Português Regência 1
Português Regência 1
Português Regência 1
Regência
Regência é a parte da língua em que tratamos da relação entre as palavras em uma frase.
Exemplo:
“Necessito de tempo” -> regência verbal
“Eu tenho necessidade de tempo” -> regência nominal
“A mídia fez alusão ao escândalo no Senado” -> fez-se o uso adequado da preposição “a”, mas
em virtude da regência nominal. Quem exigiu a preposição “a” foi o substantivo alusão.
“A mídia aludiu ao escândalo no Senado” -> aqui temos uma regência verbal, pois quem exigiu
a preposição foi o verbo.
Regência Verbal:
Alguns verbos na língua portuguesa podem ser usados na forma pronominal ou não pronominal.
Um exemplo é o “lembrar”.
Exemplos:
“Ele lembrou o dia da festa” -> sem preposição.
“Ele se lembrou do dia da festa” -> com preposição.
Quando se usa o verbo na forma pronominal (Ex: “se”), é necesário usar a preposição. Vejamos
alguns exemplos:
“Eu esqueci o nome do diretor.”
“Eu me esqueci do nome do diretor’.
DICA: O verbo abraçar é um transitivo direto quando usado no sentido de “apertar com os
braços, seguir, adotar etc”. Neste caso o verbo não pede preposição. No entanto, quando for
usado na sua forma pronominal, é um transitivo indireto, que pede preposição.
Exemplos:
“O atleta abraçou o técnico.”
“O atleta se abraçou ao técnico.”
CUIDADO! Está INCORRETA a assertiva “A violência nos estádios não agradou os turistas”, pois
o sentido aqui não é o de fazer carinho.
Mas se o verbo “ajudar” vier seguido de um verbo no infinitivo, deve haver preposição.
Ex: eu ajudei o idoso a atravessar a rua / eu ajudei o mestre a escolher os jogadores.
Outro verbo que aparece muito em provas é o “ASPIRAR”, que também tem 2 sentidos:
- Inalar, cheirar, inspirar (Ex: eu aspirei o perfume; ele aspirou aquela essência)
- Desejar, almejar (Ex: Ele aspirava ao cargo de gerente; Ela aspirava à aprovação no concurso)
O verbo CUSTAR, quando usado com o sentido de “ter um valor em dinheiro”, não pede
preposição (Ex: A casa custou mil reais).
Mas quando tiver o sentido de “ser custoso” ou “ser difícil”, é preciso ter cuidado. O certo é
dizer “Custou a ele chegar” ou “Custou-lhe chegar”.
O correto é “Custou a mim entender isto” ou “Custou-me entender isto”.
É errado dizer “os turistas custaram a aceitar o aumento” ou eu “custei a aprender isto”.
O verbo IMPLICAR também cai muito em provas: quando usamos no sentido de causar,
acarretar, não se usa a preposição “em”. (Ex: A decisão do presidente implicou erro).
Por outro lado, no sentido de “ter implicância”, aí sim devemos usar a preposição “com” (Ex: ele
implica com a irmã).
Existe ainda um terceiro sentido, que é o de “envolver-se”, o qual também pede preposição (Ex:
apesar das advertências do pai, ele se implicou em falcatruas).
Cuidado também com os verbos PERDOAR e PAGAR, os quais só pedem preposição quando
seguidos de uma pessoa (Ex: eu perdoei ao amigo / eu paguei ao mecânico / ele pagou a todos
os credores).
Quando vier seguido de uma coisa, não se usa a preposição (Ex: Ele perdoou todas as injustiças
/ ele pagou todas as contas)
• SUCEDER
- Ocorrer, Acontecer (Ex: durante o jogo muitas brigas sucederam) –> não tem preposição
- Seguir-se, vir depois (Ex: Pedro sucedeu a Roberto) -> pede preposição.
• VISAR:
- Mirar (Ex: eu visei o alvo e acertei) -> sem preposição.
- Dar o visto (Ex: eu visei o documento / o gente abonou o cheque) -> sem preposição.
- Desejar, almejar (Ex: eu viso ao cargo; os sócios visavam a lucros grandiosos) -> com preposição
• ACEDER:
É sinônimo de “permitir”, mas a regência é diferente (Ex: Eu acedi ao projeto de
reflorestamento)
• ANUIR
É um verbo transitivo indireto, que pede a preposição “a” (quem anui, anui “a”)
Ex: Os diretores anuíram àquelas reformas.
• INSURGIR-SE
Significa rebelar-se, e pede a preposição “contra”.
Ex: A igreja se insurge contra pesquisas genéticas.
• PRESCINDIR:
Verbo muito utilizado na praxe jurídica, e que significa “dispensar”. Tal verbo exige a preposição
“de” (quem prescinde, prescinde “de”).
Ex: Aquelas crianças não poderiam prescindir da ajuda do governo.
• IMISCUIR-SE
É um verbo transitivo indireto, que exige a preposição “em”.
Ex: a polícia se imiscuiu na favela / ele se imiscuiu em todas as decisões.
Regência Nominal:
O estudo da regência nominal é mais simples, tendo em vista que a distância entre o padrão
culto e a língua falada é bem pequena (ao contrário do que vimos na Regência Verbal).
Exemplo: “senso de humor” -> a palavra “senso” é um substantivo abstrato, que pede um
complemento. Quando falamos em “senso”, falamos em “senso de alguma coisa”.
Na regência nominal devemos sempre nos atentar para a preposição que irá ligar o nome com
o seu complemento.
Exemplos:
➢ “Preocupado com a minha mãe” -> Temos um ADJETIVO que irá se ligar a um complemento
nominal. Perceba que quem se preocupa, se preocupa COM alguma coisa. Portanto, é a
preposição “COM” que irá ligar o adjetivo ao seu complemento.
➢ “Cansada de limpar a casa” -> Também temos um ADJETIVO, mas desta vez ligado ao
complemento pela preposição “DE”.
➢ “Conhecimento sobre folclore” -> A palavra conhecimento é um SUBSTANTIVO abstrato,
que está ligado ao seu complemento pela preposição “SOBRE”.
➢ “Já está adaptado a esse estilo de vida”.
➢ “Parecem alheios a tudo que os cerca”.
➢ “Estão alienados da realidade”.
➢ “Seu trabalho era análogo ao meu”.
➢ “Somos avessos a coisas desse tipo”.
➢ “Estavam ávidos de / por vingança”.
➢ “Era curioso por descobertas científicas”
➢ “Meus parentes são devotos de/a São Francisco de Assis.
➢ “Seu comportamento é incompatível COM o meu”.
Para facilitar seu estudo, segue uma tabela de nomes seguidos das respectivas preposições1:
1
Fonte: http://www.qieducacao.com/2011/05/regencia-nominal.html
USO DO “CUJO”, “CUJA”, “CUJOS, “CUJAS”
Quando lendo a frase percebermos que há uma relação de posse (Ex: beleza da atriz; sua beleza),
devemos usar um destes 4 pronomes relativos: “cujo”, “cuja”, “cujos”, “cujas”.
Tal pronome sempre vai concordar com o termo que vem depois.
Outra regra muito importante é que não devemos, nem antes nem depois de cuja, cujo etc, usar
artigo. Portanto, não existe crase antes de cujo, cuja, cujos, cujas.
A atriz a cuja beleza aludi é brasileira (tem que usar a preposição “a”)
A atriz cuja atuação elogiei é bela (neste caso não há preposição).
O ator sobre cuja atuação conversamos é jovem (nós conversamos “sobre” algo).
Existem 4 tipos de “porquês”: “Porque” / “por que” / “porquê” / “por quê”. Vejamos os usos
de cada um deles:
1) Porque:
É usado sempre que você puder substituir por “pois”, “já que”, “visto que”, “uma vez que”.
Ex: Choveu muito, porque as ruas estavam alagadas.
Ex²: Ele foi demitido porque faltou muito.
2) Por que:
Tem 2 usos:
- Quando se puder subentender depois do “por que” a palavra motivo ou razão:
Ex: Eu quero saber por que a prova foi adiada (por que razão a prova foi adiada).
Ex: Gostaria de saber por que eles foram punidos (por que razão eles foram punidos?)
- Quando for possível trocar o “por que” por “pelo qual”, “pela qual”, “pelos quais” e “pelas
quais”
Ex: A situação por que passou foi séria (pela qual passou).
Ex: O objetivo por que tanto lutou foi nobre (pelo qual lutou).
3) Porquê:
Devemos utilizar “porquê” quando este for usado como um substantivo. Neste caso, o
“porquê” também deve ser sempre precedido de um artigo.
Ex: O porquê da briga foi banal.
Ex²: Quero saber o porquê da revolta dos presos.
4) Por quê:
Será utilizado quando pudermos subentender a palavra “razão” ou “motivo”, assim como no
primeiro caso, mas vier seguido de uma pausa na ideia, como um ponto.
Ex: Ele foi demitido, por quê? (por que motivo) -> vem seguido de um ponto.
Ex: Mesmo sem saber por quê (por que motivo), ele aceitou a mudança. -> vem seguido de
uma virgula.
Exercícios de Fixação
PR-4:
1) Ano: 2018 Banca: PR-4 UFRJ Órgão: UFRJ Provas: PR-4 UFRJ - 2018 - UFRJ - Técnico
de Tecnologia da Informação
“Há alguns anos circula na internet o ‘teste do pescoço’, que instiga o leitor a refletir
sobre as desigualdades em nossa sociedade a partir de suas experiências cotidianas,
particularmente naquilo que toca a presença ou ausência de negros e brancos em
diferentes atividades e espaços sociais: qual a cor dos médicos, dos trabalhadores
domésticos, dos políticos, de professores, alunos e funcionários em colégios de elite e
nas universidades etc. A ideia é que a contemplação desses lugares permite uma
resposta intuitiva à questão se há ou não discriminação no Brasil: pretos e pardos são
raramente encontrados nas áreas e funções de maior poder aquisitivo e status social,
ao passo que brancos nelas dominam. (...)”.
Fragmento inicial do Relatório das desigualdades de raça, gênero e classe / ano 2017 /
n. 1 / p. 1 gemaa / Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa | UERJ.
a) transitivo direto.
b) intransitivo.
c) transitivo indireto.
d) intransitivo direto.
e) transitivo direto e indireto.
Gabarito: E
>>> aquilo que permite, permite algo a alguma coisa: (algo >>> objeto direto, "uma
resposta intuitiva", complemento sem preposição) a alguma coisa (à
questão >>> objeto indireto, complemento preposicionado); logo o verbo "permitir",
no contexto, é transitivo direto e indireto, exige um complemento sem preposição e
um regido pela preposição "a".
2) Ano: 2018 Banca: PR-4 UFRJ Órgão: UFRJ Provas: PR-4 UFRJ - 2018 - UFRJ -
Assistente Social
O texto adiante é a letra do samba-enredo “Meu Deus, Meu Deus, está extinta a
escravidão?”, apresentado neste Carnaval pelo Grêmio Recreativo e Escola da Samba
Paraíso do Tuiuti, composto por Claudio Russo, Moacyr Luz, Dona Zezé, Jurandir e
Aníbal.
É sentinela da libertação
Ê, Calunga, ê! Ê, Calunga!
Preto Velho me contou, Preto Velho me contou
É sentinela da libertação
Considere a estrofe a seguir.
a) intransitivo.
b) transitivo direto.
c) transitivo indireto.
d) bitransitivo.
e) tritransitivo.
Gabarito: B
Verbo transitivo direto, ou seja, aquele que, em regra, não precisa de preposição em
seu complemento.
OUTRAS BANCAS:
1 – (INSTITUTO AOCP 2017 - Câmara de Maringá- PR - Assistente Administrativo) Assinale a
alternativa em que o termo em destaque apresenta uma inadequação em relação à
regência verbal, com base na norma padrão.
a) “Sei que deveria ir mais a Minas Gerais do que vou, umas duas, três vezes ao ano.”
b) “[...] ela viu na mesa de café da tia Teresa [...]”.
c) “Um garoto que mora em São Paulo foi a Minas [...]”.
d) “Sotaque que, acho eu, fui perdendo ao longo dos anos, desde aquele 1973, [...]”.
e) “[...] pousei no aeroporto de Uberlândia e fui direto na lanchonete comer um pão de queijo
[...]”.
Resposta: Letra E. O verbo “ir” pede a preposição “a”. Quem vai, vai a algum lugar. Ex. Fui à
lanchonete.
Resposta: Letra E. A frase da assertiva está pedindo a alternativa com mesma regência, ou seja,
no caso, exigida por UM VERBO - REGÊNCIA VERBAL. A letra “E” é o único caso de regência
verbal, enquanto as demais são casos de regência nominal.
Resposta: Letra D. “Acesso” pede a preposição “a”, bem como “internet” é uma palavra
feminina, sendo precedida do artigo “a”.