Oracoes
Oracoes
Oracoes
Orações Comuns
Sinal da Cruz , 7
Glória , 7
Pai Nosso, 7
Ave Maria , 7
Salve rainha, 8
Ato de contrição, 8
Credo, 9
Credo Apostólico, 10
Ao Anjo da Guarda, 11
Adoração Eucarística
Visita ao Santíssimo (português), 19
Visita ao Santíssimo (Latim), 19
Adoro te devote (português), 20
Adóro te devote (Latim), 21
Pange Lingua (latim), 22
Pange Lingua (português), 23
Ao Espírito Santo
Veni Creátor, 24
Vinde, Espírito Criador, 25
Veni, Sancte Spiritus, 26
Vinde Santo Espírito, 27
Orações diversas
Oração ao Anjo da Guarda, 68
Oração para obter uma boa morte, 68
Aceitação da morte, 69
Oração para o momento da morte, 69
Oração à Sagrada Família, 70
Consagração ao Sagrado Coração de Jesus, 70
Sinal da Cruz
Em nome do Pai e do Filho
e do Espírito Santo. Amém.
Glória
Glória ao Pai e ao Filho
e ao Espírito Santo.
Como era, no princípio,
agora e sempre.
Amém.
Pai Nosso
Pai nosso que estais nos céus,
santificado seja o vosso nome;
venha a nós o vosso reino,
seja feita a vossa vontade
assim na terra como no céu.
O pão nosso de cada dia nos dai hoje;
perdoai-nos as nossas ofensas assim como
nós perdoamos a quem nos tem ofendido,
e não nos deixeis cair em tentação,
mas livrai-nos do mal.
Amém.
Ave Maria
Ave Maria, cheia de graça,
o Senhor é convosco,
bendita sois vós entre as mulheres
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e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus.
Santa Maria, Mãe de Deus,
rogai por nós pecadores,
agora e na hora da nossa morte.
Amém.
Salve rainha
Salve Rainha, Mãe de misericórdia,
vida, doçura, esperança nossa, salve!
A vós bradamos, os degredados filhos de Eva,
a vós suspiramos, gemendo e chorando
neste vale de lágrimas.
Eia, pois, Advogada nossa,
esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei,
e depois deste desterro
mostrai-nos Jesus,
bendito fruto de vosso ventre,
ó clemente, ó piedosa, ó doce sempre Virgem Maria.
Ato de contrição
Senhor, eu me arrependo sinceramente
de todo mal que pratiquei e do bem
que deixei de fazer. Pecando, eu vos
ofendi, meu Deus e sumo bem, digno
de ser amado sobre todas as coisas.
Prometo firmemente, ajudado com a
vossa graça, fazer penitência e fugir
às ocasiões de pecar. Amém.
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Credo
Creio em um só Deus,
Pai todo-poderoso,
Criador do céu e da terra,
de todas as coisas visíveis e invisíveis.
Creio em um só Senhor, Jesus Cristo,
Filho Unigênito de Deus,
nascido do Pai antes de todos os séculos:
Deus de Deus, luz da luz,
Deus verdadeiro de Deus verdadeiro,
gerado não criado,
consubstancial ao Pai.
Por Ele todas as coisas foram feitas.
E, por nós, homens,
e para a nossa salvação,
desceu dos céus:
e encarnou pelo Espírito Santo,
no seio da Virgem Maria,
e se fez homem.
Também por nós foi crucificado
sob Pôncio Pilatos;
padeceu e foi sepultado.
Ressuscitou ao terceiro dia,
conforme as escrituras,
e subiu aos céus,
onde está sentado à direita do Pai.
E de novo há de vir, em sua glória,
para julgar os vivos e os mortos;
e o seu reino não terá fim.
Creio no Espírito Santo,
Senhor que dá a vida,
e procede do Pai;
e com o Pai e o Filho
9
é adorado e glorificado:
Ele que falou pelos profetas.
Creio na Igreja
una, santa, católica e apostólica.
Professo um só batismo
para remissão dos pecados.
Espero a ressurreição dos mortos
e a vida do mundo que há de vir.
Amém.
Credo Apostólico
Creio em Deus Pai todo-poderoso,
criador do céu e da terra;
e em Jesus Cristo,
seu único Filho, nosso Senhor;
que foi concebido pelo poder do Espírito Santo;
nasceu da Virgem Maria,
padeceu sob Pôncio Pilatos,
foi crucificado, morto e sepultado;
desceu à mansão dos mortos;
ressuscitou ao terceiro dia;
subiu aos céus,
está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso,
donde há de vir a julgar os vivos e os mortos;
creio no Espírito Santo,
na Santa Igreja Católica,
na comunhão dos Santos,
na remissão dos pecados,
na ressurreição da carne,
na vida eterna.
Amém.
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Ao Anjo da Guarda
Santo Anjo do Senhor,
meu zeloso guardador,
pois que a ti me confiou a Piedade divina,
hoje e sempre
me governa, rege, guarda e ilumina.
Amém.
11
Orações à Santíssima Trindade
Símbolo Atanasiano
Antífona: Glória a Vós, Trindade igual, única Divindade, antes
de todos os séculos, e agora e sempre (T.P. Aleluia).
1. Quem quiser salvar-se deve antes de tudo professar a fé ca-
tólica.
2. Porque aquele que não a professar, integral e inviolavelmen-
te, perecerá sem dúvida por toda a eternidade.
3. A fé católica consiste em adorar um só Deus em três Pessoas
e três Pessoas em um só Deus.
4. Sem confundir as Pessoas nem separar a substância.
5. Porque uma só é a Pessoa do Pai, outra a do Filho, outra a do
Espírito Santo.
6. Mas uma só é a divindade do Pai, e do Filho, e do Espírito
Santo, igual a glória, coeterna a majestade.
7. Tal como é o Pai, tal é o Filho, tal é o Espírito Santo.
8. O Pai é incriado, o Filho é incriado, o Espírito Santo é incria-
do.
9. O Pai é imenso, o Filho é imenso, o Espírito Santo é imenso.
10. O Pai é eterno, o Filho é eterno, o Espírito Santo é eterno.
11. E contudo não são três eternos, mas um só eterno.
12. Assim como não são três incriados, nem três imensos, mas
um só incriado e um só imenso.
13. Da mesma maneira, o Pai é onipotente, o Filho é onipoten-
te, o Espírito Santo é onipotente.
14. E contudo não são três onipotentes, mas um só onipotente.
15. Assim o Pai é Deus, o Filho é Deus, o Espírito Santo é Deus.
16. E contudo não são três deuses, mas um só Deus.
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17. Do mesmo modo, o Pai é Senhor, o Filho é Senhor, o Espíri-
to Santo é Senhor.
18. E contudo não são três senhores, mas um só Senhor.
19. Porque, assim como a verdade cristã nos manda confessar
que cada uma das Pessoas é Deus e Senhor, do mesmo modo a
religião católica nos proíbe dizer que são três deuses ou senho-
res.
20. O Pai não foi feito, nem gerado, nem criado por ninguém.
21. O Filho procede do Pai; não foi feito, nem criado, mas ge-
rado.
22. O Espírito Santo não foi feito, nem criado, nem gerado, mas
procede do Pai e do Filho.
23. Não há, pois, senão um só Pai, e não três Pais; um só Fi-
lho, e não três Filhos; um só Espírito Santo, e não três Espíritos
Santos.
24. E nesta Trindade não há nem mais antigo nem menos anti-
go, nem maior nem menor, mas as três Pessoas são coeternas e
iguais entre si.
25. De sorte que, como se disse acima, em tudo se deve adorar
a unidade na Trindade e a Trindade na unidade.
26. Quem, pois, quiser salvar-se, deve pensar assim a respeito
da Trindade.
27. Mas, para alcançar a salvação, é necessário ainda crer firme-
mente na Encarnação de Nosso Senhor Jesus Cristo.
28. A pureza da nossa fé consiste, pois, em crer ainda e confessar
que Nosso Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, é Deus e homem.
29. É Deus, gerado na substância do Pai desde toda a eternida-
de; é homem porque nasceu, no tempo, da substância da sua
Mãe.
30. Deus perfeito e homem perfeito, com alma racional e carne
humana.
31. Igual ao Pai segundo a divindade; menor que o Pai segundo
a humanidade.
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32. E embora seja Deus e homem, contudo nao são dois, mas
um só Cristo.
33. É um, não porque a divindade se tenha convertido em hu-
manidade, mas porque Deus assumiu a humanidade.
34. Um, finalmente, não por confusão de substâncias, mas pela
unidade da Pessoa.
35. Porque, assim como a alma racional e o corpo formam um
só homem, assim também a divindade e a humanidade formam
um só Cristo.
36. Ele sofreu a morte por nossa salvação, desceu aos infernos
e ao terceiro dia ressuscitou dos mortos.
37. Subiu aos Céus e está sentado à direita de Deus Pai todo-
-poderoso, donde há de vir a julgar os vivos e os mortos.
38. E quando vier, todos os homens ressuscitarão com os seus
corpos, para prestar contas dos seus atos.
39. E os que tiverem praticado o bem irão para a vida eterna, e
os maus para o fogo eterno.
40. Esta é a fé católica, e quem não a professar fiel e firmemente
não se poderá salvar.
Glória ao Pai.
Antífona: Glória a Vós, Trindade igual, única Divindade, antes
dos séculos, e agora e sempre (T.P. Aleluia).
14
Te Deum
A vós, ó Deus, nosso louvor!
Nós vos aclamamos: sois o Senhor!
A vós, Pai eterno, o hino do universo.
Diante de vós prosternam-se os arcanjos,
os anjos e os espíritos celestiais;
eles vos dão graças, vos adoram e cantam:
Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus do universo;
o céu e a terra estão cheios de vossa glória.
É a vós que os apóstolos glorificam,
a vós que os profetas proclamam,
de quem os mártires dão testemunho;
é a vós que, pelo mundo inteiro,
a Igreja anuncia e reconhece.
Deus, nós vos adoramos:
Pai infinitamente santo,
Filho eterno e bem-amado,
Espírito de poder e de paz.
Cristo, filho do Deus vivo,
ó Senhor da glória,
não temestes tomar um corpo
no corpo de uma virgem
para libertar a humanidade cativa.
Por vossa vitória sobre a morte
abristes a todos os crentes
as portas de vosso Reino;
vós reinais à direita do Pai
e vireis para o julgamento.
Mostrai-vos o defensor e o amigo
dos homens salvos por vosso sangue:
tomai-os com todos os santos
em vossa glória e em vossa luz.
Salvai o vosso povo, abençoai essa herança.
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Velai sobre ela, guardai-a sempre.
Quero abençoar-vos todos os dias,
Louvar o vosso nome agora e sempre.
Guardai-nos sem pecado neste dia.
Tende piedade de nós, Senhor, tende
piedade de nós!
Senhor, que o vosso amor vele sobre nós!
Assim como pomos em vós nossa esperança!
Te Deum (Latim)
Te Deum laudámus: te Dóminum confitémur.
Te æternum Patrem omnis terra venerátur.
Tibi omnes Angeli, tibi cæli et univérsæ potestátes;
Tibi Chérubim et Séraphim incessábili voce proclámant:
Sanctus, Sanctus, Sanctus Dóminus Deus Sábaoth.
Pleni sunt cæli et terra maiestátis glóriæ tuæ.
Te gloriósus Apostolórum chorus,
Te Prophetárum laudábilis númerus,
Te Mártyrum candidátus laudat exércitus.
Te per orbem terrárum sancta confitétur Ecclésia.
Patrem imménsæ maiestátis;
Venerándum tuum verum et únicum Fílium;
Sanctum quoque Paráclitum Spíritum.
Tu, Rex glóriæ, Christe,
Tu Patris sempiternus es Fílius.
Tu, ad liberándum susceptúrus hóminem,
non horruíste Vírginis úterum.
Tu, devícto mortis acúleo,
aperuísti credéntibus regna cælórum.
Tu ad déxteram Dei sedes in glória Pátris.
Iudex créderis esse ventúrus.
[genuflexit]
Te ergo quaésumus tuis fámulis súbveni,
16
quos pretioso sánguine redemísti.
Ætérna fac cum Sanctis tuis in glória numerári.
Salvum fac pópulum tuum, Dómine,
et bénedic hæreditáti tuæ.
Et rege eos, et extólle illos usque in ætérnum.
Per síngulos dies benedícimos te.
Et laudámus nomem tuum in saéculum,
et in saéculum saéculi.
Dignare, Dómine, die isto sine peccáto nos custodire.
Miseréri nostri, Dómine, miserére nostri.
Fiat misericórdia tua, Dómine, super nos,
quæmadmodum sperávimus in te.
In te, Dómine, sperávi: non confúndar in ætérnum.
17
Ato de fé
Eu creio firmemente que há um só Deus
em três pessoas realmente distintas, Pai,
Filho e Espírito Santo; que dá o céu aos
bons e o inferno aos maus, para sempre.
Creio que o Filho de Deus se fez homem,
padeceu e morreu na cruz para nos salvar,
e ao terceiro dia ressuscitou. Creio em
tudo mais que crê e ensina a Igreja Católica,
Apostólica, Romana, porque Deus,
verdade infalível, lho revelou.
Nesta crença quero viver e morrer.
Ato de esperança
Eu espero, meu Deus, com firme confiança,
que pelos merecimentos de nosso
Senhor Jesus Cristo, me dareis a salvação
eterna e as graças necessárias para
consegui-la, porque vós, sumamente bom
e poderoso, o havia prometido a quem
observar os mandamentos e o evangelho
de Jesus, como eu proponho fazer com o
vosso auxílio.
Ato de caridade
Eu vos amo, ó meu Deus, de todo o
meu coração e sobre todas as coisas,
porque sois infinitamente amável e
bom, e antes quero perder tudo do que
vos ofender. Por amor de Vós, amo ao
meu próximo como a mim mesmo e
perdôo as ofensas recebidas. Senhor,
fazei que eu vos ame sempre mais!
18
Adoração Eucarística
Statio minor:
Pater noster, qui es in cœlis: sanctificetur nomen tuum; advé-
niat regnum tuum; fiat voluntas tua, sicut in cœlo, et in terra.
Panem nostrum cotidianum da nobis hódie; et dimitte nobis
débita nostra, sicut et nos dimíttimus debitóribus nostris; et ne
nos inducas in tentatiónem; sed líbera nos a malo. Amen.
19
Comunhão espiritual: Eu quisera, Senhor, receber-vos com aque-
la pureza, humildade e devoção com que vos recebeu a vossa
Santíssima Mãe, com o espírito e o fervor dos Santos.
Genitóri, Genitóque
laus et iubilátio,
salus, honor, virtus quoque
sit et benedíctio;
Procedénti ab utróque
compar sit laudátio. Amen.
V/. Pánem de caélo praestitísti eis.
R/. Omne delectaméntum in se habéntem.
22
tuae memóriam reliquísti; tríbue, quaésumus, ita nos Córporis
et Sánguinis tui sacra mystéria venerári; ut redemptiónis tuae
fructum in nobis júgiter sentiámus. Qui vivis et regnas in saé-
cula saeculórum. R/. Amen.
Veneremos, adoremos
a presença do senhor,
nossa Luz e Pão da Vida.
Cante a alma o seu louvor.
Adoremos no sacrário
Deus oculto por amor.
23
Ao Espírito Santo
Veni Creátor
Veni, creátor Spíritus
mentes tuórum vísita,
imple supérna grátia,
quæ tu creásti, péctora.
Tu septifórmis múnere,
digitus patérnæ déxteræ,
tu rite promíssum Patris
sermóne ditans gúttura.
24
teque utriúsque Spíritum
credámus omni témpore.
26
In fletu solátium.
O lux beatíssima,
Reple cordis íntima
Tuórum fidélium.
Sine tuo númine,
Nihil est in hómine,
Nihil est innóxium.
Lava quod est sórdidum,
Riga quod est áridum,
Sana quod est sáucium.
Flecte quod est rígidum,
Fove quod est frígidum,
Rege quod est dévium.
Da tuis fidélibus
In te confidéntibus
Sacrum septenárium.
Da virtútis méritum,
Da salútis éxitum,
Da perénne gáudium. Amen.
27
Ó luz venturosa,
que vossos clarões
encham os corações.
Sem vosso poder
em qualquer vivente
nada há de inocente.
Lavai o impuro
e regai o seco,
curai o enfermo.
Dobrai a dureza,
aquecei o frio,
livrai do desvio.
Aos vossos fiéis
que oram com vibrantes sons
dai os sete dons.
Dai virtude e prêmio
e no fim dos dias
eterna alegria.
Amém.
28
Orações a Nossa Senhora
Anjo do Senhor
V/. O anjo do Senhor anunciou a Maria.
R/. E Ela concebeu do Espírito Santo.
Ave Maria.
Angelus
V/. Angelus Dómini nuntiávit Maríæ.
R/. Et concépit de Spíritu Sancto.
Ave, Maria.
29
V/. Ecce ancílla Dómini.
R/. Fiat mihi secúndum verbum tuum.
Ave, María.
Rainha do Céu
V/. Rainha do Céu, alegrai-Vos, aleluia.
R/. Porque quem merecestes trazer em vosso seio, aleluia.
30
Regina coeli
V/. Regína cæli, lætáre, allelúia.
R/. Quia quem meruísti portáre, allelúia.
Lembrai-vos
Lembrai-vos ó piíssima Virgem Maria,
que nunca se ouviu dizer que algum
daqueles que recorreram à vossa
proteção, imploraram a vossa
assistência e reclamaram o vosso
socorro, fosse por vós desamparado.
Animado eu, pois, com igual confiança,
a vós, Virgem, entre todas singular,
como à minha Mãe recorro; de vós me
valho e, gemendo sob o peso de meus
pecados, me prostro aos vossos pés.
Não rejeiteis as minhas súplicas, ó
Mãe do Filho de Deus humanado, mas
dignai-vos de as ouvir e de me
alcançar o que vos rogo. Amém.
31
Memorare
Memorare, O piissima Virgo Maria,
non esse auditum a saeculo,
quemquam ad tua currentem
praesidia, tua implorantem auxilia, tua
petentem suffragia, esse derelictum. Ego
tali animatus confidentia, ad te, Virgo
Virginum, Mater, curro, ad te venio,
coram te gemens peccator assisto.
Noli, Mater Verbi, verba mea despicere;
sed audi propitia et exaudi. Amen.
Stabat Mater
De pé a Mãe dolorosa,
junto da cruz, lacrimosa,
via Jesus que pendia.
No coração transpassado
sentia o gládio enterrado
de uma cruel profecia.
E, suspirando, chorava,
e da cruz não se afastava,
ao ver que o Filho morria.
32
Quem na terra há que resista,
se a mãe assim se contrista
ante uma tal agonia?
33
Alma Redemptóris Mater
Alma Redemptoris Mater, quae pervia caeli
Porta manes, et stella maris, succurre cadenti,
Surgere qui curat, populo: tu quae genuisti,
Natura mirante, tuum sanctum Genitorem
Virgo prius ac posterius, Gabrielis ab ore
Sumens illud Ave, peccatorum miserere.
De Gabriel, o Arcanjo
Aquele Ave Tomando
34
Concede ao mundo a paz
De Eva o nome trocando.
Glória se dê ao Pai,
Honra a Cristo Senhor
E ao Espírito Santo,
Aos três só louvor.
Amém.
35
Sumens illud “Ave”
Gabriélis ore,
funda nos in pace,
mutans Evæ nomen.
Vírgo sínguláris,
inter omnes mitis,
nos culpis solútos
mites fac et castos.
36
Santo Rosário (português)
Visita ao Santíssimo
V/. Graças e louvores sejam dados a todo momento.
R/. Ao santíssimo e diviníssimo Sacramento.
Pai nosso que estais nos céus, santificado seja o vosso nome;
venha a nós o vosso reino, seja feita a vossa vontade assim na
terra como no céu.
O pão nosso de cada dia nos dai hoje; perdoai-nos as nossas
ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendi-
do, e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.
Amém.
37
Ato de contrição.
Mistérios
Enuncia-se o mistério contemplado e se reza um pai-nosso, dez ave-
-mariase um glória, seguidos da seguinte jaculatória:
Ó meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno. Levai as
almas todas para o céu e socorrei principalmente as que mais pre-
cisarem.
38
MISTÉRIOS GLORIOSOS (quarta-feira e domingo)
1. A Ressurreição do Senhor.
2. A Ascensão do Senhor aos céus.
3. A vinda do Espírito Santo.
4. A Assunção de Nossa Senhora.
5. A coroação de Maria Santíssima.
* * *
39
R/. Jesus Cristo, tende piedade de nós.
V/. Senhor, tende piedade de nós,
R/. Senhor, tende piedade de nós.
V/. Jesus Cristo, ouvi-nos,
R/. Jesus Cristo, ouvi-nos.
V/. Jesus Cristo, atendei-nos,
R/. Jesus Cristo, atendei-nos.
V/. Deus Pai dos céus,
R/. Tende piedade de nós.
V/. Deus Filho Redentor do mundo,
R/. Tende piedade de nós.
V/. Deus Espírito Santo,
R/. Tende piedade de nós.
V/. Santíssima Trindade, que sois um só Deus,
R/. Tende piedade de nós.
40
V/. Virgem digna de louvor,
V/. Virgem poderosa,
V/. Virgem clemente,
V/. Virgem fiel,
V/. Espelho da justiça,
V/. Sede da Sabedoria,
V/. Causa da nossa alegria,
V/. Vaso espiritual,
V/. Vaso honorável,
V/. Vaso insigne de devoção,
V/. Rosa mística,
V/. Torre de Davi,
V/. Torre de marfim,
V/. Casa de ouro,
V/. Arca da aliança,
V/. Porta do céu,
V/. Estrela da manhã,
V/. Saúde dos enfermos,
V/. Refúgio dos pecadores,
V/. Consoladora dos aflitos,
V/. Auxílio dos cristãos,
V/. Rainha dos Anjos,
V/. Rainha dos Patriarcas,
V/. Rainha dos Profetas,
V/. Rainha dos Apóstolos,
V/. Rainha dos Mártires,
V/. Rainha dos Confessores,
V/. Rainha das Virgens,
V/. Rainha de todos os Santos,
V/. Rainha concebida sem pecado original,
V/. Rainha assunta aos céus,
V/. Rainha do Santíssimo Rosário,
V/. Rainha da Família,
41
V/. Rainha da Paz,
Observação
Durante o Tríduo Pascal não se diz o glória, que é substituído pelas
seguintes jaculatórias (cf. Fl 2,8s):
Na Quinta-feira Santa:
V/. Cristo se fez por nós
R/. Obediente até a morte.
Na Sexta-feira Santa:
V/. Cristo se fez por nós obediente até a morte
R/. E morte de cruz.
No Sábado Santo:
V/. Cristo se fez por nós obediente até a morte e morte de cruz.
R/. Por isso Deus o exaltou e lhe deu um Nome que está acima de todo
nome.
42
Santo Rosário (latim)
Visita ao Santíssimo
Antiphona:
V/. Adoremus in æternum Sanctíssimum Sacramentum.
R/. Adoremus in æternum Sanctíssimum Sacramentum.
Statio minor:
Pater noster, qui es in cœlis: sanctificetur nomen tuum; advé-
niat regnum tuum; fiat voluntas tua, sicut in cœlo, et in terra.
Panem nostrum cotidianum da nobis hódie; et dimitte nobis
débita nostra, sicut et nos dimíttimus debitóribus nostris; et ne
nos inducas in tentatiónem; sed líbera nos a malo. Amen.
Ato de contrição.
43
V/. Dómine, lábia mea † apéries.
R/. Et os meum annuntiabit laudem tuam.
V/. Deus, in adiuntórium † meum inténde.
R/. Dómine, ad adiuvandum me festina.
V/. Glória Patri, et Fílio, et Spirítui Sancto.
R/. Sicut erat in princípio, et nunc et semper, et in sæcula sæ-
culorum. Amen.
Mistérios
GAUDII MYSTÉRIA (feria secunda et sábbato)
1. Sanctíssimæ Vírgini Mariæ Archángelus Gábriel nunciat Dei
conceptum.
2. Virgo sanctíssima Deo fœta vísitat Elísabeth.
3. Náscitur Salvator in Béthleem civitate David.
4. Párvulus Salvator offertur in Templo Salomonis.
5. Doctoris offício fungens Iesus in Templo repéritur.
44
4. Baiulat crucem Salvator morte condemnatus.
5. Crucifígitur Salvator in monte Calváriæ.
* * *
45
Litaniæ Lauretanæ Beatæ Mariæ Vírginis
V/. Kýrie, eleison.
R/. Kýrie, eleison.
V/. Christe, eleison.
R/. Christe, eleison.
V/. Kýrie, eleison.
R/. Kýrie, eleison.
V/. Christe, audi nos.
R/. Christe, audi nos.
V/. Christe, exaudi nos.
R/. Christe, exaudi nos.
V/. Pater de cœlis, Deus,
R/. Miserere nobis.
V/. Fili, Redemptor mundi, Deus,
R/. Miserere nobis.
V/. Spíritus Sancte, Deus,
R/. Miserere nobis.
V/. Sancta Trínitas, unus Deus,
R/. Miserere nobis.
46
V/. Mater Creatoris,
V/. Mater Salvatoris,
V/. Virgo prudentíssima,
V/. Virgo veneranda,
V/. Virgo prædicanda,
V/. Virgo potens,
V/. Virgo clemens,
V/. Virgo fidelis,
V/. Spéculum iustítiæ,
V/. Sedes sapiéntiæ,
V/. Causa nostræ lætítiæ,
V/. Vas spirituale,
V/. Vas honorábile,
V/. Vas insigne devotionis,
V/. Rosa mýstica,
V/. Turris Davídica,
V/. Turris ebúrnea,
V/. Domus áurea,
V/. Foéderis arca,
V/. Iánua cœli,
V/. Stella matutina,
V/. Salus infirmorum,
V/. Refúgium peccatorum,
V/. Consolatrix afflictorum,
V/. Auxílium christianorum,
V/. Regina Angelorum,
V/. Regina Patriarcharum,
V/. Regina Prophetarum,
V/. Regina Apostolorum,
V/. Regina Mártyrum,
V/. Regina Confessorum,
V/. Regina Vírginum,
V/. Regina Sanctórum ómnium,
47
V/. Regina sine labe originali concepta,
V/. Regina in cœlum assumpta,
V/. Regina sacratíssimi Rosárii,
V/. Regina famíliæ,
V/. Regina pacis,
Observação
Durante o Tríduo Pascal não se diz o glória, que é substituído pelas
seguintes iaculatórias (cf. Fl 2,8s):
Na Quinta-feira Santa:
V/. Christus factus est pro nobis.
R/. Oboediens usque ad mortem.
48
Na Sexta-feira Santa:
V/. Christus factus est pro nobis oboediens usque ad mortem.
R/. Mortem autem Crucis.
No Sábado Santo:
V/. Christus factus est pro nobis oboediens usque ad mortem,
mortem autem Crucis.
R/. Propter quod et Deus exaltávit illum et dedit illi nomen
quod est super omne nomen.
49
Preparação para a Santa Missa
À Santíssima Virgem
Ó Mãe de bondade e de misericórdia, Santíssima Virgem Maria,
eu, miserável e indigno pecador, a Vós recorro de todo o coração
e com todo o amor; e Vos suplico que, assim como estivestes
de pé junto ao vosso amabilíssimo Filho pendente da Cruz, me
assistais também a mim, mísero pecador, e a todos os sacerdo-
tes que hoje na Santa Igreja oferecem o Santo Sacrifício. Auxi-
liados pela vossa graça, possamos nós apresentar à suprema e
indivisível Trindade a Vítima verdadeiramente digna de lhe ser
oferecida.
A S. José
São José, varão feliz, que tivestes a dita de ver e ouvir o próprio
Deus, a quem muitos reis quiseram ver e não viram, ouvir e não
ouviram; e não só ver e ouvir, mas ainda trazê-lo em vossos bra-
ços, beijá-lo, vesti-lo e guardá-lo!
- Rogai por nós, bem-aventurado São José.
- Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.
Oremos: Ó Deus, que nos concedestes o sacerdócio real, nós
Vos pedimos que, assim como São José mereceu cuidar e trazer
em seus braços com carinho o vosso Filho unigênito, nascido da
Virgem Maria, façais que nós Vos sirvamos com coração limpo e
boas obras, de modo que hoje recebamos dignamente o sacros-
santo Corpo e Sangue do vosso Filho, e na vida futura mereça-
mos alcançar o prêmio eterno. Amém.
50
Oração de S. Tomás de Aquino
Ó Deus eterno e todo-poderoso, eis que me aproximo do sacra-
mento do vosso Filho único, Nosso Senhor Jesus Cristo. Impu-
ro, venho à fonte da misericórdia; cego, à luz da eterna clari-
dade; pobre e indigente, ao Senhor do céu e da terra. Imploro,
pois, a abundância da vossa liberalidade, para que Vos digneis
curar a minha fraqueza, lavar as minhas manchas, iluminar a
minha cegueira, enriquecer a minha pobreza, vestir a minha
nudez. Que eu receba o Pão dos Anjos, o Rei dos reis e o Senhor
dos senhores, com o respeito e a humildade, a contrição e a de-
voção, a pureza e a fé, o propósito e a intenção que convém à
salvação da minha alma. Dai-me que receba não só o sacramen-
to do Corpo e do Sangue do Senhor, mas também o seu efeito e
a sua força. Ó Deus de mansidão, fazei-me acolher com tais dis-
posições o Corpo que o vosso Filho único, Nossos Senhor Jesus
Cristo, recebeu da Virgem Maria, que seja incorporado ao seu
Corpo Místico e contado entre os seus membros. Ó Pai cheio de
amor, fazei que, recebendo agora o vosso Filho sob o véu do sa-
cramento, possa na eternidade contemplá-lo face a face. Amém.
Ato de fé
Ó Jesus, Deus e homem verdadeiro, creio firmemente que, por
nosso amor e para ser o alimento da nossa alma, estais no San-
tíssimo Sacramento do Altar, tão real e perfeitamente como es-
tais no Céu.
Ato de adoração
Ó Jesus, adoro-Vos profundamente neste diviníssimo Sacra-
mento, em que Vos reconheço oculto debaixo das espécies sa-
cramentais, como Deus e homem verdadeiro, meu Criador, Se-
nhor, Redentor, sumo e único Bem.
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Ato de esperança
Ó Jesus, espero que, recebendo-Vos neste diviníssimo Sacra-
mento, usareis comigo de misericórdia e me dareis todas as gra-
ças necessárias e até abundantes para me santificar e alcançar a
minha eterna salvação.
Ato de amor
Ó Jesus, amo-Vos com todo o coração sobre todas as coisas,
porque sois o meu Deus, infinitamente amável, meu Pai, meu
Redentor e meu tudo; e por amor de Vós, amo o próximo como
a mim mesmo e perdôo de todo o coração os que me têm ofen-
dido.
52
Quando te aproximares do Sacrário, pensa que Ele!... faz vinte
séculos que te espera. (Caminho)
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Ao Espírito Santo
Ó Deus clementíssimo, escutai com piedade as nossas súplicas e
iluminai o nosso coração com a graça do Espírito Santo, para que
mereçamos servir com dignidade os vossos mistérios e amar-Vos
com caridade eterna. Ó Deus, que conheceis o nosso coração e a
nossa vontade, e que não ignorais nenhum segredo: purificai os
nossos pensamentos infundindo-nos o Espírito Santo, para que
mereçamos amar-Vos com perfeição e louvar-Vos dignamente.
Senhor, inflamai as nossas entranhas e o nosso coração com o
fogo do Espírito Santo, para que Vos sirvamos com um corpo
casto e Vos agrademos com um coração limpo. Nós Vos pedi-
mos, Senhor, que o Paráclito que procede de Vós ilumine o nos-
so entendimento e nos leve a conhecer a verdade, como o vosso
Filho nos prometeu. Nós Vos pedimos, Senhor, que nos assista
o poder do Espírito Santo, para que purifique com clemência os
nossos corações e nos defenda de todos os perigos. Ó Deus, que
instruístes os corações dos fiéis com a luz do Espírito Santo, con-
cedei-nos amar, no mesmo Espírito, o que é reto, e gozar sem-
pre a sua consolação. Nós Vos pedimos, Senhor, que purifiqueis
as nossas consciências para que, ao vir o nosso Senhor Jesus
Cristo, vosso Filho, encontre preparada em nós a sua mansão.
Ele que vive e reina convosco pelos séculos dos séculos. Amém.
Comunhões espirituais
Ó meus Jesus, creio que estás no Santíssimo Sacramento; vos
amo sobre todas as coisas e desejo receber-vos dentro da minha
alma. Já que agora não posso fazê-lo sacramentalmente, vinde
ao menos espiritualmente ao meu coração. Como se já tivesses
vindo, vos abraço e me uno todo a vós, não permitais jamais
que eu volte a abandonar-vos.
55
Ação de graças
depois da Santa Missa
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virtudes; sirva-me de firme defesa contra os embustes de todos
os meus inimigos, tanto visíveis como invisíveis; serene e regu-
le perfeitamente os movimentos, tanto da minha carne como
do meu espírito; una-me firmemente a Vós, que sois o único e
verdadeiro Deus; e seja enfim a feliz consumação do meu des-
tino. Dignai-Vos, Senhor, eu Vos suplico, conduzir-me, a mim,
pecador, a esse inefável banquete onde, com o vosso Filho e o
Espírito Santo, sois para os vossos santos luz verdadeira, gozo
pleno e alegria eterna, cúmulo de delícias e felicidade perfeita.
Pelo mesmo Jesus Cristo, Senhor Nosso. Amém.
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Ó Jesus, a quem os anjos desejam contemplar, tenha sempre
o meu coração fome de Vós, e o interior da minha alma trans-
borde com a doçura do vosso sabor; tenha sempre sede de Vós,
fonte de vida, manancial de sabedoria e de ciência, rio de luz
eterna, torrente de delícias, abundância da Casa de Deus; que
Vos deseje, Vos procure, Vos encontre; que para Vós caminhe
e para Vós chegue; que em Vós pense, de Vós fale, e todas as
minhas ações encaminhe para a honra e glória do vosso nome,
com humildade e discrição, com amor e deleite, com facilidade
e afeto, com perseverança até o fim; para que Vós sejais sempre
a minha esperança, meu gozo, meu descanso e minha tranqüi-
lidade, minha paz, minha suavidade, meu perfume, minha do-
çura, minha comida, meu alimento, meu refúgio, meu auxílio,
minha sabedoria, minha herança, minha posse, meu tesouro,
no qual estejam sempre fixos e firme e inabalavelmente arrai-
gados a minha alma e o meu coração. Amém.
58
Ofereço-Vos os meus pensamentos, para que se dirijam a Vós;
minhas palavras, para que falem de Vós;
minhas obras, para que sejam vossas;
minhas contrariedades, para que as aceite por Vós.
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Fazei-me prudente nos conselhos,
constante nos perigos,
paciente nas contrariedades,
humilde na prosperidade.
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Oração à Santíssima Virgem Maria
Ó Maria, Virgem e Mãe Santíssima, eis que recebi o vosso ama-
díssimo Filho, a quem concebestes no vosso seio imaculado,
criastes e alimentastes em vosso peito, e abraçastes amorosa-
mente. Eis que Vos apresento e ofereço com amor e humildade
Aquele que vos alegrava contemplar e que Vos enchia de delí-
cias, para que o aperteis em vossos braços, o ameis em vosso
coração e o ofereçais em supremo culto de adoração à Santíssi-
ma Trindade, para vossa honra e glória e pelas minhas necessi-
dades e pelas de todo o mundo. Suplico-Vos, piedosíssima Mãe,
que me alcanceis o perdão de todos os meus pecados e graça
abundante para servir o Senhor desde agora com maior fideli-
dade; e por último a graça da perseverança final, para que possa
louvá-lo convosco pelos séculos dos séculos. Amém.
Oferecimento de si mesmo
Tomai, Senhor, e recebei, toda a minha liberdade, a minha me-
mória, o meu entendimento e toda a minha vontade. Tudo
quanto tenho e possuo de Vós o recebi. Por isso a Vós, Senhor, o
entrego e restituo para que disponhais de tudo segundo a vossa
vontade. Concedei-me somente o vosso amor e a vossa graça,
que isto me basta, e não desejo outra coisa da vossa misericór-
dia infinita.
61
Oração de São Francisco
Senhor, fazei de mim um instrumento da vossa paz; onde hou-
ver ódio, que eu leve o amor; onde houver ofensa, que eu leve o
perdão; onde houver discórdia, que eu leve a união; onde hou-
ver dúvida, que eu leve a fé; onde houver erro, que eu leve a
verdade; onde houver desespero, que eu leve a esperança; onde
houver tristeza, que eu leve a alegria; onde houver trevas, que
eu leve a luz. Ó Mestre, fazei que eu procure mais consolar que
ser consolado, compreender que ser compreendido, amar que
ser amado. Pois é dando que se recebe, é perdoando que se é
perdoado, e é morrendo que se vive para a vida eterna. Amém.
Oração a S. Paulo
Ó Deus, nós vos louvamos e agradecemos porque tivestes gran-
de misericórdia com S. Paulo, transformando-o de perseguidor
em incansável apóstolo da Igreja. S. Paulo, intercedei por nós
ao Senhor, para que nos conceda um coração aberto à graça, a
libertação do nosso egoísmo e a total configuração do nosso ser
com Jesus Cristo. Amém.
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Eis-me aqui
Eis-me aqui, Senhor, ó bom e dulcíssimo Jesus! De joelhos me
prostro em vossa presença e vos suplico com todo o fervor da
minha alma que vos digneis gravar no meu coração os mais vi-
vos sentimentos de fé, esperança e caridade, verdadeiro arre-
pendimento de meus pecados e firme propósito de emenda, en-
quanto vou considerando, com vivo afeto e dor, as vossas cinco
chagas, tendo diante dos olhos aquilo que o profeta Davi já vos
fazia dizer, ó bom Jesus: Trespassaram minhas mãos e meus
pés e contaram todos os meus ossos (Sl 21, 17).
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10. Que a terra bendiga o Senhor; louve-O e exalte-O para sem-
pre.
11. Montes e colinas, bendizei o Senhor; plantas que brotais da
terra, bendizei o Senhor.
12. Mares e rios, bendizei o Senhor; fontes, bendizei o Senhor.
13. Cetáceos e animais que viveis nas águas, bendizei o Senhor;
pássaros todos do céu, bendizei o Senhor.
14. Animais selvagens e rebanhos, bendizei o Senhor; filhos dos
homens, bendizei o Senhor.
15. Bendiga Israel o Senhor; louve-O e exalte-O para sempre.
16. Sacerdotes do Senhor, bendizei o Senhor; servos do Senhor,
bendizei o Senhor.
17. Espíritos e almas dos justos, bendizei o Senhor; santos e
humildes de coração, bendizei o Senhor.
18. Ananias, Azarias e Misael, bendizei o Senhor; louvai-O e
exaltai-O para sempre.
19. Bendigamos o Pai, o Filho e o Espírito Santo; louvemo-Lo e
exaltemo-Lo para sempre.
20. Senhor, Vós sois bendito no firmamento dos céus; sois dig-
no de louvor e glória para sempre.
Salmo 150
Não se diz Glória nem Amém.
1. Louvai o Senhor no seu santuário, louvai-O no seu augusto
firmamento.
2. Louvai-O por suas obras grandiosas, louvai-O por sua excelsa
majestade.
3. Louvai-O ao som da trombeta, louvai-O com o saltério e a
cítara.
4. Louvai-O com tímpanos e danças, louvai-O com a harpa e a
flauta.
5. Louvai-O com címbalos sonoros, louvai-O com címbalos de
júbilo: tudo o que respira louve o Senhor.
64
Glória ao Pai.
Pai Nosso.
E não nos deixeis cair em tentação.
Mas livrai-nos do mal.
65
vossa inspiração, e as acompanheis com a vossa ajuda, a fim de
que todos os nossos trabalhos e orações em Vós comecem sem-
pre e convosco acabem.
Dai-nos, Senhor, a graça de extinguir o ardor dos vícios, Vós
que concedestes a São Lourenço a virtude de vencer o fogo de
seu martírio. Por Cristo Senhor Nosso. Amém.
66
Orações a São José
Para o trabalho
Ó glorioso S. José, modelo de todos os que se consagram ao tra-
balho! Alcançai-me a graça de trabalhar com espírito de peni-
tência, em expiação dos meus pecados; de trabalhar com cons-
ciência, pondo o cumprimento do meu dever acima das minhas
naturais inclinações; de trabalhar com agradecimento e alegria,
olhando como uma honra o poder de desenvolver por meio do
trabalho os dons recebidos por Deus. Alcançai-me a graça de
trabalhar com ordem, constância, intensidade e presença de
Deus, sem jamais retroceder ante as dificuldades; de trabalhar,
acima de tudo, com pureza de intenção e desapego de mim mes-
mo, tendo sempre diante dos meus olhos todas as almas e as
contas que prestarei a Deus do tempo perdido, das habilidades
inutilizadas, do bem omitido e das estéreis vaidades em meus
trabalhos, tão contrárias à obra de Deus. Tudo por Jesus, tudo
por Maria, tudo à vossa imitação, ó Patriarca São José! Este
será o meu lema na vida a na morte. Amém.
Ave José
Ave-José, pai adotivo do Menino-Jesus, bendito sois vós entre
todos os homens, bendito os vossos braços que carregaram o
Senhor. São José, nosso pai e senhor, protegei-nos dos nossos
inimigos e levai-nos até às portas do Céu. Amém.
67
Orações diversas
68
Santa Maria, Mãe de Deus rogai por mim agora e na hora de
minha morte. São José, meu pai e senhor, alcançai-me que eu
morra com a morte dos justos.
Aceitação da morte
Ó Deus, meu Pai, Senhor da vida e da morte, que por decre-
to imutável, em justo castigo de nossas culpas, estabelecestes
que todos os homens tem que morrer: olhai-me aqui prostrado
diante de Vós. Detesto de todo coração as minhas culpas pas-
sadas, pelas quais mereci mil vezes a morte, que agora aceito
para expiá-las e para obedecer a Vossa amável Vontade. De bom
grado morrerei, Senhor, no tempo, no lugar, do modo que Vós
quiserdes, e até esse momento aproveitarei os dias de vida que
me restam, para lutar contra os meus defeitos e crescer no vos-
so amor, para quebrar todos os laços que atam o meu coração as
criaturas, para preparar minha alma para comparecer a Vossa
presença; e desde agora abandono-me sem reservas nos braços
da Vossa Paternal Providência.
69
Oração à Sagrada Família
Jesus, morto por mim, concedei-me a graça de morrer
num ato de perfeita caridade para convosco.
Santa Maria, Mãe de Deus,
rogai por mim agora e na hora da minha morte.
São José, meu Pai e Senhor,
alcançai-me que morra com a morte dos justos.
Amém.
70
Outras devoções, hinos e salmos
Ubi cáritas
Onde o amor e a caridade, Deus aí está.
Congregou-nos num só corpo o amor de Cristo.
Exultemos, pois, e nele jubilemos.
Ao Deus vivo nós temamos, mas amemos.
E, sinceros, uns aos outros nos queiramos.
Onde o amor e a caridade, Deus aí está.
Todos juntos, num só corpo congregados,
pela mente não sejamos separados.
Cessem lutas, cessem rixas, dissensões.
Esteja em nosso meio Cristo Deus.
Onde o amor e a caridade, Deus aí está.
Junto um dia com os eleitos,
nós vejamos tua face gloriosa, Cristo Deus.
Gáudio puro, que é imenso e que ainda vem,
pelos séculos nos séculos.
Amém.
Salmo II (latim)
Regnum eius, regnum sempitérnum est, et omnes reges sér-
vient ei et obédient (Alleluia).
71
5. Tunc loquetur ad eos in ira sua et in furore suo conturbabit
eos:
6. Ego autem constítui regem meum super Sion, montem sanc-
tum meum!
7. Prædicabo decretum eius. Dóminus dixit ad me. “Filius meus
es tu; ego hódie génui te.
8. Póstula a me, et dabo tibi gentes hereditatem tuam et pos-
sessionem tuam términos terræ;
9. Reges eos in virga férrea et tamquam vas fíguli confringes
eos”.
10. Et nunc, reges, intellégite, erudímini, qui iúdicatis terram.
11. Servite Dómino in timore et exsultate ei cum tremore.
12. Appreehéndite disciplinam, ne quando irascatur, et pereatis
de via, cum exárserit in brevi ira eius. Beati omnes, qui confi-
dunt in eo.
72
Salmo 22
O Senhor é meu pastor, nada me faltará.
Em verdes prados me faz repousar,
conduz-me junto às águas refrescantes.
Restaura as forças de minha alma,
pelos caminhos retos Ele me leva,
por amor do seu nome.
Ainda que eu atravesse o vale tenebroso,
não temerei mal algum, porque Vós estais comigo
Vosso bordão e vosso báculo
são o meu amparo.
Preparais para mim a mesa
à vista de meus inimigos.
Derramais o perfume sobre a minha cabeça,
transborda a minha taça.
A vossa bondade e misericórdia hão de
seguir-me por todos os dias da minha vida.
E habitarei na casa do Senhor,
por longos dias.
Salmo 50
Tende piedade de mim, ó Deus, segundo a vossa infinita mise-
ricórdia. E segundo a grandeza da vossa clemência, apagai os
traços da minha falta.
Só contra Vós pequei, e fiz o mal diante dos vossos olhos. Assim
é justa a vossa sentença e reto o vosso juízo. Porque reconheço
ter sido dado à luz na iniquidade, e em pecado me concebeu a
minha mãe.
73
Porque amais a sinceridade de coração, implantai a sabedoria
no íntimo de minha alma. Aspergi-me com o hissopo e serei
purificado; lavai-me, e ficarei mais branco que a neve.
74
Psalmus Miserere 50
Miserére mei, Deus, secúndum misericórdiam tuam;
Et secúndum multitúdinem miseratiónum tuárum
dele iniquitátem meam.
Amplius lava me ab iniquitáte mea
et a peccato meo munda me.
75
Líbera me de sanguínibus, Deus, Deus salútis meæ,
et exsultábit lingua mea justítiam tuam.
Benedíctus
Bendito o Senhor Deus de Israel
que visitou e redimiu o seu povo,
e nos deu um Salvador poderoso
na casa de David, seu servo,
conforme prometeu pela boca
dos seus santos,
os profetas dos tempos antigos,
para nos libertar dos nossos inimigos,
e das mãos daqueles que nos odeiam.
Para mostrar a sua misericórdia a favor dos nossos pais,
recordando a sua sagrada aliança,
e o juramento que fizera a Abraão, nosso pai,
que nos havia de conceder esta graça:
de O servirmos um dia, sem temor,
livres das mãos dos nossos inimigos,
76
em santidade e justiça, na sua presença,
todos os dias da nossa vida.
E tu, menino, serás chamado profeta do Altíssimo,
porque irás à sua frente a preparar os seus caminhos,
para dar a conhecer ao seu povo a salvação
pela remissão dos seus pecados,
graças ao coração misericordioso do nosso Deus,
que das alturas nos visita como sol nascente,
para iluminar os que jazem nas trevas
e na sombra da morte
e dirigir os nossos passos no caminho da paz.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.
Como era no princípio, agora e sempre.
Amén.
77
este tempo de oração. Minha Mãe Imaculada, São José, meu Pai
e Senhor, meu Anjo da Guarda, intercedei por mim.
[almoço]
V/. Que o Rei da eterna glória nos faça participantes da mesa
celestial.
R/. Amém.
[jantar]
V/. Que o Rei da eterna glória nos conduza à Ceia da vida eter-
na.
R/. Amém.
78
Orações pelos defuntos
Responso (português)
Pai nosso.
79
V/. O Senhor esteja convosco.
R/. Ele está no meio de nós.
Oração
Ouvi ó Pai, as nossas preces; sede misericordioso para com o(s)
vosso(s) servo(s) N., que chamastes deste mundo. Concedei-
-lhe(s) a luz e a paz no convívio dos vossos santos. Por Nosso
Senhor Jesus Cristo, na unidade do Espírito Santo.
R/. Amém.
Oração
Absolvei, Senhor, a(s) alma(s) do(s) vosso(s) servo(s) N. de to-
dos os laços do pecado, a fim de que, na ressurreição gloriosa,
entre os vossos Santos e eleitos, possa(m) ele(s), ressuscitado(s)
em seu(s) corpo(s), de novo respirar(em). Por Cristo Nosso Se-
nhor.
R/. Amém.
80
Responso (latim)
81
ORÉMUS
Fidélium, Deus, ómnium cónditor et redémptor: animábus fa-
mulórum, famularúmque tuarum remissiónem cunctórum trí-
bue peccatórum; ut indulgéntiam, quam semper optavérunt,
piis supplicatiónibus consequántur. Per Christum Dóminum
nostrum.
R/. Amen.
[Aliæ orationes]
Pro parentibus
Oremus
Deus, qui nos patrem et matrem honoráre præcepísti: miserére
cleménter animábus paréntum nostrórum, eorúmque peccáta
dimítte; nosque eos in ætérnæ claritátis gáudio fac vidére. Per
Christum Dóminum nostrum.
R/. Amen.
83
bus misericórdiam tuam súpplices deprecámur, ut ánimam fá-
muli tui (fámulæ tuæ) N., quam de hoc sæculo migráre iussísti,
in pacis ac lucis regióne constítuas, et sanctórum tuórum iúbe-
as esse consórtem. Per Christum Dóminum nostrum.
R/. Amen.
84
Fórmulas de Doutrina Católica
Os mandamentos da caridade
1. Amarás o Senhor teu Deus, com todo
o teu coração, com toda a tua alma e
com toda a tua mente.
2. Amarás o próximo como a ti mesmo.
85
dizem toda espécie de mal contra vós por minha causa.
Alegrai-vos e exultai,
porque grande é a vossa recompensa nos céus.
As virtudes teologais
1. Fé
2. Esperança
3. Caridade
As virtudes cardeais
1. Prudência
2. Justiça
3. Fortaleza
4. Temperança
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9. Fidelidade
10. Modéstia
11. Continência
12. Castidade
Os mandamentos da Igreja
1. Participar da Missa aos domingos e festas de guarda e perma-
necer livres de trabalhos e de atividades que poderiam impedir
a santificação desses dias.
2. Confessar os próprios pecados pelo menos uma vez ao ano.
3. Receber o sacramento da Eucaristia pelo menos na Páscoa.
4. Abster-se de comer carne e observar os jejum nos dias esta-
belecidos pela Igreja.
5. Suprir as necessidades materiais da própria Igreja, segundo
as próprias possibilidades.
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Os vícios capitais
1. Soberba
2. Avareza
3. Luxúria
4. Ira
5. Gula
6. Inveja
7. Preguiça
Os novíssimos
1. Morte
2. Juízo
3. Inferno
4. Paraíso
88
RUMO À SANTIDADE
Homilia de São Josemaria, pronunciada em 26-XI-1967
fonte: www.escrivaworks.org.br
89
Falar com Deus
Invocar-me-eis e Eu vos atenderei (Ier XXIX, 12). E nós o
invocamos conversando com Ele, dirigindo-nos a Ele. Por isso,
temos que por em prática a exortação do Apóstolo: Sine inter-
missione orate (1 Thes, V, 17); rezai sempre, aconteça o que
acontecer. Não só de coração, mas de todo o coração (S. Ambró-
sio, Expositio in Psalmum CXVIII, XIX, 12 -PL 15, 1471).
Talvez se pense que a vida nem sempre é fácil de levar, que
não faltam dissabores e penas e tristezas. Responderei, tam-
bém com São Paulo, que nem a morte, nem a vida, nem os an-
jos, nem os principados, nem as virtudes; nem o presente, nem
o futuro, nem a força, nem o que há de mais alto, nem de mais
profundo, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos
jamais do amor de Deus, que se fundamenta em Jesus Cristo
Nosso Senhor (Rom VIII, 38-39). Nada nos pode afastar da ca-
ridade de Deus, do Amor, da relação constante com o nosso Pai.
Recomendar esta união contínua com Deus, não será apre-
sentar um ideal tão sublime, que se revele inacessível à maioria
dos cristãos? Na verdade, alta é a meta, mas não inacessível.
A senda que conduz à santidade é senda de oração, e a oração
deve vingar pouco a pouco na alma, como a pequena semente
que se converterá mais tarde em árvore frondosa.
Começamos com orações vocais, que muitos de nós repeti-
mos quando crianças: são frases ardentes e singelas, dirigidas
a Deus e à sua Mãe, que é nossa Mãe. Ainda hoje, de manhã
e à tarde, não um dia, mas habitualmente, renovo aquele ofe-
recimento de obras que me ensinaram meus pais: O’ Senhora
minha, ó minha Mãe! Eu me ofereço todo a Vós. E, em prova do
meu afeto filial, vos consagro neste dia os meus olhos, os meus
ouvidos, a minha boca, o meu coração... Não será isto - de certa
maneira - um princípio de contemplação, demonstração evi-
dente de confiado abandono? O que é que dizem um ao outro
os que se amam, quando se encontram? Como se comportam?
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Sacrificam tudo o que são e tudo o que possuem pela pessoa
amada.
Primeiro, uma jaculatória, e depois outra, e mais outra..., até
que parece insuficiente esse fervor, porque as palavras se tor-
nam pobres..., e se dá passagem à intimidade divina, num olhar
para Deus sem descanso e sem cansaço. Vivemos então como
cativos, como prisioneiros. Enquanto realizamos com a maior
perfeição possível, dentro dos nossos erros e limitações, as ta-
refas próprias da nossa condição e do nosso ofício, a alma an-
seia escapar-se. Vai-se rumo a Deus, como o ferro atraído pela
força do ímã. Começa-se a amar a Jesus de forma mais eficaz,
com um doce sobressalto.
Eu vos livrarei do cativeiro, estejais onde estiverdes (Ier
XXIX, 14). Livramo-nos da escravidão pela oração: sabemo-nos
livres, voando num epitalâmio de alma apaixonada, num cân-
tico de amor, que impele a não desejar afastar-se de Deus. Um
novo modo de andar na terra, um modo divino, sobrenatural,
maravilhoso. Recordando tantos escritores castelhanos qui-
nhentistas, talvez nos agrade saborear isto por nossa conta:;
vivo porque não vivo; é Cristo que vive em mim! (Cfr. Gal II,
20).
Aceita-se com gosto a necessidade de trabalhar neste mundo
durante muitos anos, porque Jesus tem poucos amigos cá em
baixo. Não recusemos a obrigação de viver, de nos gastarmos -
bem espremidos - a serviço de Deus e da Igreja. Desta maneira,
em liberdade: in libertatem gloriae filiorum Dei (Rom VIII, 21),
qua libertate Christus nos liberavit (Gal IV, 31); com a liberdade
dos filhos de Deus, que Jesus Cristo nos conquistou morrendo
sobre o madeiro da Cruz.
É possível que, já desde o princípio, se levantem grandes
nuvens de pó e que, ao mesmo tempo, os inimigos da nossa
santificação empreguem um técnica tão veemente e tão bem
orquestrada de terrorismo psicológico - de abuso de poder - que
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arrastem em sua absurda direção inclusive aqueles que durante
muito tempo mantinham outra conduta mais lógica e reta. E,
embora essa voz soe a sino rachado, que não foi fundido com
bom metal e é bem diferente dos silvos do pastor, desse modo
aviltam a palavra, que é um dos dons mais preciosos que o ho-
mem recebeu de Deus, dádiva belíssima para manifestar altos
pensamentos de amor e de amizade ao Senhor e às suas criatu-
ras; a tal ponto que se chega a entender por que São Tiago diz da
língua que ela é um mundo inteiro de malícia (Iac III, 6), tantos
são os males que pode causar: mentiras, detrações, desonras,
embustes, insultos, murmurações tortuosas.
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perto, que com Ele nos identifiquemos. Não demoraremos a
afirmar, desde que não tenhamos levantado obstáculos à graça,
que nos revestimos de nosso Senhor Jesus Cristo (Rom XIII,
14;). O Senhor reflete-se na nossa conduta como num espelho.
Se o espelho for como deve ser, reproduzirá o semblante amabi-
líssimo do nosso Salvador sem o desfigurar, sem caricaturas: e
os outros terão a possibilidade de admirá-lo, de segui-lo.
Neste esforço de identificação com Cristo, costumo distin-
guir como que quatro degraus: procurá-lo , encontrá-lo, tratá-lo,
amá-lo. Talvez vos sintais como que na primeira etapa. Procurai
o Senhor com fome, procurai-o em vós mesmos com todas as
forças. Atuando com esse empenho, atrevo-me a garantir que já
o tereis encontrado, e que tereis começado a tratá-lo e amá-lo, e
a ter a vossa conversação nos céus (Cfr. Phil III, 20).
Rogo ao Senhor que nos decidamos a alimentar na alma a
única ambição nobre, a única que vale a pena: caminhar ao lado
de Jesus Cristo, como fizeram sua Mãe bendita e o santo Pa-
triarca, com ânsia, com abnegação, sem descuidar nada. Parti-
ciparemos na ventura de divina amizade - num recolhimento
interior, compatível com os nossos deveres profissionais e com
os de cidadãos - e lhe agradeceremos a delicadeza e a clareza
com que nos ensina a cumprir a Vontade do nosso Pai que ha-
bita nos céus.
Mas não esqueçamos que estar com Jesus é, certamente, to-
par com a sua Cruz. Quando nos abandonamos nas mãos de
Deus, é freqüente que Ele nos permita saborear a dor, a solidão,
as contradições, as calúnias, as difamações, os escárnios, por
dentro e por fora: porque quer moldar-nos à sua imagem e se-
melhança, e tolera também que nos chamem loucos e que nos
tomem por néscios.
É a altura de amar a mortificação passiva, que vem - oculta
ou descarada e insolente - quando não a esperamos. Chegam
a ferir as ovelhas com as pedras que se deveriam atirar aos lo-
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bos: o seguidor de Cristo experimenta na sua própria carne que
aqueles que deveriam amá-lo o tratam de uma maneira que vai
da desconfiança à hostilidade, da suspeita ao ódio. Olham-no
com receio, como a um mentiroso, por não acreditarem que
possa haver relação pessoal com Deus, vida interior; em con-
trapartida, com o ateu e com o indiferente, ordinariamente
rebeldes e desavergonhados, desfazem-se em amabilidades e
compreensão.
E talvez o Senhor permita que o seu discípulo se veja atacado
com a arma - nunca honrosa para quem a empunha - das injú-
rias pessoais com o uso de lugares comuns, fruto tendencioso
e delituoso de uma propaganda massiva e mentirosa: porque o
dom do bom gosto e do comedimento não é coisa de todos.
Os que sustentam uma teologia incerta e uma moral relaxa-
da, sem freios; os que praticam a seu talante uma liturgia duvi-
dosa, com uma disciplina de hippies e um governo irresponsá-
vel, não é de estranhar que propaguem, contra os que só falam
de Jesus Cristo, ciumeiras, suspeitas, falsas denúncias, ofensas,
maus tratos, humilhações, falatórios e vexames de toda espécie.
Assim esculpe Jesus a alma dos seus, sem deixar de lhes dar
interiormente serenidade e alegria, porque entendem muito
bem que - com cem mentiras juntas - os demônios não são ca-
pazes de fazer uma verdade. E grava em suas vidas a convicção
de que só se sentirão comodamente quando se decidirem a não
ser comodistas.
Ao admirar e amar deveras a Humanidade Santíssima de Je-
sus, descobriremos uma a uma as suas chagas. E nesses tem-
pos de purificação passiva, penosos, fortes, de lágrimas doces
e amargas que procuramos esconder, precisaremos meter-nos
dentro de cada uma das Feridas Santíssimas: para nos purifi-
carmos, para nos deliciarmos com o Sangue redentor, para nos
fortalecermos. Faremos como as pombas que, no dizer da Escri-
tura (Cfr. Cant II, 14), se abrigam nas fendas das rochas duran-
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te a tempestade. Ocultamo-nos nesse refúgio para achar a inti-
midade de Cristo: e vemos que seu modo de conversar é afável
e seu rosto formoso (Cfr. Cant II, 14), porque só sabem que sua
voz é suave e grata aqueles que receberam a graça do Evangelho,
que os faz dizer; Tu tens palavras de vida eterna (S. Gregório
Niseno, In Canticum Canticorum homiliae, V -PG 44, 879).
Não pensemos que, nesta senda de contemplação, as paixões
ficam definitivamente aplacadas. Seria uma ilusão supor que a
ânsia de procurar Cristo, a realidade do seu encontro e do seu
convívio, bem como a doçura do seu amor, nos transformam
em pessoas impecáveis. Embora todos saibam por experiência,
deixai-me que vo-lo recorde: o inimigo de Deus e do homem,
Satanás, não se dá por vencido, não descansa. Assedia-nos,
mesmo quando a alma está inflamada no amor a Deus. Sabe
que então a queda é mais difícil, mas que - se consegue que a
criatura ofenda o seu Senhor, embora em pouco - poderá lan-
çar-lhe sobre a consciência a grave tentação do desespero.
Se puder servir-vos de aprendizado a experiência de um po-
bre sacerdote que não pretende falar senão de Deus, dar-vos-ei
um conselho: quando a carne tentar recuperar seus foros perdi-
dos, ou a soberba - que é pior - se rebelar e se eriçar, corramos a
abrigar-nos nessas fendas divinas, abertas no Corpo de Cristo
pelos cravos que o pregaram à Cruz e pela lança que lhe atraves-
sou o peito. Façamo-lo do modo que mais nos comova: derra-
memos nas Chagas do Senhor todo esse amor humano... e esse
amor divino. Que isto é apetecer a união, sentir-nos irmãos de
Cristo, seus consangüíneos, filhos da mesma Mãe, pois foi Ela
que nos levou até Jesus.
A Santa Cruz
Ânsias de adoração, de desagravo, com sossegada suavidade
e com sofrimento. Assim se tornará vida na nossa vida a afirma-
ção de Jesus: Aquele que não toma a sua cruz e me segue, não
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é digno de Mim (Mt X, 38). E o Senhor se nos mostra cada vez
mais exigente, pede-nos reparação e penitência, até impelir-nos
a experimentar o fervente anelo de querermos viver para Deus,
cravados com Cristo na cruz (Gal II, 19). Este tesouro, porém,
nós o guardamos em vasos de barro frágil e quebradiço, para
sabermos reconhecer que a grandeza do poder que se nota em
nós é de Deus e não nossa (2 Cor IV, 7).
Vemo-nos acossados por toda espécie de tribulações, mas
não perdemos o ânimo; encontramo-nos em grandes apertos,
mas não desesperados e sem meios; somos perseguidos, não
desamparados; abatidos, mas não inteiramente perdidos; tra-
zemos sempre no nosso corpo, por toda a parte, a mortificação
de Jesus (2 Cor IV, 8-10).
Imaginamos, além disso, que o Senhor não nos escuta, que
estamos enganados, que só se ouve o monólogo da nossa voz.
Sentimo-nos como que sem apoio sobre a terra e abandonados
do céu. No entanto, é verdadeiro e prático o nosso horror ao
pecado, mesmo venial. Com a teimosia da Cananéia, prostra-
mo-nos rendidamente como ela, que o adorou implorando: Se-
nhor, ajuda-me (Mt XV, 25). Desaparecerá a obscuridade, supe-
rada pela luz do Amor.
É o momento de clamar: lembra-te das promessas que me
fizeste, e me encherei de esperança. Isto é o que me consola
no meu nada e enche de fortaleza o meu viver (Cfr. Ps. CXVIII,
49-50). Nosso Senhor quer que contemos com Ele para tudo:
vemos com toda a evidência que sem Ele nada podemos (Cfr. Jo
XV, 5;) e que com Ele podemos tudo (Cfr. Phil IV, 13). Confirma-
-se a nossa decisão de andar sempre na sua presença (Cfr. Ps
CXVIII, 168).
Com a claridade de Deus na inteligência, que parece inativa,
não nos fica a menor dúvida de que, se o Criador cuida de todos
- mesmo dos seus inimigos - muito mais cuidará dos seus ami-
gos! Convencemo-nos de que não há mal nem contradição que
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não venham por bem: assim se assentam com mais firmeza no
nosso espírito a alegria e a paz, que nenhum motivo humano
poderá arrancar-nos, porque estas visitações sempre nos dei-
xam algo de seu, algo divino. Passamos a louvar o Senhor, nosso
Deus, que fez em nós obras admiráveis (Cfr. Iob V, 9); e compre-
endemos que fomos criados com capacidade para possuir um
tesouro infinito (Cfr. Sap VII, 14).
A Trindade Beatíssima
Havíamos começado com orações vocais, simples, encanta-
doras, que aprendemos na infância e que não gostaríamos de
abandonar nunca. A oração, iniciada com esta ingenuidade
pueril, desenvolve-se agora em caudal largo, manso e seguro,
porque vai ao passo da amizade por Aquele que afirmou: Eu sou
o Caminho (Jo XIV, 6). Se amamos Cristo assim, se com divino
atrevimento nos refugiamos na abertura que a lança lhe deixou
no Lado, cumpre-se a promessa do Mestre: Se alguém me ama,
guardará a minha doutrina, e meu Pai o amará, e viremos a ele
e nele faremos morada (Jo XIV, 23).
O coração necessita então de distinguir e adorar cada uma
das Pessoas divinas. De certa maneira, o que a alma realiza na
vida sobrenatural é uma descoberta semelhante às de uma cria-
turinha que vai abrindo os olhos à existência. E entretém-se
amorosamente com o pai e com o Filho e com o Espírito San-
to; e submete-se facilmente à atividade do Paráclito vivificador,
que se nos entrega sem o merecermos: os dons e as virtudes
sobrenaturais!
Corremos como o cervo, que anseia pelas fontes das águas
(Ps XLI, 2); com sede, gretada a boca, ressequida. Queremos
beber nesse manancial de água viva. Sem esquisitices, mergu-
lhamos ao longo do dia nesse veio abundante e cristalino de
frescas linfas que saltam até a vida eterna (Cfr. Jo IV, 14). So-
bram as palavras, porque a língua não consegue expressar-se;
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começa a serenar-se a inteligência. Não se raciocina, fita-se! E
a alma rompe outra vez a cantar com um cântico novo, porque
se sente e se sabe também fitada amorosamente por Deus, em
todos os momentos.
Não me refiro a situações extraordinárias. São, podem mui-
to bem ser fenômenos ordinários da nossa alma: uma loucura
de amor que, sem espetáculo, sem extravagâncias, nos ensina a
sofrer e a viver, porque Deus nos concede a
sabedoria. Que serenidade, que paz então, metidos na senda
estreita que conduz à vida! (Mt VII, 14).
Ascética? Mística? Não me preocupo com isso. Seja o que for,
ascética ou mística, que importa? É merce de Deus. Se tu pro-
curas meditar, o Senhor não te negará a sua assistência. Fé e
obras de fé: obras, porque - já o verificaste desde o início e já o
frisei a seu tempo - o Senhor é cada dia mais exigente. isto é já
contemplação e é união; é assim que deve ser a vida de muitos
cristãos, avançando cada um pela sua própria via espiritual -
são infinitas - no meio dos afãs do mundo, ainda que nem se-
quer se aperceba disso.
Uma oração e uma conduta que não nos afastam das nossas
atividades habituais e que, no meio dessas aspirações nobre-
mente terrenas nos conduzem ao Senhor. Elevando todos os
afazeres a Deus, a criatura diviniza o mundo. Quantas vezes
não tenho falado do mito do rei Midas, que convertia em ouro
tudo em que tocava! Podemos converter tudo o que tocamos
em ouro de méritos sobrenaturais, apesar dos nossos erros pes-
soais.
Assim atua o nosso Deus. Quando aquele filho regressa de-
pois de ter gasto o seu dinheiro vivendo mal e, sobretudo, de-
pois de se ter esquecido de seu pai, é o pai quem diz: Depressa!
Trazei o vestido mais precioso e vesti-lho, metei-lhe um anel no
dedo, calçai-lhe as sandálias e pegai um vitelo gordo, matai-o e
comamos e celebremos um banquete (Lc XV, 22-23). Nosso Pai-
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-Deus, quando acudimos a Ele com arrependimento, da nossa
miséria tira riqueza; da nossa debilidade, fortaleza. O que não
nos há de preparar então, se não o abandonamos, se freqüen-
tamos a sua companhia todos os dias, se lhe dirigimos palavras
de carinho confirmadas com nossas ações, se lhe pedimos tudo,
confiados na sua onipotência e na sua misericórdia? Se prepara
uma festa para o filho que o traiu, só por tê-lo recuperado, o
que não nos outorgara a nós, se sempre procuramos ficar a seu
lado?
Longe da nossa conduta, portanto, a lembrança das ofen-
sas que nos tenham feito, das humilhações que tenhamos pa-
decido - por muito injustas, descorteses e rudes que tenham
sido - porque é impróprio de um filho de Deus ter preparado
um registro para apresentar uma lista de agravos. Não pode-
mos esquecer o exemplo de Cristo, e a nossa fé cristã não se tro-
ca como quem troca de roupa; pode debilitar-se, robustecer-se
ou perder-se. Esta vida sobrenatural dá vigor à fé, e a alma se
apavora ao considerar a miserável nudez humana sem o divino.
E perdoa e agradece: Meu Deus, se contemplo a minha pobre
vida, não encontro nenhum motivo de vaidade e, menos ainda,
de soberba; só encontro abundantes razões para viver sempre
humilde e compungido. Bem sei que não há nada tão senhoril
como servir.
Oração viva
Levantar-me-ei e rodearei a cidade; pelas ruas e praças bus-
carei aquele a quem amo... (Cant III, 2). E não é só a cidade; cor-
rerei todo o mundo de lés a lés - por todas as nações, por todos
os povos, por picadas e atalhos - para alcançar a paz de minha
alma. E a descubro nas ocupações diárias, que para mim não são
estorvo; que são - pelo contrário - vereda e motivo para amar
mais e mais, e mais e mais me unir a Deus.
E quando nos espreita - violenta - a tentação do desânimo,
99
dos contrastes, da luta, da tribulação, de uma nova noite na
alma, o salmista nos põe nos lábios e na inteligência estas pa-
lavras: Com Ele estou no tempo da adversidade (Ps XC, 15). O
que vale, Jesus, diante da tua Cruz, a minha; diante das tuas fe-
ridas, os meus arranhões? o que vale, diante do teu Amor imen-
so, puro e infinito, este pesadume de nada que me puseste às
costas? E os vossos corações - como o meu - se enchem de uma
santa avidez, confessando-lhe - com obras - que morremos de
amor (Cfr. Cant V, 8).
Nasce uma sede de Deus, uma ânsia de compreender as suas
lágrimas; de ver seu sorriso, seu rosto... Julgo que o melhor
modo de exprimi-lo é voltar a repetir com a Escritura : Como
o servo que anseia pelas fontes das águas, assim por Vós anela
minha alma, ó meu Deus! (Ps XLI, 2). E a alma avança meti-
da em Deus, endeusada: fez-se o cristão viajante sequioso, que
abre a boca às águas da fonte (Cfr. Ecclo XXVI, 15).
Com essa entrega, o zelo apostólico se inflama, aumenta de
dia para dia e pega esta ânsia aos outros, porque o bem é difu-
sivo. Não é possível que a nossa pobre natureza , tão perto de
Deus, não arda em fomes de semear pelo mundo inteiro a ale-
gria e a paz, de regar tudo com as águas redentoras que brotam
do Lado aberto de Cristo (Cfr. Jo XIX, 34), de começar e acabar
todas as tarefas por Amor.
Falava há pouco de dores, de sofrimento, de lágrimas. E não
me contradigo se afirmo agora que, para um discípulo que pro-
cura amorosamente o Mestre, é muito diferente o sabor das
tristezas, das penas, das aflições: desaparecem, mal se aceita
deveras a Vontade de Deus, logo que cumprimos com gosto os
seus desígnios, como filhos fiéis, ainda que os nervos pareçam
desfazer-se e o suplício se nos afigure insuportável.
100
Vida corrente
Interessa-me confirmar de novo que não me refiro a uma
forma extraordinária de viver cristãmente. Medite cada um no
que Deus fez por ele e no modo como correspondeu. Se formos
valentes nesse exame pessoal, perceberemos o que nos falta.
Ontem me comovia ao ouvir falar de um catecúmeno japonês
que ensinava catecismo a outros que ainda não conheciam Cris-
to. E envergonhava-me.. Necessitamos de mais fé , mais fé! E,
com a fé, a contemplação.
Recordemos com fé aquela divina advertência que enche a
alma de inquietação e, ao mesmo tempo, lhe sabe a favo de mel:
Redemi te, et vocavi te nomine tuo: meus es tu (Is XLIII, 1); Eu
te redimi e te chamei pelo teu nome: tu és meu! Não roubemos
a Deus o que é seu. Um Deus que nos amou a ponto de mor-
rer por nós, que nos escolheu desde toda a eternidade, antes
da criação do mundo, para sermos santos na sua presença (Cfr.
Eph I, 4); e que continuamente nos oferece ocasiões de purifi-
cação e de entrega.
Caso ainda tenhamos alguma dúvida, há outra prova que
recebemos de seus lábios: Não fostes vós que me escolhestes,
mas eu que vos escolhi para irdes e dardes fruto; e para que
permaneça abundante esse fruto do vosso trabalho de almas
contemplativas (Cfr. Jo XV, 16).
Portanto, fé, fé sobrenatural. Quando a fé fraqueja, o ho-
mem tende a imaginar Deus como se estivesse longe e mal se
preocupasse dos seus filhos. Pensa na religião como algo justa-
posto, quando não há outro remédio; sem saber por quê, espera
manifestações aparatosas, acontecimentos insólitos. Em con-
trapartida, quando a fé vibra na alma, descobre-se que os pas-
sos do cristão não se separam da própria vida humana corrente
e habitual. E que essa santidade grande, que Deus nos reclama,
se encerra aqui e agora, nas coisas pequenas de cada jornada.
Gosto de falar de caminho, porque somos viadores, dirigimo-
101
-nos para a casa do Céu, para a nossa Pátria. Mas reparemos que
um caminho, embora possa apresentar trechos de dificuldades
especiais, embora uma vez por outra nos obrigue a vadear um
rio ou a atravessar um pequeno bosque quase impenetrável, ha-
bitualmente é coisa correntia, sem surpresas. O perigo é a roti-
na: imaginar que Deus está ausente das coisas de cada instante
por serem tão simples, tão triviais!
Caminhavam aqueles dois discípulos em direção a Emaús.
Andavam a passo normal, como tantos outros que transitavam
por aquelas paragens. E ali, com naturalidade, apareceu-lhes Je-
sus, e caminha com eles, numa conversa que diminui a fadiga.
Imagino a cena, bem ao cair da tarde. Sopra uma brisa suave.
Em redor, campos semeados de trigo já crescido, e as oliveiras
velhas, com os ramos prateados à luz tíbia.
Jesus, no caminho. Senhor, és sempre tão grande! Mas tu
me comoves quando te abaixas a seguir-nos, a procurar-nos, na
nossa diária roda-viva. Senhor, concede-nos a ingenuidade de
espírito, o olhar límpido, a cabeça clara, que permitam enten-
der-te quando vens sem nenhum sinal externo da tua glória.
Termina o trajeto ao chegar à aldeia, e aqueles dois que - sem
darem por isso - foram feridos no fundo do coração pela pala-
vra e pelo amor do Deus feito homem, sentem que Ele se vá
embora. Porque Jesus se despede com gesto de quem vai pros-
seguir (Lc XXIV, 28). Nunca se impõe, este Senhor Nosso. Quer
que o chamemos livremente, depois de entrevermos a pureza
do Amor que nos meteu na alma. Temos que detê-lo à força e
rogar-lhe: Fica conosco porque é tarde e o dia está já declinando
(Lc XXIV, 29), faz-se noite.
Somos assim: sempre pouco atrevidos, talvez por insince-
ridade, talvez por pudor. No fundo, pensamos: Fica conosco,
porque as trevas nos rodeiam a alma, e só Tu és luz, só Tu podes
acalmar esta ânsia que nos consome. Porque dentre as coisas
formosas, honestas, não ignoramos qual é a primeira possuir
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sempre a Deus (S. Gregório Nazianzeno, Epistolae, CCXII -PG
37, 349).
E Jesus fica. Abrem-se os nossos olhos como os de Cléofas
e seu companheiro, quando Cristo parte o pão; e embora Ele
volte a desaparecer da nossa vista, seremos também capazes
de retomar a caminhada - anoitece -, para falar dEle aos outros,
pois não cabe num peito só tanta alegria.
Caminho de Emaús. O nosso Deus impregnou de doçura este
nome. E Emaús é o mundo inteiro, porque o Senhor abriu os
caminhos divinos da terra.
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perfeita paciência e longanimidade acompanhada de alegria;
dando graças a Deus-Pai, que nos fez dignos de participar na
sorte dos santos, iluminando-nos com a sua luz; que nos arre-
batou ao poder das trevas e nos transferiu para o reino de seu
Filho muito amado (Col I, 10-13).
Que a Mãe de Deus e Mãe nossa nos proteja, afim de que
cada um de nós possa servir a Igreja na plenitude da fé, com os
dons do Espírito Santo e com a vida contemplativa. Realizando
cada um os deveres que lhe são próprios, cada um no seu ofício
e profissão, e no cumprimento das obrigações do seu estado,
honre gozosamente o Senhor.
Amai a Igreja, servi-a com a alegria consciente de quem sou-
be decidir-se a esse serviço por Amor. E se virmos que alguns
andam sem esperança, como os dois de Emaús, aproximemo-
-nos deles com fé - não em nome próprio, mas em nome de Cris-
to - para lhes garantir que a promessa de Jesus não pode falhar,
que Ele vela por sua Esposa sempre: que não a abandona; que
passarão as trevas, porque somos filhos da luz (Cfr. Eph V, 8) e
fomos chamados a uma vida perdurável.
E Deus lhes enxugará todas as lágrimas dos olhos, já não
haverá morte, nem pranto nem clamor; não mais haverá dor,
porque as coisas de antes passaram. E disse Aquele que estava
sentado no trono: Eis que renovo todas as coisas. E ordenou-
-me: Escreve, porque todas estas palavras são digníssimas de
fé e verdadeiras. E acrescentou: É um fato. Eu sou o Alfa e o
Ômega, o princípio e o fim. Ao sedento, eu darei de beber gra-
tuitamente da fonte da água da vida. Aquele que vencer possui-
rá todas estas coisas, e eu serei o seu Deus e ele será meu filho
(Apoc XXI, 4-7).
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