Cultura Organizacional e Diferença Geracional
Cultura Organizacional e Diferença Geracional
Cultura Organizacional e Diferença Geracional
MARINGÁ
2014
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Orientadora:
Professora Dra. Wânia Rezende Silva
MARINGÁ
2014
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TERMO DE APROVAÇÃO
Orientadora:
Professora Dra. Wânia Rezende Silva
________________________________________________
Prof. Dra. Wânia Rezende Silva (PGC-UEM) (presidente)
________________________________________________
Prof. Dr. Geovanio Edervaldo Rossato (PGC-UEM) (membro)
________________________________________________
Prof. Dra. Siderly do Carmo Dahle de Almeida Barbosa (PPGGCO-Unicesumar)
(membro convidado)
3
DEDICATÓRIA
Dedico esta dissertação a minha esposa Taessa, aos meus filhos Luan e Lívia, a
minha família e a todos que, de alguma forma me apoiaram, contribuindo para a
realização deste trabalho.
4
AGRADECIMENTOS
A todos que conviveram comigo nessa caminhada, que me apoiaram nos momentos
difíceis e tiveram paciência em me ouvir.
Por fim, agradeço a Deus pela força e por me guiar ao alcance dos objetivos.
5
RESUMO
ABSTRACT
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 9
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 70
APÊNDICES ............................................................................................................. 74
9
1. INTRODUÇÃO
Com relação ao recorte feito para a pesquisa de campo, foi escolhido o setor
do NEaD (Núcleo de Educação a Distância), que está localizado na Unidade Sede.
Sua escolha se justifica por ser o maior setor da organização e por ter a maior
concentração de funcionários. Nesse quadro será possível pesquisar pessoas de
diferentes idades, sexos e gerações, com culturas, habilidades e conhecimentos
diversos. Isso possibilitará observar de modo mais acurado as relações sociais de
trabalho no ambiente organizacional.
A ideia de cultura trazida por Geertz (2008) pode ser percebida como algo
público, externalizado, constituída e entendida por e através de significados. O autor
descreve que a cultura consiste em estruturas de significado socialmente
estabelecidas, nas quais as pessoas agem, se aliam, entendem algo como insulto
ou respondem conforme os sinais.
Essas ideias dão margem e trazem a tona uma discussão relevante, entre a
existência de um determinismo biológico e geográfico como fatores capazes de
atribuir capacidades e características aos indivíduos. Buscar explicação para
entender os indivíduos e as diferenças culturais entre povos por meio da geografia e
biologia foi o que muitos estudiosos fizeram no final do século XIX e começo do
século XX.
Porém, por mais que essa teoria esteja superada, este tipo de pensamento se
perdura até os dias de hoje, conforme pode ser visto em Laraia (2009, p. 17)
Desta forma, a ideia do determinismo biológico foi refutada, pois para muitos
antropólogos não são as diferenças genéticas que determinam as diferenças, mas
sim a criação. O autor cita o exemplo da criação, se pegarmos uma pequena criança
xinguana e educarmos em uma família de classe alta de Ipanema, a mesma terá as
mesmas possibilidades de desenvolvimento dos seus novos irmãos, ou seja,
qualquer criança saudável que for inserida e educada em uma nova cultura
aprenderá e se comportará como tal. Essa maneira de pensar vai ao encontro das
palavras de Confúcio que dizia que a natureza dos homens é a mesma, são seus
hábitos que os mantêm separados.
Sobre essa teoria, Laraia (2009, p. 21) explica que foi desenvolvida pelos
geógrafos no final do século XIX e início do XX, e comenta que “a partir de 1920,
17
antropólogos como Boas, Wissler, Kroeber entre outros, refutaram este tipo de
determinismo” e demonstraram que existiam limitações.
Essas limitações podem ser comprovadas nos exemplos dados por Laraia
(2009), onde o mesmo cita as diferenças de diversos povos que moram em regiões
onde o clima e a temperatura são semelhantes, mas os comportamentos se
tornaram bem diferentes. Nesses exemplos são citadas as diferenças entre Lapões
e Esquimós (a forma como eles constroem suas casas), entre os índios do sudeste
norte-americano Pueblo e Navajo (a forma como eles se alimentam) e entre os
índios brasileiros que se encontram no Parque Nacional do Xingu, os Xingus e os
Kayabis (os estilos de caça e as preferências pelos tipos de carnes).
Por fim a terceira e última abordagem foi desenvolvida por Clifford Geertz
(2008) e David Schineider (1968) nos EUA e se refere à cultura como sistema
simbólico (antropologia simbólica).
Neste mesmo sentido Dias (2007) explica que a organização pode ser
considerada um ente social que se constitui num sentido amplo para as pessoas, no
qual se objetivam determinados resultados obtidos normalmente por meio do uso de
trabalho humano e recursos materiais, uma vez que não poderiam ser alcançados
somente com esforços individuais. Além da soma dos esforços na busca de alcançar
seus resultados, as organizações possuem estruturas, ou melhor, são estruturadas
conforme seus objetivos e estratégias. Oliveira (2009) explica que na estrutura da
organização, também conhecida por Estrutura Organizacional, estão relacionados
diversos aspectos, como de autoridade, capacidade de tomar decisões, divisão de
trabalho, hierarquia e outros.
A autora explica que com base nessa combinação os estudos sobre cultura
organizacional tenderiam a enxergá-la de duas formas. A primeira como uma
metáfora, ou seja, a cultura como algo que a organização é, e a segunda como uma
variável, considerando a cultura como algo que a organização tem.
O autor explica que na superfície se encontra o nível dos artefatos, que são
os processos, estruturas visíveis da organização (tecnologia e produtos, linguagem,
criação artística, rituais, vestimentas, mitos e histórias, etc...), esses fenômenos além
de ser visíveis, também podem ser sentidos e ouvidos, conforme descrito por Schein
(2004, p.25) “[...] artifacts, which includes all the phenomena that one sees, hears,
and feels when one encounters a new group with an unfamiliar culture”.
percepção por outras pessoas não familiar ao grupo será menor do que no nível dos
artefatos, o que torna mais difícil de entender. Nesse nível como nem tudo é
percebido, a compreensão e aceitação do fenômeno acontecerão por intermédio da
experiência social compartilhada pelo grupo, “[…] the group learns that certain
beliefs and values, as initially promulgated by prophets, founders, and leaders,
“work” in the sense of reducing uncertainty in critical areas of the group’s
functioning”. (SCHEIN, 2004, p.29).
If the manager convinces the group to act on her belief, and if the
solution works, and if the group has a shared perception of that
success, then the perceived value that advertising is good gradually
becomes transformed: first into a shared value or belief, and ulti-
mately into a shared assumption (if actions based on it continue to be
successful). If this transformation process occurs, group members will
tend to forget that originally they were not sure and that the proposed
course of action was at an earlier time just a proposal to be debated
and confronted (SCHEIN, 2004, p.28).
Dias (2007) descreve com mais detalhes e diferencia os três. Para este autor as
cerimônias ocorrem em ocasiões especiais e servem para reforçar valores
específicos criando a oportunidade dos membros em compartilhar informações
importantes ou para exaltar pessoas que simbolizam importantes crenças para
organização. Sobre os rituais, Dias (2007) descreve que são atividades sequenciais
que se repetem e servem para reforçar valores, metas e pessoas importantes. Os
ritos são considerados atividades padronizadas e repetitivas que acontecem em
épocas especiais para influenciar o comportamento e o entendimento das pessoas.
Como exemplo, o autor cita a prática dos funcionários em fazer exercício matinal e
escutar o hino nacional. O hino e os exercícios são ritos, mas que somados se
tornam um ritual. Dentre os diversos ritos descritos na literatura, podemos citar o rito
de passagem (utilizado como forma de integração), o rito de degradação (utilizado
para minar identidades ou retirar poder), rito de esforço (oposto ao rito de
degradação, utilizado para fortalecer a identidade ou para elevar status). Em geral,
essas atividades acontecem em forma de entrega de premiações, almoços ou
jantares especiais, happy hour, reuniões, etc.
As Estórias e Mitos são baseados em eventos organizacionais, que fazem
referências quanto ao comportamento das pessoas. A diferença é que a estória se
baseia em narrativas reais e o mito em narrativas onde não há como ser confirmada
ou não há apoio em fatos reais. É comum no mito a estória ganhar resquícios de
ficção, criando situações esplendorosas. Dias (2007, p. 96) define mito como “um
relato em parte fictício que se expressa em termos simbólicos”. Para melhor
compreensão, Vecchio (2008, p. 341) cita alguns exemplos, positivos e negativos,
de como uma estória/mito pode influenciar numa organização.
O primeiro exemplo é sobre a aceitação de todos os funcionários em reduzir o
salário em períodos de crise econômica, para evitar futuras demissões. Essa história
demonstra para os funcionários a união e sacrifício individual pelo bem da
organização e manutenção de todos. Já o segundo exemplo, o autor cita da
demissão de forma implacável de um funcionário que foi desleal com a diretoria.
Nesse caso a história tem a intensão de inibir e moldar comportamentos dos
funcionários por meio do medo. Bem, o fato é que as estórias, sendo reais ou não,
tem a função de divulgar os valores e os exemplos que devem ser seguidos ou não
em uma organização, conforme pode-se observar na citação de Freitas (2008, p.
25).
30
1
Tavares (2002) cita como exemplo de objeto simbólico a cruz para os cristãos, os objetos usados
pelos orixás no Candomblé e as vestimentas dos cavalos de santo nos ritos afro-brasileiro.
31
intermédio de costumes como não sentar na cadeira do chefe, não mascar chiclete
na reunião, a forma de cumprimentar, entre outros. O fato é que tanto as Normas
(explícita) quanto os Costumes (implícito), dizem respeito aos procedimentos ou
comportamento considerados o padrão, a regra para a maior parte das situações e
eventos organizacionais (DIAS, 2007; FREITAS, 2008).
Assim como os valores dizem respeito às formas de pensar e agir que são
aceitos pelo grupo, e em todos os grupos existem nas regras graus de importância
de como as coisas devem ser feitas. Enquanto os valores expressam o que é aceito,
os Tabus têm o sentido inverso, eles orientam o comportamento demarcando áreas
de proibições, ou seja, enfatizam os aspectos que não são permitidos (FREITAS,
1991).
versão inglesa publicada em 1952 numa coletânea com textos de Karl Mannheim –
Essays on the sociology of knowledg, o que acarretou em alguns problemas de
tradução (WELLER, 2010).
2
Dilthey também observou o fenômeno das Gerações, é não só a sequência, mas também o
fenômeno da simultaneidade, aqui mais profundo do que o mero sentido cronológico. Eles constituem
uma geração, uma contemporaneidade, porque essas influências são homogêneas. Justamente por
essa mudança – de que a contemporaneidade não significa uma data cronológica no histórico da
humanidade, mas uma similaridade de influências existentes –, a questão colocada escapa de um
plano que tendia a converter-se em uma aritmética mística, ao domínio da simples compreensão da
temporalidade interior que pode ser percebida.
37
4
A primeira coisa que você percebe quando lida com uma unidade geracional específica, é verificar o
grau de semelhança dos conteúdos que satisfaçam a consciência do indivíduo de maneira social –
agir de forma isolada não tem importância, mas verifica-se o fato de que eles conectam o indivíduo ao
grupo, "socializar"
39
embora não esconda sua preferência por essa última corrente. Sendo assim, o
conceito de gerações elaborado por Mannheim (posição, conexão e unidade
geracional) compreende as gerações a partir de suas relações com o meio social, os
sexos, a faixa etária, entre outros, rompendo com a ideia de uma geração concreta e
coesa (WELLER, 2010).
Desta forma, esta dissertação se pautará nas definições feitas por Mannheim
- Posição Geracional (Generationslagerung), Conexão Geracional
(Generationszusammenhang) e Unidade Geracional (Generationseinheit) – para
definir e categorizar as gerações estudadas.
O termo Cohort, segundo Kick (2005, p.70) vem da Roma antiga, “onde as
legiões de soldados eram segmentadas em divisões numerosas de homens que
treinavam, comiam, viviam, dormiam, lutavam e faziam, enfim, muitas outras coisas
juntas”. Essa convivência fazia com que os soldados, além de fortalecerem suas
habilidades e criassem uma união, também fazia com que seus comportamentos,
pensamentos e modos de agir ficassem semelhantes. Desta forma, a geração pode
ser identificada como um cohort de pessoas onde todos nasceram entre um certo
período igual de tempo e compartilharam momentos históricos, sigle phase of life
(KICK, 2005).
Casaram cedo, antes dos 21, não respondiam os pais e nem aos professores,
pois pensavam que os mesmos sabiam tudo, com o ensino médio completo atingiam
a classe média, hoje para ter o mesmo padrão deve ter duas faculdades (TWENGE,
2006). Por outro lado buscaram o autopreenchimento, meditaram, protestaram
(feminismo), descobriram a liberdade sexual (free love) e quase todos fumavam e
bebiam. “This cohort witnessed the foibles of political, religious, and business
leaders, that resulted in a lack of respect for and loyalty to authority and social
institutions” (SMOLA; SUTTON, 2002, p. 364).
5
1972 é lançado o Odyssey 100, primeiro videogame do mundo; 1980 publicado o padrão da ethernet
(tecnologia para redes locais); 1983 a empresa Apple lança o computador Macintosh.
44
Members of this generation have been “wired” since they were very
young; growing up with the Internet has made them accustomed to
getting access to information quickly. Similar to GenX, GenMe
(referred to as Generation Y in the Society of Human Research
Management survey) was described as “tech savvy,” “like informality,”
“learn quickly,” and “embrace diversity.” It is interesting that “need
supervision” was also attributed to GenMe (Society of Human
Research Management, 2004) apud (TWENGE et al, 2010, p.1121).
No Brasil, para essa geração o país já era uma democracia com a economia
aberta. O plano real se consolidara e a internet chegara abrindo as portas para o
mundo. Viram as gerações mais velhas irem as ruas e o Congresso Nacional
aprovar o impeachment do presidente Fernando Collor. Acompanharam os primeiros
eventos mundiais em prol da natureza, da sustentabilidade, como a ECO 92 no Rio
de Janeiro. No esporte sorriram com a conquista do tetra campeonato Mundiais no
EUA e assistiram o país parar e chorar devido a morte do piloto da formula 1 Ayrton
Senna, durante uma prova em Imola, na Itália.
6
Nomenclatura utilizada para caracterizar uma geração que pensa em si própria.
7
Abreviação para indicar a geração nascida no período do Generation Me.
8
Enquanto eu acreditar em mim, eu realmente não me importo com o que os outros pensam.
47
9
Você não se veste formalmente para si ou para o seu conforto, se você realmente queria fazer as
coisas "à sua maneira", e apenas para si mesmo, você iria usar jeans para trabalhar. E, claro, muitos
de nós já fazem
48
A dança é outro fator trazido pela autora para exemplificar tais mudanças. As
danças estão cada vez mais individualizadas, 90% das músicas são para dançar
sozinho e do seu jeito, sem a necessidade de regras. O termo utilizado por ela é o
Dance Party Revolution (Against Conformity). Neste sentido, hoje temos o estilo
Harlem Shake10, ou seja, música na qual cada um dança de um jeito e no seu ritmo.
Who Cares What You Think, esse é um ponto em que Twenge (2006) aborda
e se questiona sobre qual o rumo da atual sociedade. O fato de não se importar com
o que os outros pensam, está trazendo consequências. As pessoas estão menos
polidas, tornando uma sociedade de insensíveis e egocêntricas, as crianças estão
sendo encorajadas pela cultura pop a serem desrespeitosas e autodestrutivas.
Para ela a etiqueta serve para respeitar o conforto do outro, mas isso não
está sendo levado em conta. As crianças, por exemplo, têm dificuldade em não
10
Harlem Shake é um meme da internet. Uma batida eletrônica, pessoas fantasiadas ou mascaradas,
danças curiosas que tomam conta de toda a tela. A brincadeira surgiu após um vídeo de 5 amigos
dançando em um quarto ao som da música Harlem Shake do produtor musical americano Baauer.
Saiba mais em: http://noticias.r7.com/videos/harlem-shake-batida-eletronica-comecou-na-internet-e-
virou-febre-do-mundo-todo/idmedia/512abea46b71821eb4aa568a.html
49
mentir e a falar formalmente quando necessário. Falar com pessoa mais velha ou
autoridade é a mesma coisa que falar com colegas. Sobre esse tema Twenge (2006)
traz um caso de um fundador da empresa que visitou uma de suas lojas e perguntou
a um jovem empregado como ele estava se sentindo. Ele respondeu: - um pouco de
ressaca, mas tudo bem. Além desse caso outros fatos são citados como a falta de
educação e de bom senso: Carros barulhentos ou com som alto, pessoas falando
alto no hotel, independente do horário.
11
A WorldCom, presente em 65 países, admitiu ter inflado em cerca de US$ 4 bilhões seus lucros
entre janeiro de 2001 e março de 2002. Saiba mais em:
http://revistaepoca.globo.com/Epoca/0,6993,EPT344659-1663-1,00.html
12
A Enron, gigante americana do setor de energia, pediu concordata em dezembro de 2001, após ter
sido alvo de uma série denúncias de fraudes contábeis e fiscais. Saiba mais em:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/sinapse/ult1063u416.shtml
50
Hoje Maringá é polo de uma região que abrange mais de cem municípios e se
transformou num grande centro de convergência econômica. As diversas etnias
formam um meio cultural múltiplo, incluindo descendentes de alemães, italianos,
japoneses, árabes, portugueses, espanhóis e de outras nacionalidades.
A 1ª parte teve como objetivo conhecer e criar o perfil dos sujeitos, o que
facilitou na análise e compreensão das respostas cedidas na entrevista. A 2ª parte
objetivou a busca de informações das relações dos sujeitos fora de seu ambiente de
trabalho, ou seja, em seu convívio familiar, com os colegas e parentes. Tais
informações propiciou o entendimento sobre suas percepções com relação a
organização.
Dos nove funcionários participantes do grupo, seis eram mulheres e três eram
homens com idade entre vinte e três a cinquenta e um anos. Com relação a Unidade
Geracional Contemporânea, foram selecionados três de cada geração, sendo três
da geração Baby Boomers, três da GenX e três da GenY. O motivo por ter escolhido
a quantidade igual de cada geração partiu da ideia de se ter um grupo mais
heterogêneo, com visões e opiniões diferentes. O grau de instrução se apresentou
em um nível alto, em que apenas um era graduado e os demais possuíam pós-
graduação Lato Sensu ou Stricto Sensu. A função predominante foi a de mediação,
porém haviam dois professores e dois tutores.
Tal diferença nessas relações foi descrita por Lancaster e Stillman (2011),
que explicam que na escola e em casa os jovens da GenY foram acostumados a
argumentar e questionar, e no trabalho não é diferente, querem ter voz. A hierarquia
baseada em dar ordens está por fora, essa nova geração quer conversas francas e
negociações, onde que as duas partes cedam. Desta forma buscam novas formas
de liderança e de tomada de decisão baseadas na colaboração.
Essa questão quando levantada para a GenX e principalmente para BB, por
terem cargos de liderança, percebe-se que conversar com o superior do seu chefe é
um ato de ousadia ou até de insubordinação. Lancaster e Stillman (2011) descrevem
que a geração Baby Boomer segue valores mais tradicionais, relacionados tanto ao
cumprimento de suas obrigações em relação à carreira quanto a lealdade perante a
organização, educação e criação dos filhos, casamento, entre outros, e GenX por
ser sua sucessora na linha geracional, ainda carrega alguns desses resquícios.
Eu nunca tinha corrigido prova e nem atividade, como meus pais são
professores pedi ajuda para eles. [...] As provas a gente leva para casa,
então sentei junto com a minha mãe e ela me mostrou como fazia. Meus
amigos de trabalho me explicaram certinho, mas eu queria ver como
minha mão fazia (E4 – GenY, 2013).
E1 – BB (2013) comentou que recentemente seu filho (20 anos) ligou no meio
da tarde solicitando ajuda para comprar um sapato, como percebeu que o filho
estava confuso pediu para que ele o aguardasse, pois logo estaria na loja para
auxiliá-lo... “Eu na idade dele já era casado e pai, as minhas decisões eram sobre
onde iriamos morar, como iriamos criar os filhos... As minhas preocupações eram
outras”.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em posse dos dados coletados, o primeiro passo foi traçar e tabular o perfil
dos sujeitos pesquisados. Ao fazer isso, uma luz se abriu, foi como se uma venda
tivesse sido retirada dos olhos, tudo começou a ficar mais claro. O perfil demonstrou
que realmente as pessoas são diferentes, cada qual com a sua cultura, mas que
quando agrupadas conforme suas gerações, semelhanças foram percebidas na
forma de agir e pensar.
Desta forma, cabe ressaltar que o conteúdo originado neste estudo não busca
e nem possibilita generalizações, muito menos verdades consideradas como
absolutas. O estudo buscou por meio de processos analíticos de dados, analisar e
interpretar um fenômeno com base num conjunto de técnicas e procedimentos
determinados, oferecendo melhor discernimento e possibilitando o maior
entendimento.
70
REFERÊNCIAS
FREITAS, Maria Ester de. Cultura Organizacional: evolução e crítica. São Paulo:
Cengage Learning, 2008.
KICK, Fran. What Makes Kids Kick: Inspiring the Millennial Generation to Kick It In.
Centerville, OH. Instructions & Design Concepts, 2005. Disponível em:
<http://books.google.be/books?id=FC2YMewhvdoC&pg=PA33#v=onepage&q=boom
er&f=false>, acessado em 20 de out de 2013.
MANNHEIM, Karl. Das Problem der Generationen, 1928 - Hier nach: Karl
Mannheim, Das Problem der Generationen, in: Kölner Vierteljahrshefte für Soziologie
7 (1928), S. 157-185, 309-330.
MCKEE, Kim. The Highs and Lows of using Case Studies in Student Research
Projects: practical problems versus dynamite data. Graduate Journal of Social
Science. v. 3 Issue 2, 2006.
SAHLINS, Marshal Davis. Cultura e razão prática. Rio de janeiro: Jorge Zahar,
1979.
SCHEIN, Edgar H. Organizational culture and leadership. 3rd ed. San Francisco,
CA: The Jossey-Bass business & management series, 2004.
TWENGE, Jean M. Generation Me: Why today’s Young Americans are more
confident, assertive, entitled - and more miserable - than ever before. Free Press
New York, 2006.
TWENGE, Jean M., CAMPBELL, Stacy M., HOFFMAN, Brian J., LANCE, Charles E.
Generational Differences in Work Values: Leisure and Extrinsic Values Increasing,
Social and Intrinsic Values Decreasing. Journal of Management 2010 - originally
published online 1 March 2010.
73
VELOSO, Elza Fátima Rosa. SILVA Rodrigo Cunha da. e DUTRA, Joel Souza
(2011). Gerações e Carreira: A Relação entre as Percepções sobre Carreiras
Inteligentes e sobre Crescimento Profissional nas Organizações. XXXV EnANPAD.
Rio de Janeiro 2011 setembro.
APÊNDICES
75
Perfil
Sexo: Estado Civil: Filhos:
Idade: Grau de Escolaridade: Curso:
Fala outro idioma: Cargo/Função: Carga Horária:
Quanto tempo na empresa: Local onde nasceu: Religião:
Vida Pessoal
1. Você participa de algum trabalho de grupo em sua comunidade ou em seu
sindicato? E trabalho voluntário?
2. Você mora com quem?
3. Além de você, há alguma outra pessoa de sua casa trabalha? Quem? Onde?
4. Fora da empresa você tem outra atividade remunerada?
5. Qual a escolaridade de seu pai, de sua mãe e de seu cônjuge?
6. Por que escolheu o curso/formação?
7. Você está estudando atualmente? O que?
8. Qual foi a influência de seus pais com relação ao seu estudo? Te ajudaram?
De que forma?
9. Qual é o meio que você mais utiliza para se manter informado sobre os fatos
atuais?
10. Você tem o hábito de ler? Que tipo de leitura? O que pensa sobre os livros
impressos? E os virtuais?
11. O que costuma fazer nas suas horas de lazer?
12. Já morou fora do país? Onde e por quê? Se não, gostaria? Onde e por quê?
13. Qual é o meio de transporte que você utiliza para ir ao trabalho?
14. Com quem compartilha seus problemas?
15. O que pensa sobre a família na sociedade atual?
16. Quais os principais problemas que a sociedade brasileira enfrenta? Cite.
Tecnologia
1. Você gosta de tecnologia? Tem facilidade?
2. Você tem algum aparelho portátil? Qual? (tablete, i-phone, Smartphone,
notebook) – teve dificuldade em aprender mexer?
76
Ambiente Profissional
1. Por que escolheu essa profissão?
2. Como veio trabalhar nessa empresa?
3. Quantos empregos você já teve até hoje?
4. Quanto tempo, em média, você permanece no emprego?
5. Como você define seu trabalho?
6. Como você define seu ambiente de trabalho?
7. Você acha que existem regras objetivas nesse ambiente? Quais?
8. Você percebe outras formas de condutas que orientam o seu dia a dia na
empresa além das regras e regulamentos explícitos? Quais?
9. Existe uma hierarquia clara na empresa? O que você pensa sobre isso?
10. Para você está claro qual é o objetivo da empresa? Comente.
11. Os seus colegas de trabalho são da mesma faixa etária que a sua?
12. Como que é trabalhar com pessoas com faixas etárias diferentes? Com qual
prefere trabalhar?
13. Como é a sua relação com os demais empregados? O que é importante
nessa relação de trabalho?
14. O que lhe motiva no seu emprego?
15. Quais fatores influenciam seu desempenho no trabalho?
16. Costuma trabalhar finais de semana ou levar tarefas para casa?
17. O que pensa sobre os salários pagos para a sua profissão?
18. Qual foi a influência de seus pais com relação ao seu trabalho? Te ajudam?
De que forma?
19. O que imagina estar fazendo daqui a cinco anos?
77
Sujeitos da pesquisa:
Sujeitos da pesquisa:
Foram selecionados 9 funcionários do Núcleo de Educação a Distância para
comporem o Grupo Focal. As escolhas foram baseadas conforme categorias pré-
estabelecidas pela pesquisa: Setor, Idade, Sexo, Grau de Instrução e Função.