Fernando Poltronieri Versao Revisada
Fernando Poltronieri Versao Revisada
Fernando Poltronieri Versao Revisada
Fernando Poltronieri
Piracicaba
2021
1
Fernando Poltronieri
Engenheiro Agrônomo
Orientador:
Prof. Dr. RICARDO VICTORIA FILHO
Piracicaba
2021
2
Poltronieri, Fernando
Residual de herbicidas aplicados no manejo outonal de Conyza spp. sobre a cultura
da soja e do milho / Fernando Poltronieri. - - versão revisada de acordo com a resolução
CoPGr 6018 de 2011. - - Piracicaba, 2021.
66 p.
DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTOS
À minha família, meus pais Arcélio Poltronieri e Terezinha Beatriz Poltronieri que
sempre me apoiaram durante o período de graduação e me incentivaram na busca pelo
crescimento pessoal e intelectual.
À Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiróz” (ESALQ), Universidade de São
Paulo (USP) e aos professores, técnicos e funcionários que me auxiliaram durante a pós-
graduação, na execução deste trabalho.
Aos membros do grupo de pesquisa e extensão PRO-HORT pelo apoio nas
atividades correspondentes a este trabalho.
Ao Prof. Dr. Ricardo Victoria Filho, pelas orientações e ensinamentos passados.
Ao Dr, Sidnei Douglas Cavalieri e a Dra. Fernanda Satie Ikeda pelas orientações e
pelos incentivos que me deram com relação a minha carreira acadêmica.
Aos pós-graduandos Luís Rodolfo Rodrigues e Beatriz Ribeiro da Cunha pela ajuda
na condução dos trabalhos.
À CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) pela
concessão da bolsa.
5
SUMÁRIO
RESUMO ................................................................................................................................... 6
ABSTRACT ............................................................................................................................... 7
1. RESIDUAL DE HERBICIDAS APLICADOS NO MANEJO OUTONAL DE Conyza
spp. SOBRE A CULTURA DA SOJA....................................................................................... 9
RESUMO ................................................................................................................................ 9
ABSTRACT ............................................................................................................................ 9
1.1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 10
1.2 MATERIAL E MÉTODOS ....................................................................................... 12
1.3 RESULTADOS E DISCUSSÕES ............................................................................. 15
1.4 CONCLUSÃO ........................................................................................................... 24
REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 24
2. RESIDUAI DE HERBICIDAS APLICADOS NO MANEJO OUTONAL DE Conyza
spp. SOBRE A CULTURA DO MILHO ................................................................................. 33
RESUMO .............................................................................................................................. 33
ABSTRACT .......................................................................................................................... 33
2.1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 34
2.2 MATERIAL E MÉTODOS ....................................................................................... 36
2.3 RESULTADOS E DISCUSSÕES ............................................................................. 40
2.4 CONCLUSÃO ........................................................................................................... 53
REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 53
6
RESUMO
ABSTRACT
Among the main problematic weeds in agricultural production systems in Brazil and
in the world, there are the species of horseweed (Conyza spp.), as a result of several reports of
biotypes with resistance to several herbicides of different mechanisms of action, in addition to
tolerate adverse climatic conditions and adapt to minimal cropping systems. In the Center-
South and South regions of the country, horseweed plants are able to develop in the off-
season period (July to October) and, at the time of pre-sowing desiccation of the subsequent
crop, they become a problem for the farmer, due to their efficiency. of some herbicides to be
dependent on plant density and developmental stage. One of the tools to manage horseweed
plants in the off-season is the use of herbicides with residual activity in the soil in autumn
management, however, some molecules are not selective for the cultivation of corn and
soybean. Thus, the objective was to evaluate the effect of residual herbicides applied in
autumn management of horseweed on soybean and corn crops in soils with contrasting
textures. Four trials were carried out, two in clayey soil and two in sandy loam soil, with a
randomized block design and four replications. For soybean crop, the treatments consisted of
the application of the herbicide amicarbazone (420 g ha-1), isoxaflutole (50 g ha-1),
metsulfuron-methyl (3.6 g ha-1), metribuzin (480 g ha-1) and a control (without herbicide
application) and, for the corn crop, the treatments consisted of the application of the herbicide
metsulfuron-methyl (3.6 g ha-1), metribuzin (480 g ha-1), diclosulam (33 g ha-1), chlorimuron-
ethyl (20 g ha-1), imazethapyr (100 g ha-1), flumioxazin (125 g ha-1) and a control (without
herbicide application). The sowing of the soybean cultivar Monsoy 5917 IPRO and the corn
hybrid cv. Syngenta Feroz Viptera® 3 occurred 90 days after the application of residual
herbicides. The herbicides caused mild symptoms of intoxication in soybean and corn crops in
the early phenological stages, with full recovery of plants throughout vegetative development,
with no effect on grain yield and other variables. For both crops, there was no interaction
between soil texture and the effect of residues of the tested herbicides, although the corn crop
has shown lower stand and greater intoxication when grown in soil with clayey texture and
lower ear insertion height, number of ear per plant, grains per row and greater mass of 100
grains when grown in soil with loam texture. sandy, regardless of the herbicide used. It is
concluded that an accumulated precipitation of 300 mm and an interval of 90 days of
application of amicarbazone, isoxaflutole, metsulfuron-methyl and metribuzin on soybean
crops and metsulfuron-methyl, metribuzin, diclosulam, chlorimuron-ethyl, imazethapyr,
flumioxazin on the corn crop, it only causes mild symptoms of intoxication, without
interfering with the grain yield. fleabane
RESUMO
Espécies de buva estão entre as principais plantas daninhas nos sistemas de produção
agrícola no Brasil e no mundo, em decorrência da seleção de muitos de seus biótipos
resistentes a vários herbicidas de diferentes mecanismos de ação, tolerarem condições
climáticas adversas e se adaptarem a sistemas de cultivo mínimo. Nas Regiões Centro Sul e
Sul do país, plantas de buva se desenvolvem no período de entressafra (Julho a Outubro) e, no
momento da dessecação de pré-semeadura da cultura subsequente, se tornam um problema
para o agricultor, devido à eficácia de alguns herbicidas ser dependente da densidade e do
estádio de desenvolvimento das plantas. Uma das ferramentas para manejar plantas de buva
no período de entressafra é a utilização de herbicidas com atividade residual no solo, contudo,
algumas moléculas não são seletivas à cultura da soja. Assim, objetivou-se avaliar o efeito de
herbicidas residuais aplicados no manejo outonal de buva sobre a cultura da soja em solos
com texturas contrastantes. Dois ensaios foram conduzidos, um em solo com textura argilosa
e outro em solo com textura franco-arenosa, com o delineamento em blocos casualizados e
quatro repetições. Os tratamentos constituíram-se da aplicação dos herbicidas amicarbazone
(420 g ha-1), isoxaflutole (50 g ha-1), metsulfurom-methyl (3,6 g ha-1), metribuzin (480 g ha-1)
e uma testemunha (sem aplicação de herbicida). A semeadura do cultivar de soja Monsoy
5917 IPRO ocorreu aos 90 dias após a aplicação dos herbicidas residuais. Os herbicidas
causaram sintomas muito leves de intoxicação na cultura da soja nos estádios fenológicos
iniciais, com total recuperação das plantas ao longo do desenvolvimento vegetativo, sem
efeito sobre o rendimento de grãos e demais variáveis. Não houve diferença entre as texturas
do solo. Conclui-se que com uma precipitação acumulada de 300 m e um intervalo de 90 dias
entre a aplicação de amicarbazone, isoxaflutole, metsulfurom-methyl e metribuzin e a
semeadura da cultura da soja causa apenas sintomas muito leves de intoxicação, sem interferir
no rendimento de grãos.
ABSTRACT
Horseweed species are among the main weeds in agricultural production systems in
Brazil and in the world, as a result of the selection of many of their biotypes resistant to
various herbicides with different mechanisms of action, tolerate adverse climatic conditions
and adapt to cropping systems Minimum. In the Center-South and South regions of the
country, horseweed plants develop in the off-season period (July to October) and, at the time
of pre-sowing desiccation of the subsequent crop, they become a problem for the farmer, due
to the effectiveness of some herbicides are dependent on plant density and developmental
stage. One of the tools to manage horseweed plants in the off-season is the use of herbicides
with residual activity in the soil, however, some molecules are not selective for the soybean
crop. Thus, the objective was to evaluate the effect of residual herbicides applied in autumn
management of horseweed on soybean crop in soils with contrasting textures. Two trials were
carried out, one in clayey textured soil and the other in sandy loam soil, with a randomized
block design and four replications. The treatments consisted of the application of the
herbicides amicarbazone (420 g ha-1), isoxaflutole (50 g ha-1), metsulfuron-methyl (3.6 g ha-
10
1
), metribuzin (480 g ha-1) and one witness (no herbicide application). Sowing of the soybean
cultivar Monsoy 5917 IPRO occurred 90 days after the application of residual herbicides. The
herbicides caused very mild symptoms of intoxication in soybean crop in the early
phenological stages, with full plant recovery throughout vegetative development, with no
effect on grain yield and other variables. There was no difference between soil textures. It is
concluded that with an accumulated precipitation of 300 m and an interval of 90 days between
the application of amicarbazone, isoxaflutole, metsulfuron-methyl and metribuzin and the
sowing of the soybean crop causes only very mild symptoms of intoxication, without
interfering with the grain yield.
1.1 INTRODUÇÃO
verão, as plantas encontram-se num tamanho maior que o ideal para um controle satisfatório
(CONSTANTIN et al., 2013).
Portanto, objetivou-se com este trabalho avaliar o residual de herbicidas aplicados no manejo
outonal de buva sobre a cultura da soja em solos com texturas contrastantes.
60 120
Temp. Méd. (°C)
Temp. Máx. (°C)
Temp. Min. (°C)
50 100
Precipitação (mm dia-1)
40 80
30 60
20 40
10 20
0 0
set out nov dez jan fev mar
Período
Figura 1.1: Temperatura média, máxima e mínima (°C) e pluviosidade ocorrida no período
entre 20/08/2019 a 10/03/2020. Fonte: Base de dados da Estação Meteorológica Automática -
LEB - ESALQ - USP - Piracicaba, São Paulo, Brasil.
dm-3; K (resina): 0,21 cmolc dm-3; P (resina): 7 mg dm-3; CTC: 4,71 cmolc dm-3; MO: 1,9 %, e
outro ensaio foi instalado em um solo com textura argilosa (Área II: areia: 42,6 %; silte: 4,7
%; argila: 52,7 %), com as seguintes características químicas na profundidade de 0 a 0,2 m:
pH em CaCl2: 5,7; Ca: 2,1 cmolc dm-3; Mg: 1,2 cmolc dm-3; Al: 0,0 cmolc dm-3; H+Al: 1,2
cmolc dm-3; K (resina): 0,33 cmolc dm-3; P (resina): 25 mg dm-3; CTC: 4,53 cmolc dm-3; MO:
1,6 %. As amostragens para caracterização física e química das áreas ocorreram em 15 de
agosto de 2019.
Quatro dias antes da instalação dos ensaios, as duas áreas foram roçadas a 0,1 m do
nível do solo e, em seguida, delimitou-se as unidades experimentais e, em 20 de agosto de
2019, foi realizada a aplicação dos tratamentos com auxílio de um pulverizador costal
pressurizado com CO2, munido de barra contendo seis pontas de pulverização do tipo leque
XR 110.02, com espaçamento entre bicos de 0,5 m, posicionadas a 0,5 m da superfície do
solo e o volume de aplicação foi de 200 L ha-1. Entre os dias 20 de agosto (aplicação dos
tratamentos) a 18 de novembro de 2019 (semeadura da cultura da soja), foram realizadas
aplicações do herbicida glyphosate (1.080 g e.a. ha-1) nas parcelas para o controle dos rebrotes
14
Aos quatorze dias após a semeadura (DAS) foi realizada a avaliação de estande, por
meio da contagem do número de plantas emergidas em duas linhas de dois metros cada,
totalizando quatro metros, na área útil da parcela. As avaliações de fitointoxicação foram
realizadas aos 14, 21, 28 e 35 dias após a semeadura (DAS), por meio de notas visuais de 0 a
100 %, onde 0 (zero) representou a ausência de injúrias e 100 (cem) a morte das plantas, de
acordo com a escala adaptada da SBCPD (Sociedade Brasileira da Ciência das Plantas
Daninhas – SBCPD, 1995), apresentada na Tabela 1.1.
Por ocasião da colheita, ocorrida em 10 de março de 2020 (114 DAS), foi realizado
novamente o levantamento do estande em duas linhas de dois metros cada, assim como a
mensuração da altura de dez plantas escolhidas aleatoriamente na área útil da parcela (nível
do solo até a inserção da última vagem) e, posteriormente, foram coletadas dez plantas por
parcela de forma aleatória para posterior avaliação do número de nós e de vagens por planta e
número de grãos por vagem. Para a estimativa da massa de 100 grãos e da produtividade,
foram colhidas todas as plantas presentes em 8 m de linha de semeadura na área útil da
parcela, tanto a produtividade quanto a massa de 100 grãos foram corrigidas para a umidade
de 13 %, conforme Regras para Análise de Sementes (BRASIL, 2009).
Os resultados de cada ensaio foram submetidos à análise de variância, pelo teste F (p <
0,05). Então, para as variáveis que a diferença dos quadrados médios dos resíduos dos ensaios
foi menor que sete, foi realizada a análise conjunta dos ensaios, conforme Pimentel-Gomes &
Garcia (2002). Quando os fatores foram significativos, as médias foram comparadas pelo teste
de Tukey (1949) (p < 0,05). As nédias contidas nas tabelas referem-se aos dados originais,
sendo os dados transformados, quando necessário, somente utilizados para realização da
15
Tabela 1.1: Escala de notas utilizada para avaliação visual de fitotoxicidade de herbicidas com
atividade residual aplicados no manejo outonal de Conyza spp. (buva) sobre a cultura da soja.
Adaptada de SBCPD (1995).
Nota
Conceito Observação
(%)
Sintomas fracos ou pouco evidentes. Nota zero quando não se observam
Muito leve 0-5
quaisquer alterações na cultura.
Leve 6 - 10 Sintomas nítidos de baixa intensidade.
Moderada 11 - 20 Sintomas nítidos mais intensos que na classe anterior.
Aceitável 21 - 35 Sintomas pronunciados, porém, totalmente tolerados pela cultura.
Sintomas mais drásticos que na categoria anterior, mas ainda passíveis de
Preocupante 36 - 45
recuperação, e sem expectativas de redução no rendimento econômico.
Alta 46 - 60 Danos irreversíveis com previsão de redução no rendimento econômico.
Danos irreversíveis muito severos com previsão de redução drástica no
Muito alta 61 - 100
rendimento econômico. Nota 100 para morte de toda a planta.
Aos 14 dias após a semeadura (DAS) não foi constatado efeito do residual dos
herbicidas sobre o estande da cultura da soja, tendo, como média geral, 12,69 plantas m-1, o
que totalizou 282 mil plantas ha-1 (Tabela 1.2). Essa população de plantas está dentro da faixa
recomendada para o cultivar Monsoy 5917 IPRO (MONSOY, 2020) para a região de
Piracicaba-SP. Com relação às avaliações de fitotoxicidade, constatou-se, nas duas primeiras
avaliações, realizadas aos 14 e 21 DAS, leves injúrias nas plantas sob exposição aos
herbicidas, sendo, ainda mais leves, com total recuperação das plantas, nas duas avaliações
seguintes, realizadas aos 28 e 35 DAS (Tabela 1.2).
evoluir para o centro do limbo foliar (UC IPM, 2020a). Nesse caso, tanto para o amicarbazone
quanto para o metribuzin, os sintomas apresentados pelas plantas de soja que receberam esses
tratamentos foram muito leves, em que algumas poucas plantas apresentaram folhas com leve
clorose, sem, no entanto, resultar em necrose.
Tabela 1.2: Estande (plantas m-1) aos 14 dias após a semeadura (DAS) e intoxicação de
plantas de soja cv. Monsoy 5917 IPRO aos 14, 21, 28 e 35 DAS, semeada aos 90 dias
(entressafra) da aplicação de herbicidas com atividade residual no manejo outonal de Conyza
spp. (buva). Piracicaba-SP, 2020.
Intoxicação
Estande - 14 DAS
Herbicida
(plantas m-1)
14 DAS 21 DAS 28 DAS 35 DAS
DAS: dias após semeadura; CV: coeficiente de variação; ns não significativo pelo teste F (p > 0,05). Os dados de
estande e de intoxicação (14, 21, 28 e 35 DAS) foram transformados pela função √x.
e a precipitação pluvial (RICE et al., 2004; STENRØD et al., 2006; BENDING &
RODRIGUEZ-CRUZ, 2007).
Tabela 1.3: Estande (plantas m-1), altura de plantas (m) e número de nós por planta na
colheita, número de vagens por planta, número de grãos por vagem, massa de 100 grãos (g) e
rendimento de soja cv. Monsoy 5917 IPRO (kg ha-1), semeada aos 90 dias (entressafra) da
aplicação de herbicidas com atividade residual no manejo outonal de Conyza spp. (buva).
Piracicaba-SP, 2020.
Estande Massa de
Altura Nós Vagens Grãos Rendimento
Herbicida colheita 100 grãos
(m) planta-1 planta-1 vagem-1 (kg ha-1)
(plantas m-1) (g)
3 x 10-6 Pa (25 °C) e fotodegradação (no solo, tempo de meia vida (T1/2) = 54 dias) não são
tão significativas para o amicarbazone, além do pH não influenciar no seu estado de ionização
(pKa zero) (RODRIGUES & ALMEIDA, 2018).
No solo, o teor de matéria orgânica e o pH da solução são os dois principais fatores que
influenciam na dinâmica do metsulfurom-methyl (TAHIR et al., 2008; WANG et al., 2009).
20
O pH da solução influencia em seu estado de ionização, tendo, como resultado efeito direto
sobre a sua sorção, degradação e seu tempo de meia-vida (T1/2) (BROWN, 1990; PONS &
BARRIUSO, 1998; WANG et al., 2001; SARMAH & SABADIE, 2002). Por ser um ácido
fraco (pKa 3,75 a 25 °C) (RODRIGUES & ALMEIDA, 2018), em solos com valores de pH
maiores que seu pKa, onde se enquadram quase a totalidade dos solos agrícolas do Brasil, a
forma aniônica prevalece nesses solos. Tal forma do herbicida é considerada menos suscetível
a sofrer hidrólise e com maior potencial de persistência no solo do que a forma molecular
(WANG et al., 2009). Sua sorção no solo aumenta com o aumento do teor de matéria orgânica
(WALKER et al., 1989; GUERRA et al., 2020), devido à forte interação desse herbicida com
o colóide (ABDULLAH et al., 2001; SINGH & SINGH, 2012; AZCARATE et al., 2015;
DUTTA et al., 2015). Assim, em condições de alta umidade e baixa quantidade de matéria
orgânica, o metsulfurom-methyl tende a ficar na solução do solo do que sorvido nos colóides
(PONS & BARRIUSO, 1998), ficando predisposto a sofrer lixiviação (solubilidade em água
de 270 mg L-1) (BEYER et al., 1988) (SARMAH et al., 2000; HOLLAWAY et al., 2006;
WANG et al, 2009; DELGADO-MORENO et al., 2007) ou ser degradado por atividade
microbiana ou hidrólise (PONS & BARRIUSO, 1998; KAH & BROWN, 2007), diminuindo,
assim, o risco de causar intoxicação nas culturas implantadas em sucessão ou rotação.
entre as duas regiões quanto ao teor de matéria orgânica, pH do solo e a precipitação ocorrida
durante a condução dos ensaios.
isoxaflutole em solo com 22 g dm-3 de matéria orgânica comparado a um solo com 36 g dm-3
de matéria orgânica. Contudo, o potencial de lixiviação desse herbicida, no perfil do solo,
independe da dose aplicada (INOUE et al., 2007).
O metribuzin também é altamente solúvel em água (1.050 mg L-1) (KJÆR et al., 2005;
MALOSCHIK et al., 2007). No solo, a degradação química e a degradação microbiana são os
dois processos mais importantes na sua dissipação, sendo, a degradação microbiana o
processo mais importante (MAQUEDA et al., 2009). Possui maior afinidade pela matéria
orgânica em relação à argila. Com isso, sua sorção no solo aumenta e sua lixiviação diminui
com o aumento do teor de matéria orgânica, pois apresenta um valor de Kow de 44,7 e um
Koc médio de 60 mL g-1 (RODRIGUES & ALMEIDA, 2018). Assim, por apresentar
características físico-químicas que facilitam a sua degradação e/ou lixiviação no perfil do
solo, além da tolerância do cultivar Monsoy 5917 IPRO, o metribuzin causou baixa
intoxicação à cultura da soja após 90 dias de sua aplicação.
1.4 CONCLUSÃO
Não há efeito da textura do solo sobre os resíduos dos herbicidas residuais utilizados no
manejo outonal de buva.
REFERÊNCIAS
BELTRAN, E.; FENET, H.; COOPER, J. F.; COSTE, C. M. Fate of isoxaflutole in soil under
controlled conditions. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 51, p. 146-151,
2003.
BELTRAN, E.; FENET, H.; COOPER, J. F.; COSTE, C. M. Kinetics of chemical degradation
of isoxaflutole: influence of the nature of aqueous buffers (alkanoic acid/sodium salt vs
phosphate). Pest Management Science, v. 57, p. 366-371, 2001.
BLAIR, A. M.; MARTIN, T. D. A review of the activity, fate and mode of action of
sulfonylurea herbicides. Pesticide Science, v. 22, p. 195–218, 1988.
BLAINSKI, E.; CONSTANTIN, J.; OLIVEIRA JR., R. S.; BIFFE, D. F.; RAIMONDI, M.
A.; BUCKER, E. G.; GHENO, E., Eficácia de alternativas herbicidas para o controle de buva
(Conyza bonariensis). In: Resumos do 5o Congresso Brasileiro de Soja. Goiânia, GO:
FUNEP, p. 54, 2009.
BOSCHIN, G.; AGOSTINA, A. D.; ARNOLDI, A.; MAROTTA, E.; ZANARDINI, E.;
NEGRI, M.; VALLE, A.; SORLINI, C. Biodegradation of chlorsulfuron and metsulfuron-
methyl by Aspergillus niger in laboratory conditions. Journal of Environmental Science
and Health, v. 38, p. 737–746, 2003.
BROWN, H. M. Modes of action, crop selectivity, and soil relations of the sulfonylurea
herbicides. Pesticide Science, v. 29, p. :263–281, 1990.
CAVENAGHI, A. L.; ROSSI, C. V. S.; NEGRISOLI E.; COSTA, E. A. D.; VELINI, E. D.;
TOLEDO, R. E. B. Dinâmica do herbicida amicarbazona (dinamic) aplicado sobre palha de
cana-de-açúcar (Saccarum officinarum). Planta Daninha, v. 25, p. 831-837, 2007.
CONSTANTIN, J.; OLIVEIRA JR., R. S. de.; OLIVEIRA NETO, A. M. de; BLAINSKI, E.;
GUERRA, N. Manejo da buva na entressafra. In: CONSTANTIN, J.; OLIVEIRA JR.; R. S.
de. NETO, A. M. de O. Buva: fundamentos e recomendações para manejo. Curitiba, PR:
Omnipax, 2013.
DAN HESS, F., Mode of action of photosynthesis inhibitors. In: PURDUE UNIVERSITY,
Herbicide Action Course. West Lafayette, EUA: CRC Press, p. 85-102, 1994.
DURNER, J.; GAILUS, V.; BÖGER, P. New aspects on inhibition of plant acetolactate
synthase depend on flavin adenine dinucleotide. Plant Physiology, v. 95, p. 1144-1149, 1991.
DUTTA, A.; MANDAL, A.; MANNA, S.; SINGHS. B.; BERNS, A. E.; SINGH, N. Effect of
organic carbon chemistry on sorption of atrazine and metsulfuron-methyl as determined by
13C-NMR and IR spectroscopy. Environmental Monitoring and Assessment, v. 187, p. 1-
12, 2015.
FRANS, R., CROWLEY, H. Experimental design and techniques for measuring and
analyzing plant responses to weed control practices. In: southern weed science society.
Research Methods in Weed Science. v.3, p.29- 45, 1986.
GUO, T.; ZHANG, G.; ZHOU, M.; WU, F.; CHEN, J. Effects of aluminium and cadmium
toxicity on growth and antioxidant enzymes activities of two barley genotypes with different
Al resistance. Plant Soil, v. 258, p. 241 248, 2004.
GUERRA, N.; OLIVEIRA NETO, A. M. DE.; SCHMITT, J.; CARNEIRO, A. L.; KOPKO,
L B.; JOCHEM, W. Intervalo entre a aplicação de metsulfuron-methyl e semeadura da soja
em diferentes ambientes de produção. Revista Ciência Agronômica., v. 51, 2020.
HEAP I. Herbicide Resistant Horseweed Globally (Conyza canadensis). Disponível em: <
http://www.weedscience.org/Summary/Species.aspx>. Acesso em: 18 Nov. 2020b.
HE, Y. H.; SHEN, D. S.; FANG, C. R.; ZHU, Y. M. Rapid biodegradation of metsulfuron-
methyl by a soil fungus in pure cultures and soil. World Journal of Microbiology and
Biotechnology, v. 22, p. 1095–1104, 2006.
KAH, M.; BROWN. C. D. Changes in pesticide adsorption with time at high soil to solution
ratios. Chemosphere, v. 68, p. 1335–1343, 2007.
KJÆR, J.; OLSEN, P.; HENRIKSEN, J.; ULLUM, M. Leaching of metribuzim metabolites
and the associated contamination of a sandy Danish aquifer. Environmental Science &
Technology, v. 39, p. 8374– 8381, 2005.
MALOSCHIK, E.; ERNST, A.; HEGEDUSS, G.; DARVAS, B.; SZEKACS, A. Monitoring
water-polluting pesticides in Hungary. Microchemical Journal, v. 85, p. 88–97, 2007.
MITRA, S.; BHOWMIK, P. C.; XING, B. Sorption and desorption of the diketonitrile
metabolite of isoxaflutole in soils. Environmental Pollution, v. 108, p. 183-190, 2000.
MONQUERO, P. A.; BINHA, D. P.; AMARAL, L. R.; SILVA, P. V.; SILVA, A. C.;
INACIO, E. M. Lixiviação de clomazone + ametryn, diuron + hexazinone e isoxaflutole em
dois tipos de solo. Planta Daninha, v. 26, p. 685-691, 2008.
MONQUERO, P. A.; SILVA, A. C.; BINHA, D. P.; AMARAL, L. R.; SILVA, P. V.;
INACIO, E. M. Mobilidade e persistência de herbicidas aplicados em pré-emergência em
diferentes solos. Planta Daninha, v.26, p.411-417, 2008.
29
NEGRISOLI, E.; ROSSI, C. V. S.; VELINI, E. D.; CAVENAGHI, A. L.I; COSTA, E. A. D.;
TOLEDO, R. E.B. Controle de plantas daninhas pelo amicarbazona aplicado na presença de
palha de cana-de-açúcar. Planta Daninha, v. 25, p. 603-611, 2007.
OLIVEIRA JR., R. S.; MARCHIORI JR., O.; CONSTANTIN, J.; INOUE, M. H. Influência
do período de restrição hídrica na atividade residual de isoxaflutole no solo. Planta Daninha,
v. 24, p. 733-740, 2006.
OLIVEIRA NETO, A. M. DE. Manejo outonal de Conyza spp. baseado em glifosato + 2,4-
D, MSMA e amônio-glufosinato aplicados isoladamente ou em mistura com herbicidas
residuais. 2011. Dissertação de Mestrado. Universidade Estadual de Maringá, Maringá, PR.
2011.
OLIVEIRA JR. R. S.; KOSKINEN, W. C.; FERREIRA, F. A. Sorption and leaching potential
of herbicides on Brazilian soils. Weed Research, v. 41, p. 97–110, 2001.
PALLETT, K. E.; CRAMP, S. M.; LITTLE, J. P.; VEERASEKARAN, P.; CRUDACE A. J.;
SLATER, A. E. Isoxaflutole: the background to its discovery and the basis of its herbicidal
properties. Pest Management Science, v. 57, p. 133-142, 2001.
PALLETT, K. E.; CRAMP, S. M.; LITTLE, J. P.; VEERASEKARAN, P.; CRUDACE A. J.;
SLATER, A. E. Isoxaflutole: the background to its discovery and the basis of its herbicidal
properties. Pest Management Science, v. 57, p. 133-142, 2001.
POSSAMAI, A. C. S.; INOUE, N. H.; MENDES, K. F.; SANTANA, D. C. DE. BEN, R.;
SANTOS, E. G. DOS. Potencial de lixiviação e efeito residual de amicarbazona em solos de
texturas contrastantes. Semina: Ciências Agrárias, v. 34, p. 2203-2210, 2013.
ROUCHAUD, J.; NEUS, O.; CALLENS, D.; BULCKE, R. Isoxaflutole herbicide soil
persistence and mobility in summer corn and winter wheat crops. Bulletin of Environmental
Contamination and Toxicology, v. 60, p. 577- 584, 1998.
ROBERTS, T. R.; HUTSON, D. H.; LEE, P. W.; NICHOLLS, P. H.; PLIMMER, J. R.; EDS.
Metabolic Pathways of Agrochemicals. The Royal Society of Chemistry: Cambridge, p
379-381, 1998.
ROSSI, C. V. S.; VELINI, E. D.; LUCHINI, L. C.; NEGRISOLI, E.; CORREA, M. R.;
PIVETTA, J. P.; COSTA, A. G. F.; SILVA, F. M. L. Dinâmica do herbicida metribuzin
aplicado sobre palha de cana-de-açúcar (Saccarum officinarum). Planta Daninha, v. 31, p.
223-230, 2013.
SCHLOSS, J. V., Acetolactate synthase, mechanism of action and its herbicide binding site.
Pesticide Science, v. 29, p. 283-292, 1990.
SI, Y.; WANG, S.; ZHOU, J.; HUA, R.; ZHOU, D. Leaching and degradation of
ethametsulfuron-methyl in soil. Chemosphere, v. 60, p. 601–609, 2005.
STIDHAM, M. A. Herbicides that inhibit acetohydroxyacid synthase. Weed Science, |V. 39,
p. 428, 1991.
TAHIR, N.M.; HUI, T. J.; ARIFFIN, M. M.; SURATMAN, S.; KHOON, T. S. Adsorption of
chlorimuron–ethyl and metsulfuron–methyl on selected Selangor agricultural soils. The
Malaysian Journal of Analytical Sciences, v. 2, p. 341–347, 2008.
TAYLOR-LOVELL, S.; SIMS, G. K.; WAX, L. M.; HASSETT, J. J. Hydrolysis and soil
adsorption of the labile herbicide isoxaflutole. Environmental Science & Technology, v. 34,
p. 3186-3190, 2000.
TUTIA, M. D.; DASB, T. K.; SAIRAMC, R. K.; ANNAPURNAD, K.; SING, S. B. Effect of
sequential application of metribuzin on selectivity and weed control in soybean.
International Journal of Pest Management, v. 61, p. 17-25, 2015.
WANG, H. Z.; GAN, J.; ZHANG, J. B.; XU, J. M.; YATES, S. R.; WU, J. J.; YE, Q. F.
Kinetic distribution of 14C-metsulfuron-methyl residues in paddy soils under different
moisture conditions. Journal of Environmental Quality, v. 38, p. 164–170, 2009.
YU, Y. L.; X. WANG, Y. M.; LUO, J. F.; YANG, YU, J. Q.; FAN, D. F. Fungal degradation
of metsulfuron-methyl in pure cultures and soil. Chemosphere, v. 60, p. 460–466, 2005.
ZANARDINI, E.; ARNOLDI, A.; BOSCHIN, G.; D’AGOSTINA, A.; NEGRI, M.;
SORLINI, C. Degradation pathways of chlorsulfuron and metsulfuron-methyl by a
Pseudomonas fluorescens strain. Annals of Microbiology, v. 52, p. 25–37, 2002.
RESUMO
As espécies de buva (Conyza spp.) estão entre as principais plantas daninhas nos
sistemas de produção agrícola no Brasil e no mundo, em decorrência de diversos relatos de
biótipos com resistência a vários herbicidas de diferentes mecanismos de ação, além de
tolerarem condições climáticas adversas e se adaptarem a sistemas de cultivo mínimo. Nas
Regiões Centro-Sul e Sul do país, plantas de buva conseguem se desenvolver no período de
entressafra (Julho a Outubro) e, no momento de dessecação em pré-semeadura da cultura
subsequente, se tornam um problema para o agricultor, devido à eficácia de alguns herbicidas
ser dependente da densidade e do estádio de desenvolvimento das plantas. Uma das
ferramentas para manejar plantas de buva no período de entressafra é a utilização de
herbicidas com atividade residual no solo no manejo outonal, contudo, algumas moléculas
não são seletivas para a cultura do milho. Assim, objetivou-se avaliar o efeito de herbicidas
residuais aplicados no manejo outonal de buva sobre a cultura do milho em solos com
texturas contrastantes. Foram conduzidos dois ensaios, um em solo com textura argilosa e
outro em solo com textura franco-arenosa, ambos com o delineamento em blocos
casualizados e quatro repetições. Os tratamentos constituíram-se da aplicação do herbicida
metsulfurom-methyl (3,6 g ha-1), metribuzin (480 g ha-1), diclosulam (33 g ha-1), chlorimuron-
ethyl (20 g ha-1), imazethapyr (100 g ha-1), flumioxazin (125 g ha-1) e uma testemunha (sem
aplicação de herbicida). A semeadura do milho ocorreu aos 90 dias após a aplicação dos
herbicidas residuais. Os herbicidas avaliados causaram sintomas leves de intoxicação na
cultura do milho nos estádios fenológicos iniciais, com total recuperação das plantas ao longo
do desenvolvimento vegetativo, sem efeito sobre o rendimento de grãos. Não houve interação
entre a textura do solo e o efeito de resíduos dos herbicidas avaliados, embora a cultura tenha
apresentado menor estande e maior intoxicação quando cultivada em solo com textura
argilosa e menor altura de inserção da espiga, número de espiga por planta, grãos por fileira e
e maior massa de 100 grãos quando cultivada em solo com textura franco-arenosa,
independentemente do herbicida utilizado. Conclui-se que com uma precipitação acumulada
de 300 mm e um intervalo de 90 dias da aplicação de metsulfurom-methyl, metribuzin,
diclosulam, chlorimuron-ethyl, imazethapyr e flumioxazin e a semeadura da cultura do milho
causa apenas sintomas leves de intoxicação, sem interferir no rendimento de grãos.
ABSTRACT
Horseweed species (Conyza spp.) are among the main weeds in agricultural
production systems in Brazil and in the world, as a result of several reports of biotypes with
resistance to several herbicides of different mechanisms of action, in addition to tolerating
adverse climatic conditions and adapt to minimal cropping systems. In the Center-South and
South regions of the country, horseweed plants are able to develop in the off-season period
(July to October) and, at the time of desiccation in pre-sowing of the subsequent crop, they
become a problem for the farmer, due to their efficiency. of some herbicides to be dependent
on plant density and developmental stage. One of the tools to manage horseweed plants in the
off-season is the use of herbicides with residual activity in the soil in autumn management,
however, some molecules are not selective for the corn crop. Thus, the objective was to
evaluate the effect of residual herbicides applied in autumn management of horseweed on
34
corn crop in soils with contrasting textures.Two trials were conducted, one in clayey textured
soil and the other in sandy loam soil, both with a randomized block design and four
replications. The treatments consisted of the application of the herbicide metsulfuron-methyl
(3.6 g ha-1), metribuzin (480 g ha-1), diclosulam (33 g ha-1), chlorimuron-ethyl (20 g ha-1),
imazethapyr (100 g ha-1), flumioxazin (125 g ha-1) and a control (without herbicide
application). Corn sowing took place 90 days after the application of residual herbicides. The
evaluated herbicides caused mild symptoms of poisoning in the corn crop in the initial
phenological stages, with full recovery of the plants throughout vegetative development, with
no effect on grain yield. There was no interaction between soil texture and the effect of
residues of the evaluated herbicides, although the crop has shown lower stand and greater
intoxication when grown in soil with clayey texture and lower ear insertion height, number of
ear per plant, grains per row and greater mass of 100 grains when grown in soil with sandy
loam texture, regardless of the herbicide used. It is concluded that with an accumulated
precipitation of 300 mm and an interval of 90 days of application of metsulfuron-methyl,
metribuzin, diclosulam, chlorimuron-ethyl, imazethapyr and flumioxazin and the sowing of
corn crop causes only mild symptoms of intoxication, without interfere with grain yield.
2.1 INTRODUÇÃO
Nas Regiões Centro-Sul e Sul do país, por apresentarem temperaturas mais amenas e
ocorrerem precipitações no período de entressafra (Julho a Outubro), as plantas de buva, por
requererem temperaturas mais baixas para germinar e tolerarem baixa disponibilidade de
água, germinam e se desenvolvem nesse período e, no momento de dessecação de pré-
semeadura da cultura de verão, as plantas estão, geralmente, com um tamanho maior que o
ideal para se ter um controle satisfatório, ou seja, maiores que 20 cm (CONSTANTIN et al.,
2013).
O metribuzin pertence ao grupo químico das triazinonas (HRAC, 2020) e tem como
mecanismo de ação a inibição do transporte de elétrons no fotossistema II (BALKE,1985),
que, ao atingir o seu sítio de ação, paralisa a fixação de CO2 e a produção de ATP e NADPH2.
Contudo, a morte das plantas ocorre, principalmente, pelo processo de peroxidação de
lipídeos, em decorrência do excesso de clorofila triplet e a formação de espécies reativas de
oxigênio (DAN HESS, 1994).
crescimento, porém a morte da planta ocorre somente após a emergência, pois necessita da luz
para exercer seu efeito herbicida (HESS, 1993; LEE & DUKE, 1994; LABONNE & CAPOU,
1998; BHOWMIK, 2000).
60 120
Temp. Méd. (°C)
Temp. Máx. (°C)
50 Temp. Min. (°C) 100
Precipitação (mm dia-1)
30 60
20 40
10 20
0 0
set out nov dez jan fev mar
Período
Figura 2,1: Temperatura média, máxima e mínima (°C) e pluviosidade ocorrida no período
entre 20/08/2019 a 10/03/2020. Fonte: Base de dados da Estação Meteorológica Automática -
LEB - ESALQ - USP - Piracicaba, São Paulo, Brasil.
Aos 14 dias após a semeadura (DAS) foi realizada a avaliação de estande, por meio da
contagem do número de plantas emergidas em quatro metros lineares na área útil da parcela.
As avaliações de fitointoxicação foram realizadas aos 14, 21, 28 e 35 dias após a semeadura
(DAS), por meio de notas visuais de 0 a 100%, onde 0 (zero) representou a ausência de
injúrias e 100 (cem) a morte das plantas, de acordo com a escala adaptada da SBCPD
(Sociedade Brasileira da Ciência das Plantas Daninhas – SBCPD, 1995), apresentada na
Tabela 2.1.
39
Tabela 2.1: Escala de notas utilizada para avaliação visual de fitotoxicidade de herbicidas com
atividade residual aplicados no manejo outonal de Conyza spp. (buva) sobre a cultura do
milho. Adaptada de SBCPD (1995).
Nota
Conceito Observação
(%)
Sintomas fracos ou pouco evidentes. Nota zero quando não se observam
Muito leve 0-5
quaisquer alterações na cultura.
Leve 6 - 10 Sintomas nítidos de baixa intensidade.
Moderada 11 - 20 Sintomas nítidos mais intensos que na classe anterior.
Aceitável 21 - 35 Sintomas pronunciados, porém, totalmente tolerados pela cultura.
Sintomas mais drásticos que na categoria anterior, mas ainda passiveis de
Preocupante 36 - 45
recuperação, e sem expectativas de redução no rendimento econômico.
Alta 46 - 60 Danos irreversíveis com previsão de redução no rendimento econômico.
61 - Danos irreversíveis muito severos com previsão de redução drástica no
Muito alta
100 rendimento econômico. Nota 100 para morte de toda a planta.
Os dados foram submetidos à análise de variância pelo teste F (p < 0,05) de cada
ensaio. Para as variáveis em que a diferença dos quadrados médios dos resíduos dos ensaios
foi menor que sete, foi realizada a análise conjunta dos ensaios, segundo Pimentel-Gomes &
Garcia (2002). Quando os efeitos dos fatores foram significativos, as médias foram
comparadas pelo teste Tukey (1949) (p < 0,05). As nédias contidas nas tabelas referem-se aos
dados originais, sendo os dados transformados, quando necessário, somente utilizados para
realização da análise de variância e comparação de médias. As análises foram realizadas com
auxílio do programa estatístico SAS/STAT v. 9.1 (p<0,05).
40
Na avaliação realizada aos 14 dias após a semeadura (DAS), não foi constatado efeito
dos herbicidas residuais sobre o estande inicial da cultura, tendo como média geral 2,42
plantas m-1, totalizando 53.841 plantas ha-1 (Tabela 2.2). Nesse caso, a textura do solo
influenciou nos resultados de estande, que foi menor no solo com textura argilosa em relação
ao solo com textura franco-arenosa (Tabela 2.2), onde a população foi de 48.666 plantas ha-1,
cerca de 18% menor que a recomendada de 60 a 70 mil plantas ha-1 para o híbrido em regiões
de terras baixas (altitude < 700 m) (SYNGENTA, 2020). Isso se deve, provavelmente, às
características físicas daquele solo no momento da semeadura, pois encontrava-se com sinais
de compactação, o que influenciou na semeadura da cultura. A palhada presente na superfície
do solo, provavelmente, não influenciou na operação de semeadura, pois ambos os solos
apresentavam pouca quantidade de palhada na superfície e em quantidades semelhantes
(franco-arenoso: 2.457,57 Kg ha-1; argiloso: 3.217,07 Kg ha-1).
Tabela 2.2: Estande (plantas m-1) aos 14 dias após a semeadura (DAS) e intoxicação de
plantas de milho cv. Syngenta Feroz Viptera® 3 aos 14, 21, 28 e 35 DAS, semeado aos 90
dias (entressafra) da aplicação de herbicidas com atividade residual no manejo outonal de
Conyza spp. (buva). Piracicaba-SP, 2020.
Estande - Intoxicação
Herbicida 14 DAS
(plantas m-1) 14 DAS 21 DAS 28 DAS 35 DAS
DAS: dias após semeadura; CV: coeficiente de variação; DMS: diferença mínima significativa pelo teste de
ns * **
Tukey (p < 0,05). não significativo pelo teste F (p > 0,05); significativo pelo teste F a 5% (p < 0,05).
significativo pelo teste F a 1% (p < 0,01). Médias seguidas pela mesma letra, na coluna, não diferem entre si a
5% de probabilidade pelo teste de Tukey (p < 0,05). Os dados de intoxicação (14, 21, 28 e 35 DAS) foram
transformados pela função √x.
Nas plantas, os herbicidas inibidores da acetolactato sintase (ALS) são absorvidos pelo
sistema radicular e pelas folhas e translocam-se tanto pelo xilema quanto pelo floema e
acumulam-se nos meristemas das plantas, onde exercem a ação herbicida. Inicialmente,
causam a paralisação do crescimento, posteriormente, as folhas tornam-se amareladas ou com
42
clorose internerval e, muitas vezes, apresentam arroxeamento foliar. As folhas novas também
podem apresentar encarquilhamento e, por fim, os sintomas evoluem para necrose das folhas
e dos meristemas, levando a planta à morte (RODRIGUES & ALMEIDA, 2018; UC IPM,
2020b).
de vegetação com solo de textura muita argilosa (72% de argila), pH H2O 5,6 e 0,84% de
matéria orgânica e outro de textura média (32% de argila), pH H2O 5,8 e 1,34% de matéria
orgânica como substrato e 262,5 mm de irrigação acumulada, Alonso et al. (2011) observaram
que com semeadura de milho cv. DKB 390 YG, realizada aos 30 dias após a aplicação do
metribuzin (480 g ha−1), não houve intoxicação da cultura ocasionada pelo herbicida, exceto
quando realizada imediatamente após a aplicação do herbicida.
maiores que seu pKa, a forma aniônica prevalece em relação à forma neutra, forma do
herbicida menos suscetível a sofrer hidrólise e com maior potencial de persistência no solo
que a forma molecular (WANG et al., 2009).
Tabela 2.3: Estande (plantas m-1) (EC) e altura (m) de inserção da primeira espiga (AIE) na colheita, espigas por planta (EP), diâmetro (DE) e
comprimento da espiga (CE), fileiras de grãos por espiga (FE), grãos por fileira (GF), massa de 100 grãos (M100) e rendimento (Rend) do milho
hib. Syngenta Feroz Viptera® 3 (kg ha-1), semeado aos 90 dias (entressafra) da aplicação de herbicidas com atividade residual no manejo outonal
de Conyza spp (buva). Piracicaba-SP, 2020.
EC
AIE DE CE M100 Rend
Herbicida (plantas EP FE GF
(m) (cm) (cm) (g) (kg ha-1)
m-1)
ARE ARG
Chlorimuron-ethyl 2,50 0,94 1,57 3,96 14,30 14,40 Aa 15,41 Ab 33,20 20,39 4.866,07
Diclosulam 2,65 0,86 1,50 3,97 14,33 14,46 Aa 14,82 Aa 32,28 20,93 4.143,90
Imazethapyr 2,53 0,91 1,49 4,08 14,40 14,86 Aa 15,30 Aa 34,09 21,64 4.783,98
Metsulfurom-methyl 2,50 0,93 1,60 4,14 14,79 14,80 Aa 15,63 Ab 34,35 24,89 5.080,40
Metribuzin 2,75 0,94 1,60 4,17 14,91 14,73 Aa 15,35 Aa 34,38 19,69 5.130,33
Flumioxazin 2,62 0,89 1,57 4,03 14,24 15,16 Aa 15,20 Aa 32,92 20,09 5.012,36
Testemunha 2,62 0,90 1,55 4,02 13,81 14,95 Aa 15,73 Aa 31,85 20,71 4.910,36
Textura
Argilosa 2,48A 1,00B 1,61B - - - 34,41B 18,50A -
Franco-arenosa 2,71B 0,82A 1,50A - - - 32,18A 23,88B -
F Bloco 0,30ns 0,58NS 0,08** 0,35ns 0,47ns 0,40ns 0,39ns 0,16ns 0,05ns
F Herbicida 0,79ns 0,27ns 0,87ns 0,22ns 0,23ns 0,16ns 0,14ns 0,25ns 0,72ns
F Textura 0,02* 0,00** 0,03ns 0,13ns 0,39ns 0,05ns 0,00** 0,00** 0,78ns
F Herbicida x Textura 0,94ns 0,79ns 0,80ns 0,30ns 0,80ns 0,01* 0,57ns 0,54ns 0,34ns
DMS 0,19 0,03 0,10 - - - 1,18 22,93 -
CV (%) 14,19 7,63 12,31 4,71 6,05 3,73 6,58 20,01 24,96
ns **
ARE: textura franco-arenosa. ARG: textura argilosa. CV: coeficiente de variação; não significativo pelo teste F (p > 0,05). significativo pelo teste F (p < 0,01). Médias
seguidas pela mesma letra maiúscula na coluna e minúscula na linha não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste Tukey (p < 0,05). À exceção do estande e do
rendimento, todas as demais variáveis foram transformadas pela função √x.
47
Por ser um ácido fraco (pKa 4,09 a 20 ºC) (YODER, 1996), o diclosulam, quando
aplicado na maioria dos solos agricultáveis, encontra-se na forma aniônica. Além de seu
estado de ionização, o pH da solução interfere na sua solubilidade, hidrofobicidade e na sua
persistência no solo, pois em pH 5 apresenta solubilidade em água de 100 mg L-1, já em pH 7,
a sua solubilidade aumenta para 4.000 mg L-1 (YODER., 1996); em pH 5, apresenta valor de
log Kow de 1,42 e em pH 9, o valor do Kow decai para -0,448, tornando-o ainda mais
hidrofílico (YODER., 1996).
Quanto o T1/2 do diclosulam, Yoder et al. (2000) estudaram a sua degradação em nove
solos oriundos da Argentina, Estados Unidos e do Brasil e obtiveram T1/2 entre 16 a 54 dias.
Zabik et al. (2001) obtiveram T1/2 entre 33 a 77 dias e Lavorenti et al. (2003) verificaram um
T1/2 de 67 dias no sistema de plantio direto e de 87 dias no sistema convencional. No solo, o
diclosulam é degradado a OH diclosulam, 8-Cl diclosulam, 5-hydroxy-7-
flouro[1,2,4]triazolo[1,5-c]pyrimidine-2-sulfonic acid (TPSA), 5-hydroxy-7-
flouro[1,2,4]triazolo-[1,5-c]pyrimidine-2-sulfonamide (ASTP) e N-(2,6-dichlorophenyl)-3-
[1,2,4]-triazoloacetic acid-5-sulfonamide (TAAA) pelo processo de degradação microbiana,
fotólise e hidrólise (ZABIK et al., 2001). A perda por volatilização não é tão significativa
(pressão de vapor de 5 x 10-15 mm Hg a 25 °C) (YODER, 1996).
O pH é o fator que mais influencia a sorção de imazethapyr no solo (CHE et al., 1992;
GOETZ & Lavy, 1988; LOUX et al., 1989; MANGELS, 1991; OLIVEIRA et al., 1999;
RENNER et al., 1988; STOUGAARD et al., 1990). O imazethapyr possui comportamento
anfótero (PUSINO et al., 1997), pois apresenta um valor de pKa de 3,9 (RENNER et al.,
1988; STOUGAARD et al., 1990; WORTHING & HANCE, 1991) e um valor de pKb de 2,1
(WORTHING & HANCE, 1991; WEPPLO, 1991). Assim, quando aplicado em solos com
valores de pH maiores que 3,9, uma grande parte de suas moléculas encontra-se na forma
aniônica que, por apresentar carga negativa, são repelidas pelos coloides do solo (CHE et al.,
1992; GREEN, 1974; WEED & WEBER, 1974; RENNER et al., 1988; LOUX et al., 1989;
STOUGAARD et al., 1990; NEGRE et al., 2001; BRESNAHAN et al., 2002; LIU et al.,
2018), ficando, na solução, para serem lixiviadas no perfil do solo (solubilidade em água de
1.400 mg L-1 a 25 °C em pH 7) (REFATTI et al., 2017; RODRIGUES & ALMEIDA, 2018;
JOURDAN, 1998; KRAEMER et al., 2009; MARTINI et al., 2011; BATTAGLIN et al.,
2000; MADANI et al., 2003) ou serem degradadas (REGITANO et al., 2002; REFATTI et al.,
2014). Em solos com valores de pH mais baixos, grande parte das moléculas encontram-se na
forma molecular ou protonada, as quais tem maior afinidade pelos coloides do solo (CHE et
48
al., 1992; RENNER et al., 1988; WEPPLO, 1991; MADANI et al., 2003; OLIVEIRA et al.,
2004; SINGH et al., 1990; STOUGAARD et al., 1990; LOUX & REESE, 1993; GENNARI
et al., 1998; OUFQIR et al., 2013). Com isso, a sorção do imazethapyr, no solo, aumenta com
a diminuição do pH da solução (CHE et al., 1992; GOETZ & LAVY, 1988; LOUX et al.,
1989; OLIVEIRA et al., 1999; RENNER et al., 1988; STOUGAARD et al., 1990) e,
consequentemente, há um aumento de sua persistência no solo (LOUX & REESE, 1993;
BRESNAHAN, 2000).
na cultura do milho.
Estudos têm sido conduzidos para avaliar o efeito carryover ou um período mínimo
entre a aplicação do diclosulam e a semeadura da cultura do milho que não afete
negativamente a cultura. Em estudo realizado por Pereira et al. (2000), a semeadura da cultura
após 60 dias da aplicação do diclosulam não causou intoxicação às plantas, enquanto, em
outros estudos, o milho semeado aos 90 (ARTUZI & CONTIERO, 2006; SOUZA et al.,
2019) e 120 dias (RIBEIRO, 2018) após aplicação do herbicida em pré-emergência na cultura
da soja, houve somente fitointoxicação nos estádios iniciais da cultura. Já DAN et al. (2012)
observaram efeito carryover após 115 dias da aplicação do herbicida.
Por fim, estudos de carryover de imazethapyr sobre a cultura do milho mostram que a
semeadura ocorrendo 60 (ARTUZI & CONTIERO, 2006), 90 (MILLS & WITT, 1989;
GAZZIERO et al., 1997; ULBRICH et al., 1998) e 120 dias (SILVA et al., 1999) após
50
aplicação do herbicida na cultura da soja não causa redução no rendimento grãos, havendo,
em alguns casos, apenas fitointoxicação nos estádios iniciais. Contudo, em estudo realizado
por Dan et al. (2012), a semeadura do milho após 97 e 115 após a aplicação de imazethapyr
na soja causou fitointoxicação inicial e redução no rendimento do milho.
importante (BUGGARD et al., 1993; MULBAH et al., 2000; BOREEN et al., 2003; LIN &
REINHARD, 2005; MAQUEDA et al., 2009; MEHDIZADEH et al., 2019), cujo T1/2 pode
variar entre 30 a 60 dias dependendo das condições edafoclimáticas (RODRIGUES &
ALMEIDA, 2018). As perdas por fotodegradação e volatilização [1,6 x 10-5 Pa (20 °C)] são
insignificantes (RODRIGUES & ALMEIDA, 2018).
Por fim, o herbicida flumioxazin possui T1/2 entre 11,9 a 32,1 dias (EPA, 2001;
ENCILL, 2002; FERRELL & VENCILL, 2003; ALISTER et al., 2008; MUELLER et al.,
2014); solubilidade em água de 1,79 mg L-1 (25 °C) (EPA, 2001; MUELLER et al., 2014), a
qual não é afetada pelo pH do meio (MUELLER et al., 2014), pois é um herbicida que não se
ioniza (pKa zero) (RODRIGUES & ALMEIDA, 2018); possui valor de log Kow de 2,55 (25
°C) (FERRELL et al., 2005) e de Kd de 3,8 (FERRELL et al., 2003), assim, o herbicida
flumioxazin apresenta baixo potencial de sofrer lixiviação no solo (EPA, 2001). Com isso, sua
dissipação no solo ocorre por reações de hidrólise e, principalmente, por degradação
microbiana (EPA, 2001; ALISTER et al., 2008). A sorção de flumioxazin no solo aumenta
com o incremento do teor de matéria orgânica e de argila, porém a sua interação com esses
coloides é relativamente fraca (FERRELL et al., 2005), pois em condições de alta umidade
torna-se prontamente disponível na solução para ser degradado, absorvido pelas plantas ou
sofrer lixiviação (FERRELL et al., 2013). Isso o caracteriza como um herbicida de pouca
persistência no solo (RODRIGUES & ALMEIDA, 2018). As perdas por volatilização não são
tão significativas (pressão de vapor de 2,41 x 10-6 mm Hg) (EPA, 2001),
Nas Tabela 2.2 e 2.3, nota-se que houve efeito da textura do solo sobre algumas
variáveis analisadas. No solo de textura argilosa, a cultura apresentou menor estande de
plantas no estádio inicial (Tabela 2.2) e no momento da colheita (Tabela 2.3) em relação ao
solo de textura franco-arenosa. Nesse solo, as plantas de milho também apresentaram maior
nível de intoxicação comparada às que se encontravam no solo de textura franco-arenosa na
avaliação realizada aos 14 dias após a semeadura. Um dos fatores que pode ter corroborado
para ocorrência desses resultados é que a sorção de todos os herbicidas avaliados aumenta
com o incremento do teor de argila e de matéria orgânica, com isso, provavelmente, a sorção
desses herbicidas foi maior no solo argiloso, mesmo não contendo alto teor de matéria
orgânica (1,6 %), o que resultou em maior persistência deles nesse solo. Esse fato culminou
na redução do estande e em maior fitointoxicação nos estádios iniciais da cultura.
2.4 CONCLUSÃO
Não há efeito da textura do solo sobre os resíduos dos herbicidas residuais utilizados no
manejo outonal de buva.
REFERÊNCIAS
AFZAL, A.; GULZAR, I.; SHAHBAZ, M.; ASHRAF, M. Water deficit-induced regulation of
growth, gas exchange, chlorophyll fluorescence, inorganic nutrient accumulation and
antioxidative defense mechanism in mungbean [Vigna radiata (L.) Wilczek]. Journal of
Applied Botany and Food Quality. v. 87, p. 147-156, 2014.
ALISTER, C.; ROJAS, S.; GO´MEZ, P.; KOGAN, M. Dissipation and movement of
flumioxazina in soil at four field sites in Chile. Pest Management Science, v. 64, p. 579-583,
2008.
BHOWMIK P. Common and chemical names of herbicides approved by the Weed Science
Society of America. Weed Science, v. 48, p. 786-792, 2000.
BLAIR, A. M.; MARTIN, T. D. A review of the activity, fate and mode of action of
sulfonylurea herbicides. Pesticide Science, V. 22, p. 195-218, 1988.
BLAINSKI, E.; CONSTANTIN, J.; OLIVEIRA JR., R. S.; BIFFE, D. F.; RAIMONDI, M.
A.; BUCKER, E. G.; GHENO, E., Eficácia de alternativas herbicidas para o controle de buva
(Conyza bonariensis). In: Resumos do 5o Congresso Brasileiro de Soja. Goiânia, GO:
FUNEP, p. 54, 2009.
BOSCHIN, G.; AGOSTINA, A. D.; ARNOLDI, A.; MAROTTA, E.; ZANARDINI, E.;
NEGRI, M.; VALLE, A.; SORLINI, C. Biodegradation of chlorsulfuron and metsulfuron-
methyl by Aspergillus niger in laboratory conditions. Journal of Environmental Science
and Health, V. 38, p. 737-746, 2003.
BRESNAHAN, G.; DEXTER, A.; KOSKINEN, D.; LUESCHEN, W. Influence of soil pH-
sorption interactions on the carry-over of fresh and aged soil residues of imazamox. Weed
Research, V. 42, p. 45-51, 2002.
BROWN, H. M. Modes of action, crop selectivity, and soil relations of the sulfonylurea
herbicides. Pesticide Science, V. 29, p. :263-281, 1990.
CHE, M.; LOUX, M. M.; TRAINA, S. J.; LOGAN, T. J. Effect of pH on sorption and
desorption of imazaquin and imazetapir on clays and humic acid. Journal of Environmental
Quality, V. 21, p. :698-703, 1992.
CONSTANTIN, J.; OLIVEIRA JR., R. S. de.; OLIVEIRA NETO, A. M. de; BLAINSKI, E.;
GUERRA, N. Manejo da Buva na Entressafra. In: CONSTANTIN, J.; OLIVEIRA JR.; R. S.
de. NETO, A. M. de O. Buva: fundamentos e Recomendações para manejo. Curitiba, PR:
Omnipax, 2013.
CURRAN, W. S.; KNAKE, E. L.; LIEBL, R. A. Corn (Zea mays) injury following use of
clomazone, chlorimuron, imazaquin and imazetapir. Weed Science, V. p. 539-544, 1991.
DAN, H. A.; BARROSO, A. L. L.; DAN, L. G. M.; PROCÓPIO, S. O.; OLIVEIRA JR., R.
S.; SIMON, G. A.; MUNHOZ, D. M. Atividade residual de herbici- das aplicados em pós-
emergência na cultura da soja sobre o milheto cultivado em sucessa˜o. Planta Daninha, V.
29, p. 663-671, 2011.
DAN HESS, F., Mode of action of photosynthesis inhibitors. In: PURDUE UNIVERSITY,
Herbicide Action Course. West Lafayette, EUA: CRC Press, p. 85-102, 1994.
57
DOGAN, E.; KIRNAK, H.; COPUR, O. Deficit irrigations during soybean reproductive
stages and CROPGRO-soybean simulations under semi-arid climatic conditions. Field Crops
Research, v. 103, p. 154-159, 2007.
DURNER, J.; GAILUS, V.; BÖGER, P. New aspects on inhibition of plant acetolactate
synthase depend on avin adenine dinucleotide. Plant Physiology, V. 95, p. 1144-1149, 1991.
FERRELL, J. A.; VENCILL, W. K.; XIA, K.; GREY, T. L. Sorption and desorption of
flumioxazina to soil, clay minerals and ion- exchange resin. Pest Management Science, V.
61, p. 40-46, 2005.
FRANS, R., CROWLEY, H. Experimental design and techniques for measuring and
analyzing plant responses to weed control practices. In: southern weed science society.
Research Methods in Weed Science. v.3, p.29-45, 1986.
GAZZIERO, D. L. P.; KARAN, D.; VOLL, E.; ULBRICH, A. Persistência dos herbicidas
imazaquin e imazetapir no solo e os efeitos sobre plantas de milho e pepino. Planta Daninha,
v. 15,1997.
GOETZ, A. J.; WALKER, R. H.; WEHTJE, G.; HAJEK, B. F. Sorption and mobility of
chlorimuron in Alabama soils. Weed Science., V. S7, p. 428-433, 1889.
GOETZ, A. J.; LAVY, T. L. Mobility and sorptive properties of imazetapir in Arkansas soils.
Weed Science, V. 41, p. 337, 1988.
GOETZ, A. J.; LAVY, T. L.; GBUR, E. E., J R. Degradation and field persistence of
imazethapyr. Weed Science, V. 38, p. 421-428, 1990.
HAN, L.; GUO, B.; FENG, J.; LU, X.; LIN, J. Study on the Enantioselective Degradation of
Imazetapir in Soil by CE. Chromatographia, V. 68, p. 1071-1073, 2008.
HARPER, S. S. Sorption of metribuzim in the surface and surface soils of the Mississippi
Delta Region. Weed Science, V. 36, p. 84-89, 1988.
HERRERO, M. P.; JOHNSON, R. R. Drought Stress and its effects on maize reproductive
systems. Crop Science, Madison, v.21, p.105-110, 1981.
HE, Y. H.; SHEN, D. S.; FANG, C. R.; ZHU, Y. M. Rapid biodegradation of metsulfuron-
methyl by a soil fungus in pure cultures and soil. World Journal of Microbiology and
Biotechnology, V. 22, p. 1095-1104, 2006.
HESS, F. D. Herbicide effects on plant structure, physiology, and biochemistry. In: HESS, F.
D. Pesticide interactions in crop protection. CRC Press, Boca Raton, p. 13-34, 1993.
KAH, M.; BROWN. C. D. Changes in pesticide adsorption with time at high soil to solution
ratios. Chemosphere, V. 68, p. 1335-1343, 2007.
KJÆR, J.; OLSEN, P.; HENRIKSEN, J.; ULLUM, M. Leaching of metribuzim metabolites
and the associated contamination of a sandy Danish aquifer. Environmental Science &
Technology, V. 39, p. 8374-8381, 2005.
LAVORENTI, A.; ROCHA, A. A.; PRATA, F.; REGITANO, J. B.; TORNISIELO, V. L.;
PINTO, O. B. Comportamento do diclosulam em amostras de um latossolo vermelho
distroférrico sob plantio direto e convencional. Revista Brasileira de Ciência Solo, V. 27, p.
183-190, 2003.
LI, C. Y.; XU, C. H.; PAN, J. B.; CHENG, X. S.; XIONG, M. H. Isolation of a chlorimuron-
ethyl degradation bacterium and its bioremediation in contamination soil. Bioinformatics
and biomedical engineering, 2011.
Li, C. Y.; ZANG, H. L.; YU, Q.; LV, T. Y.; CHENG, Y.; CHENG, X. S.; LIU, K. R.; LIU,
W. J.; XU, P. P.; LAN, C. Z. Biodegradation of chlorimuron‐ethyl and the associated
degradation pathway by Rhodococcus sp. D310‐1. Environmental Science and Pollution
Research, V. 23, 8794-8805, 2016.
LIU, K.; HE, Y.; XU, S.; HU, L.; LUO, K.; LIU, X.; LIU, M.; ZHOU, X.; BAI, L.
Mechanism of the effect of pH and biochar on the phytotoxicity of the weak acid herbicides
imazetapir and 2,4-D in soil to rice (Oryza sativa) and estimation by chemical methods.
Ecotoxicology and Environmental Safety, V. 161, p. 602-609, 2018.
LOUX, M. M.; REESE, K. D. Effect of soil type and p H on persistence and Carryover of
imidazolinone herbicides. Weed Technology, V. 7, p. 452-458, 1993.
MADANI, M. E.; AZZOUZI, M. E.; ZRINEH, A.; MARTEBS, D. pH effect and kinetic
studies of the binding behaviour of imazetapir herbicide on some Moroccan soils. Fresenius
Environmental Bulletin, v. 12, p. 1114-1119, 2003.
MARTINI, L. F. D.; AVILA, L. A.; SOUTO, K. M.; CASSOL, G. V.; REFATTI, J. P.;
MARCHESAN, E.; BARROS, C. A. P. Lixiviação de imazetapir + imazapic em função do
manejo de irrigação do arroz. Planta Daninha, v. 29, p. 185-193, 2011.
MA, J. P.; WANG, Z.; LU, P.; WANG, H. J.; ALI, S. W.; LI, S. P.; HUANG, X.
Biodegradation of the sulfonylurea herbicide chlorimuron-ethyl by the strain Pseudomonas
sp. LW3. FEMS Microbiol Lett, V. 296, p. 203-209, 2009.
MALOSCHIK, E.; ERNST, A.; HEGEDUSS, G.; DARVAS, B.; SZEKACS, A. Monitoring
water-polluting pesticides in Hungary. Microchemical Journal, V. 85, p. 88-97, 2007.
OLIVEIRA NETO, A. M. DE. Manejo outonal de Conyza spp. baseado em glifosato + 2,4-
D, MSMA e amônio-glufosinato aplicados isoladamente ou em mistura com herbicidas
residuais. 2011. Dissertação de Mestrado. Universidade Estadual de Maringá, Maringá, PR.
2011.
OLIVEIRA JR. R. S.; KOSKINEN, W. C.; FERREIRA, F. A. Sorption and leaching potential
of herbicides on Brazilian soils. Weed Research, V. 41, p. :97-110, 2001.
62
PUSINO, A.; PETRETTO, S.; GESSAC. Adsorption and desorption of imazapyr by soil.
Journal Agricultural Food Chemistry, v. 45, p. 1012-1016, 1997.
REN, W. J.; TENG, Y.; ZHOU, Q. X.; ALBRECHT, P.; GERRIT, S. Sorption of
chlorimuron-ethyl on montmorillonite clays: effects of exchangeable cations, pH, and ionic
strength. Environmental Science and Pollution Research, V. 21, p. 11587-11597, 2014.
REN, W. J.; WANG, M. E.; ZHOU, Q. X. Adsorption characteristics and influencing factors
of chlorimuron-ethyl in two typical chinese soils. Soil Science Society of America Journal,
V. 75, p. 1394-1401, 2011.
RITCHIE, S. W.; HANWAY, J. J.; BENSON, G. O. How a corn plant develops. Special
Bulletin, Iowa, n. 48. 1993.
ROMAN, E. S.; VARGAS, L.; RIZZARDI, M. A.; HALL, L.; BECKIE, H.; WOLF, T. M.
Como funcionam os herbicidas : da biologia à aplicação. Passo Fundo: Gráfica Editora
Berthier, 2005.
SAHA, A.; BHADURI, D.; PIPARIYA, A.; JAIN, N. K. Influence of imazetapir and
quizalofop-p-ethyl application on microbial biomass and enzymatic activity in peanut grown
soil. Environmental Science and Pollution Research, 2016.
SILVA, A. A. DA; OLIVEIRA JR., R. S. DE; COSTA, E. R.; RREIRA, L. R. Efeito residual
no solo dos herbicidas imazamox e imaze thapyr para as culturas de milho e sorgo. Planta
Daninha, v. 17, 1999.
64
SCHLOSS, J. V., Acetolactate synthase, mechanism of action and its herbicide binding site.
Pesticide Science, V. 29, p. 283-292, 1990.
SI, Y.; WANG, S.; ZHOU, J.; HUA, R.; ZHOU, D. Leaching and degradation of
ethametsulfuron-methyl in soil. Chemosphere, V. 60, p. 601-609, 2005.
SOUZA, A. DOS S.; LEALA, J. F. L.; LANGARO, A. C.; SILVA, F. C. DA; SOUZA, C.
DA C. B. DE; PEREIRA, M. G.; PINHO, C. F. DE. Interferência da compactação do solo no
residual do diclosulam. Revista Brasileira de Herbicidas, v. 18, p. 1-10, 2019.
STIDHAM, M. A. Herbicides that inhibit acetohydroxyacid synthase. Weed Science, |V. 39,
p. 428, 1991.
TAHIR, N. M.; HUI, T. J.; ARIFFIN, M. M.; SURATMAN, S.; KHOON, T. S. Adsorption of
chlorimuron–ethyl and metsulfuron–methyl on selected Selangor agricultural soils. The
Malaysian Journal of Analytical Sciences, V. 2, p. 341-347, 2008.
ULBRICH, A. V.; RODRIGUES, B. N.; LIMA, J. Efeito residual dos herbicidas imazaquin e
imazetapir, aplicados na soja, sobre o milho safrinha. Planta Daninha, v. 16, p. 137-147,
1998.
WANG, H. Z.; XU, J. M.; XIE, Z. M.; YE, Q. F. Dynamics and forms of 14C-metsulfuron-
methyl residual in soils. Acta Pedologica Sinica, V. 38, p. 547-557, 2001.
WANG, H. Z.; GAN, J.; ZHANG, J. B.; XU, J. M.; YATES, S. R.; WU, J. J.; YE, Q. F.
Kinetic distribution of 14C-metsulfuron-methyl residues in paddy soils under different
moisture conditions. Journal of Environmental Quality, V. 38, p. 164-170, 2009.
WEPPLO, P. J. Chemical and physical properties of the imidazolinones. In: SHANER, D. L.;
O’CONNOR, S. L. The Imidazolinone Herbicides. Boca Raton,1991.
66
WORTHING, C. R.; HANCE, R. J.. The pesticide manual, ninth edition. British Crop
Protection Council, Farnham, Surrey, UK, 1991.
XU, J.; GUO, L.; DONG, F.; LIU, X.; WU, X.; SHENG, Y.; ZHANG, Y.; ZHENG, Y.
Response of the soil microbial community to imazetapir application in a soybean field.
Journal of Environmental Science and Health, V. 48, p. 505-511, 2013.
YU, Y. L.; X. WANG, Y. M.; LUO, J. F.; YANG, YU, J. Q.; FAN, D. F. Fungal degradation
of metsulfuron-methyl in pure cultures and soil. Chemosphere, V. 60, p. 460-466, 2005.
YANG, L. Q.; LI, X. Y.; LI, X.; SU, Z. C, ZHANG, C. G.; ZHANG, H. W. Bioremediation
of chlorimuron-ethyl-contaminated soil by Hansschlegelia sp. strain CHL1 and the changes of
indigenous mi- crobial population and N-cycling function genes during the biore- mediation
process. Journal of Hazardous Materials, V. 274, p. 314-321, 2014.
ZANARDINI, E.; ARNOLDI, A.; BOSCHIN, G.; D’AGOSTINA, A.; NEGRI, M.;
SORLINI, C. Degradation pathways of chlorsulfuron and metsulfuron-methyl by a
Pseudomonas fluorescens strain. Annals of Microbiology, V. 52, p. 25-37, 2002.
ZHANG, X. L.; ZHANG, H. W.; LI, X.; SU, Z. C.; WANG, J. J.; ZHANG, C. G. Isolation
and characterization of Sporobolomyces sp. LF1 capable of degrading chlorimuron-ethyl.
Journal of Environmental Biology, V. 21, p. 1253-1260, 2009.
ZHANG, C.; LIU, X.; DONG, F.; XU, J.; ZHENG, Y. The effect of imazetapir on soil
microbes in soybean fields in northeast China. Chemistry and Ecology, V. 26, p. 173-182,
2010.