2 Grupos Sociais
2 Grupos Sociais
2 Grupos Sociais
Ao longo de nossas vidas, fazemos parte dos mais diferentes grupos de pessoas, seja por escolha
própria, seja por circunstâncias que independem de nossa vontade. Assim, entramos e saímos de
vários grupos sociais, os quais certamente são importantes na conformação de nossa educação,
de nossos valores e visões de mundo. Na Sociologia, considera-se que os grupos sociais existem
quando em determinado conjunto de pessoas há relações estáveis, em razão de objetivos e
interesses comuns, assim como sentimentos de identidade grupal desenvolvidos através do
contato contínuo. Estabilidade nas relações interpessoais e sentimentos partilhados de pertença a
uma mesma unidade social são as condições suficientes. Além disso, é importante observar que
o grupo existe mesmo que não se esteja próximo dos componentes. Prova disso está no fato de
que, ao sairmos da última aula da semana, embora fiquemos longe daqueles que compõem
nossa sala, a classe por si só não se desfaz, ainda existindo enquanto grupo. Da mesma forma,
podemos pensar isso para nossas famílias, o que corrobora o fato de que o grupo é uma
realidade intermental, ou seja, mesmo que os indivíduos estejam longe, permanece o sentimento
de pertença dentro da consciência de cada um. Podemos ter grupos sociais como os de
participação e de não participação, isto é, aqueles que temos vínculo ou não. A pertença ou não
a determinado grupo será fundamental para determinar nosso comportamento em relação aos
outros (tomados como pares ou como diferentes), embora saibamos que se por um lado temos o
direito de nos identificar ou não com algum grupo, por outro devemos fugir do preconceito e
discriminação (em todos os aspectos possíveis) dos que estão em outros grupos. Além desses,
podemos ter outros grupos como os de referência (positiva ou negativa), normativos e
comparativos, todos servindo de norte ou parâmetro para nossas relações sociais. Nossos grupos
de referência positiva na maioria das vezes são os grupos dos quais participamos. No entanto,
podemos ter indivíduos que buscam aceitação em grupos que não pertencem, como adolescentes
que têm amizades com jovens de mais idade e passam a imitar o comportamento em um período
de crise de identidade e questionamentos tão comuns à adolescência. No caso da referência
negativa, o mesmo é válido. A família que deveria ser positiva se torna negativa para o
adolescente que deseja transgredir um conjunto de valores defendidos por sua família.
Ampliando essa classificação, podemos pensar tanto nos grupos informais como nos formais. É
possível dizer que os grupos informais são aqueles do qual que fazemos parte sem uma regra ou
norma, necessariamente, controlando o pertencimento. Somos pertencentes por vários fatores do
ponto de vista subjetivo, por motivos outros que podem não ser racionais ou por uma escolha
aleatória. Um bom exemplo são nossos grupos de amigos, como na escola, no trabalho, no
clube, no bairro em que moramos. Vejamos que, se por um lado podemos fazer parte de um
mesmo grupo que outro indivíduo apenas pelo fato de estudarmos na mesma escola, por outro
isso não significa que de fato todos os alunos sejam amigos. Os grupos informais também
podem ser entendidos como grupos primários, isto é, são pequenos e dizem respeito a relações
entre as pessoas dadas por semelhança e afinidade, sendo que o objetivo último da relação é ela
em si, e não um meio para se alcançar algo. Já os grupos formais são pautados pela alta
racionalidade, e o indivíduo que a ele pertence está pautado por leis, por regras, por uma
burocracia racional-legal, quando as relações sociais são mediadas por dispositivos contratuais,
como em uma empresa, por exemplo. Os grupos formais também podem ser tomados por
grupos secundários, pois são grandes e dizem respeito a relações entre pessoas por interesses em
comum, sendo o objetivo último da relação a interdependência. As relações não têm o mesmo
grau de permanência que nos grupos informais, já que as relações são apenas um meio para
atingir um objetivo em comum. Vale dizer que com o desenvolvimento do capitalismo enquanto
modo de produção ocorreu uma maior divisão do trabalho, tendo como consequência um
aumento dos grupos formais, dada a racionalização das relações humanas, pautadas
fundamentalmente pela interdependência dos indivíduos nesta lógica capitalista.
Paulo Silvino RibeiroColaborador Brasil Escola. Bacharel em Ciências Sociais pela UNICAMP - Mestre em Sociologia pela
UNESP Doutorando em Sociologia pela UNICAMP