Materia de Luis Felipe 1
Materia de Luis Felipe 1
Materia de Luis Felipe 1
Autor:
Renan Araujo
17 de Maio de 2023
Índice
1) Das Lesões Corporais
..............................................................................................................................................................................................3
2) Da Rixa
..............................................................................................................................................................................................
18
3) Homicídio
..............................................................................................................................................................................................
21
As lesões corporais podem ser quaisquer danos provocados no sistema de funcionalidade normal
do corpo humano.
O crime de lesões corporais está previsto no art. 129 do CP, e possui diversas variantes, que estão
previstas nos seus §§:
§ 1º Se resulta:
II - perigo de vida;
IV - aceleração de parto:
§ 2° Se resulta:
II - enfermidade incurável;
IV - deformidade permanente;
V - aborto:
Diminuição de pena
Substituição da pena
§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção
pela de multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis:
Aumento de pena
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. (Redação dada pela Lei nº 11.340,
de 2006)
§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e
144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional
de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra
seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão
dessa condição, a pena é aumentada de um a dois terços. (Incluído pela Lei nº
13.142, de 2015)
A lesão corporal é um crime que pode ser praticado por qualquer sujeito ativo, também podendo
ser qualquer pessoa o sujeito passivo. Em alguns casos, no entanto, somente pode ser sujeito
passivo a mulher grávida (art. 129, §§1°, IV e 2°, V).
Trata-se de crime que pode ser praticado de diversas maneiras, pancadas, perfurações, cortes, etc.
A autolesão não é crime (causar lesões corporais em si mesmo), por ausência de lesividade a bem
jurídico de terceiro.
1 Simples (caput)
2 Qualificada (§§ 1°, 2° e 3°)
3 Privilegiada (§§ 4° e 5°)
4 Culposa (§ 6°)
A lesão corporal simples é a prevista no art. 129, caput, e ocorrerá sempre que não resultar em
lesões de natureza mais grave ou morte. Assim, o conceito de lesão corporal leve se extrai por
exclusão: sempre que o agente ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem e isso não
configurar um resultado agravador, teremos lesão leve.
A lesão qualificada pode se dar pela ocorrência de resultado grave (lesões graves) ou em
decorrência do resultado morte (Lesão corporal seguida de morte).
As seguintes situações são consideradas como lesões graves/gravíssimas para fins penais:
O CP trata ambas como lesões graves, mas em razão da pena diferenciada para cada uma delas,
a Doutrina e a Jurisprudência tratam as primeiras como lesões graves e as segundas como lesões
gravíssimas.1 Na prova, portanto, lesão “grave” é alguma das hipóteses do §1º do art. 129, e lesão
gravíssima é uma das hipóteses do §2º do art. 129 do CP. Falemos um pouco sobre cada uma
delas.
No que tange à incapacidade para as ocupações habituais por mais de trinta dias é importante
destacar, inicialmente, que a incapacidade tem que ser por mais de 30 dias, ou seja: 31 dias ou
mais. Caso a incapacidade seja apenas por 30 dias, não estará configurado o resultado agravador.
Além disso, é pacífico o entendimento no sentido de que a incapacidade não precisa ser,
necessariamente, para o trabalho. Pode ser a incapacidade para o estudo, para o exercício de
algum hobby (ex: tocar violação por lazer, exercitar-se habitualmente, etc.). Exige-se, porém, que
1
PRADO, Luis Regis. Op. Cit., p. 146/149
se trate de uma atividade habitual lícita da vítima. A atividade habitual da qual a vítima ficou privada
é ilícita, não há o resultado agravador.
EXEMPLO: José agride Pedro com socos e pontapés. Pedro, em razão das lesões
fica incapacitado de exercer suas atividades habituais por mais de 30 dias. Todavia,
a atividade habitual de Pedro era a prática de furtos. Pedro era um conhecido
ladrão da região. Nesse caso, evidentemente, não haverá o resultado agravador e
José responderá por lesão corporal leve.
No que tange ao perigo de vida, é bom ressaltar que não pode ter havido dolo de matar. Caso o
agente tenha agido com intenção de matar a vítima e não tenha conseguido, teremos homicídio
tentado. Para que haja lesão corporal grave pelo perigo de vida, o agente deve ter atuado apenas
com dolo de lesão e, em razão das lesões, acabou ocorrendo risco de óbito à vítima, mas o
resultado morte não pode ter sido querido pelo agente.
Haverá lesão corporal grave, ainda, no caso de sobrevir à vítima debilidade permanente de
membro, sentido ou função. A debilidade pode ser definida como a característica daquilo que é
débil, fraco, sem vigor. No caso de debilidade de membro, sentido ou função, o agente não perde
o membro, sentido ou função, mas fica com suas funções debilitadas (ex.: fica com a audição
parcialmente comprometida em razão de chutes no ouvido). Caso haja perda ou inutilização de
membro, sentido ou função haverá lesão corporal gravíssima.
Por fim, há ainda a aceleração de parto. Aqui não há aborto, ou seja, não há interrupção da
gestação com destruição do produto da concepção (feto ou embrião). O agente agride a gestante
e, em razão das agressões, a gestante acaba entrando prematuramente em trabalho de parto.
Mas, e se o agente quer provocar aborto na gestante e não consegue, gerando apenas aceleração
de parto? Havendo dolo de abortamento, deverá o agente responder pelo crime de aborto
provocado por terceiro, sem o consentimento da gestante, na forma tentada (art. 125 c/c art. 14,
II do CP), cumulado com lesão corporal leve contra a mãe.
Vale ressaltar que em todas as hipóteses de lesão corporal grave, como a pena mínima é igual a
01 ano, é cabível a suspensão condicional do processo (benefício previsto no art. 89 da Lei
9.099/95).
Aborto
Vejam que a incapacidade aqui prevista não é para qualquer atividade habitual lícita, tampouco
basta que seja por mais de 30 dias. Deve haver incapacidade permanente para o trabalho.
Mas, a incapacidade deve ser para o trabalho que a vítima exercia ou para todo e qualquer
trabalho? Tema polêmico.
Prevalece o entendimento de que a incapacidade para o trabalho é genérica, ou seja, não bastaria
a mera incapacidade para o trabalho anteriormente exercido, se a vítima ainda tem condição de
desempenhar outras atividades laborativas.
Todavia, mesmo quem sustenta tal posição defende que deve haver cautela e prudência na análise
do caso concreto, de forma que se a limitação laborativa gera restrição muito severa à vítima, ainda
que permita o exercício de algum tipo de trabalho, deve incidir a qualificadora.
EXEMPLO: Pedro, jogador de futebol, é agredido por José, com socos e pontapés. Em
razão dos inúmeros golpes, Pedro fica incapacitado para jogar futebol, bem como
desempenhar qualquer atividade esportiva remunerada. Nesse caso, por uma questão
de prudência, deve ser reconhecida a qualificadora, ainda que se possa argumentar que
Pedro poderia trabalhar como operador de telemarketing, porteiro, contador, etc.
Haverá ainda lesão corporal gravíssima no caso de sobrevir à vítima perda ou inutilização do
membro, sentido ou função. Aqui não basta a mera debilidade, devendo haver perda ou
inutilização.
A perda é a destruição ou privação do membro (ex.: perda de um braço), sentido (ex.: perda da
audição) ou função (ex.: perda da função reprodutora em razão de danos nos ovários).
Vale frisar que a perda de pode se dar por mutilação ou por amputação. Na mutilação a perda se
dá pela própria conduta criminosa (ex.: decepar o braço da vítima). Na amputação há intervenção
médica para retirada do membro em razão dos danos sofridos, de forma a preservar o restante do
corpo ou evitar consequências mais severas à saúde da vítima.
A inutilização, por sua vez, ocorre quando a vítima não perde o membro ou órgão, mas este se
torna inútil, ou seja, incapaz de desempenhar as atividades inerentes à sua função no corpo
humano (ex.: perder por completo o movimento da perna esquerda ou do braço direito). A
inutilização deve ser completa. Caso seja parcial, haverá lesão grave apenas (pela debilidade).
A perda ou inutilização de um só membro, ainda que duplo, configura lesão gravíssima. Todavia,
em caso de órgãos duplos (ex.: olhos, rins, etc.), a perda de um deles configura apenas lesão grave,
vez que a função não é afetada por completo, já que com apenas um deles se mantém o sentido
ou função.
Embora não haja unanimidade, prevalece o entendimento de que a deformidade não precisa ser
no rosto ou em uma parte mais evidente do corpo humano, podendo se dar em partes mais íntimas
(ex.: nádegas, genitália, etc.), desde que seja um prejuízo estético relevante, que cause desconforto
para quem vê (por não ser belo) e vergonha para quem é visto.
Por fim, haverá lesão gravíssima em caso de ocorrência de aborto, ou seja, a interrupção da
gestação com a destruição do produto da concepção. Frise-se que o agente, aqui, não pode ter
tido o dolo de provocar aborto, caso contrário, estará caracterizado o crime de aborto provocado
por terceiro sem o consentimento da gestante (art. 125 do CP), cumulado com lesão corporal leve
contra a mãe.
A lesão corporal seguida de morte é um crime qualificado pelo resultado, mais especificamente,
um crime preterdoloso (dolo na conduta inicial e culpa na ocorrência do resultado) pois o agente
começa praticando dolosamente um crime (lesão corporal) e acaba por cometer, culposamente,
um resultado mais grave (morte). Nesse caso, temos a lesão corporal seguida de morte, prevista
no §3° do art. 129, à qual se prevê pena de 04 a 12 anos de reclusão.
Importante frisar, porém, que o resultado morte não pode advir de dolo do agente, nem mesmo
eventual. Caso se verifique que o resultado morte foi querido pelo agente, ou que o agente agiu
com dolo eventual (desprezo pela ocorrência do resultado previsto), restará afastado o crime de
lesão corporal qualificada pela morte, respondendo o agente pelo crime de homicídio doloso.
Por fim, vale ressaltar que o crime de lesão corporal seguida de morte não é da competência do
Tribunal do Júri, vez que não se trata de crime doloso contra a vida.
Há, ainda, a figura da lesão corporal privilegiada, que ocorre em duas situações:
▪ Agente comete o crime movido por relevante valor moral ou social, ou movido por
violenta emoção, logo em seguida à injusta provocação da vítima – A pena é diminuída
de 1/6 a 1/3 (aplicam-se as mesmas considerações acerca do homicídio privilegiado).
A lesão corporal na modalidade culposa está prevista no §6° do art. 129, e é praticada quando há
violação a um dever objetivo de cuidado (negligência, imprudência ou imperícia). Lembrando que
o crime de lesões corporais culposas em direção de veículo automotor é crime especial, previsto
no CTB, logo, não se aplica o CP nesse caso.
É possível, ainda, que havendo lesão corporal culposa, o Juiz conceda o perdão judicial ao infrator,
conforme também ocorre no homicídio culposo, quando as consequências da infração atingirem o
infrator de tal forma que a pena se torne desnecessária.
O perdão judicial importará na extinta a punibilidade e a sentença que o conceder não será
considerada para fins de reincidência.
Em casos como este, a pena da lesão corporal de natureza leve será de 03 meses a 03 anos.
Além disso, no que toca ao crime de lesão corporal praticado no âmbito da violência doméstica:
Assim, resumidamente: o fato de a lesão corporal ter sido praticada num contexto de violência
doméstica e familiar configura qualificadora, caso se trate de lesão leve; caso se trate de lesão
qualificada pelo resultado, o contexto de violência doméstica servirá como majorante (aumento de
1/3).
A Lei 13.142/15 incluiu o §12 no art. 129 do CP, trazendo uma nova majorante. A pena será
aumentada de 1/3 a 2/3 se o crime de lesões corporais for praticado contra integrantes das Forças
Armadas (Marinha, Exército e Aeronáutica), das forças de segurança pública (Polícias federal,
rodoviária federal, ferroviária federal, civil, militar e corpo de bombeiros militar), dos agentes do
sistema prisional (agentes penitenciários) e integrantes da Força Nacional de Segurança.
Contudo, não basta que o crime seja praticado contra alguma destas pessoas para a causa de
aumento de pena seja aplicada, é necessário que o crime tenha sido praticado no exercício da
função ou em razão da função exercida pelo agente. Se o crime não tem qualquer relação com a
função pública exercida, não se aplica esta causa de aumento de pena.
Além dos próprios agentes, o §12º relaciona também os parentes destes funcionários públicos
(cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau). Assim, o crime de lesões
corporais praticado contra qualquer destas pessoas, desde que guarde relação com a função
pública do agente, será majorado (haverá aplicação da causa de aumento de pena).3
Art. 129 (...) § 13. Se a lesão for praticada contra a mulher, por razões da condição
do sexo feminino, nos termos do § 2º-A do art. 121 deste Código: (Incluído pela
Lei nº 14.188, de 2021)
2
CUNHA, Rogério Sanches. Op. Cit., p. 110
3
Tal conduta passou a ser considerada, ainda, crime hediondo, nos termos do art. 1º, I-A da Lei 8.072/90, incluído
pela Lei 13.142/15.
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro anos). (Incluído pela Lei nº 14.188, de 2021)
Como se vê, trata-se da lesão corporal qualificada por ser praticada contra a mulher por razões da
condição do sexo feminino, nos termos do art. 121, §2º-A do CP. Ou seja, trata-se de lesão corporal
contra a mulher, quando ocorrida em pelo menos uma das duas situações:
Frise-se que tal qualificadora só será aplicada se estivermos diante de um crime de gênero, ou seja,
não basta, para a aplicação da qualificadora, que o crime seja praticado contra mulher no âmbito
doméstico ou familiar, exigindo-se que a motivação do infrator seja “de gênero”, ou, pelo menos,
que a vulnerabilidade da vítima nas circunstâncias decorra da sua condição de mulher.
Vale ressaltar que essa qualificadora somente se aplica à lesão corporal dolosa simples. Caso se
trate de lesão corporal grave, gravíssima ou seguida de morte, o agente responderá pelas
qualificadoras do art. 129, §1º a 3º (ou seja, responderá por lesão corporal grave, gravíssima ou
seguida de morte, a depender de cada circunstância). Porém, nesse caso a pena será aumentada
de um terço em razão da violência doméstica e familiar (caso se trate de violência doméstica e
familiar, seja contra a mulher ou não), nos termos do art. 129, §10 do CP.
Nessa forma qualificada, como a pena máxima é maior que 02 anos, não se trata de infração de
menor potencial ofensivo. A pena mínima não ultrapassa 01 ano, de forma que, EM TESE, seria
cabível a suspensão condicional do processo. O STJ, porém, tem entendimento sumulado no
sentido de que não se aplicam os institutos despenalizadores da Lei 9.099/95 aos crimes que
envolvam violência doméstica e familiar contra a mulher:
Vale ressaltar que, para a configuração da violência doméstica e familiar contra a mulher, é
dispensável a coabitação:
Assim, a violência doméstica e familiar contra a mulher pode se configurar, por exemplo, quando
ex-marido agride a ex-esposa, quando o namorado agride a namorada, etc., sendo dispensável
que autor e vítima vivam sob o mesmo teto.
CUIDADO! Se a lesão é praticada com violência doméstica à MULHER, em qualquer caso a ação
penal será pública incondicionada (Posicionamento do STF). 4
A Lei 12.720/12 alterou a redação do §7º do art. 129 do CP, de forma a estabelecer uma
causa de aumento de pena (em 1/3) no caso de o crime de lesão corporal, em sendo
culposa, resultar de inobservância de regra técnica da profissão ou no caso de o agente não
prestar socorro ou fugir. Incidirá a mesma causa de aumento de pena no caso de, em sendo
lesão dolosa, o crime for praticado: a) Contra menor de 14 anos ou maior de 60 anos; b) Por
milícia privada ou grupo de extermínio.
CÓDIGO PENAL
4
O STF passou a adotar este entendimento no julgamento da ADI - 4424.
TÍTULO I
DOS CRIMES CONTRA A PESSOA
CAPÍTULO II
DAS LESÕES CORPORAIS
Lesão corporal
§ 1º Se resulta:
II - perigo de vida;
IV - aceleração de parto:
§ 2° Se resulta:
II - enfermidade incurável;
IV - deformidade permanente;
V - aborto:
Diminuição de pena
Substituição da pena
§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção
pela de multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis:
Aumento de pena
§ 7º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer qualquer das hipóteses dos
§§ 4º e 6º do art. 121 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 12.720, de 2012)
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. (Redação dada pela Lei nº
11.340, de 2006)
§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts.
142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força
Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou
contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em
razão dessa condição, a pena é aumentada de um a dois terços. (Incluído pela Lei
nº 13.142, de 2015)
§ 13. Se a lesão for praticada contra a mulher, por razões da condição do sexo
feminino, nos termos do § 2º-A do art. 121 deste Código: (Incluído pela Lei nº
14.188, de 2021)
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro anos). (Incluído pela Lei nº 14.188, de 2021)
SÚMULAS PERTINENTES
Súmulas do STJ
Súmula 542 do STJ: Seguindo entendimento do STF sobre o tema, o STJ sumulou entendimento
no sentido de que a ação penal referente ao crime de lesão corporal, quando praticado no contexto
de violência doméstica contra a mulher, é pública incondicionada:
Súmula 542 do STJ - A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante
de violência doméstica contra a mulher é pública incondicionada.
Súmula 588 do STJ: O STJ sumulou entendimento no sentido de que não é possível a
substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos quando se tratar de infração
penal contra a mulher, praticada com violência ou grave ameaça no ambiente doméstico:
Súmula 589 do STJ: O STJ sumulou entendimento no sentido de que não se aplica o princípio
da insignificância às infrações penais cometidas contra a mulher no âmbito da violência doméstica
e familiar:
Súmula 600 do STJ: O STJ sumulou entendimento no sentido de que não se exige coabitação
entre autor e vítima para a configuração da violência doméstica e familiar (ex.: Ex-marido agride a
ex-esposa, quando o namorado agride a namorada, etc.):
Da rixa
O capítulo IV do Título I do CP pune apenas o crime de rixa, que pode ser conceituado como a
briga, contenda, entre mais de duas pessoas, cada um agindo por conta própria, na qual há prática
de vias-de-fato ou violência recíproca. Aqui, o CP visa a evitar que o delito fique impune, por não
se saber quem deu início à briga (pois se não houvesse o crime de rixa, e não se soubesse quem
deu início às agressões, não seria possível condenar ninguém).
Parte da Doutrina entende que os participantes da rixa são, ao mesmo tempo, sujeito ativo e sujeito
passivo do delito (em razão das mútuas agressões). Contudo, eles nunca serão sujeitos ativos e
sujeitos passivos da mesma conduta criminosa. Cada um será sujeito ativo na sua agressão e sujeito
passivo na agressão do outro.1
A Doutrina exige que haja três ou mais pessoas se agredindo mutuamente. Se for possível definir
dois grupos contendores (brigas de torcidas organizadas, por exemplo), cada grupo responderá
pelas lesões corporais. Não é necessário contato físico (pode ser praticado à distância, jogando
pedras, paus, etc.).
Além disso, é plenamente possível o concurso de pessoas. Aliás, o crime é de concurso necessário,
pois necessariamente deve ser praticado por mais de duas pessoas. A participação pode ocorrer
tanto na forma material (quem empresta um pedaço de pau, por exemplo) quanto moral (quem
incentiva os contendores).
O elemento subjetivo é o dolo de participar da rixa, salvo se entrar nela para separar os brigões.
Não há previsão de modalidade culposa.
A consumação se dá com o início da rixa, ou com a entrada do agente na rixa, com a efetiva troca
de agressões ou vias-de-fato entre os rixosos. A ocorrência de lesões é mero exaurimento,
1
PRADO, Luis Regis. Op. Cit., p. 231/232
irrelevante para a consumação do delito. Por ser crime que se consuma num único ato
(unissubsistente), não há possibilidade de tentativa.
O § único prevê a forma qualificada, que ocorrerá caso sobrevenha a alguma pessoa (que participa
ou não da rixa), lesão grave ou morte. Nesse caso, a pena será de seis meses a dois anos.
Entretanto, todos os participantes da rixa respondem pela forma qualificada ou somente aqueles
(ou aquele) que efetivamente causaram as lesões graves ou morte? É bastante dividido na
==2621f1==
A Doutrina (majoritária) entende que mesmo se o agente se retirou da rixa antes da ocorrência da
lesão grave ou morte, responde pela forma qualificada, pois a sua conduta contribuiu para a
existência da rixa2. Entretanto, se o agente entrou na rixa apenas após a ocorrência das lesões
graves ou morte, responde por rixa simples.
CÓDIGO PENAL
2
CUNHA, Rogério Sanches. Op. Cit., p.
TÍTULO I
CAPÍTULO IV
DA RIXA
Rixa
Homicídio
Homicídio simples
Homicídio qualificado
§ 2° Se o homicídio é cometido:
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio
insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: (Incluído pela Lei nº
13.104, de 2015)
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição
Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança
Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge,
companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa
condição: (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015)
VIII - com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido. (Incluído pela Lei
13.964/19 – vigência do dispositivo: a partir de 30.05.2021)
13.104, de 2015)
I - 1/3 (um terço) até a metade se a vítima é pessoa com deficiência ou com doença
que implique o aumento de sua vulnerabilidade;
Homicídio culposo
Aumento de pena
§ 6º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado
por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por
grupo de extermínio. (Incluído pela Lei nº 12.720, de 2012)
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto; (Incluído pela Lei
nº 13.104, de 2015)
O bem jurídico tutelado, como disse, é a vida humana. O Homicídio, entretanto, pode ocorrer nas
seguintes modalidades:
▪ Homicídio simples
▪ Homicídio privilegiado (§1°)
▪ Homicídio qualificado (§2°)
▪ Homicídio culposo (§3°)
▪ Homicídio culposo majorado (§4°, primeira parte)
▪ Homicídio doloso majorado (§2º-B, §4°, segunda parte e §§ 6º e 7º)
É aquele previsto no caput do art. 121 (“matar alguém”). O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa
física, bem como qualquer pessoa física pode ser sujeito passivo do delito. Entretanto, se o sujeito
passivo for o Presidente da República, do Senado Federal, da Câmara dos Deputados ou do STF,
e o ato possuir cunho político, estaremos diante de um crime previsto na Lei de Segurança Nacional
(art. 29 da Lei 7.710/89).1
O tipo objetivo (conduta descrita como incriminada) é tirar a vida de alguém. Mas para isso,
precisamos saber quando se inicia a vida humana.
A vida humana extrauterina se inicia com o início do parto, para a maioria da Doutrina, momento
no qual o feto passa a ter contato com a vida extrauterina2.
Não há necessidade de que o feto seja viável3, bastando que fique provado que nasceu com vida,
basta isso!
Assim, se for tirada a vida de alguém que ainda não nasceu (ainda não há vida extrauterina, não
há homicídio, podendo haver aborto).
Semelhantemente, se o fato for praticado contra quem já não tem mais vida (cadáver), estaremos
diante de um crime impossível (por absoluta impropriedade do objeto). Ora, não se pode matar
quem já está morto, logo, não há crime.
O homicídio pode ser praticado de forma livre (disparo de arma de fogo, facada, pancadas, etc.),
podendo ser praticado de forma comissiva (ação) ou omissiva (omissão). Como assim? Isso mesmo,
pode ser que alguém responda por homicídio sem ter agido, mas tendo se omitido.4
EXEMPLO: Mãe que, mesmo sabendo que o padrasto irá matar seu filho, nada faz para
impedi-lo, ainda que pudesse agir para evitar o crime sem prejuízo de sua integridade
física. Neste caso, se o padrasto vem a praticar o homicídio, e ficar provado que a mãe
sabia e nada fez para impedir, ela responderá por homicídio doloso (mesmo sem ter
praticado qualquer ato!), na qualidade de crime omissivo impróprio, pois, na qualidade
de garantidora (dever de proteção e cuidado para com o filho), dolosamente se omitiu,
deixando de agir para evitar o resultado morte, que deverá ser a ela imputado, na forma
do art. 13, §2º do CP.
CUIDADO! O homicídio pode ser praticado, ainda, por meios psicológicos, não sendo obrigatório
o uso de meios materiais.
1
Caso a intenção seja destruir, no todo ou em parte, grupo nacional, étnico, racial ou religioso, teremos o delito de
homicídio genocida, previsto no art. 1º, a, da Lei 2.889/56.
2
Por início do parto entenda-se o início da operação, no caso de cesariana, ou o início das contrações expulsivas, no
caso de parto normal. PRADO, Luis Regis. Op. Cit., p. 58
3
Feto viável pode ser entendido como aquele que não possui quaisquer doenças congênitas capazes de impossibilitar
a continuidade da vida extrauterina, como os anencéfalos, por exemplo.
4
PRADO, Luis Regis. Op. Cit., p. 60/61
EXEMPLO: Imagine que a filha, desejosa de ver sua mãe morta, a fim de herdar seu
patrimônio, e sabendo que a mãe possui problemas cardíacos, simula uma situação de
sequestro de seu irmão caçula. A mãe, ao receber a ligação, tem um infarto do
miocárdio, fulminante, vindo a óbito. Nesse caso, a conduta dolosa e planejada da filha
pode ser considerada homicídio, pois o meio foi hábil para alcançar o resultado
pretendido.
O elemento subjetivo é o dolo, não se exigindo qualquer finalidade específica de agir (dolo
específico). Pode ser dolo direto ou dolo indireto (eventual ou alternativo).
O crime se consuma quando a vítima vem a falecer, sendo, portanto, um crime material. Como o
iter criminis pode ser fracionado em vários atos (crime plurissubsistente), existe a possibilidade de
tentativa, desde que, iniciada a execução, o crime não se consume por circunstâncias alheias à
vontade do agente.
O homicídio simples, ainda quando praticado por apenas uma pessoa, mas em atividade típica de
grupo de extermínio, é crime hediondo (art. 1º, I da Lei 8.072/90).
• Motivo de relevante valor social – Motivo relevante para a sociedade, que diz respeito a
toda uma coletividade (ex.: matar o estuprador do bairro, pessoa que vem trazendo o terror
a toda uma comunidade).
• Motivo de relevante valor moral – Motivo relacionado aos interesses do próprio agente, mas
interesses nobres, como piedade, compaixão, misericórdia (ex.: Eutanásia. José, sabendo
que seu pai vem sofrendo muito e, inclusive, já deu sinais de querer partir para um lugar
melhor, desliga o aparelho que mantém seu genitor vivo, matando-o. José agiu por
piedade, para aliviar o sofrimento do querido pai)6.
• Sob o domínio de violenta emoção, logo após injusta provocação da vítima – Agente pratica
o crime dominado por um sentimento de violenta emoção, imediatamente após a criação
desse sentimento pela própria vítima7. Ex.: Imagine que José chegue em casa e veja sua
esposa caída e machucada, pois acabara de ter sido vítima de um estupro, praticado por
Paulo, vizinho. Paulo, ainda na cena do crime, debocha de José. Dominado pela violenta
5
PRADO, Luis Regis. Op. Cit., p. 61
6
PRADO, Luis Regis. Op. Cit., p. 61/62
7
CUNHA, Rogério Sanches. Manual de Direito Penal. Parte Especial. 7º edição. Ed. Juspodivm. Salvador, 2015, p.
51/52
emoção, José mata Paulo com uma facada. Neste caso, José responde pelo crime de
homicídio, mas haverá a aplicação da causa de diminuição de pena prevista no §1º do art.
121 do CP.
Frise-se que para a aplicação do privilégio em razão da ”violenta emoção”, são necessários três
requisitos:
▪ Agente atuar dominado pela violenta emoção – Não é “influenciado” por violenta emoção,
é dominado (agente está completamente fora de si, tomado pela raiva).
▪ Deve haver uma injusta provocação da vítima
▪ A conduta deve se dar logo em seguida a essa injusta provocação
Mas quais as consequências da ocorrência do privilégio? A pena, nesse caso, é diminuída de 1/6
a 1/3. Trata-se, portanto, de uma minorante (ou causa de diminuição de pena).
O homicídio qualificado é aquele para o qual se prevê uma pena mais grave (12 a 30 anos), em
razão da maior reprovabilidade da conduta do agente. O homicídio será qualificado quando for
praticado:
8
PRADO, Luis Regis. Op. Cit., p. 63. PRADO, Luis Regis. Op. Cit., p. 52
Aqui se pune mais severamente o homicídio praticado por motivo torpe, que é aquela motivação
repugnante, abjeta9, dando-se, como exemplo, a realização do crime mediante paga ou promessa
de recompensa. Trata-se do mercenário.
Aqui temos o motivo banal, aquele no qual o agente retira a vida de alguém por um motivo bobo,
ridículo, ínfimo, ou seja, há uma desproporção gigante entre o motivo do crime e o bem lesado
(vida).
9
Um outro exemplo é a GANÂNCIA. CUNHA, Rogério Sanches. Op. Cit., p. 67
10
(AgRg no AREsp 1473963/RN, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em
27/08/2019, DJe 10/09/2019)
11
CUNHA, Rogério Sanches. Op. Cit., p. 54
EXEMPLO: José caminhava pela rua quando Pedro, passando por perto, pisou no seu
pé. Irritado, José exigiu que Pedro se desculpasse. Como Pedro não se desculpou, José
desferiu uma paulada na cabeça de Pedro, matando-o.
Motivo injusto é diferente de motivo fútil. O motivo injusto é inerente ao homicídio (se fosse justo,
não seria crime). Logo, todo crime de homicídio possui um motivo injusto (se justo fosse, não
haveria ilicitude), mas nem todo homicídio é praticado por motivo fútil.
Embora seja um tema controvertido, a Doutrina majoritária entende que o crime praticado “sem
motivo algum” (ausência de motivo) também deveria ser considerado qualificado, pois, se o motivo
ínfimo, pequeno, configura qualificadora, a ausência de motivo, com muito mais razão, também
deveria ser.
O STJ, entretanto, vem firmando entendimento no sentido contrário, ou seja, de que seria
homicídio simples12, pois a ausência de motivo não poderia ser equiparada a motivo fútil.
1.1.3.3 Com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso
ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum
Aqui temos mais uma hipótese de interpretação analógica, pois o legislador dá uma série de
exemplos e no final abre a possibilidade para que outras condutas semelhantes sejam punidas da
mesma forma.
Temos aqui, não uma qualificadora decorrente dos motivos do crime, mas uma qualificadora
decorrente dos meios para a prática do delito. Logo, trata-se de uma qualificadora de ordem
objetiva.
A Doutrina entende que a qualificadora do “emprego de veneno” só incide se a vítima não sabe
que está ingerindo veneno13; se souber, o crime poderá ser qualificado pelo meio cruel.
EXEMPLO: José, munido de uma arma de fogo, obriga Maria a ingerir veneno. José
afirma que se esta não o fizer, José matará os filhos de Maria. Maria, assim, ingere o
veneno, sabendo que morrerá. Nesse caso, teríamos a qualificadora do meio cruel, mas
não a qualificadora do emprego de veneno. Na prática, não muda muita coisa, pois
ambas as situações qualificam o delito.
12
(AgRg no REsp 1289181/SP, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 17/10/2013, DJe 29/10/2013)”
13
PRADO, Luis Regis. Op. Cit., p. 69
Como se vê, a lei primeiramente trouxe exemplos do que se considera meio insidioso (traiçoeiro,
enganador etc.) ou cruel (que provoca dor ou sofrimento excessivo), ou de que possa resultar
perigo comum (fogo, explosivo, etc.) e, depois, generalizou (estabelecendo que outros métodos
semelhantes também qualificam o crime de homicídio). Aqui temos outro exemplo de
interpretação analógica.
CUIDADO! A utilização de tortura como meio para se praticar o homicídio, qualifica o crime.
Entretanto, se o agente pretende torturar (esse é o objetivo), mas se excede (culposamente) e
acaba matando a vítima não haverá homicídio qualificado pela tortura, mas tortura qualificada pelo
resultado morte.
Nesse caso, o crime é qualificado em razão, também, do meio empregado, pois ele dificulta a
defesa da vítima. Logo, sendo uma qualificadora relacionada aos meios e modos de execução do
delito, temos uma qualificadora de natureza objetiva.
Aqui o agente emprega qualquer meio que torna mais difícil ou até mesmo impossível a defesa do
ofendido (ex.: agir pelas costas, de surpresa, com a vítima dormindo etc).
Importante destacar que a idade da vítima (idoso ou criança, por exemplo), não é meio empregado
pelo agente, logo, não gera a aplicação desta qualificadora, embora, no caso concreto, torne mais
difícil a defesa, em alguns casos. A idade da vítima é uma condição natural da vítima, não meio
empregado pelo agente.
Aqui há o que chamamos de conexão objetiva, ou seja, o agente pratica o homicídio para assegurar
alguma vantagem referente a outro crime, que pode consistir:
▪ Na execução do outro crime
▪ Na ocultação do outro crime
▪ Na impunidade do outro crime
▪ Na vantagem do outro crime
A conexão objetiva pode ser teleológica (assegurar a execução futura de outro crime) OU
consequencial (assegurar a ocultação, a impunidade ou a vantagem do outro crime, que já
ocorreu). O “outro crime” não precisa ser praticada pelo próprio agente que pratica o homicídio,
podendo ter sido praticado por outra pessoa ou vir a ser praticado por outra pessoa.
Como se trata de uma qualificadora relacionada aos motivos determinantes do delito, temos aqui
uma qualificadora de natureza subjetiva.
1.1.3.6 Feminicídio
Aqui teremos um homicídio qualificado em razão de ter sido praticado contra mulher, em situação
denominada de “violência de gênero”. Não basta, assim, que a vítima seja mulher, deve ficar
caracterizada a violência de gênero.
Mas como se caracteriza a violência de gênero? O §2º-A do art. 121, também incluído pela Lei
13.104/2015, estabelece que será considerada violência de gênero quando o crime envolver
violência doméstica e familiar ou menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
EXEMPLO 1) José, por ciúmes, mata a própria esposa. Há feminicídio, pois há violência
doméstica e familiar contra a mulher.
EXEMPLO 2) José é um ser humano misógino (desprezo por mulheres) e machista. Certo
dia, José encontra uma mulher que ocupa alto cargo na administração pública e,
revoltado com o fato de tal cargo ser ocupado por uma mulher, planeja e executa o
homicídio contra essa vítima. Há feminicídio, pois há menosprezo ou discriminação à
condição de mulher.
EXEMPLO 3) José e Maria se envolveram em uma discussão de trânsito. Após ser
xingado por Maria, José desceu do carro e desferiu uma paulada na cabeça da vítima,
matando-a. Não há, aqui, feminicídio.
O homicídio também será considerado qualificado quando for praticado contra integrantes:
▪ Das Forças Armadas (Marinha, Exército e Aeronáutica)
▪ Das forças de segurança pública (Polícias federal, rodoviária federal, ferroviária federal, civil,
militar e corpo de bombeiros militar)
▪ Dos agentes do sistema prisional (agentes penitenciários)
Contudo, não basta que o homicídio seja praticado contra alguma destas pessoas para que seja
qualificado, é necessário que o crime tenha sido praticado contra o agente no exercício da função
ou em decorrência dela. Se o crime não tem qualquer relação com a função pública exercida, não
se aplica esta qualificadora!
EXEMPLO 1) José fura blitz promovida pela Polícia Rodoviária Federal. Perseguido por
uma viatura da PRF, José atira contra os policiais, matando um deles. Há, aqui, a
qualificadora do “homicídio funcional”, pois o crime ocorreu no exercício da função.
EXEMPLO 2) José foi preso em flagrante por estar cometendo o crime de roubo. José
gravou bem o nome do policial, que se chama “Ney Lionel Ronaldo”. José, então, após
conseguir liberdade provisória, mata o policial Ney quando este estava de folga na praia.
Há, aqui, a qualificadora do “homicídio funcional”, pois embora o crime não tenha
ocorrido no exercício da função, se deu em razão da função.
EXEMPLO 3) José e Pedro estavam em um bar, quando começaram a discutir por conta
de uma decisão equivocada da arbitragem no campeonato brasileiro. José, irritado,
quebrou uma garrafa no balcão e a usou como arma para furar o pescoço de Pedro,
matando-o. Pedro era policial civil. Nesse caso, não há a qualificadora do “homicídio
funcional”, pois o crime não ocorreu no exercício da função nem em razão dela.
Além dos próprios agentes, o inciso VII relaciona também os parentes destes funcionários públicos
(cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau).
Assim, o homicídio praticado contra qualquer destas pessoas, desde que guarde relação com a
função pública do agente, será considerado qualificado.
EXEMPLO: José foi preso, pela prática do crime de tráfico ilícito de entorpecentes, pelo
Policial Rodoviário Federal Ricardo. Para se vingar, ao sair da prisão, José matou Maria,
esposa de Ricardo, como retaliação pela prisão efetuada antes pelo agente público. Há,
aqui, a qualificadora do “homicídio funcional”, pois embora o crime não tenha ocorrido
contra o próprio agente, ocorreu contra o cônjuge, em razão do parentesco com o
agente público (havendo relação com a função exercida pelo agente).
Mais recentemente, foi incluído o inciso VIII ao art. 121, §2º do CP14, criando mais uma
qualificadora, que será aplicável quando o homicídio for praticado com emprego de arma de fogo
de uso restrito ou proibido.
Não é necessário que vocês saibam (para estes fins) quais armas são consideradas de uso restrito
ou proibido e quais são de uso permitido. Eventual questão que venha a cobrar esse tema irá
especificar que o fato foi praticado com arma de fogo de uso restrito ou proibido.
Embora não haja posição jurisprudencial a respeito do tema ainda, cremos que a referida
qualificadora só será aplicável quando o agente empregar a arma de fogo mediante disparo de
arma de fogo, de maneira que se o agente usar uma arma de fogo de uso restrito/proibido para
dar uma coronhada na vítima, matando-a em razão do impacto na cabeça, não haverá tal
qualificadora.
A Lei 14.344/2022 (que ficou popularmente conhecida como “Lei Henry Borel”) criou um
microssistema para a prevenção e o enfrentamento da violência doméstica e familiar contra a
criança e o adolescente.
Nesse escopo, provocou algumas alterações na legislação penal, inclusive no Código Penal.
A referida lei incluiu uma qualificadora em relação ao crime de homicídio, quando praticado contra
pessoa menor de 14 anos de idade. Vejamos:
§ 2° Se o homicídio é cometido:
(...)
Inicialmente, frise-se que a referida qualificadora não se aplica se a vítima tem, na data do crime,
14 anos exatos ou mais. Logo, somente incidirá a referida qualificadora se a vítima for pessoa
14
Incluído pela Lei 13.964/19, mas com vigência somente a partir de 30.05.2021, por se tratar de uma das partes que
foi originalmente vetada, mas cujo veto foi derrubado pelo Congresso Nacional, de forma que o Presidente da
República realizou a promulgação somente em 30.04.2021, com vacatio legis de 30 dias.
efetivamente menor de 14 anos (até 14 anos de idade incompletos). Se o crime é cometido no dia
de aniversário de 14 anos da vítima, não haverá incidência da qualificadora.
Outro ponto relevante: a referida qualificadora, obviamente, só se aplica ao homicídio doloso, eis
que todas as qualificadoras do §2º somente são aplicáveis ao homicídio na forma dolosa.
Ademais, a mesma Lei criou duas majorantes específicas (art. 121, §2º-B do CP) para o homicídio
doloso praticado contra menor de 14 anos:
Aumento de 1/3 (um terço) até a metade se a vítima é pessoa com deficiência ou com
doença que implique o aumento de sua vulnerabilidade;
Aumento de 2/3 (dois terços) se o autor é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão,
cônjuge, companheiro, tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer
outro título tiver autoridade sobre ela.
Se houver mais de uma circunstância qualificadora (meio cruel motivo torpe, por exemplo)? Nesse
caso, não existe crime dupla ou triplamente qualificado. O Código Penal não prevê isso. O crime
é apenas qualificado. Se houver mais de uma qualificadora, uma delas irá qualificar o crime, e as
demais serão consideradas na aplicação da pena, como agravantes genéricas (se houver previsão
no art. 61 do CP) ou circunstâncias judiciais desfavoráveis15 (art. 59 do CP), caso não seja prevista
como agravante.
Se o crime for, ao mesmo tempo, privilegiado e qualificado (praticado por relevante valor moral e
mediante emprego de veneno, por exemplo)? Nesse caso, temos o chamado homicídio
qualificado-privilegiado. Mas, CUIDADO! Isso só será possível se a qualificadora for objetiva
(relativa ao meio utilizado), pois a circunstância privilegiadora é sempre subjetiva (relativa aos
motivos do crime). Assim, não será possível a aplicação do privilégio se o crime de homicídio for
15
CUNHA, Rogério Sanches. Op. Cit., p. 58
qualificado por uma qualificadora de ordem subjetiva (ex.: motivo torpe) 16! O STF e o STJ
entendem assim!
Sendo o crime de homicídio qualificado-privilegiado, será ele hediondo? NÃO! Esse entendimento
se dá pelo fato de que o privilégio, por ser relacionado aos motivos determinantes do delito, será
considerado como circunstância preponderante sobre os meios de execução. Logo, para fins de
hediondez, o privilégio irá preponderar sobre a qualificadora, e o crime não será considerado
hediondo, por analogia ao art. 67 do CP.
O homicídio culposo ocorre não quando o agente quer a morte, mas quando o agente pratica uma
conduta direcionada a outro fim (que pode ou não ser lícito), mas por inobservância de um dever
de cuidado (negligência, imprudência ou imperícia), acaba por causar a morte da pessoa.
A imprudência é a precipitação, é o ato praticado com afobação, típico dos afoitos. A negligência,
por sua vez, é a imprudência na forma omissiva, ou seja, é a ausência de precaução, a não adoção
das cautelas necessárias para a prática de uma conduta. Na imperícia, por sua vez, o agente comete
o crime por não possuir aptidão técnica para realizar uma conduta que exige certos conhecimentos
técnicos:
Imaginem, agora, que no mesmo exemplo, o médico que realizou a conduta foi um clínico-geral
que não sabia fazer uma cirurgia, e tenha feito algo errado no procedimento. Aqui sim teríamos
imperícia.
CUIDADO! Não existe compensação de culpas! Assim, se a vítima também contribuiu para o
resultado, o agente responde mesmo assim, mas essa circunstância (culpa da vítima) será
considerada em favor do réu na fixação da pena.17
EXEMPLO: Imagine que Rodrigo está carregando um caminhão para mudança, mas para
poupar esforços, ao invés de descer e subir escadas, está jogando os móveis do
segundo andar diretamente para seu companheiro, que está sobre o caminhão.
16
PRADO, Luis Regis. Op. Cit., p. 65
17
CUNHA, Rogério Sanches. Op. Cit., p. 63
Rodrigo, todavia, erra um dos arremessos e uma cadeira cai sobre Maria, causando-lhe
a morte. Posteriormente se descobre que Maria contribuiu para o evento danoso, pois
não deveria estar ali naquele momento, já que passava fora da calçada. Neste caso, a
culpa de Maria não anula a culpa de Rodrigo, que responderá pelo homicídio culposo.
CUIDADO! Apenas para fins de registro, o homicídio culposo na direção de veículo automotor,
desde o advento da Lei 9.503/97, é crime previsto no art. 302 da referida lei (Código de Trânsito
Brasileiro).
O homicídio pode ser majorado (ter a pena aumentada) no caso de ter sido cometido em algumas
circunstâncias. São elas:
No homicídio doloso:
▪ Se o crime for cometido contra pessoa menor de 14 anos ou maior de 60 anos (aumento de
1/3)
▪ Se o crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de
segurança, ou por grupo de extermínio (aumento de 1/3 até a metade)
Atualmente, porém, devemos ter muita atenção. O §4º do art. 121, de fato, estabelece aumento
de pena de um terço se a vítima é pessoa menor de 14 anos. Apesar disso, atualmente a
circunstância de a vítima ser menor de 14 anos foi alçada à condição de qualificadora no homicídio.
E aí, o que fazer?
Certamente haverá quem defenda a revogação tácita da majorante prevista no art. 121, §4º do CP
(aumento de um terço quando se tratar de vítima menor de 14 anos). Porém, essa não deve ser a
melhor interpretação.
Pelo princípio do ne bis in idem, uma mesma condição ou circunstância não pode ser, ao mesmo
tempo, considerada duplamente na dosimetria da pena. Logo, o fato de a vítima ter menos de 14
anos não pode servir para qualificar o crime (pena-base) e também para majorar o crime (terceira
fase da dosimetria).
Porém, o homicídio pode ser qualificado por uma série de fatores, de forma que é possível a
concorrência de duas ou mais qualificadoras. Nesse caso, a solução doutrinária e jurisprudencial é
no sentido de que uma delas irá qualificar o delito e as demais serão consideradas como
majorantes (se previstas em lei) ou agravantes genéricas.
EXEMPLO: José matou, por motivo fútil, Pedrinho, filho de seu vizinho. Pedrinho
tinha 13 anos na data do crime. Nesse caso, claramente verificamos duas
qualificadoras: motivo fútil e vítima menor de 14 anos. Nesse caso, deverá o
magistrado considerar o motivo fútil como qualificadora e utilizar a idade da vítima
como majorante (art. 121, §4º do CP).
Posto isso, a melhor interpretação é no sentido de que não houve revogação tácita da majorante
do art. 121, §4º do CP (aumento de um terço pelo fato de a vítima ser menor de 14 anos), devendo,
porém, ser aplicada apenas subsidiariamente, na hipótese de a idade já não estar sendo
considerada como qualificadora no caso concreto.
▪ Aumento de 1/3 até a metade - Se a vítima é pessoa com deficiência ou com doença que
implique o aumento de sua vulnerabilidade – A deficiência em questão pode ser física ou
mental. A vulnerabilidade provocada pela doença deve ser analisada no caso concreto, para
se aferir se, de fato, a vítima se encontrava em situação de vulnerabilidade a justificar a
reprimenda mais elevada.
▪ Aumento de 2/3 - Se o autor é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge,
companheiro, tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro
título tiver autoridade sobre ela – Trata-se de uma majorante com algumas passagens, no
mínimo, curiosas. Ser o crime praticado por ascendente (pai, mãe, avó...), padrasto ou
madrasta, tio, irmão, tutor ou curador (e até mesmo o preceptor, aquele que é encarregado
da instrução ou preparação da pessoa) não é algo incomum, sendo bastante frequente,
inclusive. Todavia, difícil imaginar situação de crime de homicídio praticado contra pessoa
menor de 14 anos pelo seu cônjuge, já que a idade mínima para casamento no Brasil é de
16 anos (art. 1.515 do CC/02), de forma que se a vítima tinha menos de 14 anos,
provavelmente não tinha um cônjuge, a menos que tenha se casado sob a legislação de
algum país estrangeiro que admita o casamento de pessoas menores de 14 anos. Quanto
ao infrator ser empregador da vítima, aplica-se o mesmo raciocínio: trata-se de situação
bastante improvável no plano fático, eis que a idade mínima para trabalhar, no Brasil, é de
16 anos (14 anos no caso de jovem aprendiz).
Vale frisar que, no caso de homicídio doloso, a majorante será aplicável sendo o crime simples,
privilegiado ou qualificado, pouco importa. Assim, podemos ter homicídio qualificado (ex.:
emprego de veneno) com alguma dessas majorantes (ex.: contra pessoa maior de 60 anos).
Todavia, é bom destacar que no caso das majorantes do feminicídio, naturalmente elas só se
aplicam ao homicídio qualificado, pois o feminicídio é um homicídio qualificado.
18
Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz poderá
aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou separadamente, as seguintes medidas protetivas de urgência, entre
outras:
I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao órgão competente, nos termos da Lei
no 10.826, de 22 de dezembro de 2003;
II - afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida;
III - proibição de determinadas condutas, entre as quais:
a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o limite mínimo de distância entre estes e
o agressor;
b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de comunicação;
c) freqüentação de determinados lugares a fim de preservar a integridade física e psicológica da ofendida;
Uma majorante não altera a pena-base do delito, mas gera um aumento de pena pelo Juiz quando
da dosimetria (mais especificamente na terceira fase da dosimetria da pena). Ex.: José praticou
homicídio simples contra uma pessoa de 67 anos. A pena-base não será alterada (continuará a ser
de 6 a 20 anos de reclusão), mas o Juiz, quando for aplicar a pena, deverá, ao final, aumentar a
pena aplicada em 1/3, por ser a vítima maior de 60 anos.
Em determinados crimes o Estado confere o perdão ao infrator (Não confundir perdão judicial com
perdão do ofendido), por entender que a aplicação da pena não é necessária. É o chamado
“perdão judicial”. É o que ocorre, por exemplo, no caso de homicídio culposo, quando o Juiz
entender que as consequências da infração atingiram o agente (infrator) de forma tão severa que
a pena não se mostra necessária. Essa hipótese está prevista no art. 121, § 5° do CP:
Art. 121 (...) § 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar
a pena, se as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão
grave que a sanção penal se torne desnecessária. (Incluído pela Lei nº 6.416, de
24.5.1977)
EXEMPLO: José, distraído porque está atrasado para chegar ao trabalho, fecha o portão
da garagem sem tomar as cautelas necessárias. O portão, que é automático, acaba
esmagando seu pequeno filho, de 03 anos de idade, que lá estava para despedir-se do
papai. Neste caso, José pratica o crime de homicídio culposo, mas é perfeitamente
cabível a concessão do perdão judicial, por se entender que a consequência do crime
(morte do próprio filho) já foi castigo suficiente para o agente, sendo desnecessária a
aplicação da pena.
Então, nesse caso, ocorrendo o perdão judicial, também estará extinta a punibilidade. Além disso,
o art. 120 do CP diz que se houver o perdão judicial, esta sentença que concede o perdão judicial
não será considerada para fins de reincidência. A sentença que concede o perdão judicial é
declaratória da extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório (conforme
súmula n° 18 do STJ).
O perdão judicial, diferentemente do perdão do ofendido, não precisa ser aceito pelo infrator para
produzir seus efeitos.
Por fim, o perdão judicial também é aplicável ao homicídio culposo na direção de veículo
automotor (art. 302 do art. 9.503/97), conforme posição do STJ:
CÓDIGO PENAL
TÍTULO I
DOS CRIMES CONTRA A PESSOA
CAPÍTULO I
DOS CRIMES CONTRA A VIDA
Homicídio simples
Homicídio qualificado
§ 2° Se o homicídio é cometido:
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio
insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: (Incluído pela Lei nº
13.104, de 2015)
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição
Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança
Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge,
companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa
condição: (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015)
VIII - com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido. (Incluído pela Lei
13.964/19 – vigência do dispositivo: a partir de 30.05.2021)
I - 1/3 (um terço) até a metade se a vítima é pessoa com deficiência ou com doença
que implique o aumento de sua vulnerabilidade;
Homicídio culposo
Aumento de pena
§ 6º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado
por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por
grupo de extermínio. (Incluído pela Lei nº 12.720, de 2012)
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto; (Incluído pela Lei
nº 13.104, de 2015)
JURISPRUDÊNCIA CORRELATA
STJ - RESP 1829601/PR – O STJ firmou entendimento no sentido de que a qualificadora do meio
cruel é compatível com o dolo eventual:
STJ - RESP 1060902/SP – O STJ reiterou entendimento no sentido de ser possível, em relação
ao homicídio, a coexistência das qualificadoras de ordem objetiva e da causa de diminuição de
pena do art. 121, §1º (privilégio), dada a natureza subjetiva desta última:
(...) (REsp 1060902/SP, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em
21/06/2012, DJe 29/06/2012)
STJ - RESP 912.904/SP – O STJ reiterou entendimento no sentido de que não há problema em
se aplicar qualquer qualificadora do crime de homicídio quando praticado mediante dolo eventual:
STJ - AGRG no RESP 1289181/SP – O STJ vem firmando entendimento no sentido de o crime
de homicídio praticado “sem motivo” não poderia ser configurado como “motivo fútil”, de forma
que deveria ser considerado homicídio simples:
(AgRg no REsp 1289181/SP, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado
em 17/10/2013, DJe 29/10/2013)”
EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. (FGV/2021/PCRN/DELEGADO)
Saulo se desentendeu, na fila do caixa de um supermercado, com outra consumidora, Viviane, que
estava no 8º mês de gestação, e lhe desferiu um fortíssimo soco no rosto. Em razão do golpe,
Viviane perdeu o equilíbrio e caiu com a barriga no chão. Ao ser levada ao hospital, foi constatado
que Viviane apresentava lesão leve na face, mas que havia perdido o bebê em decorrência da
queda.
Considerando o estado gravídico evidente de Viviane, a conduta praticada por Saulo configura o
crime de:
A) lesão corporal seguida de morte;
B) lesão corporal qualificada pelo aborto;
C) aborto na modalidade dolo eventual, apenas;
D) aborto culposo, ficando a lesão corporal absorvida;
E) lesão corporal leve em concurso formal com aborto na forma culposa.
COMENTÁRIOS
Nesse caso, o agente deverá ser responsabilizado pelo crime de lesão corporal dolosa qualificada
pela ocorrência do aborto, na forma do art. 129, §2º, V do CP:
§ 2° Se resulta:
(...)
V - aborto:
GABARITO: Letra B
existente no seu bairro e ali o deixou. Ocorre que a funcionária em questão, na verdade, estava
apenas ferida e acabou sendo encontrada e levada para o hospital.
Sobre as condutas de Mário e André, é correto afirmar que:
a) Mário deve ser punido pelo crime de ocultação de cadáver e André pelo de lesão corporal
culposa.
b) Mário deve ser punido pelo crime de ocultação de cadáver e André pelo de homicídio na forma
tentada.
c) Mário deve ser punido pelo crime de ocultação de cadáver, na forma tentada, e André pelo de
lesão corporal, também na forma tentada.
d) Mário deve ser punido pelo crime de ocultação de cadáver, e André deve ser punido pelo de
homicídio, também na forma tentada.
e) Mário não deve ser punido pela prática de crime e André deve ser punido pela prática do crime
de lesão corporal culposa.
COMENTÁRIOS
No caso em tela, temos “crime impossível” no que se refere à ocultação de cadáver (por parte de
Mário), de forma que não há qualquer imputação de crime a Mário. Com relação a André, como
não houve o resultado morte, este responderá por lesão corporal culposa, nos termos do art. 129,
§6º do CP.
COMENTÁRIO
No caso em tela houve desistência voluntária e arrependimento eficaz, pois o agente desistiu de
prosseguir na execução do delito, embora pudesse, e ainda procurou evitar que o resultado
ocorresse. Nesse caso, aplica-se o art. 15 do CP:
Assim, Tício responderá apenas pelas lesões corporais causadas (graves, em razão do fato de
resultar em perigo de vida), nos termos do art. 129, §1º, II do CP.
4. (FGV - 2008 - TJ-PA – JUIZ) Maria da Silva, esposa do Promotor de Justiça Substituto José
da Silva, mantém um caso extraconjugal com o serventuário do Tribunal de Justiça Manoel de
Souza. Passado algum tempo, Maria decide separar-se de José da Silva, contando a ele o motivo
da separação. Inconformado com a decisão de sua esposa, José da Silva decide matá-la, razão
pela qual dispara três vezes contra sua cabeça. Todavia, logo depois dos disparos, José da Silva
coloca Maria da Silva em seu carro e conduz o veículo até o hospital municipal. No trajeto, José
da Silva imprime ao veículo velocidade bem acima da permitida e "fura" uma barreira policial,
tudo para chegar rapidamente ao hospital. Graças ao pouco tempo decorrido entre os disparos e
a chegada ao hospital, os médicos puderam salvar a vida de Maria da Silva. Maria sofreu perigo
de vida, atestado por médicos e pelos peritos do Instituto Médico Legal, mas recuperou-se
perfeitamente vinte e nove dias após os fatos. Qual crime praticou José da Silva?
a) Tentativa de homicídio.
b) Nenhum crime, pois agiu em legítima defesa.
c) Lesão corporal grave.
d) Lesão corporal leve.
e) Lesão corporal seguida de morte.
COMENTÁRIOS
No caso, tivemos o que se chama de ARREPENDIMENTO EFICAZ, ou seja, o agente, após praticar
a conduta, se arrepende e evita a ocorrência do resultado. Vejamos:
Neste caso, o agente responde apenas pelos atos já praticados, ou seja, lesões corporais.
Embora a vítima tenha ficado afastada das atividades habituais por menos de 30 dias (exatos 29
dias), restou caracterizada a lesão corporal grave, pois a questão deixa claro que houve risco de
vida. Vejamos:
§ 1º Se resulta:
II - perigo de vida;
IV - aceleração de parto:
c) denunciar o agente pelo crime de lesão corporal, pois houve desistência voluntária.
d) denunciar o agente pelo crime de tentativa de homicídio, tendo em vista que o resultado
pretendido inicialmente não foi obtido.
e) requerer o arquivamento, diante da atipicidade da conduta.
COMENTÁRIOS
Neste caso ocorreu o que se chama de “arrependimento eficaz”. Isso porque o agente, logo após
terminar a execução do delito, se arrepende do que fez e EVITA o resultado (procedendo ao
salvamento da vítima). Neste caso, o agente responde apenas pelas lesões causadas, e não por
tentativa de homicídio. Vejamos o art. 15 do CP:
6. (FCC – 2017 – POLTEC-AP – PERITO) De acordo com o artigo 129 do Código Penal
brasileiro, lesão corporal é a ofensa à integridade corporal ou a saúde de alguém. Ela pode ser
classificada em leve, grave ou gravíssima, a depender dos comemorativos. Analise as assertivas
abaixo.
I. Lesões corporais que causem incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 dias
serão consideradas graves.
II. Lesões corporais com perda ou inutilização de membro, sentido ou função serão consideradas
graves.
III. Lesões corporais que causem extrema dor serão consideradas gravíssimas.
IV. Lesões corporais que causem qualquer alteração psíquica serão consideradas leves.
Está correto o que se afirma em
a) I, II, III e IV.
b) I, apenas.
c) IV, apenas.
d) III, apenas.
e) I e III, apenas.
COMENTÁRIOS
I – CORRETA: Item correto, pois neste caso teremos lesão corporal grave, na forma do art. 129,
§1º, I do CP.
II – ERRADA: Item errado, pois neste caso teremos lesão corporal gravíssima, nos termos do art.
129, §2º, III do CP.
III – ERRADA: Item errado, pois a ocorrência de dor extrema não qualifica o crime de lesão corporal.
IV – ERRADA: Item errado, pois a natureza da alteração psíquica é que irá determinar a espécie de
lesão corporal (que poderá ser leva, grave ou gravíssima).
COMENTÁRIOS
A lesão corporal simples é considerada crime de ação penal pública condicionada à representação,
por força do que dispõe o art. 88 da Lei 9.099/95. Já o crime de lesão corporal qualificada
permanece como delito de ação penal pública incondicionada, já que o CP é silente com relação
a este delito.
COMENTÁRIOS
Neste caso o resultado morte decorreu de culpa, de maneira que o agente responderá pelo delito
de lesão corporal seguida de morte, nos termos do art. 129, §3º do CP.
COMENTÁRIOS
d) o indivíduo B poderá ser responsabilizado pelo crime de lesão corporal culposa, em virtude de
ter agido com imprudência.
e) o indivíduo B não poderá ser responsabilizado pelo crime de lesão corporal, tendo em vista que
o pai da criança lesionada percebeu que as explosões estavam ocorrendo próximo às janelas e não
as fechou.
COMENTÁRIOS
O agente, aqui, agiu com DOLO EVENTUAL, pois apesar de não querer o resultado, agiu sem se
importar com sua ocorrência. Desta forma, deve responder pelo crime de lesão corporal DOLOSA,
nos termos do art. 129 do CP.
11. (VUNESP – 2014 – PC-SP – ESCRIVÃO) Considere que João e José se agrediram
mutuamente e que as lesões recíprocas não são graves. Nesta hipótese, o art. 129, § 5.º do CP
prescreve que ambos podem:
a) ser beneficiados com a exclusão da ilicitude
b) ser beneficiados com o perdão judicial.
c) ter as penas de reclusão substituídas por prisão simples.
d) ser beneficiados com a exclusão da culpabilidade.
e) ter as penas de detenção substituídas por multa.
COMENTÁRIOS
Neste caso, nos termos do art. 129, §5º, II do CP, o Juiz poderá substituir a pena de prisão pela
pena de multa.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. (FGV/2021/PCRN/DELEGADO)
No dia 01/03/2014, Vitor, 60 anos, desferiu um golpe de faca no peito de sua namorada Clara, 65
anos, que foi a causa eficiente de sua morte, pois descobrira que a vítima mantinha uma relação
extraconjugal com o vizinho. Foi instaurado inquérito policial para apurar o evento, entrando em
vigor, no curso das investigações, a Leinº13.104/2015, passando a prever a qualificadora do
feminicídio. As investigações somente foram concluídas em 25/01/2021. Considerando apenas as
informações expostas, a autoridade policial deverá indiciar Vitor pela prática do crime de
homicídio:
A) com causa de aumento de pena, sem a qualificadora pela condição de mulher da vítima;
B) sem qualquer causa de aumento de pena e sem a qualificadora pela condição de mulher da
vítima;
C) com a qualificadora pela condição de mulher da vítima, bem como causa de aumento de pena;
D) com a qualificadora pela condição de mulher da vítima, sem qualquer causa de aumento de
pena;
E) com a qualificadora pela condição de mulher da vítima, além de causa de diminuição de pena
pelo relevante valor moral
COMENTÁRIOS
Nesse caso, como a lei penal não pode retroagir para prejudicar o réu, não será aplicada a
qualificadora relativa ao feminicídio. Todavia, como a vítima tinha mais de 60 anos, será aplicada a
majorante prevista no art. 121, §4º do CP:
Art. 121 (...) § 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta
de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar
imediato socorro à vítima, não procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge para evitar
prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime
é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. (Redação dada
pela Lei nº 10.741, de 2003)
GABARITO: Letra A
2. (FGV – 2017 – ALERJ – ENGENHEIRO) João, servidor público estadual ocupante do cargo
efetivo de engenheiro civil, foi o responsável por determinada obra com escavação de um poço.
João agiu culposamente, nas modalidades de imperícia e negligência, pois, na condição de
engenheiro civil, realizou obra sem observar seu dever objetivo de cuidado e as regras técnicas da
profissão, provocando como resultado a morte de um pedreiro que trabalhava no local.
COMENTÁRIOS
Neste caso, João deve responder pelo crime de homicídio culposo, previsto no art. 121, §3º do
CP, pois deu causa ao resultado morte por culpa, decorrente de negligência e imperícia. Neste
caso, o agente terá, ainda, sua pena aumentada de um terço, na forma do art. 121, §4º do CP, pois
o crime decorre resulta de inobservância de regra técnica de profissão.
3. (FGV - 2014 - DPE-DF - ANALISTA - ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA) Jorge pretendia matar sua
irmã, Ana, para passar a ser o único beneficiário de herança que ambos receberiam. No dia do
crime, Jorge fica à espreita enquanto Ana sai da garagem em seu carro. Ocorre que, naquele dia
não era Ana que estava ao volante, como ocorria diariamente, mas sim seu namorado. Ana se
encontrava no banco do carona. Jorge sabia que sua irmã sempre dirigia seu próprio carro e,
assim, tinha certeza de que estaria mirando a arma na direção de Ana, ainda que não conseguisse
enxergar o interior do veículo devido aos vidros escuros. Jorge atira no veículo, mas o projétil
atinge o namorado de Ana, que vem a falecer.
É correto afirmar que Jorge praticou:
a) o crime de tentativa de homicídio doloso qualificado contra Ana e de homicídio culposo contra
o namorado de Ana.
b) apenas um crime de homicídio doloso qualificado, mas não incidirá na hipótese a circunstância
agravante em razão de ser Ana sua irmã, uma vez que foi o namorado desta última quem veio a
falecer.
c) o crime de tentativa de homicídio doloso qualificado contra Ana e de homicídio qualificado
contra o namorado de Ana.
d) apenas um crime de homicídio doloso qualificado, e a pena a ser aplicada ainda será agravada
pelo fato de Ana ser sua irmã.
e) apenas o crime de homicídio culposo contra o namorado de Ana.
COMENTÁRIOS
No caso em tela nós tivemos o que se chama de error in persona, ou “erro sobre a pessoa”. Neste
caso, considera-se como se o crime tivesse sido praticado contra a pessoa pretendida (no caso,
Ana). Assim, Jorge responderá por homicídio doloso consumado, qualificado pelo motivo torpe
(ambição mesquinha), e a pena ainda será agravada em razão de ter sido praticado contra irmão
(consideram-se, neste caso, as características da vítima visada, e não as da vítima atingida).
Vejamos:
Art. 20 (...)
§ 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena.
Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da
pessoa contra quem o agente queria praticar o crime. (Incluído pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984)
4. (FGV - 2014 - OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO - XIII - PRIMEIRA FASE) Jaime,
objetivando proteger sua residência, instala uma cerca elétrica no muro. Certo dia, Cláudio, com
o intuito de furtar a casa de Jaime, resolve pular o referido muro, acreditando que conseguiria
escapar da cerca elétrica ali instalada e bem visível para qualquer pessoa. Cláudio, entretanto, não
obtém sucesso e acaba levando um choque, inerente à atuação do mecanismo de proteção.
Ocorre que, por sofrer de doença cardiovascular, o referido ladrão falece quase instantaneamente.
Após a análise pericial, ficou constatado que a descarga elétrica não era suficiente para matar uma
pessoa em condições normais de saúde, mas suficiente para provocar o óbito de Cláudio, em
virtude de sua cardiopatia.
Nessa hipótese é correto afirmar que:
a) Jaime deve responder por homicídio culposo, na modalidade culpa consciente.
b) Jaime deve responder por homicídio doloso, na modalidade dolo eventual.
c) Pode ser aplicado à hipótese o instituto do resultado diverso do pretendido.
d) Pode ser aplicado à hipótese o instituto da legítima defesa preordenada.
COMENTÁRIOS
No caso em tela, Jaime se valeu do que se chama de “legítima defesa preordenada”, utilizando-
se de uma “ofendículas” (instrumento preordenado a defender um bem jurídico, no caso, o
patrimônio).
A legítima defesa preordenada é admitida pela Doutrina, que a vê como uma modalidade válida
de legítima defesa, de maneira que, também em relação a esta, o “excesso” é punível, seja ele
culposo ou doloso.
No caso, a questão deixa claro que não houve excesso por parte de Jaime, já que a corrente
elétrica não seria capaz de matar uma pessoa em condições normais, de maneira que a morte de
Cláudio não pode ser atribuída a Jaime.
5. (FGV - 2013 - OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO - XII - PRIMEIRA FASE) Paula, com
intenção de matar Maria, desfere contra ela quinze facadas, todas na região do tórax. Cerca de
duas horas após a ação de Paula, Maria vem a falecer. Todavia, a causa mortis determinada pelo
auto de exame cadavérico foi envenenamento. Posteriormente, soube-se que Maria nutria
intenções suicidas e que, na manhã dos fatos, havia ingerido veneno.
Com base na situação descrita, assinale a afirmativa correta.
a) Paula responderá por homicídio doloso consumado.
b) Paula responderá por tentativa de homicídio.
c) O veneno, em relação às facadas, configura concausa relativamente independente superveniente
que por si só gerou o resultado.
d) O veneno, em relação às facadas, configura concausa absolutamente independente
concomitante.
COMENTÁRIOS
No presente caso temos uma causa absolutamente independente, preexistente, que por si só
produziu o resultado. Paula, desta forma, responderá apenas pelos atos praticados (tentativa de
homicídio), não podendo o resultado ser a ela imputado, pois a ele não deu causa, pela teoria da
causalidade adequada.
6. (FGV - 2013 - OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO - XI - PRIMEIRA FASE) Sofia decide
matar sua mãe. Para tanto, pede ajuda a Lara, amiga de longa data, com quem debate a melhor
maneira de executar o crime, o melhor horário, local etc. Após longas discussões de como poderia
executar seu intento da forma mais eficiente possível, a fim de não deixar nenhuma pista, Sofia
pede emprestado a Lara um facão. A amiga prontamente atende ao pedido. Sofia despede-se
agradecendo a ajuda e diz que, se tudo correr conforme o planejado, executará o homicídio
naquele mesmo dia e assim o faz. No entanto, apesar dos cuidados, tudo é descoberto pela
polícia.
A respeito do caso narrado e de acordo com a teoria restritiva da autoria, assinale a afirmativa
correta.
a) Sofia é a autora do delito e deve responder por homicídio com a agravante de o crime ter sido
praticado contra ascendente. Lara, por sua vez, é apenas partícipe do crime e deve responder por
homicídio, sem a presença da circunstância agravante.
b) Sofia e Lara devem ser consideradas coautoras do crime de homicídio, incidindo, para ambas, a
circunstância agravante de ter sido, o crime, praticado contra ascendente.
c) Sofia e Lara devem ser consideradas coautoras do crime de homicídio. Todavia, a agravante de
ter sido, o crime, praticado contra ascendente somente incide em relação à Sofia.
d) Sofia é a autora do delito e deve responder por homicídio com a agravante de ter sido, o crime,
praticado contra ascendente. Lara, por sua vez, é apenas partícipe do crime, mas a agravante
também lhe será aplicada.
COMENTÁRIOS
Para esta teoria, autor é quem pratica a conduta descrita no núcleo do tipo (o verbo). Partícipe é
todo aquele que, de alguma forma, colabora para o intento criminoso sem, contudo, praticar a
conduta nuclear. No caso em tela, Sofia é autora do delito, com a agravante de ter sido praticado
o delito contra ascendente (art. 61, II, e do CP). Lara, por sua vez, será mera partícipe, e não será
aplicada a ela a agravante, eis que não se trata de uma elementar do delito, sendo uma
circunstância periférica e de caráter pessoal (que não se comunica, portanto, entre os comparsas).
7. (FGV - 2013 - OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO - X - PRIMEIRA FASE) João, com
intenção de matar, efetua vários disparos de arma de fogo contra Antônio, seu desafeto. Ferido,
Antônio é internado em um hospital, no qual vem a falecer, não em razão dos ferimentos, mas
queimado em um incêndio que destrói a enfermaria em que se encontrava.
Assinale a alternativa que indica o crime pelo qual João será responsabilizado.
a) Homicídio consumado.
b) Homicídio tentado.
c) Lesão corporal.
d) Lesão corporal seguida de morte.
COMENTÁRIOS
A causa da morte, neste caso, foi o incêndio. Temos, assim, uma causa relativamente independente
(pois se não fosse a conduta de João, Antônio não estaria ali), mas que produziu por si só o
resultado (foi ela, sozinha, que causou a morte).
Vejamos:
Neste caso, João não responde pelo resultado, mas apenas por sua conduta, de forma que
responderá por homicídio na forma tentada.
8. (FGV - 2012 - OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO - VI - PRIMEIRA FASE) José dispara
cinco tiros de revólver contra Joaquim, jovem de 26 (vinte e seis) anos que acabara de estuprar
sua filha. Contudo, em decorrência de um problema na mira da arma, José erra seu alvo, vindo a
atingir Rubem, senhor de 80 (oitenta) anos, ceifando-lhe a vida.
A esse respeito, é correto afirmar que José responderá
a) pelo homicídio de Rubem, agravado por ser a vítima maior de 60 (sessenta) anos.
b) por tentativa de homicídio privilegiado de Joaquim e homicídio culposo de Rubem, agravado
por ser a vítima maior de 60 (sessenta) anos.
c) apenas por tentativa de homicídio privilegiado, uma vez que ocorreu erro quanto à pessoa.
d) apenas por homicídio privilegiado consumado, uma vez que ocorreu erro na execução.
COMENTÁRIOS
No caso em questão houve o que se chama de “erro na execução”, pois o agente vislumbrou
perfeitamente a vítima pretendida, mas errou na execução do delito. Neste caso, considera-se o
crime como tendo sido praticado em face da vítima pretendida, e não da vítima efetivamente
atingida. Vejamos:
Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente,
ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa,
Art. 20 (...)
§ 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena.
Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da
pessoa contra quem o agente queria praticar o crime. (Incluído pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984)
Assim, o agente responderá apenas por homicídio privilegiado (na forma do art. 121, §1º do CP,
pois se considera como se tivesse sido atingida a vítima pretendida), na forma consumada.
9. (FGV - 2010 - PC-AP - Delegado de Polícia) Carlos Cristiano trabalha como salva-vidas no
clube municipal de Tartarugalzinho. O clube abre diariamente às 8hs, e a piscina do clube funciona
de terça a domingo, de 9 às 17 horas, com um intervalo de uma hora para o almoço do salva-
vidas, sempre entre 12 e 13 horas.
Carlos Cristiano é o único salva-vidas do clube e sabe a responsabilidade de seu trabalho, pois
várias crianças utilizam a piscina diariamente e muitas dependem da sua atenção para não
morrerem afogadas.
Normalmente, Carlos Cristiano trabalha com atenção e dedicação, mas naquele dia 2 de janeiro
estava particularmente cansado, pois dormira muito tarde após as comemorações do reveillon.
Assim, ao invés de voltar do almoço na hora, decidiu tirar um cochilo. Acordou às 15 horas, com
os gritos dos sócios do clube que tentavam reanimar uma criança que entrara na piscina e fora
parar na parte funda. Infelizmente, não foi possível reanimar a criança. Embora houvesse outras
pessoas na piscina, ninguém percebera que a criança estava se afogando.
Assinale a alternativa que indique o crime praticado por Carlos Cristiano
a) Homicídio culposo.
b) Nenhum crime.
c) Omissão de socorro.
d) Homicídio doloso, na modalidade de ação comissiva por omissão.
e) Homicídio doloso, na modalidade de ação omissiva.
COMENTÁRIOS
Carlos Cristiano, no caso em tela, deverá ser responsabilizado pelo delito de homicídio DOLOSO,
na modalidade de omissão imprópria ou, em outros termos, comissiva por omissão.
Isto porque, apesar de não ter dado causa (do ponto de vista físico-causal) ao evento morte, Carlos
Cristiano tinha o DEVER de evitar o resultado, bem como PODIA agir para evitar. Por conta de uma
omissão juridicamente relevante, o resultado veio a ocorreu.
Vejamos:
Art. 13 (...)
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; (Incluído pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
10. (FGV – 2014 – PREFEITURA DE OSASCO – GUARDA MUNICIPAL) Roberto estava na fila de
um banco, quando, por descuido, esbarrou em Renato que estava a sua frente, fazendo com que
caísse no chão a pasta que estava na mão de Renato. Não obstante o pedido de desculpas, Renato
ficou enfurecido, saiu do banco, foi até seu veículo, pegou uma pistola e aguardou na esquina a
saída de Roberto do banco. Assim que a vítima cruzou a esquina, Renato sacou a arma e desferiu
cinco disparos pelas costas de Roberto, levando-o a imediato óbito. Renato cometeu crime de:
a) homicídio simples;
b) homicídio qualificado pelo motivo torpe;
c) homicídio duplamente qualificado pelo motivo torpe e com recurso que dificultou ou tornou
impossível a defesa do ofendido
d) homicídio duplamente qualificado pelo motivo fútil e com recurso que dificultou ou tornou
impossível a defesa do ofendido
e) homicídio triplamente qualificado pelo motivo torpe, emprego de arma de fogo e com recurso
que dificultou ou tornou impossível a defesa do ofendido
COMENTÁRIOS
Temos aqui um homicídio QUALIFICADO, pelo motivo fútil e por ter sido utilizado recurso que
dificultou a defesa da vítima, nos termos do art. 121, II e IV do CP.
Entretanto, não há como lutar contra isso. A alternativa D é a “menos errada”, pois traz a solução
correta, ainda que com um nome errado.
11. (FGV – 2013 – TJ-AM – ANALISTA JUDICIÁRIO) Paulo, querendo matar Lucia, vem a jogá-
la da janela do apartamento do casal. A vítima na queda não vem a falecer, apesar de sofrer lesões
graves, tendo caído na área do apartamento térreo do prédio. Naquele local, vem a ser atacada
por um cão raivoso que lhe causa diversas outras lesões que foram à causa de sua morte.
De acordo com o caso apresentado e as lições acerca da teoria do crime, assinale a afirmativa
correta.
a) Paulo deverá responder por homicídio consumado, porque realizado o resultado por ele
desejado desde o início.
b) Paulo deverá responder por lesão corporal grave, em razão da quebra do nexo causal entre a
sua conduta e o resultado morte.
c) Paulo deverá responder por homicídio culposo, porque previsível que a queda por ele operada
poderia causar a morte da vítima.
d) Paulo deverá responder por tentativa de homicídio por força do surgimento de causa
superveniente relativamente independente que, por si só, causou o resultado.
e) Paulo deverá responde por tentativa de homicídio, por força do surgimento de causa
superveniente absolutamente independente.
COMENTÁRIOS
Paulo, neste caso, deverá responder por homicídio TENTADO (tentativa de homicídio), pois a
morte decorreu de concausa SUPERVENIENTE RELATIVAMENTE INDEPENDENTE que, por SI SÓ,
produziu o resultado, nos termos do art. 13, §1º do CP.
Neste caso, o resultado “morte” não pode ser imputado a Paulo, pois a morte ocorreu em razão
do ataque do cão.
12. (FGV - 2014 - OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO - XIII - PRIMEIRA FASE) Maria, jovem
de 22 anos, após sucessivas desilusões, deseja dar cabo à própria vida. Com o fim de desabafar,
Maria resolve compartilhar sua situação com um amigo, Manoel, sem saber que o desejo dele, há
muito, é vê-la morta. Manoel, então, ao perceber que poderia influenciar Maria, resolve instigá-la
a matar-se. Tão logo se despede do amigo, a moça, influenciada pelas palavras deste, pula a janela
de seu apartamento, mas sua queda é amortecida por uma lona que abrigava uma barraca de
feira. Em consequência, Maria sofre apenas escoriações pelo corpo e não chega a sofrer nenhuma
fratura.
Considerando apenas os dados descritos, assinale a afirmativa correta.
a) Manoel deve responder pelo delito de induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio em sua
forma consumada.
b) Manoel deve responder pelo delito de induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio em sua
forma tentada.
c) Manoel não possui responsabilidade jurídico-penal, pois Maria não morreu e nem sofreu lesão
corporal de natureza grave.
d) Manoel, caso tivesse se arrependido daquilo que falou para Maria e esta, em virtude da queda,
viesse a óbito, seria responsabilizado pelo delito de homicídio.
COMENTÁRIOS
Manoel, a princípio, responderia por induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio. Contudo, tal
delito somente é punível se a morte efetivamente ocorre ou, ao menos, se ocorrem lesões
corporais de natureza grave, não tendo ocorrido nenhum destes resultados, de forma que o crime
não ocorreu.
13. (FCC - 2011 - TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - TÉCNICO JUDICIÁRIO - SEGURANÇA) Tício tentou
suicidar-se e cortou os pulsos. Em seguida arrependeu-se e chamou uma ambulância. Celsus, que
sabia das intenções suicidas de Tício, impediu dolosamente que o socorro chegasse e Tício morreu
por hemorragia. Nesse caso, Celsus responderá por
A) auxílio a suicídio.
B) homicídio doloso.
C) instigação a suicídio.
D) induzimento a suicídio.
E) homicídio culposo.
COMENTÁRIOS
Essa questão é sensacional! Uma pegadinha e tanto! Como Celsus impediu o socorro de Tício, que
tentou se suicidar, a conduta poderia ser classificada como auxílio ao suicídio. Porém, como a
questão diz que Tício se arrependeu, logo, NÃO QUERIA MAIS MORRER, e Celsus sabia disso,
Celsus quis, ele próprio a morte de Tício, e não ajudá-lo a se matar (pois este não mais queria isso).
Logo, o homicídio é DOLOSO.
Se Celsus não soubesse que Tício não queria mais se matar, e achasse que ele ainda pretendia a
morte, a conduta dele seria a de auxílio ao suicídio.
14. (FCC - 2013 - TJ-PE - JUIZ) Em relação aos crimes contra a vida, correto afirmar que
a) o homicídio simples, em determinada situação, pode ser classificado como crime hediondo.
b) a pena pode ser aumentada de um terço no homicídio culposo, se o crime é praticado contra
pessoa menor de quatorze anos ou maior de sessenta anos.
c) compatível o homicídio privilegiado com a qualificadora do motivo fútil.
d) cabível a suspensão condicional do processo no homicídio culposo, se o crime resulta de
inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício.
e) incompatível o homicídio privilegiado com a qualificadora do emprego de asfixia.
COMENTÁRIOS
A) CORRETA: Na hipótese de ser praticado em atividade típica de grupo de extermínio, nos termos
do art. 1º, I da Lei 8.072/90;
B) ERRADA: Esta causa de aumento de pena só se aplica no homicídio doloso, não no culposo,
conforme preconiza a parte final do §4º do art. 121 do CP;
C) ERRADA: Se o homicídio é privilegiado, é porque fora praticado por motivo de relevante valor
social ou moral ou quando o agente se encontrava sob violenta emoção logo após injusta
provocação da vítima, nos termos do art. 121, §1º do CP, ou seja, absolutamente incompatível com
o motivo fútil. Isso não impede, contudo, que o homicídio privilegiado possa ser, também,
qualificado, só que pelo meio de execução.
D) ERRADA: Neste caso, a pena seria de 1 a 3 anos, mas acrescida de 1/3, ou seja, a pena mínima
seria 1 ano e 4 meses, logo, não é possível a suspensão condicional do processo, pois nos termos
do art. 89 da Lei 9.099/95, esta só é cabível nos crimes cuja pena mínima seja igual ou inferior a 01
ano.
15. (FCC – 2013 – TRT15 – TÉCNICO JUDICIÁRIO) O autor de homicídio praticado com a
intenção de livrar um doente, que padece de moléstia incurável, dos sofrimentos que o
atormentam (eutanásia), perante a legislação brasileira,
a) não cometeu infração penal.
b) responderá por crime de homicídio privilegiado.
c) responderá por homicídio qualificado pelo motivo torpe.
d) responderá por homicídio simples.
e) responderá por homicídio qualificado pelo motivo fútil.
COMENTÁRIOS
O autor do homicídio, neste caso, responderá pelo delito de homicídio privilegiado, na forma do
art. 121, §1º do CP:
Vejam que o delito foi praticado por motivo de relevante valor moral (aliviar a dor da vítima).
COMENTÁRIOS
Uma das hipóteses de homicídio privilegiado ocorre quando o agente pratica o delito sob o
domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima. Vejamos:
Na verdade, tecnicamente falando, o §1º caracteriza uma causa especial de diminuição de pena, e
não um privilégio, mas a Doutrina chama este crime de homicídio privilegiado.
COMENTÁRIOS
Hércules deverá responder pelo crime de homicídio qualificado por ter sido praticado para garantir
a impunidade de outro crime, na forma do art. 121, §2º, V do CP (conexão objetiva consequencial):
(...)
GABARITO: Letra D
COMENTÁRIOS
GABARITO: Letra E
19. (VUNESP – 2018 – PC-BA - INVESTIGADOR) Quanto aos crimes contra a vida, assinale a
alternativa correta.
(A) Suponha que “A” seja instigado a suicidar-se e decida pular da janela do prédio em que reside.
Ao dar cabo do plano suicida, “A” não morre e apenas sofre lesão corporal de natureza leve. Pode-
se afirmar que o instigador deverá responder pelo crime de tentativa de instigação ao suicídio,
previsto no art. 122 do Código Penal.
(B) Considera-se qualificado o homicídio praticado contra pessoa menor de 14 anos ou maior de
60 anos.
(C) O Código Penal permite o aborto praticado pela própria gestante quando existir risco de morte
e não houver outro meio de se salvar.
(D) O feminicídio é espécie de homicídio qualificado e resta configurado quando a morte da mulher
se dá em razão da condição do sexo feminino. Se o crime for presenciado por descendente da
vítima, incidirá ainda causa de aumento de pena.
(E) O aborto provocado pela gestante, figura prevista no art. 124 do Código Penal, cuja pena é de
detenção de 1 (um) a 3 (três) anos, admite coautoria.
COMENTÁRIOS
a) ERRADA: Item errado. Quando da aplicação da prova, o item estava errado pois a conduta do
instigador era impunível se a vítima não morria nem sofria, ao menos, lesões graves, na forma da
então redação do art. 122 do CP. Hoje, o item continua errado, mas por outra razão: o agente
neste caso deve responder pelo crime do art. 122 em sua forma consumada, já que se trata de
crime forma, consumando-se com o ato de induzir, instigar ou auxiliar.
b) ERRADA: Item errado, pois não se trata de qualificadora, e sim de majorante (causa de aumento
de pena), na forma do art. 121, §4º do CP.
c) ERRADA: Item errado, pois o aborto até é admitido neste caso, na forma do art. 128, I do CP,
mas somente se praticado POR MÉDICO.
d) CORRETA: Item correto, pois para que se configure como feminicídio é necessário que o
homicídio contra a mulher se dê por razões da condição de sexo feminino, na forma do art. 121,
§2º, VI do CP. Na forma do art. 121, § 2º-A do CP, considera-se que há razões de condição de sexo
feminino quando o crime envolve violência doméstica e familiar ou menosprezo ou discriminação
à condição de mulher.
e) ERRADA: Item errado, pois a Doutrina majoritária sustenta ser incabível a coautoria no crime de
autoaborto, embora seja possível a participação.
20. (VUNESP – 2016 – TJ-SP – TITULAR NOTARIAL) Diz o parágrafo 5º do artigo 121 do Código
Penal Brasileiro, que: “na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena,
se as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal
se torne desnecessária”. Trata-se de
a) graça.
b) perdão judicial.
c) anistia.
d) indulto.
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Neste caso temos o instituto do “perdão judicial”, que é concedido pelo Juiz, nos casos em que a
lei expressamente autoriza (como este), na hipótese de as consequências do crime atingirem o
agente de maneira tão grave que seja possível concluir que a pena não é mais necessária (a
consequência do crime foi o próprio castigo).
21. (VUNESP – 2015 – PC-CE – INSPETOR) O indivíduo “B”, com intenção de matar a pessoa
“D”, efetua dez disparos de arma de fogo em direção a um veículo que se encontra estacionado
na via pública por imaginar que dentro desse veículo encontrava-se a pessoa “D”, contudo, não
havia nenhuma pessoa no interior do veículo. Com relação à conduta praticada por “B”, é correto
afirmar que
a) o indivíduo “B” poderá ser punido pelo crime de homicídio tentado, por analogia ao crime de
homicídio em vista de sua intenção.
b) o indivíduo “B” não poderá ser punido pelo crime de homicídio.
c) o indivíduo “B” poderá ser punido pelo crime de homicídio consumado, em virtude da
interpretação extensiva do crime de homicídio.
d) o indivíduo “B” poderá ser punido pelo crime de homicídio consumado, por analogia ao crime
de homicídio em vista de sua intenção.
e) o indivíduo “B” poderá ser punido pelo crime de homicídio tentado, em virtude da interpretação
extensiva do crime de homicídio em vista de sua intenção.
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O agente, aqui, não poderá ser punido por crime nenhum. Isso porque sua conduta JAMAIS
poderia alcançar o resultado pretendido (a morte da vítima). Em razão disso, temos a ocorrência
do chamado “crime impossível” (ou tentativa inidônea), por absoluta impropriedade do objeto, de
forma que a conduta do agente não é punível, nos termos do art. 17 do CP.
22. (VUNESP – 2015 – PC-CE – INSPETOR) O indivíduo “B” descobre que a companhia aérea
“X” é a que esteve envolvida no maior número de acidentes aéreos nos últimos anos. O indivíduo
“B” então compra, regularmente, uma passagem aérea desta companhia e presenteia seu pai com
esta passagem, pois tem interesse que ele morra para receber sua herança. O pai recebe a
passagem e durante o respectivo vôo ocorre um acidente aéreo que ocasiona sua morte. Diante
dessas circunstâncias, é correto afirmar que
a) o indivíduo “B” será responsabilizado pelo crime de homicídio culposo se for demonstrado que
o piloto do avião em que seu pai se encontrava agiu com culpa no acidente que o vitimou
b) o indivíduo “B” será responsabilizado pelo crime de homicídio doloso se for demonstrado que
o piloto do avião em que seu pai se encontrava agiu com culpa no acidente que o vitimou.
c) o indivíduo “B” será responsabilizado pelo crime de homicídio culposo, tendo em vista que sem
a sua ação o resultado não teria ocorrido
d) o indivíduo “B” não praticou e não poderá ser responsabilizado pelo crime de homicídio.
e) o indivíduo “B” será responsabilizado pelo crime de homicídio doloso, tendo em vista que sem
a sua ação o resultado não teria ocorrido.
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O agente não poderá ser responsabilizado pelo crime de homicídio, pois sua conduta não foi a
causa da morte de seu pai. Embora o agente tenha criado a situação, ele não teve qualquer
ingerência sobre o fato que efetivamente ocasionou a morte (o acidente). O agente não sabotou
o avião, não colocou uma bomba lá dentro, etc. O ato de comprar a passagem e “torcer” para que
haja um acidente não configura a conduta prevista para o delito de homicídio.
23. (VUNESP – 2015 – TJ-MS – JUIZ) Em relação aos crimes contra a vida, é correto afirmar que
a) a genitora que mata o neonato, sob o estado puerperal e logo após o parto, responderá por
homicídio duplamente qualificado pelo recurso que dificultou a defesa da vítima e por meio
insidioso.
b) para configuração do homicídio privilegiado, previsto no art. 121, § 1º, do Código Penal, basta
que o agente cometa o crime sob o domínio de violenta emoção.
c) nas lesões culposas verificadas entre os mesmos agentes, é possível aplicar a compensação de
culpas.
d) o feminicídio, previsto no art. 121, § 2º , inciso VI, do Código Penal, exige que o crime seja
praticado contra a mulher por razões da condição de sexo feminino envolvendo violência
doméstica ou familiar ou menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
e) o agente que pratica autolesão responderá pelo crime de lesões corporais com atenuação da
pena de 1/3 a 2/3, a depender da natureza da lesão.
COMENTÁRIOS
a) ERRADA: Item errado, pois a agente, neste caso, responderá pelo crime de infanticídio, previsto
no art. 123 do CP.
b) ERRADA: Item errado, pois é necessário que o agente pratique o fato sob o domínio de violenta
emoção LOGO APÓS injusta provocação da vítima, na forma do art. 121, §1º do CP.
c) ERRADA: Item errado, pois não há compensação de culpas, de forma que cada um responde
pelo seu crime de lesão corporal.
d) CORRETA: Item correto, pois para que se configure como feminicídio é necessário que o
homicídio contra a mulher se dê por razões da condição de sexo feminino, na forma do art. 121,
§2º, VI do CP. Na forma do art. 121, § 2º-A do CP, considera-se que há razões de condição de sexo
feminino quando o crime envolve violência doméstica e familiar ou menosprezo ou discriminação
à condição de mulher.
e) ERRADA: Item errado, pois o agente não responderá por crime nenhum, já que não se pune a
autolesão, por ausência de lesão a bem jurídico alheio.
1. (FGV/2021/PCRN/DELEGADO)
Saulo se desentendeu, na fila do caixa de um supermercado, com outra consumidora, Viviane, que
estava no 8º mês de gestação, e lhe desferiu um fortíssimo soco no rosto. Em razão do golpe,
Viviane perdeu o equilíbrio e caiu com a barriga no chão. Ao ser levada ao hospital, foi constatado
que Viviane apresentava lesão leve na face, mas que havia perdido o bebê em decorrência da
queda.
Considerando o estado gravídico evidente de Viviane, a conduta praticada por Saulo configura o
crime de:
A) lesão corporal seguida de morte;
B) lesão corporal qualificada pelo aborto;
C) aborto na modalidade dolo eventual, apenas;
D) aborto culposo, ficando a lesão corporal absorvida;
E) lesão corporal leve em concurso formal com aborto na forma culposa.
d) Mário deve ser punido pelo crime de ocultação de cadáver, e André deve ser punido pelo de
homicídio, também na forma tentada.
e) Mário não deve ser punido pela prática de crime e André deve ser punido pela prática do crime
de lesão corporal culposa.
d) denunciar o agente pelo crime de tentativa de homicídio, tendo em vista que o resultado
pretendido inicialmente não foi obtido.
e) requerer o arquivamento, diante da atipicidade da conduta.
6. (FCC – 2017 – POLTEC-AP – PERITO) De acordo com o artigo 129 do Código Penal
brasileiro, lesão corporal é a ofensa à integridade corporal ou a saúde de alguém. Ela pode ser
classificada em leve, grave ou gravíssima, a depender dos comemorativos. Analise as assertivas
abaixo.
I. Lesões corporais que causem incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 dias
serão consideradas graves.
II. Lesões corporais com perda ou inutilização de membro, sentido ou função serão consideradas
graves.
III. Lesões corporais que causem extrema dor serão consideradas gravíssimas.
IV. Lesões corporais que causem qualquer alteração psíquica serão consideradas leves.
Está correto o que se afirma em
a) I, II, III e IV.
b) I, apenas.
c) IV, apenas.
d) III, apenas.
e) I e III, apenas.
7. (FCC - 2013 - MPE-SE - ANALISTA - DIREITO) Segundo o entendimento jurisprudencial hoje
preponderante, a lesão corporal respectivamente simples e qualificada ocorrida no Brasil (Cód.
Penal, Art. 129 e seus parágrafos) é um crime de ação penal
a) pública incondicionada e de ação penal privada.
e) o indivíduo B não poderá ser responsabilizado pelo crime de lesão corporal, tendo em vista que
o pai da criança lesionada percebeu que as explosões estavam ocorrendo próximo às janelas e não
as fechou.
11. (VUNESP – 2014 – PC-SP – ESCRIVÃO) Considere que João e José se agrediram
mutuamente e que as lesões recíprocas não são graves. Nesta hipótese, o art. 129, § 5.º do CP
prescreve que ambos podem:
a) ser beneficiados com a exclusão da ilicitude
b) ser beneficiados com o perdão judicial.
c) ter as penas de reclusão substituídas por prisão simples.
d) ser beneficiados com a exclusão da culpabilidade.
e) ter as penas de detenção substituídas por multa.
GABARITO
1. ALTERNATIVA B
2. ALTERNATIVA E
3. ALTERNATIVA B
4. ALTERNATIVA C
5. ALTERNATIVA B
6. ALTERNATIVA B
7. ALTERNATIVA C
8. ALTERNATIVA B
9. ALTERNATIVA E
10. ALTERNATIVA C
11. ALTERNATIVA E
1. (FGV/2021/PCRN/DELEGADO)
No dia 01/03/2014, Vitor, 60 anos, desferiu um golpe de faca no peito de sua namorada Clara, 65
anos, que foi a causa eficiente de sua morte, pois descobrira que a vítima mantinha uma relação
extraconjugal com o vizinho. Foi instaurado inquérito policial para apurar o evento, entrando em
vigor, no curso das investigações, a Leinº13.104/2015, passando a prever a qualificadora do
feminicídio. As investigações somente foram concluídas em 25/01/2021. Considerando apenas as
informações expostas, a autoridade policial deverá indiciar Vitor pela prática do crime de
homicídio:
A) com causa de aumento de pena, sem a qualificadora pela condição de mulher da vítima;
B) sem qualquer causa de aumento de pena e sem a qualificadora pela condição de mulher da
vítima;
C) com a qualificadora pela condição de mulher da vítima, bem como causa de aumento de pena;
D) com a qualificadora pela condição de mulher da vítima, sem qualquer causa de aumento de
pena;
E) com a qualificadora pela condição de mulher da vítima, além de causa de diminuição de pena
pelo relevante valor moral
2. (FGV – 2017 – ALERJ – ENGENHEIRO) João, servidor público estadual ocupante do cargo
efetivo de engenheiro civil, foi o responsável por determinada obra com escavação de um poço.
João agiu culposamente, nas modalidades de imperícia e negligência, pois, na condição de
engenheiro civil, realizou obra sem observar seu dever objetivo de cuidado e as regras técnicas da
profissão, provocando como resultado a morte de um pedreiro que trabalhava no local.
Em termos de responsabilidade criminal, em tese, João:
a) não deve ser processado por homicídio, pois não agiu com dolo ou culpa criminal, restringindo-
se sua responsabilidade à esfera cível;
b) não deve ser processado por homicídio, pois agiu como funcionário público no exercício da
função, restando apenas a responsabilidade cível que recairá sobre o poder público;
c) deve ser processado por homicídio doloso, eis que agiu com dolo direto e eventual, na medida
em que assumiu o risco de provocar a morte do pedreiro;
d) deve ser processado por homicídio culposo, com causa de diminuição de pena, eis que não agiu
com intenção de provocar o resultado morte do pedreiro;
e) deve ser processado por homicídio culposo, com causa de aumento de pena, eis que o crime
resultou de inobservância de regra técnica de profissão.
3. (FGV - 2014 - DPE-DF - ANALISTA - ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA) Jorge pretendia matar sua
irmã, Ana, para passar a ser o único beneficiário de herança que ambos receberiam. No dia do
crime, Jorge fica à espreita enquanto Ana sai da garagem em seu carro. Ocorre que, naquele dia
não era Ana que estava ao volante, como ocorria diariamente, mas sim seu namorado. Ana se
encontrava no banco do carona. Jorge sabia que sua irmã sempre dirigia seu próprio carro e,
assim, tinha certeza de que estaria mirando a arma na direção de Ana, ainda que não conseguisse
enxergar o interior do veículo devido aos vidros escuros. Jorge atira no veículo, mas o projétil
atinge o namorado de Ana, que vem a falecer.
É correto afirmar que Jorge praticou:
a) o crime de tentativa de homicídio doloso qualificado contra Ana e de homicídio culposo contra
o namorado de Ana.
b) apenas um crime de homicídio doloso qualificado, mas não incidirá na hipótese a circunstância
agravante em razão de ser Ana sua irmã, uma vez que foi o namorado desta última quem veio a
falecer.
c) o crime de tentativa de homicídio doloso qualificado contra Ana e de homicídio qualificado
contra o namorado de Ana.
d) apenas um crime de homicídio doloso qualificado, e a pena a ser aplicada ainda será agravada
pelo fato de Ana ser sua irmã.
e) apenas o crime de homicídio culposo contra o namorado de Ana.
4. (FGV - 2014 - OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO - XIII - PRIMEIRA FASE) Jaime,
objetivando proteger sua residência, instala uma cerca elétrica no muro. Certo dia, Cláudio, com
o intuito de furtar a casa de Jaime, resolve pular o referido muro, acreditando que conseguiria
escapar da cerca elétrica ali instalada e bem visível para qualquer pessoa. Cláudio, entretanto, não
obtém sucesso e acaba levando um choque, inerente à atuação do mecanismo de proteção.
Ocorre que, por sofrer de doença cardiovascular, o referido ladrão falece quase instantaneamente.
Após a análise pericial, ficou constatado que a descarga elétrica não era suficiente para matar uma
pessoa em condições normais de saúde, mas suficiente para provocar o óbito de Cláudio, em
virtude de sua cardiopatia.
Nessa hipótese é correto afirmar que:
a) Jaime deve responder por homicídio culposo, na modalidade culpa consciente.
b) Jaime deve responder por homicídio doloso, na modalidade dolo eventual.
c) Pode ser aplicado à hipótese o instituto do resultado diverso do pretendido.
5. (FGV - 2013 - OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO - XII - PRIMEIRA FASE) Paula, com
intenção de matar Maria, desfere contra ela quinze facadas, todas na região do tórax. Cerca de
duas horas após a ação de Paula, Maria vem a falecer. Todavia, a causa mortis determinada pelo
auto de exame cadavérico foi envenenamento. Posteriormente, soube-se que Maria nutria
intenções suicidas e que, na manhã dos fatos, havia ingerido veneno.
Com base na situação descrita, assinale a afirmativa correta.
a) Paula responderá por homicídio doloso consumado.
b) Paula responderá por tentativa de homicídio.
c) O veneno, em relação às facadas, configura concausa relativamente independente superveniente
que por si só gerou o resultado.
d) O veneno, em relação às facadas, configura concausa absolutamente independente
concomitante.
6. (FGV - 2013 - OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO - XI - PRIMEIRA FASE) Sofia decide
matar sua mãe. Para tanto, pede ajuda a Lara, amiga de longa data, com quem debate a melhor
maneira de executar o crime, o melhor horário, local etc. Após longas discussões de como poderia
executar seu intento da forma mais eficiente possível, a fim de não deixar nenhuma pista, Sofia
pede emprestado a Lara um facão. A amiga prontamente atende ao pedido. Sofia despede-se
agradecendo a ajuda e diz que, se tudo correr conforme o planejado, executará o homicídio
naquele mesmo dia e assim o faz. No entanto, apesar dos cuidados, tudo é descoberto pela
polícia.
A respeito do caso narrado e de acordo com a teoria restritiva da autoria, assinale a afirmativa
correta.
a) Sofia é a autora do delito e deve responder por homicídio com a agravante de o crime ter sido
praticado contra ascendente. Lara, por sua vez, é apenas partícipe do crime e deve responder por
homicídio, sem a presença da circunstância agravante.
b) Sofia e Lara devem ser consideradas coautoras do crime de homicídio, incidindo, para ambas, a
circunstância agravante de ter sido, o crime, praticado contra ascendente.
c) Sofia e Lara devem ser consideradas coautoras do crime de homicídio. Todavia, a agravante de
ter sido, o crime, praticado contra ascendente somente incide em relação à Sofia.
d) Sofia é a autora do delito e deve responder por homicídio com a agravante de ter sido, o crime,
praticado contra ascendente. Lara, por sua vez, é apenas partícipe do crime, mas a agravante
também lhe será aplicada.
7. (FGV - 2013 - OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO - X - PRIMEIRA FASE) João, com
intenção de matar, efetua vários disparos de arma de fogo contra Antônio, seu desafeto. Ferido,
Antônio é internado em um hospital, no qual vem a falecer, não em razão dos ferimentos, mas
queimado em um incêndio que destrói a enfermaria em que se encontrava.
Assinale a alternativa que indica o crime pelo qual João será responsabilizado.
a) Homicídio consumado.
b) Homicídio tentado.
c) Lesão corporal.
d) Lesão corporal seguida de morte.
8. (FGV - 2012 - OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO - VI - PRIMEIRA FASE) José dispara
cinco tiros de revólver contra Joaquim, jovem de 26 (vinte e seis) anos que acabara de estuprar
sua filha. Contudo, em decorrência de um problema na mira da arma, José erra seu alvo, vindo a
atingir Rubem, senhor de 80 (oitenta) anos, ceifando-lhe a vida.
A esse respeito, é correto afirmar que José responderá
a) pelo homicídio de Rubem, agravado por ser a vítima maior de 60 (sessenta) anos.
b) por tentativa de homicídio privilegiado de Joaquim e homicídio culposo de Rubem, agravado
por ser a vítima maior de 60 (sessenta) anos.
c) apenas por tentativa de homicídio privilegiado, uma vez que ocorreu erro quanto à pessoa.
d) apenas por homicídio privilegiado consumado, uma vez que ocorreu erro na execução.
9. (FGV - 2010 - PC-AP - Delegado de Polícia) Carlos Cristiano trabalha como salva-vidas no
clube municipal de Tartarugalzinho. O clube abre diariamente às 8hs, e a piscina do clube funciona
de terça a domingo, de 9 às 17 horas, com um intervalo de uma hora para o almoço do salva-
vidas, sempre entre 12 e 13 horas.
Carlos Cristiano é o único salva-vidas do clube e sabe a responsabilidade de seu trabalho, pois
várias crianças utilizam a piscina diariamente e muitas dependem da sua atenção para não
morrerem afogadas.
Normalmente, Carlos Cristiano trabalha com atenção e dedicação, mas naquele dia 2 de janeiro
estava particularmente cansado, pois dormira muito tarde após as comemorações do reveillon.
Assim, ao invés de voltar do almoço na hora, decidiu tirar um cochilo. Acordou às 15 horas, com
os gritos dos sócios do clube que tentavam reanimar uma criança que entrara na piscina e fora
parar na parte funda. Infelizmente, não foi possível reanimar a criança. Embora houvesse outras
pessoas na piscina, ninguém percebera que a criança estava se afogando.
Assinale a alternativa que indique o crime praticado por Carlos Cristiano
a) Homicídio culposo.
b) Nenhum crime.
c) Omissão de socorro.
10. (FGV – 2014 – PREFEITURA DE OSASCO – GUARDA MUNICIPAL) Roberto estava na fila de
um banco, quando, por descuido, esbarrou em Renato que estava a sua frente, fazendo com que
caísse no chão a pasta que estava na mão de Renato. Não obstante o pedido de desculpas, Renato
ficou enfurecido, saiu do banco, foi até seu veículo, pegou uma pistola e aguardou na esquina a
saída de Roberto do banco. Assim que a vítima cruzou a esquina, Renato sacou a arma e desferiu
cinco disparos pelas costas de Roberto, levando-o a imediato óbito. Renato cometeu crime de:
a) homicídio simples;
b) homicídio qualificado pelo motivo torpe;
c) homicídio duplamente qualificado pelo motivo torpe e com recurso que dificultou ou tornou
impossível a defesa do ofendido
d) homicídio duplamente qualificado pelo motivo fútil e com recurso que dificultou ou tornou
impossível a defesa do ofendido
e) homicídio triplamente qualificado pelo motivo torpe, emprego de arma de fogo e com recurso
que dificultou ou tornou impossível a defesa do ofendido
11. (FGV – 2013 – TJ-AM – ANALISTA JUDICIÁRIO) Paulo, querendo matar Lucia, vem a jogá-
la da janela do apartamento do casal. A vítima na queda não vem a falecer, apesar de sofrer lesões
graves, tendo caído na área do apartamento térreo do prédio. Naquele local, vem a ser atacada
por um cão raivoso que lhe causa diversas outras lesões que foram à causa de sua morte.
De acordo com o caso apresentado e as lições acerca da teoria do crime, assinale a afirmativa
correta.
a) Paulo deverá responder por homicídio consumado, porque realizado o resultado por ele
desejado desde o início.
b) Paulo deverá responder por lesão corporal grave, em razão da quebra do nexo causal entre a
sua conduta e o resultado morte.
c) Paulo deverá responder por homicídio culposo, porque previsível que a queda por ele operada
poderia causar a morte da vítima.
d) Paulo deverá responder por tentativa de homicídio por força do surgimento de causa
superveniente relativamente independente que, por si só, causou o resultado.
e) Paulo deverá responde por tentativa de homicídio, por força do surgimento de causa
superveniente absolutamente independente.
12. (FGV - 2014 - OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO - XIII - PRIMEIRA FASE) Maria, jovem
de 22 anos, após sucessivas desilusões, deseja dar cabo à própria vida. Com o fim de desabafar,
Maria resolve compartilhar sua situação com um amigo, Manoel, sem saber que o desejo dele, há
muito, é vê-la morta. Manoel, então, ao perceber que poderia influenciar Maria, resolve instigá-la
a matar-se. Tão logo se despede do amigo, a moça, influenciada pelas palavras deste, pula a janela
de seu apartamento, mas sua queda é amortecida por uma lona que abrigava uma barraca de
feira. Em consequência, Maria sofre apenas escoriações pelo corpo e não chega a sofrer nenhuma
fratura.
Considerando apenas os dados descritos, assinale a afirmativa correta.
a) Manoel deve responder pelo delito de induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio em sua
forma consumada.
b) Manoel deve responder pelo delito de induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio em sua
forma tentada.
c) Manoel não possui responsabilidade jurídico-penal, pois Maria não morreu e nem sofreu lesão
corporal de natureza grave.
d) Manoel, caso tivesse se arrependido daquilo que falou para Maria e esta, em virtude da queda,
viesse a óbito, seria responsabilizado pelo delito de homicídio.
13. (FCC - 2011 - TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - TÉCNICO JUDICIÁRIO - SEGURANÇA) Tício tentou
suicidar-se e cortou os pulsos. Em seguida arrependeu-se e chamou uma ambulância. Celsus, que
sabia das intenções suicidas de Tício, impediu dolosamente que o socorro chegasse e Tício morreu
por hemorragia. Nesse caso, Celsus responderá por
A) auxílio a suicídio.
B) homicídio doloso.
C) instigação a suicídio.
D) induzimento a suicídio.
E) homicídio culposo.
14. (FCC - 2013 - TJ-PE - JUIZ) Em relação aos crimes contra a vida, correto afirmar que
a) o homicídio simples, em determinada situação, pode ser classificado como crime hediondo.
b) a pena pode ser aumentada de um terço no homicídio culposo, se o crime é praticado contra
pessoa menor de quatorze anos ou maior de sessenta anos.
c) compatível o homicídio privilegiado com a qualificadora do motivo fútil.
d) cabível a suspensão condicional do processo no homicídio culposo, se o crime resulta de
inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício.
e) incompatível o homicídio privilegiado com a qualificadora do emprego de asfixia.
15. (FCC – 2013 – TRT15 – TÉCNICO JUDICIÁRIO) O autor de homicídio praticado com a
intenção de livrar um doente, que padece de moléstia incurável, dos sofrimentos que o
atormentam (eutanásia), perante a legislação brasileira,
(A) Suponha que “A” seja instigado a suicidar-se e decida pular da janela do prédio em que reside.
Ao dar cabo do plano suicida, “A” não morre e apenas sofre lesão corporal de natureza leve. Pode-
se afirmar que o instigador deverá responder pelo crime de tentativa de instigação ao suicídio,
previsto no art. 122 do Código Penal.
(B) Considera-se qualificado o homicídio praticado contra pessoa menor de 14 anos ou maior de
60 anos.
(C) O Código Penal permite o aborto praticado pela própria gestante quando existir risco de morte
e não houver outro meio de se salvar.
(D) O feminicídio é espécie de homicídio qualificado e resta configurado quando a morte da mulher
se dá em razão da condição do sexo feminino. Se o crime for presenciado por descendente da
vítima, incidirá ainda causa de aumento de pena.
(E) O aborto provocado pela gestante, figura prevista no art. 124 do Código Penal, cuja pena é de
detenção de 1 (um) a 3 (três) anos, admite coautoria.
20. (VUNESP – 2016 – TJ-SP – TITULAR NOTARIAL) Diz o parágrafo 5º do artigo 121 do Código
Penal Brasileiro, que: “na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena,
se as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal
se torne desnecessária”. Trata-se de
a) graça.
b) perdão judicial.
c) anistia.
d) indulto.
21. (VUNESP – 2015 – PC-CE – INSPETOR) O indivíduo “B”, com intenção de matar a pessoa
“D”, efetua dez disparos de arma de fogo em direção a um veículo que se encontra estacionado
na via pública por imaginar que dentro desse veículo encontrava-se a pessoa “D”, contudo, não
havia nenhuma pessoa no interior do veículo. Com relação à conduta praticada por “B”, é correto
afirmar que
a) o indivíduo “B” poderá ser punido pelo crime de homicídio tentado, por analogia ao crime de
homicídio em vista de sua intenção.
b) o indivíduo “B” não poderá ser punido pelo crime de homicídio.
c) o indivíduo “B” poderá ser punido pelo crime de homicídio consumado, em virtude da
interpretação extensiva do crime de homicídio.
d) o indivíduo “B” poderá ser punido pelo crime de homicídio consumado, por analogia ao crime
de homicídio em vista de sua intenção.
e) o indivíduo “B” poderá ser punido pelo crime de homicídio tentado, em virtude da interpretação
extensiva do crime de homicídio em vista de sua intenção.
22. (VUNESP – 2015 – PC-CE – INSPETOR) O indivíduo “B” descobre que a companhia aérea
“X” é a que esteve envolvida no maior número de acidentes aéreos nos últimos anos. O indivíduo
“B” então compra, regularmente, uma passagem aérea desta companhia e presenteia seu pai com
esta passagem, pois tem interesse que ele morra para receber sua herança. O pai recebe a
passagem e durante o respectivo vôo ocorre um acidente aéreo que ocasiona sua morte. Diante
dessas circunstâncias, é correto afirmar que
a) o indivíduo “B” será responsabilizado pelo crime de homicídio culposo se for demonstrado que
o piloto do avião em que seu pai se encontrava agiu com culpa no acidente que o vitimou
b) o indivíduo “B” será responsabilizado pelo crime de homicídio doloso se for demonstrado que
o piloto do avião em que seu pai se encontrava agiu com culpa no acidente que o vitimou.
c) o indivíduo “B” será responsabilizado pelo crime de homicídio culposo, tendo em vista que sem
a sua ação o resultado não teria ocorrido
==2621f1==
d) o indivíduo “B” não praticou e não poderá ser responsabilizado pelo crime de homicídio.
e) o indivíduo “B” será responsabilizado pelo crime de homicídio doloso, tendo em vista que sem
a sua ação o resultado não teria ocorrido.
23. (VUNESP – 2015 – TJ-MS – JUIZ) Em relação aos crimes contra a vida, é correto afirmar que
a) a genitora que mata o neonato, sob o estado puerperal e logo após o parto, responderá por
homicídio duplamente qualificado pelo recurso que dificultou a defesa da vítima e por meio
insidioso.
b) para configuração do homicídio privilegiado, previsto no art. 121, § 1º, do Código Penal, basta
que o agente cometa o crime sob o domínio de violenta emoção.
c) nas lesões culposas verificadas entre os mesmos agentes, é possível aplicar a compensação de
culpas.
d) o feminicídio, previsto no art. 121, § 2º , inciso VI, do Código Penal, exige que o crime seja
praticado contra a mulher por razões da condição de sexo feminino envolvendo violência
doméstica ou familiar ou menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
e) o agente que pratica autolesão responderá pelo crime de lesões corporais com atenuação da
pena de 1/3 a 2/3, a depender da natureza da lesão.
GABARITO
1. ALTERNATIVA A
2. ALTERNATIVA E
3. ALTERNATIVA D
4. ALTERNATIVA D
5. ALTERNATIVA B
6. ALTERNATIVA A
7. ALTERNATIVA B
8. ALTERNATIVA D
9. ALTERNATIVA D
10. ALTERNATIVA D
11. ALTERNATIVA D
12. ALTERNATIVA C
13. ALTERNATIVA B
14. ALTERNATIVA A
15. ALTERNATIVA B
16. ALTERNATIVA A
17. ALTERNATIVA D
18. ALTERNATIVA E
19. ALTERNATIVA D
20. ALTERNATIVA B
21. ALTERNATIVA B
22. ALTERNATIVA D
23. ALTERNATIVA D