Livro Parque Natural PDF
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UPF Editora
Karen Beltrame Becker Fritz
Editora
Parque Natural
Municipal de Sertão
2014
EDITORA
[email protected]
www.upf.br/editora
Copyright© das autoras
Este livro, no todo ou em parte, conforme determinação legal, não pode ser reproduzido por qual-
quer meio sem autorização expressa e por escrito do(s) autor(es). A exatidão das informações e dos
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Associação Brasileira
das Editoras Universitárias
Agradecimentos
Apresentação........................................................................10
Capítulo 1
Criação do Parque Natural Municipal de Sertão...................13
Introdução.................................................................................. 13
Caracterização geral da área..................................................... 14
Histórico de criação e dispositivos legais................................... 16
Agrovila Incra................................................................................... 16
Mudanças no nome da UC.............................................................. 18
Parcerias na busca pela preservação ambiental............................. 22
O papel do Ministério Público na gestão da UC.............................. 24
Perspectivas para a conservação.............................................. 25
Referências................................................................................ 26
Capítulo 2
Conservação, uso público e potencial de impacto
econômico no Parque Natural Municipal de Sertão:
um desafio que envolve a comunidade.................................28
Introdução.................................................................................. 28
Material e métodos .................................................................... 30
Potencial de visitação: capacidade de carga das trilhas................. 30
Potencial de impacto econômico local relacionado à visitação....... 32
Participação comunitária ................................................................. 32
Resultados e discussão............................................................. 32
Potencial de visitação do Parque..................................................... 32
Potencial de impacto econômico local............................................. 34
Participação comunitária ................................................................. 35
Perspectivas para conservação................................................. 38
Referências................................................................................ 39
Capítulo 3
As florestas do Parque Natural Municipal de Sertão............41
Introdução.................................................................................. 41
Material e métodos..................................................................... 43
Coleta e análise dos dados.............................................................. 43
Resultados ................................................................................ 46
Composição florística e estruturação florestal................................. 46
Variações no gradiente borda-interior.............................................. 53
Discussão................................................................................... 57
Composição florística e estruturação florestal................................. 57
Variações no gradiente borda-interior.............................................. 60
Perspectivas para conservação................................................. 64
Referências................................................................................ 65
Capítulo 4
Anfíbios anuros do Parque Natural Municipal de Sertão......69
Introdução.................................................................................. 69
Material e métodos..................................................................... 71
Amostragem..................................................................................... 71
Análise de dados.............................................................................. 71
Resultados e discussão............................................................. 72
Perspectivas para a conservação.............................................. 78
Referências................................................................................ 79
Capítulo 5
Répteis do Parque Natural Municipal de Sertão...................82
Introdução.................................................................................. 82
Material e métodos..................................................................... 83
Análise de dados.............................................................................. 84
Resultados e discussão............................................................. 84
Perspectivas para a conservação.............................................. 87
Referências................................................................................ 88
Capítulo 6
Avifauna do Parque Natural Municipal de Sertão.................90
Introdução.................................................................................. 90
Material e métodos..................................................................... 91
Resultados e discussão............................................................. 92
Perspectivas para conservação................................................. 99
Referências.............................................................................. 100
Capítulo 7
Diversidade β de roedores e a conservação de
remanescentes florestais do Rio Grande do Sul.................102
Introdução................................................................................ 102
Material e métodos................................................................... 104
Análise de dados............................................................................ 106
Resultados e discussões......................................................... 107
Perspectivas para a conservação.............................................114
Referências...............................................................................117
Capítulo 8
Mamíferos do Parque Natural Municipal de Sertão............122
Introdução................................................................................ 122
Materiais e métodos................................................................. 123
Amostragem................................................................................... 123
Resultados e discussão........................................................... 124
Perspectivas para conservação............................................... 129
Referências.............................................................................. 130
Apresentação
[...] Isso nós sabemos. Todas as coisas são conectadas como o sangue
que une uma família. O que acontecer com a terra acontecerá com
os filhos e filhas da terra. O homem não teceu a teia da vida, ele é
dela apenas um fio [...].
(Versão de carta atribuída a um cacique indígena Seattle,
para o presidente dos EUA)
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Parque Natural Municipal de Sertão
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Capítulo 1
Criação do Parque Natural
Municipal de Sertão
Introdução
A história do Parque Natural Municipal de Sertão se con-
funde e se entrelaça com a história do Município de Sertão e,
antes ainda, com a chegada da estrada de ferro à região do Pla-
nalto Médio. Junto com os trilhos de ferro, vieram os imigrantes
europeus que fundaram a Seção Sertão, um povoado que per-
tencia ao distrito de coxilha, município de Passo Fundo. A par-
tir de então, a exploração madeireira foi adentrando nas vastas
áreas de mata ainda existentes nesse local, primeiramente como
uma necessidade básica de abertura de terras para moradias e
pequenas lavouras, e depois, movimentada pelo comércio ma-
deireiro instalado na região.
No início da década de 1960, os moradores da Seção Sertão
organizaram-se com o objetivo de emancipar o local por meio
de um plebiscito. Foi em 5 de novembro de 1963, conforme a lei
n. 4.597, que o então governador do estado, Sr. Ildo Meneghetti,
reconheceu Sertão como município. Nessa época, a região ain-
*
Bióloga. Mestre em Ecologia. Licenciadora Ambiental da Prefeitura Municipal
de Sertão - RS.
Criação do Parque Natural Municipal de Sertão
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Laura Benetti Slaviero
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Criação do Parque Natural Municipal de Sertão
Fonte: Relatório Preliminar do Plano de Manejo do PNMS, Florestal Alto Uruguai, 2014.
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Laura Benetti Slaviero
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Criação do Parque Natural Municipal de Sertão
Mudanças no nome da UC
No ano de 1996, após contatos com o Incra, foi outorgado
ao município de Sertão, por meio do Termo de Doação/Incra/
DFT/n. 15/96, de 8 de agosto de 1996, os imóveis de reserva de-
nominada lote número 8 – A, com 513,1078 ha e lote número
1 – A, com 77,7776 ha, totalizando uma área de 590,88 ha, de-
vidamente identificada e com lotes delimitados por esse Termo
de Doação (Figura 3). Dois anos depois, a Câmara Municipal de
Vereadores aprovou e, o então prefeito municipal, Dr. Jorge A. F.
Hermann sancionou a lei municipal n. 1.170/98, criando o Par-
que Natural Municipal de Sertão (lote 1 – A) e a Floresta Munici-
pal (lote 8 – A). Desde sua criação, o cargo de Chefe da Reserva
Florestal foi ocupado por várias pessoas.
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Laura Benetti Slaviero
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Criação do Parque Natural Municipal de Sertão
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Laura Benetti Slaviero
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Criação do Parque Natural Municipal de Sertão
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Laura Benetti Slaviero
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Criação do Parque Natural Municipal de Sertão
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Laura Benetti Slaviero
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Criação do Parque Natural Municipal de Sertão
Referências
PAULA, A. et al. Biodiversidade de anfíbios e répteis na Floresta
Ombrófila Mista, no Planalto Médio, Rio Grande do Sul, Brasil. In:
Mostra de Iniciação Científica – Pesquisa, Inovação
e Tecnologia UPF, 19. Anais... Passo Fundo, 2009.
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Laura Benetti Slaviero
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Capítulo 2
Conservação, uso público e potencial
de impacto econômico no Parque
Natural Municipal de Sertão:
um desafio que envolve a comunidade
Introdução
Uso público é o conjunto de atividades em ambientes na-
turais que envolvem recreação, educação e interpretação am-
biental. Essas atividades devem estar em conformidade com os
objetivos das Unidades de Conservação (Brasil, 2000), além de
promover e estimular a conservação da biodiversidade, a educa-
ção ambiental e a conscientização da importância de se manter
áreas naturais preservadas (MMA, 2006).
Para Parques Naturais Municipais são permitidas, de acor-
do com o Sistema Nacional de Unidades de Conservação, lei
que rege essas áreas protegidas, as atividades de visitação públi-
ca, as quais estão sujeitas às normas e às restrições estabelecidas
no plano de manejo da unidade e às normas do órgão responsá-
vel por sua administração (Brasil, 2006).
*
Instituto de Ciências Biológicas (ICB), Universidade de Passo Fundo (UPF).
Carla Denise Tedesco, Paula Dall’Agnol de Oliveira
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Conservação, uso público e potencial de impacto econômico no Parque Natural Municipal de Sertão: um...
Material e métodos
Potencial de visitação: capacidade de carga das trilhas
Para avaliar o potencial de visitação (uso público) e subsi-
diar o plano de manejo do Parque foram desenhadas e avalia-
das duas trilhas (Figura 1) em termos de capacidade de carga
(Cifuentes, 1992). O desenho das trilhas utilizou como critério
a localização em áreas periféricas e o uso de antigas vias de
acesso/trilhas de deslocamento de moradores do entorno. Os
dados de campo foram coletados entre os meses de janeiro e
maio de 2010.
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Carla Denise Tedesco, Paula Dall’Agnol de Oliveira
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Conservação, uso público e potencial de impacto econômico no Parque Natural Municipal de Sertão: um...
Participação comunitária
A participação foi relatada por meio de registros das reuniões
realizadas e dados secundários de visitas a campo na comuni-
dade na qual está inserido o Parque, com a perspectiva de ser
analisada dentro da abordagem Freiriana (Freire, 1970; 2007).
Resultados e discussão
Potencial de visitação do Parque
Os resultados seguem a lógica de CCF > CCR > CCE. Al-
guns fatores de correção foram indicados de acordo com a ava-
liação de cada trilha. Outros fatores (social, precipitação e fau-
na) foram considerados iguais para todo Parque.
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Carla Denise Tedesco, Paula Dall’Agnol de Oliveira
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Conservação, uso público e potencial de impacto econômico no Parque Natural Municipal de Sertão: um...
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Carla Denise Tedesco, Paula Dall’Agnol de Oliveira
Participação comunitária
A participação da comunidade é fundamental tanto para a
criação como para a implementação de uma unidade de conser-
vação. Essa também é uma questão legal (art. 22 § 2, SNUC), já
que são previstas consultas públicas à população (Brasil, 2006).
A participação comunitária em unidades de conservação
decorre da necessidade de melhorar sua gestão e buscar a cria-
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Conservação, uso público e potencial de impacto econômico no Parque Natural Municipal de Sertão: um...
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Carla Denise Tedesco, Paula Dall’Agnol de Oliveira
Fonte: C. D. Tedesco.
Figura 2 – Momento de socialização de resultados de pesquisas realizadas
pelo Curso de Ciências Biológicas da Universidade de Passo Fundo
e por colaboradores locais na audiência pública em julho de 2009.
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Conservação, uso público e potencial de impacto econômico no Parque Natural Municipal de Sertão: um...
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Carla Denise Tedesco, Paula Dall’Agnol de Oliveira
Referências
BRASIL. Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC, lei
n. 9.985, de 18 de julho de 2000.
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Conservação, uso público e potencial de impacto econômico no Parque Natural Municipal de Sertão: um...
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Capítulo 3
As florestas do Parque Natural
Municipal de Sertão
Introdução
O estado crítico de fragmentação da paisagem ao longo do
domínio da Mata Atlântica, derivado, principalmente, da mu-
dança nos usos da terra, acarreta um crescente número de estu-
dos a respeito da distribuição de caracteres biológicos. Dentre
os principais caracteres avaliados, destacam-se inúmeras estima-
tivas de riqueza e de diversidade de organismos, endemismos,
raridade de espécies, as quais incluem abordagens que variam,
desde a escala do trabalho até os grupos de organismos analisa-
dos, seja taxonômica ou funcionalmente (Oliveira-Filho et al.,
2013). Esse arcabouço científico tem contribuído para o enten-
dimento dos padrões e processos associados à estruturação dos
diferentes habitats desse domínio biogeográfico, em especial,
na tentativa de fomentar ações de recuperação das paisagens
modificadas.
*
Programa de Pós-Graduação em Ecologia – URI.
**
Departamento de Ciências Biológicas – URI. Av. Sete de Setembro 1621, Ere-
chim, RS. CEP 99700-000. [email protected]
***
Departamento de Ciências Agrárias – URI.
As florestas do Parque Natural Municipal de Sertão
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Laura Benetti Slaviero, Jean Carlos Budke, Rogério Luis Cansian
Material e métodos
Coleta e análise dos dados
Para o levantamento do componente adulto (CA), foram
demarcadas 72 unidades amostrais de 10 m x 10 m organizadas
em oito transecções de 450 m, com nove unidades amostrais
cada, totalizando 0,72 ha. As nove unidades amostrais de cada
transecção foram divididas em três grupos sendo borda (as três
alocadas nos primeiros 50 m da transecção), meio (150 m dis-
tantes do grupo da borda) e interior (150 m distante do grupo
meio), todas distantes 10 m entre si dentro de cada grupo. As
transecções foram alocadas com distâncias equivalentes entre si
de aproximadamente 500 m, distribuindo-se por toda a borda
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As florestas do Parque Natural Municipal de Sertão
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Laura Benetti Slaviero, Jean Carlos Budke, Rogério Luis Cansian
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As florestas do Parque Natural Municipal de Sertão
Resultados
Composição florística e estruturação florestal
No levantamento das espécies arbóreas do Parque Natural
Municipal de Sertão (PNMS), desenvolvido com o método de
parcelas de largura fixa, foram amostradas 92 espécies arbóreas
ou de hábito arborescente, distribuídas em 35 famílias botânicas
(Tabela 1). Quanto ao componente adulto, foram inventariadas
75 espécies de 29 famílias, enquanto que, o componente rege-
nerativo abrangeu 81 espécies, de 33 famílias botânicas (Tabela
1). As famílias botânicas com maior riqueza foram Myrtaceae
(14), seguida por Fabaceae (9), Lauraceae (6), Sapindaceae
e Salicaceae, com cinco espécies cada. Os gêneros mais ricos
em espécies foram Eugenia (6), Myrsine (4), Ocotea, Ilex e Zan-
thoxylum, com três espécies cada. Destacam-se algumas espécies,
muito abundantes nas áreas de ocorrência da floresta com Arau-
cária, mas, que apresentaram baixa abundância ou ocorrência
restrira no PNMS (Figura 2).
Quanto aos parâmetros estruturais do componente adul-
to (CA), as espécies com maior densidade absoluta foram Rud-
gea jasminoides (Cham.) Müll.Arg. Matayba elaeagnoides Radlk.,
Coussarea contracta (Walp.) Müll.Arg. e Cupania vernalis Cam-
bess (Tabela 1). No que diz respeito à frequência absoluta, as
espécies com maior destaque foram Rudgea jasminoides, seguida
por Matayba elaeagnoides, Cupania vernalis, Nectandra megapotami-
ca (Spreng.) Mez e Casearia sylvestris Sw. Quanto à dominância
absoluta, as espécies com maior área basal foram Cedrela fissilis
Vell., seguida por Nectandra megapotamica, Matayba elaeagnoides,
Araucaria angustifolia e Rudgea jasminoides (Tabela 1).
Acerca dos parâmetros estruturais do componente rege-
nerativo (CR), as espécies com maior densidade absoluta foram
Rudgea jasminoides (Cham.) Müll.Arg. Trichilia elegans A. Juss.,
Nectandra megapotamica e Cupania vernalis (Tabela 1). No que tan-
ge à frequência absoluta, as espécies com maior destaque foram
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Laura Benetti Slaviero, Jean Carlos Budke, Rogério Luis Cansian
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As florestas do Parque Natural Municipal de Sertão
Cont.
FABACEAE 94,4 50 5,56 169,4 63,89
Ataleia glazioveana Baill 25 15,28 2,34 - -
Parapiptadenia rigida (Benth.) Brenan 23,6 19,44 2,12 61,1 31,94
Lonchocarpus campestris Mart. Ex Benth 22,2 11,11 0,43 30,6 12,5
Dalbergia frutescens (Vell.) Britton 8,3 8,33 0,07 61,1 36,11
Machaerium paraguariensis Hassl. 6,9 4,17 0,17 5,6 2,78
Albizia niopoides (Spruce ex Benth.) Burkart 4,2 4,17 0,36 2,8 2,78
Lonchocarpus nitidus (Vogel) Benth. 2,8 1,39 0,02 4,2 4,17
Inga marginata Willd 1,4 1,39 0,01 2,8 2,78
Machaerium stipitatum (DC.) Vogel - - - 1,4 1,39
MYRTACEAE 66,7 43,06 0,57 156,9 68,06
Campomanesia xanthocarpa O. Berg 20,8 19,44 0,20 23,6 20,83
Campomanesia guazumifolia (Cambess.) O. Berg 16,7 13,89 0,11 11,1 9,72
Eugenia subterminalis DC. 8,3 8,33 0,05 9,7 6,94
Eugenia rostrifolia D. Legrand 6,9 2,78 0,11 6,9 5,56
Myrciaria tenella (DC.) O.Berg 4,2 2,78 0,05 36,1 22,22
Eugenia uniflora L. 2,8 2,78 0,01 12,5 4,17
Myrceugenia miersiana (Gardner) D. Legrand 2,8 2,78 <0,01 19,4 8,33
Plinia peruviana (Poir.) Govaerts 1,4 1,39 0,01 4,2 4,17
Eugenia ramboi D. Legrand 1,4 1,39 <0,01 11,1 6,94
Myrcianthes pungens (O.Berg) D. Legrand 1,4 1,39 0,00 - -
Myrcia hebepetala DC. - - - 11,1 9,72
Eugenia pluriflora DC. - - - 6,9 2,78
Calyptranthes concinna DC. - - - 2,8 2,78
Eugenia involucrata DC. - - - 1,4 1,39
WINTERACEAE 45,8 27,78 0,96 6,9 6,94
Drimys brasiliensis Miers 45,8 27,78 0,96 6,9 6,94
CUNONIACEAE 34,7 26,39 1,51 23,6 9,72
Lamanonia ternata Vell. 34,7 26,39 1,51 23,6 9,72
EUPHORBIACEAE 31,9 12,5 0,60 25 11,11
Sebastiania brasiliensis Spreng. 27,8 8,33 0,39 23,6 9,72
Sapium glandulosum (L.) Morong 2,8 2,78 0,18 1,4 1,39
Sebastiania commersoniana (Baill.) L.B.Sm. & 1,4 1,39 0,02 - -
ANNONACEAE 25 18,06 0,16 29,2 19,44
Annona neosalicifolia H. Rainer 25 18,06 0,16 29,2 19,44
MELIACEAE 23,6 23,61 6,75 463,9 88,89
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Laura Benetti Slaviero, Jean Carlos Budke, Rogério Luis Cansian
Cont.
Cedrella fissilis Vell. 18,1 18,06 6,74 13,9 9,72
Trichilia elegans A. Juss. 5,6 5,56 0,01 450 87,5
PRIMULACEAE 16,7 15,28 0,09 93,1 52,78
Myrsine umbellata Mart. 13,9 12,5 0,06 87,5 50
Myrsine loefgrenii (Mez) Imkhan. 1,4 1,39 0,02 2,8 1,39
Myrsine laetevirens (Mez) Arechav. 1,4 1,39 <0,01 1,4 1,39
Myrsine coriacea (Sw.) R.Br. - - - 1,4 1,39
SAPOTACEAE 15,3 11,11 0,15 11,1 9,72
Chrysophyllum marginatum (Hook. & Arn.) 15,3 11,11 0,15 11,1 9,72
ARAUCARIACEAE 13,9 11,11 3,63 13,9 9,72
Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze 13,9 11,11 3,63 13,9 9,72
ROSACEAE 13,9 8,33 0,90 9,7 8,33
Prunus myrtifolia (L.) Urb. 13,9 8,33 0,90 9,7 8,33
AQUIFOLIACEAE 11,1 9,72 0,09 20,8 12,5
Ilex brevicuspis Reissek 5,6 5,56 0,04 8,3 6,94
Ilex microdonta Reissek 2,8 2,78 0,02 12,5 6,94
Ilex paraguariensis A. St.-Hil 2,8 1,39 0,01 - -
RUTACEAE 11,1 5,56 0,07 6,9 5,56
Zanthoxylum rhoifolium Lam. 6,9 2,78 0,05 5,6 4,17
Zanthoxylum petiolare A. St.-Hil. &Tul. 2,8 1,39 <0,01 - -
Zanthoxylum kleinii (R.S.Cowan) P. G. Waterman 1,4 1,39 0,01 1,4 1,39
CORDIACEAE 8,3 8,33 0,33 4,2 2,78
Cordia americana (L.) Gottschling & J. E. Mill. 6,9 6,94 0,32 4,2 2,78
Cordia trichotoma (Vell.) Arráb. Ex Steud. 1,4 1,39 <0,01 - -
ELAEOCARPACEAE 5,6 5,56 0,43 16,7 12,5
Sloanea monosperma Vell. 5,6 5,56 0,43 16,7 12,5
ASTERACEAE 5,6 4,17 0,27 2,8 2,78
Vernonanthura discolor (Spreng.) H.Rob. 5,6 4,17 0,27 2,8 2,78
SOLANACEAE 5,6 5,56 0,02 37,5 26,39
Solanum sanctaecatharinae Dunal 1,4 1,39 <0,01 4,2 4,17
Brunfelsia pilosa Plowman 1,4 1,39 <0,01 2,8 2,78
Cestrum strigilatum Ruiz et Pav. 1,4 1,39 <0,01 16,7 12,5
Brunfelsia cuneifolia J.A. Schmidt 1,4 1,39 <0,01 13,9 11,11
BIGNONIACEAE 5,6 4,17 0,08 2,8 2,78
Jacaranda puberula Cham. 2,8 2,78 0,05 - -
Handroanthus heptaphyllus (Mart.) Mattos 2,8 1,39 0,02 2,8 2,78
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As florestas do Parque Natural Municipal de Sertão
Cont.
MALVACEAE 5,6 2,78 0,16 1,4 1,39
Luehea divaricata Mart. & Zucc. 5,6 2,78 0,16 1,4 1,39
LOGANIACEAE 5,6 2,78 0,08 9,7 8,33
Strychnos brasiliensis (Spreng.) Mart. 5,6 2,78 0,08 9,7 8,33
CANELLACEAE 4,2 2,78 0,33 9,7 9,72
Cinnamodendron dinisii Schwancke 4,2 2,78 0,33 9,7 9,72
POLYGONACEAE 2,8 2,78 0,01 - -
Ruprechtia laxiflora Meisn. 2,8 2,78 0,01 - -
ANACARDIACEAE 2,8 1,39 0,03 - -
Lithrea brasiliensis Marchand 2,8 1,39 0,03 - -
MELASTOMATACEAE 2,8 1,39 <0,01 29,2 12,5
Miconia cinerascens Miq. 2,8 1,39 <0,01 20,8 9,72
STYRACACEAE 1,4 1,39 <0,01 4,2 4,17
Styrax leprosus Hook. & Arn. 1,4 1,39 <0,01 4,2 4,17
CELASTRACEAE - - - 72,2 45,83
Maytenus dasyclada Mart. - - - 58,3 37,5
Maytenus aquifolia Mart. - - - 12,5 11,11
Schaefferia argentinensis Speg. - - - 1,4 1,39
SYMPLOCACEAE - - - 19,4 15,28
Symplocos pentandra Occhioni - - - 12,5 9,72
Symplocos tetrandra (Mart.) Miq. - - - 6,9 6,94
CANNABACEAE - - - 6,9 6,94
Celtis iguanaea (jacq.) Sarg. - - - 5,6 5,56
Celtis brasiliensis (Gardner) Planch. - - - 1,4 1,39
SIMAROUBACEAE - - - 4,2 4,17
Picrasma crenata (Vell.) Engl. - - - 4,2 4,17
PROTEACEAE - - - 2,8 1,39
Roupala brasiliensis Klotzsch. - - - 2,8 1,39
PICRAMNIACEAE - - - 1,4 1,39
Picrammia parvifolia Engl. - - - 1,4 1,39
- 50 -
Laura Benetti Slaviero, Jean Carlos Budke, Rogério Luis Cansian
- 51 -
As florestas do Parque Natural Municipal de Sertão
Fonte: J. C. Budke.
- 52 -
Laura Benetti Slaviero, Jean Carlos Budke, Rogério Luis Cansian
% espécies % indivíduos
Grupos Ecológicos G G
CA CR CA CR
Estratificação
Dossel 65 62 55 35
Emergente 10 9 0.4 ns 4 3 8.5*
Sub-bosque 25 29 41 61
χ² 48.5* 42.9* 41.6* 52.3*
Dispersão
Anemocoria 24 17 10 6
Autocoria 4 2 2.2 ns 2 1 1.4 ns
Zoocoria 72 80 88 93
χ² 73.2* 101.8* 135.4* 160.5*
Necessidade de Luz
Dependentes de luz 73 74 53 36
Pioneiras 6 3 1.1 ns 2 0 9.3*
Tolerantes a sombra 21 23 45 64
χ² 74.1* 80.4* 45.1* 61.7*
*p < 0,01; ns = não significativo
- 53 -
As florestas do Parque Natural Municipal de Sertão
- 54 -
Tabela 3 – Médias ± desvio padrão de variáveis estruturais do componente arbóreo adulto (CA) e regenerativo (CR) ao longo
do gradiente borda-interior do Parque Natural Municipal de Sertão-RS. Médias seguidas por letras iguais não dife-
rem pelo teste Tukey. S = riqueza específica. Demais abreviações, vide Tabela 1.
CA CR
Parâmetro
Borda Meio Interior F Borda Meio Interior F
- 55 -
DoA 47,4±36,2 35,4±18,4 55,3±48,1 1,82 ns 85,7±35,8 108,2±40,0 94,1±38,3 2,12 ns
Altura máx. 17,9 ±4,1a 18,3±3,9a 22,5±5,4b 7,61* 5,7±8,2 4,7±1,0 5,1±2,3 0,25 ns
DAP médio 14,8±5,1a 11,5±2,1b 13,9±3,2ab 4,90* 14,6±2,5 15,7±2,3 16,0±1,6 2,46 ns
Laura Benetti Slaviero, Jean Carlos Budke, Rogério Luis Cansian
Vol. médio 0,51±0,5ab 0,3±0,2b 0,6±0,6a 3,11* 0,06±0,03 0,08±0,03 0,09±0,04 2,70 ns
* = p < 0,05; ns = não significativo
As florestas do Parque Natural Municipal de Sertão
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Laura Benetti Slaviero, Jean Carlos Budke, Rogério Luis Cansian
SQt SQe F p
CA-borda x interior 14,08 13,4 2,34 0,01
CA-borda x meio 12,7 11,61 4,29 0,0003
CA-meio x interior 10,52 9,934 2,73 0,0069
CR-borda x interior 10,51 9,238 6,357 0,0001
CR-borda x meio 9,965 8,233 9,67 0,0001
CR-meio x interior 7,638 7,412 1,4 0,18
Discussão
Composição florística e estruturação florestal
Diversos trabalhos têm destacado a elevada riqueza de espé-
cies de Myrtaceae e Fabaceae na composição da flora em flores-
tas subtropicais (Higuchi et al., 2013; Oliveira-Filho et al., 2013;
Jarenkow; Waechter, 2001). Myrtaceae tem se revelado como fa-
mília com elevada riqueza em todas as formações florestais no
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As florestas do Parque Natural Municipal de Sertão
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Laura Benetti Slaviero, Jean Carlos Budke, Rogério Luis Cansian
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As florestas do Parque Natural Municipal de Sertão
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Laura Benetti Slaviero, Jean Carlos Budke, Rogério Luis Cansian
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As florestas do Parque Natural Municipal de Sertão
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Laura Benetti Slaviero, Jean Carlos Budke, Rogério Luis Cansian
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As florestas do Parque Natural Municipal de Sertão
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Laura Benetti Slaviero, Jean Carlos Budke, Rogério Luis Cansian
Referências
BUDKE, J. C. et al. Composição florística e estratégias de dispersão de
espécies lenhosas em uma floresta ribeirinha, arroio Passo das Tropas,
Santa Maria - RS. Iheringia Bot., Porto Alegre, v. 60, n. 1, p. 17-24,
jan. 2005.
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As florestas do Parque Natural Municipal de Sertão
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Laura Benetti Slaviero, Jean Carlos Budke, Rogério Luis Cansian
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As florestas do Parque Natural Municipal de Sertão
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Capítulo 4
Anfíbios anuros do Parque Natural
Municipal de Sertão
Noeli Zanella*
Almir de Paula**
Samara Arsego Guaragni***
Leonardo de Souza Machado*
Introdução
Anfíbios são importantes componentes faunísticos am-
plamente distribuídos no planeta, estando ausentes apenas
em regiões de clima muito frio e em ecossistemas marinhos
(Duellman; Trueb 1986; Pough et al., 2008). São organismos
suscetíveis às alterações ambientais, devido a sua pele sensível e
permeável, e por possuírem um ciclo de vida bifásico, na maio-
ria das espécies, com adultos ocupando o meio terrestre e com
larvas no meio aquático. Por esses motivos, são importantes in-
dicadores ambientais, já que podem revelar a saúde de todo
um ecossistema (Duellman; Trueb, 1986; Tocher, 1998; Pough
et al., 2008).
*
Instituto de Ciências Biológicas, Universidade de Passo Fundo (UPF).
**
Universidade de Brasília, Instituto de Biologia, Departamento de Zoologia, La-
boratório de Herpetologia. Campus Darcy Ribeiro.
***
Departamento de Zoologia, Instituto de Biociências, Universidade Federal do
Rio Grande do Sul (UFRGS).
Anfíbios anuros do Parque Natural Municipal de Sertão
- 70 -
Noeli Zanella et al.
Material e métodos
Amostragem
Amostramos os anfíbios, de forma sistematizada, entre
maio de 2008 e abril de 2010, e até janeiro de 2011 com pro-
curas adicionais. Durante todo o período, utilizamos três méto-
dos de amostragens: (1) Armadilhas de interceptação e queda
(AIQ) (pitfall traps) (Cechin; Martins, 2000), instaladas em qua-
tro parcelas na área. Cada uma das parcelas era composta por
oito recipientes com capacidade de 150 L e distantes 10 m entre
si, totalizando 32 recipientes, dispostos em linha reta dentro da
mata; (2) Na procura ativa (PA), percorremos trilhas em am-
bientes naturais, no interior da mata, em banhados e áreas do
entorno do fragmento, inspecionando tocas, troncos e pedras
durante o dia e a noite, em que, também, realizamos a escuta
de vocalizações; (3) Por fim, utilizamos encontros ocasionais da
equipe (EO), feitos durante o descolamento entre as parcelas
na área de estudo.
Análise de dados
O grau de similaridade do Parque Natural Municipal de
Sertão (PNMS) foi comparado com as localidades: Lagoa do Pei-
xe (LP) (Loebmann; Vieira, 2005), Parque Estadual de Itapeva
(Peva) (Colombo et al., 2008), Itaara (It) (Both et al., 2008),
Fazenda da Brigada (FB), Passo Fundo (Zanella, N. dados não
publicados), Sertão (PNMS) (Zanella et al., 2013), Santa Ma-
ria (SM) (Santos et al., 2008), Parque Nacional das Araucárias
(PNA) (Lucas; Marocco, 2011), Parque Estadual Fritz Plaumann
(PEFP) (Bastiani; Lucas, 2013). Para esta análise aplicamos o co-
eficiente de Jaccard (Cj) com posterior análise de agrupamento
e tais relações foram representadas por meio de dendrograma,
utilizando o programa Past (Hammer et al., 2001).
- 71 -
Anfíbios anuros do Parque Natural Municipal de Sertão
Resultados e discussão
Foram registradas 23 espécies de anuros distribuídas em
seis famílias (Figura 1): Brachycephalidae (n=1), Bufonidae
(n=3), Odontophrynidae (n=2), Hylidae (n=8), Leptodactyli-
dae (n=8) e Microhylidae (n=1). Armadilhas de interceptação e
queda foram responsáveis pelo registro de 19 espécies (82,6%),
procura ativa amostrou 15 (65,2%)e os encontros ocasionais
amostraram duas espécies (8,9%). Seis espécies foram exclu-
sivas das armadilhas de queda (26%) e três de procura ativa
(13%) (Tabela 1).
O método mais eficiente na amostragem da riqueza de espé-
cies de serrapilheira foi o de armadilhas de interceptação e que-
da, mesmo quando os dados mostram as coletas exclusivas por tal
método (29,2%). Estudos mostram a eficácia desses métodos, es-
pecialmente para espécies de serrapilheira (Dixo; Verdade, 2006;
Condez et al., 2009) e uma alta eficiência qualitativa das armadi-
lhas de queda é geralmente registrada para anfíbios (Vasconsce-
los et al., 2010). As espécies que foram exclusivas da procura ativa
(Dendropsophus minutus e Hypsiboas pulchellus), dificilmente seriam
capturadas pelos outros métodos, porque são espécies associadas
a ambientes de poças temporárias, tais como lagos e açudes (Kwet
et al., 2010), o que diminui as chances de coletá-las em armadi-
lhas de queda nas áreas de mata.
Registramos sete modos reprodutivos (sensu Haddad; Pra-
do, 2005) para as 23 espécies registradas na área. Os mais abun-
dantes foram: modo 1 (modo reprodutivo generalizado, carac-
terizado pela deposição de ovos e desenvolvimento de girinos
em ambientes lênticos) (10 espécies; 43,5%); modo 11 (n=5;
21,7%) e modo 30 (n=3; 13,0%) desova em ninho de espuma
depositado na superfície da água e em câmara subterrânea, res-
pectivamente com desenvolvimento dos girinos em ambientes
lênticos (Tabela 1).
- 72 -
Noeli Zanella et al.
- 73 -
Anfíbios anuros do Parque Natural Municipal de Sertão
1 1 5 1 2 3 2 1 16
1 600 1 1 1 4 2 4 14
2 1 2 2 2 5 14
1 1 2 1 5
1 400 2 1 4
1 1 1 3
200 3 3
1 1
0 1 1
Pg Lh Pb Lp Ri Rh Md Lm Pc1 Oa Ap Eb Pbi Ll 1
Hs
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Noeli Zanella et al.
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Anfíbios anuros do Parque Natural Municipal de Sertão
- 76 -
Noeli Zanella et al.
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Anfíbios anuros do Parque Natural Municipal de Sertão
- 78 -
Noeli Zanella et al.
Referências
BALLENGÉE, B.; Sessions, S. K. Explanation for missing limbs in
deformed amphibians. Journal of Experimental Zoology, [S. l.], 312B,
p. 1-10, abr. 2009.
BASTIANI, V. I. M.; Lucas, E. M. Anuran diversity (Amphibia, Anura)
in a Seasonal Forest fragment in southern Brazil. Biota Neotrop.,
v. 13, n. 1. fev. 2013. Disponível em: <http://www.biotaneotropica.org.br/
v13n1/en/abstract?inventory+bn02413012013>. Acesso em: 7 abr. 2014.
BOSCH, J. Nuevas amenazas para los anfibios: Enfermedades emergen-
tes. Munibe, San Sebastian, supl. esp., v. 16, p. 56-73, 2003.
BOTH, C. et al. An austral anuran assemblage in the Neotropics: sea-
sonal occurrence correlated with photoperiod. J. Nat. Hist., Londres.
v. 42, n. 3-4, p. 205-222, abr. 2008.
CECHIN, S. Z.; Martins, M. Eficiência de armadilhas de queda
(pitfalltraps) em amostragens de anfíbios e répteis no Brasil. Rev.
Bras. Zool., Curitiba, v. 17, n. 3, p. 729-740, set. 2000.
CONDEZ, T. H.; Sawaya, R. J.; Dixo, M. Herpetofauna of the Atlan-
tic Forest remnants of Tapiraí and Piedade region, São Paulo state,
southeastern Brazil. Biota Neotrop., Campinas, v. 9, n. 1, p. 157-185, fev.
2009.
COLOMBO, P. et al. Composition and threats for conservation of anu-
ran amphibians from Itapeva State Park, Municipality of Torres, Rio
Grande do Sul, Brazil. Biota Neotrop., Campinas, v. 8, n. 3, p. 229-240,
ago. 2008. Disponível em: <http://www.biotaneotropica.org.br/v8n3/en/
abstract?inventory+bn01208032008>. Acesso em: 15 jan. 2014.
DEBERDT, A. J.; Scherer, S. B. O javali asselvajado: ocorrência e
manejo da espécie no Brasil. Natureza & Conservação, Rio de Janeiro,
v. 5, n. 2, p. 31-44, out. 2007.
DUELLMAN, W. E.; Trueb, L. Biology of amphibians. New York:
McGraw-Hill, 1986, 670 p.
_______. Biology of amphibians. Baltimore, The Johns. 1994.
DIXO, M.; Verdade, V. K. Herpetofauna de serrapilheira da Reser-
va Florestal de Morro Grande, Cotia (SP). Biota Neotrop., n. 6, p. 2,
2006. Disponível em: <http://www.biotaneotropica.org.br/v6n2/pt/abst
ract?article+bn00706022006>. Acesso em: 14 abr. 2014.
GALINDO, L.; Câmara, I. G. Mata Atlântica: biodiversidade, amea-
ças e perspectivas. São Paulo, Conservation International, Fundação
SOS Mata Atlântica, 2005.
- 79 -
Anfíbios anuros do Parque Natural Municipal de Sertão
- 80 -
Noeli Zanella et al.
- 81 -
Capítulo 5
Répteis do Parque Natural
Municipal de Sertão
Almir de Paula*
Noeli Zanella**
Samara A. Guaragni***
Introdução
Existem, atualmente, cerca de 744 espécies de répteis co-
nhecidas no Brasil: 36 quelônios, seis jacarés, 248 lagartos, 68
anfisbenas e 386 serpentes e o país ocupa a segunda posição na
relação com maior riqueza de espécies (Bérnils; Costa, 2012).
No Rio Grande do Sul, foram registradas cerca de 126 espécies
(Bencke et al., 2009) que correspondem a 17% das registradas
para o Brasil. O grupo das serpentes é o mais rico no RS, corres-
pondendo a 68% das espécies de répteis (Bencke et al., 2009).
Dessas, trinta espécies encontram-se incluídas na lista vermelha
do Brasil ou lista vermelha da IUCN (Alves et al., 2012).
*
Universidade de Brasília, Instituto de Biologia, Departamento de Zoologia, La-
boratório de Herpetologia. Campus Darcy Ribeiro.
**
Instituto de Ciências Biológicas, Universidade de Passo Fundo (UPF).
***
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Instituto de Biociências,
Departamento de Zoologia, Campus do Vale.
Almir de Paula, Noeli Zanella, Samara A. Guaragni
Material e métodos
Amostramos os répteis entre maio de 2008 e abril de 2010,
utilizando três métodos complementares: (1) armadilhas de
interceptação e queda (Cechin; Martins, 2000) (AIQ), (Figura
1), que foram instaladas em quatro parcelas compostas por oito
recipientes com capacidade de 150 L e distantes 10 m entre si,
totalizando 32 recipientes, dispostos em linha reta dentro da
mata; (2) procura ativa (PA), onde percorremos trilhas em am-
bientes naturais, no interior da mata, em banhados e áreas do
entorno do fragmento, inspecionando tocas, troncos e pedras;
(3) e encontros ocasionais da equipe (EO) feitos durante o des-
colamento entre as parcelas na área de estudo.
- 83 -
Répteis do Parque Natural Municipal de Sertão
Análise de dados
Para analisar a riqueza das espécies coletadas nas armadi-
lhas de queda, utilizamos os estimadores não paramétricos Boots-
trap e Jacknife de primeira ordem (Colwell; Coddington, 1994).
Para isso, cada mês foi considerada uma unidade amostral, re-
sultando em 24 amostras. Para verificar a relação da temperatu-
ra média sobre a abundância de serpentes, utilizamos uma aná-
lise de correlação de Spearman (rs).
Resultados e discussão
Registramos dez espécies de répteis, sendo nove espécies
pertencentes a duas famílias de serpentes (Figura 2). Dipsadidae
foi a família mais rica com sete espécies, Viperidae apresen-
tou duas espécies e Teiidae somente uma espécie (Tabela 1). A
maior parte das espécies foi coletada utilizando armadilhas de
interceptação e queda (n=7) e as mais abundantes, nesse mé-
todo, foram Atractus paraguayensis (41,5%), Oxyrhopus clathratus
(18,3%) e Bothrops jararaca (17%) (Tabela 1). Na procura ativa,
registramos três espécies (Bothrops jararaca, Oxyrhopus clathratus
e Tomodon dorsatus) e em encontros ocasionais registramos Philo-
dryas aestiva, Xenodon merremii e Salvator merianae.
- 84 -
Almir de Paula, Noeli Zanella, Samara A. Guaragni
- 85 -
Répteis do Parque Natural Municipal de Sertão
20
24
18
Número de Indivíduos
16
Temperatura média
20
14
12 16
10
8 12
6
4 8
2
0 4
jan fev mar abr maio jun jul ago set out nov dez
Meses
- 86 -
Almir de Paula, Noeli Zanella, Samara A. Guaragni
- 87 -
Répteis do Parque Natural Municipal de Sertão
Referências
ALMEIDA, A. et al. Análise sobre a fragmentação dos remanescentes
de Mata Atlântica na APA do Pratigi para identificar as áreas com
maiores potenciais para a construção de corredores ecológicos basea-
dos no método AHP. Revista AGIR de Ambiente e Sustentabilidades,
Ibirapitanga, Bahia, v. 2, n. 3, p. 31-43, ago./set. 2010.
- 88 -
Almir de Paula, Noeli Zanella, Samara A. Guaragni
- 89 -
Capítulo 6
Avifauna do Parque Natural
Municipal de Sertão
Introdução
A bacia hidrográfica do rio Passo Fundo é uma das regiões
menos exploradas e, consequentemente, menos conhecida
ornitologicamente do Rio Grande do Sul. Apesar de vários re-
gistros terem sido divulgados recentemente na literatura rela-
cionada, tais como: Patagioenas cayennensis (Bonnaterre, 1792)
– pomba-galega, Parque Municipal de Pontão/Sagrisa; Leptodon
cayanensis (Latham, 1790) – gavião-de-cabeça-cinza, Reserva In-
dígena Nonoai (Bencke et al., 2003); Dryocopus galeatus (Tem-
minck, 1822) – pica-pau-de-cara-canela, Passo Fundo, Campus
UPF (Agne, 2005); Phaethornis pretrei (Lesson; Delattre, 1839)
– rabo-branco-acanelado, Campinas do Sul (Damiani, 2009);
Xenopsaris albinucha (Burmeister, 1869) – tijerila, Passo Fundo,
Campus UPF (Prestes; Martinez, 2011); Cypseloides senex (Tem-
minck, 1826) – taperuçu-velho, Nonoai (Oliveira, 2011). Inven-
tários avifaunísticos completos e devidamente publicados para a
região são inexistentes, apesar de Marchetto e Restello (2009)
*
Universidade de Passo Fundo – [email protected]
**
Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos - [email protected]
Élinton Luis Rezende, Carlos Eduardo Agne
Material e métodos
Para o levantamento de aves no Parque Natural Municipal
de Sertão (PNMS) foram realizadas duas expedições a campo,
em janeiro de 2013 (estação do verão) e em novembro de 2013
(estação da primavera).
As aves foram identificadas por meio de contatos auditivos
e visuais, os quais contaram com o auxílio de binóculos. Semrpe
que possível, as espécies foram fotografadas, e playbacks foram
utilizados para confirmar a presença ou a identificação dessas.
As trilhas e principalmente a estrada presente no PNMS foram
utilizadas para as observações.
- 91 -
Avifauna do Parque Natural Municipal de Sertão
Resultados e discussão
Foram registradas para o PNMS 154 espécies de aves (Ta-
bela I), distribuídas em 48 famílias, representando aproxima-
damente 25% da riqueza de aves conhecidas para o Rio Gran-
de do Sul (Bencke et al., 2010). Nenhuma dessas encontra-se
ameaçada de extinção, tanto em nível global, nacional quanto
estadual. Porém, quatro espécies: a ema – Rhea americana (Lin-
naeus, 1758), o pica-pau-dourado – Piculus aurulentus (Temmin-
ck, 1821), o grimpeiro – Leptasthenura setaria (Temminck, 1824)
e a gralha-azul – Cyanocorax caeruleus (Vieillot, 1818) (Figuras 1
e 2) são consideradas pela IUCN (2013) como espécies quase
ameaçadas (NT). Com exceção da ema, que foi registrada nas
áreas abertas e limítrofes do PNMS, as demais, são todas espé-
cies florestais e endêmicas da Mata Atlântica, onde a destruição
e a descaracterização de seus habitats são as principais ameaças
(IUCN, 2013).
O coró-coró – Mesembrinibis cayennensis (Gmelin, 1789) (Fi-
gura 1) considerado ameaçado de extinção em nível estadual,
na categoria – em perigo – por Marques et al. (2002), foi, re-
centemente, rebaixado para a categoria NT (quase ameaçada),
devido ao significativo aumento no número de registros nos
últimos anos e consequentemente na área de distribuição no
estado (FZB, 2013). O registro do coró-coró para o PNMS é o
primeiro da espécie para a bacia do rio Passo Fundo.
Assim, como o coró-coró, o pica-pau-de-banda-branca –
Dryocopus lineatus (Linnaeus, 1766) (Figura 2) considerado, até
recentemente, ameaçado de extinção no Rio Grande do Sul, na
categoria vulnerável (Marques et al., 2002), é agora considerado
não ameaçado (FZB-RS, 2013).
- 92 -
Élinton Luis Rezende, Carlos Eduardo Agne
1
Observações pessoais.
2
Observações pessoais.
- 93 -
Avifauna do Parque Natural Municipal de Sertão
3
Observações pessoais.
- 94 -
Élinton Luis Rezende, Carlos Eduardo Agne
- 95 -
Avifauna do Parque Natural Municipal de Sertão
Cont.
- 96 -
Élinton Luis Rezende, Carlos Eduardo Agne
Cont.
Zenaidaa auriculata pomba-de-bando Vireonidae
Leptotila verreauxi juriti-pupu Cyclarhis gujanensis pitiguari
Leptotila rufaxilla juriti-gemedeira Vireo chivi juruviara
Geotrygon montana pariri Corvidae
Cuculiformes Cyanocorax caeruleus gralha-azul
Cuculidae Cyanocorax chrysops gralha-picaça
Piaya cayana alma-de-gato Troglodytidae
Crotophaga ani anu-preto Troglodytes musculus corruíra
Guira guira anu-branco Turdidae
Strigiformes Turdus rufiventris sabiá-laranjeira
Tytonidae Turdus leucomelas sabiá-barranco
Tyto furcata coruja-da-igreja Turdus amaurochalinus sabiá-poca
Strigidae Turdus subalaris sabiá-ferreiro
Megascops choliba corujinha-do-mato Turdu salbicollis sabiá-coleira
Athene cunicularia coruja-buraqueira Mimidae
Nyctibiiformes Mimus saturninus sabiá-do-campo
Nyctibiidae Passerellidae
Nyctibius griseus urutau Zonotrichia capensis tico-tico
Caprimulgiformes Ammodramus humeralis tico-tico-do-campo
Caprimulgidae Parulidae
Lurocalis semitorquatus tuju Setophaga pitiayumi mariquita
Hydropsalis albicollis bacurau Geothlypis aequinoctialis pia-cobra
Apodiformes Basileuterus culicivorus pula-pula
Trochilidae Myiothlypis leucoblephara pula-pula-assobiador
Chlorostilbon lucidus besourinho-de- Icteridae
-bico-vermelho
Hylocharis chrysura beija-flor-dourado Cacicus chrysopterus tecelão
Leucochloris albicollis beija-flor-de-papo- Cacicus haemorrhous guaxe
-branco
Coraciformes Icterus pyrrhopterus encontro
Alcedinidae Pseudoleistes guirahuro chopim-do-brejo
Megaceryle torquata martim-pescador- Agelaioides badius asa-de-telha
-grande
Trogoniformes Molothrus bonariensis chopim
Trogonidae Sturnella superciliaris polícia-inglesa
Trogon surrucura surucuá Thraupidae
Galbuliformes Saltator similis trinca-ferro
Bucconidae Saltator maxillosus bico-grosso
Nystalus chacuru joão-bobo Pyrrhocoma ruficeps cabecinha-castanha
Piciformes Tachyphonus coronatus tié-preto
Ramphastidae Lanio cucullatus tico-tico-rei
Ramphastos dicolorus tucano-de-bico- Lanio melanops tié-de-topete
-verde
Picidae Tangara sayaca sanhaço-cinzento
- 97 -
Avifauna do Parque Natural Municipal de Sertão
Cont.
- 98 -
Élinton Luis Rezende, Carlos Eduardo Agne
- 99 -
Avifauna do Parque Natural Municipal de Sertão
Fonte: C. E. Agne.
Referências
Agne, C. E. Novos registros de aves ameaçadas de extinção no es-
tado do Rio Grande do Sul. Atualidades Ornitológicas, Curitiba,
v. 126, p. 8, jul./ago. 2005.
- 100 -
Élinton Luis Rezende, Carlos Eduardo Agne
- 101 -
Capítulo 7
Diversidade β de roedores e a
conservação de remanescentes florestais
do Rio Grande do Sul
Introdução
Os padrões de variação na diversidade entre comunidades
são determinados principalmente por processos históricos (ex.:
especiação alopátrica e processos macroevolutivos de diversifi-
cação) e ecológicos (ex.: clima regional e variações na produ-
tividade) (Ricklefs, 1987; 2008). Em adição, a intensidade de
conversão de ecossistemas nativos determina a heterogeneidade
das paisagens e a dimensão, o grau de isolamento e a qualidade
da matriz no entorno das manchas de habitat disponíveis para
*
Laboratório de Ecologia de Comunidades, Universidade Federal do Rio Gran-
de do Sul (UFRGS).
**
Instituto de Ciências Biológicas, Universidade de Passo Fundo (UPF).
***
Museu de Ciências Naturais, Universidade Luterana do Brasil.
****
Instituto de Biociências, Departamento de Zoologia, Laboratório de Herpeto-
logia, CHUNB, Universidade de Brasília. Campus Darcy Ribeiro.
André Luís Luza et al.
- 103 -
Diversidade β de roedores e a conservação de remanescentes florestais do Rio Grande do Sul
Material e métodos
A fim de explorarmos as causas de variações regionais na
composição de espécies, realizamos uma revisão bibliográfica de
estudos de comunidades de pequenos mamíferos não voadores
florestais e de ecótonos campo-floresta no Rio Grande do Sul. Re-
gistramos se os pontos de captura foram sistematicamente organi-
- 104 -
André Luís Luza et al.
- 105 -
Diversidade β de roedores e a conservação de remanescentes florestais do Rio Grande do Sul
Análise de dados
Inicialmente, avaliamos a influência do esforço amostral
(armadilhas/noite) sobre a composição e riqueza de espécies
por meio de regressão linear simples. Essa análise mostrou que
o esforço amostral empregado explicou pouco da riqueza de
espécies encontrada em cada estudo (R2 = 0,0016; p = 0,88),
permitindo comparações das comunidades de roedores sem a
influência de diferenças de esforço de cada área. Da mesma for-
- 106 -
André Luís Luza et al.
Resultados e discussões
Em um estudo anterior, registramos a ocorrência de dez
espécies de roedores no Parque Natural Municipal de Sertão
(PNMS), sendo as mais abundantes Oligoryzomys nigripes e Akodon
montensis (Figura 2) (Luza et al., 2013). Por meio de encontros
ocasionais, registramos, adicionalmente, a presença de Sphiggu-
rus villosus (Cuvier 1823 - Rodentia, Erethizontidae) e de Dasy-
procta azarae (Lichtenstein 1823 - Rodentia, Dasyproctidae), con-
- 107 -
Diversidade β de roedores e a conservação de remanescentes florestais do Rio Grande do Sul
Fonte: A. L. Luza.
- 108 -
Figura 2: Espécies nativas de roedores capturadas no Parque Natural Municipal de Sertão – RS
em Luza et al. (2013). Da esquerda paraAndré Luís Luza etOligoryzomys
a direita: al. nigripes, Akodon montensis,
Thaptomys nigrita e Sooretamys angouya. Fotos: A. L. Luza.
Fig. 3: Similaridade
Figura 3 – composicional da fauna de roedores
Similaridade composicional de de
da fauna ambientes florestais
roedores do do
florestais Rio Grande
Rio Grande do Sul. Rótulos das áreas ver Tab. I. Rótulo das es-
do Sul. Rótulos das áreas ver Tab. I. Rótulo das espécies vide Resultados e discussões.
pécies vide Resultados e discussões.
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Diversidade β de roedores e a conservação de remanescentes florestais do Rio Grande do Sul
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André Luís Luza et al.
- 111 -
Tabela 1 – Composição de espécies de roedores de estudos realizados em remanescentes florestais do Rio Grande do Sul.
* Número médio de espécies.
Autores
Cademartori, Cademar- Pedó,
Dal Galiano Dalmagro Luza Melo Quintela Nº de
Marques, tori, Fabián e Galiano Freitas Marinho Horn
Berto et al. e Vieira et al. et al. et al. ocorrên-
e Pacheco Menegheti, (2010) e Hartz (2003) (2005)
(2012) (2007) (2005) (2013) (2013) (2012) cias
(2008) (2004) (2010)
Rótulos das áreas na Fig. 3 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Cricetidae
Oligoryzomys nigripes
1 1 1 1 - 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 14
(Olfers, 1818)
Akodon montensis
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 - - 13
(Thomas, 1913)
Sooretamys angouya
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 - 1 1 - - 12
(Fischer, 1814)
Oligoryzomys flavescens
- 112 -
- - 1 1 1 1 1 - 1 - 1 1 - 1 1 10
(Waterhouse, 1837)
Delomys dorsalis
1 1 1 - - 1 1 1 1 - 1 - - - - 8
(Hensel, 1873)
Thaptomys nigrita
- - 1 1 1 1 - - 1 1 - 1 1 - - 8
(Lichtenstein, 1830)
Brucepattersonius iheringi
1 - 1 - - 1 1 - 1 1 - - 1 - - 7
Família/espécie
(Thomas, 1896)
Euryoryzomys russatus
- - 1 - 1 - 1 1 1 - - - 1 - - 6
(Wagner, 1848)
Oxymycterus nasutus
- - - - - 1 1 - - - - 1 - - 1 4
(Waterhouse, 1837)
Akodon azarae
- - 1 - - - - - - - 1 1 - - - 3
(Fischer, 1829)
Diversidade β de roedores e a conservação de remanescentes florestais do Rio Grande do Sul
Akodon paranaensis
(Christoff, Fagundes,
- - - - - 1 - - - - 1 1 - - - 3
Sbalqueiro, Mattevi
&Yonenaga-Yassuda, 2000)
Cont.
Deltamys kempi
- - - - - - - - - - - - - 1 1 2
(Thomas, 1917)
Holochilus brasiliensis
- - - - - - 1 - - - - - - 1 - 2
(Desmarest, 1819)
Necromys lasiurus
- - - - - - - 1 1 - - - - - - 2
(Lund, 1840)
Scapteromys tumidus
- - - - - - - - - - - - - 1 1 2
(Waterhouse, 1837)
Akodon reigi
(González, Langguth & - - - - - - - - 1 - - - - - - 1
Oliveira, 1998)
Juliomys pictipes
- - - - - - - - - - - - 1 - - 1
(Osgood, 1933)
Nectomys rattus
- - - - - - 1 - - - - - - - - 1
(Pelzen, 1883)
Nectomys squamipes
- - - - - - - - - - - 1 - - - 1
(Brants, 1827)
Oxymycterus judex
- - - - - - - - - - - - 1 - - 1
- 113 -
(Thomas, 1909)
Oxymycterus rufus
- - - - - - 1 - - - - - - - - 1
André Luís Luza et al.
(Fischer, 1814)
Família/espécie
Wilfredomys oenax
- - - - - - - - 1 - - - - - - 1
(Thomas, 1928)
Echimyidae
Kannabateomys amblyonyx
- - - - - - - - - - - - 1 - - 1
(Wagner, 1845)
Euryzygomatomys spinosus
- - - - - - 1 - - - - - - - - 1
(Fischer, 1814)
Muridae
Mus musculus
- - - 1 - - - - - - - 1 - 1 - 3
(Linnaeus, 1758)
Rattus rattus
- - - - - - - - - - - - - - 1 1
(Linnaeus, 1758)
Nº de espécies 5 4 9 6 5 9 12 6 11 5 6 10 9 6 6 7,27 *
Diversidade β de roedores e a conservação de remanescentes florestais do Rio Grande do Sul
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André Luís Luza et al.
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Diversidade β de roedores e a conservação de remanescentes florestais do Rio Grande do Sul
2004; Pardini et al., 2005; Tabarelli et al., 2010). Além disso, essa
configuração espacial de habitats é importante para roedores,
que geralmente obedecem a uma relação fonte-dreno quanto
às dinâmicas espaciais de colonização e extinção em manchas de
habitat (Pires et al., 2002; de Castro; Fernandez, 2004).
Em geral, os resultados encontrados no presente estudo re-
velam que conservar apenas uma extensa área não contemplaria
a plenitude da diversidade de roedores da região, considerando
que diversas espécies tiveram ocorrência restrita a determinados
sítios. O padrão de elevada variação na composição de espécies
deveria servir para a priorização da conservação de um grande
número de fragmentos de dimensões variadas, englobando os di-
ferentes habitats e os diversos requerimentos ecológicos das es-
pécies (Baselga, 2010). Visto que espécies endêmicas e habitat-
-especialistas ocorrem com maior frequência no interior de UCs
ou em remanescentes maiores (Bonvicino et al., 2002; Pardini et
al., 2005) e que fragmentos menores e isolados conservam uma
fauna de habitat-generalistas (Patterson; Atmar 1986; Pardini et
al., 2005) os processos de substituição de espécies podem indicar
que conservar diversos fragmentos pequenos em adição à conser-
vação de áreas extensas pode compor a ação mais representativa
para a conservação da biodiversidade regional (Patterson; Atmar,
1986). Tais ações priorizariam a conservação tanto de espécies ra-
ras como também espécies generalistas e tolerantes a ambientes
degradados, maximizando a diversidade regional e diminuindo
a extinção local de espécies (Wright; Reeves, 1992), permitindo,
concomitantemente, a perpetuidade de papéis ecológicos desem-
penhados pelos roedores. Ademais, sistemas pouco aninhados
oferecem uma oportunidade para a conservação de um elevado
número de espécies em reservas de menor área mas devidamente
planejadas e distribuídas espacialmente (Wright; Reeves, 1992), o
que pode compor uma estratégia viável para regiões severamente
fragmentadas como o norte do Rio Grande do Sul.
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André Luís Luza et al.
Referências
BASELGA, A. Determinants of species richness, endemism and tur-
nover in European longhorn beetles. Ecography, Lund, Suécia, v. 31,
n. 2, p. 263-271, mar. 2008.
- 117 -
Diversidade β de roedores e a conservação de remanescentes florestais do Rio Grande do Sul
- 118 -
André Luís Luza et al.
PARDINI, R. et al. The role of forest structure, fragment size and cor-
ridors in maintaining small mammal abundance and diversity in an
Atlantic forest landscape. Biological Conservation, Amsterdam, The
Netherlands, v. 124, n. 2, p. 253-266, jul. 2005.
- 119 -
Diversidade β de roedores e a conservação de remanescentes florestais do Rio Grande do Sul
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André Luís Luza et al.
- 121 -
Capítulo 8
Mamíferos do Parque Natural
Municipal de Sertão
Samara Arsego Guaragni*
Maria Cristina Kurtz de Lima**
Noeli Zanella***
Almir de Paula****
Introdução
O bioma Mata Atlântica é considerado um dos locais de
maior diversidade do planeta. Apesar disso, ainda restam la
cunas no conhecimento da mastofauna. A maioria das espécies
ameaçadas de mamíferos (68,9%) ocorre nesse bioma, o que
reflete o seu grau de destruição, que, atualmente, apresenta
apenas 8% de sua área original (Maury, 2002; Reis et al., 2006;
Chiarello et al., 2008).
Atualmente, no Brasil, são registradas 688 espécies de ma-
míferos (Reis et al., 2011), o segundo lugar quanto à diversida-
de (Reis et al., 2006; Hilton-Taylor et al., 2008). No Rio Grande
do Sul, são listadas 158 espécies e, desse grupo, 38 encontram-se
em alguma categoria ameaçada de extinção (Rio Grande do Sul,
2014).
*
Departamento de Zoologia, Instituto de Biociências, Universidade Federal do
Rio Grande do Sul (UFRGS).
**
Instituto de Ciências Biológicas, Universidade de Passo Fundo (UPF).
***
Laboratório de Herpetologia, Instituto de Ciências Biológicas, Universidade de
Passo Fundo, BR 285 KM 171, Bairro São José, 99070-972, Passo Fundo, RS,
Brasil.
****
Universidade de Brasília, Instituto de Biologia, Departamento de Zoologia, La-
boratório de Herpetologia. Campus Darcy Ribeiro.
Samara Arsego Guaragni et al.
Materiais e métodos
Amostragem
A amostragem foi realizada de julho de 2008 a agosto de
2009. Foram utilizados oitenta plots de areia, distribuídos em
quatro linhas, instaladas em cada fragmento, na borda e no in-
terior, identificadas como fragmento 1-borda (F1B), fragmento
1-interior (F1I), fragmento 2-borda (F2B) e fragmento 2-inte-
rior (F2I). Cada linha era composta por vinte plots, com distân-
cia de 10 m entre esses, instaladas sazonalmente por um período
de quatro a seis dias. Ao amanhecer eram verificadas, limpas e
iscadas com banana, laranja e pedaços de carne.
Foram estabelecidos transectos no interior do Parque para
a visualização de pegadas que foram registradas e fotografadas.
Também foram levados em consideração para análise os encon-
tros ocasionais de outros vestígios indiretos ou visualização dos
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Mamíferos do Parque Natural Municipal de Sertão
Resultados e discussão
Foram registradas, utilizando todos os métodos, 14 espécies
de mamíferos silvestres, distribuídas em seis ordens (Tabela 1).
A ordem mais representativa foi Carnívora, com 42% das ocor-
rências. Rodentia apresentou 21%, Artiodactyla 14% e Cingula-
ta, Didelphimorphia e Primates com 7% cada.
Utilizando os plots houve o registro de nove espécies: Co-
nepatus chinga, Dasyprocta azarae (Figura 1), Dasypus novemcinctus,
Didelphis albiventris, Leopardus sp., Procyon cancrivorus (Figura 2),
Coendou spinosus e espécies não identificadas de Canidae e Crice-
tidae. Nos transectos foram registradas sete espécies: D. azarae,
D. novemcinctus, Leopardus sp., Mazama sp. Rafinesque (1817)
(Figura 3), Nasua nasua, P. cancrivorus e uma espécie não iden-
tificada de Canidae.
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Samara Arsego Guaragni et al.
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Mamíferos do Parque Natural Municipal de Sertão
Ordem Artiodactyla
Sus scrofa (Linnaeus, 1758) javali EO F1B
Mazama sp. Rafinesque, 1817 veado-mateiro T, EO F1B, F2B
Ordem Rodentia
Cricetidae rato P, T F1B, F2B
Dasyprocta azarae (Lichtenstein, 1923) cutia P, T, EO F1B, F1I, F2B, F2I
Coendou spinosus F. Cuvier, 1823) ouriço-cacheiro P, EO F1B, F2B
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Samara Arsego Guaragni et al.
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Mamíferos do Parque Natural Municipal de Sertão
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Samara Arsego Guaragni et al.
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Mamíferos do Parque Natural Municipal de Sertão
Referências
ABREU, Jr.; Köhler, E. F. A. Mastofauna de médio e grande porte
na RPPN da UNISC, RS. Biota Neotropropica, São Paulo, v. 9, n. 4,
p. 169-174, nov. 2009.
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Samara Arsego Guaragni et al.
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Mamíferos do Parque Natural Municipal de Sertão
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Samara Arsego Guaragni et al.
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