
contribuir e estar bem próxima de todos os Reumatologistas do Distrito Federal, promovendo
ações que visam desbravar e solidificar o caminho desta especialidade.
Apesar das dificuldades sanitárias ainda impostas pela pandemia de COVID 19, sentimos-nos
bastante confiantes em dar seguimento ao trabalho de excelência que vem sendo realizado desde
gestões anteriores.
Para o ano de 2021 o intuito é manter o calendário científico de qualidade, incluindo os eventos que
já se tornaram conhecidos por sua importância e extrema relevância local e nacional:
• Encontro ATUAR: Atualização em Reumatologia
• ATUARTE: Arte e Reumatologia DRA. JAMILLE
• Reuniões Científicas (Webinars) NASCIMENTO
Com relação ao ATUARTE, projeto que visa, a partir do diálogo da arte com a saúde, promover CARNEIRO
bem-estar mental aos pacientes reumatológicos, aos associados da SRB e profissionais de saúde
da área ficamos felizes em apoiá-lo e darmos o suporte técnico necessário para que o mesmo Presidente da Sociedade
de Reumatologia de
possa ser ampliado exponencialmente, beneficiando cada vez mais pessoas e estimulando as
Brasília 2021/2022
práticas da interdisciplinaridade, tão importantes na Reumatologia.
Nossa publicação, a Revista Capital Reumato, tão consolidada no nosso meio, manterá sua
periodicidade trimestral trazendo, também, sempre a interface com a arte e, obviamente, junto
ao conteúdo técnico/científico atual trará inovações no seu formato virtual.
Outros projetos estão em andamento, especialmente aqueles que envolvem nosso papel
no ensino e na Residência Médica em Reumatologia no DF, bem como junto à comunidade, Baixe todas as edições da Revista
Capital Reumato no site:
divulgando nossa especialidade, conscientizando sobre as doenças reumatológicas e www.reumatodf.com.br
promovendo ações com o propósito de cooperação junto aos gestores em saúde para
formulação de políticas públicas efetivas. Contato SRB:
[email protected]
Reiteramos que toda nossa produção será pautada em preceitos éticos e com base em
(61) 3245-1671 | (61) 99668 0935
melhorias das práticas clínicas em Reumatologia.
Convido os Reumatologistas do DF e demais colegas a continuarem prestigiando nossa
Editoração e Design Gráfico:
SRB, associando-se e participando dos nossos eventos. CS DESIGN
Contato: Cristiane (61) 98131 7287
Dra. Jamille Nascimento Carneiro www.csdesigngrafico.com.br
[email protected]
EXPEDIENTE:
Reumatologistas revisoras: Ana Paula Gomides, Isadora Jochims, Licia Maria Mota,
Ravena Fontenele Belchior Cabral, Gabriela Profirio Jardim Santos,
Jamille Nascimento Carneiro e Luciana Feitosa Muniz
A responsabilidade de conteúdo médico científico do material recebido para publicação, bem como por eventuais conceitos
emitidos ou conflitos de interesses, é exclusiva dos autores.
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ACONTECEU
ACONTECEU: WEBINARS
• No dia 23 de junho de 2021, às 19H30, foi realizado o Webinar 04,
patrocinado pela JANSSEN, que apresentou a seguinte agenda:
Tema 1: NECESSIDADES NÃO ATENDIDAS EM ARTRITE PSORIÁSICA: “DESCOBRINDO UMA NOVA SOLUÇÃO
PARA SEUS PACIENTES COM ARTRITE PSORIÁSICA E PSORÍASE”.
Palestrante 1: Roberto Ranza.
O evento virtual foi extensamente divulgado nas redes sociais e e-mail marketing, com um grande alcance.
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ACONTECEU
O evento virtual foi extensamente divulgado nas redes sociais e e-mail marketing, com um grande alcance.
O evento virtual foi extensamente divulgado nas redes sociais e e-mail marketing, com um grande alcance.
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ACONTECEU
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ACONTECEU
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PARTICIPE!
@REUMATOBSB @FESTIVALATUARTE
ATUAR2021.COM.BR
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Procedimentos estéticos
nas doenças reumáticas
A importância da aparência da pele está no fato de que por meio dela se pode inferir não apenas
características físicas de um indivíduo (como o sexo, a idade, o grupo étnico), mas também o seu estado
de ânimo e suas emoções. É inquestionável a capacidade da cútis de comunicar mensagens e despertar
sentimentos além das palavras, o que pode ser claramente observado em obras de arte (Figura 1). Os sinais de
envelhecimento intrínseco e extrínseco de uma pessoa idosa, por exemplo, são frequentemente retratados
por artistas com a demarcação de rugas adinâmicas e profundas (frontais, glabelares, perioculares, periorais,
nasogenianas), das bolsas infrapalpebrais, da atrofia das regiões malares, da face encovada, da flacidez
cutânea, etc. Desses“traços”, podem-se inferir sensações subjetivas, de intensidade por vezes marcante,
como tristeza, melancolia, apatia, raiva, cansaço, mau humor, etc. Tais sensações nem sempre correspondem
ao que ocorre no íntimo do paciente e podem até mesmo contradizer o que se passa no seu interior.
Figura 1 – “Duas mulheres”, de Paul Gauguin (1901-1902). Óleo sobre tela. The Metropolitan Museum of Art | Nova Iorque, EUA.
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Seja para “reparar” (reconstrução), seja para “melhorar” (intervenção cosmética), as opções
atuais na área cosmiátrica são diversificadas e numerosas. De agentes tópicos antienvelhecimento
e medicações orais, dos lasers e outras tecnologias aos produtos injetáveis: os procedimentos
minimamente invasivos estéticos apresentaram grande desenvolvimento científico nas últimas
décadas e têm sido realizados em números crescentes em todo mundo, especialmente quanto às
gerações mais novas, que tendem a encará-los de forma ainda mais “natural” que as anteriores1.
Na revisão citada acima, foram incluídos artigos que referiam pacientes portadores de morfeia,
esclerose sistêmica e lúpus eritematoso no tocante a procedimentos estéticos de diversas naturezas.
Dos tratamentos com laser e luz intensa pulsada na morfeia e na esclerodermia sistêmica, o uso
de pulsed dye laser (PDL) mostrou nível de evidência IIB no tratamento de telangiectasias nos pacientes com
esclerose sistêmica (Tabela 1).
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No que diz respeito ao lúpus eritematoso, o PDL, quando realizado com parâmetros de segurança
(fluências menores), parece ser melhor tolerado no tratamento do componente vascular de lesões lúpicas
cutâneas e parece até mesmo prevenir a progressão da doença (nível de evidência III). Em contraste com
os lasers, a LIP, por emitir luz visível, apresenta potencial de agravar a doença cutânea e sistêmica. Dos
tratamentos injetáveis, não há relato na literatura atual de reativação da doença após tratamento reparador,
embora haja o risco teórico. Há relatos de caso no tocante ao uso de ácido hialurônico, ácido polilático,
poliacrilamida, hidrogel e polimetilmetacrilato com resultados subjetivos satisfatórios e sem reações
adversas ou reativação da doença (nível III). Enxertos de gordura autóloga devem ser realizados nos períodos
de doença inativa e quando o paciente não está em uso de imunossupressores (nível de evidência IIA).
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Postula-sequeintervençõescosmiátricassuperficiaisecommenorinflamaçãopós-procedimentos,comopeelings
químicos superficiais e tratamentos tópicos como retinoides e antioxidantes, possuam bom perfil de segurança. De
forma semelhante, as doenças reumatológicas, quando em fase de inatividade sustentada, não configuram contra-
indicação absoluta para emprego da toxina botulínica para fins estéticos. O uso de tecnologias dermatológicas mais
recentes como o ultrassom microfocado e macrofocado, radiofrequência e radiofrequência microagulhada ainda
não foi estudado especificamente em pacientes reumatológicos, mas, por serem bioestimuladoras de colágeno que
geram resposta inflamatória visando remodelamento arquitetural das camadas cutânas (Figura 2), há de se atentar
para o contexto de cada paciente, pesando especialmente a inativadade e estabilidade da doença.
Figura 2 – Ultrassom dermatológico (de alta frequência) antes e após microagulhamento robótico com alta frequência,
evidenciando remodelamento tecidual, com redução da banda subepidérmica de baixa ecogenicidade (elastose).
Os danos estéticos, secundários à própria doença autoimune e mesmo à senilidade, podem corroborar
fortemente para a fragilidade da saúde mental dos pacientes reumatológicos4 e os procedimentos cosmiátricos de
reparação e intervenção cosmética nestes casos podem trazer inegáveis ganhos à qualidade de vida do paciente.
Com isso, ainda que com limitações dentro da medicina baseada em evidências, é um tema que merece grande
atenção tanto por parte do médico dermatologista quanto do médico reumatologista. Idealmente, a decisão
acerca de um procedimento estético em paciente reumatológico deve envolver esclarecimento sobre segurança
e evidências científicas para o próprio paciente e ainda decisão conjunta com as duas especialidades médicas, a
fim de se considerar todos possíveis ganhos para o paciente e também os riscos a que será submetido.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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diseases: Best practices for patients with morphea/systemic sclerosis. J Am Acad Dermatol. 2020 Aug;83(2):315-341. doi: 10.1016/j.jaad.2019.12.081.
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diseases: Best practices for patients with lupus erythematosus. J Am Acad Dermatol. 2020 Aug;83(2):343-363. doi: 10.1016/j.jaad.2020.03.123.
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humanidades médicas
As Humanidades
Médicas como um
projeto abrangente
INTRODUÇÃO: Pierre Bourdieu refere que os seres humanos, quando contam uma passagem
da suas vidas, a fazem com “coerência biográfica”, com uma certa necessidade que têm de dar sentido
ao caminho que percorrem. Essa ideia é curiosa porque nem sempre planejamos tudo, porém, tem
uma certa lógica porque estamos somando esforços, não ao que está planejado, mas, às vezes, ao
que estamos descobrindo como a opção necessária. Esta jornada que apresento para vocês tem essa
lógica. Cada etapa avançada surge como uma necessidade da etapa anterior. A construção de uma
linha não tem mérito em si mesma quando, como neste caso, existe uma clara consciência social da
importância disso. É o caso do Medical Humanities (HM). Com efeito, não existe formação médica no
mundo que não dê importância à necessidade de incluí-la na formação como central. É um conceito
que aceitamos como lógico: por isso sua presença não é discutida, mas, paradoxalmente, sua presença
gera debates. Já indicamos (Viola, 2012) que três problemas aparecem como evidentes:
a- A falta de uma definição unívoca de Humanidades Médicas
b- A ambiguidade em seus conteúdos, objetivos e efeitos em relação às competências clínicas
c- A falta de sistematização das propostas
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Podemos marcar este consenso como uma hipótese fundacional, chamá-lo de alguma forma, do nosso
percurso de HM: devem ser incluídos de forma ativa, isto é, com a intenção de o fazer, e isso implica saber para quê
e, ao mesmo tempo, entenda que eles não podem ser estáticos, devemos adaptá-los permanentemente. Isso foi
reforçado com a criação do Laboratório de Humanidades Médicas como um local onde a pesquisa nesta área pode
ser canalizada.
Depois desse primeiro consenso, realizamos uma segunda reunião, desta vez na Universidade de
Cuyo (Mendoza, 2015), onde foi elaborado um acordo cujo ponto central é que essa inclusão seja “formal,
abrangente e dinâmica”. Também apontamos uma questão óbvia: ela deve estar presente também nos últimos
anos da medicina. O que parece uma evidência esbarra na realidade, pois perto da conclusão do curso há
uma tendência nos processos de formação a insistir em questões mais biomédicas ou ditas práticas. Curioso,
porque há uma frase médica que tendemos a esquecer na prática, mas que nunca negamos em nosso discurso:
“A medicina não é uma ciência e, talvez não uma arte, mas um espaço criado para o encontro humano que
colabore na superação. O sofrimento com os melhores recursos da ciência e da arte ”(Perez Tamayo, 1980).
Agora, o que foi feito alimentou a ideia que está no centro da proposta: o que foi feito deve
se tornar visível, mostrando que há muito trabalho feito nessa área, que não circula o suficiente.
Partindo dessa ideia, decidiu-se desenvolver um “Boletim de Humanidades Médicas” com o
objetivo central de expor o raciocínio sólido e urgente na formação médica: buscar recursos
para fortalecer a humanização da medicina, algo que se exige da prática médica atual. Embora,
claramente, a pandemia tenha obrigado a nós médicos, motivados por limites diante da incerteza,
a entender que o sofrimento humano continua sendo o ponto central da prática médica.
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Nisso, vale dizer, a situação gerada pela pandemia facilitou as coisas, já que o virtual se
tornou não apenas uma ferramenta prática, como sempre foi, mas algo mais do que o usual,
uma forma inevitavelmente atual. O boletim informativo tem sequência trimestral e está
online. Isso possibilitou que o design aproveitasse todas as sequências de uma edição mais
cuidadosa, sem pensar no custo de uma publicação que precisa ser colorida. Hospedamos
os números editados no link https://linktr.ee/LabHumanidadesMedicas
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Após as primeiras reuniões que mencionamos, foi realizada uma terceira reunião que
resultou em uma proposta voltada para trabalhar um determinado tema da comunicação
e, posteriormente, em meio à pandemia, foi elaborado um documento final que é um
Manifesto sobre HM que busca sustentar o que já foi feito, agregar o que existe e dar sentido
a uma futura rede que valoriza o que existe.
O percurso realizado direciona tudo para um devir lógico (potencial): a criação de uma
rede que fortaleça o HM no campo da medicina. Se pensarmos nisso em função do que
cada lugar faz, isso é óbvio, insistimos. Há muitos esforços em todos os lugares para fazer da
humanização da prática médica, o próprio cerne da atividade e da tecnologia, apenas mais
uma ferramenta, sem discussão necessária hoje. No entanto, sabemos que tanto os recursos
humanos como os financeiros condicionam o caminho. Portanto, pensar em uma rede que
fortaleça o que se faz é uma opção que não só podemos alcançar, mas também nos permite
construir uma base essencial. Afinal, ainda mantemos como princípio médico o hipocrático
“primo non nocere” que implica continuar a acreditar que o sofrimento necessita não só de
medicamentos e tecnologia, mas de outro ser humano colocando a arte e a ciência como
forma de colaborar para tornar o adoecimento suportável.
REFERÊNCIAS BIBLIOGÁFICAS:
Ricci, RT. y Viola, FJJ. (2012). Humanidades Médicas y Competencias clínicas. Edición de la Cátedra de Antropología
Médica y Laboratorio de Humanidades Médicas. Facultad de Medicina. Universidad Nacional de Tucumán.
Pérez Tamayo, R. (1980). Serendipia: ensayos sobre ciencia, medicina y otros sueños. Siglo Veintiuno Editores.
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PONTO DE VISTA
Assim caminha
a evidência
científica e a
humanidade!
O ano de 1543 testemunhou a publicação de
dois livros que iriam mudar a visão da humanidade.
Das revoluções das esferas celestes, quando Nicolau
Copérnico desenvolveu o princípio do heliocentrismo;
e “A estrutura do corpo humano”, de Andreas Vesalius,
que criou uma nova visão da anatomia humana.
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Dra. Isadora Jochims, reumatologista/artista plástica, liderou um grupo de profissionais da área da saúde no
desenvolvimento de um Prontuário Afetivo, uma ferramenta para reduzir o sofrimento do paciente com COVID grave.
Ela de forma poética e científica declamou (...)O ato / A cura / Não tenho armas / Nem balas / Tenho a ciência / O
conhecimento das medicinas / Das prevenções / Do cuidado / As vacinas / Estou na linha de frente(...)”7. (Figura 2)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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REUMATO NA PRÁTICA
A abordagem
multiprofissional
na reumatologia
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A reumatologia, por sua vez, uma especialidade com predominância de doenças crônicas, se depara com pacientes
que convivem com dores contínuas, restrições funcionais e necessidades de terapias complexas. Tão logo recebe o
diagnóstico da doença incurável, o paciente também se defronta com a perda do senso de identidade, ansiedade,
incertezas quanto ao futuro, isolamento social, além da mudança na rotina e no seu relacionamento familiar.³
Com essa mudança no sistema de cuidado médico, observou-se a necessidade de adaptações nas configurações
de tratamentos que sejam economicamente viáveis e clinicamente eficazes. O atendimento médico fundamentado
no trabalho em equipe emergiu como uma opção para o tratamento de doenças crônicas em muitos sistemas de
saúde. Ademais, os familiares do doente e seus cuidadores têm cada vez mais valorizado essa forma de abordagem
com ênfase em resultados voltados para o paciente e sua qualidade de vida.¹
De acordo com Peduzzi4, a multiprofissionalidade consiste em um modelo de trabalho coletivo em que há uma
relação recíproca entre as múltiplas intervenções técnicas e uma interação dos agentes de diferentes áreas. À vista
disso, os profissionais de saúde trabalham de forma independente e concomitante dentro dos limites de suas próprias
disciplinas.¹
No âmbito da reumatologia, gerenciar patologias complexas é um tanto desafiador e, por vezes, requer uma
abordagem multiprofissional entre reumatologistas, enfermeiros, nutricionistas, fisioterapeutas, psicólogos,
odontólogos, educadores físicos, terapeutas ocupacionais, farmacêuticos, entre outros.5 O time de profissionais está
no centro do atendimento e é de extrema importância para o tratamento de doenças multifacetadas e heterogêneas.
A educação interprofissional aumenta a autopercepção e o conhecimento objetivo da patologia e a comunicação
entre os membros é essencial para o sucesso da terapêutica, tendo um efeito sinergético positivo nos resultados.¹
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Neurotherapeutics, DOI: 10.1080/14737175.2020.1771184
2. Duarte ES, Santos J. A equipe multiprofissional no suporte ao cuidador do portador da doença de Alzheimer. Memorialidades, n. 23, jan/jun.
e n. 24, jul./dez. 2015, p. 89-112
3. DeJean M, Giacomini M,Vanstone M, Brundisini F. Patient experiences of depression and anxiety with chronic disease: A systematic review
and qualitative meta-synthesis. Ont Health Technol Assess Ser [Internet]. 2013 September:13(16)1-33.
4. Peduzzi, M. (2001). Equipe multiprofissional de saúde: conceito e tipologia. Revista de Saúde Pública, 35(1), 103–109. doi:10.1590/s0034-
89102001000100016
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Rheumatology? A Systematic Review of the Literature. Musculoskeletal Care, 13(1), 51–66. doi:10.1002/msc.1081
6. Vliet Vlieland, T. P. M. (2004). Multidisciplinary team care and outcomes in rheumatoid arthritis. Current Opinion in Rheumatology, 16(2),
153–156. doi:10.1097/00002281-200403000-00015
7. Maravic M, Bozonnat M, Sevezan A, et al.: Preliminary evaluation of medical outcomes (including quality of life) and costs in incident RA cases
receiving hospital-based multidisciplinary management. Joint Bone Spine 2000, 67:425–433.
8. Gudu T, Jadon DR. Mutidisciplinary working in the management of axial and peripheral spondyloarthritis. Ther Adv Musculoskelet Dis 2020
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9. Araújo, Thaise Anataly Maria de; Vasconcelos, Ana Claudia Cavalcanti Peixoto de; Pessoa, Talitha Rodrigues Ribeiro Fernandes; Forte, Franklin
Delano Soares (2017). Multiprofissionalidade e interprofissionalidade em uma residência hospitalar: o olhar de residentes e preceptores.
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10. Kilpatrick, Kelley; Lavoie-Tremblay, Mélanie; Ritchie, Judith A.; Lamothe, Lise (2014). Advanced Practice Nursing, Health Care Teams, and
Perceptions of Team Effectiveness. Journal of Trauma Nursing, 21(6), 291–299. doi:10.1097/JTN.0000000000000090
11. Casanueva-Fernandez B, Llorca J, Rubio JB, RoderoFernandez B, Gonzalez-Gay MA (2012). Efficacy of a multidisciplinary treatment program
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12. Castel A, Fontova R, Montull S, Perinan R, Poveda MJ, Miralles I, Cascon-Pereira R, Hernandez P, Aragones N, Salvat I, Castro S, Monterde S,
Padrol A, Sala J, Anez C, Rull M (2013). Efficacy of a multidisciplinary fibromyalgia treatment adapted for women with low educational levels: A
randomized controlled trial. Arthritis Care Res 65: 421–31.
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interventions and outcomes. Rheumatology -London then Oxford- British Society for Rheumatology, 47(5):670-678.
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Rheuma news
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Contabilidade do medo
Eline Barbosa
A soma do desafio
Com o desejo de tentar
Subtraído de tanto tempo perdido
Diante da ansiedade vã
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Anticorpos anti-C1q:
uma breve revisão
sobre sua utilidade
clínica e limitações
INTRODUÇÃO
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C1q e, consequentemente, reduzir o clearance das células 4. APLICAÇÕES CLÍNICAS DO ANTI-C1Q NO LES
apoptóticas, potencializando assim o desenvolvimento da
resposta autoimune.1 4.1 Avaliação da atividade da doença
Imunocomplexos contendo C1q estão presentes no
glomérulo de pacientes com nefrite grave. Ao se ligar a esses Em um estudo restrospectivo com 52 pacientes com
imunocomplexos, anticorpos anti-C1q podem amplificar o LES e pelo menos três dosagens de anti-C1q realizadas
influxo celular e a ativação local do sistema complemento, ao longo do acompanhamento, Trendelenburg e
resultado em glomerulonefrite proliferativa.1 colaboradores demonstraram que os anticorpos anti-
C1q apresentam correlação positiva com a atividade da
3. ASSOCIAÇÕES CLÍNICAS doença mensurada com os índices SLEDAI e ECLAM.5 No
entanto, a correlação foi significativa apenas nos pacientes
Anticorpos anti-C1q são detectados predominantemente na com acometimento renal. Essa constatação, aliada ao
síndrome da vasculite urticariforme hipocomplementêmica achado de que a correlação de anti-C1q com atividade
(SVUH) e no LES, e em menor frequência em outras doenças foi maior com o SLEDAI, que atribui um peso maior ao
autoimunes (Tabela 1).4 acometimento renal, do que com o ECLAM, indica que o
A frequência de detecção e os níveis de anti-C1q são exame é particularmente útil para avaliação da atividade
altamente dependentes da atividade LES, em particular da do LES com acometimento renal.
nefrite lúpica, no momento da realização do exame: estão
presentes em 30,0% dos pacientes não selecionados e 4.2 Avaliação do risco de nefrite lúpica
mais de 90,0% dos pacientes com nefrite proliferativa.1
Por não ser um autoanticorpo específico, não pode ser Petri e colaboradores analisaram a especificidade
considerado um marcador diagnóstico do LES, embora as e associações clínicas do anti-C1q, em uma avaliação
concentrações mais altas de anti-C1q sejam encontradas transversal de pacientes do estudo multicêntrico
no LES e na SVHU.4,5 internacional SLICC.6 Anti-C1q foi detectado em 45,5%
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Aumento da concentração de
anti-C1q pode preceder a recidiva da
nefrite lúpica em dois a seis meses,
enquanto redução da concentração
ocorre após tratamento da nefrite
proliferativa, de forma mais
acentuada nos pacientes responsivos
comparado aos responsivos, 77% e
38%, respectivamente.12-15
A determinação seriada de
anti-C1q é útil para a predição e o
diagnóstico das recidivas de nefrite
proliferativa, e para a identificação de
potenciais pacientes não responsivos à
terapia.
A tabela 2 resume as principais
aplicações clínicas para os anticorpos
anti-C1q.
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INDICAÇÃO COMENTÁRIOS
Diagnóstico da SVUH Sensibilidade de 100%
Avaliação da atividade do LES Maior associação com atividade renal
Avaliação do risco de nefrite lúpica Em combinação com anti-dsDNA
e complemento
Avaliação do risco de nefrite Mais de 90% dos pacientes com anti-C1q
proliferativa indetectável não desenvolvem nefrite
proliferativa nos meses subsequentes.
VPN pode ser ainda maior se
anti-dsDNA for não reagente.
Avaliação de recidiva Níveis altos precedem recidiva renal e
e resposta terapêutica normalizam quando há resposta terapêutica
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5. LIMITAÇÕES DO ANTI-C1Q
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guideline declara que anti-C1q é o marcador que possui maior correlação com nefrite lúpica ativa e pode
predizer a ocorrência de recidivas.
O 2019 update of the EULAR recommendations for the management of systemic lupus erythematosus,
recomenda que pacientes com alto risco de desenvolver acometimento renal, como aqueles com doença
sorologicamente ativa, incluindo anti-C1q positivo, devem ser monitorizados frequentemente, no mínimo a
cada três meses, para detecção precoce de doença renal.19
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C A P I T A L REUMATO
Dr. Bruno Wance Dra. Andresa Melo Dr. Fernando Vidigal Dr. Diogo Kloppel
Oncologista Clínico Coordenadora Oncologista Clínico Hematologista
do Serviço de Hematologia e Coordenador Médico
e Transplante de Medula do Centro de Oncologia
Óssea da Dasa Brasília da Dasa Brasília