Direito Civil - Pagamentos

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RESUMO: PAGAMENTOS DIRETOS E INDIRETOS

I. NOÇÕES GERAIS DO PAGAMENTO


O pagamento, no dia a dia, é utilizado para indicar a solução em dinheiro de
alguma dívida. Porém, o direito civil a enxerga como uma execução de qualquer tipo
de obrigação.
PORTANTO, um pintor que pintou um quadro encomendado, paga sua
OBRIGAÇÃO.
Assim, concluímos que pagamento significa o CUMPRIMENTO ou
ADIMPLEMENTO da obrigação, podendo ser realizado por qualquer pessoa que
possui um tipo de vínculo a obrigação, sendo eles o devedor, terceiro ou um
interessado ou não na extinção desta obrigação. Isto é previsto nestes artigos:

Art. 304. Qualquer interessado na extinção da dívida pode


pagá-la, usando, se o credor se opuser, dos meios conducentes à
exoneração do devedor.

Parágrafo único. Igual direito cabe ao terceiro não


interessado, se o fizer em nome e à conta do devedor, salvo oposição
deste.

Art. 305. O terceiro não interessado, que paga a dívida em


seu próprio nome, tem direito a reembolsar-se do que pagar; mas não
se sub-roga nos direitos do credor.

Parágrafo único. Se pagar antes de vencida a dívida, só terá


direito ao reembolso no vencimento.

Art. 306. O pagamento feito por terceiro, com


desconhecimento ou oposição do devedor, não obriga a reembolsar
aquele que pagou, se o devedor tinha meios para ilidir a ação.

Art. 307. Só terá eficácia o pagamento que importar


transmissão da propriedade, quando feito por quem possa alienar o
objeto em que ele consistiu.

Parágrafo único. Se se der em pagamento coisa fungível, não


se poderá mais reclamar do credor que, de boa-fé, a recebeu e
consumiu, ainda que o solvente não tivesse o direito de aliená-la.

Ao analisar os artigos, podemos concluir tudo que fora mencionado acima e,


podemos também ver que existem dois princípios aplicáveis neste pagamento: o da
boa-fé e o da pontualidade. O primeiro exige que todos devem se comportar durante
todo o processo da obrigação, comportando-se como uma pessoa correta, enquanto o
segundo, a pontualidade, exige que a prestação deve ser cumprida em tempo, no
prazo, de forma integral, no lugar e modo que se deve. Portanto, apenas uma
prestação 100% cumprida desonera o obrigado.
II. DE QUEM DEVE PAGAR
a. EFETUADO POR PESSOA INTERESSADA (ART. 304)
Como é previsto no art. 304 do Código Civil, qualquer pessoa interessada na
extinção da dívida pode pagá-la, usando, se o credor se opuser, dos meios
conducentes à exoneração do devedor.
Só pode ser considerado interessado quem tem um interesse jurídico na
resolução da obrigação, ou seja, quem está VINCULADO AO CONTRATO, podendo
ser como o fiador, o avalista, o solidariamente obrigado, o herdeiro, o adquirente do
imóvel hipotecado, o sublocatário etc., OU SEJA, podem ser pessoas que terão seu
patrimônio afetado se a OBRIGAÇÃO não for RESOLVIDA.
O principal interessado na resolução sendo o DEVEDOR, porém, as pessoas
que estão nos títulos acima (fiador, herdeiro etc.) são também considerados
INTERESSADOS, pois eles possuem legítimo interesse no cumprimento da obrigação.
Portanto, eles têm o direito de efetuar o pagamento, sub-rogando-se, nos do credor.
Essa sub-rogação o dá todos os direitos, ações, privilégios e garantias do primitivo
credor, em relação à dívida, contra o devedor principal e os fiadores.
A RECUSA DO CREDOR DE RECEBER ESTE PAGAMENTO FEITO PELOS
INTERESSADOS (DEVEDOR OU OUTROS), TAMBÉM OS DÁ O DIREITO DE
PROMOVER A CONSIGNAÇÃO (EXPLICADA ABAIXO)

b. EFETUADO POR TERCEIRO NÃO INTERESSADO (ART. 304 PP, 305,


306)
Como é previsto no parágrafo único do art. 304, não é somente o devedor ou o
terceiro interessado que pode efetuar este pagamento. Os terceiros não interessados
podem também, mesmo não tendo interesse jurídico na solução da obrigação.
Eles podem ter outro tipo de interesse, como o moral, por exemplo (um pai ou
filho que paga a dívida do devedor, mesmo não tendo responsabilidade por ele),
amigos, namorados, esposos etc.
Além disso, em regra, o credor não rejeita o pagamento efetuado por terceiros
não interessados porque é de interesse dele RECEBER, sendo irrelevante quem
pagou a prestação. A rejeição deste pagamento faz com que o credor também corra o
risco de sofrer uma ação de consignação em pagamento.
Porém, o devedor pode impor ao pagamento de sua dívida por este terceiro
não interessado, mesmo ele sendo feito por ele e o credor neste caso pode alegar um
motivo justo para não receber o pagamento. A oposição do credor não é considerada
uma proibição, mas retira a legitimidade do terceiro de consignar o pagamento.
c. EFETUADO MEDIANTE TRANSMISSÃO DA PROPRIEDADE (ART. 307,
PP)
O art. 307 prevê que “só terá eficácia o pagamento que importar
transmissão da propriedade, quando feito por quem possa alienar o objeto, em
que ele consistiu”. Aduz o parágrafo único: “Se se der em pagamento coisa
fungível, não se poderá mais reclamar do credor que, de boa-fé, a recebeu e
consumiu, ainda que o solvente não tivesse o direito de aliená-la”.
O pagamento nem todas as vezes consiste em entrega de dinheiro, podendo
consistir também na entrega de um objeto, seja porque fora acordado entre eles, ou
por conta de uma dação em pagamento proposta pelo devedor.
Sendo assim, isto só pode ser feito se a pessoa que o utilizar tem o DIREITO
de o utilizar, ou seja, somente o dono da casa pode utilizar ela como pagamento.
Se o devedor for dono da casa, ele pode resolver sua obrigação utilizando-a como
pagamento.
Nas palavras do doutrinador: “A entrega do bem, móvel ou imóvel, em
pagamento de dívida que importar transmissão da propriedade de bem móvel ou
imóvel, só terá efeitos se realizada pelo titular do direito real.”
Porém, o artigo possui uma exceção, se o objeto for FUNGÍVEL, e o credor a
receber de boa-fé e a consumir, ele não poderá reclamar mais, tendo o pagamento
eficácia mesmo se o devedor não é dono do objeto.
Ou seja, a exceção acontece apenas com estes critérios:
a) Pagamento efetuado mediante coisa fungível
b) Boa-fé do recebedor (credor)
c) Consumo da coisa fungível pelo recebedor (credor)
Com isto, só resta ao dono do objeto ir contra o devedor ou quem entregou o
objeto de forma indevida.

III. DE QUEM SE DEVE PAGAR


Iremos analisar esta parte junto com estes artigos:
Art. 308. O pagamento deve ser feito ao credor ou a quem de
direito o represente, sob pena de só valer depois de por ele ratificado,
ou tanto quanto reverter em seu proveito.

Art. 309. O pagamento feito de boa-fé ao credor putativo é


válido, ainda provado depois que não era credor.

Art. 310. Não vale o pagamento cientemente feito ao credor


incapaz de quitar, se o devedor não provar que em benefício dele
efetivamente reverteu.
Art. 311. Considera-se autorizado a receber o pagamento o
portador da quitação, salvo se as circunstâncias contrariarem a
presunção daí resultante.

Art. 312. Se o devedor pagar ao credor, apesar de intimado


da penhora feita sobre o crédito, ou da impugnação a ele oposta por
terceiros, o pagamento não valerá contra estes, que poderão
constranger o devedor a pagar de novo, ficando-lhe ressalvado o
regresso contra o credor.

a. EFETUADO DIRETAMENTE AO CREDOR


Como o art. 308 prevê, o pagamento só deve ser feito ao credor ou a quem de
direito o represente, sob pena de só valer depois de por ele ratificado ou tanto quanto
reverter em seu proveito.
É natural que a prestação deve ser feita a ele ou quem o represente, pois o
objetivo do cumprimento é satisfazer o direito do credor. Os representantes podem por
exemplo ser seus herdeiros, o legatário, o cessionário e o sub-rogado nos direitos
creditórios.
É essencial que a obrigação seja EFETUADA por quem for credor NA DATA
DO CUMPRIMENTO. Se a dívida for solidária ou indivisível, qualquer dos cocredores
está autorizado a recebê-la. Se a obrigação for ao portador, quem apresentar o título é
credor.
b. AO REPRESENTANTE DO CREDOR
Existem três espécies de representantes do credor: legal, judicial e
convencional.
 LEGAL: O que decorre da lei, como ascendentes ou descendentes,
tutores e curadores, sendo representantes legais dos filhos menores,
dos tutelados e curatelados.
 JUDICIAL: São os representantes nomeados pelo juiz, como os
inventariantes, administradores de empresa penhorada etc.
 CONVENCIONAL: O que recebe mandado outorgado pelo credor, com
poderes especiais para receber e dar quitação, como um advogado.
c. TERCEIRO QUE NÃO O CREDOR
Se o terceiro for ratificado pelo credor, ou seja, se o credor confirmar o
recebimento do pagamento por via do terceiro (ou fornecer recibo), a dívida é
considerada cumprida.

d. CREDOR PUTATIVO
O credor putativo é aquele que se apresenta a todos como o verdadeiro credor,
por exemplo um herdeiro aparente. O único parente de um credor que morreu pode
receber pagamento válido feito de boa-fé.

e. CREDOR INCAPAZ
De acordo com o código, o pagamento não é válido se o credor fora incapaz de
quitar a dívida do devedor.
A doutrina fala: “o pagamento efetivado a pessoa absolutamente incapaz é
nulo e o realizado em mãos de relativamente incapaz pode ser confirmado pelo
representante legal ou pelo próprio credor se, relativamente incapaz, cessada a
incapacidade.”

f. CUJO CRÉDITO FOI PENHORADO


O artigo 312 cuida da hipótese em que mesmo o credor sendo verdadeiro, o
pagamento não é válido.
Por conta disto, quando a penhora recai sobre um crédito, o devedor é
notificado a não pagar o credor, mas sim depositar em juízo o valor devido. Portanto,
se o devedor pagar o credor diretamente, a dívida não será resolvida pois não valerá
contra o terceiro exequente ou o embargante.
Esses terceiros podem exigir que o devedor pague novamente, mas o
devedor tem o direito de buscar ressarcimento junto ao credor original.
A lei também permite que terceiros contestem essa penhora através do
protesto ou notificação, concedido pelo juiz sem a necessidade de ouvir o devedor,
desde que demonstrem interesse legítimo. O devedor é então notificado para
suspender o pagamento direto ao credor e depositar o valor devido em juízo. Se essa
contestação for considerada abusiva, o contestante pode ser responsabilizado por
perdas e danos causados ao devedor.
Portanto, em ambas a situações, o pagamento feito diretamente ao credor
não é válido e o devedor pode ser OBRIGADO pagar a dívida novamente se for
determinado.
IV. DO OBJETO DO PAGAMENTO
a) Art. 313. O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é
devida, ainda que mais valiosa.
O objeto do pagamento deverá ser o conteúdo da prestação obrigatória,
sendo então considerado a prestação.
O devedor só resolve a obrigação entregando ao credor exatamente o
objeto que prometeu ou realizou o ato que fora prometido.
b) Art. 314. Ainda que a obrigação tenha por objeto prestação divisível, não pode
o credor ser obrigado a receber, nem o devedor a pagar, por partes, se assim
não se ajustou.
A prestação deve ser cumprida por inteiro, com o devedor sendo
exonerado apenas quando cumprir ela. O credor não é obrigado a receber
pagamentos parciais, mesmo se elas somam a prestação total.
c) Art. 315. As dívidas em dinheiro deverão ser pagas no vencimento, em moeda
corrente e pelo valor nominal, salvo o disposto nos artigos subseqüentes.
d) Art. 316. É lícito convencionar o aumento progressivo de prestações
sucessivas.
Permite a atualização monetária das dívidas em dinheiro e daquelas de
valor, mediante índice previamente escolhido, utilizando-se as partes, para tanto,
da aludida cláusula de escala móvel.
A cláusula de escala móvel prescreve que o valor da prestação deve
variar segundo os índices de custo de vida.
Aqui a intervenção judicial pode acontecer para que o valor seja corrigido
quando,
e) Art. 317. Quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção
manifesta entre o valor da prestação devida e o do momento de sua execução,
poderá o juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de modo que assegure, quanto
possível, o valor real da prestação.
Adota a teoria da imprevisão, permitindo que o valor da prestação seja
corrigido pelo juiz sempre que houve desproporção entre o que foi ajustado por
ocasião da celebração do contrato e o valor da prestação na época da execução.
f) Art. 318. São nulas as convenções de pagamento em ouro ou em moeda
estrangeira, bem como para compensar a diferença entre o valor desta e
o da moeda nacional, excetuados os casos previstos na legislação especial.

V. DA PROVA DO PAGAMENTO
O devedor que não cumpre a obrigação no vencimento sujeita-se às
consequências do inadimplemento, respondendo por perdas e danos, mais juros,
atualização monetária e honorários de advogado.
g) Art. 319. O devedor que paga tem direito a quitação regular, e pode reter o
pagamento, enquanto não lhe seja dada.
h) Art. 320. A quitação, que sempre poderá ser dada por instrumento particular,
designará o valor e a espécie da dívida quitada, o nome do devedor, ou
quem por este pagou, o tempo e o lugar do pagamento, com a assinatura do
credor, ou do seu representante.
i) Parágrafo único. Ainda sem os requisitos estabelecidos neste artigo valerá a
quitação, se de seus termos ou das circunstâncias resultar haver sido paga a
dívida.
A quitação é a declaração unilateral escrita que confirma que a
prestação fora efetuada e resolvida, liberando o credor dela. Ela é também
chamada de RECIBO.
j) Art. 321. Nos débitos, cuja quitação consista na devolução do título,
perdido este, poderá o devedor exigir, retendo o pagamento, declaração
do credor que inutilize o título desaparecido.

PRESUNÇÃO DE PAGAMENTO:
k) Art. 322. Quando o pagamento for em quotas periódicas, a quitação da última
estabelece, até prova em contrário, a presunção de estarem solvidas as
anteriores.
Baseado na regra de que não é natural o credor concordar em receber
a última prestação sem haver recebido as anteriores, porém pode admitir
prova em contrário.
l) Art. 323. Sendo a quitação do capital sem reserva dos juros, estes
presumem-se pagos.
Como os juros não produzem rendimento, é de supor que o credor
imputaria neles o pagamento parcial da dívida, e não no capital, que continuaria
a render.
m) Art. 324. A entrega do título ao devedor firma a presunção do pagamento.
n) Parágrafo único. Ficará sem efeito a quitação assim operada se o credor
provar, em sessenta dias, a falta do pagamento.
Extinta a dívida pelo pagamento, o título que a representava deve ser
restituído ao devedor, que pode exigir sua entrega, salvo se nele existirem
codevedores cujas obrigações ainda não se extinguiram.

o) Art. 325. Presumem-se a cargo do devedor as despesas com o pagamento e


a quitação; se ocorrer aumento por fato do credor, suportará este a
despesa acrescida.
p) Art. 326. Se o pagamento se houver de fazer por medida, ou peso, entender-
se-á, no silêncio das partes, que aceitaram os do lugar da execução.

VI. DO LUGAR DO PAGAMENTO


a) Art. 327. Efetuar-se-á o pagamento no domicílio do devedor, salvo se as
partes convencionarem diversamente, ou se o contrário resultar da lei,
da natureza da obrigação ou das circunstâncias.
b) Parágrafo único. Designados dois ou mais lugares, cabe ao credor
escolher entre eles.
As partes podem, ao celebrar o contrato, escolher livremente o local em
que a obrigação deverá ser cumprida. Se não o fizerem, nem a lei, ou se o
contrário não dispuser as circunstâncias, nem a natureza da obrigação, efetuar-
se-á o pagamento no domicílio do devedor.
c) Art. 328. Se o pagamento consistir na tradição de um imóvel, ou em
prestações relativas a imóvel, far-se-á no lugar onde situado o bem.
Prestações relativas a imóvel devem ser entendidas como execução de
serviços, reparações, construções etc., só realizáveis no imóvel, visto que
pagamento é adimplemento de qualquer espécie de obrigação, não abrangendo,
porém, a remuneração desses serviços, que pode ser realizada em bancos, por
exemplo, nem os aluguéis, que podem ser pagos em outro local convencionado
d) Art. 329. Ocorrendo motivo grave para que se não efetue o pagamento no
lugar determinado, poderá o devedor fazê-lo em outro, sem prejuízo para o
credor.
e) Art. 330. O pagamento reiteradamente feito em outro local faz presumir
renúncia do credor relativamente ao previsto no contrato.

VII. DO TEMPO DO PAGAMENTO


Não basta só saber onde que a obrigação deve ser cumprida, sendo importante
também saber o momento em que ela seve ser cumprida, ou seja, o TEMPO. Os
prazos são extremamente importantes neste caso.
a) Art. 331. Salvo disposição legal em contrário, não tendo sido ajustada
época para o pagamento, pode o credor exigi-lo imediatamente.
Se o prazo não fora ajustado, o credor pode exigir ele imediatamente.
b) Art. 332. As obrigações condicionais cumprem-se na data do implemento
da condição, cabendo ao credor a prova de que deste teve ciência o
devedor.
c) Art. 333. Ao credor assistirá o direito de cobrar a dívida antes de vencido o
prazo estipulado no contrato ou marcado neste Código:
I - no caso de falência do devedor, ou de concurso de credores;
(FALENCIA)
II - se os bens, hipotecados ou empenhados, forem penhorados em
execução por outro credor; (GARANTIA)
III - se cessarem, ou se se tornarem insuficientes, as garantias do débito,
fidejussórias, ou reais, e o devedor, intimado, se negar a reforçá-las.
(GARANTIA)
d) Parágrafo único. Nos casos deste artigo, se houver, no débito,
solidariedade passiva, não se reputará vencido quanto aos outros
devedores solventes. (NÃO PREJUDICA OS OUTROS DEVEDORES
SOLIDÁRIOS)

VIII. MODOS INDIRETOS DE PAGAMENTO

Os pagamentos podem ser divididos pelos seus modos, sendo estes modos
direto e indireto. Farei uma breve explicação de cada tipo de pagamento indireto.

a. DO PAGAMENTO EM CONSIGNAÇÃO
A ação de consignação em pagamento é uma ação proposta pelo devedor
contra o credor, quando este recusar-se a receber o valor de dívida ou exigir ou
devedor valor superior ao entendido devido por este, além de outras hipóteses
admitidas na legislação.
Se o pagamento não for feito no tempo, local e forma corretos, o devedor pode
incorrer nos efeitos da mora. No caso de uma obrigação que envolve a entrega de
uma coisa, o devedor continua responsável pela guarda dela até que seja
efetivamente entregue ao credor, respondendo por perda ou deterioração. Terceiros
também podem ter interesse nessa entrega, como o dono da coisa dada como
garantia de uma dívida, o comprador da coisa hipotecada, o fiador ou o avalista.
No entanto, o pagamento depende da concordância do credor, que pode
recusar-se a receber a prestação por várias razões, como discordância sobre o valor
ou quem deve receber, incapacidade do credor, ou paradeiro desconhecido. Se o
pagamento não é feito devido à falta de cooperação do credor, o devedor não é
liberado da obrigação. Em alguns casos, mesmo que o devedor faça o pagamento, se
não receber a quitação adequada, não terá como provar o pagamento. Apesar disso, o
devedor tem não só o dever, mas também o direito de pagar.
O art. 334 do Código Civil, ao falar em depósito judicial da “coisa devida”,
permite a consignação não só de dinheiro como também de bens móveis ou imóveis.

b. SUB-ROGAÇÃO
A sub-rogação é um conceito jurídico que ocorre quando uma pessoa ou coisa
substitui outra em uma relação jurídica. Existem duas formas principais de sub-
rogação: pessoal e real.
Na sub-rogação pessoal, um terceiro paga uma dívida em nome do devedor
original e, como resultado, adquire os direitos do credor. Isso pode acontecer em
diversas situações, como quando um fiador paga a dívida do devedor principal.
Nesses casos, o terceiro que efetuou o pagamento tem o direito de ser reembolsado
pelo devedor original.
Por outro lado, na sub-rogação real, uma coisa substitui outra em uma relação
jurídica. Por exemplo, quando um bem é adquirido usando o dinheiro de outro bem
que foi vendido, o novo bem assume os mesmos ônus e atributos do anterior. Isso
pode acontecer, por exemplo, em regimes de comunhão de bens, onde os bens
adquiridos com dinheiro de um cônjuge se tornam propriedade desse cônjuge.
A sub-rogação é uma exceção à regra de que o pagamento extingue a
obrigação. Ela promove apenas uma mudança na titularidade da obrigação, sem
alterar a situação do devedor. O terceiro que efetuou o pagamento assume todos os
direitos e obrigações do credor original.
A sub-rogação pode ser vantajosa para todas as partes envolvidas. Para o
terceiro que paga, ele adquire os direitos do credor, incluindo quaisquer garantias ou
benefícios associados à dívida. Para o credor, é vantajoso porque recebe o
pagamento da dívida. E para o devedor, pode significar a resolução de ações judiciais
pendentes ou iminentes.

c. IMPUTAÇÃO
A imputação do pagamento é a possibilidade de indicar qual dívida será
quitada pelo devedor, quando houver mais de uma. Para isso ocorrer é importante que
as dívidas tenham o mesmo credor e devedor, todas vencidas, líquidas (valores
definidos) e de mesma natureza (exemplo, todas em dinheiro).
Para alguns doutrinadores, o conceito de imputação do pagamento é: “A
operação pela qual o devedor de vários débitos da mesma natureza, a um só credor,
declara qual deles quer extinguir”.
Exemplo: Uma pessoa tem quatro dívidas de 100 mil reais com outra,
originárias de várias causas, vencidas em épocas diferentes, e oferece um pagamento
de 200 mil reais, suficiente para quitar duas e não extinguir todas as obrigações.
Diante disso, surge a questão de saber quais dívidas imputarão o pagamento.

d. DAÇÃO EM PAGAMENTO
De acordo com os doutrinadores do direito. a dação em pagamento é
categorizada como uma forma especial de pagamento, sendo um acordo de vontades
entre credor e devedor. A dação é um pagamento diverso da dívida, onde um credor
pode concordar em receber algo diverso do que foi acordado entre ele e o devedor.
A dação está contida no Capítulo V no Código Civil, nos artigos 356 ao 359 e
prevê as seguintes condutas:

Art. 356. O credor pode consentir em receber prestação


diversa da que lhe é devida.

Art. 357. Determinado o preço da coisa dada em pagamento,


as relações entre as partes regular-se-ão pelas normas do contrato
de compra e venda.

Art. 358. Se for título de crédito a coisa dada em pagamento,


a transferência importará em cessão.

Art. 359. Se o credor for evicto da coisa recebida em


pagamento, restabelecer-se-á a obrigação primitiva, ficando sem
efeito a quitação dada, ressalvados os direitos de terceiros.

Por exemplo, o devedor que se obriga a pagar uma dívida de R$ 50.000,00


(cinquenta mil reais) pode extinguir a dívida ao entregar um automóvel de mesmo
valor, ou realizando um serviço de mesmo valor, desde que o credor esteja de acordo
com estas substituições. Ao contrário dos códigos antigos, a dação não está restrita a
apenas a substituição por dinheiro, mas também pode ser resolvida de outros métodos
que forem acordados entre os credores e devedores da obrigação.

e. NOVAÇÃO
A Novação no âmbito do Direito Civil é um modo de pagamento indireto das
obrigações que consiste na modificação ou substituição de uma obrigação por outra,
se trata de uma extinção indireta das obrigações originais e na criação de uma nova
obrigação, que faz com que a anterior seja extinta.
A existência de uma nova obrigação é condição de extinção da anterior e, o
“animus novandi” que é entendido como o ânimo de novar, foi inserido como
pressuposto de validade. Segundo a doutrina esse ânimo não precisa estar expresso,
bastando apenas, que a interpretação do negócio possa se concluir que houve
novação.
Existem três tipos de Novação, ela pode ser objetiva, subjetiva e mista.
Quando falamos de Novação Objetiva, as partes convencionam a criação de uma
nova relação jurídica obrigacional, anulando a obrigação anterior, havendo mudanças
no objeto ou sujeitos.
A Novação Subjetiva diz respeito a mudança entre os sujeitos da relação
jurídica, ela se subdivide em uma Novação Subjetiva Passiva ou Ativa.
A Novação Subjetiva Passiva dá-se a mudança dos devedores, cabendo ao
devedor novo a responsabilidade quanto a insolvência e o cumprimento exclusivo ao
credor, não tendo direito à ação regressiva contra o primeiro, salvo comprovada má-fé
do antigo devedor na substituição.
Há a existência de duas formas de Novação Subjetiva Passiva: por
expromissão que ocorre independentemente do consentimento do devedor original, e
por delegação, que ocorre quando o antigo devedor indica um terceiro para assumir a
posição de novo devedor.
A Novação Subjetiva Ativa caracteriza-se pela substituição dos credores por
ocasião da extinção da dívida antiga. O novo credor substitui o antigo, considerando
anulada a dívida anterior.
Já a Novação Mista ocorre em duas hipóteses, tanto com a substituição dos
objetos podendo se alterar as partes credor e devedor, bem como alteração da
prestação e de um dos sujeitos da relação jurídica obrigacional. É, portanto, uma
maneira de se realizar simultaneamente mais de uma hipótese de inovação dentre as
descritas no artigo 360 do Código Civil.

f. COMPENSAÇÃO
É o meio de extinção de obrigações entre pessoas que são, ao mesmo tempo,
credor e devedor uma da outra. Acarreta a extinção de duas obrigações cujo credores
são, simultaneamente, devedores uma da outra.

g. CONFUSÃO
A obrigação pressupõe a existência de dois sujeitos: o ativo e o passivo.
Credor e devedor devem ser pessoas diferentes. Se essas duas qualidades, por
alguma circunstância, encontrarem-se em uma só pessoa, extingue-se a obrigação,
porque ninguém pode ser juridicamente obrigado para consigo mesmo ou propor
demanda contra si próprio.
Em razão desse princípio, dispõe o art. 381 do Código Civil: “Extingue-se a
obrigação, desde que na mesma pessoa se confundam as qualidades de credor e
devedor”.

Logo, portanto, que se reúnam na mesma pessoa as qualidades de credor e


devedor, dá-se a confusão e a obrigação se extingue.
A confusão acontece quando a qualidade de credor e devedor se encontrar
em uma só pessoa, extinguindo, assim, a obrigação, uma vez que não é possível
uma pessoa ser obrigada para consigo mesma ou propor obrigação contra si
próprio.
Vale ressaltar que a confusão não gera a extinção da dívida sobre a obrigação,
e sim sobre o credor e devedor, da impossibilidade do exercício simultâneo do
pagamento da dívida.

h. REMISSÃO
Remissão é a liberalidade efetuada pelo credor, consistente em exonerar o
devedor do cumprimento da obrigação. Não se confunde com remição da dívida ou
de bens, de natureza processual, prevista no art. 651 do Código de Processo Civil.
Esta, além de grafada de forma diversa, constitui instituto completamente distinto
daquela. Remissão é o perdão da dívida.
Nesse sentido dispõe o art. 385 do Código Civil: “A remissão da dívida, aceita
pelo devedor, extingue a obrigação, mas sem prejuízo de terceiro”.

IX. INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES


Segue abaixo os artigos sobre inadimplemento:
Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos,
mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente
estabelecidos, e honorários de advogado.

Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por


perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo
índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de
advogado.

Art. 390. Nas obrigações negativas o devedor é havido por


inadimplente desde o dia em que executou o ato de que se devia
abster.

Art. 391. Pelo inadimplemento das obrigações respondem todos


os bens do devedor. (NEM TODA OBRIGAÇÃO RESPONDE POR
PERDAS E DANOS, OS BENS DO DEVEDOR PODEM
RESPONDER PELO DÉBITO TAMBÉM EM ALGUNS CASOS)

Art. 392. Nos contratos benéficos, responde por simples culpa o


contratante, a quem o contrato aproveite, e por dolo aquele a quem
não favoreça. Nos contratos onerosos, responde cada uma das
partes por culpa, salvo as exceções previstas em lei.

Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de


caso fortuito ou força maior, se expressamente não se houver
por eles responsabilizado.

Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior verifica-se no


fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impedir.

Agora, quando uma obrigação não é cumprida por um motivo que é culpa do
devedor, isto se torna inadimplemento.
Por exemplo, se você não pagar o aluguel porque gastou o dinheiro em
outras coisas, é culpa sua, caracterizando isto em inadimplemento culposo.
Porém, quando a obrigação não é cumprida por conta de algum motivo que
não é culpa do devedor, isso é chamado de inadimplemento fortuito.
Exemplo, se algo acontece fora do seu controle, como um incêndio que destrói
a casa que você alugou. Nesse caso, você não é responsável por pagar pelos danos
causados pelo incêndio.
Os inadimplementos se dividem em absoluto (quando a obrigação se torna
impossível de ser cumprida) ou relativo (quando há atraso ou cumprimento imperfeito
da obrigação).
Além disso, existe a boa-fé. A boa-fé se refere ao comportamento ético e leal
que as partes devem manter durante a execução do contrato. Isso inclui não
apenas o cumprimento da obrigação principal, mas também o respeito aos deveres
secundários derivados da boa-fé, sendo a boa-fé um dever secundário.
Se um contratante não cumpre os deveres secundários relacionados ao
contrato, isso pode ser considerado inadimplemento, mesmo na ausência de culpa ou
atraso no cumprimento da obrigação principal.

a. INADIMPLEMENTO ABSOLUTO (ARTIGO 389 CC)


Acontece quando a obrigação não foi cumprida e não poderá sê-lo de forma útil
ao credor.
O devedor que não cumpre a obrigação é responsável por perdas e danos,
bem como juros e atualização monetária de acordo com índices oficiais. Isso é
considerado parte do completo ressarcimento dos danos causados ao credor.

b. INADIMPLEMENTO CULPOSO
A responsabilidade civil é um princípio do direito que estabelece que uma
pessoa pode ser responsabilizada por danos causados a outra, seja por ação ou
omissão, violando um dever legal, contratual ou moral. Existem duas formas principais
de responsabilidade civil: contratual e extracontratual.
i. RESPONSABILIDADE CIVIL CONTRATUAL: Surge quando uma
das partes de um contrato não cumpre suas obrigações conforme o
acordado. Nesse caso, o inadimplemento presume-se culposo, ou
seja, presume-se que houve culpa por parte do devedor. A
responsabilidade é baseada na convenção entre as partes e o ônus
de provar a culpa recai sobre o devedor. A presunção de culpa
facilita a busca por indenização por perdas e danos.
ii. RESPONSABILIDADE CIVIL EXTRACONTRATUAL: Surge da
violação do dever geral de não causar danos a outrem. Não está
vinculada a um contrato específico, mas sim a um dever legal ou
moral de agir com prudência e cautela para evitar prejudicar
terceiros. Nesse caso, o lesado deve provar a culpa ou dolo do
causador do dano para obter indenização.

c. INADIMPLEMENTO FORTUITO (ARTIGO 393)


Quando alguém não pode mais cumprir uma obrigação porque algo aconteceu,
isso pode ser culpa de outra pessoa, pode ser um evento inesperado como um
desastre natural, ou pode ser algo que ninguém poderia evitar.
Nesses casos, a pessoa não precisa mais cumprir a obrigação. ISSO É
CHAMADO DE CASO FORTUITO OU FORÇA MAIOR. O caso fortuito e a força
maior são considerados excludentes da responsabilidade civil, contratual ou
extracontratual, pois rompem o nexo de causalidade entre a conduta do agente e o
dano causado.
A legislação estabelece que o devedor não responde pelos prejuízos
decorrentes de caso fortuito ou força maior, a menos que tenha se responsabilizado
expressamente por eles.
Por exemplo, imagine que você prometeu entregar algo para alguém, mas
antes de fazer isso, um incêndio destruiu o que você ia entregar. Isso seria um
caso fortuito ou força maior. Não seria sua culpa, então você não precisaria mais
entregar o que prometeu.
Na distinção entre caso fortuito e força maior, alguns doutrinadores e a
jurisprudência destacam o "fortuito interno", relacionado à pessoa, coisa ou empresa
do agente, e o "fortuito externo", relacionado a eventos naturais ou externos. No
entanto, o legislador não faz essa distinção, tratando as expressões como sinônimas
no código civil.
Para configurar caso fortuito ou força maior, são necessários requisitos como a
inevitabilidade do evento, sua superveniência e sua irresistibilidade, estando além do
alcance do poder humano. Esses eventos liberam o devedor de sua obrigação, desde
que não haja culpa associada a eles.
X. DA MORA
A mora, por outro lado, é um cumprimento IMPERFEITO da obrigação, ou seja,
quando a obrigação é cumprida, mas o devedor não seguiu os requisitos necessários
no contrato.
Art. 394. Considera-se em mora o devedor que não efetuar o
pagamento e o credor que não quiser recebê-lo no tempo, lugar e
forma que a lei ou a convenção estabelecer.

A mora acontece não apenas quando alguém se atrasa para cumprir uma
obrigação, mas também quando cumpre de forma inadequada, como em local ou hora
errados, ou de uma maneira diferente do combinado. Para que haja mora, basta que
um dos requisitos mencionados no artigo 394 esteja presente, não sendo necessário
que os três ocorram ao mesmo tempo.
Nem sempre a mora deriva de descumprimento de convenção. Pode decorrer
também de infração à lei, como na prática de ato ilícito.

Art. 398. Nas obrigações provenientes de ato ilícito, considera-se o


devedor em mora, desde que o praticou.

Portanto, quando uma obrigação não é cumprida no tempo, lugar e forma


combinados, mas ainda pode ser cumprida de maneira útil para o credor, isso se
chama mora. O credor ainda está interessado em receber a prestação, além de outros
ajustes como juros e atualização monetária.
Por outro lado, se, devido ao atraso ou à má execução, a prestação se torna
inútil para o credor, é considerado um INADIMPLEMENTO ABSOLUTO. Nesse caso,
o credor pode rejeitar a prestação e exigir indenização pelos danos causados.
Embora ambos sejam tipos de descumprimento de obrigações, eles diferem na
questão de se a prestação ainda é útil para o credor ou não. SE FOR, É MORA; SE
NÃO FOR, É INADIMPLEMENTO ABSOLUTO.
Um exemplo de inadimplemento absoluto seria o atraso na entrega de
salgados e doces encomendados para uma festa de casamento. Se esses itens não
forem entregues a tempo para o evento, mesmo que a devedora prometa entregá-los
no dia seguinte, eles se tornarão inúteis para o credor (no caso, os noivos), que
poderá recusá-los e pedir indenização pelos danos causados.
Por outro lado, se alguém atrasa o pagamento de uma parcela do preço em
uma venda a prazo, ainda é do interesse do credor receber o pagamento, mesmo
que com atraso, e pode pedir indenização pelos danos causados. Neste caso, é
apenas um atraso, ou mora, e não um inadimplemento absoluto.
Art. 394. Considera-se em mora o devedor que não efetuar o
pagamento e o credor que não quiser recebê-lo no tempo, lugar e
forma que a lei ou a convenção estabelecer.
Art. 395. Responde o devedor pelos prejuízos a que sua mora der
causa, mais juros, atualização dos valores monetários segundo
índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de
advogado.

Existem dois tipos de mora: A DO DEVEDOR E A DO CREDOR. A mora do


devedor é chamada de mora solvendi, ou simplesmente mora do devedor, e ocorre
quando o devedor atrasa o pagamento da obrigação. Já a mora do credor é chamada
de mora accipiendi, ou mora do credor, e acontece quando o credor atrasa em receber
o que lhe é devido.

a. DO DEVEDOR
A mora do devedor ocorre quando ele não cumpre a obrigação ou a cumpre
de forma imperfeita, e a culpa é atribuída a ele. Existem duas formas de mora do
devedor: a mora ex re, que ocorre devido a um evento previsto na lei, e a mora ex
persona, que resulta de uma ação ou omissão específica do devedor.

Art. 395. Responde o devedor pelos prejuízos a que sua mora der
causa, mais juros, atualização dos valores monetários segundo
índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de
advogado.
Parágrafo único. Se a prestação, devido à mora, se tornar inútil ao
credor, este poderá enjeitá-la, e exigir a satisfação das perdas e
danos.
Art. 396. Não havendo fato ou omissão imputável ao devedor, não
incorre este em mora.
Art. 397. O inadimplemento da obrigação, positiva e líquida, no seu
termo, constitui de pleno direito em mora o devedor.
Parágrafo único. Não havendo termo, a mora se constitui mediante
interpelação judicial ou extrajudicial.
Art. 398. Nas obrigações provenientes de ato ilícito, considera-se o
devedor em mora, desde que o praticou.
Art. 399. O devedor em mora responde pela impossibilidade da
prestação, embora essa impossibilidade resulte de caso fortuito
ou de força maior, se estes ocorrerem durante o atraso; salvo se
provar isenção de culpa, ou que o dano sobreviria ainda quando
a obrigação fosse oportunamente desempenhada.

b. DO CREDOR
A mora do credor ocorre quando ele se recusa a receber o pagamento
conforme o combinado no contrato, exigindo que a obrigação seja cumprida de
forma diferente ou em outro lugar ou momento.
Isso acontece devido à FALTA DE COOPERAÇÃO do credor com o devedor
para que o pagamento seja feito conforme estabelecido pela lei ou pelo acordo entre
as partes.
Se o credor injustificadamente não coopera para receber a prestação, a
obrigação permanece sem ser cumprida, e o atraso não é culpa do devedor, mas sim
do credor.
Mesmo com a mora do credor, O DEVEDOR CONTINUA OBRIGADO A
CUMPRIR SUA PARTE, E ELE TEM INTERESSE EM FAZER ISSO PARA EVITAR
PROBLEMAS, MESMO QUE A COISA SE DETERIORE, PARA QUE NÃO SEJA
ACUSADO DE MÁ-FÉ.

Art. 400. A mora do credor subtrai o devedor isento de dolo à


responsabilidade pela conservação da coisa, obriga o credor a
ressarcir as despesas empregadas em conservá-la, e sujeita-o a
recebê-la pela estimação mais favorável ao devedor, se o seu valor
oscilar entre o dia estabelecido para o pagamento e o da sua
efetivação.
Art. 401. Purga-se a mora:
I - por parte do devedor, oferecendo este a prestação mais a
importância dos prejuízos decorrentes do dia da oferta;
II - por parte do credor, oferecendo-se este a receber o pagamento e
sujeitando-se aos efeitos da mora até a mesma data.

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