Aula 08 - O Renascimento Italiano e o Renascimento Flamenco

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O renascimento italiano e o renascimento

flamenco

Apresentação
O Renascimento Italiano, entre os séculos XIV e XVI, deu início às preocupações humanistas, ao
rigor científico e à proposta realista. Já no Renascimento Flamengo, iniciado no século XV, os
artistas eram mais intuitivose constituíram formas próprias em suas manifestações artísticas.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai reconhecer o que foi esse período da Renascença
Italiana e da Renascença Flamenga, quando os maiores artistas de todos os tempos deixaram suas
obras belíssimas espalhadas por toda a Europa.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Identificar as características e as fases do renascimento italiano.


• Listar as manifestações artísticas decorrentes do renascimento italiano.
• Reconhecer as especificidades e os artistas decorrentes do renascimento flamengo.
Desafio
Você está liderando uma excursão pela cidade de Roma e ficou responsável por falar sobre as
manifestações artísticas decorrentes do renascimento italiano a um grupo de turistas. Conforme
vocês andam pela cidade, conte brevemente ao grupo sobre as manifestações artísticas desse
período em três formas de arte: arquitetura, escultura e pintura.
Infográfico
Veja no infográfico a seguir as fases do Renascimento Italiano.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para
acessar.
Conteúdo do livro
No Renascimento Italiano, a proposta artística pautava-se no humanismo, na razão e na ciência. Por
outro lado, no Renascimento Flamengo, buscava-se uma erspectiva intuitiva, e os artistas
flamengos queriam desvendar os segredos do mundo por meio do olhar exterior, observador e
exato.

Na obra História da Arte, leia o capítulo O Renascimento Italiano e o Renascimento Flamengo e


conheça as características da arte nesses períodos.

Boa leitura.
HISTÓRIA
DA ARTE

Priscila Farfan Barroso


Revisão técnica:

Max Elisandro dos Santos Ribeiro


Licenciatura Plena em História
Especialista em Gestão e Tutoria EaD
Mestre em Educação

B277h Barroso, Priscila Farfan.


História da Arte / Priscila Farfan Barroso, Hudson de
Souza Nogueira ; [revisão técnica: Max Elisandro dos Santos
Ribeiro]. – Porto Alegre: SAGAH, 2018.
221 p. ; il. ; 22,5 cm.

ISBN 978-85-9502-297-3

1. Arte – História. I. Nogueira, Hudson de Souza.


II. Título.

CDU 7

Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin CRB-10/2147


Renascimento Italiano e
Renascimento Flamenco
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Identificar as características e as fases do Renascimento Italiano.


„„ Listar as manifestações artísticas decorrentes do Renascimento Italiano.
„„ Reconhecer as especificidades e os artistas do Renascimento Flamengo.

Introdução
O Renascimento Italiano, entre os séculos XIV e XVI, deu início às preo-
cupações humanistas, ao rigor científico e às propostas realistas.
Já o Renascimento Flamengo, iniciado do século XV, era mais intuitivo e
foram construídas formas próprias em suas manifestações artísticas.
Neste capítulo, você irá ver o que foi o período da Renascença Italiana
e da Renascença Flamenga, em que os maiores artistas de todos os
tempos deixaram obras belíssimas espalhadas por toda a Europa.

Renascimento Italiano
A Renascença Italiana iniciou na cidade de Florença, mas se espalhou por
toda a Itália, entre os séculos XIV e XVI. Este período se deu entre a Idade
Média e a Idade Moderna, e ficou caracterizado pelas grandes descobertas do
homem e do mundo, refletindo na vida social, cultural, econômica e religiosa.

A concepção de que tudo já está realizado no mundo e que aos homens só cabem
duas opções, o pecado ou a virtude, não faz mais sentido. O mundo é um vórtice
infinito de possibilidades e o que impulsiona o homem não é representar um
jogo de cartas marcadas, mas confiar na energia da pura vontade, na paixão
de seus sentimentos e na lucidez de sua razão. Enfim, o homem é a medida
de si mesmo e não pode ser tolhido por regras, deste ou do outro mundo, que
limitem suas capacidades. E se cada indivíduo é um se contraditório entre
100 Renascimento Italiano e Renascimento Flamenco

as pressões de sua vontade, de seus sentimentos e de sua razão cabe, a cada


um encontrar sua resposta para a estranha equação do homem. As disputas,
as polêmicas, as críticas entre esses criadores são intensas e acaloradas, mas
todos acatam ciosa a lição de Pico Della Mirandola: a dignidade do homem
repousa no mais fundo da sua liberdade (SEVCENKO, 1988, p. 23).

O movimento da renascença italiana estabeleceu uma relação entre formas


inéditas e típicas, que se embasavam na reutilização das configurações das
artes clássica, grega e romana; e na utilização da técnica de perspectiva e das
regras de matemática, ao representar em uma folha de papel, que é plana, os
objetos e as pessoas em três dimensões. Além disso, a proposta artística nessa
época estava pautada no humanismo, na razão, na ciência e, também, nas
descobertas de outros continentes. Assim, com esses novos conhecimentos,
ocorreram muitos progressos nas artes, nas ciências e na literatura.
Um dos principais acontecimentos durante a renascença foi a Reforma
Protestante, que questionou o domínio da Igreja e privilegiou o estudo do
homem e de sua anatomia. Dessa forma, o espírito do Renascimento estava
focado no humanismo, ou seja, enfatizava a valorização do homem e da
natureza em oposição ao sobrenatural e o divino tão evidenciado na Idade
Média, “Questionando verdades estabelecidas, sacramentadas pela Igreja,
o homem do Renascimento lançou-se na aventura de pensar livremente.”
(MOTA; BRAICK, 1997, p. 144).
No final do século XIV, Roma era o principal centro artístico e, dali ti-
veram origem importantes nomes na arquitetura, literatura e artes plásticas,
se difundindo por toda a Europa. A arte plástica foi marcada pela busca do
belo, com simetria, proporção nas figuras e um estudo profundo da anatomia
humana. Os artistas faziam seus retratos ricos em detalhes, com muita emoção
e iluminação. Esse movimento estabeleceu princípios, métodos e uma completa
revolução artística que se manteve por séculos.
Todas as características do Renascimento Italiano são evidenciadas primeiro
nas obras de Giotto di Bondone (1267-1337), conforme apresentado na Figura
1, arquiteto e pintor, mais conhecido por Giotto, que começou a desenhar com
doze anos em rochas, pois ele era um pastor de ovelhas.
Renascimento Italiano e Renascimento Flamenco 101

Figura 1. A adoração dos reis magos, pintura de Giotto (1320).


Fonte: Everett – Art/Shutterstock.com.

No Renascimento, na cidade de Veneza na Itália, a pintura tinha uma carac-


terística própria: o esboço e as nuances das cores e da luz era feito com muita
evidência. O primeiro artista da renascença veneziana foi Giovanni Bellini.
A renascença italiana durou três séculos e para analisar as características, a
evolução e o estilo que predominou em cada momento da história da arte você
verá a divisão do período da renascença italiana por fases. A arte renascentista
italiana pode ser dividida em quatro fases.

Primeira fase da Renascença Italiana


A primeira fase está entre os anos de 1290 e 1400, e é chamada de Proto-
-renascença. Trata-se de um período de confusão e depressão. Devido às
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invasões estrangeiras, Roma estava em ruínas e a sede do Papado tinha sido


transferida para a cidade de Avignon, na França. Nápoles, Sicília e Sardenha
estava sob domínio estrangeiro e permaneceram por muito tempo assim.
As cidades de Milão, Florença, Siena, Pisa, Ferrara, Veneza e Gênova,
na região norte, eram mais prósperas e puderam se desenvolver com mais
facilidade. Nesse sentido, algumas mudanças importantes começaram a acon-
tecer em relação à Idade Média, e os interesses dos artistas se voltaram para
a Antiguidade dos séculos anteriores.

Segunda fase da Renascença Italiana


A segunda fase está entre os anos 1400 e 1475 e é denominada Primeira Re-
nascença. Mudanças profundas aconteceram na Europa, como a peste negra,
que dizimou um terço de toda a população. Artistas, pensadores, cientistas e
governantes da época foram resgatar os clássicos romanos e gregos e, a partir
dessas ideias, retomaram os costumes literários e filosóficos da Antiguidade.
Esse processo de retomada dos valores anteriores deu base para a produção
artística do Renascimento.
Masaccio (1401-1429) foi o criador da pintura renascentista, com o uso da
plasticidade das suas obras pode evidenciar traços das ideias humanistas em
seus afrescos. A sua primeira obra foi Tríptico de San Giovenale e a Virgem,
representado na Figura 2, e O Menino com Santa Ana, feito sobre madeira.
Outro pintor desse período foi Sandro Boticelli, que colocou em evidência
as linhas curvas nas suas imagens.
Renascimento Italiano e Renascimento Flamenco 103

Figura 2. Tríptico de San Giovenale e A Virgem, de Masaccio.


Fonte: Potsch (2011).

Terceira fase da Renascença Italiana


A terceira fase se deu entre os anos 1475 e 1525, tendo sido chamada de Alta
Renascença. Nesse período, houve um amadurecimento das artes e se deu
uma profusão de artistas, como Leonardo da Vinci, Rafael Sanzio, Miche-
langelo, Tintoretto, Veronese e Ticiano. Da Vinci criou a obra Mona Lisa,
uma das pinturas com maior significado da história da arte. Por onde se olhe,
os olhos de Mona Lisa parecem perseguir o observador e, de qualquer ângulo
que se observe, ela sempre parece estar de frente. Michelangelo pintou o teto
da Capela Sistina, demonstrando sua grandiosidade.
Ticiano, como você pode ver na Figura 3, pintou todas as fases do ser
humano, da juventude até a velhice. Paolo Veronese, era referência na pintura
decorativa. Uma das técnicas utilizadas neste período fazia com que não fosse
possível perceber as pinceladas e a passagem de luz para a sombra, o que ame-
niza o contorno das figuras. O sfumato, outra técnica do período, era realizado
esfregando o dedo na pintura, para que os riscos do contorno desaparecessem
e ficasse o degrade. Atualmente, temos disponível o esfuminho, um formato
de lápis com algodão na ponta que substitui o dedo.
104 Renascimento Italiano e Renascimento Flamenco

Figura 3. Flora, de Ticiano.


Fonte: Wikimedia Commons (2015).

Quarta fase da Renascença Italiana


A quarta fase se deu entre 1520 e 1580, e é conhecida como Maneirismo.
Foi um movimento do Renascimento Italiano que durou 60 anos. A expressão
maneirismo, vem do italiano maneira e expressa a ideia de exagero. A pintura
maneirista se manifestava de forma excessiva, já que os pintores criavam
misturas cromáticas fortes e complexas. Alguns artistas se destacaram nesse
período, entre eles Rosso Fiorentino, Andrea del Sarto, Correggio, Bron-
sino, Pontormo, Parmigianino, Dosso Dossi, Lorenzo Lotto, Domenico
Beccafumi , sendo que o mais importante artista maneirista foi, certamente,
Doménikos Theotokópoulos, mais conhecido como El Greco.
Renascimento Italiano e Renascimento Flamenco 105

Figura 4. Retrato de um homem velho, de El Greco (Doménikos Theotokópoulos).


Fonte: Everett – Art/Shutterstock.com.

A palestra Viagem na Itália Renascentista, do Prof. Lo-


renzo Mammì, da USP, é uma fonte interessante para
se entender mais do contexto renascentista italiano.
Acesse pelo link ou pelo código a seguir.

https://goo.gl/jUYbXt

Manifestações artísticas do Renascimento


Italiano
Na arquitetura, os princípios da geometria que caracterizaram a Roma Antiga
foram recuperados, e suas principais características são: arcos de volta-perfeita;
106 Renascimento Italiano e Renascimento Flamenco

ordens arquitetônicas; simplicidade na construção; escultura e pintura que se


liberam da arquitetura e passam a exercer seus papéis separadamente. As princi-
pais construções feitas nesse período foram: igrejas, palácios, casas de descanso,
fortalezas para as funções militares e planejamentos urbanísticos para as cidades.
Muitos artistas se destacaram neste período, como Michelangelo Buonarotti,
que nos seus últimos anos de vida dedicou-se a arquitetura, supervisionando a
Basílica de São Pedro, em Roma, e entendia que as parte de uma obra arquite-
tônica eram como membros humanos. Outro artista é Leon Alberti, que não
aceitava fazer da arte um objetivo religioso e se baseava no estudo das ciências,
poesia, matemática e história para realizar seus trabalhos. Ele deixou um manual
discutindo a perspectiva e as normas para os escultores sobre proporções humanas
ideais. Uma de suas obras pode ser vista na imagem da Figura 5.

Figura 5. Santa Maria Novella, em Florença, de Alberti.


Fonte: hubert/Shutterstock.com.

Na escultura da Renascença Italiana, pode se dizer que não houve a ela-


boração de regras definidas, mas suas obras possuíam formas e tendências
características do período. As principais inspirações de sua manifestação
foram o naturalismo acentuado, um grande interesse pela forma do corpo
Renascimento Italiano e Renascimento Flamenco 107

do homem e as suas expressões faciais, o gosto pela técnica e por ostentar


o conhecimento, formas geométricas simples e demonstração da realidade.
Nesse período, as esculturas deixaram de ser apenas ornamentação dos
projetos arquitetônicos e passaram a ser obras independentes. A partir das
ideias humanistas, o homem era representado com maior realidade possível,
abusando do uso de linhas curvas e sinuosas.
Michelangelo Buonarotti dominou a escultura e o desenho do corpo hu-
mano de forma perfeita, pois adquiriu esse conhecimento dissecando cadáveres
e descobrindo como é o corpo humano em detalhes. Suas obras mais famosas
são: Davi, Pietá e Moisés. Donatello Bardi tinha experiência como ourives
e usou esse conhecimento nas esculturas mostrando riquezas de detalhes,
deixou muitas esculturas de mármore e bronze. Andrea del Verrocchio, com
o conhecimento de ourivesaria, produziu esculturas, pinturas, desenhos para
decorações, vestimentas e armaduras. Foi restaurador de bustos e estátuas
romanas, fez tumba e foi considerado um dos grandes escultores de baixo-
-relevo. Na Figura 6, você pode observar uma de suas obras.

Figura 6. Bartolomeo Colleoni (1479), de Andrea del Verrocchio, Veneza, Itália.


Fonte: Vadim Petrakov/Shutterstock.com.
108 Renascimento Italiano e Renascimento Flamenco

A pintura na renascença italiana também teve seu destaque. As principais


características da pintura são: o uso da perspectiva conservando as proporções
das distâncias, conforme os princípios da geometria e da matemática; o em-
prego do claro-escuro, pintando algumas áreas na sombra e outras iluminadas
e evidenciando o volume dos corpos; realismo, que tinha a preocupação da
perfeição; o início do uso da tela e da tinta à óleo; a pintura torna-se indepen-
dente das obras arquitetônicas, podendo ser usadas com maior liberdade; e
individualismo, pois cada artista tinha a liberdade de seguir seu estilo pessoal.
Alguns artistas se destacam nessa arte. O pintor Giotto di Bondone é co-
nhecido por obras que apresentaram alto grau de inovação, sendo considerado,
na pintura, o introdutor da perspectiva. Em suas obras, o mais importante
das cenas eram as figuras dos santos de forma humanizada. Leonardo da
Vinci foi o pintor que mais se aproximou do artista ideal da renascença, com
talentos múltiplos, fez muitos cadernos descrevendo seus estudos e pesquisas.
Queria voar como um pássaro, para entender o seu mecanismo, tendo sido
um grande inventor. Em suas obras de pintura evidenciou a luz e sombra
atribuindo mais realismo.

Leonardo, o pintor, jamais aceitava o que lia sem verificar com seus próprios
olhos. Sempre que encontrava um problema, não confiava nas autoridades, mas
tentava realizar um experimento para resolvê-lo. Nada existia na natureza que
não despertasse a sua curiosidade e não desafiasse o seu engenho. Leonardo
explorou os segredos do corpo humano, dissecando mais de trinta cadáveres.
Foi um dos primeiros a se aprofundar nos mistérios do crescimento da criança
no ventre materno [...] (GOMBRICH, 2000, p. 294).

Rafael Sanzio foi o pintor popular que utilizou figuras dinâmicas de corpo
inteiro e pintou afrescos para decorar os aposentos do Papa no Vaticano, e
também pintou as Madonas. Proença nos traz mais elementos sobre suas obras:

Suas obras comunicam ao observador um sentimento de ordem e segurança,


pois os elementos que compõem seus quadros são dispostos em espaços amplos,
claros e de acordo com uma simetria equilibrada. Rafael evitou excesso de
detalhes e o decorativismo, expressando sempre de forma clara e simples os
temas pelos quais se interessou (PROENÇA, 2003, p. 89).

Ticiano, usava cores fortes nas suas pinturas. Primeiro pintava a tela de
vermelho, depois pintava o fundo e as figuras, acentuando as tonalidades
das cores e usando mais de trinta camadas. Ele adotou o óleo sobre tela e
abandonou os painéis de madeira. Sandro Botticelli, por sua vez, resgatou
Renascimento Italiano e Renascimento Flamenco 109

muitos aspectos culturais e artísticos dos povos greco-romanos, conforme


você pode observar na Figura 7. Ele pintou temas religiosos, mitológicos,
retratos de pessoas famosas da época e figuras humanas com graça divina,
já que associava a beleza ao ideal cristão.

Figura 7. Episódios na vida de um cavaleiro, de Botticelli.


Fonte: Desciclopédia (2011).

Renascimento Flamengo
O Renascimento Flamengo, teve início no século XV, na região de Flandres,
onde, nos dias de hoje, ficam os Países Baixos: Holanda, Bélgica e Luxemburgo,
como representado no mapa da Figura 8. No início do século XV, no norte da
Europa, na região de Flandres, começou uma nova expressão artística, ainda
distinta do Renascimento Italiano. Aos poucos, veio à tona a arte da velha
Flandres, terra dos Flamengos, na Europa, de grande importância cultural e
econômica desde a Idade Média.
110 Renascimento Italiano e Renascimento Flamenco

Figura 8. Mapa dos Países Baixos no século XVI.


Fonte: Day (2011).

Em decorrência das mudanças e das crises na Europa, haviam os conflitos


sociais, a fome, a guerra, o surto da peste, entre outros acontecimentos que
foram sendo retratos na arte. A pintura se deteve à tradição medieval, mas
no campo da escultura surgiram algumas mudanças. Os temas religiosos
deram lugar aos temas mundanos. Os pintores flamengos transferiam as cenas
religiosas para um ambiente profano, tentando representar o espaço, a cor, os
corpos e a luz de maneira mais natural possível.
Diferente do renascentistas italianos, que buscavam um rigor científico e
perspectiva linear, os artistas flamengos utilizavam a perspectiva intuitiva, e
queriam desvendar os segredos do mundo por meio do olhar exterior, observa-
dor e exato. Proença (2003, p. 93) nos alerta que esses artistas do renascimento
flamengo “[...] fizeram uma espécie de conciliação entre o gótico e a nova
pintura italiana, que resultava de uma interpretação científica da realidade.”.
Renascimento Italiano e Renascimento Flamenco 111

Com essa forma de percepção, baseada no olhar e na experiência, os artistas


descobriam que, com o aumento da distância, as formas vão perdendo cada
vez mais os contornos e a intensidade das cores diminui, mudando para tons
azulados. Os artistas flamengos exploravam as possibilidades de experienciar
a pintura a óleo e retratavam o mundo em que habitavam de forma original.
Dessa forma, os pintores aprendiam com sua própria experiência de visão,
assim como pelo conhecimento sobre as características dos objetos.
Alguns artistas flamengos se destacavam. As obras de Hieronymus Bosch
(1450-1516) transformaram o inferno em algo terrestre, pois ele apresentava os
limites da humanidade, como vícios e erros envoltos na sociedade. Ele unia, em
um todo, o realismo (na forma de pintar) e o simbolismo (no que se refere ao
sentido), ao mesmo tempo em que suas visões aflitivas tinham uma intenção
moral. Assim, esperava alertar o homem sobre o sofrimento que teriam no
julgamento divino, em razão de seus delitos cotidianos.
Albrecht Dürer (1471-1528) concebia a arte como uma fiel representação
da realidade. Ele mostrava o que acontecia no seu tempo e no seu país, usando
a geometria e a perspectiva para representar as paisagens naturais e as figuras
humanas e trazendo o traço psicológico do retratado. Conforme Lages (2002, p.
43) “Embora tendo sido influenciada pelo neoplatonismo da época e fortemente
marcada, simultaneamente, pela religiosidade medieval e pela revolução da
fé promovida pelo luteranismo, a obra de Dürer anuncia a modernidade [...]”.
Os quadros de Pieter Bruegel (1525-1569) possuem cunho pedagógico e
moral, comparável a obras que apresentavam temáticas atuais da sua época.
Uma delas é a obra A Construção da Torre de Babel, que você pode observar
na Figura 9, trazendo questões da moral bíblica como um aviso à presunção
humana. Jan Van Eyck (1395-1441) em seu Retrato do Noivado Arnolfini
representou de modo naturalista um casal em um interior burguês, com um
cão ao lado do dono, representando a fidelidade conjugal; e um candelabro
na cena, que simboliza a benção de Cristo.
112 Renascimento Italiano e Renascimento Flamenco

Figura 9. A Torre de Babel, de Bruegel.


Fonte: jorisvo/Shutterstock.com.

No link a seguir, você pode assistir ao primeiro episó-


dio da série Os grandes artistas – Mestres Holandeses,
que aborda os mistérios de Hieronymus Bosch.

https://goo.gl/HARhKf
Renascimento Italiano e Renascimento Flamenco 113

1. Sobre o Renascimento Italiano, a) tinha regras claras e


podemos dizer que: objetivas para suas obras.
a) deu-se entre os séculos X e XII. b) estavam atreladas à arquitetura
b) passou por duas fases: a Alta de forma secundária.
Renascença e o Maneirismo. c) estava baseada na assimetria
c) buscou o belo, a simetria e e em volumes exagerados.
retratou figuras humanas. d) era recorrente a representação
d) focou-se na perspectiva dos homens em linhas
teocêntrica. curvas e sinuosas.
e) buscou a abstração e a figuração. e) o naturalismo não era
2. Sobre as fases do Renascimento interesse da época.
Italiano, assinale a alternativa 4. Sobre o Renascimento Flamengo,
correta. podemos dizer que:
a) A Proto-renascença foi o período a) os pintores flamengos
de efervescência cultural. transferiam as cenas religiosas
b) A Primeira Renascença se dá para um ambiente profano.
com a retomada dos valores dos b) buscavam um rigor científico
clássicos gregos e romanos. e perspectiva linear.
c) A Alta Renascença c) deixavam em segundo
utilizou o colorismo como plano a intuição.
técnica de pintura. d) buscavam simetria e perfeição.
d) No Maneirismo havia e) deixavam em segundo
sobriedade e suavidade plano a concepção moral.
na expressão artística. 5. O que os renascentistas expressavam
e) Toda as fases do Renascimento em suas obras de artes?
Italiano perpassam um a) A devoção ao divino.
período de 100 anos. b) Vieses expressionistas.
3. Sobre a escultura do c) A devoção ao rigor científico.
Renascimento Italiano, é d) Vieses abstratos.
possível afirmar que: e) A devoção ao espiritismo.
114 Renascimento Italiano e Renascimento Flamenco

DAY, E. História da Europa. [S.l.: s.n.], 2011. Disponível em: <http://hid0141.blogspot.


com.br/2011/03/historia-da-europa.html>. Acesso em: 18 dez. 2017.
DESCICLOPÉDIA. Arquivo:Botticelli Prado.jpg. [S.l.], 2011. Disponível em: <http://desci-
clopedia.org/wiki/Arquivo:Botticelli_Prado.jpg>. Acesso em: 18 dez. 2017.
DOCSPT ARTE. Os grandes artistas – mestres holandeses – episódio 01 - Bosch
(2006). [S.l.]: YouTube, 2012. 1 vídeo. Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=Ld80Rad8vC8>. Acesso em: 18 dez. 2017.
GOMBRICH, E. H. Realização da harmonia: Toscana e Roma, início do século XVI. In:
GOMBRICH, E. H. A história da arte. Rio de Janeiro: LTC, 2000.
IDEIAS ONLINE, ARTE E CIÊNCIA. Viagem na Itália renascentista 1. [S.l.]: YouTube, 2013.
1 vídeo. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=XO0C5Q5Up8g>.
Acesso em: 18 dez. 2017.
LAGES, S. K. Walter Benjamin: tradução e melancolia. São Paulo: EDUSP, 2002.
MOTA, M. B.; BRAICK, P. R. História: das cavernas ao terceiro milênio. São Paulo: Mo-
derna, 1997.
POTSCH, N. V. Masaccio. [S.l.]: Grupo Alma_Arte Poesia, 2011. Disponível em: <http://
www.lulicoutinho.com/atividades_culturais_2011/artes_d_alma/o_renascimento/
masaccio/masaccio.htm>. Acesso em: 18 dez. 2017.
PROENÇA, G. História da arte. 16. ed. São Paulo: Ática, 2003.
SEVCENKO, N. O renascimento. 6. ed. São Paulo: Atual, 1988.
WIKIMEDIA COMMONS. File:Tiziano – Flora – Google Art Project.jpg. [S.l.], 2015. Dis-
ponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Tiziano_-_Flora_-_Goo-
gle_Art_Project.jpg>. Acesso em: 18 dez. 2017.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
Conteúdo:
Dica do professor
Vamos aprender mais sobre o Renascimento Italiano e o Renascimento Flamengo.

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Exercícios

1) Sobre o Renascimento Italiano, podemos dizer que:

A) Se deu entre os séculos X e XII.

B) Passou por duas fases: a Alta Renascença e o Maneirismo.

C) Buscou o belo, a simetria e retratou figuras humanas.

D) d) Focou-se na perspectiva teocêntrica.

E) Buscou a abstração e figuração.

2) Sobre as fases do Renascimento Italiano:

A) Na Proto-Renascença, foi um período de tamanha efervescência cultural.

B) Na Primeira Renascença, dá-se a retomada dos valores dos clássicos gregos e romanos.

C) Na Alta Renascença, utilizou-se o colorismo como técnica de pintura.

D) No Maneirismo, havia sobriedade e suavidade nas expressões artísticas.

E) Todas as fases do Renascimento Italiano perpassam um período de 100 anos.

3) Sobre a escultura do Renascimento Italiano, é possível afirmar que:

A) Tinha regras claras e objetivas para suas obras.

B) Estava atrelada à arquitetura de forma secundária.

C) Estava baseada na assimetria e em volumes exagerados.

D) Era recorrente a representação dos homens em linhas curvas e sinuosas.

E) O naturalismo não era interesse da época.

4) Sobre o renascimento flamengo, podemos dizer que:


A) Os pintores flamengos transferiam as cenas religiosas para um ambiente profano.

B) Buscavam um rigor científico e perspectiva linear.

C) Deixavam em segundo plano a intuição.

D) Buscavam simetria e perfeição.

E) Deixavam em segundo plano a concepção moral.

5) Os renascentistas expressavam em suas obras de arte:

A) A devoção ao divino.

B) Vieses expressionistas.

C) A devoção ao rigor científico.

D) Vieses abstratos.

E) A devoção ao espiritismo.
Na prática
Em decorrência das mudanças e crises na Europa, havia os conflitos sociais, a fome, a guerra, o
surto da peste, entre outros acontecimentos que foram sendo retratos na arte. Por meio das obras
dos pintores flamengos, os temas religiosos deram lugar aos temas mundanos, tentando
representar o espaço, a cor, os corpos e a luz, de maneira mais natural o possível. Confira:
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Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Conheça mais sobre Florença a partir da reportagem "Florença:


a cidade italiana que pinta o amor e impressiona por
graciosidade".

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Assista ao vídeo "Pinceladas de arte: Tintoretto", que fala sobre


a sua importante obra, O Lava Pés.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.

Veja o site sobre a "Arte Flamenga: Renascimento do Norte


Europeu", que apresenta suas obras e seus artistas.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.

Assista ao vídeo "Por dentro da obra: Casal Arnolfini", que


analisa de forma mais detalhada o quadro mais famoso de Jan
Van Eyck.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.

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