Corpo Do Trab. e Paginação..
Corpo Do Trab. e Paginação..
Corpo Do Trab. e Paginação..
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0. INTRODUÇÃO
A produção textual, como exercício da escrita de uma língua, implica o domínio de normas
relativas ao código escrito, de modo a reflectir a competência textual do escritor e facilitar
a interpretação do leitor.
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esta divisão silábica obedece a certos princípios gráficos, segundo a norma padrão da
escrita.
O que aqui se pretendeu fazer , perante este quadro, é uma abordagem que ajudasse a
compreender a realidade do fenómeno linguístico da translineação na ortografia do
Português. Do levantamento feito ao longo do trabalho, registámos muitos desvios que
resultam em implicações morfossintácticas e semânticas na frase ou no texto. Daí, o estudo
sobre o problema dos Estudantes da 10ª Classe na aplicação da translineação das palavras,
e as estratégias didácticas para a sua resolução como tema do Trabalho de Fim do Curso.
No interesse de percebermos esta questão, levámos a cabo esta pesquisa, que tem merecido
pouca atenção. Porém, escolhemos este tema, porque durante a nossa actividade docente
temos registado com frequência muitos desvios na aplicação deste processo da
translineação na produção dos textos dos alunos. Verificámos que muitos alunos, por
exemplo, não empregavam o hífen na divisão de palavras em final de linha; alguns
dividiam os ditongos e tritongos; muitos não duplicavam o hífen em palavras justapostas
ou ligadas aos pronomes átonos; outros apresentavam dificuldades na divisão das
consoantes iguais, dos dígrafos e dos hiatos... Tudo isto tem causado implicações
morfossintácticas e semânticas nos conteúdos acadêmicos produzidos pelos mesmos
estudantes, por isso, apresentámos sugestões didácticas para solucionar tais dificuldades.
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0.3. Problemática
Os mesmos teóricos concorrem para a ideia de que a translineação dá-se pela passagem
para a linha seguinte de parte de uma palavra que não coube na linha anterior. Esta partição
da palavra, como é óbvia, faz-se mediante o emprego do hífen.
Cunha e Cintra (2010:49-50) afirmam que a “separação da palavra, que se indica por meio
de um hífen, obedece às regras de silabação”. Matos (2010:118) entende que “a divisão
silábica e a translineação fazem-se de acordo com a soletração da palavra, sílaba por sílaba,
não atendendo à origem etimológica da palavra”.
Borregana (2003:53) diz que a “divisão silábica e a partição da palavra de uma linha para
outra realizam-se atendendo à sua soletração e não aos seus elementos constitutivos”.
Porém, o sistema ortográfico vigente embora o permita, segundo Seca (2012:55) salienta
que “não se deve escrever no princípio ou no fim de linha uma só vogal, mesmo que esta
constitua sílaba”. No entanto, há palavras constituídas por duas sílabas que não podem ser
usadas na partição no fim da linha. Outros vocábulos também convêm ser melhor divididos
apenas nos lugares indicados pelo hífen (Cintra e Cunha, 2010:51).
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0.4. Questão de Partida
Assim, sentimos a necessidade de abordar este tema para a ciência, a fim de se construir
propostas metodológicas e didácticas para a compreensão e melhoramento deste problema
a partir do seguinte questionamento:
– O que está na base dos procedimentos incorrectos dos estudantes na translineação das
palavras?
0.5. Objectivos
Quase todos os dias, os alunos e não só, docentes e outros profissionais fazem da escrita
um dos meios principais para a comunicação. Porém, para o uso correcto da escrita, todos
devem ter o domínio consciente do subgrupo dos sinais auxiliares da escrita: a pontuação,
a acentuação gráfica e também o conhecimento do hífen.
É para este âmbito que, para a obtenção de algumas estratégias pedagógicas na aplicação
adequada da translineação, apresentámos os seguintes objectivos:
– Identificar os desvios frequentes na translineação das palavras por meio das regras
estabelecidas pela ortografia da Língua Portuguesa;
– Explicar as regras sobre o uso da translineação por meio de um quadro sinóptico com
princípios e especifidades de aplicação;
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Assim, com a identificação das dificuldades dos alunos e suas razões, e com estas metas
que confinam a nossa pesquisa, almejámos, com o presente trabalho, dirimir, neste
domínio da área gramatical, as debilidades linguísticas, particularmente na sala de aulas,
fomentando a meta fundamental do ensino da disciplina: a aquisição de competências no
domínio do Português-Padrão.
Para o alcance dos limites desta pesquisa, houve a necessidade primordial de recorrer à
pesquisa bibliográfica, fazendo uma revisão das literaturas possíveis que abordam o
mesmo tema com mais praticidade e consistência científica, para formar, assim, o suporte
teórico (Severino, 2007).
De acordo com a natureza do tema e da técnica aplicada para a recolha de dados, fez-se o
uso do enfoque bimodal, por ser aquele que envolve a metodologia qualitativa e
quantitativa (Sampieri, Collado e Lucio, 2006:18). E no segundo trimestre do ano lectivo
de 2015 – 2016, realizámos actividades em prol da investigação com os alunos da 10ª
classe na escola 4083, no município de Cacuaco, adoptando assim, o tipo de pesquisa de
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campo, (Severino, 2007) e observação participante (Alvarenga, 2012:83). Seleccionámos
uma amostra intencinal e por meio da técnica de inquérito por questionário fez-se a recolha
de exercícios resolvidos pelos alunos.
Durante a análise, fizemos o devido tratamento com correcções e relatórios tendo em conta
o enfoque quantitativo, isto é, além das interpretações, mostrámos também tabelas de
percentagens e gráficos. Depois da análise dos dados recolhidos, seleccionámos alguns que
constam dos anexos. E finalmente, apresentámos as regras e propostas metodológicas
inerentes ao tema da investigação.
O trabalho apresenta três partes: a primeira corresponde ao marco referencial teórico, onde
apontámos os aspectos relativos à perspectiva teórica de Matos, que guia o trabalho,
relacionando-a aos aspectos da teoria do texto e da produção textual.
Com base nisso, definimos o seguinte quadro conceptual como implicação teórica da nossa
temática: A Palavra, a Produção Textual, a Translineação, Norma e Desvio.
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(I). Conhecer os elementos que constituem a palavra e as regras sobre a translineação das
palavras;
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CAPÍTULO I – MARCO REFERENCIAL TEÓRICO
De acordo com Matos (2010:295), “O texto é uma ocorrência linguística, escrita ou falada
de qualquer extensão, dotada de unidade sociocomunicativa, semântica e formal”. Com
base nesta asserção teórica, percebemos que sendo o texto a materialização do discurso
oral, bem como do discurso escrito, ele constitui uma unidade de linguagem em uso,
apresentado de uma extensão curta ou longa, com um número variável de enunciados e
estes, por sua vez, constituídos por palavras.
Assim, um texto não pode existir se não houver elementos que liguem os vários
constituintes do mesmo. Além das frases e das palavras, esses elementos podem ser
principalmente, os recursos paralinguísticos, a entoação, pontuação e os conectores.
Em conformidade com o argumento anterior, Matos (2010:77) acrescenta que, “na escrita
utilizam-se sinais adicionais, notações lexicais como os acentos gráficos (agudo, grave e
circunflexo) e os diacríticos (til, trema, cedilha, hífen e apóstrofo), com a função de indicar
de forma aproximada a pronúncia de alguns sons”.
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A translineação constitui um dos aspectos integrantes no processo da escrita ou da
produção de texto e contribui, literalmente, para a clareza gráfica. E no subgrupo dos sinais
auxiliares da escrita, o hífen é um elemento obrigatório para o efeito da translineação,
durante a produção textual.
Durante a investigação, constatámos uma relação entre a perspectiva teórica acima citada
com a teoria da textualidade de Weinrich.
De acordo com Ceia (1995:37), “a textualidade aponta para a qualidade do que está
conforme o texto”. Esta acepção leva-nos a deduzir que a textualidade trata da natureza e
do significado do texto.
Azeredo et al, (2011:350) entendem também que “o texto não é um mero somatório de
palavras, pelo contrário, estas surgem inter-relacionadas em unidades maiores, com
sentido”.
Para Adam citado por Silva (2012:15-16), “O texto é o produto verbal em cuja análise se
pretende focalizar as propriedades do âmbito da sua organização”. Isto é, a nível da
ordenação das ideias e da configuração formal, entre outros aspectos relevantes.
Assim, Amor (2006:5) entende que, “Escrever é, tão só, dialogar e reescrever”. Com esta
asserção consideramos a produção textual como sendo um diálogo permanente que resulta
do exercício da escrita, sendo a escrita um modo de comunicação, como afirma a mesma
autora (2006:110).
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O exercício da escrita exige uma aprendizagem sistemática, tal como defende Fonseca
citado por Amor (2006:109), “cada vez menos se escreve e se lê, na nossa sociedade do
audiovisual e do imediato, [...]”. A este respeito, Amor alude o seguinte:
e, no entanto, a escola que, diariamente, se confronta com o problema, pelo menos de duas
formas; por um lado, é ela que, de modo mais directo, é responsabilizada pelo produto da
sua acção: o fracasso dos seus alunos no uso quotidiano da escrita; de outro ponto de vista,
é a escola que tem de estabelecer padrões, referenciais de desempenho objectiváveis em
metas de aprendizagem válidas e conduzir os alunos em função dessas metas. (Fonseca
apud Amor, 2006:109)
Com vista neste panorama teórico, pretende-se apresentar As estratégias didácticas para
resolução da translineação das palavras, por constituir também parte integrante da escrita
na produção de textos.
Amor (2006:113) diz que “por meio da escrita clarificam-se as intenções que a orientam;
reorganizam-se ideias e modos de expressão; compreende-se e se actua sobre o próprio
processo de criação; alargam-se necessidades, exigências, expectativas de leitura”.
Entre a prática da leitura e da escrita, o que se pode indicar é que se escreve menos e,
sobretudo, que há bloqueio na área da escrita tal como reconhece a mesma autora
(IBIDEM):
A este respeito, Bagno (2008:162) chama atenção àquilo que ele mesmo classifica por
paranóia ortográfica, que se baseia na preocupação do professor de Português, ao receber
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um texto produzido por um aluno, direccionar imediatamente toda sua atenção para a
localização e erradicação dos erros e do que está incorrecto.
Segundo este autor, isto demonstra uma atitude de pedagogia tradicional, quando o
professor se atém apenas numa preocupação quase exclusiva com a forma, pouco
importando o que haja ali de conteúdo. Conforme o autor, “é uma obsessão neurótica
esperar que todas as palavras tragam o acento gráfico, que todos os ç tenham sua cedilha,
que todos os J e G estejam nos lugares certos e assim por diante” (IBIDEM).
Sobre esta preocupação do autor, pensamos que o professor de Português não deve deixar
de relevar nos exercícios de produção textual, o conteúdo, a mensagem, a capacidade de
argumentação, a imaginação, em fim, a criatividade do aluno. Mas deve também avaliar
rigorosamente a correcção ortográfica.
De acordo com Estrela et al (IDEM), “escrever é uma técnica que evolui e se consolida
com a prática continuada”. Como se diz, de facto: aprendemos a falar, falando e a escrever,
escrevendo. E aprendemos a falar e a escrever, lendo e comunicando (IBIDEM).
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aquisição espontânea e natural. A escrita exige um trabalho planificado, o qual só se
desenvolve com a prática e com o conhecimento de técnicas.
Após relacionar as perspectivas teóricas, achámos conveniente, para este trabalho, utilizar
o entendimento teórico de texto segundo Matos, por este fundamentar a relação entre a
translineação como um dos processos da escrita e a produção de texto como parámetro da
realização linguística, relação esta de que resultam os desvios.
Duarte e Ferraz (1997:29) apud Azevedo (2010: 33) sublinham o facto de os objectivos da
escrita determinarem o formato da produção, pelo que o seu ensino jamais se esgota no
importante e indispensável conhecimento da caligrafia e da ortografia. Daí que escrever é
basicamente treinar competências (Azevedo, 2010:41-42).
A noção de grafia da palavra foi concebida a partir de Matos (2010) e de Cunha e Cintra
(2010).
Entende-se que para a manifestação escrita de uma língua, neste caso, do Português,
utiliza-se um conjunto de sinais gráficos designados letras, cujo conjunto ordenado
constitui o alfabeto.
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Como já referimos antes, estes autores afirmam que na escrita utilizam-se sinais adicionais,
como os acentos gráficos e os diacríticos com a função de indicar de forma aproximada a
pronúncia de alguns sons (IBIDEM).
Os sons da fala humana são representados na escrita por letras. Assim, segundo os autores
Pinto e Lopes (2005:36), existem duas classes de fonemas: vogais e consoantes.
Os sons vocálicos, designados por vogais, são representados graficamente por cinco letras:
a, e, i, o, u.
Para Pinto e Lopes (2005:36), “as vogais ou sons vocálicos são produzidos por uma
simples emissão de voz, não havendo na cavidade bucal nenhum obstáculo à passagem do
ar”, ao contrário do que acontece com as consoantes.
Por exemplo: bairro, riu, nações, pai, eu. aéreo, polícia, mágoa, mãe, põe, muito.
Nas sequências vocálicas, há também os tritongos que constituem uma estrutura formada
por três vogais na mesma sílaba. Como é o caso das palavras fiéis, quão, Paraguai.
Outro grupo de sequência vocálica é designado por hiato. Este consiste num encontro de
duas vogais que não formam ditongo, como afirmam os autores Estrela et al (2013:34 ),
por serem pronunciadas separadamente, pertencendo cada uma delas a uma sílaba diferente
de uma mesma palavra. É o que acontece com a sequência ai em país, ou ui em construir –
diferentes dos ditongos decrescentes em pais ou fortuito.
Portanto, tendo em conta a nossa temática, tanto os ditongos quanto os tritongos não são
separados a quando da divisão silábica das palavras. Ao contrário dos hiatos, que são
sempre separados, por pertencerem a sílabas diferentes na palavra.
A outra classe de fonema representada por letras são, paralém das vogais, as consoantes.
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Segundo Estrela (2013:34) “sons consonânticos constituem fonemas que não têm
sonoridade própria e que aparecem na sílaba junto a uma vogal.” Estas consoantes são
representadas na escrita pelas letras b, c, d, f, g, h, j, l, m, n, p, q, r, s, t, v, x, z.
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c) Há grupos consonantais que surgem no início dos vocábulos; são, por
isso, inseparáveis: pneu-mo-ni-a, psi-co-se, gno-mo.
Assim, tanto na Língua Portuguesa como em qualquer outra, os elementos principais que a
formam são os sons, e estes combinados de diversas maneiras, formam palavra.
Matos (2010:135) define a palavra como “uma unidade gráfica e fonológica, com
significado ou função gramatical que pertence a uma determinada classe”.
Freitas e Agostinho (2012:8) partilhando da mesma ideia, dizem que “cada palavra
apresenta um grupo de fonemas, ou mesmo um fonema que forma um sentido”.
Desta forma, considera-se sílaba como um conjunto de sons que constituem uma
determinada palavra, sendo a sua pronúncia emitida numa só voz.
Freitas e Agostinho (2012:9) reiteram que as sílabas, em Português, podem ser constituídas
por vogal (o-be-de-ci-a); por consoante mais vogal (la-var); por consoante mais vogal
mais consoante (mui-tas) e por vogal mais consoante (ob-ser-var). Esta demonstração
normativa leva-nos a concluir que as consoantes escritas isoladamente sem vogal ou
ditongo nunca formam sílaba.
Com base nesta descrição conceptual, reforçamos a ideia de que uma correcta identificação
das sílabas na palavra evita muitos erros ortográficos, por exemplo, na translineação.
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Ao introduzirmos a conceptualização da translineação, começámos por apresentar alguma
noção sobre a sintaxe do hífen.
Para Estrela et al (2013:41), “o Hífen (-) é um sinal que se usa para unir e para dividir”.
No primeiro caso, usa-se para ligar elementos de palavras compostas (couve-flor, guarda-
-marinha) ou derivadas por prefixação (ex-ministro, ex-director) e para unir pronomes
átonos a verbos (fi-lo, ofereceram-me, levá-la-ei).
Quando estamos a produzir um texto e não há espaço no final da linha para escrevermos
uma palavra toda, devemos recorrer a sua divisão em duas partes. Esta partição é sempre
indicada com hífen e obedece às regras de separação silábica que iremos mencionar. Para
exemplificar a nossa discussão, apresentamos o seguinte texto de Alencar citado por
Gregorim, (2003: s ∕ p):
todo aquele passado doloroso, de que mal começava a desprender-se, surgiu de novo ante
ela, como um espectro implacável. Curtiu novamente em uma hora que ali esteve imó-
vel todas as aflições e angústias, que havia sofrido durante dois anos. Esta fita escar-
late queimava-lhe os olhos e os dedos como uma lâmina em brasa, e ela não tinha forças
para retirar a vista e a mão das letras de ouro e púrpura, que entrelaçavam com o nome de
seu marido, o nome de outra mulher.
(José de Alencar)
Nesse texto, as palavras imóvel e escarlate apresentam divisão em duas partes cada, por
meio do hífen, por elas não caberem toda na mesma linha em que começaram a ser
escritas. A este processo de escrita, a norma atribui o nome de translineação.
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baixo; do latim – “trans,além de” + linea, “linha” + -ar. Assim, translinear é passar de uma
linha para outra, ficando parte da palavra no fim da linha de cima e o resto no início da
linha de baixo.
Para a mesma linha de pensamento, Borregana (2003:53) afirma que “a divisão silábica e a
partição da palavra de uma linha para outra se realiza atendendo à sua soletração e não aos
seus elementos constitutivos”. Assim, nas palavras subalimentar (sub+alimentar);
transatlântico (trans+atlântico); desatar (des+atar) a divisão silábica, bem como a
translineação fazem-se do seguinte modo: su-ba-li-men-tar; tran-sa-tlân-ti-co; de-sa-tar.
Nesta sequência, pretendemos reforçar na nossa pesquisa, a ideia de que o domínio das
regras de divisão silábica é importante para a translineação das palavras, ou seja, para
separar correctamente as palavras no final das linhas. Ora, deve ter-se particular atenção
que, a divisão silábica faz-se pela soletração, respeitando a noção intuitiva da sílaba, ao
passo que a translineação respeita geralmente a divisão silábica, mas obedece a regras
gráficas que, por vezes, não seguem a soletração (Prontuário da Língua Portuguesa ed,
2011:49). Por exemplo, palavras como água, anel, obra, teia, sua, não devem ser
translineadas.
Estes procedimentos de divisões aleatórias das palavras dificultam a leitura como também
confundem a semântica da palavra ou do enunciado. Como se pode observar na
translineação das palavras abaixo:
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a) couve-/-flor vs. couve / flor
No primeiro caso, a palavra que vem depois da forma verbal tem a classe morfológica de
pronome pessoal, cuja função sintáctica é de complemento directo, em consequência, está a
substituir um nome. Ao passo que sem a aplicação do hífen, o sentido da frase muda. A
palavra que se segue ao verbo apresenta diferente classe morfológica (artigo) e diferente
função sintáctica.
Santos e Filhos (2011:31) definem “norma-padrão como sendo o uso correcto da língua,
quer oral quer escrito”. De acordo com a realidade acima analisada, pensamos que o ensino
da norma, relativamente à ortografia (parte da gramática que trata da forma correcta de
escrever as palavras), deve ter mais preocupações didáctico-pedagógicas com esta temática
do nosso estudo.
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Acreditamos que a pouca exigência de regras, exercícios e divulgação de estratégias
didácticas acessíveis sejam um dos motivos do insucesso escolar que se verifica
actualmente na nossa sociedade académica. Contudo, é conveniente que o professor tenha
em atenção alguns factores facilitadores como: métodos educacionais, características
psicológicas dos educandos, suas condições sociais, entre outros aspectos.
1.4. Conceptualização de Norma e Desvio
Todo nosso comportamento social está regulado por normas a que devemos obedecer se
quisermos ser correctos. Paralelamente ao uso da língua, Mateus (2007:27) diz o seguinte:
Por norma (linguística), entende-se como a modalidade linguística escolhida por uma
sociedade enquanto modelo de comunicação. É um modelo que se concretiza na escrita e
na oralidade, sendo que na vertente escrita as regras são mais rígidas e determinadas, em
grande parte, pela tradição literária, como Mateus nos confirma (IDEM).
Portanto, a norma consiste num conjunto de regras, num código que nos ensina a falar e
escrever de forma ideal. “O emprego generalizado da língua, que constitui um registo mais
ou menos estável, designa-se norma ou mesmo língua padrão” (Azeredo et al, 2013:17).
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No entender de Móia (1995:40-41), “desvio linguístico - ou erro, se preferirmos, nada tem
a ver com alternativas fonéticas, lexicais ou sintácticas com justificação interna num
subsistema linguístico e adoptadas de modo permanente por uma comunidade linguística,
isto é, para a definição de uma variante».
Conforme o autor, estas realizações ou usos lexicais ou fonéticos que para nós configuram
um desvio têm de obedecer a seguintes condições:
O autor aponta que o desvio linguístico é normalmente fruto da falta de familiaridade com
os monumentos escritos da língua ou da ausência de um distanciamento em relação a ela
que permita a compreensão da sua orgânica e das imensas possibilidades que oferece.
Monteiro (1991:188) considera que “verifica-se na língua diversos tipos de desvios tais
como os desvios ocasionados pelo desconhecimento da norma ou por factores de ordem
psicosociobiológica, como o cansaço, a pressa e os lapsos de memória e os intencionais”.
Por exemplo: des /graça; nos /so; no /sso; ca/rro; passe /io; con- /struir; Ricar /do; a- / cção;
te- /us; contei- /lhe.
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Assim, desvio consiste nas construções agramaticais possíveis de se constatar numa dada
língua.
De acordo com Cintra e Cunha (2010: IDEM), “usa-se o termo desvio para substituir a
palavra “erro“ em virtude do seu sentido literal”. E com base nas dificuldades dos alunos,
conclui-se que, os desvios verificados nos textos ou nos exercícios desses alunos ocorrem
devido ao desconhecimento da norma, isto é, desvios não intencionais (às regras que se
empregam no uso da translineação das palavras).
Porém, como o objectivo da norma e do ensino é atingir o seu domínio através também da
escola, vamos por isso, apresentar no trabalho, propostas metodológicas para a resolução
destas dificuldades.
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CAPÍTULO II – MÉTODOS E MATERIAIS
O material para a realização deste estudo foi obtido na Escola do II ciclo do Ensino
Secundário, em Cacuaco, nº 4083, por meio de um inquérito por questionário dirigido aos
estudantes da 10ª classe, seguido de uma aula ministrada na mesma turma. Neste inquérito,
as informações foram colhidas por meio de um questionário estruturado com perguntas
claras e objectivas, por forma a garantir a uniformidade de entendimento dos inquiridos.
A turma, com a qual trabalhámos ao longo do ano lectivo de 2015 – 2016, estava
constituída por cinquenta e dois (52) alunos, sendo trinta e um (31) do sexo feminino e
vinte e um (21) do sexo masculino. E baseando-nos pela observância de princípios
deontológicos e éticos, solicitámos, para a elaboração do trabalho, uma carta à direcção da
Instituição, para a devida autorização para a recolha dos dados, na qual explicámos o
objectivo do trabalho, o grupo alvo (alunos da 10ª classe), e as técnicas a serem usadas
para tal recolha (cf. apêndice A).
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linha; alguns alunos dividiam os ditongos ou tritongos na separação das palavras,
figurando uma vogal no final ou no início de linha; muitos não duplicavam o hífen em
palavras justapostas ou ligadas aos pronomes átonos; outros apresentavam dificuldades na
divisão das consoantes iguais, dos dígrafos e dos hiatos. Identificámos também o
isolamento de grupos consonânticos, bem como consoante inicial sem o apoio de vogal;
encontrámos casos de separação de palavras monossilábicas; determinadas separações de
palavras eram feitas tendo em conta, apenas, a divisão silábica, isto é, pela soletração e não
obedecendo a regras gráficas que nem sempre seguem a soletração. E entre outros aspectos
que vamos abordar ao longo desta parte do trabalho.
Assim, almejamos, no final da análise dos dados, além das finalidades já apresentadas na
introdução do estudo, contribuir para a descrição das normas ortográficas do português,
através da análise de exercícios de palavras e textos escritos pelos estudantes.
A recolha de dados foi feita a partir de documentos, pois este permite-nos selecionar a
informação que estes contêm, classificando-a e atribuindo-lhe um formato adequado ao
tipo de indicador necessário (Bryman citado por Silvestre e Araújo 2012:143).
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Segundo Marconi & Lacatos (2003:174) “a característica da pesquisa documental é que a
fonte de coleta de dados está restrita a documentos escritos, constituindo o que se
denomina de fontes primárias. Estas podem ser feitas no momento em que o facto ou
fenômeno ocorre, ou depois”.
A observação foi também usada durante a recolha e tratamento dos dados, por possibilitar
os registos visuais do que ocorre em uma situação real de pesquisa. Na visão de Pineda et
al apud Alvarenga (2012:83), “a observação é um método, mas ao mesmo tempo é uma
técnica de coleta de dados. Como método indica como deve proceder no momento da
observação. E como técnica é a maneira prática da coleta de dados".
Assim, usámos o enfoque misto, porque além de mostrar o que se fala sobre um tema
(Pesquisa qualitativa), nele é também importante quantas vezes é usado o tema de forma
correcta (Pesquisa quantitativa), visando assim, identificar os factores que contribuem para
a ocorrência dos fenómenos ou variáveis que afectam o processo da investigação.
Deste modo, fizemos a comprovação dos dados com o material obtido, por meio do
paradigma multimodal. Comprovámo-los através da correcção das palavras e dos textos
escritos pelos alunos e com tabelas e gráficos de percentagens, a fim de identificarmos
como estes faziam a divisão ou a translineação das palavras durante a produção de textos.
Para a elaboração do trabalho, recorremos também aos outros tipos de pesquisa, como
propõe Severino (2007:122-123).
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Pesquisa bibliográfica – serve para a realização do enquadramento teórico. Este tipo de
pesquisa permitiu-nos a utilização de dados teóricos já trabalhados por outros
pesquisadores e devidamente registrados.
Em seguida, passámos para fase da recolha de dados durante o mês de Julho, no segundo
trimestre, no horário entre 13 às 17 horas do mesmo ano lectivo, no instituto acima citado.
O material de que nos servimos, obtivemo-lo por meio de dois inquéritos realizados num
período de duas semanas, nos tempos da disciplina de Português e ministrámos uma aula
nova de gramática aos mesmos alunos da 10ª classe.
Embora a translineação seja uma temática que vem sendo leccionada nas classes
elementares do primeiro ciclo, inquirimos os alunos da 10ª classe, primeiro, pelo facto de
terem sido nossos alunos nesse ano e o tema constar também como conteúdo de revisão no
programa da mesma classe. Segundo, pelo facto de os mesmos alunos demonstrarem falta
de domínio sobre o assunto no ciclo e na classe em que já se encontravam, visto que para o
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tal procedimento da translineação limitavam-se mais pela soletração e não obedeciam a
regras gráficas.
A primeira fase de inquérito foi realizada a 2 de Julho e a segunda fase foi a 9 de Julho do
mesmo ano.
Os inquéritos continham três tipos de questionário. Dois questionários que tinham a ver
com a separação das palavras na realização da translineação. O outro questionário era para
ditado de um texto, com vista a verificar também a translineação das palavras no mesmo
texto, caso o aluno tivesse de efectuar tal processo.
O procedimento para a separação das palavras nos dois primeiros inquéritos serviu para
verificar como os alunos fazem a divisão silábica das palavras. E aplicou-se o ditado no
terceiro inquérito pelo facto de ter sido um dos mecanismos que os professores
normalmente usam para os alunos adquirirem os conteúdos escolares.
Diante das dificuldades detectadas, ministrou-se uma aula de exploração gramatical no dia
6 de Julho de 2015, desde às 13 até 14 horas e 30 minutos, com o tema Divisão Silábica e
Translineação, “cf. apêndice C”.
O tema da aula gramatical é formulado em função das aulas de revisão que têm sido
ministradas regularmente no princípio de cada ano lectivo, isto é, na primeira quinzena do
primeiro trimestre, conforme consta nas dosificações ou programas anuais e nos próprios
planos quinzenais das 10ª e 11ª classes (Unidade sobre Fonética e Fonologia: a sílaba e a
palavra; acentuação gráfica das palavras), “vide anexo C”.
Nas fichas de inquérito pré-aula, isto é, inquéritos realizados antes da aula de exploração
gramatical, constam dois textos do tipo narrativo, e nas outras fichas constam apenas uma
série de palavras para a divisão silábica.
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O primeiro texto apresenta lacunas que os alunos tiveram que preencher com as palavras
entre parênteses, para completarem o sentido do texto. Para tal, os alunos tinham que
completar o texto, partindo as palavras indicadas entre parênteses como se estivessem a
mudar de linha. O segundo texto foi produzido por meio de um ditado dirigido pelo
professor. E nas outras fichas, como dissemos a priori, consta, apenas, um grupo de
palavras para o exercício de divisão silábica.
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b) Verificámos também a não separação de consoantes iguais;
Ex.: ca- /rro; no- /sso;
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Para melhor compreender, veja-se em apêndice B, Inquéritos 18, 17 e 20.
Conforme a perspectiva teórica que guia esta investigação, “o texto é uma ocorrência
linguística, escrita ou falada de qualquer extensão, dotada de unidade sociocomunicativa,
semântica e formal” (Matos, 2010:295) e, a translineação constitui um dos elementos desta
unidade formal. Pois, a formalidade tem a ver também com regras que regulam o uso
correcto da norma escrita da língua.
Por conseguinte, apresentamos abaixo, as tabelas que contêm o número de alunos que
fizeram o uso correcto e incorrecto da translineação e os resultados percentuais, como
demonstração do primeiro inquérito realizado, de modo a comprovar, medir e refinar os
dados recolhidos. Pois, conforme o relatório da pesquisa quantitativa, além das
interpretações e conclusões, deve-se mostrar, também tabelas percentuais e gráficos
(Fernandes, 1995:181). Quanto aos gráficos, apresentamos, apenas, dois como
demonstração, em função da primeira e última tabela, para não tornarmos muito extenso e
exaustivo este capítulo do trabalho.
34
Tabela 1 – Uso do hífen na translineação
Na segunda tabela, dos quarenta alunos inquiridos, vinte e dois apresentam desvios no uso
da sequência de consoantes iguais, que corresponde a uma percentagem de cinquenta e
cinco.
35
Nesta tabela figura 3, verifica-se que dos quarenta alunos avaliados, cometem desvios no
emprego dos ditongos e tritongos, vinte e um alunos, correspondentes a cinquenta e três
por cento.
A tabela 4 representa uma quantidade de vinte e quatro alunos que cometem desvios no
uso de grupos consonânticos que iniciam sílaba, correspondentes a sessenta por cento, a
partir dos quarenta alunos avaliados.
Conforme o quadro 5, dos quarenta alunos avaliados, identificam-se doze alunos que
apresentam falhas na translineação das palavras monossilábicas, que corresponde a trinta
por cento.
36
de formação
Uso Correcto 25 62
Uso Incorrecto 15 38
Na sexta tabela, dos quarenta alunos inquiridos, quinze estudantes apresentam desvios na
translineação das palavras escritas de acordo com seu processo de formação, que
corresponde a uma percentagem de trinta e oito.
No quadro 7, verificamos que dos quarenta alunos diagnosticados, catorze alunos tiveram
dificuldades no emprego de grupos consonânticos indivisíveis no interior da palavra,
correspondendo a trinta e cinco por cento.
37
Uso Correcto 17 42
Uso Incorrecto 23 58
Conforme a tabela 9, dos quarenta alunos avaliados, estão identificados vinte e três alunos
com dificuldades no uso de sequência consonantal, sendo cada consoante pertencente a
sílabas diferentes no interior da mesma palavra, e este número de alunos que cometem
desvios corresponde a cinquenta e oito por cento.
Hiatos Alunos %
Uso Correcto 14 35
Uso Incorrecto 26 65
Hiatos
Uso Correcto Uso incorrecto
35%
65%
No quadro 10, identificamos vinte e seis alunos com dificuldades no emprego de hiatos, na
aplicação da translineação das palavras, o que corresponde a sessenta e cinco por cento, em
torno dos quarenta alunos avaliados.
Com base nos problemas levantados nos inquéritos dos alunos da 10ª classe, procurámos
fazer as devidas correcções, observando ou destacando as falhas identificadas com as suas
devidas resoluções.
38
Em sequência do estudo, detectámos com ajuda do diagnóstico inicial que grande parte dos
alunos apresenta desvios. E para a análise e interpretação do estudo em causa, usámos as
palavras retiradas dos trabalhos dos alunos. Destacámos os desvios, na perspectiva dos
autores abaixo descritos, relacionando assim, com algumas abordagens teóricas do quadro
de conceitos da primeira parte desta monografia. A seguir, explicámos as razões por que
são considerados desvios ou incorrecções e apresentámos as soluções.
Esta investigação permitiu-nos notar que os alunos têm apresentado muitas dificuldades na
aplicação da translineação das palavras, durante a transcrição dos conteúdos curriculares,
causando, algumas vezes, dificuldades na compreensão do discurso escrito.
Na apresentação dos casos, as palavras que contêm asterisco apresentam desvio (*).
39
3. a) ⃰ passe- /io; ⃰ aére- /os; ⃰ parti- /u ⃰ te- /us;
Nestas palavras identificamos a separação de ditongos, tritongos. Segundo Cunha e Cintra
(2010:50), “não se separam vogais que formam ditongo na divisão silábica, assim como na
translineação”. Deste modo, os ditongos crescentes e decrescentes, bem como, os tritongos
constituem elementos inseparáveis (Seca, 2012:53). Nestas conformidades, o correcto
seria:
3. b) pas- /seio; aé- /reos; par- /tiu teus;
Igualmente, como analisado antes, os ditongos quer crescentes ou decrescentes; quer nasais
ou orais, não se separam na translineação, conforme a regra da silabação (Matos,
2010:120). Assim, tendo em conta as abordagens apresentadas, não ocorre separação nas
palavras acima:
5. b) teus; não
40
Verificámos na separação destas palavras tendo em conta seu processo de formação.
Segundo Borregana (2003:53), “a divisão das palavras em duas partes iguais em final de
linha não se faz de acordo com seu processo de formação [...]”, como se observa nas
palavras acima, ambas derivadas por prefixação, mas sim, a separação deve ser feita tendo
em conta os seus elementos constitutivos, isto, é sílaba por sílaba. Eis a correcção:
6. b) e-xal- /tar; su-bem- /pre-go;
41
10. a) ⃰ voo- /u; ⃰ saú- /de;
Nas presentes palavras, verificamos que não houve separação de letras vogais que formam
hiatos no processo da translineação. No dizer de Estrela (2013:44), “as vogais que formam
ditongo separam-se”. De igual modo, Seca (2012:54 e56), diz que “se separam as vogais
que não formam ditongo (os hiatos).” Porém o correcto é:
10. b) vo- /ou; sa- /ú-de.
A sala estava constituída por cinquenta e dois (52) alunos inscritos, sendo trinta e um (31)
do sexo feminino e vinte e um (21) do sexo masculino. Para este estudo, avaliámos
quarenta (40) alunos, vinte e seis (26) do sexo feminino e catorze (14) do sexo masculino,
o que significa que doze (12) não foram avaliados, por não se fazerem presentes até ao
último dia, incluindo 4 desistentes.
Dos quarenta (40) alunos avaliados no primeiro inquérito, vinte e sete (27) apresentaram
desvios e treze alunos (13) procederam a translineação correctamente, conforme ilustram
as figuras seguintes.
Translineação Alunos %
Uso Correcto 13 32
Uso Incorrecto 27 68
42
Aplicação da Translineação
Uso Correcto Uso incorrecto
33%
68%
Portanto, um dos contributos que se pode realçar neste trabalho, com relação ao domínio
da translineação, é a estratégia pedagógica que apresentámos na didáctica deste conteúdo:
entendemos que o tema da Translineação deve ser sempre antecipado por uma aula nova
ou diagnóstica sobre a Noção da Sílaba e da Palavra (constituição da sílaba, da palavra; a
divisão silábica) e em seguida, apresentar as regras da translineação das palavras. E para os
alunos provarem o domínio dos conteúdos transmitidos pelo professor, devem justificar
suas respostas no momento da consolidação ou dos exercícios de aplicação.
44
– A competência didáctica do próprio professor facilita a aprendizagem do uso deste
processo da escrita.
Vimos confirmar aqui as hipóteses, devido os vários exercícios apresentados por esses
alunos que podem ser consultados alguns deles em apêndices (B e D), ilustrações de
desvios por nós identificados nas fichas ou nos textos destes e as suas melhorias.
Porém, através destes indícios hipotéticos, achamos que os trabalhos curriculares não
incentivam muito à preocupação com a escrita neste âmbito, principalmente durante a
correcção dos exercícios escritos por parte dos docentes.
Em suma, estas asserções foram produzidas num total de dois inquéritos (sendo um pré-
aula e outro pós-aula), intercalados de uma aula de exploração gramatical. O inquérito pré-
aula levou-nos a detectar o problema de estudo; com a aula de exploração gramatical,
aplicámos a regra do assunto em abordagem e, por fim, o segundo inquérito pós-aula
serviu para avaliar a apreensão das normas exigidas no âmbito da translineação.
Ao aplicarmos o segundo diagnóstico, notámos que o número de alunos que apresentaram
desvios reduziu progressivamente, de vinte e sete (27) para sete (7) alunos, crescendo de
treze (13) para trinta e três (33) alunos que apresentaram enunciados aplicando
correctamente a translineação das palavras, como se pode ver no quadro abaixo:
Translineação Alunos %
Uso Correcto 33 82
Uso Incorrecto 7 18
45
Aplicação da Translineação
Uso Correcto Uso incorrecto
18%
83%
Hífen N. Alunos %
Uso Correcto 38 95
Uso Incorrecto 2 5
Hífen
Uso Correcto5% Uso incorrecto
95%
46
palavras, apenas dois alunos voltaram a cometer a mesma falha, o que corresponde a cinco
por cento, denotando certa melhoria neste aspecto.
Uso Correcto 35 87
Uso Incorrecto 5 13
A tabela 14 ilustra-nos que dos vinte e dois que antes cometeram desvios no uso da
sequência de consoantes iguais, apenas cinco persistiram no mesmo erro, correspondendo a
treze por centos, o que demonstra certa melhoria.
Uso Correcto 37 92
Uso Incorrecto 3 8
A tabela 15 ilustra-nos que dos vinte e um alunos que tinham cometido desvios no
emprego dos ditongos e tritongos, na aplicação do segundo inquérito, somente três alunos
foram reincidentes, correspondendo a oito por cento. Isto demonstra melhorias na
aprendizagem desta regra.
iniciam sílaba
Uso Correcto 38 95
Uso Incorrecto 2 5
47
Na tabela 16 verifica-se um número que decresce para dois alunos que voltam a cometer
desvios no uso de grupos consonânticos que iniciam sílaba, com relação ao quadro do
diagnóstico anterior que eram vinte e quatro alunos. Verificámos também melhorias neste
aspecto.
Uso Incorrecto 0 0
Uso Incorrecto 0 0
interior da palavra
Uso Correcto 33 90
48
Uso Incorrecto 7 10
O quadro 19 ilustra-nos que dos catorze alunos que tinham cometido desvios nos grupos
consonânticos indivisíveis no interior da palavra no processo da translineação, sete alunos
voltaram a cometer a mesma falha, que corresponde a dezoito por cento, e demonstra
melhoria no uso desta regra.
Uso Incorrecto 0 0
Neste quadro 20, verificámos melhorias na separação das palavras justapostas, pois os
alunos revelam o domínio da regra nas palavras que são escritas originalmente com hífen.
Notámos que nenhum aluno voltou a cometer falha.
palavra
Uso Correcto 39 90
Uso Incorrecto 1 10
49
No emprego de sequência consonantal, onde cada uma pertence à silaba diferente, no
interior da palavra, a figura 21 ilustra que dos vinte e três alunos que tinham cometido
desvios, apenas um voltou a cometer a mesma falha, no segundo inquérito, correspondendo
a dez por cento, denotando, assim, melhoria.
Hiatos Alunos %
Uso Correcto 37 92
Uso Incorrecto 3 8
Hiatos
Uso Correcto Uso incorrecto
8%
93%
A figura 22 ilustra que quanto ao uso de hiatos, dos vinte e seis alunos que tinham
cometido desvios no diagnóstico anterior, somente três voltaram a cometer o mesmo erro,
correspondendo a oito por cento, havendo também certa melhoria na aplicação desta regra.
Estes resultados implicam dizer que, ao procedermos do modo como fizemos, desde a
recolha de dados até ao tratamento dos mesmos, os métodos que utilizámos ajudaram na
detecção e solução dos problemas constatados.
50
Para tal, organizámos também as soluções num quadro simplificado sobre os princípios
gráficos que o processo da translineação deve obedecer, para facilitar a consulta dos alunos
e professores (cf. anexo B).
51
Esta dificuldade no uso da translineação, por parte de muitos estudantes, constitui uma
preocupação para a norma – escrita, pois os erros mais frequentes quando se corrigem
exercícios ou tarefas em sala de aulas, bem como as provas, são os da pontuação das
frases, da acentuação gráfica e da translineação das palavras. Factos semelhantes
verificam-se também em vários placares publicitários em algumas artérias de Luanda ou
até mesmo do país.
Percebe-se que tanto os estudantes como muitos profissionais estão mais preocupados com
a intenção comunicativa, cumprindo, apenas, o objectivo de escrever o que se pretende
informar, como que inocentes à norma da escrita, ou então, banalizam as gralhas que
cometem e que, de certa forma, causam ambiguidade na interpretação do leitor.
Porém, para a translineação correcta das palavras, achamos importante lembrar que a este
nível, o aluno tenha o domínio dos seguintes aspectos básicos:
Estas palavras, apesar de apresentarem prefixos na sua formação, a translineação deve ser
feita sílaba por sílaba.
Na divisão das palavras em duas partes em fim de linha, a parte da palavra que
antecede o hífen deve constituir sílaba, bem como a segunda parte da palavra que se
escreve depois do hífen, também deve constituir sílaba, por exemplo, pr- /oblemas;
52
problema- /s. Nestes casos, as consoantes separadas não constituem sílabas, apresentando,
deste modo, erro de translineação.
Quando se procede a partição da palavra de uma linha para outra, deve se ter em
conta a semântica e a pronúncia da palavra, por exemplo, pl- /aca. Neste caso, o grupo de
consoantes não representa som de uma sílada, devido à ausência de vogal.
A divisão da palavra sem o uso do hífen indica que as partes separadas não
constituem um todo da palavra, isto é, não são partes integrantes de uma única palavra, por
exemplo, des /graça; nos /so; cer /to; Ricar /do, couve /flor.
Não se deve isolar uma vogal da palavra, mesmo que esta constitua sílaba. Esta
deve ser transferida automaticamente para o início da linha seguinte, por exemplo, a-
/tleta; e- /xaltar; a- /gora; su- /a; lu- /a
53
É importante ter primeiro o domínio sobre a identificação correcta das sílabas que
constituem a palavra, para evitar erros ortográficos na translineação, isto é, deve-se estar
consciente se a sílaba da palavra está constituída por uma vogal, um ditongo, tritongo,
hiato, por consoante mais vogal ou por vogal mais consoante, etc.
54
Realizar exercícios de aplicação variados, acessíveis e adequados;
Ainda em conformidade com o tema do trabalho, se por exemplo, a aula for também “O
grau comparativo dos adjectivos”, uma forma de se aproximar dos objectivos resultará das
conclusões a que chegar o professor quando se questionar o que espera que os alunos
saibam sobre este tema, tendo em conta o conhecimento já adquirido anteriormente por
eles.
Com este questionamento, será necessário levar os alunos a reverem a noção que têm dos
adjectivos (seu papel funcional na frase) e compreenderem o modo de formação do grau
comparativo dos adjectivos.
Assim, em resultado destas considerações, o professor deve optar por uma aula combinada.
No âmbito das estratégias didáticas para o ensino de uma aula combinada, a formulação
dos objectivos comportamentais ou com significado mais restrito e operacional, isto é, os
objectivos específicos devem evidenciar comportamento claramente observável, por
exemplo, intervir voluntariamente no diálogo ou nas perguntas explorativas. Os objectivos
devem estar definidos em termos de comportamento do aluno, não do professor nem do
material. Devem ser unitários, i.e., evidenciar (cada um) apenas um comportamento, por
exemplo para o nosso tema de pesquisa, identificar os erros de translineação num texto.
55
métodos socrático, heurístico, indutivo-dedutivo e prático, para as diferentes fases
didácticas.
Deste modo, pensamos que as estratégias propostas ajudarão o professor a atingir os seus
objectivos para o melhoramento da escrita e a minimizar as dificuldades apresentadas pelos
alunos no início da actividade docente.
CONCLUSÃO
56
Com este estudo compreendemos que os desvios produzidos pelos alunos na partição das
palavras durante a produção textual, surgem como resultado da falta de domínio da
constituição da sílaba, da palavra, das regras da divisão silábica, bem como do
desconhecimento do valor semântico e morfossintáctico do hífen e também da falta de
rigor e exercitações do mesmo conteúdo.
57
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I-Apêndices
e
Anexos
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