Artigo Arsenio Tesoura Congresso

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IMPORTÂNCIA DOS JOGOS E BRINCADEIRAS NO PROCESSO DE


ENSINO E APRENDIZAGEM: UM OLHAR SOBRE O ENSINO DO
DESPORTO NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Arsénio da Conceição Judeu Luís Tesoura


Universidade Púnguè – Extensão de Tete
E-mail: [email protected]

RESUMO

O presente trabalho de pesquisa tem como objectivo principal de destacar a importância da


aplicação dos jogos e brincadeiras para a aprendizagem do desporto nas aulas de Educação
Física. Este estudo visa tratar das mais variadas intervenções e estímulos realizados pelos
professores de Educação Física no âmbito escolar e que acarretam numa maior aprendizagem e
desenvolvimento dos alunos, num momento em que estes se encontram no início das suas vidas
na escola, onde conquistam os seus primeiros progressos educacionais, sociais, cognitivos e
motores. A metodologia deu-se através de pesquisa bibliográfica, igualmente pela via de campo
da investigação quanti-qualitativa. Os instrumentos de pesquisa utilizados foram a observação e
questionário, cujas questões foram abertas e fechadas, no sentido de buscar, informações acerca
da temática em estudo. Os dados obtidos apontam que, a maioria dos sujeitos investigados
utilizam jogos e brincadeiras como instrumento pedagógico nas suas aulas, destacando a sua
importância e relevância. Os resultados da pesquisa monstram que os jogos mais utilizados são as
brincadeiras com bola em geral, corrida de estafeta, jogos cooperativos, futebol e jogos de
perseguição. São várias as dificuldades dos professores, pois dependem de diversos factores para
a realização de suas aulas, um espaço físico adequado, materiais didácticos pedagógicos para
prática dos jogos e horário que permita a realização das aulas, conforme os próprios professores
colocaram. Concluiu-se que o ensino do desporto partindo dos jogos e brincadeiras apresenta
uma essência rica de movimentos motores encontrados dentro da cultura corporal. A pesquisa
demonstrou significante estatística entre o que a criança é capaz de pensar (cognição) e o que é
capaz de fazer (movimento). Neste sentido, o movimento é o produto e a Educação Física deve
privilegiar a aprendizagem do movimento. Sendo assim, os jogos e brincadeiras têm papel
fundamental na Educação Física, enquanto meio de educação através do movimento.
PALAVRAS-CHAVE: Jogos, Brincadeiras, Ensino, Aprendizagem, Desporto.

ABSTRACT

The main objective of this research work is to highlight the importance of applying games and
games for learning sport in Physical Education classes. This study aims to address the most
varied interventions and stimuli carried out by Physical Education teachers in the school
environment and which result in greater learning and development of students, at a time when
they are at the beginning of their lives at school, where they achieve their first educational, social,
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cognitive and motor progress. The methodology was carried out through bibliographical research,
also through the field of quantitative-qualitative research. The research instruments used were
observation and questionnaire, whose questions were open and closed, in order to seek
information about the topic under study. The data obtained indicates that the majority of the
subjects investigated use games and games as a pedagogical tool in their classes, highlighting
their importance and relevance. The research results show that the most used games are ball
games in general, relay races, cooperative games, football and chase games. There are several
difficulties for teachers, as they depend on several factors to carry out their classes, an adequate
physical space, teaching materials to practice games and a timetable that allows classes to be
carried out, as the teachers themselves put it. It was concluded that the teaching of sport based on
games and games presents a rich essence of motor movements found within body culture. The
research demonstrated statistical significance between what the child is capable of thinking
(cognition) and what the child is capable of doing (movement). In this sense, movement is the
product and Physical Education must prioritize learning movement. Therefore, games and games
play a fundamental role in Physical Education, as a means of education through movement.
KEYWORDS: Games, Play, Teaching, Learning, Sport.

1. Introdução

Este artigo faz parte de uma actividade do mestrado em Psicologia Educacional, orientado
pelo Prof. Doutor Camilo Ibraimo Ussene, na Universidade Save em Maxixe. O mesmo, tem
como propósito de facultar uma dinâmica no ensino e aprendizagem do desporto nas aulas de
Educação Física, através dos jogos e brincadeiras, na perspectiva de, simultaneamente,
desenvolver nos cidadãos as habilidades práticas, ocupacionais e etno-culturais, isto é,
valorizando os conhecimentos das práticas da comunidade onde a escola está inserida.

Esta pesquisa tem uma relevância científica porque é na infância, durante a escolarização,
que ocorre um amplo incremento das principais habilidades, que são consideradas requisitos
imprescindíveis para a aprendizagem. Desta forma, entende-se por professor de Educação Física
aquele cuja função é medir os processos corporais e motores no processo de ensino-aprendizagem
e no desenvolvimento cognitivo-intelectual da criança nos seus estágios da vida. Assim,
consideram-se como objectivos específicos: a) identificar os conteúdos da Educação Física
desenvolvidos em sala de aula; b) identificar as principais actividades relacionadas a jogos e
brincadeiras adequadas ao ensino de desporto e destacar a importância dessas actividades para o
desenvolvimento do desporto nas escolas de ensino básico.
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A nossa abordagem é feita tendo como ponto central das observações, o Ensino Geral
especificamente o nível primário, aqui entendido como Ensino Básico. O nível primário é
considerado no Sistema Nacional de Educação (SNE) como aquele que “prepara os alunos para o
acesso ao ensino secundário e compreende as sete primeiras classes que são subdivididas em dois
graus”. Em Moçambique, a estrutura curricular do Ensino Básico está organizada de modo a
garantir o desenvolvimento integrado de habilidades, conhecimentos, valores e competências,
assim sendo, está estruturado em três áreas: área de comunicação e ciências sociais; área de
matemática e ciências sociais e área das actividades práticas e tecnológicas.

Os jogos e brincadeiras devem estar presente no dia-a-dia dos alunos nas classes iniciais,
pois é uma maneira de leva-los a criar sua própria personalidade, para que se tornem crianças
mais afáveis e que venham a se relacionar bem dentro de uma sociedade contemporânea. De
acordo com Carvalho (1999), os jogos e brincadeiras representam um elo na construção de novos
conhecimentos, estabelecendo um maior dinamismo e criatividade no processo de ensino-
aprendizagem. A autora acredita que é necessário além de buscar um novo sentido para este
processo, descobrir o elo de ligação entre a sala de aula e a realidade social em que se encontram
inseridas as crianças, para que o acto de aprender deixe de ser apenas memorização ou repasse de
conteúdos para ser a construção do conhecimento.

Conforme afirma Lopes (2006, p.110), brincar é uma das actividades fundamentais para o
desenvolvimento da identidade e da autonomia. O facto de a criança, desde muito cedo poder se
comunicar por meio de gestos, sons e mais tarde, representar determinado papel na brincadeira,
faz com que ela desenvolva sua imaginação. Nas brincadeiras, as crianças podem desenvolver
algumas capacidades importantes, tais como a atenção, a interação, a memória, a imaginação.
Amadurecem também algumas capacidades de socialização, por meio da interação, da utilização
e da experimentação de regras e papéis sociais.

A criança ao entrar na escola já trás do seu convívio social uma grande gama de
conhecimentos e aprendizagem, entretanto é através de sua vida escolar que a mesma vai
aprender por meio das brincadeiras lúdicas, a construir e adquirir novos conhecimentos sobre o
mundo ao seu redor. Contudo, Piaget (1998, p.75), afirma que por meio do jogo “a criança
constrói e adquiri conhecimento sobre o mundo físico e social, desde o período sensório-motor
até o período operatório formal”.
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2. Metodologia

Para a realização deste estudo foram utilizados procedimentos metodológicos próprios das
pesquisas bibliográfica com base na qual foi empreendida a literatura que possibilitou a revisão
teórica sobre a temática em estudo e a pesquisa de campo, também chamada de investigação
empírica por sua vez, foi conduzida com o objectivo de levantar dados a fim de destacar a
importância dos jogos e brincadeiras para a aprendizagem do desporto nas aulas de Educação
Física. A decisão pelo desenvolvimento de uma pesquisa quanti-qualitativa envolveu, além do
interesse do pesquisador, também o enfoque dado ao problema de pesquisa exploratória que
permitiu-nos estabelecer relações entre variáveis e buscou levantar as opiniões, atitudes e crenças
dos Professores de Educação Física. Para a colecta de dados utilizamos duas técnicas, a
observação directa das aulas e a aplicação de um questionário para os professores de Educação
Física. Foram observadas onze aulas de Educação Física do ensino básico. Com o auxílio de um
diário de campo era anotado as acções do professor, tais como: se ao ensinar o conteúdo
favorecia situações de interação professor/aluno, aluno/aluno; se criava estratégias por meio da
problematização/conflito cognitivo, levando a reflexão/abstração do aluno; se anunciava os
objectivos como o professor reagia diante do erro do estudante e ainda se o professor utilizava-
se de alunos como modelos.

O questionário tinha perguntas abertas e fechadas e versaram em torno: Formação


profissional, tempo de actuação profissional, quais conteúdos que trabalha com os alunos nas
aulas de Educação Física? Sabe que os jogos e brincadeiras contribuem para o processo de
ensino e aprendizagem? Quais actividades (jogos e brincadeiras) mais utilizados para o ensino
dos desportos? Quais são as principais dificuldades que encontram ao ministrar as aulas de
Educação Física? Ao trabalhar os jogos e brincadeiras nas aulas de Educação Física percebe
que as crianças assimilaram melhor o conteúdo do desporto? Qual das informações julga
necessária para aprendizagem dos desportos?

A população-alvo foi constituída de 15 (quinze) professores de Educação Física. Sendo a


pesquisa realizada com apenas 11 (onze), pois, quatro professores trabalhavam com o 1º ciclo (1ª
a 2ª classes), e o objectivo da pesquisa era questionar professores do 2º ciclo (3ª a 5ª classes) e 3º
ciclo (6ª a 7ª classe).
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3. Resultados e discussões

A presente pesquisa trata sobre a importância dos jogos e brincadeiras para a aprendizagem
do desporto nas aulas de Educação Física, nas escolas públicas do Distrito de Moatize, tomando
como referencial quatro escolas de Ensino básico do 1º ciclo (1ª a 2ª classes); 2º ciclo (3ª a 5ª
classes) e 3º ciclo (6ª a 7ª classe), nomeadamente: A Escola 1 (EPC – Josina Machel), a Escola 2
(EPC - Mutarara Moatize), a Escola 3 (EPC – Samora Machel) e a Escola 4 (EPC das Oitavadas),
no período compreendido entre Abril à Junho de 2018. Os dados descritos a seguir, foram obtidos
de um total de 11 professores de Educação Física que ministram aulas nessas escolas. Conforme
os estudos científicos apresentados e a visão dos professores pesquisados, pode-se identificar a
importância dos jogos e brincadeiras nas aulas de Educação Física do ensino básico, porque se
relaciona com os benefícios produzidos pelas mesmas no processo ensino aprendizagem desses
alunos.
Desta forma, entende-se que os jogos e brincadeiras contribuem para a formação geral do
aluno e, sobretudo, é um elemento indispensável para a assimilação dos conteúdos (desporto),
durante as aulas de Educação Física. Dentre os 11 (onze) professores de Educação Física do 2º
ciclo (3ª a 5ª classes) e 3º ciclo (6ª a 7ª classe), das Escolas públicas que integraram a amostra da
pesquisa de uma população de 15 (quinze) professores, um total de 27.2% pertencem ao sexo
masculino e 72.8% ao sexo feminino. Quanto ao nível de formação, nota-se como os
profissionais na área de educação estão buscando novas formas de estarem se preparando para a
sala de aula.
Quanto a formação profissional, De Marco (2006, p.160) nos diz que: Independentemente
da área de ensino a que estejamos nos referindo, tais aspectos não podem ser deixados de lado,
temos que leva-los em conta, não apenas no momento em que analisamos e efectivamos a nossa
acção profissional, mas também quando organizamos nossos projectos pedagógicos, nossos
projectos de ensino, pesquisa e extensão, e, em especial, quando elaboramos as directrizes que
deverão orientar a construção curricular de nossos cursos superiores.
Dentre os professores participantes, um total de 36,3% possuem 15 anos de experiência,
27,3% já trabalham há 3 anos e 18,2% há 25 anos, e esse mesmo percentual (18,2%) tem 30 anos
de trabalho como professor de educação física. Em relação aos conteúdos trabalhados durante as
aulas, 36,4% dos participantes mostraram que trabalham suas aulas com brincadeiras, jogos e
ginástica; 45,4% dos professores disseram que utilizam mais futebol e corrida de estafeta, e que
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18,2% mencionaram coordenação dinâmica geral, especificamente aspectos como lateralidade e


percepção motora.
Verifica-se que os professores trabalham em sala de aula conteúdos bem diversificados.
Segundo Betti e Zuliani (2002) a escolha dos conteúdos deve, tanto quanto possível, incidir sobre
a totalidade da cultura corporal de movimento, incluindo jogos, desporto, actividades
rítmicas/expressivas e dança, lutas/artes marciais, ginástica e práticas de aptidão física, com suas
variações e combinações. Ao serem questionados a respeito da contribuição dos jogos e
brincadeiras para o processo de desenvolvimento do educando obteve-se as seguintes respostas.
- Lógico, além dos sentidos trabalha-se a estrutura corporal como um todo, desenvolvimento
global, cognitivo, afectivo e social. (Participante A)
- Acho, pois, são fundamentais os jogos pré-desportivos, pois, eles aprendem com mais
facilidade e entusiasmo. (Participante B)
- Com certeza, para respeitar a individualidade de cada um, ajuda conhecer as limitações.
(Participante C)
- É fundamental para a formação, pois, estimula o desenvolvimento das habilidades da criança.
Os jogos resgatam o que ela não teve na infância. (Participante D)
- Com certeza. Faço com que eles pesquisem na comunidade para que tragam para dentro da
escola, havendo uma troca entre os alunos e o próprio professor. (Participante E)
Brincando as crianças desenvolvem a concentração, respeito, solidariedade, contribui para a
formação integral. (Participante F)
- É uma forma de desenvolver a coordenação motora, trabalhar o lúdico. (Participante G)
Sim. Através dessas actividades elas desenvolvem as questões sociais, como afectividade,
respeito ao próximo, além das questões motoras. (Participante H)
- Claro. Propiciam a questão da regra, postura, ética, colectividade, reflexões a partir dos
conflitos. (Participante I).

As crianças e adolescentes devem ter oportunidades, optimizadas em brincadeiras, jogos


lúdicos e educação desportiva conduzidos através de manifestações corporais de múltiplos
significados, bem como vivências práticas que possam estimular a socialização permanente e a
inteligência técnica-táctica (Sadi, 2000, p.35).
No tocante à utilização dos jogos e brincadeiras no ensino dos desportos, 27,3% dos
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participantes deram a saber que se trata da melhor forma de ensinar desporto, 36,3% disseram
que ajuda na assimilação do conteúdo; 18,2% acham que contribui para a formação do desporto e
do aluno, e também 18,2% dos professores apontaram que os jogos e brincadeiras desenvolvem
as habilidades e constituem a base para o desenvolvimento do educando.
Os jogos e brincadeiras mais utilizados no ensino dos desportos foram apontados
brincadeiras com bolas em geral, por 27,3% da amostra, 18,2% dos professores indicaram corrida
de estafeta e jogos de perseguição, esse mesmo percentual indicou futebol, voleibol e andebol,
enquanto 36,3% disseram jogos cooperativos, pula corda. As dificuldades encontradas pelos
professores na regência das aulas abrangeram: espaço físico inadequado - 9,1%; escassez de
material, horário das aulas quando o sol já está quente - 27,3%; falta de local para ministrar aulas
- 18,1%; resistência do aluno em participar das actividades menos frequentes - 18,2%; sol quente,
calor, falta de material adequado, material de pesquisa, alunos desnutridos - 27,3%.
A Educação Física precisa ser enxergada pelos profissionais da área para que assim
possamos, juntos, construir um significado suficientemente forte para garantir sua presença
dentro das escolas (Soler, 2006).
A assimilação dos conteúdos sobre desporto transmitidos aos alunos por meio dos jogos e
brincadeiras melhora a assimilação dos conteúdos segundo os professores participantes pelos
seguintes motivos: o aprendizado ocorre naturalmente, a criança trabalha a mecânica do desporto
de forma lúdica e prazerosa – 27,3%; acontece a interação entre os alunos dando-se oportunidade
para todos – 36,4%; os jogos são estímulos e trabalha o lado social desenvolvendo habilidades –
9,1%; são motivantes, realização de um trabalho mais técnico principalmente em actividades de
atenção – 9,1%; o interesse do aluno melhora como também a cultura, mas existem dificuldades
de adaptação por conta do factor gênero – 18,1%.
Os jogos e brincadeiras infantis são elementos essenciais à formação de uma criança. É por
meio do lúdico que ela vai incorporando certos valores a sua personalidade e ampliando seu
conhecimento de mundo (Soler, 2006).
Sobre informações necessárias relacionadas a aprendizagem do desporto solicitadas aos
professores integrantes da pesquisa, obteve-se: horário específico para as aulas de Educação
Física - 9,1%; a participação deve ser opcional, deve haver um direcionamento - 18,2%; um
padrão pedagógico, uma sequência, melhores condições de trabalho (espaço físico) - 27,3%;
respeito às individualidades de cada aluno, conscientização dos alunos sobre a importância da
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disciplina - 18,1%; trabalhar factos históricos contemporâneos (recortes de jornais, as questões de


cidadania) - 18,2%, reconhecimento do trabalho do professor, disponibilidade de material
didáctico, conhecer melhor a história de vida dos alunos - 9,1%.
Justificar-se-ia ensinar desporto para que as crianças: a) Aprendessem uma manifestação cultural
construída historicamente e valorizada pela nossa sociedade há longa data, de modo que ao
aprendê-la ganhassem autonomia para praticá-la por toda vida, nos mais diferentes ambientes em
que esta se manifestar; b) Para que vivam melhor individualmente e em sociedade (Moreira,
1999).
O crédito a essa possibilidade de ensino foi identificado através das respostas: favorece a
participação de todos os alunos, funcionam como sustentáculo das demais actividades - 27,3%;
inicia-se o desenvolvimento de cada aluno que será percebido por ele, facilita a concentração -
36,3%; desenvolve a responsabilidade, constitui-se um meio de socialização dos jogos e da
formação à vida social - 18,2%, deve ser iniciada desde cedo com as crianças, pois estas gostam
de desafios - 18,2%.
O desporto escolar será educativo se preservar a ludicidade, a espontaneidade e a
organização dos alunos. Esse será um passo para reconhecer que a questão de fundo não é a
inclusão, e sim, a resistência aos processos de massificação, alienação e de expropriação, sempre
mantendo, como norte, as necessidades vitais dos seres humanos (Escobar, 2005).

4. Conclusão

Considerando ser um tema pouco desenvolvido no universo académico, e a julgar pelo


volume inexpressivo de pesquisas localizadas na revisão teórica, entendemos que os movimentos
realizados só foram possíveis porque tecemos junto o conhecimento de diversos campos do saber,
ampliando assim, a compreensão do problema central e explicando o que estavamos
compreendendo em movimentos de construção e reconstrução de possibilidades e
impossibilidades. Através dessa pesquisa pode-se destacar a importância dos jogos e brincadeiras
nas aulas de Educação Física do 2º ciclo (3ª a 5ª classes) e 3º ciclo (6ª a 7ª classe), conforme os
estudos científicos apresentados e a visão dos professores pesquisados.

Foi possível perceber que, a importância dos jogos e brincadeiras para os alunos da 3ª a 7ª
classe das escolas pesquisadas, está relacionada com os benefícios produzidos pelas mesmas no
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processo ensino aprendizagem desses alunos. Pode-se observar que a aplicabilidade dos jogos e
brincadeiras nas aulas de Educação Física, está vinculada, a uma cultura de desvalorização da
mesma, pois as aulas estão mais associadas ao brincar espontâneo dos alunos do que aula com
objectivos e propostas de actividades diferenciadas. É reconhecido o papel dos jogos e
brincadeira voltadas para a ludicidade no desenvolvimento da criatividade, da segurança e
autoestima, do autoconhecimento corporal e assimilação de regras e limites. Ainda é necessário
ressaltar que as brincadeiras devem valorizar as características de cada um, proporcionando assim
uma melhor compreensão de si e do mundo a sua volta. Sendo assim concluiu-se que os
professores estão despreparados e desmotivados quanto a efectivação dos jogos e brincadeiras
nas aulas, devido a falta de valorização dada a Educação Física em carácter lúdico-recreativo,
sendo ela considerada dessa forma por alguns professores.

Confirma-se assim, que os jogos e as brincadeiras lúdicas-recreativas, agora, vão além de


simples brincadeiras desorganizadas, devem conter objectivo especificado na planificação da aula
de Educação Física, pois a mesma não é somente correr, saltar, de maneira desorientada, elas
devem através da ludicidade envolver os alunos e educar através das brincadeiras.

Com a aplicação do instrumento de pesquisa e a interpretação dos dados pode-se afirmar


que desenvolvimento das funções psíquicas de cada criança está directamente relacionada a
formação da cultura humana predominante em cada sociedade. O pensamento é operacionalizado
quando o desenvolvimento mental da criança atinge o nível exigido para a ocorrência da
evolução de funções. Os jogos e brincadeiras são vistas como factores relevantes para o
desenvolvimento psicomotor, bem como no processo de domínio social dos educandos, uma vez
que por meio dos jogos, a criança exercita a mente e, ao mesmo tempo, ocorre a evolução da
linguagem e dos hábitos sociais. E, ainda possibilitam a assimilação e a descoberta dos conceitos
advindos do mundo exterior.

Os jogos e brincadeiras ajudam no desenvolvimento da concentração e estimulam


habilidades para o ensino do desporto, propiciando uma melhor relação entre os alunos e
desenvolvendo do senso de colectividade. Os jogos mais utilizados foram brincadeiras com bola
em geral, corrida de estafeta, jogos cooperativos, pula corda, futebol, e jogos de perseguição.
Actividades que desenvolvem as habilidades motoras e de raciocínio do aluno.
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Concluiu-se que o ensino do desporto partindo dos jogos e brincadeiras, apresenta uma
essência rica de movimentos motores encontrados dentro da cultura corporal. É na infância,
durante a escolarização, que ocorre um amplo incremento das principais habilidades, que são
consideradas requisitos imprescindíveis para a aprendizagem. A pesquisa demonstrou
significante estatística entre o que a criança é capaz de pensar (cognição) e o que é capaz de fazer
(movimento). Neste sentido, o movimento é o produto e a Educação Física deve privilegiar a
aprendizagem do movimento. Sendo assim, os jogos e brincadeiras têm papel fundamental na
Educação Física, enquanto meio de educação através do movimento. Com esta pesquisa espera-se
contribuir para a área de Educação Física Escolar, além de conduzir dados para novos estudos
sobre o tema tratado.

5. Referências bibliográficas

Betti, Mauro; Zuliani, Luiz Roberto. (2002). Educação física escolar: uma proposta de directrizes
pedagógicas.
Carvalho, Rosita Édler. (1999). As crianças jogando e brincando na escola básica. 2º ed. Rio de
Janeiro.
De Marco, Ademir (Org). (2006). Educação Física: cultura e sociedade. Campinas, São Paulo.
Escobar, Micheli Ortega. (2005). Manifestação dos jogos. Brasília: Universidade de Brasília.
Lopes, Maria da Glória. (2006). Jogos na educação: criar, fazer, jogar. 7º edição. São Paulo.
Moçambique, República. (2018). Lei nº. 18/2018 – Sistema Nacional de Educação. Boletim da
República: Publicação Oficial da República de Moçambique. Maputo: Imprensa Nacional.
Moreira, Evando Carlos. (1999). Educação física escolar: propostas e desafios II. Jundiaí:
Fontoura Editora.
Piaget, Jean. (1998). A psicologia da criança. Editora Rio de Janeiro: Bertrand Brasil.
Sadi, Renato. (2000). A qualidade da Educação Física escolar. Revista brasileira de ciências do
desporto. Campinas, v. 21, n. 2/3.
Soler, Reinaldo. (2007). Educação física: uma abordagem cooperativa. Rio de Janeiro: Sprint.

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