09 Violência Social
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Violência Social
Violência social é qualquer tipo de violência cometida por indivíduos ou pela comunidade, com uma
finalidade social. Esses atos violentos assumem formas diversas, dependendo do país, incluindo con-
flitos armados, violência de gangues, agressões entre pais e filhos (por exemplo, punição corporal),
terrorismo, remoção forçada e segregação. A exposição à violência pode ser direta (por exemplo, ser
vítima de um ato violento) ou indireta (por exemplo, ouvir falar sobre violência ou testemunhar violên-
cia envolvendo outras pessoas).
Na última década, em todo o mundo, mais de dois milhões de crianças com idade abaixo de 18 anos
morreram devido a conflitos armados e, no mínimo, seis milhões delas ficaram gravemente feridas.
Estima-se também que 25% e 40% das crianças com idade entre 2 a 17 anos, respectivamente nos
Estados Unidos e nas regiões do sul da África, foram expostas à violência em sua comunidade. Além
de crescerem em meio à adversidade, a maioria dessas crianças também é socialmente excluída da
educação formal, dos serviços de saúde, eletricidade, água potável e serviços de saneamento.
Apesar dessas altas estimativas, a exposição à violência social de crianças em idade pré-escolar tem
recebido pouca atenção nas últimas décadas, em comparação com crianças mais velhas. Entretanto,
a violência social é uma questão de estudo especialmente importante durante esse período de desen-
volvimento específico, que influencia o desenvolvimento da criança em múltiplos aspectos (físico, so-
cial, neurológico e emocional) e em diferentes níveis.
O que sabemos?
As crianças mais novas são especialmente vulneráveis à violência social devido a sua capacidade
limitada de administrar o sofrimento psicológico, reduzir a ameaça ou de se afastar da situação. Pelo
fato de serem expostas a formas diretas ou indiretas de violência social, elas são mais propensas
a sofrer estresse grave, incontrolável e crônico que, por sua vez, influencia os sistemas cerebrais que
respondem ao estresse.
Mais precisamente, a exposição elevada à violência comunitária cria um estado de medo constante,
aumentando a sensibilidade da criança a estímulos externos (por exemplo, sons) e reduzindo sua ca-
pacidade de abstenção em envolver-se numa ação específica.
Consequentemente, essas reações aumentam o risco em desenvolver distúrbios de saúde mental in-
cluindo depressões, ansiedade e distúrbio de estresse pós-traumático (PTSD), de apresentarem con-
sequências negativas em sua saúde, vida social e educacional e de se envolver em comportamentos
de risco (por exemplo, consumo de drogas, agressões) durante sua infância e vida adulta. A probabili-
dade de ocorrência desses problemas de ajustamento é maior quando a criança é submetida a puni-
ções corporais. Ao invés de melhorar os comportamentos destrutivos, o uso de força física por parte
dos pais, na verdade, leva a mais agressões e a comportamentos delinquentes e antissociais nas cri-
anças.
É importante ter em conta que fatores como a idade e o gênero da criança, o grau de exposição, di-
reta ou indireta (por exemplo, através de seu impacto nas pessoas que tomam conta dela) e o con-
texto cultural influenciam o impacto negativo da violência social nas crianças. Por exemplo, o efeito
da violência comunitária na interiorização de problemas (exemplo, depressão, ansiedade) é mais forte
nas crianças mais jovens do que nas mais velhas.
Entretanto, à medida que crescem, as crianças tornam-se cada vez mais envolvidas na violência co-
munitária e apresentam, assim, mais problemas externos (por exemplo, comportamentos agressi-
vos/violentos) do que as crianças menores.
As crianças e aqueles que vivem em áreas economicamente desprovidas correm mais riscos de se-
rem expostos à violência comunitária. Finalmente, as respostas comportamentais das crianças à vio-
lência comunitária são influenciadas pela reação de sua mãe aos eventos violentos.
Resultados de pesquisas indicam que comportamentos depressivos maternos devidos à violência co-
munitária tendem a aumentar os comportamentos problemáticos das crianças.
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VIOLÊNCIA SOCIAL
Confrontar e prevenir os resultados negativos associados à exposição à violência social exige inter-
venções na comunidade e na sociedade que visem promover a capacidade de recuperação indivi-
dual, familiar e comunitária. Considerando que a exposição à violência aumenta a probabilidade de a
criança envolver-se em comportamentos de risco à medida que cresce (por exemplo, agressões e
evasão escolar), a saída é ter programas com múltiplos objetivos focados nos fatores de risco pre-
coce para promover o desenvolvimento social, emocional e comportamental da criança. Outro fator
importante que amortece a influência da violência social no comportamento da criança é o bem-estar
de quem dela toma conta. São recomendadas intervenções que ofereçam suportem às famílias ex-
postas à violência (por exemplo, visitas aos lares).
Os pais também devem receber abrigo adequado, comida suficiente, água limpa e serviços de saúde
para permitir o desenvolvimento da família. Esses recursos de suporte possibilitam diminuir o sofri-
mento das pessoas que tomam conta das crianças e, por sua vez, diminuir as probabilidades de que
se cometa violência por parte das crianças mais velhas.
Especificamente, os pais que têm acesso a serviços de suporte estão em uma posição melhor
para oferecer cuidados seguros, estáveis e reativos para reduzir nas crianças as consequências ne-
gativas da exposição à violência. Além de amortecer nas crianças o impacto negativo da exposição à
violência, as intervenções visam aumentar o desenvolvimento da família e melhorar o acesso a servi-
ços de incentivo que possam ser úteis para reduzir o uso de punições físicas.
Também é importante que os órgãos governamentais e não governamentais (por exemplo, organiza-
ções sociais, acadêmicas e centros de pesquisa) unifiquem seus esforços e atuem de forma proativa
para evitar/reduzir a ocorrência de violência social. Como exemplo, o Conselho Nacional dos Secretá-
rios de Saúde do Brasil (CONASS), em colaboração com seus parceiros, compilou uma série de es-
tratégias de intervenção e programas de políticas voltados para corrigir e prevenir a violência.
O Que é Violência
A temática violência não é um assunto novo nos debates atuais e muito menos uma prática recente, é
uma questão antiga presente na sociedade mundial, pois desde a antiguidade práticas violentas já
ocorriam.
A partir do século XIX a violência começou a ser discutida e caracterizada como um fato social, pro-
vocando a preocupação do poder público, de acordo com a autora, “a violência é considerada um fe-
nômeno biopsicossocial cuja complexidade dinâmica emerge na vida em sociedade, sendo que esta
noção de violência não faz parte da natureza humana por não possuir raízes biológicas. Por isso, a
compreensão desta leva à análise histórica, sociológica e antropológica, considerando as interfaces
das questões sociais, morais, econômicas, psicológicas e institucionais (MINAYO, 1994 apud HA-
YECK, 2009, p.3)”.
Como explica Minayo à complexidade da violência ocorre na vida em sociedade, ou seja, o enorme
desrespeito às regras básicas de convivência, as leis, passam de um simples desentendimento à vio-
lência, degenerando a qualidade de vida, o convívio social e causando o isolamento dos indivíduos.
Hoje, as pessoas vêem uma as outras como possíveis ameaças a sua segurança, ao seu bem-estar
e/ou bens materiais.
Dessa forma podemos entender que a violência social é um fenômeno da sociedade, resultado do
convívio social. De acordo com Minayo (1994) “é, hoje, praticamente unânime, por exemplo, a idéia
de que a violência não faz parte da natureza humana e que a mesma não tem raízes biológicas.
Trata-se de um complexo e dinâmico fenômeno biopsicossocial, mas seu espaço de criação e desen-
volvimento é a vida em sociedade”.
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Então, o homem sendo um ser biopsicossocial deve ser visto como um todo, pois, além de sofrer in-
terferências do estado emocional e da memória intrapsíquica, um dos maiores influenciadores nas
decisões e atitudes do ser humano é o ambiente social. E talvez, a pior verdade sobre a violência é a
de não deixar ninguém de fora de sua abrangência tentacular.
Estamos todos implicados necessariamente como vítimas de uma longa história com raízes firmes,
pois a violência não é um estigma da sociedade contemporânea. Como Rocha (1996, p. 10 apud LE-
VISKY 2010, p. 6-7) diz, “a violência, sob todas as formas de suas inúmeras manifestações, pode ser
considerada como uma força que transgride os limites dos seres humanos, tanto na sua realidade fí-
sica e psíquica, quanto no campo de suas realizações sociais, éticas, estéticas, políticas e religiosas.
Em outras palavras, a violência, sob todas as suas formas, desrespeita os direitos fundamentais do
ser humano, sem os quais o homem deixa de ser considerado como sujeito de direitos e de deveres,
e passa a ser olhado como um puro e simples objeto”.
Na realidade, a violência nada mais é “a falta de que o indivíduo pense sob a ótica da coletividade em
uma sociedade já estampada como insegura e frágil, onde cresce a filosofia do “tudo vale e tudo
pode”, tornando ambíguo o conceito de integração social” (LEVISKI, apud SCHMITZ 2010, p.131). É
como se existisse um eterno conflito entre o homem, as leis e a vida em sociedade.
A violência grassa todos os ambientes e grupos sociais, sem distinção. Existe violência nas famílias,
na escola, no trabalho, na rua, enfim, em todos os locais. As ruas como espaços públicos de convi-
vência, por vezes vira o espaço da insegurança, da violência pela polícia, pelo "marginal" e pelo cida-
dão comum. Segundo Álvaro de Aquino e Silva Gullo (1998, p.105) “a violência, considerada como
um fenômeno social, é analisada como um filtro que permite esclarecer certos aspectos do mundo
social porque denota as características do grupo social e revela o seu significado no contexto das re-
lações sociais”.
A mídia divulga, diariamente, situações de brigas no transito, assaltos, tiroteios, homicídios, entre ou-
tros. A sociedade começa a ter a cara do medo e a por para o exterior a própria agressividade, como
forma instintiva de se proteger, pois de acordo com Gullo (1998), “a violência é parte das relações
que compõem a sociedade”.
Ao discutir violência social é necessário considerar que a violência, ainda segundo Gullo (1998), “é
um fato universal, teremos que tomar como ponto de partida suas singularidades e seus modos espe-
cíficos de manifestação em cada sistema”. Ou seja, devem-se levar em consideração as particularida-
des de cada sociedade, como sua cultura, valores, ideologias e suas situações históricas.
Dessa forma, “a violência é inerente às relações sociais e varia de acordo com a particularidade des-
sas relações em diferentes grupos e sociedades historicamente considerados” (GULLO, 1998, p.
106). A violência social pode ser considerada então como uma expressão da sociedade, “uma res-
posta a um sistema que se associa à forma de poder vigente onde a oposição entre dominante e do-
minado se reproduz de acordo com o contexto das relações sociais que o grupo desenvolve e, conse-
qüentemente, desemboca em medidas legais e jurídicas do próprio sistema”. (GULLO, 1998, p. 106)
A partir disso, Gullo define a violência social a partir de três pontos principais:
“1. A violência é um fenômeno social inerente a qualquer tipo de sociedade; 2. A forma sob a qual se
manifesta reflete o tipo de sociedade e mostra o seu significado nessa sociedade; 3. A violência de-
pende, portanto, de estímulos provenientes da própria sociedade.” (GULLO, 1998, p. 106).
Ou seja, é impossível pensar a violência social como um fenômeno externo à sociedade, mas sim
como resultado de um processo histórico que perpassa o presente e caminha rumo ao futuro, pois de
acordo com Levisky (2010, p. 6), “a violência não é um estigma da sociedade contemporânea, ela
acompanha o homem desde tempos imemoriais, mas, a cada tempo, ela se manifesta de formas e
em circunstâncias diferentes”. Ou seja, conectado com tudo aquilo que caracteriza o convívio social,
a violência social é resultado da própria sociedade.
No que diz respeito às causas da violência social, estas podem ser diversas, segundo Gullo (1998, p.
108) “aexistência de indivíduos que não têm condições de se adaptar ao processo de trabalho ur-
bano-industrial devido a problemas de formação, como os decorrentes da desorganização familiar, da
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Ou seja, o conjunto desses fatores age como estímulo à criminalidade no meio urbano, e não a atua-
ção isolada de cada um deles. Levando em consideração as tradições culturais, divisões sociais e
econômicas das sociedades.
Outro fator segundo o autor é a existência de mão-de-obra sem qualificação que se dedica a ocupa-
ções irregulares, proscritas ou ilegais graças a uma dualidade estrutural (GULLO, 1998). Pois, coloca
os profissionais frente à exclusão social, devido ao fato da falta ou má-qualificação muitas vezes colo-
car o indivíduo fora do mercado de trabalho. Dessa forma, gerando outro fator, a existência do su-
bemprego e do desemprego como resíduo do processo de desenvolvimento econômico. (GULLO,
1998)
Também, um grande gerador de exclusão social que consequentemente impulsionada à violência so-
cial, “é as características da estratificação social na sociedade de classes onde a hierarquia social
que estabelece os limites legais que marcam a separação entre os estratos sociais dependem do sta-
tus social ou posição determinada ou definida por critérios ou atributos sociais”. (GULLO, 1998,
p.109)
Esse “status social” gira em torno de elementos políticos, econômicos e culturais, como por exemplo
o modo de falar, vestir, estilo de vida, riqueza. De acordo com Gullo (1998, p. 109) “essa associação
do status com o processo de desenvolvimento urbano-industrial-capitalista determina o sistema de
classes sociais, que consiste em um conjunto diferenciado de grupos de agentes definidos por seu
lugar no processo de produção econômico determinado por critérios políticos e ideológicos funda-
mentados em educação, ocupação e renda”.
Ou seja, esse status define classes sociais, e conseqüentemente também gera exclusões sociais,
agindo como uma combinação de falta de meios econômicos, de isolamento social e de acesso limi-
tado aos direitos sociais e civis, sendo uma progressiva de fatores sociais e econômicos ao longo do
tempo.
Ou seja, uma mensagem lançada pela mídia é imediatamente aceita e espalhada entre todos os re-
ceptores da comunicação de massa, e acaba por “descarregar” efeitos diretos, gerando impactos na
vida das pessoas. Dessa forma, também deve ser considerada como um fato gerador da violência so-
cial: os estereótipos, regras, condições, e as relações de poder expostos pela mídia.
A partir dos fatores expostos, é possível perceber que a marginalidade social sob estes aspectos
pode se tornar fonte de violência social por que: explora a força do trabalho da mão-de-obra não qua-
lificada; consolida a dependência explicada pelas relações de dominação gerando a impossibilidade
de ocupar papéis de maior produtividade no sistema; intensifica as tensões ou insatisfações sociais
capazes de gerar violência social; e por fim, é manipulada pelos meios de comunicação de massa.
(GULLO, 1998)
Portanto, ainda de acordo com Gullo (1998 p. 110-111), “o problema de violência urbana analisado
como um reflexo da marginalidade estrutural passa a ser uma condição dada para o sistema, e varia
apenas na medida da variação do desenvolvimento político-econômico do sistema neocapitalista”.
Os noticiários de televisão mostram diariamente casos de crimes que chocam a sociedade. É “nor-
mal” encontrar pessoas que sofreram algum assalto, sequestro ou tiveram algum parente assassi-
nado. De acordo com Julio Jacobo Waiselfisz (2011, p. 5) “a segurança pública está entre as maiores
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preocupações da sociedade brasileira nos dias atuais. Disputa com a saúde e a educação a priori-
dade na atenção de autoridades e imprensa. Não há plataforma de governo que não contemple
ações no âmbito da segurança, seja na prevenção, seja no enfrentamento da violência”.
Segundo Waiselfisz (2013, p.8) “homicídio pode ser caracterizado como indicador por excelência de
formas conflitivas de relacionamento interpessoal que acabam com a morte de algum dos antagonis-
tas, e tem como característica uma agressão intencional de terceiros, que utilizam qualquer meio para
provocar danos, lesões que levam à morte da vítima".
Atualmente não se pode caracterizar a violência homicida apenas nas grandes cidades, a violência
homicida que era patrimônio indesejado dos grandes centros urbanos do país, com seu crescimento
maciço, caótico e anômico, desloca-se para áreas de menor densidade e peso demográfico (WAI-
SELFISZ, 2011, p. 7).
Os dados são alarmantes, no histórico de 30 anos que atualmente disponibiliza o Sistema de Informa-
ções de Mortalidade do Ministério da Saúde, o Brasil passou de 13.910 homicídios em 1980 para
49.932 em 2010, um aumento de 259% equivalente a 4,4% de crescimento ao ano (WAISELFISZ,
2011, p. 18). É possível observar o crescimento no gráfico a seguir.
Percebe-se que a média anual de mortes por homicídio no país se supera de forma avassaladora.
Dessa forma, nos últimos anos a sociedade brasileira caminhou e caminha rumo a uma sociedade
violenta, tendo hoje um enorme grau de violência social.
Ao falar sobre crimes violentos, é necessário considerar todos os seus aspectos, e a questão de gê-
nero é uma delas. Ainda segundo Waiselfisz (2011, p.62) “de 2002 a 2010 o número de vítimas bran-
cas caiu de 18.852 para 13.668, o que representa uma queda da ordem de 27,5%. Já entre os ne-
gros, o número de vítimas de homicídio aumentou de 26.952 para 33.264, equivalente a um cresci-
mento de 23,4%”.
Ou seja, ainda segundo dados do autor, por cada branco assassinado em 2010, morreram proporcio-
nalmente mais de 2 negros nas mesmas circunstâncias. E mais preocupante ainda, pelo balanço his-
tórico dos últimos anos, a tendência desses pesados níveis de vitimização é crescer ainda mais (WAI-
SELFISZ, 2011, p.64). Isso mostra a importância da necessidade de reorientar políticas nacionais,
estaduais e municipais quanto à segurança pública, de forma que realmente enfrente a realidade so-
cial do país.
Dados ainda mostram que as mortes por homicídios, caracterizam ocorrências marcadamente mas-
culinas. De acordo com (WAISELFISZ, 2011, p.66), “os diversos mapas que vêm sendo elaborados
desde 1998 confirmam esse fato. Deles emerge uma constante: a elevada proporção de mortes mas-
culinas nos diversos capítulos da violência letal do país, principalmente quando a causa são os homi-
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cídios. Assim, por exemplo, nos últimos dados disponíveis, correspondentes a 2010, dos 49.932 ho-
micídios registrados pelo SIM, 45.617 pertenciam ao sexo masculino (91,4%) e 4.27331 ao feminino
(8,6%)”.
A diferença é gritante, porém, cabe destacar que ainda assim, apesar dessa baixa participação, nas
estatísticas recentes morrem acima de 4.000 mulheres anualmente vítimas de homicídio. (WAISEL-
FISZ, 2011, p. 66)
Em todas as regiões e estados do país, em maior ou menor medida, a vitimização juvenil é um fato
grave e preocupante. Em todas as regiões, os homicídios juvenis mais que duplicam as taxas de ho-
micídio do resto da população (WAISELFISZ, 2011, p.71).
Segundo dados do Mapa da Violência 2012 (2011, p. 75), em 2010, quase 3/4 da mortalidade juvenil
– 73,2% – deve-se a causas externas (ou também, causas violentas, como costumam ser denomina-
das). E o principal responsável por essas taxas são os homicídios, os quais foram responsáveis por
38,6% de todas as mortes de jovens no ano 2010.
Existe uma enorme heterogeneidade nas grandes regiões do Brasil, e mais nos dados dos estados.
Efetivamente, na mortalidade por causas externas entre os jovens, os extremos vão de 53,4% das
mortes no Acre até 82,1% em Alagoas e no Espírito Santo, seguidos de perto por Paraná, com 81,2%
das mortes de jovens atribuíveis a causas externas (WAISELFISZ, 2011, p.75). Ou seja, os jovens
abordam uma grande porcentagem dos casos de homicídios no Brasil, e esses dados nos levam a
indagações quanto aos motivos da juventude ser o principal alvo dos crimes violentos.
É possível observar a taxa de mortalidade por homicídios por faixas etárias no gráfico a seguir:
Essas situações, que nos remetem a complexos problemas da eclosão da violência juvenil no país,
aparecem como uma constante da modernidade, consequência quase natural de um fenômeno deno-
minado “juventude” (WAISELFISZ, 2011, p. 79). Ou seja, como se o termo juventude estivesse diaria-
mente associado à violência.
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VIOLÊNCIA SOCIAL
O homicídio é uma violência diária, os dados mostrados evidenciam o preocupante crescimento dos
índices no Brasil, e segundo Waiselfisz (2011, p.237) “ocorreram, no ano de 2010, 50 mil assassina-
tos no país, com um ritmo de 137 homicídios diários, número bem superior ao de um massacre do
Carandiru por dia”.
O fenômeno da violência social e seus impactos são visíveis de fato por uma parte significativa da so-
ciedade brasileira. Mas também, encontramos pessoas sem nenhuma experiência direta com esta
violência, mas que no final das contas acabam por compartilhar das mesmas angústias e sentimentos
de insegurança de quem já foi vítima deste fenômeno.
De acordo com Pontes e Dias (p. 5) “o efeito cumulativo da violência tende a dominar cada vez mais
as vidas das pessoas, que assim reduzem radicalmente as suas expectativas de liberdade e se dis-
põem a investir em recursos próprios para aquisição de equipamentos, procurando fazer treinamento
preventivo, a fim de criar mecanismos que possam proporcionar uma vida mais segura”.
A violência é capaz de bloquear o encontro natural dos sujeitos entre si, bem como sufocar as possi-
bilidades humanas, formando uma sociedade controlada pelo medo e desconfiança. Em suma, a
nova realidade política e social, o movimento em favor dos direitos humanos passou a dirigir sua
atenção para os problemas da violência policial e da violência urbana (MESQUITA NETO, 1998, p.
32-33). De acordo com Santos (2009, p. 241) “os moradores, conforme sua compreensão intuitiva da
“realidade das coisas” acostumaram-se com seu caráter mutante (senso comum) e sua necessária
identificação com essas mudanças; sem buscar compreender – de forma crítica – teorizar e resistir,
apropriam-se delas dentro de uma lógica do caos”.
Ou seja, a vivência cotidiana de uma situação marcada pelo aumento da criminalidade violenta cons-
titui-se em uma experiência peculiar no cenário brasileiro, à violência social acaba por se representar
na sociedade como parte dela. “A violência, muitas vezes, situa-se à margem de suas atividades diá-
rias e, outras vezes, passa a ser o meio de sobrevivência das pessoas” (SANTOS, 2009, p. 241).
A violência nas cidades tem assustado e isolado sua população dentro de suas próprias residências,
de acordo com Santos (2009, p. 244-245), “em cidades grandes, médias, ou, até mesmo, de pequeno
porte, não é preciso ir muito longe para observarmos o grande número de casas com cercas elétricas,
portas e janelas com grades de proteção ou até mesmo com placas que identificam empresas de se-
gurança privada que monitoram algumas residências vinte e quatro horas por dia, evitando que estas
casas sejam invadidas por pessoas que escolheram a vida do crime como forma de sobrevivência na
dinâmica social”.
Houve tempos em que as cidades eram vistas como um “bem” para o ser humano. Era um progresso
importante para o homem e para o território, por representar o avanço da civilização, o aumento da
cultura, a ampliação do mercado, dos bens negociáveis, das oportunidades e muito mais. No entanto,
esses tempos se passaram para aqueles que, atualmente, veem a cidade como um espaço de sobre-
vivência em condições (relativamente) aceitáveis (SANTOS, 2009 p.246). Porém, atualmente as cida-
des viraram espaços de “sobrevivência”.
Ainda de acordo com Santos (2009, p. 249), “ao combinarem o urbanismo do medo e a detenção do
poder nas mãos de poucos, além da combinação com o urbanismo da urgência e a precariedade de
vida de muitos, as medidas de segurança, criadas nesse contexto, estão modelando, cada vez mais,
um meio segregado. A segurança passa a ser o fetiche para conjurar o mal e apresenta-se como a
origem da construção de novas desigualdades sociais no contexto urbano”.
Enfim, Mesmo com a sociedade investindo recursos próprios, adquirindo equipamentos, sistemas,
alarmes, fazendo treinamento preventivo para criar mecanismos que tornem sua vida mais segura, o
desrespeito à vida humana é crescente e se alastra por quase todos os setores sociais.
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VIOLÊNCIA SOCIAL
A violência social e a insegurança que atingem as pessoas são elementos que estão relacionados ao
cotidiano de quem convive nas cidades. Entender esses elementos será uma das formas de levarmos
aos poderes públicos respostas para certas incógnitas relacionadas aos efeitos de políticas públicas
implantadas nas cidades (SANTOS, 2009, p. 250).
Diante de toda a discussão apresentada neste artigo, dos dados levantados e da problemática que a
violência social trás, surge à dúvida de acordo com Waiselfisz (2011) “de como em um país sem con-
flitos religiosos ou étnicos, de cor ou de raça, sem disputas territoriais ou de fronteiras, sem guerra
civil ou enfrentamentos políticos violentos, consegue-se exterminar mais cidadãos do que na maior
parte dos conflitos armados existentes no mundo”.
A violência social cresce a cada ano, vitimando homens, mulheres, jovens e crianças, e os fatores
que condicionam à criminalidade social mencionados neste artigo, tendem a aumentar os números de
mortes por violência social, especialmente por homicídios.
Dessa forma, torna-se de extrema importância a discussão permanente quanto à criação de políticas
e estratégias públicas de proteção da sociedade, e avaliação e melhoria das já existentes. Porém,
não se podem desconsiderar as diferenças e exclusões sociais, que o modelo capitalista estimula dia-
riamente, e que acaba por colocar o indivíduo vítima da própria sociedade e das relações de poder.
A violência social é uma realidade ainda distante de dados estáveis e controlados, considerando que
a violência é um fato que percorre um caminho histórico, que se manteve presente em tempos distin-
tos e se expressou de diferentes formas, e, faz parte da complexidade das relações sociais e todos
os aspectos que a envolvem, econômicos, políticos, éticos, culturais, morais, religiosos.
Seria ingenuidade pensar uma sociedade sem violência, porém, não se pode acostumar com a reali-
dade atual, a busca pela amenização desta realidade é um caminho cheio de desafios, e remete a um
processo permanente, de muito trabalho e esperança.
Nós queremos discutir neste artigo o nível da violência na qual chegou a sociedade brasileira.
Além de ser um constrangimento físico ou moral, a violência é um ato vergonhoso que acontece diari-
amente, em todos os lugares do Brasil e no mundo.
Ninguém sai mais à rua seguro de que vai voltar ao seu lar, muitas pessoas morrem e deixam famí-
lias em sofrimento, por causa de um assalto, uma bala perdida ou outra causa de violência.
Ao andar pelas ruas, ninguém mais confia em ninguém, todos ao se aproximar de qualquer pessoa já
ficam preocupadíssimos, sempre achando que irão ser assaltados ou coisa pior.
Cada dia que passa a violência aumenta rapidamente, em vez de todos serem unidos, parece que
separam-se. Não sabemos o que será o dia de amanhã, há tanto medo dentro de nós que não pensa-
mos em outra coisa senão a violência. Não podemos esquecer de ressaltar a violência nas torcidas
de esportes. Coisa que deveria ser diversão acaba em violência e morte.
Quem não olha televisão? Todos os dias há casos e mais casos de mortes, assassinatos. Quase to-
dos com uma coisa em comum: impunidade.
Violência doméstica
Bullying
Violência Sexual
Desemprego no Brasil
Como todos nós sabemos, continuam a ocorrer, no Brasil, graves violações dos direitos humanos.
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VIOLÊNCIA SOCIAL
As vítimas tendem a ser aqueles que mais precisam de proteção: os pobres urbanos e rurais, os po-
vos indígenas, os negros, os jovens e também aqueles que trabalham em prol dos mesmos: advoga-
dos, sacerdotes, líderes sindicais, camponeses. Os violadores costumam ser agentes do Estado, cuja
responsabilidade legal é a proteção dos cidadãos.
A despeito de algumas exceções notáveis, a impunidade ainda predomina para a maioria dos crimes
contra os direitos humanos.
Em muitas cidades emergiram forças que passaram a explorar a desintegração social do ambiente
urbano, para impor formas próprias de regulação social. As brechas cada vez maiores entre riqueza e
pobreza, juntamente com as atividades do crime organizado e a disponibilidade de armas, criaram
uma mistura explosiva, em que se deu a escalada da violência social brasileira.
Mas, embora a história e os padrões sociais nos ajudem a entender os problemas dos direitos huma-
nos no Brasil, não basta para explicar a impunidade de que desfruta um número excessivamente
grande de violadores desses direitos.
Brechas da Impunidade
Se formou no âmago da sociedade brasileira uma série de brechas, as quais permitem que tais cri-
mes fiquem impunes.
A primeira é a brecha entre a legislação destinada a proteger os direitos humanos e a sua implemen-
tação.
O povo brasileiro tem a expectativa legítima de que os direitos civis e políticos inscritos na Constitui-
ção e na lei sejam justa e efetivamente aplicados pelo estado. No Rio de Janeiro, nos 10 meses que
seguiram ao do massacre de Vigário Geral – de setembro de 1993 a junho de 1994 – foram regis-
trada as mortes de 1.200 pessoas nas mãos dos esquadrões da morte. Mais de 80% desses crimes
permanecem sem solução.
O panorama nas zonas rurais é ainda pior. Em apenas 4%, aproximadamente, dos casos de morte de
camponeses e líderes sindicais rurais, os responsáveis foram levados a julgamento.
Quando são frustradas as expectativas daqueles que contam com a justiça e a procuram, a textura da
sociedade começa a desintegrar-se. Assim como em outros países, tem sido essa experiência de
muitos brasileiros, especialmente na periferia das grandes cidades e em algumas áreas rurais. Re-
sulta daí que as relações sociais não são reguladas pela lei, mas sim por uma combinação de intimi-
dação e apadrinhamento.
A Segunda brecha situa-se entre os setores das forças de segurança e o povo que juraram proteger.
O povo brasileiro tem o direito de viver sem medo do crime. Mas também tem o direito de viver sem
medo da polícia. Dos 173 casos da assassinatos ocorridos no meio rural, em 19993, com a participa-
ção de pistoleiros contratados, que a Procuradoria Geral da Republica está investigando, comprovou-
se que 80 contaram com a participação direta de policiais militares ou civis.
A morte do suspeito de um crime diante de câmeras de TV, no Rio de Janeiro, e o massacre de 111
detentos na Casa de Detenção, em São Paulo, têm um elemento comum: mostram que os policias
sentem que têm controle sobre a vida e a morte dos cidadãos.
Como observou um ilustre membro da seção paulista de Ordem dos Advogados do Brasil, a respeito
do caso Carandiru, mais aterrador que o número de vitimas foi o número de violadores. Isso mostra
como um sentimento coletivo de impunidade poderia estar enraizado na cultura organizacional de
certos setores das forças de segurança.
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VIOLÊNCIA SOCIAL
Mas é possível mudar. Após o massacre da Casa de Detenção, foram tomadas medidas para estabe-
lecer padrões mais rigorosos de investigação de assassinatos cometidos por policias nas ruas, e to-
dos os policiais envolvidos em tiroteios fatais foram obrigados a consultar um psiquiatra.
A terceira brecha estaria entre a procura da justiça e a capacidade do Estado para proporcioná-la.
Infelizmente para muitos brasileiros, sobretudo para os que integram os setores mais vulneráveis da
população, o Brasil é também um país sem justiça.
Não é que o povo não acredite na justiça. É que suas convicções são cruelmente destruídas pelas
próprias pessoas cujo dever seria preservá-las.
Essas brechas entre lei e a sua aplicação, entre as forças de segurança e o povo que juraram prote-
ger, e entre a procura de justiça e a capacidade do Estado para proporcioná-la, criam uma brecha
maior e mais fundável: uma brecha na própria alma da sociedade, que separa o Estado dos seus ci-
dadãos e os cidadãos entre si.
É por isso que tais questões deixaram de preocupar apenas as vítimas, suas famílias e aqueles que
lutam com coragem e determinação nas organizações de defesa dos direitos humanos, para afetar a
sociedade brasileira como um todo.
Caminhos a Percorrer
Para eliminar essas brechas, o movimento pelos direitos humanos precisa vencer quatro batalhas.
A primeira é a batalha pela identidade, uma batalha pela preservação da identidade individual das ví-
timas, como a das centenas de crianças e adolescentes mortos a cada ano nas principais cidades
brasileiras.
Sabemos que, em sua maioria, as vítimas são jovens adolescentes de sexo masculino, provenientes
de bairros pobres. Sabemos também que, contrariando a crença popular, a maioria deles não são cri-
anças de rua nem têm ficha criminal.
Mas uma vítima não é um número estatístico nem categoria sociológica. Uma vítima é um ser hu-
mano. E para muitas dessas crianças e adolescentes a morte nem chega a conferir a dignidade hu-
mana elementar da identificação pelo nome.
Dos mais de 2 mil casos de assassinatos registrados no Rio de Janeiro no período de um ano, 600
das vítimas sequer foram identificadas. Como disse à Anistia Internacional um promotor estadual do
Rio de Janeiro, em um número demasiadamente grande de casos, vítimas e violadores têm um atri-
buto em comum: ambos são desconhecidos.
“Vamos esquecer o passado”, exigem os violadores de crimes contra os direitos humanos. Mas será
que devemos esquecer os 144 “desaparecidos” durante os anos de governo militar? Devemos esque-
cer que os assassinos de Chico Mendes continuam em liberdade? Devemos esquecer que os respon-
sáveis pela morte de Margarida Maria Alves ainda não foram julgados?
Justiça não significa esquecer o crime. “A justiça tarda mas não falha”, diz o ditado popular. Só que,
muitas vezes, “a justiça tarda mas não chega”, e não chega porque tarda demais. Será que algum dia
chegará para os membros das comunidades indígenas assassinados em meados da década de 80,
cujos processos ainda estão paralisados na justiça?
Muitos se voltaram contra as organizações de defesa dos direitos humanos, considerando seu traba-
lho pouco mais que a proteção de criminosos.
A ansiedade a respeito da escala do crime é alimentada por programas radiofônicos populares, que
proclamam: ” Bandido bom é bandido morto! ”
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Já faz muito tempo que muita gente aceita a morte de jovens suspeitos, desde que os mortos por en-
gano não sejam seus próprios filhos.
Essas pessoas aceitaram a exibição pública dos corpos das vitimas, desde que não fosse realizada
em áreas residenciais.
Aceitaram o fato de que grandes setores da população vejam negados seus direitos humanos bási-
cos por serem pobres, ou viverem no bairro errado, ou terem a cor errada.
Mas as políticas do medo não trazem segurança. Pelo contrário, degradam a sociedade que tais cri-
mes são tolerados e prejudicam a reputação internacional, da qual depende a prosperidade a longo
prazo.
É claro que, para que a impunidade tenha fim, os responsáveis por crimes contra os direitos humanos
devem ser levados a prestar contas dos seus atos perante um tribunal.
Mas há um sentido mais amplo em que a responsabilidade é crucial na luta pelos direitos humanos. O
governo brasileiro é responsável, perante a lei internacional, pela garantia de que o Brasil cumpra os
tratados internacionais de direitos humanos dos quais é signatário.
O governo brasileiro também é responsável perante a opinião pública internacional, pois o respeito
pelos direitos humanos é uma obrigação moral que transcende as fronteiras nacionais.
A violência pode ser tomada como sinônimo de defesa. Ela é uma agressão de defesa. Um povo
abandonado, amedrontado, humilhado, intimidado e atemorizado, até pela propaganda da violência,
não participa.
Nessa situação, consciente ou inconscientemente, uma intenção daqueles que estão no poder no
sentido de afastar as pessoas da participação social, política e econômica. Isso vem ao encontro
desse sistema que privilegia uma pequena minoria e prejudica a grande maioria. Por isso, a violência,
muitas vezes é estimulada por aqueles que estão no poder para se manterem no poder.
As autoridades estão apostando na violência, pois agora se criam condições para que esta violência
subsista e afaste o povo daquilo que é um direito do povo, a participação na vida nacional.
Temos grandes cidades que são de primeiro mundo. Aqui também temos a criminalidade do primeiro
mundo. A criminalidade da droga, da violência policial, das quadrilhas organizadas. Agora, no Brasil
real, que não é o Brasil do primeiro mundo, temos uma criminalidade que é fruto da discriminação so-
cial em que o povo vive, onde poucos são os donos e muitos são os escravos.
Pelo fato de o povo viver inseguro, amedrontado e intimidado, seria mais sensato e coerente que os
meios de comunicação falassem de flores e amores em vez de promover programas de violência.
Mas os governos detêm os cordéis dos meios de comunicação e as grandes empresas se mantêm
através do favorecimento do governo e através da manipulação da informação. Por isso eles promo-
vem a violência exatamente para mostrar ao povo que ele tem que ficar na moita, sem o mínimo de
esperança. Quando o povo chega em casa, depois de 12 horas de trabalho, e não só de trabalho,
mas de envolvimento com toda esta loucura de vida, ele assiste novamente à violência do que foi su-
jeito. Isso quer dizer que ele vive permanentemente num mundo de violência, dentro e fora de casa.
Que esperança este povo pode ter deste mundo?
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Nenhuma criança nasce violenta. Há consenso de que a condição de ser violento é adquirida no de-
correr do desenvolvimento. Muitas famílias, pela condição infra-humana a que são submetidas, são
forçadas a conviver constantemente com situações violentas. A isso, somam-se os brinquedos, em
forma de armas miniaturizadas, colocadas facilmente ao acesso das crianças. A tevê colabora com
imagens violentas e promiscuas. O que será das gerações futuras?
Os filmes violentos apresentados pela televisão têm influência sobre as crianças. O mundo atual faz
com que a criança seja exposta, de forma muito intensa, a impulsos violentos. Vários psicólogos, prin-
cipalmente norte-americanos, têm concluído que a violência gera, na criança, uma habituação. A cri-
ança se acostuma com a violência.
Nessa habituação, para ser motivada, ela termina necessitando de mais estímulos violentos do que o
necessário. Em experiências feitas nos EUA, um grupo de psicólogos tomou um grupo de crianças
que viam pouca tevê e que passava o dia todo sob a estimulação de filmes violentos. Colocaram ele-
trocenfalogramas e aparelhos sensores para medir o pulso das crianças.
Constataram, após algum tempo, que as crianças que estavam acostumadas com a violência,
quando viam uma cena agressiva, não possuíam aceleração do pulso. De outra parte, as crianças
que não estavam habituadas à violência, tinham uma saliente aceleração cardíaca.
Pela experiência acima, nota-se que, para as crianças acostumadas com violência, é necessário um
impulso ainda mais violento para que reaja. Isso mostra que a violência gera violência: que a violên-
cia faz com que a pessoa necessite de maior violência. É prejudicial permitir que uma criança de 5
anos seja submetida a programas promíscuos e violentos da tevê.
Essa superexposição violenta, para a criança, não é benéfica. Entendo que os meios de comunicação
de massa acabam por estimular a forma violenta de viver, a partir do momento em que divulgam tanta
violência. A gente, sem querer, acaba sendo envolvido, se habitua com ela, achando que é normal.
Coisa que não acontecia com nossos antepassados, quando não havia o aparato da violência que
temos hoje diante dos olhos. Chegavam a nós, com muita lentidão, e não com tanta intensidade
como ocorre hoje.
Não é educativo apresentar o mundo violento a uma criança. Pois devemos preparar a criança para
enfrentar o mundo com todos os outros aspectos violentos.
Mas isso depende do nível de desenvolvimento dessa criança. O que está ocorrendo, e que é prejudi-
cial e que marca as crianças de hoje, é que elas, em etapas de desenvolvimento muito precoce, são
submetidas a estímulos muito violentos do meio-ambiente. Conheço crianças com cinco anos de
idade que assistem à televisão aos sábados até as quatro da manhã. Assistem a programas extrema-
mente violentos e promíscuos. Isso não pode fazer bem para a criança. Deve haver uma adaptação.
Precisamos tomar consciência de que todos nós, adultos, devemos lutar contra a violência. Estou
percebendo que se nós não tomarmos essa atitude, vai ocorrer uma verdadeira autodestruição.
Uma questão que preocupa muito é a do castigo. Bater, dar palmadas, vários psiquiatras veem a
questão das palmadas de duas maneiras, ambas decorrentes da estrutura familiar. Há famílias que
são de uma permissidade muito grande para a criança. Elas não ajudam a criança a saber manejar
seus impulsos agressivos, ou mesmo seus impulsos sexuais.
E há outras famílias que são extremamente rígidas e que, também pela sua rigidez, não permitem
que a criança saiba também manejar seus impulsos. Uma das necessidades básicas infantis é a dis-
ciplina, no bom sentido, e isto consiste em saber dar limites aos filhos. Se nós temos hoje tanta
agressividade com jovens, é porque, possivelmente, os pais não souberam dar limites e, com isso, as
crianças se tornam muito agressivas, onipotentes.
Perdem o senso dos limites. Pensam que podem, inclusive, manejar com a vida dos outros. Penso
que isso se deve a condutas agressivas assimiladas pela criança. Faltaram atitudes firmes, de parte
dos pais. As vezes, os pais também perdem o controle e acabam batendo nos filhos de uma forma
até violenta. Quando isso ocorre, eles têm que manter a coerência, sem, em seguida, mimar o filho.
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Se eles acariciam o filho depois de uma surra, ele vai aprender a desobedecer, para ser beneficiado
com o carinho posterior. Não há nada de errado em um pai perder a paciência e, vez por outra, dar
uma palmada no filho. O que ele deve fazer é conservar, com firmeza, esta atitude.
Essa atitude firme tem que ser compartilhada pelo pai e pela mãe, evitando que um bata e o outro
acaricie. Por que deve haver uma coerência de atitudes entre pais. Porque senão, vai ocorrer um fe-
nômeno chamado dissociação, no qual um dos pais fica sendo carrasco ou mau e ruim, e outro bom
e excelente. Isso só pode gerar intranquilidade para a criança.
A questão dos brinquedos violentos é polêmica. De um lado, temos a sociedade consumista que ofe-
rece as armas de todos os portes, e de todas as formas. Desde uma simples faca, até o mais sofisti-
cado foguete.
Tudo em miniatura. Sou de uma posição intermediária. Penso que o ideal seria o que ocorreu comigo:
“Eu tinha meus brinquedos agressivos, eu tinha meus bodoques, minhas espadas, mas nós não fazí-
amos deste brinquedo algo como a meta principal. A gente jogava futebol e fazia outras coisas e se
exercitava ao máximo desenvolvendo todas as capacidades motoras.
Acho que há necessidade de revisarmos a carga de instrumentos agressivos que colocamos ao al-
cance destes menores. Um hiperarmamento é prejudicial.”
Alguns brinquedos agressivos são, entretanto, necessários para a criança, pois precisa extravasar a
sua agressividade. Mas isso deve ser feito de uma forma adequada. O equilíbrio é aconselhável. Cri-
ança não pode passar o dia todo com brinquedos eletrônicos. É um perigo.
A conclusão que podemos tirar, é de que, a violência está cada vez maior.
A exclusão;
As drogas;
No mais, achamos que uma coisa que podemos fazer é criar nossos filhos de maneira correta, ten-
tando educá-los para que nunca sejam violentos.
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