Planejamento de Aulas
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PLANEJAMENTO-TEXTO PRELIMINAR
Hoje, em todos os setores da atividade humana, fala-se muito em planejamento. Vejamos, através
de um texto de Paulo Freire, em que consiste o planejamento e qual a sua importância.
“Tinha chovido muito toda noite. Havia enormes poças de água nas partes mais baixas do terreno.
Em certos lugares, a erra, de tão molhada, tinha virado lama. Às vezes, os pés apenas escorregavam
nela, às vezes, mais do que escorregar, os pés se atolavam na lama até acima dos tornozelos. Era difícil
andar. Pedro e Antonio estavam a transportar, numa camioneta, cestos cheios de cacau, para o sítio onde
deveriam secar.
Em certa altura perceberam que a camioneta não atravessaria o atoleiro que tinham pela frente.
Pararam, desceram da camioneta, olharam o atoleiro, que era um problema para eles. Atravessaram a pé
uns dois metros de lama, defendidos pelas suas botas de cano longo. Sentiram a espessura do lamaçal.
Pensaram, discutiram como resolver o problema. Depois, com a ajuda de algumas pedras e de galhos
secos de árvores, deram ao terreno a consistência mínima para que as rodas da camioneta passassem
sem atolar.
Pedro e Antonio estudaram. Procuraram compreender o problema que tinham de resolver e, em
seguida, encontraram uma resposta precisa. Não se estuda apenas nas escolas, Pedro e Antonio
estudaram enquanto trabalhavam. Estudar é assumir uma atitude séria e curiosa diante de um problema”.
(LEITE, L. C. L. “Encontro com Paulo Freire”. Revista Educação e Sociedade. São Paulo, Cortez e Moraes (3): 68-9, maio 1979.)
Podemos dizer que planejar é estudar. Planejar é, portanto, “assumir uma atitude séria e curiosa
diante de um problema”. Diante de um problema eu procuro refletir para decidir quais as melhores
alternativas de ação possíveis para alcançar determinados objetivos a partir de certa realidade. Foi isso
que fizeram Pedro e Antonio. Analisaram a realidade, discutiram como resolver o problema, decidiram qual
seria a melhor alternativa e agiram.
O planejamento
Em primeiro lugar, vamos dizer o que o planejamento não é. O planejamento não é simpático.
Isso tudo mundo sabe, não é? Mas na verdade é que o planejamento hoje, ele é , uma necessidade. E em
todas as áreas da vida. E, nem sempre é antipático o planejamento.
Por exemplo, Como é que você planeja uma saída?
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O planejamento é definido como um guia de orientação
Se qualquer atividade exige planejamento, a educação não foge dessa exigência. Na área da
educação temos os seguintes tipos de planejamento:
Planejamento educacional
Planejamento de currículo
Planejamento de ensino
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ETAPAS DO PLANEJAMENTO DE ENSINO
Seleção e
organização dos
conteúdos
Replanejamento Seleção e
organização dos
Etapa de Etapa de procedimentos de
Feedback Aperfeiçoamento Elaboração ensino
Avaliação
Seleção dos
recursos
Seleção de
Etapa de Execução procedimentos de
avaliação
Desenvolvimento Estruturação do
do plano plano de ensino
(TURRA, C. M. G. e outros. Planejamento de ensino e avaliação. Porto Alegre, Sagra, 1982. p. 26.)
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Sem a sondagem e o diagnóstico corre-se o risco de propor o que é impossível alcançar ou o que
não interessa ou, ainda, o que já foi alcançado.
Esquematizando essa primeira etapa, temos o seguinte:
Conhecimento da realidade
Aluno Ambiente
Aspirações Escolar
Frustrações Comunitário
Necessidades
Sondagem
Possibilidades
Diagnóstico
Elaboração do plano - A partir dos dados fornecidos pela sondagem e interpretados pelo
diagnóstico, temos condições de estabelecer o que é possível alcançar, como fazer para alcançar o que
julgamos possível e como avaliar os resultados.
‘‘Que venho eu fazer aqui?
E o que vêm eles, eles todos e cada um por seu lado?
Que espero eu deles?
Que esperam eles de mim?” (GUSDORF, G. In: Turra, C. M. G. Op. Cit. P. 29.)
Por isso, passamos a elaborar o plano através dos seguintes passos:
Determinação dos objetivos.
Seleção e organização dos conteúdos.
Seleção e organização dos procedimentos de ensino.
Seleção de recursos.
Seleção de procedimentos de avaliação.
Estruturação do plano de ensino.
Execução do plano – ao elaborarmos o plano de ensino, antecipamos, de forma organizada, todas
as etapas do trabalho escolar. A execução do plano consiste no desenvolvimento das atividades previstas.
Na execução, sempre haverá o elemento não plenamente previsto. Às vezes, a reação dos alunos ou as
circunstâncias do ambiente exigirão adaptações e alterações no planejamento. Isto é normal e não
dispensa o planejamento, pois, uma das características de um bom planejamento deve ser a flexibilidade.
Avaliação e aperfeiçoamento do plano — Ao término da execução do que foi planejado, passamos
a avaliar o próprio plano com vistas ao replanejamento.
Nessa etapa, a avaliação adquire um sentido diferente da avaliação do ensino-aprendizagem e
um significado mais amplo. Isso porque, além de avaliar os resultados do ensino-aprendizagem, pro-
curamos avaliar a qualidade do nosso plano, a nossa eficiência como professor e a eficiência do sistema
escolar.
Conteúdo — refere-se à organização do conhecimento em si, com base nas suas próprias regras.
Abrange também as experiências educativas no campo do conhecimento, devidamente selecionadas e
organizadas pela escola.
O conteúdo é um instrumento básico para poder atingir os objetivos.
Em geral, os guias curriculares oficiais oferecem uma relação de conteúdos das várias áreas que
podem ser desenvolvidos em cada série. Pode-se selecionar o conteúdo com base nesses guias. Não
devemos esquecer, no entanto, de levar em conta a realidade da classe.
Outros cuidados que devem ser observados na seleção dos conteúdos:
O conteúdo selecionado precisa estar relacionado com os objetivos definidos. Devemos escolher
os conhecimentos indispensáveis para que os alunos adquiram os comportamentos fixados.
Um bom critério de seleção é a escolha feita em torno de conteúdos mais importantes, mais
centrais e mais atuais.
O conteúdo não importa tanto. O mais importante é o fato de o mestre estar apto a levantar a idéia
central do conhecimento que deseja trabalhar. Para que tal ocorrência se verifique, é indispensável
que o professor conheça em profundidade a natureza do fenômeno que pretende que seus alunos
conheçam.
O conteúdo precisa ir do mais simples para o mais complexo, do mais concreto para o mais
abstrato.
Professor
Humanos Aluno (colegas de outras classes)
Pessoal escolar (diretor e outros profissionais)
Comunidade (pais, profissionais, autoridades, etc.)
A mesma observação que fizemos com relação aos procedimentos de ensino é válida também
para os recursos necessários, como giz, gráficos, mapas, etc. Deve-se prever também como serão
utilizados esses recursos.
Avaliação — avaliação é o processo pelo qual se determinam o grau e a quantidade de resultados
alcançados em relação aos objetivos, considerando o contexto das condições em que o trabalho foi
desenvolvido.
No planejamento da avaliação é importante considerar a necessidade de:
Avaliar continuamente o desenvolvimento do aluno.
Selecionar situações de avaliação diversificadas, coerentes com os objetivos propostos.
Selecionar e/ou montar instrumentos de avaliação.
Registrar os dados da avaliação.
Aplicar critérios aos dados da avaliação.
Interpretar resultados da avaliação.
Comparar os resultados com os critérios estabelecidos (feedback).
Utilizar dados da avaliação no planejamento.
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O feedback deve ser encarado como retroinformação para o professor sobre o andamento de sua
atuação. Dessa forma, a avaliação desloca-se do plano da competição entre professor e aluno, para sig-
nificar a medida real do conhecimento, tornando-se assim menos arbitrária.