Direito Civil - Pagamentos
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Direito Civil - Pagamentos
d. CREDOR PUTATIVO
O credor putativo é aquele que se apresenta a todos como o verdadeiro credor,
por exemplo um herdeiro aparente. O único parente de um credor que morreu pode
receber pagamento válido feito de boa-fé.
e. CREDOR INCAPAZ
De acordo com o código, o pagamento não é válido se o credor fora incapaz de
quitar a dívida do devedor.
A doutrina fala: “o pagamento efetivado a pessoa absolutamente incapaz é
nulo e o realizado em mãos de relativamente incapaz pode ser confirmado pelo
representante legal ou pelo próprio credor se, relativamente incapaz, cessada a
incapacidade.”
V. DA PROVA DO PAGAMENTO
O devedor que não cumpre a obrigação no vencimento sujeita-se às
consequências do inadimplemento, respondendo por perdas e danos, mais juros,
atualização monetária e honorários de advogado.
g) Art. 319. O devedor que paga tem direito a quitação regular, e pode reter o
pagamento, enquanto não lhe seja dada.
h) Art. 320. A quitação, que sempre poderá ser dada por instrumento particular,
designará o valor e a espécie da dívida quitada, o nome do devedor, ou
quem por este pagou, o tempo e o lugar do pagamento, com a assinatura do
credor, ou do seu representante.
i) Parágrafo único. Ainda sem os requisitos estabelecidos neste artigo valerá a
quitação, se de seus termos ou das circunstâncias resultar haver sido paga a
dívida.
A quitação é a declaração unilateral escrita que confirma que a
prestação fora efetuada e resolvida, liberando o credor dela. Ela é também
chamada de RECIBO.
j) Art. 321. Nos débitos, cuja quitação consista na devolução do título,
perdido este, poderá o devedor exigir, retendo o pagamento, declaração
do credor que inutilize o título desaparecido.
PRESUNÇÃO DE PAGAMENTO:
k) Art. 322. Quando o pagamento for em quotas periódicas, a quitação da última
estabelece, até prova em contrário, a presunção de estarem solvidas as
anteriores.
Baseado na regra de que não é natural o credor concordar em receber
a última prestação sem haver recebido as anteriores, porém pode admitir
prova em contrário.
l) Art. 323. Sendo a quitação do capital sem reserva dos juros, estes
presumem-se pagos.
Como os juros não produzem rendimento, é de supor que o credor
imputaria neles o pagamento parcial da dívida, e não no capital, que continuaria
a render.
m) Art. 324. A entrega do título ao devedor firma a presunção do pagamento.
n) Parágrafo único. Ficará sem efeito a quitação assim operada se o credor
provar, em sessenta dias, a falta do pagamento.
Extinta a dívida pelo pagamento, o título que a representava deve ser
restituído ao devedor, que pode exigir sua entrega, salvo se nele existirem
codevedores cujas obrigações ainda não se extinguiram.
Os pagamentos podem ser divididos pelos seus modos, sendo estes modos
direto e indireto. Farei uma breve explicação de cada tipo de pagamento indireto.
a. DO PAGAMENTO EM CONSIGNAÇÃO
A ação de consignação em pagamento é uma ação proposta pelo devedor
contra o credor, quando este recusar-se a receber o valor de dívida ou exigir ou
devedor valor superior ao entendido devido por este, além de outras hipóteses
admitidas na legislação.
Se o pagamento não for feito no tempo, local e forma corretos, o devedor pode
incorrer nos efeitos da mora. No caso de uma obrigação que envolve a entrega de
uma coisa, o devedor continua responsável pela guarda dela até que seja
efetivamente entregue ao credor, respondendo por perda ou deterioração. Terceiros
também podem ter interesse nessa entrega, como o dono da coisa dada como
garantia de uma dívida, o comprador da coisa hipotecada, o fiador ou o avalista.
No entanto, o pagamento depende da concordância do credor, que pode
recusar-se a receber a prestação por várias razões, como discordância sobre o valor
ou quem deve receber, incapacidade do credor, ou paradeiro desconhecido. Se o
pagamento não é feito devido à falta de cooperação do credor, o devedor não é
liberado da obrigação. Em alguns casos, mesmo que o devedor faça o pagamento, se
não receber a quitação adequada, não terá como provar o pagamento. Apesar disso, o
devedor tem não só o dever, mas também o direito de pagar.
O art. 334 do Código Civil, ao falar em depósito judicial da “coisa devida”,
permite a consignação não só de dinheiro como também de bens móveis ou imóveis.
b. SUB-ROGAÇÃO
A sub-rogação é um conceito jurídico que ocorre quando uma pessoa ou coisa
substitui outra em uma relação jurídica. Existem duas formas principais de sub-
rogação: pessoal e real.
Na sub-rogação pessoal, um terceiro paga uma dívida em nome do devedor
original e, como resultado, adquire os direitos do credor. Isso pode acontecer em
diversas situações, como quando um fiador paga a dívida do devedor principal.
Nesses casos, o terceiro que efetuou o pagamento tem o direito de ser reembolsado
pelo devedor original.
Por outro lado, na sub-rogação real, uma coisa substitui outra em uma relação
jurídica. Por exemplo, quando um bem é adquirido usando o dinheiro de outro bem
que foi vendido, o novo bem assume os mesmos ônus e atributos do anterior. Isso
pode acontecer, por exemplo, em regimes de comunhão de bens, onde os bens
adquiridos com dinheiro de um cônjuge se tornam propriedade desse cônjuge.
A sub-rogação é uma exceção à regra de que o pagamento extingue a
obrigação. Ela promove apenas uma mudança na titularidade da obrigação, sem
alterar a situação do devedor. O terceiro que efetuou o pagamento assume todos os
direitos e obrigações do credor original.
A sub-rogação pode ser vantajosa para todas as partes envolvidas. Para o
terceiro que paga, ele adquire os direitos do credor, incluindo quaisquer garantias ou
benefícios associados à dívida. Para o credor, é vantajoso porque recebe o
pagamento da dívida. E para o devedor, pode significar a resolução de ações judiciais
pendentes ou iminentes.
c. IMPUTAÇÃO
A imputação do pagamento é a possibilidade de indicar qual dívida será
quitada pelo devedor, quando houver mais de uma. Para isso ocorrer é importante que
as dívidas tenham o mesmo credor e devedor, todas vencidas, líquidas (valores
definidos) e de mesma natureza (exemplo, todas em dinheiro).
Para alguns doutrinadores, o conceito de imputação do pagamento é: “A
operação pela qual o devedor de vários débitos da mesma natureza, a um só credor,
declara qual deles quer extinguir”.
Exemplo: Uma pessoa tem quatro dívidas de 100 mil reais com outra,
originárias de várias causas, vencidas em épocas diferentes, e oferece um pagamento
de 200 mil reais, suficiente para quitar duas e não extinguir todas as obrigações.
Diante disso, surge a questão de saber quais dívidas imputarão o pagamento.
d. DAÇÃO EM PAGAMENTO
De acordo com os doutrinadores do direito. a dação em pagamento é
categorizada como uma forma especial de pagamento, sendo um acordo de vontades
entre credor e devedor. A dação é um pagamento diverso da dívida, onde um credor
pode concordar em receber algo diverso do que foi acordado entre ele e o devedor.
A dação está contida no Capítulo V no Código Civil, nos artigos 356 ao 359 e
prevê as seguintes condutas:
e. NOVAÇÃO
A Novação no âmbito do Direito Civil é um modo de pagamento indireto das
obrigações que consiste na modificação ou substituição de uma obrigação por outra,
se trata de uma extinção indireta das obrigações originais e na criação de uma nova
obrigação, que faz com que a anterior seja extinta.
A existência de uma nova obrigação é condição de extinção da anterior e, o
“animus novandi” que é entendido como o ânimo de novar, foi inserido como
pressuposto de validade. Segundo a doutrina esse ânimo não precisa estar expresso,
bastando apenas, que a interpretação do negócio possa se concluir que houve
novação.
Existem três tipos de Novação, ela pode ser objetiva, subjetiva e mista.
Quando falamos de Novação Objetiva, as partes convencionam a criação de uma
nova relação jurídica obrigacional, anulando a obrigação anterior, havendo mudanças
no objeto ou sujeitos.
A Novação Subjetiva diz respeito a mudança entre os sujeitos da relação
jurídica, ela se subdivide em uma Novação Subjetiva Passiva ou Ativa.
A Novação Subjetiva Passiva dá-se a mudança dos devedores, cabendo ao
devedor novo a responsabilidade quanto a insolvência e o cumprimento exclusivo ao
credor, não tendo direito à ação regressiva contra o primeiro, salvo comprovada má-fé
do antigo devedor na substituição.
Há a existência de duas formas de Novação Subjetiva Passiva: por
expromissão que ocorre independentemente do consentimento do devedor original, e
por delegação, que ocorre quando o antigo devedor indica um terceiro para assumir a
posição de novo devedor.
A Novação Subjetiva Ativa caracteriza-se pela substituição dos credores por
ocasião da extinção da dívida antiga. O novo credor substitui o antigo, considerando
anulada a dívida anterior.
Já a Novação Mista ocorre em duas hipóteses, tanto com a substituição dos
objetos podendo se alterar as partes credor e devedor, bem como alteração da
prestação e de um dos sujeitos da relação jurídica obrigacional. É, portanto, uma
maneira de se realizar simultaneamente mais de uma hipótese de inovação dentre as
descritas no artigo 360 do Código Civil.
f. COMPENSAÇÃO
É o meio de extinção de obrigações entre pessoas que são, ao mesmo tempo,
credor e devedor uma da outra. Acarreta a extinção de duas obrigações cujo credores
são, simultaneamente, devedores uma da outra.
g. CONFUSÃO
A obrigação pressupõe a existência de dois sujeitos: o ativo e o passivo.
Credor e devedor devem ser pessoas diferentes. Se essas duas qualidades, por
alguma circunstância, encontrarem-se em uma só pessoa, extingue-se a obrigação,
porque ninguém pode ser juridicamente obrigado para consigo mesmo ou propor
demanda contra si próprio.
Em razão desse princípio, dispõe o art. 381 do Código Civil: “Extingue-se a
obrigação, desde que na mesma pessoa se confundam as qualidades de credor e
devedor”.
h. REMISSÃO
Remissão é a liberalidade efetuada pelo credor, consistente em exonerar o
devedor do cumprimento da obrigação. Não se confunde com remição da dívida ou
de bens, de natureza processual, prevista no art. 651 do Código de Processo Civil.
Esta, além de grafada de forma diversa, constitui instituto completamente distinto
daquela. Remissão é o perdão da dívida.
Nesse sentido dispõe o art. 385 do Código Civil: “A remissão da dívida, aceita
pelo devedor, extingue a obrigação, mas sem prejuízo de terceiro”.
Agora, quando uma obrigação não é cumprida por um motivo que é culpa do
devedor, isto se torna inadimplemento.
Por exemplo, se você não pagar o aluguel porque gastou o dinheiro em
outras coisas, é culpa sua, caracterizando isto em inadimplemento culposo.
Porém, quando a obrigação não é cumprida por conta de algum motivo que
não é culpa do devedor, isso é chamado de inadimplemento fortuito.
Exemplo, se algo acontece fora do seu controle, como um incêndio que destrói
a casa que você alugou. Nesse caso, você não é responsável por pagar pelos danos
causados pelo incêndio.
Os inadimplementos se dividem em absoluto (quando a obrigação se torna
impossível de ser cumprida) ou relativo (quando há atraso ou cumprimento imperfeito
da obrigação).
Além disso, existe a boa-fé. A boa-fé se refere ao comportamento ético e leal
que as partes devem manter durante a execução do contrato. Isso inclui não
apenas o cumprimento da obrigação principal, mas também o respeito aos deveres
secundários derivados da boa-fé, sendo a boa-fé um dever secundário.
Se um contratante não cumpre os deveres secundários relacionados ao
contrato, isso pode ser considerado inadimplemento, mesmo na ausência de culpa ou
atraso no cumprimento da obrigação principal.
b. INADIMPLEMENTO CULPOSO
A responsabilidade civil é um princípio do direito que estabelece que uma
pessoa pode ser responsabilizada por danos causados a outra, seja por ação ou
omissão, violando um dever legal, contratual ou moral. Existem duas formas principais
de responsabilidade civil: contratual e extracontratual.
i. RESPONSABILIDADE CIVIL CONTRATUAL: Surge quando uma
das partes de um contrato não cumpre suas obrigações conforme o
acordado. Nesse caso, o inadimplemento presume-se culposo, ou
seja, presume-se que houve culpa por parte do devedor. A
responsabilidade é baseada na convenção entre as partes e o ônus
de provar a culpa recai sobre o devedor. A presunção de culpa
facilita a busca por indenização por perdas e danos.
ii. RESPONSABILIDADE CIVIL EXTRACONTRATUAL: Surge da
violação do dever geral de não causar danos a outrem. Não está
vinculada a um contrato específico, mas sim a um dever legal ou
moral de agir com prudência e cautela para evitar prejudicar
terceiros. Nesse caso, o lesado deve provar a culpa ou dolo do
causador do dano para obter indenização.
A mora acontece não apenas quando alguém se atrasa para cumprir uma
obrigação, mas também quando cumpre de forma inadequada, como em local ou hora
errados, ou de uma maneira diferente do combinado. Para que haja mora, basta que
um dos requisitos mencionados no artigo 394 esteja presente, não sendo necessário
que os três ocorram ao mesmo tempo.
Nem sempre a mora deriva de descumprimento de convenção. Pode decorrer
também de infração à lei, como na prática de ato ilícito.
a. DO DEVEDOR
A mora do devedor ocorre quando ele não cumpre a obrigação ou a cumpre
de forma imperfeita, e a culpa é atribuída a ele. Existem duas formas de mora do
devedor: a mora ex re, que ocorre devido a um evento previsto na lei, e a mora ex
persona, que resulta de uma ação ou omissão específica do devedor.
Art. 395. Responde o devedor pelos prejuízos a que sua mora der
causa, mais juros, atualização dos valores monetários segundo
índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de
advogado.
Parágrafo único. Se a prestação, devido à mora, se tornar inútil ao
credor, este poderá enjeitá-la, e exigir a satisfação das perdas e
danos.
Art. 396. Não havendo fato ou omissão imputável ao devedor, não
incorre este em mora.
Art. 397. O inadimplemento da obrigação, positiva e líquida, no seu
termo, constitui de pleno direito em mora o devedor.
Parágrafo único. Não havendo termo, a mora se constitui mediante
interpelação judicial ou extrajudicial.
Art. 398. Nas obrigações provenientes de ato ilícito, considera-se o
devedor em mora, desde que o praticou.
Art. 399. O devedor em mora responde pela impossibilidade da
prestação, embora essa impossibilidade resulte de caso fortuito
ou de força maior, se estes ocorrerem durante o atraso; salvo se
provar isenção de culpa, ou que o dano sobreviria ainda quando
a obrigação fosse oportunamente desempenhada.
b. DO CREDOR
A mora do credor ocorre quando ele se recusa a receber o pagamento
conforme o combinado no contrato, exigindo que a obrigação seja cumprida de
forma diferente ou em outro lugar ou momento.
Isso acontece devido à FALTA DE COOPERAÇÃO do credor com o devedor
para que o pagamento seja feito conforme estabelecido pela lei ou pelo acordo entre
as partes.
Se o credor injustificadamente não coopera para receber a prestação, a
obrigação permanece sem ser cumprida, e o atraso não é culpa do devedor, mas sim
do credor.
Mesmo com a mora do credor, O DEVEDOR CONTINUA OBRIGADO A
CUMPRIR SUA PARTE, E ELE TEM INTERESSE EM FAZER ISSO PARA EVITAR
PROBLEMAS, MESMO QUE A COISA SE DETERIORE, PARA QUE NÃO SEJA
ACUSADO DE MÁ-FÉ.