Planejamento de Aulas

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UADER-FHAYCS- PRFESSORADO EM PORTUGUES

DIDÁTICA E CULTURA DA LÍNGUA ESTRANGEIRA II-2017


APONTAMENTOS DE CÁTEDRA

PLANEJAMENTO-TEXTO PRELIMINAR

Hoje, em todos os setores da atividade humana, fala-se muito em planejamento. Vejamos, através
de um texto de Paulo Freire, em que consiste o planejamento e qual a sua importância.
“Tinha chovido muito toda noite. Havia enormes poças de água nas partes mais baixas do terreno.
Em certos lugares, a erra, de tão molhada, tinha virado lama. Às vezes, os pés apenas escorregavam
nela, às vezes, mais do que escorregar, os pés se atolavam na lama até acima dos tornozelos. Era difícil
andar. Pedro e Antonio estavam a transportar, numa camioneta, cestos cheios de cacau, para o sítio onde
deveriam secar.
Em certa altura perceberam que a camioneta não atravessaria o atoleiro que tinham pela frente.
Pararam, desceram da camioneta, olharam o atoleiro, que era um problema para eles. Atravessaram a pé
uns dois metros de lama, defendidos pelas suas botas de cano longo. Sentiram a espessura do lamaçal.
Pensaram, discutiram como resolver o problema. Depois, com a ajuda de algumas pedras e de galhos
secos de árvores, deram ao terreno a consistência mínima para que as rodas da camioneta passassem
sem atolar.
Pedro e Antonio estudaram. Procuraram compreender o problema que tinham de resolver e, em
seguida, encontraram uma resposta precisa. Não se estuda apenas nas escolas, Pedro e Antonio
estudaram enquanto trabalhavam. Estudar é assumir uma atitude séria e curiosa diante de um problema”.
(LEITE, L. C. L. “Encontro com Paulo Freire”. Revista Educação e Sociedade. São Paulo, Cortez e Moraes (3): 68-9, maio 1979.)
Podemos dizer que planejar é estudar. Planejar é, portanto, “assumir uma atitude séria e curiosa
diante de um problema”. Diante de um problema eu procuro refletir para decidir quais as melhores
alternativas de ação possíveis para alcançar determinados objetivos a partir de certa realidade. Foi isso
que fizeram Pedro e Antonio. Analisaram a realidade, discutiram como resolver o problema, decidiram qual
seria a melhor alternativa e agiram.

O planejamento
Em primeiro lugar, vamos dizer o que o planejamento não é. O planejamento não é simpático.
Isso tudo mundo sabe, não é? Mas na verdade é que o planejamento hoje, ele é , uma necessidade. E em
todas as áreas da vida. E, nem sempre é antipático o planejamento.
Por exemplo, Como é que você planeja uma saída?

No processo de planejamento procuramos responder às seguintes perguntas:


 O que pretendo alcançar? OBJETIVOS
 Em quanto tempo pretendo alcançar?TEMPO DO CURSO/AULA/ETC
 Quais as coisas que pretendo ensinar?CONTEÚDOS
 O que fazer e como fazer?METODOLOGIA
 Com que conto para isso? RECURSOS
 O que e como analisar a situação a fim de verificar se o que pretendo foi alcançado?
AVALIACAO

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O planejamento é definido como um guia de orientação

PLANEJAMENTO EDUCACIONAL, DE CURRÍCULO E DE ENSINO

Se qualquer atividade exige planejamento, a educação não foge dessa exigência. Na área da
educação temos os seguintes tipos de planejamento:

 Planejamento educacional
 Planejamento de currículo
 Planejamento de ensino

Planejamento educacional – consiste na tomada de decisões sobre a educação no conjunto do


desenvolvimento geral do país. A elaboração desse tipo de planejamento requer a proposição de objetivos
a longo prazo que definam uma política da educação.

Planejamento de currículo – já o que é planejamento de currículo. O problema central do


planejamento curricular é formular objetivos educacionais a partir daqueles expressos nos guias
curriculares oficiais. Nesse sentido, a escola não deve simplesmente executar o que é prescrito pelos
órgãos oficiais. Embora o currículo seja mais ou menos determinado, cabe à escola interpretar e
operacionalizar estes currículos. A escola deve procurar adaptá-los às situações concretas, selecionando
aquelas experiências que mais poderão contribuir para alcançar os objetivos dos alunos, das sus famílias
e da comunidade.

Planejamento de ensino – podemos dizer que o planejamento de ensino é a especificação do


planejamento de currículo. Consiste em traduzir em termos mais concretos e operacionais o que o
professor fará na sala de aula, para conduzir os alunos a alcançar os objetivos educacionais propostos.
Um planejamento de ensino deverá prever:
 Objetivos específicos (ou instrucionais) estabelecidos a partir dos objetivos educacionais.
 Conhecimentos a serem adquiridos pelos alunos no sentido determinado pelos objetivos.
 Procedimentos e recursos de ensino que estimulam as atividades de aprendizagem.
 Procedimentos de avaliação que possibilitem verificar, de alguma forma, até que ponto os objetivos
foram alcançados.

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ETAPAS DO PLANEJAMENTO DE ENSINO

São quatro as etapas do planejamento de ensino:


a) Conhecimento da realidade.
b) Elaboração do Plano.
c) Execução do Plano.
d) Avaliação e Aperfeiçoamento do Plano.

Podemos visualizar as etapas do planejamento de ensino através do seguinte gráfico:

Conhecimento da Determinação dos


realidade objetivos

Seleção e
organização dos
conteúdos

Replanejamento Seleção e
organização dos
Etapa de Etapa de procedimentos de
Feedback Aperfeiçoamento Elaboração ensino

Avaliação
Seleção dos
recursos

Seleção de
Etapa de Execução procedimentos de
avaliação

Desenvolvimento Estruturação do
do plano plano de ensino

(TURRA, C. M. G. e outros. Planejamento de ensino e avaliação. Porto Alegre, Sagra, 1982. p. 26.)

Conhecimento da realidade – para poder planejar adequadamente a tarefa de ensino e atender às


necessidades do aluno é preciso, antes de mais nada, saber quem se vai planejar. Por isso, conhecer o
aluno e seu ambiente é a primeira etapa do processo de planejamento. É preciso saber quais as
aspirações, frustrações, necessidades e possibilidades dos alunos. Fazendo isso, estaremos fazendo uma
Sondagem, isto é, buscando dados.
Uma vez realizada a sondagem deve-se estudar cuidadosamente os dados coletados. A
conclusão a que chegamos, após o estudo dos dados coletados, constitui o Diagnóstico.

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Sem a sondagem e o diagnóstico corre-se o risco de propor o que é impossível alcançar ou o que
não interessa ou, ainda, o que já foi alcançado.
Esquematizando essa primeira etapa, temos o seguinte:

Conhecimento da realidade

Aluno Ambiente
Aspirações Escolar
Frustrações Comunitário
Necessidades
Sondagem
Possibilidades

Diagnóstico

Elaboração do plano - A partir dos dados fornecidos pela sondagem e interpretados pelo
diagnóstico, temos condições de estabelecer o que é possível alcançar, como fazer para alcançar o que
julgamos possível e como avaliar os resultados.
‘‘Que venho eu fazer aqui?
E o que vêm eles, eles todos e cada um por seu lado?
Que espero eu deles?
Que esperam eles de mim?” (GUSDORF, G. In: Turra, C. M. G. Op. Cit. P. 29.)
Por isso, passamos a elaborar o plano através dos seguintes passos:
 Determinação dos objetivos.
 Seleção e organização dos conteúdos.
 Seleção e organização dos procedimentos de ensino.
 Seleção de recursos.
 Seleção de procedimentos de avaliação.
 Estruturação do plano de ensino.
Execução do plano – ao elaborarmos o plano de ensino, antecipamos, de forma organizada, todas
as etapas do trabalho escolar. A execução do plano consiste no desenvolvimento das atividades previstas.
Na execução, sempre haverá o elemento não plenamente previsto. Às vezes, a reação dos alunos ou as
circunstâncias do ambiente exigirão adaptações e alterações no planejamento. Isto é normal e não
dispensa o planejamento, pois, uma das características de um bom planejamento deve ser a flexibilidade.
Avaliação e aperfeiçoamento do plano — Ao término da execução do que foi planejado, passamos
a avaliar o próprio plano com vistas ao replanejamento.
Nessa etapa, a avaliação adquire um sentido diferente da avaliação do ensino-aprendizagem e
um significado mais amplo. Isso porque, além de avaliar os resultados do ensino-aprendizagem, pro-
curamos avaliar a qualidade do nosso plano, a nossa eficiência como professor e a eficiência do sistema
escolar.

COMPONENTES BÁSICOS DO PLANEJAMENTO DE ENSINO

Vejamos, agora, cada um dos componentes básicos do planejamento de ensino.


Objetivos — é a descrição clara do que se pretende alcançar como resultado da nossa atividade.
Os objetivos nascem da própria si tuação: da comunidade, da família, da escola, da disciplina, do pro-
fessor e principalmente do aluno. Os objetivos, portanto, são sempre do aluno e para o aluno.
Os objetivos educacionais são as metas e os valores mais amplos que a escola procura atingir, e
os objetivos instrucionais são proposições mais específicas referentes às mudanças comportamentais
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esperadas para um determinado grupo-classe.
Para manter a coerência interna do trabalho de uma escola, o primeiro cuidado será o de
selecionar os objetivos instrucionais que tenham correspondência com os objetivos gerais das áreas de
estudo que, por sua vez, devem estar coerentes com os objetivos educacionais do planejamento de
currículo. E os objetivos educacionais, conseqüentemente, devem estar coerentes com a linha de
pensamento da entidade à qual o plano se destina. Vejamos, agora, alguns exemplos de objetivos
educacionais e instrucionais. Na área de Estudos Sociais, podemos ter os seguintes objetivos
educacionais:
 Criar situações de aprendizagem para que a criança adquira conhecimentos que facilitem a
localização de sua comunidade e de seu município, possibilitando-lhe a compreensão das ca-
racterísticas naturais, culturais, sociais e econômicas do ambiente em que vive.
 Desenvolver o hábito de observação do meio ambiente.
 Estimular no aluno o ideal de consciência grupal.

Conteúdo — refere-se à organização do conhecimento em si, com base nas suas próprias regras.
Abrange também as experiências educativas no campo do conhecimento, devidamente selecionadas e
organizadas pela escola.
O conteúdo é um instrumento básico para poder atingir os objetivos.
Em geral, os guias curriculares oficiais oferecem uma relação de conteúdos das várias áreas que
podem ser desenvolvidos em cada série. Pode-se selecionar o conteúdo com base nesses guias. Não
devemos esquecer, no entanto, de levar em conta a realidade da classe.
Outros cuidados que devem ser observados na seleção dos conteúdos:
 O conteúdo selecionado precisa estar relacionado com os objetivos definidos. Devemos escolher
os conhecimentos indispensáveis para que os alunos adquiram os comportamentos fixados.
 Um bom critério de seleção é a escolha feita em torno de conteúdos mais importantes, mais
centrais e mais atuais.
 O conteúdo não importa tanto. O mais importante é o fato de o mestre estar apto a levantar a idéia
central do conhecimento que deseja trabalhar. Para que tal ocorrência se verifique, é indispensável
que o professor conheça em profundidade a natureza do fenômeno que pretende que seus alunos
conheçam.
 O conteúdo precisa ir do mais simples para o mais complexo, do mais concreto para o mais
abstrato.

Procedimentos de ensino — “Procedimentos de ensino são ações, processos ou comportamentos


planejados pelo professor para colocar o aluno em contato direto com coisas, fatos ou fenômenos que lhes
possibilitem modificar sua conduta, em função dos objetivos previstos’’. (TURRA, G. M. G. Op. cit. p. 36.)
O professor, ao organizar as condições externas favoráveis à aprendizagem, utiliza meios ou
modos organizados de ação, conhecidos como técnicas de ensino. As técnicas de ensino são maneiras
particulares de provocar a atividade dos alunos no processo de aprendizagem.
Ao planejar os procedimentos de ensino, não é suficiente fazer uma listagem de técnicas que
serão utilizadas, como aula expositiva, trabalho dirigido, excursão, trabalho em grupo, etc. Devemos
prever como utilizar o conteúdo selecionado para atingir os objetivos propostos. As técnicas estão
incluídas nessa descrição. Os procedimentos, portanto, não são apenas uma coletânea de técnicas
isoladas. Eles têm uma abrangência bem mais ampla, pois envolvem todos os passos do desenvolvimento
da atividade de ensino propriamente dita. Os procedimentos de ensino selecionados pelo professor
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devem:
 ser diversificados;
 estar coerentes com os objetivos propostos e com o tipo de aprendizagem previsto nos objetivos;
 adequar-se às necessidades dos alunos;
 servir de estímulo à participação do aluno no que se refere a descobertas;
 apresentar desafios.

Recursos de ensino – os recursos de ensino são os componentes do ambiente da aprendizagem


que dão origem à estimulação para o aluno.

Podemos classificar os recursos em:

Professor
Humanos Aluno (colegas de outras classes)
Pessoal escolar (diretor e outros profissionais)
Comunidade (pais, profissionais, autoridades, etc.)

Do ambiente Natural (água, folha, pedra, etc.)


Escolar (quadro, giz, cartazes, etc.)
Materiais

Da comunidade (bibliotecas, indústrias, lojas, repartições públicas, etc.)

A mesma observação que fizemos com relação aos procedimentos de ensino é válida também
para os recursos necessários, como giz, gráficos, mapas, etc. Deve-se prever também como serão
utilizados esses recursos.
Avaliação — avaliação é o processo pelo qual se determinam o grau e a quantidade de resultados
alcançados em relação aos objetivos, considerando o contexto das condições em que o trabalho foi
desenvolvido.
No planejamento da avaliação é importante considerar a necessidade de:
 Avaliar continuamente o desenvolvimento do aluno.
 Selecionar situações de avaliação diversificadas, coerentes com os objetivos propostos.
 Selecionar e/ou montar instrumentos de avaliação.
 Registrar os dados da avaliação.
 Aplicar critérios aos dados da avaliação.
 Interpretar resultados da avaliação.
 Comparar os resultados com os critérios estabelecidos (feedback).
 Utilizar dados da avaliação no planejamento.

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O feedback deve ser encarado como retroinformação para o professor sobre o andamento de sua
atuação. Dessa forma, a avaliação desloca-se do plano da competição entre professor e aluno, para sig-
nificar a medida real do conhecimento, tornando-se assim menos arbitrária.

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